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LEGISLAÇÃO

1. ESPECÍFICA
Constituição: conceito, conteúdo, estrutura e classificação ................................................................................................................ 01
2. Supremacia da Constituição ................................................................................................................................................................ 06
3. Princípios. Poder Constituinte............................................................................................................................................................. 01
4. Interpretação e Aplicabilidade ............................................................................................................................................................ 06
5. Controle de Constitucionalidade......................................................................................................................................................... 08
6. Constituição Federal de 1988. Direitos e Garantias Fundamentais ...................................................................................................... 10
7. Organização do Estado ........................................................................................................................................................................ 18
8. Organização dos Poderes .................................................................................................................................................................... 25
9. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas .............................................................................................................................. 38
10. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 ......................................................................................................................... 41
11. Princípios ............................................................................................................................................................................................ 45
12. Poderes da Administração Pública ...................................................................................................................................................... 48
13. Serviço Público .................................................................................................................................................................................... 54
14. Poder de Polícia................................................................................................................................................................................... 48
15. Atos administrativos. Conceitos, espécies, elementos e atributos. Atos discricionários e vinculados. Revogação e anulação ........................... 65
16. A Administração Pública na Constituição Federal de 1988 .................................................................................................................. 75
17. A Administração Pública na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 .............................................................................. 41
18. Improbidade Administrativa ............................................................................................................................................................... 80
19. Responsabilidade civil do Estado ........................................................................................................................................................ 85
20. Estatuto dos Servidores Militares da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul .......................................................................... 89
21. Lei de Organização Básica da Brigada Militar ..................................................................................................................................... 104
22. Plano de Carreira dos Servidores Militares ........................................................................................................................................ 106
23. Regulamento Disciplinar da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul ..................................................................................... 108
24. Lei Maria da Penha ............................................................................................................................................................................ 117
25. Estatuto Nacional da Igualdade Racial............................................................................................................................................... 123
26. Estatuto Estadual da Igualdade Racial ............................................................................................................................................... 123
27. Entendimentos do STJe STF ................................................................................................................................................................ 01
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Constitucionalismo
CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, CONTEÚDO, Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou
ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO. PRINCÍPIOS. ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à
PODER CONSTITUINTE. ENTENDIMENTOS DO garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
STJ E STF político-social de uma comunidade.
Conceito de Constituição Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma
A Constituição é a norma suprema que rege a organização de um técnica específica delimitação do poder com fins garantísticos. O conceito
Estado Nacional. de constitucionalismo transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no
Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de fundo, uma teoria normativa da política, tal
Constituição, faz-se importante o estudo das diversas concepções que o como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo.
englobam. Então vejamos: Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma
Constituição, avança-se no sentido de que os textos constitucionais
Constituição Sociológica contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência dos
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve direitos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do an- tigo
traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada regime.
nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não
corresponde à Constituição real. Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Refor-
ma (Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição
Constituição Política Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em uma
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre de força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao povo o
uma decisão política fundamental e se traduz na estrutura do Estado e poder de dirigir a organização do Estado, o que se conven- cionou
dos Poderes e na presença de um rol de direitos funda- mentais. As chamar de poder constituinte.
normas que não traduzirem a decisão política funda- mental não serão Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a
Constituição propriamente dita, mas meras leis constitucionais. órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Constituição Jurídica Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas é o
Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce.
constitui em norma hipotética fundamental pura, que traz funda-
mento transcendental para sua própria existência (sentido lógico- Poder Constituinte Originário
-jurídico), e que, por se constituir no conjunto de normas com mais alto É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organi- zando
grau de validade, deve servir de pressuposto para a criação das demais e estabelecendo os poderes destinados a reger os interesses de uma
normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido ju- rídico- sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre qualquer
positivo). limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma condição, por
Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição ocupa tudo isso é considerado um poder de fato ou poder político.
o ápice da pirâmide normativa, servindo como paradigma máxi- mo de
validadeparatodasas demais normasdo ordenamentojurídico. Ou seja, as Poder Constituinte Derivado
leis e os atos infralegais são hierarquicamente in- feriores à Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou
Constituição e, por isso, somente serão válidos se não constituído, porque deriva do Poder Constituinte originário, encon-
contrariarem as suas normas. trando na própria Constituição as limitações para o seu exercício, por
Abaixo, segue aimagem ilustrativa da Pirâmide Normativa: isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico.

Pirâmide Normativa Poder Constituinte Derivado Decorrente


É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Fe-
deração elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica), no
intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as
Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Dis- trito
Federal.

Poder Constituinte Derivado Reformador


Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder é o
Congresso Nacional.

Mutação da Constituição
A interpretação constitucional deverá levar em consideração todo
o sistema. Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a so- lução do
aparente conflito através de uma interpretação sistemáti- ca, orientada
pelos princípios constitucionais.
Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação
Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Com- constitucional. Vejamos:
plementares e Ordinárias; → Reforma Constitucional seria a modificação do texto consti-
Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias, tucional, através dos mecanismos definidos pelo poder constituinte
Instruções Normativas, Resoluções, etc. originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando ar- tigos

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LEGISLAÇÃO
ao texto original. ESPECÍFICA

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LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAhermenêutica.
→ Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, pal-
páveis, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significa- do e
sentido interpretativo de um texto constitucional. A transfor- mação
não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra enunciada. O
texto permanece inalterado.

As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter


dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através de proces- sos
informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas
mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucio- nal.

Métodos de Interpretação Constitucional


A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a
sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o
alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a técnica e os
princípios segundo os quais o operador do Direito po- derá apreender o
sentido social e jurídico da norma constitucional em exame, ao passo que
a interpretação consiste em desvendar o real significado da norma. É,
enfim, a ciência da interpretação das normas constitucionais.
A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir da
aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos desenvol- vidos
pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles:

Método Hermenêutico Clássico


Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest
Forsthoff, considera a Constituição como uma lei em sentido amplo, logo,
a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma lei,
utilizando-se os métodos de interpretação clássicos, como, por exemplo,
o literal, o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico.

→ Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido de


cada vocábulo da norma jurídica. É tida como a mais singela for- ma de
interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado;
→ Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcan- ce
da norma de forma contextualizada ao sistema jurídico que inte- gra.
Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de um todo,
formando um sistema jurídico articulado;
→ Histórico: busca-se no momento da produção normativa o
verdadeiro sentido da lei a ser interpretada;
→ Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pre-
tendeu atingir.Possui como pressuposto a intenção do legislador ao criar a
norma.

Método Tópico-Problemático
Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi ideali- zado
por Theodor Viehweg. Ele interpreta a Constituição tentando adaptar o
problema concreto (o fato social) a uma norma consti- tucional. Busca-
se, assim, solucionar o problema “encaixando” em uma norma prevista
no texto constitucional.

Método Hermenêutico-Concretizador
Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a norma
abstrata ao caso concreto.
Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do
intérprete acerca dos elementos envolvidos no texto constitucional a ser
desvendado.
A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente re-
leitura do texto normativo, com o posterior contraponto do novo
conteúdoobtido com arealidadesocial(movimento deir evir)de- ve-se
repetir continuamente até que se chegue à solução ótima do problema.
Esse movimento é denominado círculo hermenêutico ou espiral

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LEGISLAÇÃO
Método Científico-Espiritual ESPECÍFICA
Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de que
o intérprete deve buscar o espírito da Constituição, ou seja, os valores
subjacentes ao texto constitucional.
É um método marcadamente sociológico que analisa as nor- mas
constitucionais a partir da ordem de valores imanentes do texto
constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição com a
realidade social.

Método Normativo-Estruturante
Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há uma
identidade entre a norma jurídico-constitucional e o texto nor- mativo.
A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança a realidade
social subjacente ao texto normativo.
Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma
constitucional para além do texto normativo. Daí concluir-se que a
norma jurídica sósurgeapósainterpretação dotexto normativo.

Princípios de Interpretação Constitucional

Princípio da Unidade da Constituição


O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar
contradições internas (antinomias), sobretudo entre os princípios
constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Cons-
tituição na sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradi-
ções.

Princípio do Efeito Integrador


Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico-
-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favoreçam a
unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento do
processo de integração comunitária.

Princípio da Máxima Efetividade


Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da
interpretação efetiva, reza que a interpretação constitucional deve
atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional
para que ela cumpra sua função social.
É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais,
sendo, sobretudo, aplicado na interpretação dos direitos funda-
mentais.

Princípio da Justeza
Também chamado de princípio da conformidade funcional,
estabelece que os órgãos encarregados da interpretação constitu-
cional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema
organizatório e funcional traçado pelo legislador constituinte.
Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções
estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e derivado.

Princípio da Harmonização
Este princípio também é conhecido como princípio da concor-
dância prática, e determina que, em caso de conflito aparente entre
normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e a
combinação dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o
sacrifício total de uns em relação aos outros.

Princípio da Força Normativa da Constituição


Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêu- tica
que possibilita a atualização normativa do texto constitucional,
concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo.

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LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
Princípio da Interpretação conforme a Constituição
Este princípio determina que, em se tratando de atos normativos primários que admitem mais de uma interpretação (normas polissê- micas ou
plurissignificativas), deve-se dar preferência à interpretação legal que lhe dê um sentido conforme a Constituição.

Princípio da Supremacia
Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema, haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte originário. Essa supremacia
será pressuposto para toda interpretação jurídico-constitucional e para o exercício do controle de constitucionalidade.

Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis


Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos normativos primários até que o Poder Judiciário os declare inconstitucionais.
Ou seja, gozam de presunção relativa.

Princípio da Simetria
Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Municipais devem se- guir o modelo
estatuído na Constituição Federal.

Princípio dos Poderes Implícitos


Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever outorgado pela Constituição Federal a um determinado órgão, são implici- tamente
conferidos amplos poderes para o cumprimento dos objetivos constitucionais.

Classificação das Constituições

Quanto à Origem
a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legítimos representantes do povo, normalmente organizados em torno de uma
Assembleia Constituinte;
b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitário, não democrático;
c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Criada por um ditador ou imperador e posteriormente submetida à aprova- ção
popular por plebiscito ou referendo.

Quanto ao Conteúdo
a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;
b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de Estado, organizações dos Poderes e direitos fundamentais, podendo ser
escritas ou costumeiras.

Quanto à Forma
a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;
a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documentos esparsos ou fragmentados;
a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em documento único.
b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurisprudência predominante e até mesmo por documentos escritos.

Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade


a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;
b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;
c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais difícil do que o utilizado para criar leis;
d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado para criar leis;
e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte flexível.

Quanto à Extensão
a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos
e garantias fundamentais;
b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fundamentais, detalhando também outros assuntos, como de ordem eco- nômica e
social.

Quanto à Finalidade
a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;
b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de programas pelo Estado.

Quanto ao Modo de Elaboração


a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;
b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.

Quanto à Ideologia

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LEGISLAÇÃO
a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente umaESPECÍFICA
ideologia;
b) Eclética: fundada em valores plurais.

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LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)
a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;
b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;
c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício de um Poder não
democrático.

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


Democrática, Promulgada ou Popular Formal Escrita Rígida Analítica Dirigente Dogmática Eclética Normativa

Classificação das Normas Constitucionais

– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.


– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem aplicabilidade indireta, dependem de lei
posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado, previstos na Constituição.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Possuem aplicabilidade indireta, estabele-
cem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes.
– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emenda à Constituição Federal.
– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.
– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa
→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-as;
→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabelecidos. Serve, assim, como parâ- metro para o
controle de constitucionalidade;
→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional.

História Constitucional Brasileira

Constituição de 18241
Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder Legislativo era exercido pela As- sembleia Geral,
composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integran- tes de uma lista tríplice
enviada pela Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder Moderador acima dos outros Poderes; a
indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com o voto restrito aos homens
livres e proprietários e subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia o Poder Moderador, só restau- rado em
1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.

Constituição de 1891
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como Presidente. Tinha caráter liberal e federalista,
inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos.
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos estados da federação e garantiu a liberdade partidária.
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Presidência da República, com mandato de quatro anos. Estabeleceu o voto universal e não-
secreto para homens acima de 21 anos e vetava o mesmo a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; determinou a separação oficial entre o
Estado e a Igreja Católica; instituiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a pena de morte e extinguiu o Poder Moderador.
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto Central, para a futura Capital
Federal.
A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos.

Constituição de 1934
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro governo do Presidente Getúlio Vargas e preservou a essência do modelo liberal da
Constituição anterior.
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o voto feminino, já instituídos pelo
Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; introduziu a organização sindical mantida pelo Estado.
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Econômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a todos existência digna” e sob a
rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” proclamava a educação “direito de todos”.
Mudou também o enfoque da democracia individualista para a democracia social. Estabeleceu os critérios acerca da criação da Justiça do Trabalho e
da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria exercido pela Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, sendo aquela constituída por
representantes eleitos pela população e por organizações de caráter profissional e trabalhista.
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LEGISLAÇÃO
1 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf
ESPECÍFICA

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LEGISLAÇÃO
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos.
ESPECÍFICAdo mandato presidencial para seis anos e a alteração da
proporcionalidade de deputados no Congresso.
Constituição de 1937
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do
Distrito Federal cercaram o Congresso e impediram a entrada dos
parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase
política e a entrada em vigor de nova Carta Constitucional. Começa- va
oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos partidos políticos
e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo.
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas
europeus, institucionalizando o regime ditatorial do Estado Novo.
Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com a
Constituição Polonesa de 1935.
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade po- lítico
partidária e anulou a independência dos Poderes e a autono- mia
federativa.
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamen- tar, a
prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para presidente
da República, com mandato de seis anos; a pena de morte e a censura
prévia nos meios de comunicação. Manteve os direitos trabalhistas.
A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos.

Constituição de 1946
Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra,
foi elaborada sob os auspícios da derrota dos regimes totali- tários na
Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a
redemocratização do Estado brasileiro.
Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a pena
de morte. Devolveu a independência dos três poderes, a au- tonomia dos
estados e municípios e a eleição direta para presidente da República, com
mandato de cinco anos.
Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parla-
mentarismo. Foi posteriormente anulada pelo plebiscito de 1963, que
restaurava o regime presidencialista.
A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos.

