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BACHARELADO EM DIREITO
CARUARU
2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO TABOSA DE ALMEIDA – ASCES/UNITA
BACHARELADO EM DIREITO
AS FALHAS ESTRUTURAIS DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO EM
RELAÇÃO AS VERBAS ORIUNDAS DO ESTADO E AS POLÍTICAS
PÚBLICAS
CARUARU
2022
BANCA EXAMINADORA
Aprovada em: __/__/2022.
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Presidente: Prof. Esp.
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Primeiro Avaliador: Profº.
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Segundo Avaliador: Profº.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
2 CUSTOS PRISIONAIS
3 QUALIDADE/EFETIVIDADE DA POLÍTICA PRISIONAL
4 AVANÇOS NECESSÁRIOS PARA EVITAR FALHAS ESTRUTURAIS E
AUMENTAR AS POLÍTICAS PÚBLICAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
O sistema prisional brasileiro vem apresentando ao longo dos anos significativas falhas,
tendo em vista não adequar-se a realidade social do nosso País. Conforme constata-se
dos estudos já realizados, é o próprio sistema penitenciário que contribui expressivamente
para o crime, haja vista que o condenado ao cumprir sua pena é submetido a tratamento
desumano, há graves violações de seus direitos constitucionais, a superlotação, dentre
outros fatores que envolvem o citado sistema e dificultam de forma significativa a
ressocialização do preso. O Governo Federal dispõe de recursos da ordem do Fundo
Nacional do Sistema Penitenciário para fazer a gestão dos presídios brasileiros, mas
esses recursos não são empregados de maneira racional, o que em grande medida
explica o estado caótico das nossas prisões. Se comparados os recursos aplicados à
educação básica, torna-se quatro vezes maior e mesmo assim insuficientes para resolver
os problemas oriundos do sistema prisional. O que se questiona é qual o destino do
dinheiro aplicado no sistema penal, se está sendo utilizado incorretamente ou é realmente
insuficiente para resolver as problemáticas dos presídios brasileiros.
ABSTRACT
The Brazilian prison system has been presenting significant flaws over the years, in view
of not adapting to the social reality of our country. As evidenced by the studies already
carried out, it is the prison system itself that contributes significantly to the crime, given
that the convict, while serving his sentence, is subjected to inhumane treatment, serious
violations of his constitutional rights, overcrowding, among other factors. that involve the
aforementioned system and significantly hinder the resocialization of the prisoner. The
Federal Government has resources from the National Penitentiary System Fund to
manage Brazilian prisons, but these resources are not used rationally, which largely
explains the chaotic state of our prisons. If the resources applied to basic education are
compared, it becomes four times greater and still insufficient to solve the problems arising
from the prison system. What is questioned is the destination of the money applied in the
penal system, if it is being used incorrectly or if it is really insufficient to solve the problems
of Brazilian prisons.
INTRODUÇÃO
O presente artigo jurídico trata de uma preocupação cada vez mais crescente dos
cidadãos, com os reflexos oriundos do sistema penal brasileiro, a crise carcerária no país
e os gastos com políticas prisionais. Calcular com precisão os custos prisionais, se
apresenta como um verdadeiro desafio.
A escolha pelo debate dessa temática provém do fato de ser uma questão muito
polêmica quando levada ao debate do conhecimento dos custos do governo, que é
essencial para adoção de mudanças dos métodos aplicados à gestão das políticas e dos
programas governamentais. As más condições dos estabelecimentos penais reforça a
negligência do governo com relação aos detentos e evidencia a superlotação do sistema
prisional.
Far-se-á breve menção sobre o sistema penitenciário brasileiro, suas
problemáticas, a questão do déficit de vagas, a Dignidade da Pessoa Humana, o respeito
a integridade física e moral dos presos, a situação do atual sistema prisional e atuação do
governo frente a essa problemática.
Posteriormente, será abordado os custos prisionais de um detento e de toda
estrutura carcerária, fazendo um comparativo das verbas aplicadas em presídios com as
verbas aplicadas na educação.
Necessariamente, se fará uma abordagem sobre a qualidade/efetividade da política
prisional em relação a superlotação do sistema carcerário.
Por fim, discutiremos os avanços necessários para evitar falhas estruturais e
aumentar as politicas públicas.
