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Possibilidade de controle judicial de políticas públicas no âmbito

do sistema carcerário brasileiro

POSSIBILIDADE DE CONTROLE JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS


NO ÂMBITO DO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO

Possibility of judicial control of public policies within the framework of the Brazilian prison
system
Revista dos Tribunais | vol. 1036/2022 | p. 143 - 155 | Fev / 2022
DTR\2022\3910
___________________________________________________________________________
Mariana Vargas Fogaça
Mestranda em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP.
Pós-graduada em direito processual penal pela IBMEC-SP. Bacharel em direito pela
Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP. Bolsista da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). marianavargasfogaca@gmail.com

Área do Direito: Penal; Direitos Humanos

Resumo: O objetivo do presente estudo é analisar, com a utilização do método


hipotético-dedutivo e por meio da pesquisa bibliográfica eletrônica e documental, a
possibilidade jurídica de controle judicial de políticas públicas para melhorias no sistema
carcerário brasileiro. Inicialmente será explanado a crise estrutural do ambiente prisional,
em razão da absoluta contrariedade entre as normas que asseguram os direitos
fundamentais dos presos e a realidade vigente. Em seguida, será confrontado os princípios
da harmonia e separação dos poderes, a teoria da reserva do possível e a necessidade de
aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. Será
possível concluir, utilizando como paradigma o Recurso Extraordinário 592.581/RS, que o
Poder Judiciário possui legitimidade democrática para impor medidas emergenciais ao
Poder Executivo caso não seja garantido o mínimo existencial para a dignidade dos
detentos.

Palavras-chave: Políticas públicas – Sistema carcerário – Controle judicial – Reserva do


possível – Mínimo existencial

Abstract: The objective of this study is to analyze, using the hypothetical-deductive


method and through electronic and documentary bibliographic research, a legal possibility
of judicial control of public policies for improvements in the Brazilian prison system.
Initially, the structural crisis of the prison environment will be explained, due to the
absolute contradiction between the rules that guarantee the fundamental rights of
prisoners and the current reality. Then, the principles of harmony and separation of
powers, the theory of reserve of the possible and the need for immediate applicability of
the fundamental rights of the Federal Constitution will be confronted. It will be possible to
conclude, using Extraordinary Resource 592.581/RS, that the Judiciary has democratic
legitimacy to impose emergency measures on the Executive Power if the existential
minimum for the dignity of detainees is not guaranteed.

Keywords: Public policy – Prison system – Judicial control – Reservation of the possible

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Possibilidade de controle judicial de políticas públicas no âmbito
do sistema carcerário brasileiro

– Existential minimum

Para citar este artigo: FOGAÇA, Mariana Vargas. Possibilidade de controle judicial de
políticas públicas no âmbito do sistema carcerário brasileiro. Revista dos Tribunais. vol.
1036. ano 111. p. 143-155. São Paulo: Ed. RT, fevereiro 2022. Disponível em: inserir link
consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.

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Sumário:
1. Introdução - 2. A crise estrutural do sistema penitenciário nacional - 3. A possibilidade
de controle judicial de políticas públicas no âmbito do sistema carcerário brasileiro - 4.
Considerações finais - 5. Referências

1. Introdução

A falência do sistema prisional brasileiro é fruto da reiterada falha estatal no


desenvolvimento de políticas públicas penitenciárias efetivas. Tem-se um sistema com a
lotação muito acima da sua capacidade e que não oferece condições mínimas de conforto
e salubridade, sendo palco de massivas violações de direitos inerentes a todos os seres
humanos.

O sistema carcerário brasileiro possui a terceira maior população carcerária do mundo e


conta com unidades prisionais em péssimo estado de conservação, com instalações
sanitárias, hidráulicas e elétricas em condições precárias, celas imundas e sem iluminação
e ventilação adequadas. Não são oferecidos itens de higiene básica de maneira satisfatória,
como papel higiênico, escovas de dente e absorventes íntimos e a alimentação fornecida
não é adequada, principalmente no que se refere a sua qualidade e periodicidade.