Constituição de 1967
Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo
Castelo Branco.
Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de
1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”.
Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Es-
tabeleceu eleições indiretas, por meio do Colégio Eleitoral, para a
presidência da República, com quatro anos de mandato.
Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispo- sitivos
do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando permissão ao presidente
para,dentreoutros,fecharo Congresso, cassar mandatos e suspender direitos
políticos. Permitiu aos governos militares total liber- dade de legislar em
matéria política, eleitoral, econômica e tributária.
Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o
Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas reformas como a emen- da
Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal emenda
se apresenta como um “complemento” às leis e regula- mentações da
Constituição de 1967.
Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que
promulgou um texto reformulado a partir da Constituição de 1967,
muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a par- tir
desta emenda, ficam mais claras as características políticas da ditadura
militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os demais atos
institucionais anteriormente baixados.
A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei, a
nomeação de senadores pelas Assembleias Legislativas, a pror- rogação

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LEGISLAÇÃO
A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos. ESPECÍFICA e MPU. Salvador:
Editora JusPODIVM.
Constituição de 1988
Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulga- da
no governo de José Sarney. Foi elaborada por uma Assembleia
Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir a
incorporação de emendas populares.
O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Gui-
marães, ao entregá-la à nação, chamou-a de “Constituição Cidadã”. Seus
pontos principais são a República representativa, federati-
va e presidencialista. Os direitos individuais e as liberdades públicas são
ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a
edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes por um mês,
passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas ou
rejeitadas peloCongresso).
O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores de
16 anos. A educação fundamental é apresentada como obrigató- ria,
universal e gratuita.
Também são abordados temas como o dever da defesa do meio
ambiente e de preservação de documentos, obras e outros bens de
valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios ar-
queológicos.
Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Con-
gresso Nacional a partir de 1992. Algumas das principais medidas
abrem para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de ação
do Estado, esvaziando, de certa forma, o poder e a influência estatais
em determinados setores.
A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autoriza- ção
para explorar a pesquisa, a lavra e a distribuição dos derivados de
petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas
estrangeiras adquirem o direito de exploração dos recursos mine- rais
e hídricos.
Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras
referentes ao sistema eleitoral; o mandato do presidente da Repú- blica
é reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada a emenda
que permite a reeleição do presidente da República, de governadores
e prefeitos. Os candidatos processados por crime co- mum não podem
ser eleitos, e os parlamentares submetidos a pro- cesso que possa levar
à perda de mandato e à inelegibilidade não podem renunciar para
impedir a punição.

CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
OUTORGADAS PROMULGADAS
1824 – Constituição do Brasil- 1891 – 1ªConstituição da
Império República
1937 – Imposta por Getúlio 1934 – Influenciada pela
Vargas Constituição de Weimar
(Alemanha – 1919).
Evidenciou os direitos
fundamentais de 2ª geração
1967 – Imposta apósoGolpe 1946 – Redemocratização do
Militar de 1964 Brasil após a era Vargas
* EC nº1/1969 – Imposta 1988 – Atual Carta Política
pela ditadura

Referências
Bibliográficas: BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de
Direito Constitu- cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais

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LEGISLAÇÃO
2 https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/8713b4e79cb9270ec-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. SérieESPECÍFICA
Provas e Con- c075bfab3b84b2a.pdf
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São
Paulo: Editora Método.

SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição Federal é o instrumento normativo através do qual


se disciplina a criação das denominadas regras essenciais do Estado,
organiza os entes estatais, bem como elenca o procedimen- to legislativo2.
Em virtude dessas características resta cristalina a posição hie-
rárquica preeminente das normas constitucionais → Princípio da
Supremacia da Constituição Federal.
Destaque-se, contudo, que somente será possível se falar em con- trole
de constitucionalidade naqueles países que adotem, quanto à es- tabilidade,
uma constituição do tipo rígida. Isso porque, se as normas constitucionais
forem flexíveis, não existirá procedimento diferenciado das demais espécies
normativas, sendo que no caso seria realizado, apenas e tão somente, um
controlede legalidadedasnormas,levando-
-se em conta, especialmente, o critério da temporalidade.
Segundo a clássica lição de Kelsen o ordenamento jurídico pode ser
representado por uma pirâmide, sendo que no topo dela estão as
normas constitucionais (Constituição Federal e demais normas
materialmente constitucionais), as quais são consideradas normas de
validade dos demais atos normativos do sistema, que se encon- tram
hierarquicamente abaixo daquelas.
Para uma compreensão mais simples devemos analisar o orde-
namento jurídico brasileiro de cima para baixo, sendo que no topo da
pirâmide encontram-se as normas constitucionais e todos os de- mais atos
normativos hierarquicamente abaixo daquelas. Portanto, somente
podemos dizer que uma norma é constitucional se ela es- tiver em
harmonia com as normas constitucionais.
Atualmente há uma tendência de ampliar o conteúdo do parâ-
metro de constitucionalidade, com aquilo que a doutrina vem cha-
mando de bloco de constitucionalidade (ou paradigma de controle).
Através desse instituto a doutrina moderna afirma que o parâmetro de
constitucionalidade não se limita apenas pelas normas cons- tantes da
Constituição Federal e sim também pelas leis com valor constitucional
formal, pelos tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos aprovados nos termos do § 3º do art. 5º da CF, bem como pelo
conjunto de preceitos e princípios, explícitos ou implícitos, decorrentes
da própria Carta Magna.
Em virtude da supremacia da Constituição é que surge o insti-
tuto do controle de constitucionalidade o qual, de forma didática,
pode ser conceituado como sendo a verificação de compatibilidade
vertical entre as normas constitucionais e os demais atos normati- vos
que se encontram hierarquicamente abaixo delas.
O controle de constitucionalidade é um instrumento de tutela e
proteção do princípio da supremacia da Constituição, buscando
manter a harmonia do ordenamento jurídico.
Destaque-se que somente é possível falar que uma norma é
constitucional ou não se ela foi editada e promulgada após a Cons-
tituição Federal em vigor à época. Se uma norma tiver sido editada sob a
égide de uma Constituição Federal já revogada e estiver em consonância
com o atual regramento constitucional, dizemos que ela foi
recepcionada, sendo que continuará a viger.
De outro vértice, se aquela norma estiver em desacordo com a nova
Constituição Federal dizemos que ela não foi recepcionada pela nova
ordem (sendo extirpada tacitamente do ordenamento ju- rídico), sendo
incorreto dizer que ela é inconstitucional.

11
LEGISLAÇÃO
Portanto, tecnicamente, o parâmetro para se afirmarESPECÍFICA
se a nor- ma
infraconstitucional é ou não constitucional é a Constituição Fe- deral
vigente ao tempo em que aquela entrou em vigor. Ressalte-se, contudo,
que não raras vezes doutrina e jurisprudência, afastando-
-se do termo técnico, acabam por utilizar as expressões em questão de
forma indiscriminada.
Importante consignar que em virtude da globalização e das re- gras
de Direito Internacional, surgiu o instituto denominado con- trole de
convencionalidade, que é a verificação de compatibilidade entre a
legislação nacional e as normas de proteção internacional (tratados e
convenções internacionais) ratificadas pelo Governo brasileiro e em
vigor no país.
Continuando a análise do presente tópico, após o advento da EC
n.º 45/04 e a inserção do § 3º ao art. 5º de nossa Constituição Federal,
a doutrina e jurisprudência passaram a conceber status di- ferenciado
para os tratados e convenções internacionais que forem integrados ao
nosso ordenamento, a depender da matéria e forma de votação.
Em se tratando de tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos e que foram inseridos em nosso ordenamento
observando-se as regras de votação atinentes às Emendas Consti-
tucionais (§ 3º do art. 5º, da CF), eles terão status de normas cons-
titucionais.
De outro vértice, se os tratados e convenções internacionais fo- rem
inseridos em nosso ordenamento pátrio segundo as regras de votação
comum, eles ganharão status de norma supralegal, encon- trando-se
acima das leis ordinárias e complementares, mas abaixo das normas de
natureza constitucional.

O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais é essen- cial à INTERPRETAÇÃO E APLICABILIDADE


correta interpretação da Constituição Federal3. É a compreen- são da
aplicabilidade das normas constitucionais que nos permitirá entender
exatamente o alcance e a realizabilidade dos diversos dis- positivos da
Constituição.
Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. To- das
elas são imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas
constitucionais surtem efeitos jurídicos: o que varia entre elas é o grau
de eficácia.
A doutrina americana (clássica) distingue duas espécies de nor- mas
constitucionais quanto à aplicabilidade: as normas autoexecu- táveis
(“self executing”) e as normas não-autoexecutáveis.
As normas autoexecutáveis são normas que podem ser aplica- das
sem a necessidade de qualquer complementação. São normas
completas, bastantes em si mesmas. Já as normas não-autoexecu- táveis
dependem de complementação legislativa antes de serem aplicadas:
são as normas incompletas, as normas programáticas (que definem
diretrizes para as políticas públicas) e as normas de estruturação
(instituem órgãos, mas deixam para a lei a tarefa de organizar o seu
funcionamento).
Embora a doutrina americana seja bastante didática, a classifi-
cação das normas quanto à sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a
proposta pelo Prof. José Afonso da Silva.
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, José
Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em três grupos:
→ normas de eficácia plena;
→ normas de eficácia contida;
→ normas de eficácia limitada.

3 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:j3AAnRpJ4j-
8J:www.estrategiaconcursos.com.br/curso/main/downloadPDF/%3Faula%-
3D188713+&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

12
LEGISLAÇÃO
1) Normas de eficácia plena ESPECÍFICAjurídicoquepoderá, então,limitar odireitodepropriedade;
São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição,
produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos que o
legislador constituinte quis regular. É o caso do art. 2º da CF/88, que diz:
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
As normas de eficácia plena possuem as seguintes caracterís- ticas:
a) são autoaplicáveis, é dizer, elas independem de lei posterior re-
gulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. Isso não quer dizer
que não possa haver lei regulamentadora versando sobre uma norma de
eficácia plena; a lei regulamentadora até pode existir, mas a norma de
eficácia plena já produz todos os seus efeitos de imediato,
independentemente de qualquer tipo de regulamentação;
b) são não-restringíveis, ou seja, caso exista uma lei tratando de
uma norma de eficácia plena, esta não poderá limitar sua apli- cação;
c) possuem aplicabilidade direta (não dependem de norma re-
gulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (estão aptas a
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é pro-
mulgada a Constituição) e integral (não podem sofrer limitações ou
restrições em suaaplicação).

2) Normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva


São normas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde
o momento da promulgação da Constituição, mas que po- dem ser
restringidas por parte do Poder Público. Cabe destacar que a atuação do
legislador, no caso das normas de eficácia contida, é discricionária: ele
não precisa editar a lei, mas poderá fazê-lo.
Um exemplo clássico de norma de eficácia contida é o art.5º, inciso
XIII, da CF/88, segundo o qual “é livre o exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio- nais que a lei
estabelecer”.
Em razão desse dispositivo, é assegurada a liberdade profissio- nal:
desde a promulgação da Constituição, todos já podem exercer qualquer
trabalho, ofício ou profissão. No entanto, a lei poderá es- tabelecer
restrições ao exercício de algumas profissões. Citamos, por exemplo, a
exigência de aprovação no exame da OAB como pré-
-requisito para o exercício da advocacia.
As normas de eficácia contida possuem as seguintes caracte-
rísticas:
a) são autoaplicáveis, ou seja, estão aptas a produzir todos os
seus efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em ou- tras
palavras, não precisam de lei regulamentadora que lhes com- plete o
alcance ou sentido.
Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser publicada, o
direito previsto em uma norma de eficácia contida pode ser exer- citado
de maneira ampla (plena); só depois da regulamentação é que haverá
restrições ao exercício do direito;

b) são restringíveis, isto é, estão sujeitas a limitações ou restri-


ções, que podem ser impostas por:
- uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, é norma de
eficácia contida prevista no art. 9º, da CF/88. Desde a promulgação da
CF/88, o direito de greve já pode exercido pelos trabalhadores do regime
celetista; no entanto, a lei poderá restringi-lo, definindo os “serviços ou
atividades essenciais” e dispondo sobre “o atendi- mento das
necessidades inadiáveis da comunidade”.
- outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prevê a pos-
sibilidade de que sejam impostas restrições a certos direitos e ga- rantias
fundamentais durante o estado de sítio.
- conceitos ético-jurídicos indeterminados: o art. 5º, inciso XXV, da
CF/88 estabelece que, no caso de “iminente perigo público”, o Estado
poderá requisitar propriedade particular. Esse é um conceito ético-

13
LEGISLAÇÃO
c) possuem aplicabilidade direta (não dependem ESPECÍFICA
de norma re- tenham aplicabilidade reduzida e não produzam todos os seus efeitos
gulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (estão aptas a desde a promulgação da Constituição, possuem eficácia ju- rídica.
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promul- gada
a Constituição) e possivelmente não-integral (estão sujeitas a
limitações ou restrições).

3) Normas constitucionais de eficácia limitada


São aquelas que dependem de regulamentação futura para
produzirem todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de eficá- cia
limitada é o art. 37, inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve
dos servidores públicos (“o direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica”).
Ao ler o dispositivo supracitado, é possível perceber que a
Constituição Federal de 1988 outorga aos servidores públicos o di- reito
de greve; no entanto, para que este possa ser exercido, faz-se necessária
a edição de lei ordinária que o regulamente. Assim, en- quanto não
editada essa norma, o direito não pode ser usufruído.
As normas constitucionais de eficácia limitada possuem as se-
guintes características:
a) são não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de complemen-
tação legislativa para que possam produzir os seus efeitos;
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma re-
gulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulgação do
texto constitucional não é suficiente para que possam produzir todos
os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de eficácia res- trito
quando da promulgação da Constituição).

Muito cuidado para não confundir!


As normas de eficácia contida estão aptas a produzir todos os
seus efeitos desde o momento em que a Constituição é promulga- da.
A lei posterior, caso editada, irá restringir a sua aplicação.
As normas de eficácia limitada não estão aptas a
produzirem todos os seus efeitos com a promulgação da Constituição;
elas depen- dem, para isso, de uma lei posterior, que irá ampliar o seu
alcance.

José Afonso da Silva subdivide as normas de eficácia limitada em


dois grupos:
a) normas declaratórias de princípios institutivos ou
organiza- tivos: são aquelas que dependem de lei para estruturar e
organizar as atribuições de instituições, pessoas e órgãos previstos na
Consti- tuição. É o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o
qual “a lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública.”
As normas definidoras de princípios institutivos ou organizati- vos
podem ser impositivas (quando impõem ao legislador uma obri- gação
de elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas (quando
estabelecem mera faculdade ao legislador).
O art. 88, da CF/88, é exemplo de norma impositiva; como
exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, § 3º, CF/88, que
dispõe que a “lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribu- nal
de Justiça, a Justiça Militar estadual”;
b) normas declaratórias de princípios programáticos: são
aquelas que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo
legislador infraconstitucional. Um exemplo é o art. 196 da Carta
Magna (“a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do ris- co de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação”).
Cabe destacar que a presença de normas programáticas na
Constituição Federal é que nos permite classificá-la como uma
Constituição-dirigente.
É importante destacar que as normas de eficácia limitada, em- bora
14
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAou, ainda, o próprio magistrado de ofício.
Guarde bem isso: a eficácia dessas normas é limitada, porém
existente! Diz-se que as normas de eficácia limitada possuem efi- cácia
mínima.
Diante dessa afirmação, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: quais
são os efeitos jurídicos produzidos pelas normas de eficácia limitada?
As normas de eficácia limitada produzem imediatamente, des- de a
promulgação da Constituição, dois tipos de efeitos:
→ efeito negativo;
→ efeito vinculativo.

