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Centro Universitário Ítalo Brasileiro

Direito.
Sistema Constitucional e Eleitoral – 3º Semestre/Módulo.
Prof. Paganella.

Aula 2 – 16.08.2023:

Introdução.

EMENTA: A disciplina Sistema Constitucional e Eleitoral desenvolverá no aluno a capacidade de


compreender a Constituição como sistema de regras e princípios que configura a matriz de todo o
sistema jurídico, no qual ostenta posição de supremacia e, por conseguinte, assume o atributo de
servir como pressuposto de validade das demais normas: seu ponto de partida e de recondução.
Ademais, a disciplina pretende evidenciar o mesmo atributo de soberania constitucional quando a
Constituição é analisada sob outro enfoque: como estatuto jurídico do político, norteando a estrutura
do Estado e a organização das funções estatais (Legislativo, Executivo e Judiciário). A disciplina
apresentará o valor da constituição, as fontes do direito constitucional. Tratará do Poder
Constituinte. Apresentará a Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. Os direitos Fundamentais em
espécie. As garantias fundamentais de caráter judicial. Direitos Sociais. Direito de Nacionalidade.
Os Direitos Políticos na Constituição e os Princípios do Sistema Eleitoral.

1. Conceito de Constitucionalismo

Constitucionalismo é o movimento social, político e jurídico (filosófico), cujo principal objetivo é a


garantia do exercício dos direitos fundamentais e a limitação do poder do Estado por meio de uma
Constituição.

Essa definição de constitucionalismo, como um movimento que visa à limitação do poder do Estado
por meio de uma Constituição, é uma concepção moderna que se cristalizou a partir das primeiras
constituições do final do século XVIII.

É um movimento social, pois resultou na soma de uma série de episódios sociais historicamente
relevantes, buscando a limitação do poder do Estado e o reconhecimento de direitos fundamentais.

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Importante exemplo é a Revolução Francesa, que originou o Constitucionalismo Francês, com a
posterior abolição de várias instituições e a queda do paradigma do Estado absolutista no Ancien
Régime. Em Portugal, a primeira Constituição decorreu de movimentos sociais, como a Revolução
do Porto de 1820, que contou com amplo apoio popular.

Um movimento político. Foram necessários acordos e negociações políticas no intuito de limitação


do poder estatal e organização do Estado por meio de uma Constituição, como se verifica, por
exemplo, no movimento constitucional norte-americano, bem como na outorga da Magna Charta
Libertatum, de 1215.

Por fim, é também um movimento jurídico, consistente na construção de teorias, desde a busca
inicial pela força normativa da Constituição, capaz de alterar a realidade e limitar o poder estatal,
até as teorias jurídicas mais modernas.

André Ramos Tavares, “o aspecto jurídico revela-se pela pregação de um sistema dotado de um
corpo normativo máximo, que se encontra acima dos próprios governantes – a Constituição”.

Por esse motivo, depois de demonstrar sua preferência pela expressão movimentos constitucionais,
em vez de constitucionalismo, José Joaquim Gomes Canotilho afirma que, “em termos rigorosos,
não há um constitucionalismo, mas vários constitucionalismos (o constitucionalismo inglês, o
constitucionalismo americano, o francês)”, o novo constitucionalismo latinoamericano etc.

2) Evolução histórica

a) Pré-História (até 4000 a.C.): período que se estende desde o surgimento dos primeiros
hominídeos até o aparecimento dos primeiros registros escritos, por volta de 4000 a.C. Pode ser
dividido em dois períodos: Paleolítico (até 10000 a.C.) e Neolítico (10000 a.C. a 4000 a.C.).

b) Idade Antiga (de 4000 a.C. até 476 d.C.): período que se estende desde a invenção da escrita
até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). Diversos povos se desenvolveram durante
esse período, como hebreus, fenícios, celtas, etruscos, e principalmente Grécia e Roma,
consideradas as maiores formadoras da civilização ocidental atual.

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c) Idade Média (de 476 d.C. até 1453): período que se estende desde a queda do Império Romano
do Ocidente (476 d.C.) até a Queda de Constantinopla (1453 d.C.). Esse período foi determinante na
formação dos Estados ocidentais europeus, testemunhando a ascensão de Estados monárquicos
fortes, como Inglaterra, França, Portugal, Polônia, Hungria etc.

d) Idade Moderna (de 1453 a 1789): período que se estende desde a Queda de Constantinopla
(1453 d.C.) até a Revolução Francesa (1789 d.C.). Esse período foi marcado pelos descobrimentos
marítimos, pelo capitalismo, pela invenção da imprensa e pelo Renascimento.

e) Idade Contemporânea (de 1789 até os dias atuais): período que se estende desde a Revolução
Francesa de 1789, com a ascensão dos revolucionários franceses ao poder e a edição da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, até os dias atuais.