Considerando a ineficiência do Poder Público em fornecer condições mínimas de dignidade


aos privados de liberdade, são recorrentes os pedidos junto ao Poder Judiciário de
melhorias estruturais nas unidades prisionais do país. Contudo, a possibilidade de
interferência judicial em funções típicas do poder público não é matéria pacificada. De um
lado argumenta-se que a intervenção confrontaria a harmonia e separação dos poderes.
Em contrapartida, defende-se que, em caso de omissão reiterada do Poder Público e de
massivas violações de direitos fundamentais, é possível a intervenção judicial.

Nesse cenário, o presente estudo objetiva, com a utilização do método hipotético-dedutivo


e por meio da pesquisa bibliográfica eletrônica e documental, fazer uma análise da
possibilidade de o Poder Judiciário determinar a realização de obras e medidas
emergenciais em presídios que não possuam condições mínimas de salubridade. Ou seja,
discute-se se, diante de omissões perpetradas pela Administração Pública, pode um
magistrado interferir na atuação tipicamente conferida ao poder público com o intuito de
impor-lhe a realização de medidas em prol do sistema prisional.

2. A crise estrutural do sistema penitenciário nacional

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Em que pese a Constituição Federal assegure diversos direitos aos presos, como a
dignidade, a vedação da tortura e do tratamento desumano ou degradante, a proibição da
imposição de penas cruéis, o cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de
acordo com a natureza do delito, a idade e sexo do apenado e o respeito à integridade física
e moral, tais preceitos não são satisfatoriamente respeitados no sistema carcerário
brasileiro.

Não obstante o viés garantista das normas constitucionais, penais e processuais penais, os
direitos dos presos não são materialmente respeitados pelo Estado. Além da legislação
interna, o atual cenário prisional afronta tratados internacionais de direitos humanos que
foram ratificados pelo país, como o Pacto dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção contra
a Tortura e outros Tratamentos e Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes, a Convenção
Interamericana de Direitos Humanos.

De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), com dados referentes a


dezembro de 2019, o número de pessoas encarceradas em unidades prisionais e
delegacias de polícia do país já supera a marca de 748 mil1, o que representa a terceira
maior população carcerária do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China2.

Em razão da superlotação carcerária, a maioria dos estabelecimentos não realizam a


correta separação dos detentos. De acordo com o Conselho Nacional do Ministério Público,
que se embasou em inspeções realizadas em cerca de 1.600 unidades prisionais do país,
79% dos estabelecimentos não separam presos provisórios de definitivos, 67% não
separam pessoas que estão cumprindo penas em regimes diferentes, 78% não separam
presos primários dos reincidentes e em 68% dos locais não há separação por
periculosidade ou tipo de delito3. Ademais, apenas 9% das unidades prisionais contam com
celas destinadas a estrangeiros e indígenas e 15% com celas destinadas a idosos, lésbicas,
bissexuais e transgêneros. Somente 6% das unidades prisionais contam com
acessibilidade para portadores de deficiência4.

No que tange à estrutura, verifica-se que o sistema carcerário não oferece condições
mínimas de conforto e salubridade. De acordo com as inspeções realizadas pelo Conselho
Nacional de Justiça, as dependências das unidades prisionais estão em péssimo estado de
conservação, com instalações sanitárias, hidráulicas e elétricas em condições precárias,
celas imundas, sem iluminação e ventilação adequadas5.

Em relação as condições de saúde oferecidas pelo sistema carcerário, verifica-se que


apenas 37% das unidades prisionais contam com unidades de saúde6. Frequentemente
não recebem insumos para higiene básica, como papel higiênico, escovas de dente e
absorventes íntimos. Quase metade das unidades inspecionadas pelo Conselho Nacional do
Ministério Público não possui cama para todos os presos, quase um quarto não tem colchão
disponível para todos os detentos e em dois terços a água para banho não é aquecida.
Cerca de 10% das unidades não têm espaço para banho de sol7.

De acordo com o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, nas unidades


inspecionadas constatou-se também violação ao direito humano à alimentação adequada,
principalmente no que se refere a sua regularidade, acessibilidade e qualidade.
Ressaltou-se a péssima qualidade da comida oferecida e o grande intervalo de tempo entre
uma refeição e outra8.

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A falta de dignidade dentro do sistema prisional e a falta de controle por parte do Estado
contribui com a grande ocorrência de fugas e rebeliões. No ano de 2013, nos 1.500
presídios inspecionados pelo Conselho Nacional do Ministério Público, registrou-se a
ocorrência de 20.310 fugas e de março de 2012 a fevereiro de 2013, 121 rebeliões9.

