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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 2
REVISÃO ............................................................................................................................................... 4
CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS SOCIOLÓGICO, POLÍTICO E JURÍDICO; CONCEITO,
OBJETOS E ELEMENTOS................................................................................................................. 4
PODER CONSTITUINTE .................................................................................................................... 8
Conceito e Fundamentos do Poder Constituinte ......................................................................... 8
Poder Constituinte Originário e Derivado ..................................................................................... 9
Reforma e Revisão constitucionais ............................................................................................. 11
Limitação ao Poder de Revisão ................................................................................................... 12
Emendas à Constituição ............................................................................................................... 13
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................................................. 14
Conceito e Sistemas de Controle de Constitucionalidade ....................................................... 14
Inconstitucionalidade: por ação e por omissão.......................................................................... 15
Sistema Brasileiro de Controle de Constitucionalidade ........................................................... 15
JURISPRUDÊNCIA (CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE) ........................................... 24
REFERÊNCIA ..................................................................................................................................... 39

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INTRODUÇÃO

Caro(a) Aluno(a),

A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e


inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma preparação
direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de cobrança no seu certame,
pode representar a diferença entre aprovação e reprovação.

É fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada matéria, com vistas à


antecipação dos temas com maiores chances de cobrança em sua prova. Pensando
nisso, elaboramos um material que vai ajudá-lo a revisar temas importantes que
poderão ser cobrados em sua prova.

Nos moldes do Item 10.1 do Edital de 2018, a Prova Discursiva do Concurso


Público para Provimento de vagas nos Cargos de Delegado de Polícia Federal será
composta de duas partes: a) três questões dissertativas; b) elaboração de uma peça
profissional.

Conforme dispõe o item 10.1, a prova discursiva, de caráter eliminatório e


classificatório, abordará os objetos de avaliação de: Direito Administrativo; Direito
Constitucional; Direito Penal; e Direito Processual Penal.

Conforme disposto item 10.1, para cada questão dissertativa será


disponibilizado o total máximo de 30 linhas; e para a Peça Profissional será
disponibilizado o total máximo de 90 linhas.

Vale ressaltar, por oportuno, que, para a correção da prova discursiva, a Banca
levará em consideração os seguintes critérios avaliativos (item 10.9.3 do Edital): o
conteúdo; o conhecimento do tema; a capacidade de expressão na modalidade
escrita; e o uso das normas do registro formal culto da Língua Portuguesa.

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Com base na prova para Delegado da Polícia Federal aplicada em 2013,
percebe-se que alguns assuntos da disciplina de Direito Constitucional tiveram alta
incidência, como: Constituição - sentidos sociológico, político e jurídico; conceito,
objetos e elementos (8 %), presente no item 2.1 do edital de 2018; Poder Constituinte:
fundamentos do poder constituinte; poder constituinte originário e derivado; reforma e
revisão constitucionais; limitação do poder de revisão; emendas à Constituição (8 %),
presente no item 3.0 do edital de 2018; Controle de constitucionalidade (8%), presente
no item 4.0 do edital de 2018.

Portanto, tendo em vista a relevância dos temas mencionados, é importante o


aluno revisá-los. Bons Estudos!!!

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REVISÃO

CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS SOCIOLÓGICO, POLÍTICO E JURÍDICO;


CONCEITO, OBJETOS E ELEMENTOS

A Constituição pode ser definida, nas palavras de Marcelo Novelino, como “o


conjunto sistematizado de normas originárias e estruturantes do Estado cujo objeto
nuclear são os direitos fundamentais, a estruturação do Estado e a organização dos
poderes”.

Para o mesmo autor, o conteúdo das constituições é variável no tempo e no


espaço e, com o decorrer do tempo, houve uma ampliação do conteúdo das
constituições, o que acarretou a distinção entre constituição em sentido material e
constituição em sentido formal. Isso porque, muitas vezes, algumas matérias
veiculadas por determinadas constituições não ostentam natureza de Direito
Constitucional, malgrado estejam inseridas no texto constitucional. Nesse sentido, a
Constituição brasileira trata de normas referentes à tributação, ao orçamento, à ordem
social e econômica, além das normas constitucionais clássicas (direitos e garantias
fundamentais, estruturação do Estado e organização dos poderes).

Existem várias perspectivas que podem ser utilizadas para definir uma
Constituição. Isso acontece porque o Direito Constitucional não se desenvolve isolado
de outras ciências, como defendiam os precursores do positivismo jurídico. Por
exemplo, o sentido sociológico foi desenvolvido por Ferdinand Lassale. Uma
expressão bastante difundida que resume sua concepção teórica é “a Constituição é
a soma dos fatores reais de poder de uma sociedade”. De acordo com esse
pensamento, a Constituição é entendida como um fato social. Assim, a Constituição
seria resultado da realidade social do país. Desse modo, caberia à Constituição escrita
sistematizar tais valores num documento formal.

Para tanto, o autor faz uma distinção entre constituição jurídica e constituição
real. Ambas convivem paralelamente num determinado ordenamento jurídico. A
constituição jurídica seria aquela escrita, também denominada de “folha de papel”. Já
a constituição real, corresponde a soma dos fatores reais do poder. Segundo principal

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precursor dessa visão, Lassale, a constituição escrita, para ser legitimamente eficaz,
precisa corresponder à constituição real, já que em caso de conflito esta última sempre
vai prevalecer.

Por outro lado, temos a concepção política desenvolvida por Carl Schmitt, em
que a Constituição é considerada uma decisão política fundamental, qual seja, a
decisão política do titular do poder constituinte. Para Schmitt, a validade de uma
Constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe
dá existência. O poder constituinte equivale, assim, à vontade política, cuja força ou
autoridade é capaz de adotar a concreta decisão de conjunto sobre modo e forma da
própria existência política, determinando assim a existência da unidade política como
um todo. Nesse sentido, as normas presentes no texto constitucional que não derivam
da decisão política fundamental não são “constituição”, mas, tão somente, “leis
constitucionais”1.

Temos, ainda, um conceito de constituição puramente jurídico, desenvolvido


pelo jurista Hans Kelsen. Para a visão jurídica, a Constituição é compreendida numa
perspectiva estritamente formal. Assim, ela é concebida como a norma fundamental
de um Estado, ou seja, um paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico e
instituidora da estrutura mais importante do Estado. Por ser um conjunto de normas
supremas, a Carta Magna deve apoiar-se apenas na vontade política instituidora.
Assim, a Constituição é considerada como norma pura, como puro dever-ser, sem
qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. Hans Kelsen
acreditava que o direito existia por si só, sem nenhuma interferência de outras áreas
do conhecimento. Porém, estudos e teorias como a desenvolvida por Miguel Reale –
teoria da tridimensionalidade do direito -, evidencia o equívoco dessa teoria.

1PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 15. ed. rev. e
atual. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2016.

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Sentido sociológico: a constituição é a soma dos fatores reais de poder
que regem uma nação.
Sentido político: a constituição é uma decisão política fundamental.
Sentido jurídico: a constituição é a norma fundamental hipotética.

Ademais, é sabido que na Constituição existem matérias das mais variadas


naturezas. Portanto, para facilitar a compreensão do conteúdo constitucional, existem
algumas classificações que objetivam agrupar de forma didática as diversas matérias
presentes no texto constitucional. Vamos apresentar na sequência uma classificação
proposta por José Afonso da Silva, que agrupa os elementos da Constituição Federal
de 1988 em 5 categorias:

Os elementos orgânicos são aquelas normas que regulam a estrutura do


Estado e a organização dos poderes.

Os elementos limitativos, como o próprio nome já sugere, são aquelas


normas que limitam a atuação estatal, e podem ser exemplificados, principalmente
pelas normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, os quais representam
uma verdadeira limitação à atuação e a ingerência estatal.

Os elementos socioideólogicos são aquelas normas que revelam a ideologia


do modelo de constituição adotado. Podemos apresentar como exemplo os direitos
sociais, cuja presença na constituição revela que o Estado brasileiro adotou um
modelo de estado de bem-estar social, que tenta equalizar e minimizar as
desigualdades existentes na sociedade.

Os elementos de estabilização constitucional se referem as normas que


buscam resolver os conflitos. Podemos citar como exemplo as normas que disciplinam
a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.

