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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo abordar a reincidência criminal como resultado
da violação dos direitos humanos no sistema prisional brasileiro. A metodologia utilizada para
alcançar este objetivo foi a de pesquisa qualitativa com a utilização bibliográfica e documental,
bem como da análise de legislações presentes no ordenamento jurídico brasileiro. O referido
estudo constata a precariedade vivenciada no sistema penitenciário brasileiro que não vem
cumprindo com os seus reais objetivos e os direitos assegurados aos apenados acabam sendo
desrespeitados, havendo assim a violação dos direitos humanos juntamente com a dignidade da
pessoa humana assegurada pela Constituição Federal de 1988, bem como os direitos dos presos
regulamentados pela Lei de Execução Penal. Efeito disso são os elevados índices de
reincidência criminal no Brasil, assim como a dificuldade de reintegração desses indivíduos no
meio social.
Abstract: The present work aims to address criminal recidivism as a result of human rights
violations in the Brazilian prison system. The methodology used to achieve this objective was
qualitative research with the use of literature and documents, as well as the analysis of
legislation present in the Brazilian legal system. This study finds the precariousness
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Acadêmica do curso Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. E-mail:
jayne.laiza@hotmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em
Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. 2022.
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Acadêmico do curso Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. E-mail:
nicolasitapua@gmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em
Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. 2022.
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Orientador: Prof. Vicente Celeste de Oliveira Júnior. Curso de Extensão Universitária (UnB/UERN/UnP).
Graduado em Direito (UnB/UnP). Especialista em Direito Civil e Processo Civil (UFRN). Especialista em
Educação (UERN). Mestrado em Ambiente Tecnologia e Sociedade (Meio Ambiente - UFERSA - dissertação:
Direito e Inclusão). Mestrado em Educação (dissertação: Sistema Prisional Federal - UERN). Cursa o Doutorado
em Arquitetura e Urbanismo (tese: História da Arquitetura e o Poder - UFRN). Autor de livro (Brasília/DF) e autor
de capítulo de livro pelo Doutorado em Educação (UERJ). É citado em 452 artigos científicos no Brasil e exterior,
segundo o site: ACADEMIA (trabalhos acadêmicos e pesquisas). Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8755911560333981
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experienced in the Brazilian penitentiary system that has not been fulfilling its real objectives
and the rights guaranteed to the convicts end up being disrespected, thus having the violation
of human rights together with the dignity of the human person guaranteed by the Federal
Constitution of 1988 , as well as the rights of prisoners regulated by the Penal Execution Law.
The effect of this is the high rates of criminal recidivism in Brazil, as well as the difficulty of
reintegrating these individuals into the social environment.
1. INTRODUÇÃO
bem protegidas e bem endereçadas, com inúmeras casas para a separação dos réus, dependendo
das circunstâncias e natureza dos crimes cometidos. No entanto, devido ao fato de os escravos
ainda estarem sujeitos às penas cruéis, na época elas ainda não haviam sido completamente
abolidas.
De acordo com Taquary (2008), o Código Criminal do Império surgiu em 1830,
caracterizando a primeira sistematização do direito penal no Brasil, e sua estrutura perdurou até
a promulgação do atual Código Penal. Assim, acrescenta-se Santis e Engbruch (2016) que o
referido Código não introduziu nenhum sistema penitenciário especificamente, ficando à
responsabilidade para os governos provinciais com autoridade para selecionar e regular o tipo
apropriado de detenção.
Para Machado et al (2013), foi a partir do século XIX que começou o surgimento dos
presídios no Brasil, com oficinas de trabalho e celas individuais, além da arquitetura específica
para o sistema prisional. O Código Penal de 1890 permitiu a criação de novos tipos de prisão,
reconhecendo que não haveria mais penas perpétuas ou coletivas, restringindo-se às penas
caracterizadas pela privação de liberdade, com pena máxima de trinta anos. No que diz respeito
às penas privativas de liberdade, existem três sistemas penitenciários: o sistema Filadélfia (ou
celular), o Auburn (silent system) e, finalmente, o sistema Progressivo (inglês ou irlandês).
Segundo Leite (2019 apud ARRUDA, 2011), a primeira instalação prisional no Brasil
foi determinada pela Carta Régia de 1769 por meio da construção da Casa de Correção no Rio
de Janeiro. No que se refere ao sistema penitenciário adotado pelo Brasil, o Código Penal
assegura que:
Art. 33 [...]
Assim, conforme Binotto e Prado (2020), com a modificação do Código Penal em 1940,
e como pode-se vislumbrar o sistema que se manteve foi o Sistema Progressivo. Machado et al
(2013) ressalta ainda que, foi por meio da reforma do Código Penal trazida pela Lei 7.209/84,
que foi abolida a distinção entre penas principais e acessórias. Desse modo, através do atual
Código Penal existem somente as penas comuns (privativas de liberdade), as alternativas
(restritivas de direitos) e a multa.