O efeito negativo consiste na revogação de disposições ante- riores


em sentido contrário e na proibição de leis posteriores que se oponham
a seus comandos. Sobre esse último ponto, vale desta- car que as normas
de eficácia limitada servem de parâmetro para o controle de
constitucionalidade das leis.
O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obrigação de que o
legislador ordinário edite leis regulamentadoras, sob pena de haver
omissão inconstitucional, que pode ser combatida por meio de
mandado de injunção ou Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão.
Ressalte-se que o efeito vinculativo também se manifesta na
obrigação de que o Poder Público concretize as normas programá- ticas
previstas no texto constitucional. A Constituição não pode ser uma mera
“folha de papel”; as normas constitucionais devem re- fletir a realidade
político-social do Estado e as políticas públicas de- vemseguiras diretrizes
traçadas pelo Poder ConstituinteOriginário.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

É a atividade de fiscalização da validade e conformidade das leis e atos


do Poder Público à vista de uma Constituição rígida, desen- volvida por
um ou vários órgãos constitucionalmente designados. É, em síntese, um
conjunto de atos tendentes a garantir a supremacia formal da
Constituição.

Controle Preventivo: Comissões de Constituição e Justiça e


Veto Jurídico

Momento do Controle de Constitucionalidade


Quanto ao momento, o controle de constitucionalidade pode ser
preventivo (a priori) ou repressivo (a posteriori).

No Controle Preventivo, fiscaliza-se a validade do projeto de lei


com o fim de se evitar que seja inserida no ordenamento jurídi- co uma
norma incompatível com a Constituição. Pode ser realizado por todos os
Poderes da República.

Controle Repressivo do Poder Legislativo


No caso do Controle Repressivo, fiscaliza-se a validade de uma
norma já inserida no ordenamento jurídico.
Procura-se expurgar do Direito Posto norma que contraria for- mal
e/ou materialmente o texto constitucional, seu fundamento de
validade.
Pode, também, ser realizado pelos três Poderes da República, bem
assim pelo Tribunal de Contas da União.

Controle Repressivo do Poder Judiciário: o Controle Difuso ou


Aberto
A legitimação ativa no controle difuso é ampla, uma vez que
qualquer das partes (autor e réu) poderá levantar a questão consti-
tucional, bem assim o membro doMinistério Público que oficie no feito

15
LEGISLAÇÃO
Competência do Controle Difuso ESPECÍFICArelevante multipli- cação de processos sobre questão idêntica.
No âmbito do controle difuso, qualquer juiz ou tribunal do País
dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade das leis
e dos atos normativos.
No entanto, quando o processo chega às instâncias superio- res,
um órgão fracionário do tribunal não possui esta competência
(princípio da reserva de plenário, prescrito no Artigo 97, da CF).

Repercussão Geral
Efeitos da Decisão
A princípio, pode-se afirmar que os efeitos da decisão em con- trole
difuso de constitucionalidade realizado por juízes monocráti- cos e
tribunais, inclusive o próprio STF, são inter partes (alcançando apenas o
autor e o réu), e ex tunc (não retroativos).
Contudo, em se tratando especificamente de julgamento de
recurso extraordinário (RE) pelo STF, deve-se observar qual o re-
gime a que se submete, se anterior ou posterior ao requisito da
repercussão geral da matéria constitucional guerreada (Artigo 102,
§ 3º, da CF).

Recurso Extraordinário
Se o RE é anterior à exigência da repercussão geral, os efeitos da
decisão proferida nesta ação seguirão a regra geral, vale dizer, serão
inter parte e ex tunc.
No entanto, ainda haverá a possibilidade da extensão dos efei- tos
da decisão a terceiros não integrantes da relação jurídico-pro- cessual
primitiva, por meio da suspensão da execução da lei pelo
Senado Federal, nos termos do Artigo 52, X, da CF.
De outra banda, se o julgamento do RE obedece à sistemática
trazida pelo regime da repercussão geral, a decisão passa a produzir
eficácia erga omnes (alcançando todos que se encontram na mes-
ma situação jurídica).
Como a Constituição Federal (Artigo 102, § 3º) passa a exigir do
recorrente a demonstração da repercussão geral das questões consti-
tucionais discutidas, vale dizer, que o interesse da demanda transcen- da os
meros interesses particulares, nada mais razoável que a questão
constitucional guerreada, alcance efeitos extra partes.
Nesse contexto, as razões de decidir do STF que levaram à
declaração de inconstitucionalidade da lei transcendem às partes
envolvidas para assumir uma eficácia generalizada – erga omnes,
independentemente de Resolução do Senado.
É o que se denomina transcendência dos motivos determinan-
tes da decisão no controle difuso de constitucionalidade.

Súmula Vinculante
As decisões proferidas pelo STF no controle difuso de consti-
tucionalidade não são dotadas de força vinculante em relação ao
Poder Judiciário, tampouco perante a Administração Pública.
No intuito de conferir autoridade às decisões relevantes do
Pretório Excelso, a Emenda Constitucional nº 45/2004 criou a figura da
Súmula Vinculante, nos termos do Artigo 103-A, da CF:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou
por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
aprovar sú- mula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à ad- ministração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e
a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
controvér- sia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e

16
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA PODEM SER OBJETO DE ADI
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a apro- Emendas constitucionais de reforma, emendas constitucionais de
vação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada
revisão, tratados internacionais equipados às emendas, leis or- dinárias,
por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionali-
dade. leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a legislativos, resoluções, tratados internacionais não equi- parados às
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclama- emendas, decretos autônomos, regimentos internos dos tribunais,
ção ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anu- Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal.
lará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada,
e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC
súmula, conforme o caso. A Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC foi criada pela
Emenda Constitucional nº 3/1993, no intuito de se outorgar a certos
REQUISITOS PARA APROVAÇÃO DE UMA legitimados (Artigo 103, I a IX, da CF), o poder de requerer ao STF o
SÚMULA VINCULANTE reconhecimento da constitucionalidade de uma norma federal,
para encerrar, definitivamente, relevante controvérsia ju- dicial sobre
Quórum de 2/3 dos membros do STF (mínimo de oito
sua validade, haja vista que a decisão do STF nessa ação produzirá eficácia
ministros);
erga omnes e efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Reiteradas decisões sobre matéria constitucional; Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas
Controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a federal, estadual e municipal.
Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. Legitimação Ativa
Podem propor ADC os mesmos legitimados da ADI (Artigo 103, I ao IX,
Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica - ADI ou ADIN da CF).
A Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica – ADI, ou, tão somente,
Ação Direta de Inconstitucionalidade, tem por fim retirar do Objeto
ordenamento jurídico uma lei ou ato normativo federal ou esta- A ADC só se presta para a aferição da constitucionalidade de leis e
dual que desrespeita a Constituição Federal. atos normativos federais (Artigo 102, I, a, da CF).
• Legitimação Ativa Não se admite, em sede de ADC, a aferição da constitucionali- dade
Podem propor ADI um dos legitimados pela Constituição Fede- ral de normas estaduais, distritais e municipais.
enumerados no Artigo 103, I ao IX:
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental –
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade ADPF
e a ação declaratória de constitucionalidade: Determina a Constituição Federal que a arguição de descumpri- mento
I - o Presidente da República; de preceito fundamental (ADPF) será apreciada pelo STF, na forma da lei
II - a Mesa do Senado Federal; (Artigo 102, § 1º).
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; A expressão “na forma da lei” demonstra tratar-se de uma nor- ma
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa constitucional de eficácia limitada, no caso, definidora de princí- pio
do Distrito Federal;
institutivo, que foi regulamentada pela Lei nº 9.882/99.
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
Legitimação Ativa
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
Poderão impetrar a ADPF os mesmos legitimados para proposi- tura da
VIII - partido político com representação no Congresso Nacio-
nal; ADI (Artigo 103, I a IX, da CF).
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito na-
cional. Objeto
De acordo com o Artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, será cabível a ADPF
O quadro abaixo traz dicas para memorização de tal legitima- em três hipóteses distintas, a saber:
ção: a) para evitar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público (ADPF autônoma preventiva);
PODEM PROPOR A AÇÃO DIRETA DE b) para reparar lesão a preceito fundamental, resultante de
INCONSTITUCIONALIDADE ato do Poder Público (ADPF autônoma repressiva);
c) diante de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou ato
3 autoridades → Presidente da República, Governadores, PGR normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anterio- res à
3 mesas → Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos Constituição Federal de 1988 (ADPF incidental).
Deputados, Mesas das Assembleias Legislativas
3 instituições → Conselho Federal da OAB, partido político com CONCEITO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
representação no Congresso Nacional, confederação sindical ou Apesar de não haver um delineamento objetivo do que sejam
entidade de classe de âmbito nacional preceitos fundamentais, tarefa que cabe à Suprema Corte, a doutri- na
identifica como preceitos fundamentais na Constituição:
Objeto a) os princípios fundamentais do Título I (Artigos 1º ao 4º);
Por força de determinação constitucional, podem ser objeto de ADI, b) os direitos e garantias fundamentais (espalhados por todo o
leis e atos normativos federais e estaduais (Artigo 102, I, a, da CF). texto constitucional);
c) os princípios constitucionais sensíveis (Artigo 34, VII);
d) as cláusulas pétreas (Artigo 60, § 4º);

17
LEGISLAÇÃO
e) as limitações materiais implícitas. ESPECÍFICA

18
LEGISLAÇÃO
Modalidades de ADPF ESPECÍFICAem sede de controle concentrado de constitucionalidade, a Excelsa Corte
admite o ajuizamento de reclamação, nos termos do Artigo
Da leitura do Artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, percebemos a exis-
tência de duas modalidades de ADPF:
a) arguição autônoma (com natureza de ação, que tem por fim
evitar ou reparar lesão a preceito fundamental);
b) arguição incidental (que pressupõe a existência de uma
ação original).

Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO


A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO é
medida que tem por fim tornar efetivas, certas normas constitu-
cionais, por meio do reconhecimento da inconstitucionalidade da
omissão do legislador infraconstitucional quanto ao seu dever de
regulamentar dispositivos constitucionais (Artigo 103, § 2º, da CF). Nessas
circunstâncias, um dos legitimados (Artigo 103, I ao IX,
da CF) poderá propor ADO perante o STF, para que reconheça a in-
constitucionalidade da mora do órgão encarregado de regulamen- tar
determinadas normas constitucionais.
A hipótese mais comum de inconstitucionalidade por omissão é a da
não edição de ato legislativo necessário à plena eficácia da norma
constitucional. Nada obsta, contudo, a possibilidade da pró- pria
Constituição exigir direta e imediatamente a tomada de medi- das
administrativas concretas necessárias à sua inteira efetividade,
exigíveis independentemente da edição de leis, o que não impede a
impetração da aludida ação em face da ausência do ato adminis-
trativo regulamentador.

Legitimação Ativa
Podem propor a ADO os mesmos legitimados à propositura da ADI
(Artigo 103, I a IX, da CF).

Objeto
De igual forma àADI, na ADO só poderão ser impugnadas omis- sões do
legislador federal e estadual quanto ao seu dever constitu- cional de
legislar, bem assim do Distrito Federal, desde que referen- te ao
exercício de atribuição estadual.
As omissões de órgãos municipais não se sujeitam à impugna- ção
por meio da ADO perante o STF.

Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva


No Brasil, a regra é o exercício da plena autonomia de um ente
federado. No entanto, a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios poderá ser temporariamente afastada, nas hipó- teses
excepcionais em que a Constituição Federal admite o proces- so de
intervenção de um ente federativo sobre outro.
A representação interventiva, também denominada de Ação
Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (Artigo 36, III, da CF), é a ação
destinada a aferir legitimidade ao processo de intervenção, que pode
ocorrer em duas hipóteses constitucionais:
a) ofensa aos princípios constitucionais sensíveis (Artigo 34, VII, da CF);
b) recusa à execução de lei federal (Artigo 34, VI, da CF). Nestas
duas situações, a intervenção federal dependerá de pro-
vimento pelo Supremo Tribunal Federal de representação interven-
tiva proposta pelo procurador-geral da República.
A Lei nº 12.562/2011, veio regulamentar o inciso III do Artigo 36da
CF, dispondo sobre o processo e julgamento da representação
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal.

Reclamação Constitucional
A fim de garantir a autoridade da decisão proferida pelo STF,

19
LEGISLAÇÃO
102, I, “l” , da CF (competência originária do STF), desde que o ato
ESPECÍFICA
judicial que se alega tenha desrespeitado a decisão do STF não te- nha
sido transitado em julgado
Para se ter um exemplo da amplitude da perspectiva do insti- tuto
da reclamação, havendo efeito vinculante perante até mesmo a
Administração Pública, temos sustentado a possibilidade de ajui-
zamento de Reclamação em face de ato de Prefeito que contraria
decisão proferida pelo STF com caráter vinculante.
Nessa linha de ampliação do instituto da reclamação, destaca-
mos o Artigo 103-A, § 3º, da CF (já disposto aqui anteriormente).

• Natureza Jurídica do Instituto da Reclamação


Trata-se a reclamação de verdadeiro exercício constitucional
de direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito
ou contra a ilegalidade ou abuso de poder (Artigo 5º, XXXIV, a, da
CF).
Assim, a reclamação nada mais é do que um instrumento de
caráter mandamental e natureza constitucional.

Referências
Bibliográficas: BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo.
Noções de Direito Cons- titucional e de Direito
Administrativo. Coleção Tribunais e MPU.
Salvador: Editora
JusPODIVM. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional
Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de
Janeiro: Elsevier.

Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. DIREITOS E GARAN-
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- cos TIAS FUNDAMENTAIS
em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados no texto
constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são estabelecidas
na mesma Constituição Federal como instrumento de proteção dos
direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- ratório.

Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais

Direitos Fundamentais de Primeira Geração


Possuem as seguintes características:
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- ram
todo o século XIX;
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição ao
Estado Absoluto;
c) estão ligados ao ideal de liberdade;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado em
favor das liberdades públicas;

e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro-


teção em face da ação opressora do Estado;
f) são os direitos civis e políticos.

Direitos Fundamentais de Segunda Geração


Possuem as seguintes características:
a) surgiram no início do século XX;
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao
Estado Liberal;
c) estão ligados ao ideal de igualdade;
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
positiva do Estado;
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
20
LEGISLAÇÃO
físicas e jurídicas de Direito Privado.
Direitos Fundamentais de Terceira Geração ESPECÍFICA
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- neos),
nascendo os direitosfundamentais de terceira geração.

Direitos Metaindividuais
Natureza Destinatários
Difusos Indivisível Indeterminados
Coletivos Indivisível Determináveis ligados
por uma relação
jurídica
Individuais Divisível Determinados ligados
Homogêneos por uma situação fática

Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se- guintes


características:
a) surgiram no século XX;
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), que
deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos bens da
coletividade;
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes povos
uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de interesse
coletivo;
d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente, de
autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani- dade, do
patrimônio histórico e cultural, etc.

Direitos Fundamentais de Quarta Geração


Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his- tórico
que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera- ção. Eles
estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo. Também são
transindividuais.

Direitos Fundamentais de Quinta Geração


Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen- taria o
direito fundamental de quinta geração.

Características dos Direitos e Garantias Fundamentais


São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
índole evolutiva;
b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
dentemente de características pessoais;
c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen- do
pelo decurso do tempo.

Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais


Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
compatíveis com a sua natureza.

Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais


Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- dos nas
relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- do pessoas
21
LEGISLAÇÃO
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias ESPECÍFICAmoção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
Fundamentais expressão.
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons-
tituição (princípio da reserva legal).

Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais


O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade-
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos na
Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- creto,
preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente consagrados.

Os quatro status de Jellinek


a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo encontra-
-se em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- do-se
como detentor de deveres para com o Estado;
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade de
atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em seu
favor;
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for-
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- tos
políticos, manifestados principalmente por meio do voto.

Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º da CF. Ve-


jamos:

TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residen- tes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualda- de, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes: (. )

Direito à Vida
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito de
permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exemplo, na
vedaçãoàpenademorte(salvoem casodeguerradeclarada).
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura,
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.

Direito à Liberdade
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- tude de
lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia privada.
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende,
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco-

22
LEGISLAÇÃO
Direito à Igualdade ESPECÍFICAhigiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui- ção para qualquer fim;
Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve ser V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade formal. trabalho;
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce- didos VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
aos membros da coletividade por meio da norma. ou acordo coletivo;
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca da VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o jurídico. É percebem remuneração variável;
a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o princípio da VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e desigualmente os ou no valor da aposentadoria;
desiguais na medida em que eles se desigualam. IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover a
retenção dolosa;
igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis que, XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
atentos às características dos grupos menos favorecidos, com- pensassem muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
as desigualdades decorrentes do processo histórico da formação social. sa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
Direito à Privacidade dor de baixa renda nos termos da lei;
Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero, do XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima- gem. De diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura- horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente de coletiva de trabalho;
sua violação. XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
Direito à Honra
mingos;
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por tal mo, em cinquenta por cento à do normal;
motivo, são previstos no Código Penal. XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal;
Direito de Propriedade XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri- ções, com a duração de cento e vinte dias;
como por exemplo, de que se atenda à função social da pro- priedade. XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Também se enquadram como espécies de restrição do direito de XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco e o usucapião. centivos específicos, nos termos da lei;
Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu- ram a XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
intelectual) e os direitos reativos à herança. XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
mas de saúde, higiene e segurança;
Referências Bibliográficas: XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- insalubres ou perigosas, na forma da lei;
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
Os direitos sociais estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Ve- jamos: XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
CAPÍTULO II trabalho;
DOS DIREITOS SOCIAIS XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- incorrer em dolo ou culpa;
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de contrato de trabalho;
outros que visem à melhoria de sua condição social: a) (Revogada).
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária b) (Revogada).
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções
indenização compensatória, dentre outros direitos; e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; civil;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, intelectual ou entre os profissionais respectivos;

23
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA determinado grau de concretização de um direito social, fica o le-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
gislador proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
criação de mecanismos equivalentes chamados de medias
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo compensatórias.
empregatício permanente e o trabalhador avulso. → Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no óbice
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, do financeiramente possível.
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI → Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di-
e XXXIII e, reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin-
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi- secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces- previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não se
sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na estrutura
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua dos serviços púbicos essenciais.
integração à previdência social.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
Referências Bibliográficas:
o seguinte:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti- gos
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco- 12 a 13 da CF. Vejamos:
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à CAPÍTULO III
área de um Município; DA NACIONALIDADE
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou Art. 12. São brasileiros:
administrativas; I - natos:
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
dependentemente da contribuição prevista em lei; ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a tiva do Brasil;
sindicato; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
coletivas de trabalho; petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
organizações sindicais; nacionalidade brasileira;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- II - naturalizados:
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
as condições que a lei estabelecer. tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- brasileira.
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
resses que devam por meio dele defender. houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. tituição.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
da lei. natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
deliberação. III - de Presidente do Senado Federal;
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade V - da carreira diplomática;
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- VI - de oficial das Forças Armadas.
gadores. VII - de Ministro de Estado da Defesa.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: que:
→ Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela im- I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em

possibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado

24
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
LEGISLAÇÃO
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
ESPECÍFICA

25
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa- zer
trangeira;
distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às seguintes
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para hipóteses:
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- Função noConselho daRepública→ Artigo 89,VII, CF;
derativa do Brasil. Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter Perda da Nacionalidade
símbolos próprios. O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que apenas
poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas na CF, sob
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público pena de manifesta inconstitucionalidade.
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di-
mensão pessoal do Estado (o seu povo). Dupla Nacionalidade
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei- ros O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção por
natos enaturalizados. outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan- do o
nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
Espécies de Nacionalidade Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
São duas as espécies de nacionalidade: Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá- cionalidade.
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento.
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado na sua Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88. Nacionais do Brasil.
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti- Referências Bibliográficas:
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre as
duas:
Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti- gos 14
a 16. Seguem abaixo:
Nacionalidade
Primária Secundária CAPÍTULO IV
Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos DOS DIREITOS POLÍTICOS
constitucionais constitucionais
Igual os Direitos Se houver 1) Residência permanente
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado dos Brasileiros no Brasil;
Naturalizados 2) Reciprocidade aos
Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio- brasileiros em Portugal.
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
origem territorial (ius solis).
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie-
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas- cidos
no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a
nacionalidade dos genitores.
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili-
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau- tada
no ius sanguinis.

Portugueses Residentes no Brasil


O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu-
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.

Portugueses Equiparados

26
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
univer- sal e pelo voto direto e secreto, com valorLEGISLAÇÃO
igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante: ESPECÍFICA
I-
plebiscito;
II -
referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito
anos; II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
du- rante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da
lei: I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na
circunscrição; V - a filiação
partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
Re- pública e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado
e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

27
LEGISLAÇÃO
d) dezoito anos para Vereador. ESPECÍFICA São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
constitucionais que permitem o exercício concreto da participação do
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
povo nos negócios políticos do Estado.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único Capacidade Eleitoral Ativa
período subsequente. Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao na- cional a
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
Alistamento Eleitoral e Voto
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já 14, §2º
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Maiores de 18 e Maiores de 16 e Estrangeiros
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
menores de 70 menores de 18 anos (com exceção
dições:
anos Maiores de 70 anos aos portugueses
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade; Analfabetos equiparados,
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela constantes no Artigo
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato 12, §1º da CF)
da diplomação, para a inatividade. Conscritos (aqueles
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi- convocados para
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade o serviço militar
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside- obrigatório)
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do Características do Voto
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com valor
indireta. igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Elei-
toral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação Capacidade Eleitoral Passiva
com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas- siva
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para cargos
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF.
manifesta má-fé.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições munici- O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as duas
pais as consultas populares sobre questões locais aprovadas pelas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no-
venta) dias antes da data das eleições, observados os limites ope- Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
racionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 111, de 2021) Alistabilidade Elegibilidade
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões Direito de votar Direito de ser votado
submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão
durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda Inelegibilidades
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio- A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito de ser
nal nº 111, de 2021) votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man- datos
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
Inelegibilidade Absoluta
julgado;
Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab- soluta
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo e, em virtude
rarem seus efeitos; de natureza excepcional, somente pode ser estabele- cida na
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação ConstituiçãoFederal.
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor Inelegibilidade Relativa
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi- nados
até um ano da data de sua vigência. cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se encontra o
cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela- → Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do Poder
cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais, Executivo (Artigo 14, §5º, CF);
consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de → Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli- cada
participação no processo político e nos órgãos governamentais. apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF);

28
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
→ Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
motivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não incide III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§7º, CF). § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
Condição de Militar e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber: lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
atividade; de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da
Constitucional nº 97, de 2017)
diplomação, para a inatividade.
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju-
rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares Superior Eleitoral.
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O quadro § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
abaixo serve como exemplo: acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 97, de 2017)
Militares – Exceto os Conscritos I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
Menos de 10 anos Registro da candidatura → mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
Inatividade menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído
Mais de 10 anos Registro dacandidatura →
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Agregado II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis-
Na diplomação → Inatividade tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Privação dos Direitos Políticos § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza-
De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado dos ção paramilitar.
seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo que, neste § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre-
caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende- rá do exercício vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a fi-
de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista- mento eleitoral. liação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingi-
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar por do, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se dará
e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta- ção do
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Depu- tados
suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão. Vejamos: Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido pelo qual tenham
sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de anuência do partido
Privação dos Direitos Políticos ou de outras hipóteses de justa causa estabele- cidas em lei, não
Perda Suspensão computada, em qualquer caso, a migração de par- tido para fins de
distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros fundos
Privação por prazo Privação por prazo públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão. (Incluído pela
indeterminado determinado Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos direitos
políticos depende de um novo políticos se dá De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par- tido
alistamento eleitoral automaticamente político é uma forma de agremiação de um grupo social que se propõe
a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de
Referências Bibliográficas: assumir o poder para realizar seu programa de go- verno.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia- ção a
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. partido político é uma das condições de elegibilidade.
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar acima
das características pessoais do candidato.
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF. Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí- tico
Vejamos: uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união ou
agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e políticas,
CAPÍTULO V organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade.
DOS PARTIDOS POLÍTICOS Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti- dos
políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem o partido
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a assegurar, no
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
representativo e a defender os direitos fundamentais defi- nidos na
humana e observados os seguintes preceitos:
ConstituiçãoFederal.
I - caráter nacional;

29
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Mandado de Injunção
A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos, uma O mandado de injunção é a ação constitucional impetrada por
vez que são instituições indispensáveis para concretização do Estado pessoa física ou jurídica, ou ente despersonalizado, que objetive sa- nar a
democrático de direito, muito embora restrinja a utilização de
falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos
organização paramilitar.
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas ineren- tes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
Basicamente, pode-se dizer que o mandado de injunção é ajui- zado
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: em face das normas de eficácia limitada, que são aquelas que possuem
Editora JusPODIVM. aplicabilidade indireta, mediata e reduzida (não direta, não imediata e
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- não integral), pois exigem norma infraconstitucio- nal, que, até hoje,
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. não existe.
É regulado pela Lei 13.300/2016.
Remédios e Garantias Constitucionais
As ações constitucionais dispostas no Artigo 5º da CF também são Ação Popular
conhecidas como remédios constitucionais, porque servem para “curar A ação popular é o remédio constitucional ajuizado por qual- quer
a doença” do descumprimento de direitos fundamen- tais. cidadão, que tenha por objetivo anular ato lesivo ao patrimô- nio
Em outras palavras, são instrumentos colocados à disposição dos público ou de entidade de que o Estado participe, à moralida- de
indivíduos para garantir o cumprimento dos direitos fundamen- tais. administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
Habeas Corpus ônus da sucumbência.
O habeas corpus é a ação constitucional que tutela o direito A ação popular será regulamentada infraconstitucionalmente pela
fundamental à liberdade ambulatorial, ou seja, o direito de ir, vir e Lei 4.717/65.
estar/permanecer em algumlugar.
De acordo com o texto constitucional, o habeas corpus pode Direitos Constitucionais-Penais e Garantias Constitucionais do
ser: Processo
→ Preventivo: “sempre que alguém se achar ameaçado de so-
frer”; Direitos Constitucionais Penais
→ Repressivo: “sempre que alguém sofrer”. A Constituição Federal de 1988, no capítulo referente aos direi- tos e
Ambos em relação a violência ou coação em sua liberdade de deveres individuai e coletivos, definiu vários princípios consti- tucionais
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. penais, garantidores de garantias aos cidadãos quando o Estado é
obrigado a colocar em prática o jus puniendi, para que não existam
Habeas Data arbitrariedades e nem regimes de exceção4. São eles:
O habeas data é a ação constitucional impetrada por pessoa física Dignidade da pessoa humana, Igualdade ou isonomia, Legali- dade e
ou jurídica, que tenha por objetivo assegurar o conhecimento de anterioridade, Irretroatividade da lei penal, Personalidade da pena,
informações sobre si, constantes de registros ou banco de dados de Individualização da pena, Humanidade, Intervenção míni- ma, Alteridade,
entidades governamentais ou de caráter público, ou para retifi- cação de Culpabilidade, Proporcionalidade, Ofensividade ou lesividade,
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou Insignificância e Adequação social.
administrativo. Tais princípios são norteadores da atuação Estatal no campo penal,
Esse remédio constitucional está regulamentado pela Lei para a garantia de um processo imparcial e justo, afastando qualquer
9.507/97, que disciplina o direito de acesso a informações e o rito punição exacerbada e desmedida quando da aplicação da pena e
processual do habeasdata. garantidor do devido processo legal, amparado no contradi- tório e na
ampla defesa. Fundamentos de um Estado Democrático de Direito.
Mandado de Segurança Assim, a observância dos princípios constitucionais penais é de suma
O mandado de segurança individual é a ação constitucional im- importância para a garantia dos direitos fundamentais e para a aplicação
petrada por pessoa física ou jurídica, ou ente despersonalizado, que busca da lei penal, sendo, pois, repetido no Código Penal e nas demais leis, como
a tutela de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou forma de concretização da Justiça.
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de Garantias Constitucionais do Processo
atribuições do Poder Público. No art. 5º da Constituição da República, entre os direitos fun-
Observa-se, portanto, que o mandado de segurança tem cabi- damentais, estão estabelecidos os princípios constitucionais básicos do
mento subsidiário. É disciplinado pela Lei 12.016/09. processo justo, quais sejam: a garantia de pleno acesso à justiça, a garantia
do juiz natural (não haverá juízo ou Tribunal de exceção), ninguém será
Mandado de Segurança Coletivo processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, a
O mandado de segurança coletivo é a ação constitucional im- garantia do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, a
petrada por partido político com representação no Congresso Na- cional, vedação das provas ilícitas, a garantia de publici- dade dos atos processuais
organização sindical, entidade de classe ou associação legal- mente (exigência de fundamentação de todas as decisões judiciais), o dever de
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano (em defesa dos assistência jurídica integral e gratuita a todos que comprovarem
interesses de seus membros ou associados), que busca a tutela de direito insuficiência de recursos, a garantia de duração razoável do processo e da
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, adoção de meios para assegurar a celeridade de sua tramitação5.
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
4 http://iccs.com.br/dos-principios-constitucionais-penais-rodrigo-otavio-dos-
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
-reis-chediak/
atribuições do Poder Público. 5 COSTA, Miguel do Nascimento. Das garantias constitucionais e o devido pro-