Os elementos formais de aplicabilidade são aqueles que disciplinam regras


de aplicação da Constituição, como o Preâmbulo e o ADCT.

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Por fim, a Constituição Federal é composta de um preâmbulo, uma parte
dogmática, integrada por nove títulos, e um rol de dispositivos de cunho transitório,
reunidos no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).

O Supremo Tribunal Federal enfrentou a temática acerca da natureza jurídica


do preâmbulo. Decidiu-se que o preâmbulo não possui valor normativo, isto é, não se
situa no campo do direito, mas no campo da política. Sendo assim, o preâmbulo não
pode servir como parâmetro em sede de controle de constitucionalidade. Ademais, o
preâmbulo não constitui norma de observância obrigatória por parte dos Estados-
membros e dos municípios. Por outro lado, se reconhece que o preâmbulo tem a
função de auxiliar na interpretação do ordenamento jurídico.

Por fim, a parte dogmática da Constituição é formada pela parte permanente e


pela parte transitória (ADCT). Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino lembram, ainda,
que, por e tratar de uma Constituição prolixa, a nossa Carta Magna trata de diversas
matérias, que nada tem a ver com a organização do Estado e os direitos e garantias
individuais.

DPF - CESPE| 2013: No que se refere à CF e ao poder


constituinte originário, julgue o item subsequente.
V
No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores
reais do poder em uma sociedade.

PODER CONSTITUINTE

Conceito e Fundamentos do Poder Constituinte

Caro aluno, continuaremos com um assunto que também compõe essa parte
mais inicial e propedêutica do direito constitucional. Você, como futuro Delegado de
Polícia Federal precisa, mais uma vez, dominar esse conteúdo. Trata-se do estudo do
poder constituinte.

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Primeiro vamos ao conceito. Poder Constituinte é o poder responsável por criar
garantir, eliminar ou modificar uma Constituição. Quando sua atuação resulta na
criação de nova constituição, estaremos diante da manifestação do chamado poder
constituinte originário. Quando sua manifestação resulta na alteração de uma
constituição, estaremos diante do poder constituinte derivado. Veja o esquema geral
proposto por Pedro Lenza2:

Histórico
Originário
Revolucionário
Difuso
Poder
Constituinte
Supranacional Reformador

Derivado Decorrente

Revisor

A titularidade do poder constituinte pertence ao povo. Não podemos confundir


titularidade com exercício. O titular, de fato, é o povo. Mas o exercício se dá por meio
de seus representantes eleitos.

Estudaremos mais detalhadamente o poder constituinte originário e derivado.


Ademais, você precisa saber que o poder constituinte difuso é o poder de fato que
atua na etapa da mutação constitucional, meio informal de alteração da Constituição.
Cabe a ele, portanto, alterar o conteúdo, o alcance e o sentido das normas
constitucionais, mas de modo informal, sem qualquer modificação na literalidade do
texto da Constituição. Já o poder constituinte supranacional (transnacional ou global)

2LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 19. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2017.
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é o poder de fato encarregado de fazer e reformular as Constituições transnacionais,
supranacionais ou globais3.

Poder Constituinte Originário e Derivado

O poder constituinte originário (também denominado inicial, inaugural,


genuíno ou de 1º grau) é aquele que inaugura uma nova ordem jurídica, rompendo
por completo com a precedente. Logo, o objetivo fundamental do poder constituinte é
criar um novo Estado.

Pode ser chamado de histórico quando criar um Estado pela primeira vez.
Assim, quando um estado for criado pela primeira vez, teremos a manifestação do
poder constituinte originário histórico.

Quando este Estado já criado for sucedido por outro, teremos a manifestação
do poder constituinte originário revolucionário.

Destaca-se, dentre as características do Poder Constituinte Originário, as


seguintes: é um poder autônomo, inicial, ilimitado juridicamente, incondicionado,
poder de fato e poder político e permanente. Existe, ainda, uma corrente jusnaturalista
que defende que o poder constituinte originário não é totalmente autônomo, pois não
poderia desrespeitar as normas de direito natural.

O poder constituinte derivado, também denominado instituído, constituído,


secundário, de segundo grau, remanescente. É assim chamado porque ele é criado
pelo poder constituinte originário.

O poder constituinte derivado pode, ainda, ser classificado em reformador,


decorrente e revisor. O poder reformador é aquele utilizado para modificar a
constituição por meio de emendas à constituição. O poder constituinte derivado revisor
é aquele atribuído aos estados-membros para criação de suas respectivas

3PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 15. ed. rev. e
atual. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2016.
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constituições. Por fim, utiliza-se a expressão “poder constituinte derivado de revisão”
para designar as revisões impostas ao texto constitucional após 5 anos de sua
promulgação – artigo 3, ADCT.

➢ É importante ressaltar que o exercício do poder constituinte derivado


decorrente, por parte dos estados-membros não pode se distanciar de determinadas
normas previstas no texto da Constituição Federal. Isso porque o estado membro
possui autonomia, mas não soberania, motivo pelo qual o exercício desse poder deve
acontecer nos exatos termos tal como delineado pelo poder constituinte originário, por
meio da Constituição Federal. Assim, as constituições estaduais devem guardar
simetria com o modelo federal e com determinadas matérias.

A Constituição Federal de 1988 não enumera expressamente as normas de


observância obrigatória. Coube a doutrina e a jurisprudência o papel de delinear quais
normas são de observância obrigatória por parte dos Estados-membros. A doutrina
classifica as normas de observância obrigatória em princípios constitucionais
sensíveis, princípios constitucionais extensíveis e princípios constitucionais
estabelecidos.

Por fim, você deve ficar atento ao fato de que, apesar de a Federação brasileira
ser formada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, existe divergência na
doutrina quanto à possibilidade ou não da manifestação do poder constituinte derivado
decorrente fora dos estados-membros.

Com relação ao Distrito Federal, tendo em conta sua natureza híbrida, tem
prevalecido o entendimento no sentido de que a Lei Orgânica Distrital tem a natureza
de Constituição, podendo, inclusive, servir de parâmetro para controle de
constitucionalidade concentrado perante o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios. Logo, trata-se de típico exercício do poder constituinte decorrente
segundo o entender prevalecente da doutrina.

Por outro lado, com relação aos Municípios, tem-se adotado entendimento
diverso. Como a Lei Orgânica do Município retira seu fundamento de validade na
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Constituição Estadual do respectivo estado, diferentemente da constituição distrital,
que retira seu fundamento diretamente na Constituição da República, entende-se que,
no caso dos municípios, não se trata de exercício de poder decorrente.

Por fim, quanto aos territórios federais, por se tratarem de meras autarquias
territoriais da União, é consenso que estes também não exercem o poder constituinte
derivado decorrente.

Reforma e Revisão constitucionais

A reforma se difere da revisão constitucional. A reforma constitucional é


exercício do Poder Constituinte Derivado Reformador (também chamada de via
ordinária e permanente de modificação da constituição), enquanto que a revisão é
exercício do Poder Constituinte Derivado Revisor (via extraordinária e transitória).

O poder constituinte derivado de reforma encontra algumas limitações


tradicionalmente classificadas pela doutrina como limitações circunstanciais,
limitações formais, limitações temporais e limitações materiais.

Na nossa Constituição Federal de 1988 não encontramos exemplo de limitação


temporal. Com efeito, tão logo foi promulgada, a constituição já poderia ser objeto de
Emenda à Constituição.

As limitações circunstanciais são aquelas que impedem a modificação do texto


constitucional uma vez verificada a ocorrência de determinadas circunstancias
previstas expressamente na Constituição. São as seguintes circunstancias que
impedem que a Constituição seja emendada: estado de sítio, estado de defesa e
intervenção federal.

As limitações formais dizem respeito às normas de procedimento legislativo que


devem ser observadas quando se intentar emendar a Constituição. Por isso são
também chamadas de limitações processuais. Assim, deve-se observar o rol de
legitimados para se deflagrar o procedimento de emenda à Constituição; deve-se
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observar um quórum específico para aprovação da Emenda; deve-se observar regras
específicas quanto à promulgação da Emenda, entre outras regras do processo
legislativo de Emenda à Constituição.