Idade Antiga = até 476 d.C. / Idade Média = até 1453 d.C / Idade Moderna = até 1789 / Idade
Contemporânea = até hoje.

Cronologia (aproximada) do Constitucionalismo (ver conceito).

Constitucionalismo antigo:

Hebreus e Egito – Teocracia.

Cidades-Estados Gregas – séc. V a.C.

Constitucionalismo Idade Média:

Magna Carta Inglesa – 1215 d.C.

Constitucionalismo Idade Moderna:

Petition of Rights (Petição de Direitos) – 1628 d.C.

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Tratado de Westfalia – 1648 d.C. Direito Internacional (soberania, igualdade jurídica entre os
estados, territorialidade, não intervenção, governo próprio.)

Habeas Corpus Act – 1679 d.C.

Bill of Rights (Declaração de Direitos) – 1689 d.C.

Act of Settlement (Decreto de Estabelecimento) – 1701 d.C.

Diversos Pactos e Forais ou Cartas de Franquias.

Constitucionalismo norte-americano:

Contratos de colonização

Compact (Pacto do Mayflower) – 1620 d.C.

Fundamental orders of Connecticut – 1639 d.C.

Carta outorgada pelo rei Carlos II - Inglaterra – 1662 d.C.

Declaration of Rights do Estado de Virgínia – 1776 d.C.

Constituição da Confederação dos Estados Americanos – 1781 d.C.

Constitucionalismo moderno (Idade Contemporânea):

John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Emmanuel Joseph Sieyès, Charles-Louis de Secondat, barão
de La Brède e de Montesquieu

Exemplos de Constituições a partir deste período:

Constituição norte-americana de 1787 (apesar de 2 anos antes, assim se considera).

Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789 (Iluminismo x Absolutismo).

Constituição francesa de 1791.

Brasil – 1824 (e todas as nossas...)

México – 1917

Weimar (Alemanha) – 1919.

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Itália – 1947.

Alemanha – 1949.

Índia – 1950.

França – 1958.

Portugal – 1976

Espanha – 1978.

Argentina – 1994.

Chile – 2021.

Tem como marco teórico o princípio da “força normativa da Constituição” e como principal
objetivo garantir a eficácia das normas constitucionais, principalmente dos direitos fundamentais e a
própria organização do Estado e sua respectiva limitação geral.

O principal marco teórico do neoconstitucionalismo é o reconhecimento da “força normativa da


Constituição”. Essa foi uma importantíssima mudança de paradigma. A Constituição deixou de ser
um documento essencialmente político, com normas apenas programáticas, e passou a ter força
normativa, caráter vinculativo e obrigatório.

Como afirmou Luís Roberto Barroso, “as normas constitucionais são dotadas de imperatividade,
que é atributo de todas as normas jurídicas, e sua inobservância há de deflagrar os mecanismos
próprios de coação, de cumprimento forçado”.

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3) Conceito de Constituição.

Lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado,
formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de
competências, direitos, garantias e deveres do cidadão, e que individualiza os órgãos competentes
para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas.

A Constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, se refere à organização dos seus
elementos essenciais, ou seja, um sistema de normas jurídicas, escrita ou costumeira, que regula a
forma de Estado, a forma de governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o
estabelecimento de seus órgãos e os limites de suas ações em face de suas competências e
respectivos, direitos, garantias e deveres do cidadão.

4)

Poder Constituinte (PC).

PC Originário (Material e formal – histórico/fundacional e revolucionário).

PC Derivado reformador (Emendas e revisão e tratados).

PC Derivado decorrente (Estados-membros e ? Municípios?).

Titularidade e exercício.

Agentes e representantes.

Manifestação - histórico/fundacional e revolucionário, processos de transição política, consensuais,


pacíficos, descolonização e até mesmo luta armada.

Limites (?)

Circunstanciais

Materiais – implícitas, inerente ou tácitos, e explícitas.

Temporais.

Procedimentais ou formais.

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PC Difuso – mudanças na interpretação e não no texto.

PC supranacional ou transconstitucional.

5)

Concepções de Constituição.

Sociológica – Ferdinand Lassalle = folha de papel. O que é Constituição? (Niklas Luhmann)

Política – Carl Scmitt – decisão política fundamental.

Jurídica – Hans Kelsen – norma hipotética fundamental (formal = independe do conteúdo, está
acima)

6)

Classificação das Constituições.

Conteúdo: Material ou formal.

Forma: Escrita ou não escrita (consuetudinária).

Modo e elaboração: dogmáticas ou históricas.

Origem: promulgadas ou outorgadas.

Estabilidade: Imutáveis, rígidas, semirrígidas, flexíveis.

Modelo: C. garantia, C. balanço, C. dirigente.

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