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A Constituição Federal de 1988 assegura direitos que são garantidos às pessoas que
encontram-se privadas de sua liberdade, ou seja, assegura a preservação da humanidade dos
encarcerados. Assim, por meio da previsão constitucional do artigo 5°, inciso XLIX, “é
assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral''. (BRASIL, 1988)
Sendo assim, o respeito à integridade física significa não utilizar da violência, bem como
do abuso de autoridade que venha a causar lesões físicas ao apenado. No que concerne à
observância da integridade moral, são proibidas as chantagens, ameaças, pressões familiares,
assim como outras formas de violação à dignidade da pessoa humana.
Ademais, outro direito constitucionalmente garantido é o direito à assistência religiosa,
conforme redação dada pelo artigo 5°, inciso VII: “é assegurada, nos termos da lei, a prestação
de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.” (BRASIL, 1988).
Desse modo, compreende-se que, embora seja possível privar o preso de sua liberdade a fim
de reabilitá-lo, não é possível privá-lo de assistência material, religiosa ou cultural. O direito à
assistência religiosa não conflita com a essência do Estado Laico, que expressa antes de tudo o
pluralismo e a cidadania.
No que diz respeito ao direito de defesa dos detentos, direito este que também possui
eficácia constitucional, possui fundamento jurídico na Lei de Execução Penal (LEP), a qual
prevê em seu artigo 41, inciso XIV, que constituem direitos dos presos “representação e petição
a qualquer autoridade, em defesa de direito.” (BRASIL, LEP, 1984)
Assim, é por meio do direito de petição que os presos denunciam casos de tortura ou
abuso cometidos dentro dos limites da prisão. Como resultado, as autoridades a quem a petição
é dirigida estarão obrigadas a receber, examinar e responder à petição e, se não o fizerem,
estarão infringindo um direito líquido e certo do apenado.
Nos casos em que o preso não possui condições financeiras suficientes para arcar com
os gastos advindos de advogado a fim de que este elabore a sua defesa criminal, a Constituição
Federal de 1988 garante em seu artigo 5°, inciso LXXIV, que: “o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.” (BRASIL, 1988).
Desse modo, cabe ao Estado fornecer defensor público para que venha a prestar informações
ao preso, bem como prestar auxílio no que concerne em relação a sua defesa, realizando o
acompanhamento em todo o trâmite processual.
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Outro direito constitucional garantido é o expresso no artigo 5º, inciso LXXV da Carta
Magna, que versa: “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença.”Por meio desse direito é assegurado aos
apenados a indenização correspondente no caso de erro na aplicação da pena, bem como no
caso do tempo de prisão ultrapassar o previsto na pena.
Além da Constituição Federal de 1988, que garante os direitos básicos dos detentos e
visa a reinserção desses indivíduos na sociedade, estão presentes também as legislações
ordinárias que asseguram outras garantias e benefícios estabelecidos aqueles que estão em
cumprimento de pena, sendo de suma importância mencionar a Lei de Execução Penal, em seu
artigo 41, que versa sobre:
Portanto, conclui-se que, a execução da pena deve estar de acordo com os objetivos que
lhe são atribuídos pelo ordenamento jurídico. Os direitos dos presos são invioláveis,
imprescritíveis e irrevogáveis, como qualquer outro direito humano. Dessa forma, os presos
devem ter os mesmos direitos que os cidadãos livres, com exceção do direito de ir e vir após o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, assim como outras restrições impostas
como resultado de sua privação de liberdade.
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Segundo Comparato (2016), a história acerca do surgimento dos direitos humanos não
surgiu com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, apesar de possuir grande
relevância, a matéria abordada não tem uma origem específica. Isso ocorre pois todas as
sociedades possuem uma ética e/ou moral em comum, sendo exteriorizada em forma de direitos,
ou seja, os direitos humanos podem ser relacionados a um consenso religioso-cultural, sendo
fruto da evolução histórica.
Ademais, de acordo com Souza (2018), no que diz respeito à primeira forma de
declaração dos direitos humanos na história, pode-se afirmar que é atribuída ao Cilindro de
Ciro, uma peça de argila que contém os princípios de Ciro, rei da antiga Pérsia. Acrescenta-se
que, ao conquistar a cidade da Babilônia, em 539 a.C. Ciro libertou todos os escravos da cidade,
decretou que as pessoas teriam liberdade religiosa, assim como determinou a igualdade racial.
Souza (2018) acrescenta ainda que, os relevantes eventos da Revolução Francesa
repercutiram na constituição de um documento memorioso denominado Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão. No documento supracitado, foi garantido aos cidadãos
franceses o direito à liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão. Portanto, esses
documentos são apontados importantes precursores escritos para muitos documentos referentes
aos direitos humanos atuais, entre eles está a Declaração Universal de 1948.