Por fim, as limitações materiais são aquelas que impedem que determinadas
matérias sejam objeto de Emenda à Constituição (são as chamadas cláusulas
pétreas). A doutrina e a jurisprudência pátrias têm reconhecido a existência de
limitações materiais expressas e explícitas. As expressas são aquelas definidas
expressamente no texto constitucional. Já as implícitas são aquelas que, mormente
não definidas expressamente no texto constitucional, estão implicitamente fora do
alcance do poder de reforma, sob pena de ruptura da ordem constitucional. São
consideradas limitações matérias implícitas: a titularidade do poder constituinte
originário, a titularidade do poder constituinte derivado e o próprio processo de
modificação da Constituição.

Nesse contexto, também é importante ficar atento a um conceito de extrema


relevância: mutação constitucional. Trata-se de um processo não formal de
alteração da Constituição. É considerado não formal porque não se promove alteração
no texto escrito da Constituição, mas tão somente a alteração do sentido, da
interpretação da norma com a finalidade adequar o seu conteúdo com as mudanças
da sociedade.

Um exemplo típico de mutação constitucional ocorreu com o julgamento da ADI


4.277, na qual o Supremo Tribunal Federal enfrentou a temática do casamento
homossexual, entendendo ser constitucional a união entre pessoas do mesmo sexo.

Limitação ao Poder de Revisão

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O texto constitucional de 1988 foi submetido à revisão depois de 5 anos de sua
promulgação por expressa determinação do Poder Constituinte Originário 4.

Assim, podemos facilmente concluir que essa revisão tinha um limite temporal
de 5 anos. Ademais, com relação às limitações formais, é indiscutível que o Poder
Constituinte Originário fixou um procedimento menos solene para aprovação da
revisão constitucional, de modo que a revisão constitucional ficou condicionada ao
voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral.

Por fim, o poder de revisão também devia obediência às limitações matérias e


constitucionais já estudadas no tópico acima.

Emendas à Constituição

As Emendas à Constituição são fruto do trabalho do poder constituinte derivado


reformador e possuem um procedimento mais rígido para sua aprovação,
diferentemente da Revisão Constitucional. Esse procedimento mais rígido acontece
porque se objetiva preservar a estabilidade do texto constitucional. O procedimento
para aprovação de uma Emenda à Constituição está prevista no art. 60. da
Constituição Federal e compreende as fases a seguir relacionadas.

Em primeiro lugar, o procedimento legislativo deve ser deflagrado por


um dos legitimados previstos no art. 60, incisos I a III do texto constitucional. A
Constituição pode ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo, dos
membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da
República; de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

A proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do


Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Ademais, a Emenda à

4ADCT, Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral.
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Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem. A matéria constante de proposta de
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
mesma sessão legislativa. Trata-se do denominado princípio da irrepetibilidade.

Obs.: Não existe sanção ou veto presidencial.

Entre os limites impostos ao poder de reforma da emenda constitucional,


encontram-se os limites materiais, as cláusulas pétreas, já estudadas acima. A
doutrina defende que uma emenda a constituição não poderia criar uma nova
categoria de cláusula pétrea, pois é vedado ao poder reformador criar novos limites a
ele próprio.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Conceito e Sistemas de Controle de Constitucionalidade

Prezado aluno, a doutrina conceitua o Controle de Constitucionalidade como a


verificação de compatibilidade entre a lei e a Constituição Federal, analisando seus
requisitos formais e materiais. É por meio desse procedimento de verificação de
compatibilidade vertical que se declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade
de uma lei.

Segundo a teoria da nulidade, adotada no Brasil por influência do direito norte-


americano, a declaração de inconstitucionalidade de uma lei afeta o plano de validade
e opera efeitos ex tunc, ou seja, produz efeito retroativo, alcançando a norma desde
o seu nascimento. Assim, uma lei inconstitucional já nasceu morta e nunca produziu
efeitos. Tal teoria, atualmente, tem sido relativizada pela possibilidade de modulação
dos efeitos da decisão, pois ao declarar a inconstitucionalidade de lei, o STF pode
modular os efeitos dessa declaração, estabelecendo o período a partir do qual a
decisão terá eficácia. A modulação dos efeitos da decisão, ou seja, prospecção dos
efeitos, tem como principal finalidade resguardar a segurança jurídica e o interesse
público, evitando maiores danos sociais com a retroatividade da declaração de
inconstitucionalidade.

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Tudo isso somente é possível quando existe uma Constituição rígida e escrita,
além de instrumentos de fiscalização das leis por meio de órgãos específicos.

Assim, é correto afirmar que o sistema de controle de constitucionalidade é o


conjunto de órgãos com competência determinada pelo Poder Constituinte para
efetuar o controle de constitucionalidade das leis. No Brasil existem três sistemas de
controle de constitucionalidade: controle político, controle jurisdicional ou judicial e o
controle misto. O controle político é efetuado especificamente por órgãos políticos.
Enquanto que o controle judicial ou jurisdicional é realizado pelos órgãos que
compõem o Poder Judiciário. Ressalta-se que esse sistema nasceu nos Estados
Unidos e foi adotado no Brasil, pois é do Poder Judiciário a competência para declarar
a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei. E, o controle misto que
distribui a competência para fiscalizar as normas entre o Poder Judiciário e órgãos
políticos.

Inconstitucionalidade: por ação e por omissão

A inconstitucionalidade por ação decorre de uma conduta positiva de órgãos


estatais que viola expressamente a Constituição Federal. A inconstitucionalidade por
ação pode ser subdividida em formal e material. Há inconstitucionalidade material
quando a norma infraconstitucional é incompatível com o conteúdo da Constituição
Federal, podendo ser convalidada quando se excluir a parte que contraria a
Constituição. Enquanto que a inconstitucionalidade formal ocorre quando as normas
infraconstitucionais não seguem o procedimento de criação exigido pela Constituição
federal. Nesse caso não se admite a convalidação uma vez que o processo legislativo
deve ser seguido integralmente.

A inconstitucionalidade por omissão verifica-se quando há omissão do


legislador diante de uma norma constitucional que necessita de regulamentação para
produção de todos os seus efeitos. A título de exemplo pode-se citar as normas de
eficácia limitada.

Sistema Brasileiro de Controle de Constitucionalidade

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O Controle de Constitucionalidade no sistema brasileiro pode ser classificado
quanto a sua finalidade em concreto ou abstrato. O controle concreto se efetiva
quando a constitucionalidade de uma norma é aferida no decorrer de um processo
judicial, tendo como objeto um caso concreto. Nesse contexto, o controle é realizado
utilizando-se a via incidental. Enquanto que, no controle abstrato, a verificação da
compatibilidade entre a lei a Constituição é realizada a partir de uma lei em abstrato.
Nesse caso, a via utilizada é a via principal.

Ainda, pode-se classificar o controle de constitucionalidade de acordo com a


competência dos órgãos para fiscalizar a compatibilidade das leis. O controle difuso,
também denominado de aberto, que atribui a competência para exercer o controle a
todos os órgãos do Poder Judiciário. Esse controle surgiu nos Estados Unidos, com o
caso “Marbury versus Madison” no qual foi permitido ao Judiciário afastar a aplicação
de uma lei, quando diante de casos concretos considerasse a lei inconstitucional. No
Brasil a primeira Constituição a permitir o controle difuso foi a Constituição
Republicana de 1891. O efeito produzido pela declaração de inconstitucionalidade da
lei no controle difuso alcança apenas as partes e o processo em que houver a
declaração de inconstitucionalidade.

É importante enfatizar que a inconstitucionalidade de qualquer ato normativo


estatal só poderá ser declarada pelo voto da maioria absoluta da totalidade dos
membros do tribunal, ou se houver, do órgão especial, sob pena nulidade absoluta
quando emanada por órgão fracionário como: turma, câmara ou seção. Essa restrição
denomina-se cláusula de reserva de plenário e se aplica a todos os tribunais, no
controle difuso, e para o STF, no controle concentrado. 5

No entanto, o STF entende que essa cláusula de reserva pode ser dispensada
se estiverem presentes dois requisitos: 1) existência anterior de pronunciamento da
inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo pelo Plenário do STF; 2) existência,
no âmbito do tribunal a quo, e em relação àquele mesmo ato do Poder Público, de
uma decisão plenária que haja apreciado a controvérsia constitucional, ainda que

5 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional- 28.ed.- São Paulo: Atlas, 2012.p. 747.
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desse pronunciamento não tenha resultado o formal reconhecimento da
inconstitucionalidade da regra estatal questionada.6 Ademais, também não se aplica
a cláusula de reserva de plenário quando se utiliza a técnica de Interpretação
Conforme a Constituição.

Em relação ao controle concentrado (ou reservado), a competência para


exercer o controle de constitucionalidade é atribuída a um único órgão jurisdicional,
ou a um número reduzido de órgãos. O controle adotado pelo Brasil foi o controle
misto que atribui competência para o Poder Judiciário realizar o controle no modo
concentrado exercido pelos STF e Tribunais de Justiça dos Estados, como também
de modo difuso, que é o controle exercido pelos juízes.

Nesse aspecto, a Constituição Federal prevê no sistema de controle de


constitucionalidade judicial a possibilidade de se exercer o controle concentrado de
diversas formas: a) Ação direta de inconstitucionalidade genérica, b) Ação direta de
inconstitucionalidade interventiva, c) Ação direta de inconstitucionalidade por
omissão, d) Ação declaratória de inconstitucionalidade, e) Arguição de
descumprimento de preceito fundamental.

A ação direta de inconstitucionalidade (ADI): A Constituição Federal no art.


102, I, alínea “a”, da CF/88, estabelece que compete ao STF processar e julgar a ADI,
de lei ou ato normativo federal ou estadual editados posteriormente à promulgação da
Constituição Federal de 1988. Todavia, vale destacar que as normas municipais não
serão objeto de ADI, mas poderão ser submetidas ao controle de constitucionalidade
por intermédio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, conforme
estudaremos a seguir.

Assim, conforme já mencionado, apenas poderão ser objeto de ADI os atos e


as normas federais e estaduais que foram editadas após a CF/88 e que possuam

6 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional- 28.ed.- São Paulo: Atlas, 2012.p. 748.
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como característica a normatividade. Isso significa dizer que o ato deve ser genérico
e abstrato.

Ainda nesse contexto, vale destacar, prezado aluno, que via de regra, os atos
de efeitos concretos não podem ser objeto de ADI, entretanto, o entendimento atual
do STF é no sentido de que os atos de efeitos concretos aprovados sob a forma de
lei em sentido estrito, elaborada pelo Poder Legislativo e aprovado pelo chefe do
Poder Executivo podem ser objeto de ADI, a exemplo das leis orçamentarias.

Mas afinal, quais os atos normativos podem ser objeto de ADI? Poderão ser
objetos: a) espécies normativas do art. 59, CF/88; b) tratados internacionais; c)
decretos autônomos; d) Constituições e leis estaduais; e) Regimentos Internos dos
Tribunais e das Casas Legislativas.

Também é importante destacar que os tratados de direitos humanos serão


parâmetros de controle de constitucionalidade quando forem incorporados ao
ordenamento jurídico conforme o art. 5º, § 3º, da Constituição Federal, pois serão
equiparados a emenda constitucional e integrarão o bloco de constitucionalidade.

Outrossim, são legitimados universais (não precisam demonstrar pertinência


temática: 1) Presidente da República; 2) Procurador-Geral da República; 3) Mesa do
Senado Federal e da Câmara dos Deputados; 4) Conselho Federal da OAB; 5) Partido
político com representação no Congresso Nacional. E os legitimados especiais são
(precisam demonstrar pertinência temática): a) Governador de Estado e do DF; b)
Mesa de Assembleia Legislativa e da Câmara Legislativa do DF; c) Confederação
sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Cumpre ressaltar que, segundo o art. 103, §3º, da CF/88 o Advogado Geral da
União tem competência para defender a norma impugnada em sede de ADI, todavia,
O STF tem entendido que o AGU não é obrigado a defender a constitucionalidade da
norma impugnada quando já houver manifestação anterior pela inconstitucionalidade
da norma ou quando a norma for contrária aos interesses da União (ADI 1.616/PE,
ADI 2.101/MS, ADO 3.121/SP E ADI 3.415/AM).
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Em relação ao Procurador Geral da República seu papel é de fiscal da
Constituição, devendo apresentar parecer a respeito da procedência ou
improcedência da ação, no entanto, o STF não se vincula a tal parecer.

É importante tratarmos um pouco sobre a Intervenção de Terceiros e o Amicus


Curiae na Ação Direta de Inconstitucionalidade, pois sabe-se que não é possível a
intervenção de terceiros nesse tipo de ação (Artigo 7 da Lei 9.868/99). Todavia, em
relação ao amicus curiae que significa “amigos da corte” é possível a participação de
alguns órgãos, como também parlamentares e políticos, que tenham interesse na
causa, quando sua participação for de grande importância para fomentar o debate
constitucional e democratizar as decisões judiciais, conforme dispõe o art. 7º, § 2º, da
Lei nº 9.868/997.

Também é de suma importância enfatizar os efeitos da concessão de medida


cautelar que apresentam em regra o efeito ex nunc, embora, de modo excepcional, se
admita o efeito ex tunc.

Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva: Essa ação tem como


objetivo proteger os princípios constitucionais sensíveis, previstos no art. 34, VII, da
Constituição Federal e compreendem: a) forma republicana, sistema representativo e
regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d)
prestação de contas da Administração Pública direta e indireta; e) aplicação do
mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de receitas de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações de serviços públicos de saúde.

Para a doutrina, a ADI Interventiva possui dupla finalidade. A primeira é


jurídica, já que busca a declaração de inconstitucionalidade formal e material de lei

7“O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por
despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros
órgãos ou entidades”.
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ou ato normativo estadual; a segunda é a política, quando busca a decretação de
intervenção federal nos Estados membros ou no Distrito Federal.

Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão (ADO): Essa ação tem o


objetivo de tornar plenamente efetiva a norma constitucional que depende de
regulamentação infraconstitucional. Assim, sempre que houver uma norma de eficácia
limitada dependendo de regulamentação e expressa omissão do Poder Público,
pondo em risco a força normativa da Constituição, será cabível a ADO para sanar
essa lesividade.

A omissão legislativa ou administrativa questionada por meio de ADO pode ser


total ou parcial. Ocorrerá a omissão total quando o legislador não produzir nenhum
ato necessário para sanar a omissão constitucional. Já a omissão parcial será quando
existir norma que atenda parcialmente a omissão constitucional. Nesse sentido, vale
ressaltar, prezado concurseiro, que segundo entendimento do STF, extraído da ADI
3.682/MT, a mora na fase de deliberação das Casas Legislativas pode configurar
omissão legislativa, passível de ADO.

No que tange à participação do Advogado-Geral da União e do Procurador


Geral da República, vale ressaltar que o procedimento é um pouco diferente das
demais ações. Entende-se que na ADO o Advogado-Geral da União não é obrigado a
se manifestar, tendo em vista que não existe ato normativo dependendo de defesa.

Em relação ao Procurador-Geral da República a sua participação deve ser


obrigatória, em observância ao que dispõe o art. 103, §1º, da CF/88, “O Procurador-
Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade
e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal”.

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Recentemente decidiu o Plenário do STF, em sede da ADI 2.030/SC, que
será cabível ADI contra lei ou ato normativo que violou tratado ou
convenção internacional que trate de direitos humanos e que tenha
sido aprovado segundo a regra do parágrafo 3 do artigo 5 da CF, uma
vez que neste caso o tratado será incorporado ao ordenamento jurídico com
status de Emenda Constitucional. Info 872.

A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC): Tem como finalidade


afastar a insegurança jurídica ou a incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo
federal.8 É certo que as leis e atos normativos possuem presunção de
constitucionalidade, no entanto, essa presunção é relativa e pode ser afastada pelos
órgãos do Poder Judiciário. Assim, a decisão proferida pelo STF em sede de ADC
vinculará os demais órgãos do Poder Judiciário e também o Poder Executivo. Os
efeitos produzidos pelas decisões definitivas do STF serão vinculantes e possuirão
eficácia erga omnes.

Ademais, sabe-se que a EC nº 45/2004 ampliou o rol de legitimados a propor


Ação Declaratória de Constitucionalidade perante o STF. Com isso, atualmente, os
legitimados ativos a propor ADC são exatamente os mesmos da ADI. O AGU não atua
nos processos de ADC, haja vista a presunção de constitucionalidade das normas.
Entretanto, a presença do Procurador-Geral da República (PGR) será obrigatória
quando o STF for apreciar o processo de ADC.

Caro concurseiro, o STF já decidiu que a ADC não é o meio adequado para
dirimir qualquer tipo dúvida que envolva discussão quanto a constitucionalidade de lei
ou ato normativo federal, mas deve ser utilizada para corrigir uma situação envolvendo
incerteza constitucional, capaz de gerar conflitos sociais e insegurança jurídica. (STF,
Pleno, ADC 1-1/DF, 05.11.1993).

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF): Essa ação


é cabível quando houver lesão a preceitos fundamentais decorrente de ato do Poder

8 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional- 28.ed.- São Paulo: Atlas, 2012.p. 811
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Público e quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei
ou ato normativo federal, estadual ou municipal. Também será cabível diante de: i)
direito municipal em relação à Constituição Federal; ii) direito pré-constitucional; iii)
direito pós-constitucional já revogado ou de efeitos exauridos9.

Mas, o que é preceito fundamental? Segundo entendimento do STF se


enquadra dentro do conceito de preceito fundamental: a) Os princípios constitucionais
sensíveis, previstos no art. 34, VII, da Constituição Federal; b) as cláusulas pétreas;
c) direitos e garantias individuais; d) Direito à vida; e) Direito ao meio ambiente.

Os legitimados ativos da ADPF são os mesmos da ADI e da ADC.

Nesse aspecto é importante destacar que uma das principais características da


ADPF é o caráter subsidiário (residual), pois não será admitida ADPF quando existir
outros meios capazes de sanar a lesividade. Isso significa que a ADPF é regida pelo
princípio da subsidiariedade.

Em relação aos efeitos da decisão da ADPF, dispõe a Lei nº 9.882/99 que a


decisão terá eficácia erga omnes (contra todos), efeitos vinculantes e ex tunc.

Em homenagem ao princípio da fungibilidade, a ADI e a ADPF podem


ser substituídas uma pela outra. Assim, o STF entende que é possível conhecer
a ADI como ADPF quando coexistirem todos os requisitos de admissibilidade
desta.

9 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional- 28.ed.- São Paulo: Atlas, 2012.p. 820.
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Recentemente o STF reiterou seu posicionamento de que é cabível
ADPF contra decisões judiciais, por ser considerado um ato típico do Poder
Público (ADPF 405 Mc/RJ)

Controle Abstrato de Constitucionalidade do Direito Estadual e Municipal:


Sabe-se que a Constituição Federal prevê no art. 125, § 2º, que cabe aos Estados a
instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual. Assim, é possível inferir
desse dispositivo que o controle abstrato de constitucionalidade estadual tem como
objeto apenas as leis estaduais e municipais, sendo o Tribunal de Justiça o órgão
competente para o julgamento dessa ação.

Com isso, verifica-se que somente o Tribunal de Justiça local será o órgão
competente para, exercendo competência originária, julgar o controle de
constitucionalidade abstrato estadual.

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JURISPRUDÊNCIA (CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE)

Não cabe ADI contra decreto regulamentar de lei estadual Direito


Constitucional Controle de constitucionalidade Objeto da ADI

Origem: STF

Ementa Oficial
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado
para o controle de decreto regulamentar de lei estadual. Poderia caber ADI se fosse
um decreto autônomo. Mas sendo um decreto que apenas regulamenta a lei, não cabe
a ADI. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2018 (Info 905).

Cabimento de ADI contra Resolução do TSE Direito Constitucional Controle de


constitucionalidade Objeto da ADI
Origem: STF

É cabível ADI contra Resolução do TSE que tenha, em seu conteúdo material,
“norma de decisão” de caráter abstrato, geral e autônomo, apta a ser apreciada pelo
STF em sede de controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 5122,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900).

O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões


proferidas em sede de controle concentrado de constitucionalidade Direito
Constitucional Controle de constitucionalidade Legitimidade
Origem: STF

Ementa Oficial
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE E ILEGITIMIDADE RECURSAL. 1.
Intempestividade dos embargos de declaração, interpostos posteriormente ao trânsito
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em julgado do acórdão embargado. 2. Os Estados-Membros não se incluem no rol
dos legitimados a agir como sujeitos processuais em sede de controle concentrado de
constitucionalidade. Não se admite, no modelo de processo objetivo, a intervenção de
terceiros subjetivamente interessados no feito. 3. Agravo a que se nega provimento.

(ADI 4420 ED-AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado
em 05/04/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-103 DIVULG 25-05-2018 PUBLIC
28-05-2018)

Alteração da Lei impugnada antes do julgamento da ADI


Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Aspectos
procedimentais da ADI

Origem: STF

Ementa Oficial
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – NORMA ATACADA –
ALTERAÇÃO – PREJUÍZO. A superveniente modificação da norma impugnada, sem
aditamento à inicial, implica o prejuízo do controle concentrado de constitucionalidade.
PLANOS DE SAÚDE – REGÊNCIA – OBSERVÂNCIA. Os planos de saúde
submetem-se aos ditantes constitucionais, à legislação da época em que contratados
e às clausulas deles constantes – considerações.
(ADI 1931, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
07/02/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-113 DIVULG 07-06-2018 PUBLIC 08-06-
2018)

O STF não admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes


Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Outros temas
Origem: STF

Ementa Oficial
RECLAMAÇÃO. APOSENTADORIA ESPONTÂNEA. ACUMULAÇÃO DE
PROVENTOS DE APOSENTADORIA COM VENCIMENTOS. ADI 1.770. AUSÊNCIA
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DE PERTINÊNCIA TEMÁTICA ESTRITA. TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. I - É improcedente a reclamação que trate de situação que não
guarda relação de estrita pertinência com o parâmetro de controle. II - A jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de ser incabível reclamação
fundada na teoria da transcendência dos motivos determinantes de acórdão com
efeito vinculante. III - O acórdão prolatado na ADI 1.770 não decidiu sobre a
possibilidade de empresa pública despedir, ou não, empregado público após sua
aposentadoria, nem, caso despedisse, se a consequência seria reintegrar o
empregado, ou garantir-lhe as verbas rescisórias. IV - Reclamação julgada
improcedente.
(Rcl 8168, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON
FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 19/11/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-037
DIVULG 26-02-2016 PUBLIC 29-02-2016)

Ementa: RECLAMAÇÃO. APLICAÇÃO DE ÍNDICE DE CORREÇÃO DE DÉBITOS


TRABALHISTAS. TR. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE MATERIAL ENTRE OS
FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO
NAS ADIS 4.357/DF E 4.425/DF. NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO. ATUAÇÃO
DO TST DENTRO DO LIMITE CONSTITUCIONAL QUE LHE É ATRIBUÍDO.
RECLAMAÇÃO IMPROCEDENTE. I – A decisão reclamada afastou a aplicação da
TR como índice de correção monetária nos débitos trabalhistas, determinando a
utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de deliberação desta
Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.357/DF e
4.425/DF, não possuindo, portanto, a aderência estrita com os arestos tidos por
desrespeitados. II - Apesar da ausência de identidade material entre os fundamentos
do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta de
inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora impugnado está em
consonância com a ratio decidendi da orientação jurisprudencial desta Suprema
Corte. III – Reclamação improcedente.
(Rcl 22012, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 05/12/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2018 PUBLIC 27-02-2018)

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Se a maioria dos Ministros votou pela procedência da ADI, mas não se obteve
maioria absoluta dos votos, a lei não deverá ser declarada inconstitucional
Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Aspectos
procedimentais da ADI

Origem: STF

Ementa Oficial
EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º, CAPUT E
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.055/1995. EXTRAÇÃO, INDUSTRIALIZAÇÃO,
UTILIZAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE DO ASBESTO/AMIANTO E
DOS PRODUTOS QUE O CONTENHAM. AMIANTO CRISOTILA. LESIVIDADE À
SAÚDE HUMANA. ALEGADA INEXISTÊNCIA DE NÍVEIS SEGUROS DE
EXPOSIÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS
PROCURADORES DO TRABALHO – ANPT. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS
MAGISTRADOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO – ANAMATRA. ART. 103, IX, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REPRESENTATIVIDADE NACIONAL.
PERTINÊNCIA TEMÁTICA. MÉRITO. AMIANTO. VARIEDADE CRISOTILA
(ASBESTO BRANCO). FIBRA MINERAL. CONSENSO MÉDICO ATUAL NO
SENTIDO DE QUE A EXPOSIÇÃO AO AMIANTO TEM, COMO EFEITO DIRETO, A
CONTRAÇÃO DE DIVERSAS E GRAVES MORBIDADES. RELAÇÃO DE
CAUSALIDADE. RECONHECIMENTO OFICIAL. PORTARIA Nº 1.339/1999 DO
MINISTÉRIO DA SAÚDE. POSIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE –
OMS. RISCO CARCINOGÊNICO DO ASBESTO CRISOTILA. INEXISTÊNCIA DE
NÍVEIS SEGUROS DE EXPOSIÇÃO. LIMITES DA COGNIÇÃO JURISDICIONAL.
QUESTÃO JURÍDICO-NORMATIVA E QUESTÕES DE FATO. ANÁLISE DA
JURISPRUDÊNCIA. ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995. FONTE POSITIVA DA
AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO ECONÔMICA DO ASBESTO CRISOTILA. LEI
Nº 9.976/2000. LEGISLAÇÃO FEDERAL ESPECÍFICA E POSTERIOR. INDÚSTRIA
DE CLORO. USO RESIDUAL. TRANSIÇÃO TECNOLÓGICA. SITUAÇÃO
ESPECÍFICA NÃO ALCANÇADA PELA PRESENTE IMPUGNAÇÃO. TOLERÂNCIA
AO USO DO AMIANTO CRISOTILA NO ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995.
EQUACIONAMENTO. LIVRE INICIATIVA. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
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VALOR SOCIAL DO TRABALHO. DIREITO À SAÚDE. DIREITO AO MEIO
AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO. DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO, PROGRESSO SOCIAL E BEM-ESTAR COLETIVO. LIMITES DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS. COMPATIBILIZAÇÃO. ARTS. 1º, IV, 170, CAPUT, 196
E 225, CAPUT E § 1º, V, DA CF. AUDIÊNCIA PÚBLICA (ADI 3.937/SP) E AMICI
CURIAE. CONTRIBUIÇÕES AO DEBATE. JURISPRUDÊNCIA DO ÓRGÃO DE
APELAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO COMÉRCIO – OMC.
PROIBIÇÃO À IMPORTAÇÃO DE ASBESTO. MEDIDA JUSTIFICADA. ART. XX DO
ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS E COMÉRCIO – GATT. PROTEÇÃO DA VIDA
E DA SAÚDE HUMANA. CONVENÇÕES NºS 139 E 162 DA OIT. CONVENÇÃO DE
BASILEIA SOBRE O CONTROLE DE MOVIMENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS DE
RESÍDUOS PERIGOSOS E SEU DEPÓSITO. REGIMES PROTETIVOS DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS. SUPRALEGALIDADE. COMPROMISSOS
INTERNACIONAIS. INOBSERVÂNCIA. ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995. PROTEÇÃO
INSUFICIENTE. ARTS. 6º, 7º, XXII, 196 E 225 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
QUÓRUM CONSTITUÍDO POR NOVE MINISTROS, CONSIDERADOS OS
IMPEDIMENTOS. CINCO VOTOS PELA PROCEDÊNCIA E QUATRO VOTOS PELA
IMPROCEDÊNCIA. ART. 97 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 23 DA LEI
Nº 9.868/1999. NÃO ATINGIDO O QUÓRUM PARA PRONÚNCIA DA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA LEI Nº 9.055/1995. 1. Evidenciada a
representatividade nacional das entidades de classe autoras, nos moldes do art. 103,
IX, da Constituição da República e do art. 2º, IX, da Lei nº 9.868/1999. Atendido o
requisito da pertinência temática, presente a correlação entre a norma impugnada e
as finalidades institucionais das associações autoras. Discussão envolvendo matéria
ínsita ao campo de atuação institucional tanto da magistratura do trabalho quanto dos
membros do Ministério Público do Trabalho, a saber, a alegada existência de
consenso médico-científico no tocante ao efeito prejudicial da exploração do amianto
crisotila para a saúde dos trabalhadores da indústria e da mineração, questão de
saúde, higiene e segurança do trabalho. Precedente: ADI 5458 (Relator Ministro Luiz
Fux, Tribunal Pleno, DJe 02.8.2017). Preliminar de ilegitimidade ativa ad causam
rejeitada. 2. O consenso médico atual identifica, para além de qualquer dúvida
razoável, a contração de diversas doenças graves como efeito direto da exposição ao

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amianto. A Portaria nº 1.339/1999 do Ministério da Saúde imprime reconhecimento
oficial à relação de causalidade entre a exposição ao asbesto ou amianto, inclusive
da variedade crisotila, e as seguintes doenças: neoplasia maligna do estômago,
neoplasia maligna da laringe, neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão,
mesotelioma da pleura, mesotelioma do peritônio, mesotelioma do pericárdio, placas
epicárdicas ou pericárdicas, asbestose, derrame pleural e placas pleurais. 3. Posição
oficial da Organização Mundial da Saúde – OMS no sentido de que: (a) todos os tipos
de amianto causam câncer no ser humano, não tendo sido identificado limite algum
para o risco carcinogênico do crisotila; (b) o aumento do risco de desenvolvimento de
câncer tem sido observado mesmo em populações submetidas a níveis muito baixos
de exposição; (c) o meio mais eficiente de eliminar as doenças relacionadas ao
mineral é eliminar o uso de todos os tipos de asbesto. 4. Risco significativo de
exposição presente não apenas na cadeia produtiva do amianto, mas também para
familiares que vivem com trabalhadores desse setor, para a população nas
proximidades de minas e indústrias de amianto, para a população consumidora de
produtos finais contendo amianto na composição e para pessoas expostas a rejeitos
ou descartes de materiais contendo amianto. Quadro justificador da adoção de
instrumentos normativos, nos planos doméstico e internacional, voltados ao controle
e eliminação progressiva do uso do amianto. 5. Limites da cognição jurisdicional.
Residem fora da alçada do Supremo Tribunal Federal os juízos de natureza técnico-
científica sobre questões de fato, acessíveis pela investigação técnica e científica,
como a nocividade ou o nível de nocividade da exposição ao amianto crisotila e a
viabilidade da sua exploração econômica segura. A tarefa da Corte – de caráter
normativo – há de se fazer inescapavelmente embasada nas conclusões da
comunidade científica – de natureza descritiva. Questão jurídica a decidir: se, em face
do que afirma o consenso médico e científico atual, a exploração do amianto crisotila,
na forma como autorizada pela Lei nº 9.055/1995, é compatível com a escolha política,
efetuada pelo Poder Constituinte, de assegurar, a todos os brasileiros, os direitos à
saúde e à fruição de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Precedente:
ADPF 101 (Relatora Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe 24.6.2009). 6.
Análise da jurisprudência: ADI 2.396/MS, Relatora Ministra Ellen Gracie, Tribunal
Pleno, DJ 01.8.2003; ADI 2.656/SP, Relator Ministro Maurício Corrêa, Tribunal Pleno,

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DJ 01.8.2003; ADI 3.937-MC/SP, Relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJ
10.10.2008. Art. 2º da Lei nº 9.055/1995 como fonte positiva da autorização para a
extração, a industrialização, a comercialização e a utilização do asbesto/amianto da
variedade crisotila (asbesto branco). 7. O uso residual e transitório do amianto crisotila
na indústria química para a obtenção de cloro pelo processo de eletrólise com
diafragma de amianto é disciplinado em legislação específica e posterior à Lei nº
9.055/1995 ( Lei nº 9.976/2000), não objeto da presente impugnação. 8. Legitimidade
constitucional da tolerância ao uso do amianto crisotila, como estampada no preceito
impugnado, equacionada à luz da livre iniciativa, da dignidade da pessoa humana, do
valor social do trabalho, do direito à saúde e do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Desenvolvimento econômico, progresso social e bem-
estar coletivo. A Constituição autoriza a imposição de limites aos direitos fundamentais
quando necessários à conformação com outros direitos fundamentais igualmente
protegidos. O direito fundamental à liberdade de iniciativa (arts. 1º, IV, e 170, caput,
da CF) há de ser compatibilizado com a proteção da saúde e a preservação do meio
ambiente. Precedente: AC 1.657, Tribunal Pleno, Relator Ministro Cezar Peluso, DJe
30.8.2007. Dever estatal de agir positivamente quanto à regulação da utilização, na
indústria, de matérias-primas comprovadamente nocivas à saúde humana. A cláusula
constitucional da proteção à saúde constrange e ampara o legislador – Federal,
Estadual, Distrital e Municipal – ao excluir previamente certos arranjos normativos,
com ela incompatíveis, do leque de escolhas políticas possíveis, ao mesmo tempo em
que cria uma esfera de legitimação para intervenções político-normativas que,
democraticamente legitimadas, traduzem inferências autorizadas pelo preceito
constitucional. 9. O art. 225, § 1º, V, da CF (a) legitima medidas de controle da
produção, da comercialização e do emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportam risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, sempre que
necessárias, adequadas e suficientes para assegurar a efetividade do direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; (b) deslegitima, por
insuficientes, medidas incapazes de aliviar satisfatoriamente o risco gerado para a
vida, para a qualidade de vida e para o meio ambiente; e (c) ampara eventual vedação,
banimento ou proibição dirigida a técnicas, métodos e substâncias, quando nenhuma
outra medida de controle se mostrar efetiva. 10. Contribuições ao debate trazidas em

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audiência pública (ADI 3.937/SP) e por amici curiae. Estado da arte da pesquisa
médico-científica. Dados e subsídios técnicos a referendar, no seu conjunto, a
conclusão de que, no estágio atual, o conhecimento científico acumulado permite
afirmar, para além da dúvida razoável, a nocividade do amianto crisotila à saúde
humana e ao meio ambiente. Consenso técnico e científico hoje estabelecido, no
tocante às premissas fáticas de que (i) todos os tipos de amianto provocam câncer,
não tendo sido identificado nenhum limite para o risco carcinogênico do crisotila, e (ii)
a sua substituição, para os usos regulados pela Lei nº 9.055/1995, se mostra
absolutamente viável sob o aspecto econômico. 11. Convenção nº 139 da OIT, sobre
a Prevenção e o Controle de Riscos Profissionais causados pelas Substâncias ou
Agentes Cancerígenos. Convenção nº 162 da OIT, sobre o uso do asbesto. Resolução
da OIT sobre o Asbesto (2006). Convenção de Basileia sobre o Controle de
Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito. Status de
supralegalidade dos regimes protetivos de direitos fundamentais. Inobservância das
obrigações, assumidas no plano internacional, de (i) promover a redução dos níveis
de exposição de forma consistente e progressiva, (ii) substituir, sempre que possível,
o uso do amianto crisotila por materiais menos perigosos e (iii) reduzir a geração de
resíduos perigosos ao mínimo possível. 12. A jurisprudência do Órgão de Apelação
da Organização Internacional do Comércio – OMC é no sentido de que a proibição à
importação de asbesto e de produtos que o contenham, em legislação doméstica, é
consistente com acordos celebrados no âmbito da OMC, não configura discriminação
arbitrária nem injustificada, tampouco restrição disfarçada ao comércio internacional,
e tem amparo no Artigo XX do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT, que
autoriza medidas restritivas ao comércio que sejam necessárias para proteger a vida
ou a saúde humana, no Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e
Fitossanitárias e no Acordo Sobre Barreiras Técnicas ao Comércio. 13. À luz do
conhecimento científico acumulado sobre a extensão dos efeitos nocivos do amianto
para a saúde e o meio ambiente e à evidência da ineficácia das medidas de controle
nela contempladas, a tolerância ao uso do amianto crisotila, tal como positivada no
art. 2º da Lei nº 9.055/1995, não protege adequada e suficientemente os direitos
fundamentais à saúde e ao meio ambiente equilibrado (arts. 6º, 7º, XXII, 196, e 225
da CF), tampouco se alinha aos compromissos internacionais de caráter supralegal

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assumidos pelo Brasil e que moldaram o conteúdo desses direitos, especialmente as
Convenções nºs 139 e 162 da OIT e a Convenção de Basileia. Juízo de procedência
da ação no voto da Relatora. 14. Quórum de julgamento constituído por nove
Ministros, considerados os impedimentos. Cinco votos pela procedência da ação
direta, a fim de declarar a inconstitucionalidade, por proteção deficiente, da tolerância
ao uso do amianto crisotila, da forma como encartada no art. 2º da Lei nº 9.055/1995,
em face dos arts. 7º, XXII, 196 e 225 da Constituição da República. Quatro votos pela
improcedência. Não atingido o quórum de seis votos (art. 23 da Lei nº 9.868/1999),
maioria absoluta (art. 97 da Constituição da República), para proclamação da
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do dispositivo impugnado, a destituir de
eficácia vinculante o julgado. 15. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida e, no
mérito, não atingido o quórum exigido pelo art. 97 da Constituição da República para
a pronúncia da inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 9.055/1995.
(ADI 4066, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043 DIVULG 06-03-2018 PUBLIC 07-03-2018)

Cabimento de ADPF contra conjunto de decisões judiciais que determinaram a


expropriação de recursos do Estado-membro
Direito Constitucional Controle de constitucionalidade ADPF

Origem: STF

Ementa Oficial
EMENTA MEDIDA CAUTELAR EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL. DECISÕES JUDICIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
DA 1ª REGIÃO. BLOQUEIO, ARRESTO, PENHORA, SEQUESTRO E LIBERAÇÃO
DE VALORES EM CONTAS DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO. PAGAMENTO DE SALÁRIOS E BENEFÍCIOS DE SERVIDORES ATIVOS
E INATIVOS. SATISFAÇÃO DE CRÉDITOS DE PRESTADORES DE SERVIÇOS.
DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES POLÍTICAS NA APLICAÇÃO DE RECURSOS
PÚBLICOS. ATO DO PODER PÚBLICO. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL CABÍVEL. ARTS. 1º, CAPUT, E 4º, § 1º, DA LEI Nº

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9.882/1999. ALTERAÇÃO DA DESTINAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DE RECURSOS
PÚBLICOS. TRANSPOSIÇÃO DE RECURSOS ENTRE DIFERENTES ÓRGÃOS OU
CATEGORIAS DE PROGRAMAÇÃO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA.
VEDAÇÃO. ARTS. 2º, 84, II, e 167, VI e X, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
FUMUS BONI JURIS E PERICULUM IN MORA DEMONSTRADOS. MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA EM PARTE. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DAS DECISÕES
IMPUGNADAS EXCLUSIVAMENTE NOS CASOS EM QUE AS MEDIDAS
CONSTRITIVAS TENHAM RECAÍDO SOBRE RECURSOS DE TERCEIROS,
ESCRITURADOS CONTABILMENTE, INDIVIDUALIZADOS OU COM VINCULAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA ESPECÍFICA. 1. As reiteradas decisões do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro e do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região que
resultaram em bloqueio, arresto, penhora, sequestro e liberação de valores
administrados pelo Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro para atender
demandas relativas a pagamento de salário de servidores ativos e inativos, satisfação
imediata de créditos de prestadores de serviços e tutelas provisórias definidoras de
prioridades na aplicação de recursos públicos traduzem, em seu conjunto, ato do
Poder público passível de controle pela via da arguição de descumprimento de
preceito fundamental, cabível nos moldes dos arts. 1º, caput, e 4º, § 1º, da Lei
9.882/1999. 2. A efetividade do modelo de organização da Administração Pública
preconizado pela Constituição Federal supõe a observância dos princípios e regras
do sistema orçamentário (arts. 167, VI e X, da CF), do regime de repartição de receitas
tributárias (arts. 34, V, 158, III e IV, e 159, §§ 3º e 4º, e 160, da CF) e da garantia de
paramentos devidos pela Fazenda Pública em ordem cronológica de apresentação de
precatórios (art. 100, da CF). Expropriações de numerário existente nas contas do
Estado do Rio de Janeiro, para saldar os valores fixados nas decisões judiciais, que
alcancem recursos de terceiros, escriturados contabilmente, individualizados ou com
vinculação orçamentária específica implicam alteração da destinação orçamentária de
recursos públicos e remanejamento de recursos entre categorias de programação
sem prévia autorização legislativa, o que não se concilia com o art. 167, VI e X, da
Constituição da República. A aparente usurpação de competências constitucionais
reservadas ao Poder Executivo – exercer a direção da Administração – e ao Poder
Legislativo – autorizar a transposição, remanejamento ou transferência de recursos

