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Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade!

Lembre-se: o seu sonho também é o nosso!

Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação!

Com carinho,

Equipe Ceisc. ♥

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Prof.ª Nathalie Kuczura

Sumário

1. Constituição: Conceito, Estrutura, Supremacia e Classificação.............................................. 4


1.1 Constituição: Conceito ........................................................................................................... 4
2. Estrutura da Constituição............................................................................................................. 7
2.1. Preâmbulo............................................................................................................................. 7
2.2. Parte Permanente ................................................................................................................. 8
2.3. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ................................................................. 8
3. Supremacia da Constituição (Bloco de Constitucionalidade) ................................................... 9
4. Classificação das Constituições ............................................................................................. 11
4.1. Quanto à origem ................................................................................................................. 11
4.2. Quanto à forma ................................................................................................................... 12
4.3. Quanto à extensão .............................................................................................................. 12
4.4. Quanto ao conteúdo............................................................................................................ 12
4.5. Quanto à alterabilidade ....................................................................................................... 13
4.6. Quanto ao modo de elaboração .......................................................................................... 14
4.7. Quanto à sistemática .......................................................................................................... 14
4.8. Quanto à dogmática ............................................................................................................ 14
4.9. Quanto à correspondência com a realidade ....................................................................... 15
4.10. Quanto ao sistema ............................................................................................................ 15
4.11. Quadro de classificação da Constituição brasileira de 1988 ............................................. 15

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
concursos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em janeiro de 2023.

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1. Constituição: Conceito, Estrutura, Supremacia


e Classificação

Prof.ª Nathalie Kuczura


@nathaliekuczura

1.1 Constituição: Conceito


De um modo geral, o vocábulo Constituição1 significa ato de constituir, organizar, fir-
mar, formar ou fixar etc. Nesse sentido, a Constituição configura-se como a lei fundamental
de um Estado, organizando, assim, os elementos constitutivos deste. Em que pese este
possa ser um conceito amplo de Constituição, o certo é que próprio Supremo Tribunal Federal
já reconheceu que o vocábulo possui inúmeros significados. Existem, pois, várias abordagens
ou sentidos de Constituição. Os principais deles, que mais aparecem nas provas de concurso
público, encontram-se esquematizados na tabela a seguir:

Abordagem Autor Conceito


A Constituição real é a soma dos fatores reais do poder den-
tro de uma sociedade.
Para ser legítima, a Constituição deve representar o efetivo
poder social.
Difere a Constituição Real da Constituição Jurídica, que
Sociológica Ferdinand defendia ser uma norma jurídica emanada pelo Estado, mas
Lassale que era apenas uma folha de papel.
Entendia que a Constituição Real e a Constituição Jurídica não
podem estar dissociadas, sob pena desta ser ilegítima e inefi-
caz.
A Constituição é a decisão política do titular do poder
constituinte. Trata-se de uma decisão política fundamental.

1 Tradicionalmente, o conceito de Direito Constitucional estava relacionado ao estudo das normas e instituições
fundamentais relacionadas à Constituição. Atualmente, a Constituição segue sendo a principal fonte formal do Di-
reito Constitucional, mas este vai além da análise única e exclusiva do texto da Constituição. Ademais, ainda, de-
fende-se, tendo por base a divisão entre direito público e direito privado, que se trata de uma disciplina vinculada ao
direito público.

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Os critérios apresentados por Schmitt faziam distinção entre


Constituição (é a decisão política fundamental, que versa so-
bre estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, por
exemplo) e Lei Constitucional (os demais dispositivos cons-
tantes no texto constitucional, mas que não representam uma
decisão política fundamental). Tal diferenciação, sob a ótica
brasileira, permite a apresentação da Constituição em sentido
Carl material e em sentido formal:
Política Schmitt Formal Material
Para uma norma ser tida como Para uma norma ser
constitucional ela deverá estar pre- constitucional deve-se
vista na Constituição Federal, analisar o seu conteúdo,
sendo irrelevante seu conteúdo não sendo relevante veri-
ficar em que diploma le-
gal está inserida.