30
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
Possível, ainda, apontar-se outros princípios constitucionais do
processo justo, como o direito à representação técnica e à paridade de ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
armas.
O modelo mínimo de processo, no Estado Democrático de Di- reito, Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa-
portanto, somente pode ser buscado na Constituição. A fiel observância ção
do direito ao processo justo é condição indispensável A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po-

para produzir decisões justas, ou seja, trata-se de elemento neces- der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso
sário, embora não único e suficiente, para se assegurar justiça ao caso concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes
concreto. autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo de
O direito ao processo justo, portanto, constitui direito à orga- Estado unitário ou um Estado Federado.
nização de um processo justo, tarefa do legislador infraconstitucio- nal,
do administrador da justiça e do órgão jurisdicional. Assim, a Estado Unitário
consecução do direito ao processo justo depende de sua própria Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um único
viabilização pelo Estado Democrático de Direito, mediante a edição de centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá- ria, do qual
normas, a administração da estrutura judicante e pela própria atuação emanam todos os comandos normativos e no qual se concentram todas
jurisdicional. as competências constitucionais (exemplos: Uru- guai, e Brasil Colônia,
com a Constituição de 1824, até a Proclama- ção da República, com a
Ação Civil Pública Constituição de 1891).
Destacam-se os seguintes aspectos sobre a ação civil pública: O Estado Unitário pode ser classificado em:
a) Regulamentação: é regulada pela Lei nº 7.347/1985, encon- a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
trando assento constitucional no art. 129, III, da Lei Fundamental, como somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
uma das funções institucionais do Ministério Público. Trata-se de diciário, exercido de forma central;
instrumento colocado à disposição do órgão ministerial e de ou- tros b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for-
legitimados ativos para a tutela de quaisquer direitos difusos, coletivos mação de entes regionais com autonomia para exercer questões
ou individuais homogêneos. administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con- cede a
b) Cabimento: de acordo com o art. 1º, da Lei nº 7.347/1985, é autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva- mente ao
cabível ação civil pública em caso de danos patrimoniais e morais poder central.
causados: a) ao meio ambiente (inciso I); b) ao consumidor (inciso II); c) a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e Estado Federativo – Federação
paisagístico (inciso III); d) a qualquer outro interesse difuso ou coletivo Também chamados de federados, complexos ou compostos, são
(inciso IV); e) por infração da ordem econômica e da econo- mia popular aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi- nistrativa
(inciso V); f) à ordem urbanística (inciso VI); g) à honra e à dignidade de são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que passam a gozar
grupos raciais, étnicos ou religiosos (inciso VII); e de autonomias próprias (e não soberanias).
h) ao patrimônio público e social (inciso VIII). O inciso IV, ao utilizar a Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega- ção
expressão “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”, torna o rol da voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados, mas se
ACP meramente exemplificativo, o que permite falar em um “princípio originam na própria Constituição, o que impede a retirada de
da não taxatividade da ação civil pública”. Ademais, a in- clusão de competências por ato voluntário do poder central.
expressões abertas, como “patrimônio público e social” (Lei nº O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
13.004/2014), somente confirma tal postulado.
c) Objeto: conforme o art. 3º, LACP, a ação civil poderá ter por
FORMAS DE ESTADO
objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer. Unitário
d) Utilização como instrumento de controle difuso-concreto de Único centro de onde emana o poder estatal
constitucionalidade: na doutrina, em geral, há forte discussão, mas o STF e
Puro Descentralizado
o STJ entendem, de forma pacífica, que as ações coletivas, dentre elas a
ação civil pública, podem ser utilizadas como instru- mento de controle Não há delegação de compe-
Há delegação de competências
difuso-concreto de constitucionalidade. Todavia, mostra-se forçoso tências
lembrar que, na ação civil pública, a declaração de inconstitucionalidade Federado
apenas poderá ser causa de pedir, jamais podendo constar do próprio
O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a
pedido da ação. Caso contrário, have- ria usurpação da competência do
entes regionais autônomos
Supremo Tribunal Federal, pois se permitiria a um juiz de primeira
instância realizar juízo de compe- tência exclusiva do STF.
Confederação
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera- nos,
Referências Bibliográficas: que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per- cebe-se o
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida- de do pacto
Direito Cons- titucional e de Direito Administrativo. Coleção
internacional pelos Estados soberanos que o integram, a partir de um
Tribunais e MPU.
Salvador: Editora JusPODIVM. juízo interno de conveniência.

31
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
cesso no Estado liberal aos direitos fundamentais e o processo justo no Estado
Democrático de Direito. Revista da AJURIS – Porto Alegre, v. 42, n. 139, dezem-
bro, 2015.

32
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Vedação aos Entes Federados
Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e uma Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos entes
Confederação: da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em-
Formada por uma Formada por um trato
baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
Constituição internacional sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
Os Estados que o da lei, a colaboração de interesse público;
Os entes regionais gozam de II - recusar fé aos documentos públicos;
integram mantêm sua
autonomia III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
soberania
Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto
Repartição de Competências Constitucionais
federativo internacional
A Repartição de competências é a técnica de distribuição de
competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes
O Federalismo Brasileiro
federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do
Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF:
território nacional.
Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um
TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO campo específico.
A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a
CAPÍTULO I administrativa, legislativa e a tributária.
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA → Competência administrativa ou material: refere-se à execu-
ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe- concretamente sobre a matéria;
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede- → Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor- mas
ção. gerais e abstratas sobre determinado campo;
§ 1º Brasília é a Capital Federal. → Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri-
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, butos.
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem se-
rão reguladas em lei complementar.
Técnica da Repartição de Competência
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à União
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da CF), aos
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na- Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios, as questões de
cional, por lei complementar. predominante interesse local (Artigo 30 da CF).
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com-
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período deter- petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados-
minado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta -membros a chamada competência residual, remanescente, não
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvi- enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF).
dos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apre- Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu as
sentados e publicados na forma da lei. competências previstas para os estados e os municípios, denomi- nada de
competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF).
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político-
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,
Organização do Estado – União
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- nomos (não
A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte
soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe- derativa de
integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca-
Estado.
pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno, auto
Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos- legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da CF).
sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre
A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos:
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado
federal. Daí, têm-se os seguintes elementos:
CAPÍTULO
→ Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem as II DA UNIÃO
Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma- rem suas
Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF); Art. 20. São bens da União:
→ Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e atribuídos;
municipais (Artigos 22 e 24 da CF); II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
→ Auto governo: os Estados membros terão seus Governado- res e fortificações e construções militares, das vias federais de comu- nicação e
Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre- feitos e à preservação ambiental, definidas em lei;
Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
→ Auto administração: os membros da federação podem pres- tar domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
e manter serviços próprios, atendendo às competências admi- outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23. provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
33
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi- co do
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí- das, destas, as
que contenham a sede de Municípios, exceto aque- las áreas afetadas ao
serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26,
II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII
- os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios a participação no resultado da ex- ploração de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica e de outros recursos minerais no res- pectivo território,
plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
ou compensação financeira por essa explora- ção. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 102, de 2019)
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo
das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é
considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua
ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; III -
assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for- ças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma- neçam
temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- ção
federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as ope- rações
de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e
capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- ção
do território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador
e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- mento
energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- dos onde se
situam os potenciais hidro energéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
tuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- tos
brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi- tes de
Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
cional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

34
LEGISLAÇÃO
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polí- cia
ESPECÍFICA XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como o exercício de profissões;
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execu- ção de
serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- ve
habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de
viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comér- cio
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes
princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrí- colas e
industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
existência de culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
atividade de garimpagem, em forma associativa.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em
tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifu-
são;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va-
lores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII
- nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de
estrangeiros;
35
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAconcorrentemente sobre:
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem
como organização administrativa destes;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- lícias
militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV
- registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos doart. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima,
defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- dos a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri- to
Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- tural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- quer
de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
cimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melho- ria
das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginaliza- ção,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu- rança
do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbitonacional.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- gislar
36
LEGISLAÇÃO
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
ESPECÍFICA interessecomum.
banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses; V
- produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- fesa
do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
tico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís- tico
e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emen- da
Constitucional nº 85, de 2015)
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII
- assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI -organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de
2019)
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas ge- rais
não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº 13.874,
de 2019)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas pe-
culiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide Lei nº
13.874, de 2019)

Organização do Estado – Estados


Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público
interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto-
-organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF),
autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e
parágrafos da CF).
Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Ar-
tigos 25 a 28:

CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- ções


e leis que adotarem, observados os princípios desta Consti- tuição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- grar
a organização, o planejamento e a execução de funções públi- cas de
37
LEGISLAÇÃO
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
ESPECÍFICAterços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten-
didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor- rentes de
obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu
domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou
terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Art.
27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor- responderá ao
triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e,
atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleito- ral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de
iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, seten- ta e
cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os De- putados
Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153,
III, e 153, § 2º, I.
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regi- mento
interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os
respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legis- lativo
estadual.
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es- tado,
para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro domingo
de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér- mino do mandato
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de janeiro do ano
subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77 desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti- tucional nº 111, de
2021)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou
função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse
em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e
V.
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Se-
cretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembleia
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
III, e 153, § 2º, I.

Organização do Estado – Municípios


Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en- tes
federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos ao elencar
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios como integrantes
da Federação brasileira.
Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem auto-
organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da CF),
autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração (Artigo 30
da CF).
A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos Artigos
29 a 31. Vejamos:

CAPÍTULO IV
DOS MUNICÍPIOS

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois


turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois

38
LEGISLAÇÃO
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
ESPECÍFICA1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
reali- zado em todo o País; de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
no caso de Mu- nicípios com mais de duzentos mil eleitores; 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
do ano subsequente ao da eleição; 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será milhões) de habitantes;
observa- do o limite máximo de:
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
(quinze mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
habitantes;
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil)
habitantes;
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte
mil) habi- tantes;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento
sessenta mil) habitantes;
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
(trezen- tos mil) habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
de
300.00 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos
e cinquenta mil) habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
de
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até
600.000 (seiscentos mil) habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
de
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000
(setecentos cinquenta mil) habitantes;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
de
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
(novecentos mil) habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
de
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
milhão e cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
de
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
de
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil)
habitantes e de até
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes
e de até
39
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 100.000 (cem mil) habitantes;
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
milhões) de habitantes; 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
milhões) de habitantes; IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi- 3.00.00 (três milhões) de habitantes;
lhões) de habitantes; V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais 3.00.01 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi-
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito tantes;
milhões) de habitantes; e VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni-
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha-
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; bitantes.
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu- § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cen-
nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado to de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; subsídio de seus Vereadores.
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ- § 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser- I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or-
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo çamentária.
dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De- § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câ-
putados Estaduais; mara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o Art. 30. Compete aos Municípios:
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento I - legislar sobre assuntos de interesse local;
do subsídio dos Deputados Estaduais; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por estadual;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi- são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub- do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por tal;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
do Município; rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras da ocupação do solo urbano;
e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
Estado para os membros da Assembleia Legislativa; de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ-
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou
mara Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no planeja- dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
mento municipal; § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de preva-
do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, lecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
pelo menos, cinco por cento do eleitorado; § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa- anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e
rágrafo único. apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos ter-
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, mos da lei.
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com ina- § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
tivos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao Contas Municipais.
somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5
o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exer-
cício anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
(Vide Emenda Constitucional nº 109, de 2021) (Vigência)

40
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO VI
Organização do Estado - Distrito Federal eESPECÍFICA
Territórios DA INTERVENÇÃO
Distrito Federal Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe-
O Distrito Federal é o ente federativo com competências par- deral, exceto para:
cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21, XIII e I - manter a integridade nacional;
XIV, e 22, VII da CF. II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação
Por ser considerado um ente político dotado de autonomia, em outra;
possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo- verno III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
(Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§ 1º e 4º da IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni-
CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF). dades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
CAPÍTULO V a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
SEÇÃO I nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
DO DISTRITO FEDERAL VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu-
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, cionais:
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla- crático;
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta b) direitos da pessoa humana;
Constituição. c) autonomia municipal;
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla- d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
tivas reservadas aos Estados e Municípios. direta.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa- e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos-
das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
duração. públicos de saúde.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
o disposto no art. 27. nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis- I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
trito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do consecutivos, a dívida fundada;
corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda Constitu- II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
cional nº 104, de 2019) III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
Territórios serviços públicos de saúde;
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo- riais IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não são assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
dotados de autonomia política. tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
SEÇÃO II
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou
DOS TERRITÓRIOS
do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supre-
mo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judi-
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi-
ciário;
ciária dos Territórios.
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
Título.
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen-
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII,
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
e no caso de recusa à execução de lei federal.
União.
IV - (Revogado).
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o inter-
órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Mi-
ventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da
nistério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a As-
sembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo
Intervenção Federal e Estadual prazo de vinte e quatro horas.
É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram um apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
rol taxativo previsto na Constituição Federal. o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

41
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas-
tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. Administrar
pessoas e bens
Referências Bibliográficas: Legislar,
PODER
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de JULGAR elaborando seus
JUDICIÁRI
Direito Cons- titucional e de Direito Administrativo. Coleção regimentos
O
Tribunais e MPU. internos (Artigo
Salvador: Editora JusPODIVM. 96, I, a, da CF)
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
PODER LEGISLATIVO
Princípio da Separação dos Poderes
A CF/88 consagra a tripartição de Poderes no seu Artigo 2º, Funções Típicas e Atípicas
protegendo-o como cláusula pétrea no Artigo 60, § 4º, III. O Poder Legislativo possui as funções típicas de elaborar nor- mas
O termo tripartição de funções seria o mais adequado para de- signar gerais e abstratas (leis) e exercer a atividade fiscalizatória. Esta fiscalização
a existência de três Poderes independentes e harmônicos en- tre si, haja engloba tanto a econômico-financeira (Artigos 70 a 75 da CF), bem como
vista que o Poder soberano do Estado, que pertence ao povo, é uno e a político-administrativa, por intermédio de suas Comissões, em especial,
indivisível. O que se tem na verdade é uma repartição das funções a Comissão Parlamentar de Inquérito (Ar- tigo 58, § 3º, da CF).
estatais por órgãos distintos e independentes. Como funções atípicas o Poder Legislativo administra e julga.
A Constituição brasileira adotou o sistema de freios e contra- pesos Administra quando, por exemplo, nomeia, exonera, ou promove os seus
(chamado pela doutrina norte-americana de checks and ba- lances), servidores. Julga quando o Senado Federal decide acerca da ocorrência
que, de acordo com Montesquieu se caracteriza como um método de ou não de crime de responsabilidade cometido por cer- tas autoridades
controles recíprocos entre os Poderes a ser exercido nos limites previstos previstas na Constituição (Artigo 52, I, II e parágrafo único).
na Constituição, privilegiando a independência e a harmonia entre os O Poder Legislativo no âmbito da Federação está assim confi-
Poderes.
gurado:
Importante destacar que a visão moderna da separação dos
Poderes não impede que cada um dos Poderes da República exerça
atipicamente (de forma secundária), além de sua função típica (pre- PODER LEGISLATIVO
ponderante), funções atribuídas a outro Poder. União Congresso Nacional (Artigo 44 e
Percebe-se, assim, que uma determinada função estatal típica seguintes da CF)
poderá ser exercida atipicamente por outro Poder, sem, contudo, violar
Estados-Membros Assembleias Legislativas (Artigo 27
a separação dos Poderes. Por esclarecedor, vejamos o quadro a seguir:
da CF)
Distrito Federal Câmara Legislativa (Artigo 32, § 3º,
FUNÇÕES da CF)
FUNÇÕES
ATÍPICAS
TÍPICAS Municípios Câmaras Municipais (Artigo 29 da
Administrar CF)
pessoas e bens
Julgar certas Congresso Nacional
PODER LEGISLAR E autoridades O Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados e pelo
LEGISLATIVO FISCALIZAR por crimes de Senado Federal, ou seja, sistema bicameral (Artigo 44, caput, da CF).
responsabilidade
(Artigo 52, I e II Câmara dos Deputados
da CF) É composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema
proporcional em cada estado, em cada território e no Distrito Fede- ral,
Legislar medidas
para um mandato de 4 anos, permitidas sucessivas reeleições (Artigo 45,
provisórias (Artigos
caput, da CF).
62 e 84, XXVI, da
À luz do § 1º do Artigo 45, da CF, nenhum Estado e o Distrito Fe- deral
CF), leis delegadas
terá menos do que 8 nem mais do que 70 deputados federais, levando-se
PODER (Artigo 68 da CF)
ADMINISTRAR em conta a população de cada ente federativo.
EXECUTIVO e decretos
Já os territórios federais, caso existentes, terão 4 deputados fe-
autônomos (Artigo
derais (Artigo 45, § 2º, da CF).
84, VI, da CF)
Conforme dispõe a Lei Complementar nº 78, de 30/12/93, que
Julgar recursos
disciplina a fixação do número de deputados, nos termos do Artigo 45, §
administrativos
1º, da CF, uma vez estabelecido o número de deputados fe- derais, será
definido o número de deputados estaduais, conforme preceitua o
Artigo 27 da CF.