Em relação as condições do sistema carcerário para receber mães e gestantes, verifica-se


que apenas 55 unidades prisionais do país dispõem de cela ou dormitório adequado para
gestantes; 14% possuem berçários ou centros de referência materno-infantil; 3% das
unidades prisionais possuem creches; e apenas 28 possuem ginecologistas para o
atendimento de toda a população carcerária feminina10.

Os dados apresentados demonstram a calamitosa situação do sistema carcerário


brasileiro. As informações iniciais comprovam as violações de direitos do preso, que
realizam o cumprimento da pena privativa de liberdade em um sistema carcerário que viola
sistematicamente a dignidade da pessoa humana. Ressalte-se que o termo dignidade da
pessoa humana não é de fácil conceituação, mas pode-se dizer que se trata de um valor
fundamental relacionado aos direitos humanos e que: “1. Fornece parte do significado
nuclear dos direitos fundamentais e 2. Exerce a função de um princípio interpretativo,
particularmente na presença de lacunas, ambiguidades e colisões entre os direitos”11.

De acordo com Sarlet, em espaços em que não se respeita a vida, a integridade física e
moral dos indivíduos, que não são oferecidas condições mínimas para uma existência
digna, “não haverá espaço para a dignidade da pessoa humana e esta (a pessoa), por sua
vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e injustiças”.12 Ressalte-se que o Estado
tem o direito de realizar a aplicação da lei penal, uma vez que cabe a ele realizar a proteção
da sociedade e resguardas os valores sociais. No entanto, ao exercer o jus puniendi, deve
respeitar os direitos fundamentais dos acusados, tanto material como processualmente13.

Considerando que o Poder Público não tem se empenhado de maneira suficiente e


espontânea para garantir um ambiente carcerário que forneça condições mínimas de
dignidade e salubridade, o Poder Judiciário tem sido demandado para a realização de
melhorias estruturais nas unidades prisionais do país. Exemplo disso é que o Partido
Socialismo e Liberdade – PSOL, ingressou, no ano de 2015, com uma Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, autuada sob o número 347/DF, buscando o
reconhecimento que o sistema carcerário brasileiro vive em um “estado de coisas
inconstitucional”. O pedido foi deferido em caráter liminar.

Esta técnica de julgamento é originária da Corte Constitucional Colombiana e busca o


reconhecimento de que o Estado se omite no cumprimento dos seus deveres
constitucionais. O “objetivo é solucionar litígios estruturais decorrentes de graves falhas
em políticas públicas, causadoras de violações sistemáticas a direitos fundamentais,
especialmente de pessoas em situação de vulnerabilidade”14.

Para a caracterização de um estado de coisa inconstitucional é necessário, além da


omissão do Poder Público, falha estrutural que demande a atuação conjunta dos Poderes.
Certos requisitos também precisam ser preenchidos, como a violação de direitos
fundamentais de um grande número de pessoas; a omissão das autoridades públicas; a
necessidade de intervenção de diversas entidades; e um provável congestionamento do
Poder Judiciário caso ocorra a procura individual de tutela dos direitos violados15.

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Diversas outras ações foram ajuizadas com reclamações relacionadas a estrutura do


sistema carcerário brasileiro, como o Recurso Extraordinário 641.320/RS16, em que se
discutia a possibilidade de cumprimento de pena em regime mais gravoso em razão da
falta de vagas em estabelecimentos adequados; o Recurso Extraordinário 580.252/MS17,
em que se discutiu a responsabilidade do Poder Público de ressarcir danos, inclusive
morais, comprovadamente causados aos presos em razão da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento; o Habeas Corpus Coletivo 143.641/SP18, em que se
requeria a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas que sejam
gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, com
argumento, entre outros, da inadequação do ambiente carcerário para receber essas
mulheres; e o Recurso Extraordinário (RE) 592.581/RS19, que será melhor explanado no
próximo tópico, pois discutiu a possibilidade de controle judicial de políticas públicas.

Sem embargo, a interferência do Poder Judiciário em políticas públicas, que é uma função
típica do Poder Público, é tema controverso. De um lado, argumenta-se que, em nome da
harmonia e independência dos poderes, não seria possível o controle judicial de políticas
públicas no âmbito do sistema carcerário brasileiro. Em contrapartida, defende-se que, em
caso de falha persistente do Poder Público e de frequentes violações de direitos
fundamentais, é necessário garantir o mínimo existencial aos detentos por meio da
intervenção judicial.

3. A possibilidade de controle judicial de políticas públicas no âmbito do sistema


carcerário brasileiro

A realidade do sistema carcerário brasileiro evidencia a falta de cumprimento, por parte do


Estado, da legislação que protege os direitos fundamentais. Além da privação da liberdade,
os presos são despojados da dignidade humana e de direitos que não poderiam ser
restringidos mesmo com a prisão.

Diante das omissões estatais, multiplicam-se junto ao Poder Judiciário ações ajuizadas por
integrantes da sociedade civil, membros do Ministério Público e da Defensoria Pública em
busca de melhorias das condições estruturais das unidades prisionais do país.

Quando se fala na possibilidade de controle judicial de atos administrativos, comumente se


debate a respeito da “autonomia da Administração, independência e harmonia entre os
poderes, discricionariedade do ato administrativo, controle apenas da legalidade”.
Acredita-se que uma decisão judicial determinando a realização de melhorias junto ao
sistema carcerário do país interferiria na autonomia administrativa do Poder Público. No
entanto, tais argumentos não merecem prosperar e podem ser facilmente rebatidos, pois
a não intervenção do judiciário em caso de omissão reiterada do Poder Público seria uma
afronta ao Estado Democrático de Direito20, uma vez que o princípio constitucional da
inafastabilidade da jurisdição (artigo 5º, inciso XXXV, da CF (LGL\1988\3)), assegura o
acesso à justiça e a tutela jurisdicional adequada e efetiva.

Quando condições mínimas de dignidade e salubridade não são fornecidas pelo Poder
Público e não se verifica pelo sistema de justiça criminal qualquer esforço na melhoria das
condições atuais, cabe controle judicial, visto que, “embora a escolha e implementação da
política pública seja um ato discricionário do Poder Público, não podemos afastar a
possibilidade de controle judicial sobre os atos administrativos discricionários”21. Ou seja,

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mais que um direito de intervenção, é dever do Poder Judiciário tutelar os direitos


fundamentais consagrados na Constituição Federal e nos demais documentos ratificados
pelo Brasil.

Os poderes, além de independentes, devem ser harmônicos entre si, ou seja, devem
trabalhar juntos para que os objetivos fundamentais do Estado sejam conquistados. Logo,
a harmonia e independência dos poderes não é prejudicada com a intervenção judicial,
uma vez que todo poder pode sofrer espécies de controle22.

“A atividade jurisdicional do Estado, por meio do Judiciário, na solução da lide entre


particulares ou entre particulares e órgãos estatais ou entre os próprios órgãos estatais, é
compatível com o sistema, porque o controle último dos órgãos estatais procede-se pelo
processo judicial.”23

Evidente que o controle judicial de atos administrativos discricionários não deve ser
realizado como forma de usurpar a vontade do administrador público no desenvolvimento
de políticas criminais. Isto é, não cabe ao judiciário interferir em funções que não lhe são
típicas. Contudo, a discricionariedade do Poder Público não pode legitimar a ineficiência na
prestação dos deveres estatais e a sonegação de direitos fundamentais24.

Para Queiroz e Costa, a Constituição Federal precisa ser observada, “[...] evitando defeitos
congêneres tão enraizados, como a imensa desigualdade social e financeira, além do total
desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. É necessária verdadeira
atividade de inclusão definitiva em todas as veias da Sociedade.”25

A teoria da reserva do possível é comumente invocada pelo Poder Público nas demandas
judiciais, sob o argumento de que a ausência de recursos orçamentários suficientes
isentaria o Estado de realizar e planejar políticas públicas em prol dos direitos
fundamentais26. Afirma-se que condições dignas não são fornecidas pelo Poder Público em
razão da insuficiência orçamentária. “Contudo, estes argumentos não são acolhidos de
modo irrestrito pelos tribunais, que frequentemente vêm exigindo um acervo probatório
suficiente que demonstre, de modo cabal, a insuficiência financeira e orçamentária do ente
público demandado.”27

Inconteste que a efetivação de direitos demanda investimentos e custos pela


Administração Pública. No entanto, a insuficiência de recursos não pode legitimar às
omissões estatais, uma vez é preciso que “o Administrador Público aja de forma
responsável e respeite a análise do ciclo das políticas públicas, planejando de forma séria
a elaboração das políticas públicas necessárias a suprir as demandas sociais”. É dever do
Estado, mesmo diante de limites orçamentários, encontrar soluções para os problemas
sociais, buscando implementar a política pública que melhor atende o problema a ser
enfrentado, com vistas a uma sociedade mais justa28.

Ademais, há entendimento de que a reserva do possível não pode ser aplicada sob os
direitos que compõem o mínimo existencial29, pois “eles são tão importantes que a sua
outorga não pode ficar sujeita à vontade da maioria parlamentar ou da Administração
Pública”. Por conseguinte, “a ausência de previsão da despesa, nas leis orçamentárias,
bem como a inexistência de políticas públicas, não impedem a sua efetivação judicial”30.

De acordo com Nunes Junior e Vidal Serrano, a teoria da reserva do possível só pode ser

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aplicada quando o mínimo vital tenha sido satisfeito; se o Estado comprovar que tem se
empenhado em cumprir o direito social buscado e seja razoável a sua aplicação. Ou seja,
“[...] a teoria da reserva do possível não foi concebida para mitigar obrigações mínimas do
Estado para com obrigações essenciais, que, caudatárias da dignidade humana, não
encontram possibilidade de restrição válida.”31

O Recurso Extraordinário (RE) 592.581/RS, que teve repercussão geral, foi interposto pelo
Ministério Público do Rio Grande do Sul, em uma ação civil pública que visava à realização
de obras no Albergue Estadual de Uruguaiana. Segundo o acordão que reformou a
sentença de primeiro grau, o pedido de melhorias no presídio tinha por base normas
constitucionais programáticas e não autoexecutáveis, com cumprimento sujeito à
discricionariedade do poder público e aos limites da reserva do possível, não sendo cabível
a intervenção do Poder Judiciário. No entanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal
reformou a decisão e decidiu que o Poder Judiciário possui competência para determinar a
realização de obras ou reformas emergenciais nas unidades prisionais do país com o intuito
de garantir os direitos fundamentais dos presos.

O relator, ministro Ricardo Lewandowski, destacou a importância do princípio da dignidade


da pessoa humana no ordenamento jurídico brasileiro e ressaltou que a atuação judicial
deve ser admitida quando não se estiver garantindo o mínimo de dignidade aos
jurisdicionados. “A centralidade do valor da dignidade da pessoa humana em nosso
sistema constitucional permite a intervenção judicial para que seu conteúdo mínimo seja
assegurado aos jurisdicionados em qualquer situação em que estes se encontrem”32.

Ressaltou ainda que as autoridades prisionais não podem ser omissas em garantir ao
menos o mínimo existencial aos detentos, não existindo qualquer margem de
discricionariedade do Poder Público para garantir ao menos o núcleo essencial. “A reiterada
omissão do Estado brasileiro em oferecer condições de vida minimamente digna aos
detentos exige uma intervenção enérgica do Judiciário para que, pelo menos, o núcleo
essencial da dignidade da pessoa humana lhes seja assegurada.”33

Por fim, esclareceu que não defende que o Poder Judiciário possa atuar de ofício sempre
que direitos fundamentais estejam em risco, mas apenas quando há omissão estatal que
acarrete graves danos à dignidade da pessoa humana. “Aos juízes só é lícito intervir
naquelas situações em que se evidencie um ‘não fazer’ comissivo ou omissivo por parte das
autoridades estatais que coloque em risco, de maneira grave e iminente, os direitos dos
jurisdicionados”34.

Assim, a tese de repercussão geral aprovada foi:

“É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na


promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos
prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar
aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o
art. 5º, XLIX, da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o argumento da
reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes.”35

Chega-se à conclusão de que o Poder Judiciário possui legitimidade para determinar ao


Poder Público a adoção de medidas que garantam aos detentos submetidos ao sistema

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penitenciário nacional os direitos fundamentais. Sendo comprovado a falta de condições


mínimas de habitabilidade e salubridade nos estabelecimentos prisionais e a omissão do
poder público, é dever do judiciário interferir e garantir direitos indisponíveis. Conclusão
diversa levaria ao enfraquecimento da obrigatoriedade dos direitos fundamentais
prestacionais, que possuem fundamental importância no ordenamento jurídico brasileiro.

4. Considerações finais

A realidade do sistema prisional brasileiro é que os direitos fundamentais dos encarcerados


não são respeitados de maneira adequada e não se oferece condições dignas para o
cumprimento de pena. A omissão do Poder Público diante da manifesta violação de direitos
fundamentais demanda a atuação judicial frente a assuntos que são tipicamente
reservados ao Poder Executivo.

Em que pese a Administração Pública tenha discricionariedade administrativa para pautar


sua atuação, esta deve respeitar os limites razoáveis estabelecidos pelo ordenamento
jurídico. Em situações em que a ordem constitucional e os direitos fundamentais estão
ameaçados, é papel do Poder Judiciário intervir para que se garanta o mínimo existencial
aos privados de liberdade, sem que isso configure uma ameaça aos princípios da harmonia
e separação dos poderes.

Ademais, a reserva do possível não pode ser utilizada com o intuito de obstar a
implementação de políticas públicas, principalmente quando se trata de direitos que
compõem o mínimo existencial. Além da necessidade da prova cabal de insuficiência de
recursos, o referido princípio só pode ser aplicado quando o mínimo vital tenha sido
satisfeito e o Estado comprove que não tem sido omisso no cumprimento de suas
obrigações constitucionais.

Desta feita, foi possível verificar que o controle judicial de políticas públicas no âmbito do
sistema carcerário brasileiro é cabível, uma vez que, quando não são fornecidas condições
mínimas de dignidade e salubridade e não se verifica pelo sistema de justiça criminal
qualquer esforço na melhoria das condições atuais, privar o Poder Judiciário de sua função
de controle seria uma afronta ao Estado Democrático de Direito e ao princípio
constitucional da inafastabilidade da jurisdição.

Assim, é lícito que o Poder Judiciário imponha obrigações de fazer à Administração Pública,
sobretudo medidas emergenciais nos estabelecimentos prisionais do país. O intuito é
garantir a preservação da dignidade da pessoa humana e o respeito a integridade dos
presos, sendo que tal medida não configura afronta aos princípios da harmonia e separação
dos poderes.

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11 .BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional


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13 .BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos


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14 .CASARI, Camila Maria Rosa. Estado de Coisas Inconstitucional no Sistema Carcerário


Brasileiro: Ativismo Judicial Estrutural Dialógico como forma de Superação de Falhas nas
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apresentada ao Programa de Mestrado em Ciência Jurídica – Área de Concentração:
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Relator: Ministro Gilmar Mendes. STF, 11.05.2016.

17 .BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 580.252/MS. Reclamante


Anderson Nunes da Silva e reclamado Estado do Mato Grosso do Sul. Relator: Ministro
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18 .BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 143.641/SP. Impetrante:


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Brasileiro: Ativismo Judicial Estrutural Dialógico como forma de Superação de Falhas nas
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22 .GRINOVER, Ada Pellegrini. O controle das políticas públicas pelo Poder Judiciário.
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23 .SANTIN, Valter Foleto. Controle judicial da segurança pública: eficiência na prevenção


e repressão ao crime. 2. ed. São Paulo: Verbatim, 2013. p. 138.

24 .COSTA, Daniela Carvalho Almeida da; SANTOS, Ercolis Filipe Alves. Políticas públicas e
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28 .CASARI, Camila Maria Rosa. Estado de Coisas Inconstitucional no Sistema Carcerário


Brasileiro: Ativismo Judicial Estrutural Dialógico como forma de Superação de Falhas nas
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30 .ALMEIDA, Marcelo Pereira de. Notas sobre o controle jurisdicional de políticas públicas.
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31 .NUNES JUNIOR, VIDAL SERRANO. A cidadania social na Constituição de 1988:


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32 .STF, RE 592.581/RS, cit., p. 37.

33 .STF, RE 592.581/RS, cit., p. 58.

34 .STF, RE 592.581/RS, cit.. p. 62.

35 .STF, RE 592.581/RS, Op. cit.

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