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de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro – sugere
lesão aos arts. 2º, 84, II, e 167, VI e X, da Carta Política. Precedente: ADPF 387/PI,
Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 23.3.2017. Fumus
boni juris evidenciado. 3. Satisfeito o requisito do periculum in mora ante o elevado
risco de comprometimento do patrimônio e das receitas correntes do Estado do Rio
de Janeiro. 4. Deferimento apenas parcial para suspender os efeitos das decisões
judiciais impugnadas exclusivamente nos casos em que as medidas constritivas nelas
determinadas tenham recaído sobre recursos escriturados, com vinculação
orçamentária específica ou vinculados a convênios e operações de crédito, valores de
terceiros sob a administração do Poder Executivo e valores constitucionalmente
destinados aos Municípios, em afronta aos arts. 2º, 84, II, e 167, VI e X, da
Constituição da República. 5. Medida cautelar deferida em parte.
(ADPF 405 MC, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em
14/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-020 DIVULG 02-02-2018 PUBLIC 05-
02-2018)

Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos


Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Outros temas
Origem: STF

Ementa Oficial
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de
vagas para negros em concursos públicos. Constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014.
Procedência do pedido. 1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a
pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento
de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal
direta e indireta, por três fundamentos. 1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação
promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o
princípio da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e
institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material
entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da
promoção do reconhecimento da população afrodescendente. 1.2. Em segundo lugar,

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não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas
para negros não os isenta da aprovação no concurso público. Como qualquer outro
candidato, o beneficiário da política deve alcançar a nota necessária para que seja
considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o cargo em questão. Além
disso, a incorporação do fator “raça” como critério de seleção, ao invés de afetar o
princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma
“burocracia representativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de
toda a população sejam considerados na tomada de decisões estatais. 1.3. Em
terceiro lugar, a medida observa o princípio da proporcionalidade em sua tríplice
dimensão. A existência de uma política de cotas para o acesso de negros à educação
superior não torna a reserva de vagas nos quadros da administração pública
desnecessária ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque: (i) nem todos os
cargos e empregos públicos exigem curso superior; (ii) ainda quando haja essa
exigência, os beneficiários da ação afirmativa no serviço público podem não ter sido
beneficiários das cotas nas universidades públicas; e (iii) mesmo que o concorrente
tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de cotas, há outros fatores
que impedem os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públicos,
justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei n° 12.990/2014. 2.
Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em questão, também é
constitucional a instituição de mecanismos para evitar fraudes pelos candidatos. É
legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de
heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial perante a
comissão do concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e
garantidos o contraditório e a ampla defesa. 3. Por fim, a administração pública deve
atentar para os seguintes parâmetros: (i) os percentuais de reserva de vaga devem
valer para todas as fases dos concursos; (ii) a reserva deve ser aplicada em todas as
vagas oferecidas no concurso público (não apenas no edital de abertura); (iii) os
concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para
burlar a política de ação afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas
vagas; e (iv) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos critérios de
alternância e proporcionalidade na nomeação dos candidatos aprovados deve
produzir efeitos durante toda a carreira funcional do beneficiário da reserva de vagas.

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4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral constitucionalidade da Lei
n° 12.990/2014. Tese de julgamento: “É constitucional a reserva de 20% das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utilização,
além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que
respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla
defesa”.
(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017 PUBLIC 17-
08-2017)

Ementa: Direito Constitucional. Embargos de Declaração em ADC. Aplicabilidade da


política de cotas da Lei 12.990/2014 às Forças Armadas. Provimento. 1. As Forças
Armadas integram a Administração Pública Federal, de modo que a vagas oferecidas
nos concursos por elas promovidos sujeitam-se à política de cotas prevista na Lei
12.990/2014. 2. Embargos de declaração providos.
(ADC 41 ED, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
12/04/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-087 DIVULG 04-05-2018 PUBLIC 07-
05-2018)

Modulação dos efeitos do julgado em processos subjetivos


Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Modulação de efeitos
da decisão

Origem: STF

Ementa Oficial
EMENTA Recurso extraordinário – Direito Previdenciário e Processual Civil –
Repercussão geral reconhecida – Competência para o processamento de ação
ajuizada contra entidade de previdência privada e com o fito de obter complementação
de aposentadoria – Afirmação da autonomia do Direito Previdenciário em relação ao
Direito do Trabalho – Litígio de natureza eminentemente constitucional, cuja solução

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deve buscar trazer maior efetividade e racionalidade ao sistema – Recurso provido
para afirmar a competência da Justiça comum para o processamento da demanda -
Modulação dos efeitos do julgamento, para manter, na Justiça Federal do Trabalho,
até final execução, todos os processos dessa espécie em que já tenha sido proferida
sentença de mérito, até o dia da conclusão do julgamento do recurso (20/2/13). 1. A
competência para o processamento de ações ajuizadas contra entidades privadas de
previdência complementar é da Justiça comum, dada a autonomia do Direito
Previdenciário em relação ao Direito do Trabalho. Inteligência do art. 202, § 2º, da
Constituição Federal a excepcionar, na análise desse tipo de matéria, a norma do art.
114, inciso IX, da Magna Carta. 2. Quando, como ocorre no presente caso, o intérprete
está diante de controvérsia em que há fundamentos constitucionais para se adotar
mais de uma solução possível, deve ele optar por aquela que efetivamente trará maior
efetividade e racionalidade ao sistema. 3. Recurso extraordinário de que se conhece
e ao qual se dá provimento para firmar a competência da Justiça comum para o
processamento de demandas ajuizadas contra entidades privadas de previdência
buscando-se o complemento de aposentadoria. 4. Modulação dos efeitos da decisão
para reconhecer a competência da Justiça Federal do Trabalho para processar e
julgar, até o trânsito em julgado e a correspondente execução, todas as causas da
espécie em que houver sido proferida sentença de mérito até a data da conclusão,
pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, do julgamento do presente recurso
(20/2/2013). 5. Reconhecimento, ainda, da inexistência de repercussão geral quanto
ao alcance da prescrição de ação tendente a questionar as parcelas referentes à
aludida complementação, bem como quanto à extensão de vantagem a aposentados
que tenham obtido a complementação de aposentadoria por entidade de previdência
privada sem que tenha havido o respectivo custeio.
(RE 586453, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS
TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/02/2013, REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-106 DIVULG 05-06-2013 PUBLIC 06-06-2013 EMENT VOL-02693-01
PP-00001)

Recurso extraordinário. Direito do Trabalho. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço


(FGTS). Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quinquenal.

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Art. 7º, XXIX, da Constituição. Superação de entendimento anterior sobre prescrição
trintenária. Inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do
Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990. Segurança jurídica.
Necessidade de modulação dos efeitos da decisão. Art. 27 da Lei 9.868/1999.
Declaração de inconstitucionalidade com efeitos ex nunc. Recurso extraordinário a
que se nega provimento.
(RE 522897, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
16/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-217 DIVULG 25-09-2017 PUBLIC 26-09-
2017)

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REFERÊNCIA

AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. Rio de Janeiro:


Forense, 2012.

BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito


constitucional – Tomo I. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Principais julgados do STF e STJ comentaos.


Salvador: Juspodivm, 2018.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 21. ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2017.

NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. Salvador: Ed. JusPodivm,


2017.

NOVELINO, Marcelo. Constituição Federal para concursos. Salvador: Ed.


JusPodivm, 2014.

PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado.


15. ed. rev. e atual. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2016.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 28.ed.- São Paulo: Atlas, 2012

Disponível em:

https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=1&subcate
goria=3&ano=2017

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