Por este critério, todas as normas Por este critério, é possí-


que estão no texto constitucional, vel encontrar normas
são constitucionais, independente- constitucionais fora do
mente do seu conteúdo. Ex. art. texto constitucional.
242, §2º, da Constituição Federal:
“O Colégio Pedro II, localizado na
cidade do Rio de Janeiro, será
mantido na órbita federal”

Lei Constitucional Constituição


A Constituição está no plano do dever-ser e, tendo em vista o
sistema de escalonamento de normas (verticalidade hierár-
quica), encontra-se no topo da pirâmide e, por isso, é o ele-
mento de validade para todas as demais normas de hierarquia
inferior, que deverão estar em consonância com a mesma, sob

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Jurídica Hans pena de serem inválidas (inconstitucionais). Tal representa o


Kelsen sentido jurídico-positivo da Constituição.
A Constituição jurídica-positiva, por sua vez, encontrará seu
elemento de validade na denominada norma hipotética fun-
damental, que se encontra situada no plano lógico.
A Constituição é um produto cultural, produzido pela soci-
Konrad edade, que influência naquela, havendo, pois, uma relação bi-
Cultural Hesse lateral entre a Constituição e a realidade.
A Constituição recebe a denominação de Constituição total,
apresentando aspectos sociológicos, jurídicos, econômicos
etc.
José A Constituição compromissória existirá quando houver
Compromissória Joaquim acordo do compromisso, da negociação de diferentes for-
Gomes ças e as tendências políticas existentes em um país em
Canotilho um determinado contexto histórico.

Virgílio Afonso da Silva, por sua vez, apresenta uma análise a partir do papel da Cons-
tituição, ou seja, sua função no ordenamento jurídico interno de um país. Para tanto apresenta a
seguinte classificação:

Constituição-lei: A Constituição é uma lei como qualquer outra, apresentando um


caminho que pode ser seguido pelo legislador. Este, contudo, não fica adstrito àquela.
Constituição-fundamento: A Constituição é a lei fundamental de toda a vida social.
Dessa forma, nenhuma seara da vida é independente das normas constitucionais.
Constituição-moldura ou denominada por Canotilho de Constituição-Quadro: A Cons-
tituição serve de limites para a atuação legislativa. Apresenta, portanto, um conceito interme-
diário em relação aos anteriores.
Constituição Dúctil, maleável ou suave: A Constituição cabe a tarefa básica de garantir
condições para que se construa uma vida comum. Contudo, não lhe cabe realizar direta-
mente projetos predeterminados para tanto.

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2. Estrutura da Constituição

A Constituição Federal de 1988 é dividida em três partes: Preâmbulo; Parte Perma-


nente e Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

*Para todos verem: esquema.

Ato das Disposições


Preâmbulo Parte Permanente Constitucionais
Transitórias

2.1. Preâmbulo
O preâmbulo expressa, brevemente, os principais objetivos e valores que nortearam o
novo texto constitucional, servindo como um norte interpretativo histórico do texto constitu-
cional.
De acordo com o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
2.076, o preâmbulo não é considerado uma norma constitucional. Trata-se de uma norma de
natureza política (tese da irrelevância jurídica). Em razão disso, o preâmbulo, em tese, não
pode ser alterado por meio de emenda constitucional; não é norma de repetição obrigató-
ria nas Constituições Estaduais; não pode ser utilizado como parâmetro ou paradigma
para a realização de controle de constitucionalidade; e a expressão “Deus”, constante no
final do mesmo, não ofende à laicidade do Estado.
O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 está assim redigido:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Consti-
tuinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade
e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUI-
ÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

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Frise-se que embora presente em todas as Constituições Brasileiras, o preâmbulo não


é um elemento obrigatório.

2.2. Parte Permanente


A Parte Permanente da Constituição recebe tal denominação, uma vez que não possui
um prazo pré-determinado de vigência, isso é, as normas irão viger até que outras as revo-
guem total ou parcialmente. Evidente, pois, que a parte permanente é mutável, podendo ser
alterada dentro dos ditames previstos para aprovação de emenda constitucional.
A Parte Permanente contém os dispositivos principais do texto constitucional. As-
sim, a parte permanente da Constituição Federal de 1988 é formada pelo conjunto de normas
previstas do art. 1º ao 250.

2.3. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias


Como o próprio nome indica o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
visa estabelecer regras de transição entre o novo regime constitucional e o anterior. Para
tanto, o constituinte originário apresentou, após a parte permanente, normas de transição, que
são regras de vigência temporária, que buscam atender a tal objetivo.
Dessa forma, as normas constantes no ADCT tem eficácia temporária. Após a produ-
ção de seus efeitos ou com o advento do termo ou condição estabelecidos, a norma respectiva
se torna de eficácia exaurida, passando a ter valor histórico tão somente.
Em que pese esta seja uma característica ínsita das normas constantes no ADCT, o
legislador, tem imbuído de atecnia legislativa, inserido, nesta parte da Constituição, normas per-
manentes. Como exemplo pode-se citar o art. 96 do ADCT.
Diferentemente do preâmbulo, conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribu-
nal Federal, no julgamento da ADI 829, as normas contidas no Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias são normas constitucionais. Assim, poderão ser alteradas por meio de
emenda constitucional, bem como servir de parâmetro ou paradigma quando da realiza-
ção de controle de constitucionalidade.
No âmbito da Constituição Federal de 1988, o ADCT se apresenta de forma destacada.
Tal faz com que a numeração dos artigos em tal parte inicie do 1º, não sendo uma sequência
numérica daqueles dispositivos constantes na parte permanente. Além disso, não há títulos, ca-
pítulos, seções etc. Assim, não há uma unidade ou uma sistematização.

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3. Supremacia da Constituição
(Bloco de Constitucionalidade)

No âmbito brasileiro atual, a pirâmide kelseniana pode ser utilizada, porém o conceito
de Constituição tem sido adotado de uma forma mais ampla do que na sua concepção original.
Isso porque por Constituição não se entende apenas o texto aprovado pelo Constituinte em 1988
e suas sucessivas transformações pelo Poder Constituinte Derivado. O conteúdo constitucional,
tem sido, pois, observado através de uma perspectiva ampliativa. Abarca, assim, os princípios
dela decorrentes, como por exemplo, o direito das minorias, o direito à felicidade etc 2, bem
como os tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelas duas casas do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos respectivos membros, nos termos
do art. 5º, §3º, da Constituição Federal. Tal forma o denominado bloco de constitucionalidade
ou bloco constitucional.
Atualmente, os seguintes tratados foram aprovados com o quórum previsto no §3º do
art. 5º da Constituição Federal e, portanto, possuem status de norma constitucional: 1. Conven-
ção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo; 2.
Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com
Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para ter Acesso ao Texto Impresso e 3. Conven-
ção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerân-
cia.
Assim, no topo da pirâmide não está apenas a Constituição Federal, mas, sim, o cha-
mado bloco de constitucionalidade. Logo abaixo do bloco de constitucionalidade, localizam-
se as normas supralegais, que, segundo o Supremo Tribunal Federal se configuram como
sendo tratados sobre direitos humanos que não foram aprovados pelas duas casas do Con-
gresso Nacional,3 em dois turnos, por três quintos de seus membros. Abaixo destes, estão as

2 Quanto a estes, ainda, não há um maior debate doutrinário e jurisprudencial quanto à sua inclusão no âmbito do
denominado bloco de constitucionalidade, em razão da ideia de supremacia formal apregoada.
3 Frise-se que a Constituição Federal não apresenta regulamentação expressa sobre o status dos tratados sobre

direitos humanos aprovados sem o referido procedimento especial, razão pela qual existem diversas correntes
acerca da temática, dentre elas a que defende que tais tratados seriam incorporados, por força do que determina o
§2º do art. 5º da Constituição Federal com status de norma constitucional. Esse, contudo, não é o entendimento que
prevaleceu no âmago do Supremo Tribunal Federal.

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leis (leis ordinárias, leis complementares4, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legis-
lativos e resoluções). Por fim, têm-se os atos infralegais, que são atos normativos emanados
pelo Poder Executivo, que possuem como principal objetivo regular a(a) lei(s) que lhe é superior
hierarquicamente.

Atenção!

A discussão existente acerca da hierarquia entre lei ordinária e lei complementar já


foi balizada pelo entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que inexiste hie-
rarquia entre referidas espécies normativas.

*Para todos verem: esquema.

Tratados Internacionais sobre


Constituição Federal + Princípios
Direitos Humanos não apro-
dela decorrentes + Tratados In-
vados com o quórum de 3/5
ternacionais sobre Direito Huma-
em 2 turnos em ambas as Ca-
nos aprovados com o quórum de
Bloco de sas do Congresso Nacional.
3/5 em 2 turno em ambas as Ca-
sas do Congresso Nacional. Constitucionalidade

Normas Supralegais

Leis

Atos Infralegais

Evidente, pois, que, no ordenamento jurídico brasileiro, vige a supremacia da Constitui-


ção, ou seja, a Constituição Federal está em posição hierarquicamente superior em relação a
todas as demais normas, assim, estas deverão ser com ela compatíveis, sob pena de serem
inconstitucionais (análise da compatibilidade vertical). Além de serem compatíveis com a Cons-
tituição Federal, as leis e atos infralegais devem estar em consonância com o disposto nas nor-
mas supralegais.

4A discussão existente acerca da hierarquia entre lei ordinária e lei complementar já foi balizada pelo entendimento
do Supremo Tribunal Federal no sentido de que inexiste hierarquia entre referidas espécies normativas.

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4. Classificação das Constituições

Existem diversas classificações das Constituições. Assim, no presente momento serão


apresentadas aquelas que são mais cobradas pelas bancas de concurso público, quais sejam:
1. Quanto à origem; 2. Quanto à forma; 3. Quanto à extensão; 4. Quanto ao conteúdo; 5. Quanto
à alterabilidade; 6. Quanto ao modo de elaboração; 7. Quanto à sistemática; 8. Quanto à dog-
mática; 9. Quanto à correspondência com a realidade; 10. Quanto ao sistema.

4.1. Quanto à origem


No que tange à origem, tradicionalmente, as Constituições poderão ser outorgadas ou
promulgadas. Será outorgada a Constituição imposta de forma unilateral pelo agente, que não
recebeu do povo legitimidade para em nome dele atuar. Já promulgada é a Constituição demo-
crática, elaborada pelos representantes do povo, legitimamente escolhidos, é, assim, fruto de
uma Assembleia Nacional Constituinte.
No Brasil, foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e a Emenda Cons-
titucional número 01 de 1969. As demais Constituições brasileiras (1891, 1934, 1946 e 1988),
por seu turno, foram promulgadas, ou seja, são fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte,
eleita pelo povo, para, em nome dele, atuar.

A partir dessa classificação, pode-se diferenciar o vocábulo Constituição da expressão


Carta Magna ou Carta Constitucional. A primeira diz respeito a textos promulgados e a se-
gunda àqueles que foram outorgados.

Constituição Promulgada

Carga Magna Outorgada

Quanto à origem, ainda, podem ser citadas outras duas espécies de Constituições: Ce-
sarista (bonapartista), que é a elaborada pelo governante (unilateral) e submetida a referendo
ou plebiscito e a pactuada (dualista), que se configura quando há um acordo entre duas forças
políticas existentes em um Estado.

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4.2. Quanto à forma


Em relação à forma, a Constituição poderá ser escrita ou costumeira. A Constituição
será escrita ou também chamada de instrumental quando o texto constitucional está contido em
um único documento solene, que apresenta as normas fundamentais de um Estado aprovadas
pelo Poder Constituinte. É o que ocorre com a Constituição Federal de 1988 e todas as Cons-
tituições brasileiras anteriores (1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a Emenda Constitucional
número 01 de 1969). Já a Constituição é costumeira, consuetudinária ou não escrita quando
é composta por meio de textos esparsos, que são reconhecidos pela sociedade como funda-
mentais, baseando-se nos costumes, jurisprudências, usos etc. Como exemplo desta última,
tem-se a Constituição Inglesa.

4.3. Quanto à extensão


No que tange à extensão a Constituição poderá ser classificada em: sintética, também,
conhecida como tópica, concisa, breve, sumária, sucinta ou básica; ou analítica denominada,
ainda, de ampla, extensa, larga, prolixa, volumosa ou longa. A Constituição será tida como
sintética quando veicular apenas os princípios fundamentais e estruturais do Estado, isso
é, quando apenas apresentar os temas principais. A título exemplificativo, tem-se a Constituição
norte-americana de 1787.
Por outro lado, a Constituição será considerada analítica, quando abordar todos os as-
suntos que os representantes do povo entenderem como sendo relevantes, ou seja, não apre-
senta apenas os temas principais, trazendo, matérias que poderiam ser tratadas na legis-
lação infraconstitucional. A Constituição Federal de 1988 é analítica.

4.4. Quanto ao conteúdo


Levando em conta o critério do conteúdo, pode-se enquadrar uma Constituição no sen-
tido material ou formal. No sentido material, o que se considera para verificar se uma norma
tem caráter constitucional é o seu conteúdo, não sendo relevante verificar se a mesma se en-
contra ou não no texto constitucional. Assim, para ser materialmente constitucional, a norma
deverá dispor sobre questões fundamentais e estruturais do Estado, organização de seus ór-
gãos, direitos e garantias fundamentais.
Já do ponto de vista formal, o que será relevante para enquadrar uma norma como
sendo constitucional é o local onde ela está alocada, ou seja, se a norma estiver disposta na

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Constituição Federal, a mesma será constitucional, independentemente do seu conteúdo. Como


exemplo de Constituição formal, tem-se a de 1988, posto que qualquer norma que for aprovada,
observando o processo atinente à elaboração de emenda constitucional ou estiver no texto cons-
titucional, será tida como constitucional.
A partir da adoção do bloco de constitucionalidade, especialmente do disposto no art. 5º,
§3º, da Constituição Federal, parte da doutrina passou a defender que a Constituição brasileira
que sempre foi considerada formal, passou a ser considerada mista, uma vez que a referida
regra exige além de formalidades para aprovação (quórum) que os Tratados ou Convenções
Internacionais versem sobre Direitos Humanos.

4.5. Quanto à alterabilidade


Quanto à alterabilidade, rigidez ou estabilidade, a Constituição poderá ser classificada
como: imutável, rígida, flexível ou semirrígida.
Configura-se como imutável ou eterna, a Constituição que não pode ser alterada.
Já a Constituição será rígida quando exigir, para a sua alteração, um processo legis-
lativo mais árduo, mais solene, do que aquele necessário para modificação de outras nor-
mas infraconstitucionais. É o caso de todas as Constituições brasileiras, com exceção da
Constituição de 1824, que era semirrígida.
Alguns autores, como Alexandra de Moraes, em razão das cláusulas pétreas, previstas
no §4º do art. 60 da Constituição Federal, vão além e indicam que a Constituição brasileira é
super-rígida, uma vez que além de possuir um processo mais árduo para a sua alteração do
que aquele previsto para modificação das demais normas, igualmente, prevê um conjunto de
matérias que não podem ser objeto de supressão.
Por outro lado, serão flexíveis ou plásticas aquelas Constituições que não exigem para
a sua alteração um processo legislativo mais árduo do que o necessário para alteração de
normas infraconstitucionais. Assim, nesses casos – Constituições Flexíveis – não há a supre-
macia da Constituição e, por conseguinte, tampouco controle de constitucionalidade
Já será semirrígida ou semiflexível a Constituição que contém uma parte rígida e uma
parte flexível, ou seja, algumas normas contidas na Constituição exigirão um processo legisla-
tivo mais árduo e dificultoso para sua alteração e outras não. Como exemplo, pode-se citar a
Constituição brasileira de 1824, a qual determinava ser necessária maior formalidade para alte-
ração de normas que tratassem sobre: limites e atribuições dos Poderes Políticos; Direitos

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Políticos e individuais dos cidadãos. As demais matérias poderiam ser alteradas sem aludidas
formalidades, seguindo-se, pois, o mesmo processo legislativa previsto para elaboração de lei
infraconstitucional.