Por conseguinte, conforme Bellinho (2014), a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, foi aprovada por unanimidade pela Assembléia Geral das Nações Unidas no dia 10
de dezembro de 1948, sendo a originária dentre as organizações internacionais que incluiu a
maioria dos povos da Terra, ao afirmar que “todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos”. Assim sendo, reúne a declaração todos os aspectos dessa longa elaboração
teórica, ao declarar, no seu artigo VI, que todo homem tem direito de ser, em todos os lugares,
reconhecido como pessoa.
No que concerne ao conceito de direitos humanos, Pinheiro (2008) declara que pode ser
definido sob dois aspectos, sendo o primeiro referente a análise dos fundamentos desses
direitos, como um tema de elevada importância para a filosofia, sociologia e ciência política
contemporânea. Já o segundo aspecto diz respeito à abordagem jurídica dessa categoria de
direitos que está associada diretamente ao conjunto de tratados, convenções e legislações que
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Dessa forma, de acordo com a citação, tem-se que o respeito à dignidade humana é
uma prerrogativa garantida a todos os cidadãos, deve ser aplicada sempre a proteção aos direitos
humanos sem qualquer tipo de limitação, ou seja, deve ser sempre compatível o Estado
Democrático de direito, sendo então uma garantia irrenunciável e imprescritível à condição
humana. Ademais, segundo Nucci (2020):
Para que o ser humano tenha a sua dignidade preservada torna-se essencial o fiel
respeito aos direitos e garantias individuais. Por isso, esse princípio é a base e a meta
do Estado Democrático de Direito, não podendo ser contrariado, nem alijado de
qualquer cenário, em particular, do contexto penal e processual penal. (NUCCI, 2020,
p. 130)
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Com base nos entendimentos dos mencionados autores, a dignidade da pessoa humana
serve como alicerce a todos os valores fundamentais garantidos pela Constituição Federal de
1988, de tal forma que deve ser assegurada sob qualquer hipótese, tendo vista que deve haver
a garantia do mínimo existencial a todos os indivíduos enquanto seres humanos, sempre
havendo a assistência às suas necessidades básicas existenciais. Nesse ínterim, Nucci (2014)
assevera que:
Observa-se que segundo o autor, o princípio da dignidade da pessoa humana possui duas
perspectivas, sendo a primeira pautada na proteção das garantias mínimas da vida humana,
conforme estabelecido constitucionalmente, e a segunda caracterizando-se pela necessidade de
empatia com a coletividade, de modo que o respeito a todos os seres humanos deve-se iniciar a
partir do seu próprio nascimento.
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Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário e lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e
condicionamento térmico adequado à existência humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). (BRASIL, LEP, 1984)
Posto isto, a Lei de Execução Penal (LEP) garante aos detentos que sua repreensão
criminal seja realizada de forma digna e humana, estabelecendo condições básicas na estrutura
dos presídios de forma que os mesmos possam ter uma fase de cumprimento de pena harmônica
com os direitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de 1988, e
consequentemente com a dignidade da pessoa humana.
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
[...]
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; (BRASIL,
1988)
Desse modo, diante do teor do mencionado artigo, conclui-se que o Estado se mantém
incapaz de cumprir com a garantia dos direitos aos detentos, que frequentemente sofrem
violações, sendo o principal fator a falta de assistência às necessidades básicas dos presos,
desrespeitando diretamente a integridade física e moral dos mesmos. De acordo com Castro e
Wermuth (2021):
Por meio dessa citação pode-se afirmar que o sistema prisional durante a fase de
cumprimento de pena deveria cumprir com suas atribuições em consonância com os direitos
humanos, consagrado na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Execução Penal, por meio
da garantia de um ambiente em que a integridade física e moral dos apenados seja inteiramente
assegurada.
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Acerca da citação mencionada, verifica-se que o Brasil detém uma alta taxa de
reincidência criminal, ou seja, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória a
grande maioria dos condenados voltam a cometer novo crime, o que acaba por caracterizar um
sistema carcerário falho que não cumpre com a sua função ressocializadora e nem promove a
garantia dos direitos intrínsecos dos apenados.
Nesse contexto, de acordo com os autores, a questão da reincidência também está ligada
a aplicação omissa do próprio texto legal, apesar da Lei de Execução Penal (LEP)
expressamente dispor acerca de inúmeras garantias aos que se encontram em cumprimento de
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Um dos fatores que podem ser analisados para constatar o fracasso das prisões, é o
elevado índice de reincidência, apesar de presumir que exista um trabalho de
reabilitação do preso, já que a principal função do sistema prisional é ressocializar, a
prática vem mostrando diferente. O que de fato ocorre nas prisões não só no Brasil,
como também em grande parte do mundo é que a realidade violenta e opressiva só
serve para reforçar os valores negativos do condenado.(BITENCOURT, 2011, p. 164)
e a apatia por parte da sociedade e até mesmo do Estado. Ademais, a ausência de políticas
públicas que impulsionam a reintegração dos egressos ao mercado de trabalho provocam
automaticamente a sua segregação no ambiente social.