25
LEGISLAÇÃO
Senado Federal ESPECÍFICADeputados.
Compõe-se de representantes dos estados e do Distrito Fede- ral, de
forma paritária, eleitos segundo o princípio majoritário, para um
mandato de 8 anos, sendo que em cada eleição, que ocorre a cada 4
anos, serão eleitos, alternadamente, um terço e dois terços dos membros
dessa Casa Legislativa (Artigo 46, caput e seu § 2º).
Cada estado e o Distrito Federal possuem 3 senadores, eleitos, cada qual,
comdoissuplentes,totalizando81(Artigo46,§§1ºe3ºdaCF).
Vejamos nosso quadro sinótico:

CONGRESSO NACIONAL
Câmara dos Deputados Senado Federal (Artigo 46 da
(Artigo 45 da CF) CF)
513 membros 81 membros
Representantes do povo Representantes dos estados/
DF
Caracteriza o princípio Caracteriza o princípio
republicano federativo
Eleição pelo sistema Eleição pelo sistema
proporcional majoritário
Mandato de 4 anos Mandato de 8 anos (Artigo 46,
§ 1º, da CF)
Sucessivas reeleições Sucessivas reeleições
Mínimo de 8 e máximo de 70 3 senadores por estado/DF
por estado/DF (Artigo 45, § 1º (Artigo 46, § 1º, da CF).
da CF) Cada senador será eleito com 2
suplentes (Artigo 46, § 3º, da
CF)
Idade mínima: 21 anos (Artigo Idade mínima: 35 anos (Artigo
14, § 3º, VI, c, da CF) 14, § 3º, VI, a, da CF)
Territórios se houver elegem 4 Recomposição alternada de
deputados (Artigo 45, § 2º, da 1/3 e 2/3 dos Senadores a
CF) cada 4 anos (Artigo 46, § 2º, da
CF)

Seguem abaixo os dispositivos constitucionais correspondentes:

TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO

SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacio- nal,


que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo
único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representan- tes do
povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada
Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com-
plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta

26
LEGISLAÇÃO
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. ESPECÍFICA
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Es- tados
e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com
mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e
dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as delibe-
rações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maio- ria dos
votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presi- dente


da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de-
senvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e
bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legisla- tivas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII
- concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e
da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra- ção
pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições fi-
nanceiras e suasoperações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mo-
biliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Fe-
deral, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153,
§ 2º, I.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in-
ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce-
lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri-
tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os
casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autori- zar
o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
27
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA SEÇÃO IV
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se- DO SENADO FEDERAL
nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
e 153, § 2º, I; Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- pública
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da mesma natureza conexos com aqueles;
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os
governo; membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Na- cional do
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração Geral da União nos crimes de responsabilidade;
indireta; III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- blica,
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face a escolha de:
da atribuição normativa dos outros Poderes; a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre-
emissoras de rádio e televisão; sidente da República;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da c) Governador de Território;
União; d) Presidente e diretores do banco central;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativi- e) Procurador-Geral da República;
dades nucleares; f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aprovei- sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- ráter
tamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mi- nerais; permanente;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual- quer de Municípios;
suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo- bais
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presi- dência da para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito
República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto Federal e dos Municípios;
previamente determinado, importando crime de res- ponsabilidade a VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de
ausência sem justificação adequada. crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Fe- deral e
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades con- troladas pelo
Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comis- sões, por Poder Público federal;
sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa res- pectiva, para VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga- rantia
expor assunto de relevância de seu Ministério. da União em operações de crédito externo e interno;
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da
poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X -
Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste ar- tigo, suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla- rada
importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
- atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de Federal;
informações falsas. XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone-
ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de
SEÇÃO III seu mandato;
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
Art. 51. Compete privativamenteà CâmaradosDeputados:
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re- muneração,
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os
observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire- trizes
Ministros de Estado;
orçamentárias;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen- ta dias
art. 89, VII.
após a abertura da sessão legislativa;
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu- tário
III - elaborar seu regimento interno;
Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem- penho das
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria- ção,
administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
e dos Municípios.
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune- ração,
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio- nará
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a
orçamentárias;
condenação, que somente será proferida por dois terços dos vo- tos do
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art.
Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
89, VII.
exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis.
28
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApraticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam
Vedações, Garantias e Imunidades Parlamentares
incompatíveis com a execução da medida.
Vedações
Aos parlamentares federais, é vedado o exercício de algumas
atividades, em decorrência das relevantes atribuições constitucio- nais
que possuem, à luz do que dispõe o Artigo 54 da CF.

Garantias
Artigo 53, § 6º da CF → Isenção do dever de testemunhar: é o
chamado sigilo da fonte;
Artigo 53, § 7º da CF → Incorporação às Forças Armadas; Artigo 53,
§ 8º da CF → Estado de sítio: limitação de sua sus-
pensão pela Constituição.

Imunidades
Imunidades são prerrogativas outorgadas pela Constituição aos
ocupantes de mandatos eletivos com a finalidade de assegurar-lhes
proteção no exercício de suas atribuições constitucionais.
– Imunidade Material: afasta a possibilidade de responsabili-
zação civil e penal do congressista por suas manifestações, desde que
emanadas no desempenho da atividade congressual (Artigo 53, caput, da
CF).
– Imunidade Formal: são garantias atribuídas aos parlamenta- res
com relação ao trâmite dos processos-crimes em que figuram como réus
e prisões contra si decretadas, a partir de sua diploma- ção (Artigo 53,
§§ 1º ao 5º, da CF).

Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:

SEÇÃO V
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penal-


mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Fede- ral.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congres- so
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e
pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final,
sustar o andamento da ação.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no
prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimen- to pela
Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar
o mandato.
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemu- nhar
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercí- cio do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações.
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Sena- dores,
embora militares e ainda que em tempo de guerra, depende- rá de prévia
licença da Casa respectiva.
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto
de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos

29
LEGISLAÇÃO
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - ESPECÍFICAmandato.
desde a expedição do diploma: § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito pú- pela remuneração do mandato.
blico, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contra- to
obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado,
inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades
constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de
direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nu-
tum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das enti-
dades a que se refere o inciso I, “a”;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. Art.
55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo
anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro
parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça
parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos
nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em
julgado.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos
definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas assegu-
radas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vanta- gens
indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será
decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa.
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será decla- rada
pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provoca- ção de
qualquer de seus membros, ou de partido político represen- tado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou
possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus
efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os
§§ 2º e 3º.
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de
Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de
Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para
tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste
caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por ses- são
legislativa.
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de inves- tidura
em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e
vinte dias.
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para
preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do

30
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacio- nal
Comissões Parlamentares e Comissões Parlamentares de In-
somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado,
quérito (CPIs)
ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de
parcela indenizatória, em razão da convocação.
Comissões e Mesas
A Constituição Federal faculta ao Congresso Nacional e suas Casas § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convo- cação
Legislativas (Câmara e Senado) a criação de Comissões per- manentes e extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automatica- mente
temporárias, que deverão ser constituídas na forma e com as atribuições incluídas na pauta da convocação.
previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação
SEÇÃO VII
(Artigo 58, caput, da CF).
DAS COMISSÕES
Por seu turno, as Mesas são órgãos de direção superior da Câ- mara
dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional, cuja
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões
composição possui mandato de dois anos, sendo vedada a ree- leição para
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atri-
o mesmo cargo (Artigo 57, § 4º, da CF).
buições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua
criação.
Comissão Parlamentar de Inquérito
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é asse- gurada,
Tem como fundamento a função típica fiscalizatória do Poder
Legislativo e é uma consequência direta e imediata da adoção do tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou
sistema de freios e contrapesos previsto na Constituição. dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
São criadas com a finalidade de apurar fato determinado rele- vante § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
para a sociedade e a sua previsão constitucional encontra-se no Artigo I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do
58, § 3º, da CF. regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um
décimo dos membros da Casa;
Vamos aos dispositivos constitucionais correspondentes: II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade ci-
vil;
SEÇÃO VI
DAS REUNIÕES

relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro- vação da maioria


Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Ca- pital absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de
dezembro.
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o
primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos
ou feriados.
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova- ção do
projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câ- mara
dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta
para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços
comuns às duasCasas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da
República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir
de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus
membros e eleição das respectivas Mesas, para man- dato de 2 (dois) anos,
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente.
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presi- dente
do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alter- nadamente,
pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal.
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-
-se-á:
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de
estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autori- zação
para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do
Presidente e do Vice-Presidente da República;
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos
membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público

31
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações so- bre
assuntos inerentes a suas atribuições; LEGISLAÇÃO
IV - receber petições, reclamações, representações ouESPECÍFICA
queixas de
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou
entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão pode- res
de investigação próprios das autoridades judiciais, além de ou- tros
previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do
Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordi- nária do
período legislativo, com atribuições definidas no regimen- to comum,
cuja composição reproduzirá, quanto possível, a propor- cionalidade
da representação partidária.

Tribunal de Contas da União (TCU) e Fiscalização Contábil,


Fi- nanceira e Orçamentária da União
Conforme já visto neste, além da função típica de legislar, ao
Poder Legislativo também foi atribuída função fiscalizatória.
Sabe-se que, de modo geral, todo poder deverá manter, de for- ma
integrada, sistema de controle interno fiscalizatório, conforme
estabelece o Artigo 74, caput, da CF.
Em relação ao Legislativo, além do controle interno (inerente a
todo poder), também realiza controle externo, através da fiscali- zação
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União
e das entidades da administração direta (pertencentes ao Executivo,
Legislativo e Judiciário) e indireta, levando-se em consi- deração a
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas (Artigo 70, caput, da CF).

32
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Deliberação Parlamentar
A CF/88 consagra, dessa forma, um sistema harmônico, inte- grado A deliberação parlamentar refere-se a discussão, votação e,
e sistêmico de perfeita convivência entre os controles inter- nos de cada eventualmente, a análise do veto.
poder e o controle externo exercido pelo Legislativo, com o auxílio do
Tribunal de Contas (Artigo 74, IV, da CF).
Esse sistema de atuação conjunta é reforçado pela regra conti- da no
Artigo 74, § 1º, da CF, na medida em que os responsáveis pelo controle
interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregula- ridade ou
ilegalidade, dela deverão dar ciência ao TCU, sob pena de
responsabilidade solidária.
Portanto, o controle externo será realizado pelo Congresso
Nacional, auxiliado pelo Tribunal de Contas, cuja competência está
expressa no Artigo 71 da CF.
Dentre as várias competências atribuídas ao Tribunal de Con- tas,
encontra-se a de auxiliar o Legislativo (Congresso Nacional), no controle
externo das contas do Executivo.
O Tribunal de Contas decide administrativamente, não produ- zindo
nenhum ato marcado pela definitividade, ou fixação do direi- to no caso
concreto, no sentido de afastamento da pretensão resis- tida. Portanto, o
Tribunal de Contas não integra o Poder Judiciário.
O Tribunal de Contas, apesar de ser autônomo, não tendo qual- quer
vínculo de subordinação ao Legislativo, é auxiliar deste. A fis- calização
em si é realizada pelo Legislativo. O Tribunal de Contas, como órgão
auxiliar, apenas emite pareces técnicos.

Processo Legislativo
O Processo Legislativo é o conjunto de atos (iniciativa, dis-
cussão, votação, emenda, sanção, veto, derrubada do veto, pro-
mulgação, publicação) realizados pelo Congresso Nacional e pela
Presidência da República, visando à elaboração de emendas à Cons- tituição,
leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medi- das
provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Processo Legislativo Ordinário


É o procedimento exigido para a elaboração das leis ordinárias e das
leis complementares, que de decompõe em três fases: intro- dutória,
constitutiva ecomplementar.

Fase Introdutória – Iniciativa de Lei por Parlamentar e Extra-


parlamentar
A Fase Introdutória tem início quando um dos legitimados pela CF
(Art. 61, caput) toma a iniciativa de apresentar um projeto de lei a uma
das Casas do Congresso Nacional.
Esta iniciativa, também chamada de proposição, disposição,
competência legiferante ou competência legislativa, pode ser clas-
sificada em parlamentar, extraparlamentar, privativa, concorrente ou
popular.
A Iniciativa Parlamentar, como o próprio nome sugere, é aque- la
realizada pelos membros do Congresso Nacional. Noutro giro, a
Iniciativa Extraparlamentar ocorre quando a Constituição confere a
legitimidade para proposição legislativa a órgãos dos Poderes Exe- cutivo e
Judiciário.

Fase Constitutiva
O projeto de lei será apresentado a uma das Casas do Congres- so
Nacional, que atuará como Casa iniciadora, cumprindo a outra Casa
Legislativa a função de Casa Revisora.
Nas Casas do Congresso Nacional funcionará parcela da fase
constitutiva, formada pela discussão, votação, além de possível análise
de veto. Após a deliberação parlamentar, a fase constitutiva encerrar-se-á
com a deliberação executiva, por meio da sanção ou do veto
presidencial.

33
LEGISLAÇÃO
Regime de Urgência (Processo Legislativo Sumário) ESPECÍFICAdevendo solicitar a delegação ao Congresso Nacional, que, por resolução,
O Processo Legislativo Sumário é deflagrado quando o Presi- dente especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
da República solicita urgência na apreciação de projetos de lei de sua
iniciativa (privativa ou concorrente).
Observe o quadro abaixo:

PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO – ARTIGO 64, § 1º, DA


CF
Projetos de lei de iniciativa
privativa ou concorrente do
Requisitos Presidente da República;
Pedido de urgênciapelo
Presidente da República.

Deliberação Executiva
A deliberação executiva refere-se à sanção ou veto.

Fase Complementar
Refere-se a promulgação e publicação.
A lei nasce com a sanção ou, excepcionalmente, com a rejeição do
veto. Com a promulgação, ocorre a sua inserção no ordenamen- to
jurídico e a produção de seus efeitos se dá com a publicação.

O quadro abaixo resume as fases do Processo Legislativo Or-


dinário.

PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO


Fase Introdutória Iniciativa do projeto de lei
Deliberação parlamentar
→ discussão, votação e,
Fase Constitutiva eventualmente, a análise do veto.
Deliberação executiva → sanção ou
veto.
Fase Complementar Promulgação e publicação da lei

Espécies Normativas: Lei Complementar e Lei Ordinária


Todo o processo legislativo ordinário aplica-se, igualmente, à
aprovação de leis ordinárias e leis complementares. A única distin- ção
está no quórum de aprovação, que, para as leis complementa- res, é de
maioria absoluta, conforme o Artigo 69, da CF.
Não há hierarquia entrelei ordinária e lei complementar,uma vez
que ambas retiram seu fundamento de validade direto da Cons- tituição
Federal.
A diferença entre ambas encontra-se na reserva de matéria, ou
seja, as matérias que devem ser veiculadas por lei complementar estão
exaustivamente previstas na Constituição, por sua vez, onde a Carta
Política for silente, interpreta-se que a matéria deve ser tra- tada por lei
ordinária.

Espécies Normativas

Medida Provisória
Em caso de relevância e urgência, o Presidente poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei (possui natureza jurídica de lei
em sentido material, pois é um ato normativo primário sob con- dição
resolutiva), devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional
por meio de mensagem.

Lei Delegada
As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da Repúbli- ca,

34
LEGISLAÇÃO
Decreto Legislativo ESPECÍFICAao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procura-
dor-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previs-
São atos normativos primários mediante os quais são executa- das as tos nesta Constituição.
competências exclusivas do Congresso Nacional. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
leis que:
Resolução I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
As resoluções são atos normativos primários (Artigo 59, VII, da CF) II - disponham sobre:
que materializam as competências privativas da Câmara e do Senado. a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na adminis-
Os dispositivos constitucionais referentes ao Processo Legisla- tivo tração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
encontram-se elencados do Artigos 59 a 69 da CF, conforme seguem: b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária
e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
SEÇÃO VIII Territórios;
DO PROCESSO LEGISLATIVO c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídi-
co, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
SUBSEÇÃO I d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
DISPOSIÇÃO GERAL União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: dos Territórios;
I - emendas à Constituição; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
II - leis complementares; pública, observado o disposto no art. 84, VI;
III - leis ordinárias; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimen-
IV - leis delegadas; to de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
V - medidas provisórias; transferência para a reserva.
VI - decretos legislativos; § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo,
VII - resoluções.
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cin-
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
co Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores
redação, alteração e consolidação das leis.
de cada um deles.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Re-
SUBSEÇÃO II
pública poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, deven-
DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO do submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante propos- I – relativa a:
ta:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu- cos e direito eleitoral;
tados ou do Senado Federal; b) direito penal, processual penal e processual civil;
II - do Presidente da República; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unida- carreira e a garantia de seus membros;
des da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e
relativa de seus membros.
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
167, § 3º;
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Con-
popular ou qualquer outro ativo financeiro;
gresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se ob-
tiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. III – reservada a lei complementar;
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
número de ordem. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração
de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II,
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda ten-
dente a abolir: só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
I - a forma federativa de Estado; convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e
III - a separação dos Poderes; 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em
IV - os direitos e garantias individuais. lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
mesma sessão legislativa. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da
medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso
SUBSEÇÃO III do Congresso Nacional.
DAS LEIS § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Na-
cional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Sena- § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta
do Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de ur-
gência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso

35
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trin-
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas ta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo
as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami- voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
tando. § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência promulgação, ao Presidente da República.
de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o
sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobresta-
do Congresso Nacional. das as demais proposições, até sua votação final.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câ- § 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito ho-
mara dos Deputados. ras pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presi-
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores exa- dente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo,
minar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente
das Casas do Congresso Nacional. poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legisla-
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de me- tiva, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qual-
dida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua quer das Casas do Congresso Nacional.
eficácia por decurso de prazo. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida § 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto à lei complementar, nem a legislação sobre:
original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. carreira e a garantia de seus membros;
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Repúbli- eleitorais;
ca, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos § 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Fede- resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
rais e do Ministério Público.
os termos de seu exercício.
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Con-
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tri- gresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
bunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria
§ 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para
absoluta.
apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado
Referências Bibliográficas:
Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual suces-
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
sivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção
das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ulti-
me a votação.
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara Presidente da República, Vice-Presidente da República e Mi-
dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao nistros de Estado
mais o disposto no parágrafo anterior.
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Presidente e Vice-Presidente
Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código. O Poder Executivo, em âmbito federal, é exercido pelo Presi- dente
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto da República, auxiliado pelos ministros de Estado.
pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à Como função típica, compete ao Poder Executivo administrar a coisa
sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, pública. Atipicamente,o mesmo legisla(medidas provisórias, leis delegadas e
se o rejeitar. decretos autônomos) e julga (processos administrativos).
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa ini- Segue abaixo os artigos 76 a 86 da CF:
ciadora.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação envia- CAPÍTULO II
rá o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o DO PODER EXECUTIVO
sancionará.
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo SEÇÃO I
ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, ve- DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
tá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, con-
tados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú- blica,
e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. auxiliado pelos Ministros de Estado.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo,
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Re-
de parágrafo, de inciso ou de alínea.
pública realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente
da República importará sanção. outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do man- dato
presidencial vigente.

36
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
-Presidente com ele registrado. representantes diplomáticos;
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, regis- trado VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei- tos a
por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não referendo do Congresso Nacional;
computados os em branco e os nulos. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X -
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primei- ra decretar e executar a intervenção federal;
votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a procla- mação do XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na- cional
resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si- tuação do
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos País e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - conceder
válidos. indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, de- cessário, dos órgãos instituídos em lei;
sistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os
remanescentes, o de maior votação. Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo- ver seus
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, quali- ficar- XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis- tros do
se-á o mais idoso. Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go- vernadores de
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse Territórios, o Procurador-Geral da República, o presi- dente e os diretores
em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromis- so de manter, do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a inte- gridade e a Tribunal de Contas da União;
independência do Brasil. XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti-
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, tuição, e o Advogado-Geral da União;
o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do
assumido o cargo, este será declarado vago. art. 89, VII;
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conse- lho de
suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Defesa Nacional;
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de ou- tras XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autoriza- do
atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor- rida no
o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais. intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Pre- ou parcialmente, a mobilização nacional;
sidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres- so
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Nacional;
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período maneçam temporariamente;
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro- jeto
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o nesta Constituição;
período de seus antecessores. XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe- rentes
e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. ao exercício anterior;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não po- derão, XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do
superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
SEÇÃO II
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: I - Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
nomear e exonerar os Ministros de Estado; União, que observarão os limites traçados nas
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção respectivas delegações.
superior da administraçãofederal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta SEÇÃO III
Constituição; DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da
V -vetar projetosdelei,totalou parcialmente; VI República que atentem contra a Constituição Federal e, especial- mente,
– dispor, mediante decreto, sobre: contra:
a) organização e funcionamento da administração federal, I - a existência da União;
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos;

37
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApela prática de crimes ex officio, assim considerados aqueles prati- cados
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
em razão do exercício da função presidencial (como exemplo: crimes
Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da
contra a Administração Pública).
Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a
Crimes Comuns
segurança interna do País; O Presidente da República será processado e julgado perante o STF,
V - a probidade na administração; VI nas infrações penais comuns, após admitida a acusação por dois terços da
- a lei orçamentária; Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade)
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que Crimes de Responsabilidade (Lei nº 1.079 de 1950) e Impea-
estabelecerá as normas de processo e julgamento. chment
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por Os crimes de responsabilidade (também chamados de impea-
dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a jul- gamento chment ou impedimento), são infrações político-administrativas
perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou cometidas no desempenho de funções políticas, definidas por lei
perante o Senado Federal, nos crimes de responsabili- dade. especial federal.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: O Artigo 85 da CF traz um rol de crimes de responsabilidade
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou meramente exemplificativo, uma vez que seu próprio parágrafo
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; único dispõe que tais crimes serão definidos em lei especial, que
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do pro- cesso estabelecerá as normas de processo e julgamento.
pelo Senado Federal. A Lei nº 1.079 de 1950 define os crimes de responsabilidade e regula
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não o respectivo processo de julgamento, que, segundo o STF, foi
estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo recepcionadacom modificações decorrentes da Constituição.
do regular prosseguimento do processo. De acordo com o Artigo 86, caput,da CF,o Presidente da Re- pública
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra- ções será processado e julgado por crimes de responsabilidade perante o
comuns, o Presidente da República não estarásujeito a prisão. Senado Federal, após admitida a acusação por dois terços da Câmara dos
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não Deputados (juízo de admissibilidade).
pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas O quadro abaixo ilustra as hipóteses de julgamento do Presi- dente
funções. da República:

Ministros de Estado
JULGAMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Os Ministros de Estado exercem a função de auxiliares do Pre-
sidente da República na direção superior da Administração Pública Juízo de admissibilidade: Câmara dos Deputados por 2/3
federal. Crime comum → STF Crime de responsabilidade →
Têmdisposição legal nos Artigos 87 e 88 da CF.Vejamos: Senado Federal

SEÇÃO IV Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional


DOS MINISTROS DE ESTADO O Conselho da República (Artigos 89 e 90, da CF) e o Conselho de
Defesa Nacional (Artigo 91 da CF), são órgãos de assessoramento superior do
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasilei- Presidente da República, cujas manifestações não pos- suem caráter
ros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.
vinculante.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de ou-
tras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: Conforme o Artigo 84, XVIII, compete privativamente ao Presi- dente
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos da República convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de
e entidades da administração federal na área de sua competência Defesa Nacional.
e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repú- Vejamos os artigos supracitados correspondentes ao tema:
blica;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e re- SEÇÃO V
gulamentos; DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de NACIONAL
sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem SUBSEÇÃO I
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. DO CONSELHO DA REPÚBLICA

Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do
órgãos da administração pública. Presidente da República, e dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;
Imunidade, Crimes Comuns, Crimes de Responsabilidade (Lei II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III -
nº 1.079 de 1950) e Impeachment o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os
Imunidades do Presidente líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
O Presidente não poderá ser preso, salvo em razão de uma sen- tença VI - o Ministro da Justiça;
penal condenatória com trânsito em julgado. Ademais, o Pre- sidente, VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos
durante o mandato, não poderá ser processado por atos estranhos ao de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos
exercício da função, ou seja, só poderá ser processado
38
LEGISLAÇÃO
pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos De- putados, todos
ESPECÍFICA
com mandato de três anos, vedada a recondução.

39
LEGISLAÇÃO
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se so-
ESPECÍFICA I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; II- o
bre: Superior TribunaldeJustiça;
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda

democráticas. Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de
Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta
questão relacionada com o respectivo Ministério.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse- lho da
República.

SUBSEÇÃO II
DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do


Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania
nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como
membros natos:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III -
o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
VI - o Ministro das Relações Exteriores; VII
- o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáu-
tica.
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra- ção da
paz, nos termos desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de
sítio e da intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas in-
dispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo
uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a
preservação e a exploração dos recursos naturais de qual- quer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de inicia- tivas
necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado
democrático.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse- lho de
Defesa Nacional.

Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

Disposições Gerais no Poder Judiciário


Como função típica, compete ao Poder Judiciário aplicar a lei ao
caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito
de interesses de forma definitiva. Atipicamente, administra seus órgãos
e pessoal, nomeando servidores, executando licitações e contratos
administrativos, etc., bem assim, legisla, elaborando os regimentos
internos dos tribunais (Artigo 96, I, a).
As Disposições Gerais no Poder Judiciário estão previstas na CF, dos
Artigos 92 a 100. Vejamos:

CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

40
Constitucional nº 92, de 2016)
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - LEGISLAÇÃO
os Tribunais e Juízes do Trabalho; ESPECÍFICA
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI
- os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justi- ça e
os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm
jurisdição em todo o território nacional.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os
seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto,
mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por
antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes
consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exer-
cício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da
lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisi- tos
quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos
critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da ju-
risdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá re-
cusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus
membros, conforme procedimento próprio, e assegurada am- pla
defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver
autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao
cartório sem o devido despacho ou decisão;
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigui- dade
e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única
entrância;
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamen- to e
promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou re-
conhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
magistrados;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corres-
ponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária
nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez
por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco
por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de-
pendentes observarão o disposto no art. 40;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autoriza- ção
do tribunal;

41
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen- tadoria ou
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta
exoneração.
do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada
ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucio- nal nº 103, de
2019)
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de co- marca
de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b ,
c e e do inciso II;
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulida- de,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às pró- prias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação;
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros;
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- res,
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo
de vinte e cinco membros, para o exercício das atribui- ções
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal
pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade
por eleição pelo tribunal pleno;
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado fé- rias
coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias
em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão
permanente;
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcio- nal à
efetiva demanda judicial e à respectiva população;
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de
jurisdição.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fede- rais,
dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será
composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos
de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação
ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade pro- fissional,
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas
classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista
tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois
anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío- do, de
deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais
casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts.
37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun- ção,
salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa- ção
em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- ções
de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;

42
LEGISLAÇÃO
Art. 96. Compete privativamente: ESPECÍFICAtribunais;
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos in-
ternos, com observância das normas de processo e das garantias
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcio-
namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juí- zos
que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz
de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e tí-
tulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança as- sim
definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus mem- bros
e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vin- culados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos
Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, obser- vado
o disposto no art. 169:
a) aalteração donúmero demembros dostribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como
a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Dis- trito
Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público,
nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência
da Justiça Eleitoral.
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem- bros
ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tri- bunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Es-
tados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e
leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu- ção de
causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor
potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e su- maríssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento
de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo
voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e
competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de
ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdi-
cional, além de outras previstas na legislação.
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
âmbito da Justiça Federal.
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamen- te ao
custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. Art. 99. Ao
Poder Judiciário é assegurada autonomia adminis-
trativa e financeira.
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias
dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Po-
deres na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribu-
nais interessados, compete:
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respecti- vos
43
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante
Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos res- pectivos
o Conselho Nacional de Justiça.
tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as res-
pectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na
lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados
na forma do § 1º deste artigo.
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º,
o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual.
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver
a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen- tárias, exceto se
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
suplementares ou especiais.
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Fe- deral,
Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judi- ciária, far-
se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresen- tação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de
casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim.
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles
decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte
ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em vir- tude de
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência
sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º
deste artigo.
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, origi-
nários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade,
ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com defi- ciência, assim
definidos na forma da lei, serão pagos com preferên- cia sobre todos os
demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado emleiparaosfins
do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa
finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de
apresentação do precatório. (Reda- ção dada pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expe- dição
de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em
leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em
virtude de sentença judicial transitada em julgado.
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis
próprias, valores distintos às entidades de direito público, se- gundo as
diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do
maior benefício do regime geral de previdência social.
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos,
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de preca- tórios
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o paga- mento até o
final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente.
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presiden- te do
Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pa- gamento
integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusiva- mente para os
casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação
orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o
sequestro da quantia respectiva.
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis- sivo