4.6. Quanto ao modo de elaboração


Quanto ao modo de elaboração, as Constituições podem ser dogmáticas ou históricas.
As Constituições dogmáticas ou também denominadas de sistemáticas são sempre escritas,
elaboradas a partir de teorias preconcebidas, de planos e sistemas prévios, em um dado
momento, “de uma só vez”. Já as históricas são elaboradas através de um processo lento e
contínuo ao longo do tempo. Como exemplo da primeira tem-se a Constituição brasileira de
1988 e da histórica, pode-se citar a Constituição Inglesa.

4.7. Quanto à sistemática


Quanto à sistemática, a Constituição pode ser classificada em: reduzida e variada. A
Constituição reduzida ou unitária é aquela que se materializa em um único diploma. Já a vari-
ada é aquela que é composta de vários textos e documentos esparsos.
Paulo Bonavides, refere-se às reduzidas como sendo codificadas e as variadas como
sendo legais. Quanto à Constituição brasileira de 1988, há autores que defendem a adoção da
teoria de Constituição Legal de Paulo Bonavides. Isso porque, a Constituição brasileira compõe-
se do texto nesta localizado, bem como dos Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos
Humanos aprovados por três quintos, em dois turnos, em cada Casa do Congresso Nacional.
Ainda, defendem que existem diversos artigos de emendas constitucionais que não são introdu-
zidos no corpo da Constituição, mas continuam tendo status constitucional.
Em que pese essa posição doutrinária, as bancas de concurso têm mantido a classifica-
ção tradicional em relação à Constituição de 1988, ou seja, a classificam como Constituição
reduzida.

4.8. Quanto à dogmática


No que tange à dogmática ou ideologia as Constituições podem ser classificadas em
ortodoxas ou ecléticas. A ortodoxa é aquela formada por uma única ideologia, como por
exemplo a Constituição soviética de 1977. Já a eclética é formada por ideologias conciliató-
rias, como a Constituição brasileira de 1988.

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4.9. Quanto à correspondência com a realidade


Quanto à correspondência com a realidade ou critério ontológico as Constituições po-
dem ser classificadas em: normativas, nominalistas ou semânticas. As Constituições norma-
tivas apresentam limitação de poder que pode ser visualizado na prática, há, pois correspondên-
cia com a realidade. As Constituições nominalistas buscam que se opere essa concretização
prática referente à limitação do poder, porém sem sucesso. Já as Constituições semânticas ape-
nas têm o condão de conferir legitimidade aos detentores do poder, sem qualquer real interesse
de concretização. No que tange à Constituição brasileira de 1988 pode-se classifica-la como
pretensamente normativa. Isso porque embora não tenha efetivamente concordância entre a
norma constitucional e a realidade, pretende-se que tal se opere no futuro.

4.10. Quanto ao sistema


Em relação ao sistema, a Constituição pode ser classificada como principiológica ou
preceitual. Será principiológica quando preponderam os princípios. Por outro lado, será precei-
tual quando prevalecem as regras. A Constituição Brasileira de 1988 é principiológica.

4.11. Quadro de classificação da Constituição brasileira de 1988


Diante dessas classificações, a Constituição Federal de 1988 classifica-se das seguintes
formas:

Quanto à origem Promulgada


Quanto à forma Escrita
Quanto à extensão Analítica
Quanto ao conteúdo Formal
Quanto à alterabilidade Rígida
Quanto ao modo de elaboração Dogmática
Quanto à sistemática Reduzida
Quanto à dogmática Eclética
Quanto à correspondência
Pretensamente normativa
com a realidade
Quanto ao sistema Principiológica

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