Nesse ínterim, com base nos referidos autores, observa-se que os direitos humanos são
nitidamente violados pelo Estado, de modo que suprimem condições básicas da vida humana,
desde a sua estrutura, aos maus tratos por parte dos agentes e da precariedade às condições de
saúde e higiene dos detentos. Assim, há demasiadamente a inobservância aos direitos subjetivos
dos presos, onde a sua integridade física e moral é amplamente fragilizada.
Um dos fatores que podem ser analisados para constatar o fracasso das prisões, é o
elevado índice de reincidência, apesar de presumir que exista um trabalho de
reabilitação do preso, já que a principal função do sistema prisional é ressocializar, a
prática vem mostrando diferente. O que de fato ocorre nas prisões não só no Brasil,
como também em grande parte do mundo é que a realidade violenta e opressiva só
serve para reforçar os valores negativos do condenado.(BITENCOURT, 2011, p. 164)
Logo, a reincidência tem ligação direta com a forma de ressocialização oferecida aos
reclusos. Acreditamos que se dentro do sistema estes tivessem oportunidade de voltar
a sociedade com uma ajuda para ser inserido no mercado de trabalho, com educação
e principalmente com formação moral, os números de reincidentes seriam menores.
(FEITOZA; SILVA, 2018, p. 10)
Tendo isto, torna-se cada vez mais evidente que enquanto o sistema carcerário brasileiro
mantiver a postura inadequada que oferece condições insalubres aos presos ao invés de buscar
medidas que garantam aos mesmos ambientes propícios que satisfaçam as suas necessidades
vitais e ao mesmo tempo estimulem a sua reintegração ao mercado de trabalho, o índice de
reincidentes só tende a aumentar.
5. CONCLUSÃO
De acordo com toda a abordagem exposta na pesquisa científica, a violação dos direitos
humanos no âmbito do sistema carcerário brasileiro está diretamente relacionada à reincidência
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criminal, uma vez que o tratamento oferecido aos apenados é totalmente indigno, não sendo
compatível com o disposto no artigo 5° da Constituição Federal de 1988.
Por essa razão, conclui-se que apesar da Constituição Federal de 1988 assegurar o
princípio da dignidade da pessoa humana como sendo um princípio basilar e supremo do Estado
Democrático de Direito, visto que é garantido a todos seres humanos indistintamente, essa
garantia vem sendo suprimida pelo Estado em decorrência da inobservância das condições
mínimas de existência humana nos presídios brasileiros. Assim, é possível afirmar que é
inconstitucional qualquer violação à dignidade da pessoa humana.
Ademais, conforme disposto na Lei de Execução Penal (LEP) compreende-se que o
Estado deve respeitar a integridade física e moral dos presos, no entanto o mesmo não vem
logrando êxito com o previsto em lei, tendo em vista que nem ao menos ocorre o cumprimento
legal dos direitos garantidos aos presos. Na verdade, o que se observa é a precariedade dos
estabelecimentos prisionais, sendo claramente uma realidade bem distante da disposta no
ordenamento jurídico.
Desse modo, os elevados índices de reincidência criminal no Brasil são principalmente
uma consequência das condições que são oferecidas àqueles que se encontram privados de sua
liberdade, mostrando-se um sistema carcerário ineficaz que falha imoderadamente na sua
função ressocializadora. Além disso, devido aos altos índices de superlotação, ambientes
insalubres, déficit de higiene, bem como a ausência de segurança que acaba facilitando a
ocorrência de inúmeras situações de violência, tais como físicas, sexuais e psicológicas.
Portanto, resta demonstrado que as prisões acabam se tornando um ambiente favorável à
reincidência criminal, de modo que torna-se um local de aprendizado para mais crimes.
Com base nessa perspectiva, corrobora a ausência de políticas públicas que
impulsionem a reinserção dos apenados no convívio social, caracterizando-se dessa forma um
total desamparo por parte das autoridades para com esses indivíduos que juntamente com o
descaso e a indiferença da sociedade acaba levando o indivíduo a cometer novos crimes. Nesse
ínterim, observa-se que os direitos resguardados na Constituição Federal de 1988 e na Lei de
Execução Penal (LEP) precisam ser mantidos, tendo em vista que apesar do poder público
valer-se de recursos suficientes para restaurar o sistema carcerário brasileiro, o que falta é a
iniciativa por parte do Estado de viabilizar aos detentos que a execução da pena esteja em
conformidade com os direitos humanos.
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