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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura em Ciencia Política e Relações internacionais

SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DE MATRIZ MOÇAMBICANA


DISCIPLINA: TEORIAS DO ESTADO E DO PODER

Nome do Estudante:
Código do estudante:

Xai-Xai, Maio de 2023


Universidade Aberta ISCED
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Curso de Licenciatura em Ciencia Política e Relações Internacionais

SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DE MATRIZ MOÇAMBICANA

Nome do Estudante:
Código do estudante:

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação de
Curso de Licenciatura em
Ciencia Política e Relações
Internacionais da UnISCED.

Tutor: Arcenio Cuco

Xai-Xai, Maio de 2023


Índice

Introdução.............................................................................................................................................1
Obectivos...............................................................................................................................................1
Objectivo Geral......................................................................................................................................1
Objectivos Especificos...........................................................................................................................1
Metodoligia usada.................................................................................................................................1
Origem dos sistemas.............................................................................................................................2
Classificação dos sistemas ou constituição............................................................................................2
Quanto ao conteúdo.............................................................................................................................2
Quanto à forma.....................................................................................................................................3
Quanto ao modo de elaboração............................................................................................................3
Quanto à origem....................................................................................................................................3
Quanto à extensão................................................................................................................................4
Quanto à estabilidade...........................................................................................................................4
O modo de actuação na actualidade.....................................................................................................5
Desempenho e o Alcance......................................................................................................................5
Âmbito Jurisdicional..............................................................................................................................5
Âmbito administrativo...........................................................................................................................6
Conclusão..............................................................................................................................................7
Bibliografia............................................................................................................................................8
Introdução
O Constitucionalismo de Moçambique deve ser entendido pela análise da sua evolução
histórico-política.
A atual Constituição da República de Moçambique de 2004 aprofunda o programa político-
constitucional da República, correspondendo à sua plenitude, sendo notórios como traços
fundamentais do Constitucionalismo Moçambicano, observando o texto constitucional
vigente, os princípios fundamentais de um Estado de Direito, republicano, unitário e
autárquico, democrático e social.
A jurisdição constitucional, nasce com o fim do absolutismo e o triunfo do
constitucionalismo, com a consequente preocupação de limitação e democratização do poder
político e tutela dos direitos fundamentais dos cidadãos, isto é, protecção da dignidade da
pessoa humana.
Segundo J. Rwals, “a justiça é a virtude das instituições sociais, tal como a verdade o é para
os sistemas de pensamento”. Uma teoria, por mais elegante ou parcimoniosa que seja, deve
ser rejeitada ou alterada se não for verdadeira, da mesma forma, as leis e as instituições, não
obstante a serem eficazes e bem concebidas, devem ser reformadas ou abolidas se foram
injustas.
Estas palavras do eminente pensador americano caracterizam bem a justiça constitucional,
enquanto expressão máxima da garantia da observância das regras e princípios
constitucionais pelas leis e demais actos normativos do poder público, em suma como
garantia do respeito da ordem de valores condensada na Lei Fundamental do Estado.
Obectivos
Objectivo Geral:
 Compreender os sistemas constitucionais de matriz Moçambicana.
Objectivos Especificos:
 Definir o conceito de sistemas constitucionais;
 Caracterizar os sistemas constitucionais de matriz Moçambicana;
 Relacionar os sistemas constitucionais de matriz Moçambicana na actualidade.

Metodoligia usada
Para a elaboração deste trabalho recorreu-se aos seguintes métodos: revisão bibliográfica,
artigos publicados na internet que debruçam de forma objectiva sobre o tema, análise de
resultados e a sistematização das informações.