Em verdade, em nossa abordagem, com os cuidados de não esgotar as polêmicas,
discutiremos os verdadeiros efeitos do sistema prisional, os gastos elevados do governo,
a superlotação e as condições precárias e insalubres nas penitenciárias brasileiras.
A nossa pesquisa, se vale de abordagem dedutiva e levantamento bibliográfico e
documental, em especial dos dados numéricos do sistema prisional brasileiro produzidos
pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). Fazendo-se uma análise da quantidade e dos custos de cada detento.
Abandonou-se, no Código Penal, com a reforma operada pela Lei n.º 7.209, a
distinção entre penas principais (reclusão, detenção e multa) e acessórias (a
perda da função pública, as interdições de direitos e a publicação da sentença)
[...] Podem-se, porém, distinguir na nova lei as penas comuns, que são as
privativas de liberdade (reclusão e detenção) e a multa; e as penas alternativas
ou substitutivas (restritivas de direitos). A multa, porém, pode ser utilizada como
substitutivas da pena privativa de liberdade aplicada.
O art. 112 da lei de Execução Penal também elencou alguns critérios, quais sejam:
cumprimento de pelo menos 1/6 da pena no regime anterior, e apresentar bom
comportamento no cárcere, comprovado por meio do diretor do estabelecimento
prisional, e respeitadas as regras que vedam a progressão. Ademais, conforme dispõe o
§3º do art. 33 do Código Penal, o legislador condicionou a determinação do regime inicial
do cumprimento da pena à observância dos critérios elencados no art. 59 do Código
Penal. Merece também destaque a regra contida no art. 111 da Lei de Execução Penal, a
qual preceitua que em caso de condenação em mais de um crime, independentemente
de ser no mesmo processo ou não, o regime de cumprimento da pena será determinado
pelo resultado da soma ou unificação das penas, com observância, conforme o caso, da
detração e remição.
Até junho de 2019, eram pouco mais de 461.000 vagas para abrigar os quase 800.000
detentos – as informações levam em conta presos em diversos regimes de cumprimento
de pena e incluem até acusados contra os quais foram impostas medidas de segurança.
O déficit prisional referido está ligado diretamente ao uso e abuso das prisões provisórias
que, de modo geral, são desproporcionais e descabidas.
Enquanto a sociedade espera que essas pessoas se ocupem para reintegração pós-
cárcere, a ausência de estrutura física e de recursos humanos nas unidades prisionais
segue como um dos principais entraves para que esse ideal se concretize. (CNJ, 2021)
2. Custos Prisionais
3.1 A Superlotação
Pode-se dizer sem medo de errar que este é o maior problema do Sistema
Penitenciário pátrio. Em decorrência do avanço da criminalidade, resta evidente que o
número de detentos tende a aumentar. No entanto, não há no Brasil prisões suficientes
para abarcar toda a demanda, fator que inviabiliza o tratamento individualizado de cada
preso e, por conseguinte, afrontam-se os direitos destes, assim como impossibilita a
ressocialização dos apenados. Conforme enfatiza Julita Lemgruber, “a falta de vagas é a
principal causa para a superlotação que caracteriza os presídios brasileiros. A lotação
impede que haja socialização e atendimento correto da população carcerária, o que
acaba criando tensão e violência”.
Além disso, as penitenciárias são destinadas apenas para os presos que cumprem
pena de reclusão em regime fechado, conforme preconiza o art. 87, caput, da Lei de
Execução Penal. Contudo, não é o que se observa na realidade. Além dos presos com
condenação penal já transitada em julgado, os presos provisórios e temporários também
são alojados nas penitenciárias, fator que também provoca a superlotação carcerária. O
ideal seria que os presos provisórios e temporários permanecessem presos em cadeias
públicas, conforme dispõe o art. 102, como também o art. 103, ambos da Lei de
Execução Penal.
Sobre uma definição para tortura, Heleno Cláudio Fragoso define-a como sendo
uma imposição de aflições ou martírios desnecessários. Sabe-se bem que a tortura não é
um problema atual. No entanto, apesar de a sociedade ter avançado em alguns aspectos
sociais, neste ainda persiste, como demonstra tais comportamentos arcaicos, que
remontam civilizações imbuídas de ignorância. A vida, assim como a integridade física e
moral, é direito inerente a qualquer nacional, mesmo que um deles seja um delinqüente,
pois vigora no sistema jurídico pátrio o princípio da isonomia, o que se pode visualizar
pela leitura do art. 5º, incisos III, XLVII e XLIX da Constituição Federal de 1988. Sobre a
prática de tortura em interrogatório, com propriedade discorre Adeildo Nunes:
[...] a comida servida pela casa é triste. Depois de alguns dias, não há cristão que
consiga digeri-la; a queixa é geral. Os que não têm ganha-pão na própria cadeia
ou família para ajudar, sofrem [...]Toda cela tem um vaso sanitário velho,
geralmente limpo, o “boi”, de formas variadas. Alguns são daqueles antigos, do
tipo francês, com um buraco e dois apoios para os pés; outros são os clássicos
vasos de louça encravados num cone invertido de concreto. As privadas
terminam num buraco seco, por onde corre a descarga. Por asseio, os presos
jogam água fervente depois que o último usou o banheiro, à noite. Os mais
cuidadosos tapam o buraco da privada com um saco plástico cheio de areia, para
evitar odores, baratas e os ratos do encanamento. Para não manipular
diretamente o saco, prendem-no a uma cordinha que passa por uma roldana
fixada à parede [...].
Vale ressaltar que a alimentação é um direito social, que deve ser garantido a
todos indistintamente, conforme dispõe o art. 6º da Constituição Federal de 1988.
Ademais, o art. 41, em seu inciso VII, da Lei de Execução Penal, prevê a
assistência a saúde como direito do preso, o que, na realidade, não se vislumbra,
ocorrendo a flagrante afronta aos dispositivos da referida legislação especial. Assim, se o
Estado já retira a liberdade do condenado à pena de prisão, como forma de retribuição
ao crime por ele cometido, o mínimo que ele deve garantir é condições dignas de
sobrevivência, incluindo nesse rol a saúde, que é um direito social garantido a todos sem
distinção.
O anúncio da pandemia do novo coronavirus no mundo e a sua chegada no Brasil
tornou mais grave as condições já precárias da população carcerária e lançou uma luz
mais forte sobre as falhas da gestão penitenciaria e a falência sistêmica do sistema
prisional. Segundo informações divulgadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
referentes ao início do mês de junho de 2020, foram registradas nas unidades prisionais
brasileiras um aumento de 800%, em relação ao mês anterior, no número de casos de
infecção pelo novo coronavirus entre os apenados e agentes penitenciários. Ainda
segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disponibilizados pelo Depen, até
o dia 17 de junho de 2020, os números do Covid-19 nas unidades prisionais são: 2.351
presos diagnosticados com o Covid-19, 727 a quantidade de casos suspeitos a espera
de confirmação, 8.924 testes realizados (1,2% da população carcerária), o que comprova
uma situação preocupante em relação à subnotificação.
A Lei de Execução Penal, em seu art. 15 garante ao preso, que não possui
recursos suficientes para constituir advogado, assistência jurídica, além de dispor em seu
art. 16 que as Unidades da Federação deverão ter de forma integral e disponível
gratuitamente assistência jurídica. A própria Constituição Federal de 1988 assegura a
todos, presos ou não, a citada assistência de forma gratuita, conforme dispõe o art. 5º,
inciso LXXIV. Contudo, a realidade é outra. Devido ao número exacerbado de presos nas
prisões, acima do limite previsto, essa assistência jurídica torna-se insuficiente.
Além desses fatores, outros podem ser elencados, como a falta de moradia, a
descriminação com o ex-detento e o desemprego. É certo que a sociedade contribui para
a reincidência, mas o fator determinante é a inércia estatal na efetivação das medidas de
apoio ao egresso para a sua volta ao convívio social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral. 24ª. ed. São
Paulo: Saraiva, 2018, vol. 1.
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2019, vol. 1.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 25ª. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, vol. 1.
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DANTAS. Perpétua. Adoção Jurídica: Quando o Preso se torna Cidadão. Revista
Asces em Foco. Caruaru.
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 1987.
______. Lições de Direito Penal: Parte Geral. 14ª ed, São Paulo: Editora Forense,
1993.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 21. ed. Niterói: Impetus,
2020, vol. 1.
______. Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo. RT. 1999.