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Resumo
Este trabalho é um breve estudo sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 347, cujo tema central é o Estado de Coisas Inconstitucional do
sistema carcerário brasileiro, passando por toda a situação degradante a qual os
apenados são sujeitos e as soluções propostas, com ênfase na falta do processo de
reintrodução dos detentos à sociedade após o cumprimento de suas penas.
1. INTRODUÇÃO
Um dos grandes pilares da democracia brasileira consta no art. 1º, inciso III da
Constituição Federal, a dignidade da pessoa humana. Infelizmente, esse é um
fundamento frequentemente negligenciado, se fazendo necessária a criação de vários
mecanismos para combater a omissão do Estado. Um deles é a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, uma modalidade de “ação proposta ao
Supremo Tribunal Federal com o objetivo de evitar ou reparar lesão a preceito
fundamental resultante de ato do poder público”1. A matéria deste trabalho é a ADPF
347, a qual denuncia as inúmeras violações aos direitos humanos que ocorrem no
sistema carcerário.
O requerente, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), pede que, em razão do
estado deplorável das instituições prisionais, seja reconhecido o Estado de Coisas
Inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro, instituto esse criado pela Corte
Constitucional da Colômbia em 1997 para lidar com situações de violações graves e
estruturais de direitos fundamentais. Também solicita o deferimento de uma série de
medidas cautelares. O relator do processo foi o então Ministro do Supremo Tribunal
Federal Marco Aurélio.
4. CONCLUSÃO
No dia 9 de setembro de 2015, o STF chegou a uma decisão por maioria e nos termos
do voto do relator Ministro Marco Aurélio. O Estado de Coisas Inconstitucional do
sistema penitenciário brasileiro foi reconhecido e dois pedidos foram deferidos: A
medida cautelar alínea “b”, determinando que os juízes e tribunais realizem as
audiências de custódia em até 24 horas a partir do momento da prisão conforme
previsão da Convenção Americana de Direitos Humanos, e a alínea “h”, a qual pedia
o descontingenciamento das verbas existentes no Fundo Penitenciário Nacional. Os
demais pedidos foram indeferidos.
O reconhecimento do Estado de Coisas Inconstitucional pode ser vista como uma
forma de ativismo judicial, definida por Barroso como “uma participação mais ampla
e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior
interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes”. 7 A tentativa foi feita,
porém apenas uma declaração não tem efeito na prática. Várias comarcas ainda não
realizam audiências de custódia, argumentando que existem dificuldades logísticas ou
que não há juízes o suficiente, por exemplo. Para que as reformas realmente
aconteçam, o problema deve ser tratado conjuntamente por todos os três Poderes de
forma harmônica. Soluções isoladas não são suficientes; precisamos de uma
abordagem multidisciplinar e responsabilizar o Estado pelo tratamento desumano de
seus cidadãos.