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Origem dos sistemas
A origem do Direito Constitucional remonta às revoluções liberais do século XVIII
(americana em 1776 e francesa em 1789). Dessas revoluções, resultaram as constituições
escritas (americana em 1787 e francesa em 1791) como forma de limitação de poder.
No dia 26 de setembro de 1791, a Assembleia Constituinte da França determinou que as
universidades francesas começassem a ministrar a disciplina de Direito Constitucional. A
primeira cadeira de Direito Constitucional é reconhecida na Itália, em 1797, com o
constitucionalista Pellegrino Rossi.
A primeira Constituição data de 1822. Foi aprovada em Cortes na sequência da Revolução
de 1820 e jurada pelo rei D. João VI. Apesar do seu curto tempo de vigência, esta
Constituição foi marcante pelo seu espírito liberal: consagrava determinados direitos dos
cidadãos e o princípio da separação dos poderes; instituía um Parlamento unicameral, eleito
de dois em dois anos; sobretudo, constituía uma manifestação de soberania da nação perante
o rei - é da nação que emana a autoridade real e a nação, através do seu órgão legislativo que
são as Cortes, pode mesmo impor ao rei as leis do Estado e as opções de governo.

Classificação dos sistemas ou constituição


As constituicao e classificada sob vários enfoques, nomeadamente:
Quanto a:
 Conteúdo (materiais, formais e mista);
 forma (escrita e não escrita);
 modo de elaboração (dogmáticas, históricas);
 origem (democráticas, outorgadas, cesarista e pactuada) ;
 estabilidade (imutáveis, rígidas, flexíveis, semi-rígidas e super rígida);
 extensão (sintéticas e analíticas) e outras.

Quanto ao conteúdo
 Material: materialmente, identifica-se como as normas que regulam a estrutura do
Estado, a sua organização e os direitos fundamentais. Só os temas atinentes a esse
escopo são constitucionais.
Desta forma, as regras que fossem materialmente constitucionais, codificadas ou não
em um mesmo documento, seriam essencialmente constitucionais. Tudo o mais que
constar da Constituição e que a isso não se refira não será matéria constitucional.
Aquilo que não atinasse materialmente com tema constitucional poderia ser
reformado pela legislatura ordinária.

 Formal: formalmente, constituição é o modo de ser do Estado, estabelecido em


documento escrito. Não se há de pesquisar qual o conteúdo da matéria. Tudo o que
estiver na constituição é matéria constitucional. Essa distinção hoje perde o sentido,

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carreando toda a doutrina no sentido de considerar materialmente constitucional tudo
o que formalmente nela se contiver. Isso porquanto com o alargamento das
responsabilidades, funções e atuação do Estado, as constituições passaram a tratar de
vários outros assuntos que ortodoxamente não seriam objeto dela.

 Mista: essa classificação ainda é polêmica, não sendo adotada por alguns
doutrinadores. É a Teoria do Bloco da Constitucionalidade, através da qual não é
constitucional apenas o que está na constituicao, mas toda e qualquer regra de
natureza constitucional. Portanto, para alguns, nosso sistema é o misto.

Quanto à forma
 Escrita: é constituição consistente num código, num documento único sistematizado.
É o sistema usual no continente europeu e, consequentemente, em toda a América
Latina.

 Costumeira\não escrita\consuetudinária: é a constituição consistente em normas


esparsas, não aglutinadas em um texto solene, centrada nos usos e costumes, na
prática política e judicial. Seu grande exemplo é a constituição inglesa que não tem
um documento escrito, um código. Ao contrário o seu direito constitucional decorre
da identificação dos chamados direitos imemoriais do povo inglês. O sistema
parlamentarista, que é o grande modelo para todo o mundo civilizado, não está
estruturado em qualquer norma escrita.
Quanto ao modo de elaboração
 Dogmáticas: são as constituições escritas, elaboradas por um órgão especialmente
designado para esse fim, normalmente designado Assembleia .Adota expressamente a
ideia de direito prevalente num momento dado.

 Históricas: são as constituições consuetudinárias, fruto de uma lenta e contínua


síntese da história e da tradição de um povo.

Quanto à origem
 Democráticas\populares\promulgadas: são as constituições elaboradas por um
órgão constituinte previamente escolhido pelo povo para o fim de elaborar a
constituição.
 Outorgadas: são impostas unilateralmente por quem detenha, no momento da
imposição, o poder político, a força suficiente para tanto, sem participação popular.
na verdade, foi imposta, utilizando-se o detentor da força de interpostos órgãos, no
caso o Congresso submetido, essa constituição é, rigorosamente, do tipo outorgada,
ditatorial.
 Cesarista: são outorgadas mas dependem de ratificação popular através do
referendo.
 Pactuada: decorre de um acordo entre dois grupos sociais, havendo mais de um
titular do poder constituinte.
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Quanto à extensão
 Sintéticas: preveem somente princípios e normas gerais, organizando e limitando o
poder do Estado apenas com diretrizes gerais, mínimas, firmando princípios, não
detalhes. É concisa, breve, sucinta.

