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Baseado nas discussões das aulas, na jurisprudência e na teoria abordada pelo curso,
produzam um texto dissertativo entre 600-800 palavras que:
As PcD e a sua inserção no cárcere brasileiro – uma análise sob o ponto de vista
das garantias do devido processo.
Dentro da sociedade brasileira há um grupo social que durante muitos anos passou
despercebido, os deficientes físicos. Essa passagem silenciosa ao longo das décadas deve-
se por um grande preconceito que perdura até os dias atuais. Escondidos, abandonados e
esquecidos essas pessoas viveram às margens da sociedade brasileira até 1989, ano no
qual foi instituída a Lei nº 7.853/1989 que trata acerca de normas garantidoras do pelo
exercício das Pessoas com Deficiência (PcD).
Esse foi o primeiro dos escassos avanços feitos pela sociedade na proteção desses
indivíduos. Em 2015 foi instituído o Estatuto da Pessoa com Deficiência - EPD (Lei nº
13.146/2015) - fruto da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. Tal normativa trouxe reflexos importantes como a retirada dessas pessoas do
rol dos absolutamente incapazes no Direito Civil. Mas e no Direito Penal? Quais os
avanços para a proteção desses grupos vulneráveis, qual suas relações com o Processo
Penal e o devido processo?
Tais perguntas são difíceis de responder tendo em vista a não tão expansiva literatura e
pesquisa acerca desse ramo, mas tentarei responder e, de certa forma, solucionar essa
lacuna através de análises.
Outro ponto contraposto aos direitos das PcD, conforme aponta Goulart (2019), é a
questão instituída sobre o crime de estupro contra vulnerável, aqui abarcada as pessoas
com “enfermidade ou deficiência mental”, onde para tais crimes independe o
consentimento da vítima. Essa disposição pré-julga as PcD limitando a análise das
condições de vulnerabilidade em concreto e disposto no EPD em seu art. 6º, II, que afirma
que a deficiência não afeta a plena capacidade de exercer direitos sexuais e reprodutivos.
Essas perspectivas trazem, mesmo que com falhas, um olhar atento do legislador sobre
como proteger essas pessoas socialmente. Entretanto, para o processo penal e esses
indivíduos como figurando-se como réus parecem ainda serem colocados sobre as
sombras de uma realidade dura.
Como se bem sabe, o devido processo penal está abarcado pelo direito de cidadania,
previsto constitucionalmente, e que desemboca em princípios como o da dignidade da
pessoa humana. Outro ponto a se considerar é que o processo penal vai além das fases de
inquérito, instrução processual e julgamento, mas também integra aqui a execução.
É este último ponto que mais implica em como as PcD são afetadas pelo sistema penal,
isso ocorre por conta da incapacidade dos presídios em oferecer condições mínimas de
acessibilidade e possibilidade de ressocialização.
Acerca deste ponto, claro e evidente que as penitenciárias brasileiras como um todo
possuem diversos problemas estruturais e funcionais. Todavia, a análise presente resta a
colocar o foco sob os deficientes físicos. Se a parcela penitenciária que não carece de
atendimentos especiais sofre com violações de direitos humanos, com certeza as PcD
sofrem o dobro tanto em acessibilidades, quanto em condições mínimas de salubridade.
Posterior a isso, em 2016, o mesmo órgão emitiu nova nota à imprensa na qual reconhece
a situação precária das penitenciárias e como os presídios brasileiros ainda não
contemplam as necessidades do encarcerado com deficiência. Segundo dados de 2020
apresentados pelo Ministério, apenas 11% das unidades penitenciárias encontram-se
adaptadas, em contrapartida mais da metade, 64%, não possuem qualquer tipo de
adequação1.
Exemplo de que tal medida é eficaz temos o projeto Cadeirantes em Ação aplicado pela
penitenciária do Vale do Itajai/SC2, através deles o detento tem a oportunidade de
diminuir o tempo da execução da pena, além de receber um valor, que é convertido para
suas famílias, proporcionando uma possibilidade de ressocialização.
1
Brasil, Ministério da Justiça, Departamento Penitenciário Nacional (2014). Levantamento nacional de
informações penitenciárias - INFOPEN. Relatórios Estatísticos - Analíticos do sistema prisional de cada
Estado da Federação. Brasília.
2
https://www.vidamaislivre.com.br/2013/09/12/presos-cadeirantes-participam-de-programa-de-trabalho-
em-itajai-sc/
Quanto às questões estruturais dos presídios, este apresenta-se como um tópico
impossível de dissociar como dever do Estado em prover. Ainda que a parcela seja
considerada ínfima perto da quantidade total de detentos, é necessário que ainda sim seja
resguardada. Afinal, o Estado assumiu perante a comunidade internacional um
compromisso de resguardar os direitos fundamentais desse grupo vulnerável.
Dessa forma, podemos concluir que apesar do devido processo muito ser relacionado até
o proferimento da sentença, a execução da pena é uma das formas de manifestação deste
e deve resguardar aos apenados os princípios fundamentais, em especial o da dignidade
da pessoa humana.
Mesmo que haja dentro do ordenamento jurídico normativas que resguardam os direitos
desse grupo sociais, no plano material o problema ainda se encontra se muitas mudanças
efetivas. Assim, cabe ao Estado oferecer recursos para a efetiva mudança nos pontos de
acessibilidade e promover ações que possam reintegram e oferecer uma oportunidade aos
detentos com deficiência física para se reinserir no mercado de trabalho.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA