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Segundo o Senhor Ministro Marco Aurélio: "Não se tem tema campeão de audiência, de
agrado da opinião pública. Ao contrário, trata-se de pauta impopular, envolvendo direitos de
um grupo de pessoas, cuja dignidade humana é tida por muitos como perdida, ante o
cometimento de crimes." Desde modo, somando a essa pauta impopular os entraves jurídicos e
estruturais, é de se esperar que degradação horrorizante dos cidadãos brasileiros infratores
agrava-se ano após ano. O que seria exceção constitucional, tornou-se norma pela inatividade
político-jurídica do Estado em sarar a grande ferida. São os seguintes fatores que culminam no
Estado de Coisa Inconstitucional no Sistema Carcerário Brasileiro:
Juízes continuam encarcerando como costume, a falha estrutural nos presídios é histórica,
não há clamor político pelo tema, assim a densidade demográfica por cela cresce, acentuando
o estado de insalubridade dos presidiários. O que seria exceção, torna-se permanente, e o preso
à mercê de um milagre. A vida nua permanece desprovida de proteção pelo seu protetor-mor.
Esta série de entraves traz à luz o Estado de Coisa Inconstitucional no Sistema Penitenciário
Brasileiro.
Quando o poder supremo, despi a vida política dos seus tutelados, através de seus
justificados estados de exceção, tal como pontuados acima, os transformam na condição, que
Giorgio Agamben elucidou em seu livro, de "vidas nuas" desprotegidas. Desde modo, como
dito pelo Ministro Marco Aurélio: "ante tal quadro, a solução, ou conjunto de soluções, para
ganhar efetividade, deve possuir alcance orgânico de mesma extensão, ou seja, deve envolver
a atuação coordenada e mutuamente complementar do Legislativo, do Executivo e do
Judiciário, dos diferentes níveis federativos, e não apenas de um único órgão ou entidade.".
Como não há essa atuação coordenada e mútua, configura-se inércia estatal, sendo assim o
estopim para que um Estado de exceção constitucional se torne permanente. Pois segundo o
Senhor Ministro Relator Marco Aurélio: "A inércia configura-se não apenas quando ausente a
legislação, mas também se inexistente qualquer tentativa de modificação da situação, uma vez
identificada a insuficiência da proteção conferida pela execução das normas vigentes.".