 Analíticas: abrangem todos assuntos que entende relevantes. São amplas, extensas,
prolixas, detalhas, como a nossa Constituição.

Quanto à estabilidade
 Imutáveis: Constituições nas quais é vedada qualquer alteração. Essa imutabilidade
pode ser relativa, como nos casos em que há uma limitação temporal em que não
podem ocorrer mudanças.

 Rígidas: dá-se quando a própria constituição estabelece um processo mais oneroso e


solene, diferente da legislação ordinária, para a sua reforma. Toda constituição tem
pretensão de permanência, porquanto documento fundamental do sistema jurídico de
um Estado, não pode estar sujeita a mutações ao sabor das dificuldades passageiras.
Essa permanência, entretanto, não quer dizer imutabilidade. Os próprios conceitos da
ciência política estão sujeitos a um processo evolutivo. Tome-se o conceito
democracia.
Hoje, não se tem a mesma ideia a respeito daquela dos constituintes franceses de 1781, nem
da revolução de 1789. Ali a revolução foi promovida pela burguesia, contra o clero e a
nobreza. O só reconhecimento da qualidade de cidadãos realizava o então ideal democrático
de igualdade e liberdade. A ideia evoluiu, de modo que hoje não se concebe a liberdade
política, sem o atendimento de necessidades básicas e muito menos a igualdade formal tão-
somente. Cumpre ao Estado intervir na atividade econômica de sorte a fazer prevalecer a
 Flexíveis: são as constituições que não exigem, para sua atualização ou modificação,
processo distinto daquele referente à elaboração das leis. Podem ser alteradas por
procedimento legislativo ordinário, razão pela qual também são chamadas de
plásticas.

 Semi-rígida ou semi-flexível: algumas regras previstas na Constituição podem ser


alteradas por procedimento legislativo ordinário ao passo que outras exigem o
procedimento especial, que é mais dificultoso.

 Super-rígida: alguns pontos são imutáveis (núcleo intangível, petrificado, clausulas


pétreas) ao passo que outros depende de um procedimento legislativo especial.

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O modo de actuação na actualidade
A Constituição é um termo jurídico, talvez o mais importante dos conceitos do direito, e
significa, do ponto de vista jurídico, a norma superior a todas as outras e que regula o modo
como todas as leis serão feitas, assim como todas decisões judiciais e atos administrativos,
enfim regula a condução de todo o Direito.
Num contexto actual, a Constituição como conhecemos hoje foi uma conquista da Revolução
Francesa, que pretendia eliminar as desigualdades, características do antigo regime.“ela
surgiu como uma ferramenta que auxilia na organização do Estado e da sociedade, criando
um ambiente onde não existam pessoas inferiores nem superiores, mas sim no mesmo nível,
merecendo tratamentos iguais perante a lei, além do direito de participação na vida social”.
Por ser também uma ferramenta de regulamentação da vida em sociedade, a Constituição, por
vezes, é considerada extensa e com disposições que dificilmente são seguidas. “Mas essa é
uma característica tanto dela como do Direito de uma forma geral, não porque espelha a
realidade Mocambicana, mas porque visa proporcionar o respaldo para um projeto de
aprimoramento da vida justa para todos. É extremamente necessário tamanha abrangência,
afinal, a garantia da igualdade é uma premissa a ser seguida à risca.
Dessa forma, a efetivação da constituição passa por um processo vagaroso e paciente, que
deve ser construído por ações de cidadania de todos os membros da sociedade e justamente
por envolver tantas pessoas, é preciso que cada um encontre seu tempo para trabalhar na
diminuição das desigualdades.

Desempenho e o Alcance
A Constituição da República estabelece no seu artigo 167, o tipo de tribunais com existência
legal na República de Moçambique e afasta expressamente a constituição de tribunais
destinados ao julgamento de certas categorias de crimes.
Como se pode observar naquele comando, os tribunais foram escalonados atendendo à sua
especialização. O Tribunal Supremo e outros tribunais judiciais aparecem como um tipo
especifico. A referência do nº 1 do art. 168 "Tribunal Supremo e demais tribunais
estabelecidos na lei" abriu caminho para a criação de outros tribunais judiciais por via da lei
ordinária. E de facto, a Lei da Organização Judiciária ao escalonar os tribunais judiciais no
seu nº 1 do artigo 19, caminhando naquele mesmo sentido permite de forma expressa a
criação de tribunais judiciais de competência especializada (nº 2 do artº 19).
Âmbito Jurisdicional
Como órgãos de soberania que são, os Tribunais visam assegurar as atribuições que o Estado
se propõe, sejam, garantir e reforçar a legalidade como instrumento da estabilidade jurídica,
garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos, assegurar os
interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com existência legal, da Constituição).
Para prosseguir aqueles objectivos com isenção e imparcialidade o legislador constituinte
estabeleceu regrasou princípios essenciais ao exercício da magistratura, que vão desde a
irresponsabilidade do juiz no exercício de funções até à sua inamovibilidade. Fundamental e
de base são as normas contidas (proibição de constituição de tribunais especiais a

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prevalência das decisões judiciais sobre as de outras autoridades) e a regra contida no que
funciona como um limite do exercício da magistratura e como plena garantia da liberdade de
interpretação e da aplicação do Direito pelos magistrados.
Dos pressupostos referidos decorre que os tribunais são independentes quer em relação aos
demais poderes ou órgãos do Estado quer na relação entre sí.
Âmbito administrativo
Estes tribunais hierarquizam-se para efeitos de recurso das suas decisões e de organização do
aparelho judicial o que deixa a descoberto a existência de uma hierarquia não apenas na área
jurisdicional, mas também no âmbito organizativo.
De facto, esta hierarquia organizativa, digamos, administrativa, segue a Lei da Organização
Judiciária. A hierarquia administrativa manifesta-se de forma mais ampla .O Tribunal
Supremo e os tribunais judiciais de província podem emitir instruções e directivas de carácter
organizativo e metodológico, de cumprimento obrigatório para os tribunais de escalão
inferior, a fim de assegurar a sua operacionalidade e a eficiência na administração da justiça.

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Conclusão
A jurisdição constitucional em Moçambique é relativamente nova. Ela surge com a
Constituição de 1990, com a consagração do Estado de Direito Democrático.
A intervenção da jurisdição constitucional ainda é bastante reduzida na tutela dos direitos
fundamentais. O Conselho Constitucional, órgão de soberania especializado na administração
da justiça constitucional, funciona mais como um Tribunal Superior eleitoral de recurso, pois
seu protagonismo faz-se sentir durante os anos eleitorais.
Com vista a sua melhor configuração jurídica, em sede da próxima revisão constitucional, o
Conselho Constitucional deveria ser formalmente transformado em Tribunal Constitucional,
conferindo-lhe expressamente os poderes e estatuto condizente.
 As principais fragilidades da jurisdição constitucional na tutela dos direitos
fundamentais resultam dos seguintes factores: A inexistência da fiscalização da
inconstitucionalidade por omissão legislativa;
 A inexistência do recurso extraordinário de inconstitucionalidade, ou da reclamação
constitucional ou ainda queixa Constitucional;
 O Conselho Constitucional só fiscaliza e declara a inconstitucionalidade de actos
normativos dos órgãos de Estado, deixando de fora os actos não normativos, e os
actos normativos de entidades privadas, ainda que violem os direitos fundamentais,
embora estes sejam de aplicação imediata e vinculem a todas entidades públicas e
privadas.
A falta de uma extensão formal expressa ou por analogia do regime dos direitos, liberdades e
garantias individuais aos direitos económicos, sociais e culturais.

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Bibliografia
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content/uploads/pdfs/co/public_44.pdf

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https://www.stj.pt/wp-content/uploads/:
https://www.stj.pt/wp-content/uploads/2018/01/mocambique_organizacaojudiciaria.pdf

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