44
LEGISLAÇÃO
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ESPECÍFICA ou financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (Incluído
suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, reparti- ção pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela
do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independen-
temente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de
compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos,
inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor origi- nal
pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de
parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em
virtude de contestação administrativa ou judicial.
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à
Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob
pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos
que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele
previstos.
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da
entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios
para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o
efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupan- ça, e,
para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo
percentual de juros incidentes sobre a caderneta de pou- pança,
ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em
precatórios a terceiros, independentemente da concordância do
devedor,nãoseaplicandoaocessionárioodispostonos§§2ºe3º.
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de ori-
gem e à entidade devedora.
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a
esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para
pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e
Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
forma e prazo de liquidação.
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá
assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Fede- ral e
Municípios, refinanciando-os diretamente.
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de suas
respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de preca-
tórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 94, de 2016)
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de
que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, patrimo- niais,
industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as
oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao
de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as
duplicidades, e deduzidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94,
de 2016)
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Fe- deral
e aos Municípios por determinação constitucional; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por de-
terminação constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94,
de 2016)
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a
contribuição dos servidores para custeio de seu sistema de previ- dência
e assistência social e as receitas provenientes da compensa- ção

45
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Quinto Constitucional da OAB e do MP
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de con- Previsto no Artigo 94 da CF, um quinto das vagas nos TRFs, dos TJs dos
denações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno valor, em estados e do TJ do Distrito Federal e Territórios será composto de membros,
período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprome- timento do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de
percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos
notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de
imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual
efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que
representaçãodasrespectivasclasses.
tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de
Recebidas as indicações apresentadas pelos órgãos representa- tivos
quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando
das respectivas classes (Ministério Público ou OAB), o tribunal (TRF, TJ ou
a esse financiamento a vedação de vinculação de receita prevista no inciso
TJDFT) formará uma lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos
IV do art. 167 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para
Constitucional nº 94, de 2016)
nomeação.
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento)
do montante dos precatórios apresentados nos termos do § 5º deste
Referências Bibliográficas:
artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
até o final do exercício seguinte e o restante em parce- las iguais nos cinco cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção
monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de
Conciliação de Precatórios, com redução máxi- ma de 40% (quarenta por
cento) do valor do crédito atualizado, des- de que em relação ao crédito DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os DEMOCRÁ- TICAS
requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente federado.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) O Título V da Carta Constitucional consagra as normas per-
tinentes à defesa do Estado e das instituições democráticas, pre- vendo
Garantias do Poder Judiciário e de seus Membros medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem
constitucional em momentos de anormalidade da vida política do
Garantias Funcionais Estado, é o chamado sistema constitucional das crises, composto pelo
→ ingresso por concurso público; estado de defesa (Artigo 136, da CF) e pelo estado de sítio (Ar- tigos 137 a
→ a promoção se dará de entrância para entrância, alternada-
139, da CF).
mente, por antiguidade e merecimento;
Ademais, prevê o Texto Maior o perfil constitucional das insti-
→ o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigui- dade e
tuições responsáveis pela defesa do Estado, quais sejam, as Forças Armadas
merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância;
(Artigos 142 e 143, da CF) e os órgãos de segurança públi- ca (Artigo 144,
→ o Estatuto da Magistratura deve prever cursos oficiais de
da CF).
preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados;
Com efeito, os estados de defesa e de sítio são momentos de crise
→ remuneração por subsídio;
→ residência na comarca; constitucional de legalidade extraordinária, em que são per- mitidas a
→ o ato de remoção; suspensão ou a diminuição do alcance de certos direitos fundamentais,
→ disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interes- se mitigando a proteção dos cidadãos em face da ação opressora do
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do Estado.
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla
defesa; SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS CRISES
→ princípio da fundamentação obrigatória;
→ órgão especial; ESTADO DE DEFESA ESTADO DE SÍTIO
→ continuidade da atividade jurisdicional;
→ proporcionalidade juízes/demanda; Estado de Defesa
→ funcionamento adequado; Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
→ vitaliciedade; tempo certo, em locais restritos e determinados, mediante decreto do
→ inamovibilidade; Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o Conselho
→ irredutibilidade de subsídio. de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
Vedações calamidades de grandes proporções da natureza.
São Vedações dos Magistrados, de acordo com o Artigo 95, pa- Vejamos o dispositivo constitucional que o representa:
rágrafo único e incisos, da CF:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun- ção, TÍTULO V
salvo uma de magistério; DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa- ção DEMOCRÁTICAS
em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária; CAPÍTULO I
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- ções DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei; SEÇÃO I
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes DO ESTADO DE DEFESA
de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen- tadoria ou
exoneração (chamada de quarentena). Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da

46
LEGISLAÇÃO
República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa
ESPECÍFICA
para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res-

47
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAestrangeira.
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por ca-
lamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo- rarem,
dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e
custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a
trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe- cutor
da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re-
querer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au-
toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Pre-
sidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que deci- dirá por
maioria absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convoca- do,
extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias
contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de- fesa.

Estado de Sítio
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
tempo determinado (que poderá ser no território nacional inteiro),
objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional,
perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional ou por
situação de beligerância com Estado estrangeiro (Artigo 49, II c/c Artigo
84, XIX, da CF).
É mais grave que o estado de defesa, no sentido em que as me- didas
tomadas contra os direitos individuais serão mais restritivas, conforme
faz ver o Artigo 139, da CF.
Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:

SEÇÃO II
DO ESTADO DE SÍTIO

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da


República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congres- so Nacional
autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos
que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es- tado de
defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar- mada

48
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori-
ESPECÍFICA
zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os
motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio- nal
decidir por maioria absoluta.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio- nais que
ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República
designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser
decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por
prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo
que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du-
rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para
se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até
o término das medidas coercitivas.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena- dos
por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao
sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de
imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião; V
- busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII
- requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu- são
de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca- sas
Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

SEÇÃO III
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes


partidários, designará Comissão composta de cinco de seus mem- bros
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referen- tes ao
estado de defesa e ao estado de sítio.
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces- sarão
também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos
cometidos por seus executores ou agentes.
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de
sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com
especificação e justificação das providências adotadas, com relação
nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Forças Armadas e Segurança Pública

Forças Armadas
Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente
da República, e destinam-se à defesa da pátria, à ga- rantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer des- tes, da lei e da ordem.

49
LEGISLAÇÃO
Segurança Pública ESPECÍFICAprerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera- das as
peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri- das por força
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer- cida
de compromissos internacionais e de guerra.
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
dopatrimônio.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir servi- ço
Os órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia ro-
alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
doviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de
militares e corpos de bombeiros militares e polícias penais federal,
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se exi- mirem de
estaduais e distrital.
atividades de caráter essencialmente militar.
Segue abaixo os Artigos da CF, correspondentes aos referidos temas:
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço mi- litar
obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encar- gos que a
CAPÍTULO II
lei lhes atribuir.
DAS FORÇAS ARMADAS

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo CAPÍTULO III
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e DA SEGURANÇA PÚBLICA
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por ini- ciativa de
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
qualquer destes, da lei e da ordem.
órgãos:
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem
I - polícia federal;
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Ar- madas.
II - polícia rodoviária federal;
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli- nares
III - polícia ferroviária federal;
militares.
IV - polícias civis;
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados milita- res,
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela
disposições:
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine-
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen- te,
rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, des- tina-se
plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen- do-lhes
a:
privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- prego
autárquicas e empresas públicas, assim como outras in- frações cuja
público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37,
prática tenha repercussão interestadual ou internacio- nal e exija
inciso XVI, alínea “c”,será transferido para a reserva, nos termos da lei;
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain- da
o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37,
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro e somente
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promo- vido por
fronteiras;
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de
União.
afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e
da lei;
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na for- ma da
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organiza- do e
partidos políticos;
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da
VI -ooficialsóperderáopostoeapatenteseforjulgadoindig- no do
lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
tempo de guerra;
judiciáriae a apuraçãode infraçõespenais, exceto as militares.
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser- vação
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em
da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das
julgado,serásubmetido ao julgamentoprevistonoincisoanterior;
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII,
civil.
XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do
forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI,
sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se- gurança
alínea “c”;
dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda Constitucional
IX - (Revogado)
nº 104, de 2019)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças
idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi- litar para
auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as
a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Go- vernadores dos
50
LEGISLAÇÃO
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Reda- çãoESPECÍFICA
dada pela
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

51
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAque preencham os requisitos legais;
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór- gãos
responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência
de suasatividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des-
tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art.
39.
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias
públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- sito,
além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o
direito à mobilidade urbana eficiente; e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.

Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


DE 1989. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA
CONSTITUI- ÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL DE 1989
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PREÂMBULO
Nós, representantes do povo Rio-Grandense, com os poderes
constituintes outorgados pela Constituição da República Federativa do
Brasil, voltados para a construção de uma sociedade fundada nos
princípios da soberania popular, da liberdade, da igualdade, da ética e
do pleno exercício da cidadania, em que o trabalho seja fonte de
definição das relações sociais e econômicas, e a prática da democracia
seja real e constante, em formas representativas e participativas,
afirmando nosso compromisso com a unidade nacional, a autonomia
política e administrativa, a integração dos povos latino-americanos e os
elevados valores da tradição gaúcha, promulgamos, sob a proteção de
Deus, esta Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.

TÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

CAPÍTULO IV
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 19. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes do Estado e dos municípios, visando à promoção do bem
público e à prestação de serviços à comunidade e aos indivíduos que
a compõem, observará os princípios da legalidade, da moralidade, da
impessoalidade, da publicidade, da legitimidade, da participação, da
razoabilidade, da economicidade, da motivação, da transparência e o
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 79, de
23/07/20)
I - os cargos e funções públicos, criados por lei em número e com
atribuições e remuneração certos, são acessíveis a todos os brasileiros

52
LEGISLAÇÃO
II - a lei especificará os cargos e funções cujos ocupantes,
ESPECÍFICAao Geral de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 12, de
assumi-los e ao deixá-los, devem declarar os bens que compõem seu 14/12/95)
patrimônio, podendo estender esta exigência aos detentores de
funções diretivas e empregos na administração indireta;
III - a administração pública será organizada de modo a
aproximar os serviços disponíveis de seus beneficiários ou
destinatários;
IV - a lei estabelecerá os casos de contratação de pessoal por
tempo determinado, para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público;
V - a lei reservará percentual de cargos e empregos públicos para
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão.
§ 1.º A publicidade dos atos, programas, obras e serviços, e as
campanhas dos órgãos e entidades da administração pública, ainda
que não custeadas diretamente por esta, deverão ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, nelas não podendo
constar símbolos, expressões, nomes, “slogans” ideológicos político-
partidários ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridade ou de servidores públicos. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n.º 26, de 30/06/99)
§ 2.º A ação político-administrativa do Estado será
acompanhada e avaliada, através de mecanismos estáveis, por
Conselhos Populares, na forma da lei.
§ 3.º Cabe à administração pública, na forma da lei, gerenciar a
documentação governamental, desenvolver plataformas digitais e
adotar as providências para franquear sua consulta a quem dela
necessite, bem como realizar os procedimentos administrativos com
ampla transparência. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 79, de
23/07/20)
Art. 20. A investidura em cargo ou emprego público assim como a
admissão de empregados na administração indireta e empresas
subsidiárias dependerão de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargos
de provimento em comissão, declarados em lei de livre nomeação
e exoneração.
§ 1.º As provas deverão aferir, com caráter eliminatório, os
conhecimentos específicos exigidos paraoexercíciodocargo.
§ 2.º Os pontos correspondentes aos títulos não poderão somar
mais de vinte e cinco por cento do total dos pontos do concurso.
§ 3.º A não-observância do disposto neste artigo acarretará a
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável.
§ 4.º Os cargos em comissão destinam-se à transmissão das
diretrizes políticas para a execução administrativa e ao
assessoramento. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 12, de
14/12/95) (Vide ADI n.º 1521/STF)
§ 5.º Os cargos em comissão não podem ser ocupados por
cônjuges ou companheiros e parentes, consangüíneos, afins ou por
adoção, até o segundo grau: (Incluído pela Emenda Constitucional n.º
12, de 14/12/95) (Vide ADI n.º 1521/STF)
I - do Governador, do Vice-Governador, do Procurador-Geral do
Estado, do Defensor Público-Geral do Estado e dos Secretários de
Estado, ou titulares de cargos que lhes sejam equiparados, no âmbito
da administração direta do Poder Executivo; (Incluído pela Emenda
Constitucional n.º 12, de 14/12/95)
II - dos Desembargadores e Juízes de 2.º grau, no âmbito do
Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 12, de
14/12/95)
III - dos Deputados Estaduais, no âmbito da Assembléia
Legislativa; (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 12, de
14/12/95)
IV - dos Procuradores de Justiça, no âmbito da Procuradoria-

53
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAespecificando-se as parcelas correspondentes a ativos, inativos e
V - dos Conselheiros e Auditores Substitutos de Conselheiros, no
pensionistas, e os valores retidos a título de imposto sobre a renda e
âmbito do Tribunal de Contas do Estado; (Incluído pela Emenda
proventos de qualquer natureza e de contribuições previdenciárias;
Constitucional n.º 12, de 14/12/95)
VI - dos Presidentes, Diretores-Gerais, ou titulares de cargos
equivalentes, e dos Vice-Presidentes, ou equivalentes, no âmbito da
respectiva autarquia, fundação instituída ou mantida pelo Poder Público,
empresa pública ou sociedade de economia mista. (Incluído pela Emenda
Constitucional n.º 12, de 14/12/95)
Art. 21. Integram a administração indireta as autarquias,
sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações
instituídas ou mantidas pelo Estado.
§ 1.º Às empresas públicas aplicam-se as normas pertinentes às
sociedades de economia mista.
§ 2.º As fundações públicas ou de direito público instituídas pelo
Estado são equiparadas às autarquias, regendo-se por todas as normas a
estas aplicáveis.
Art. 22. Dependem de lei específica, mediante aprovação por
maioria absoluta dos membros da Assembléia Legislativa: (Redação dada
pela Emenda Constitucional n.º 2, de 30/04/92)
I - a criação, extinção, fusão, incorporação ou cisão de qualquer
entidade da administraçãoindireta;
II - a alienação do controle acionário de sociedade de economia
mista.
§ 1.º A criação de subsidiárias das entidades mencionadas neste
artigo assim como a participação delas em empresa privada dependerão
de autorização legislativa. (Renumerado pela Emenda Constitucional n.º
31, de 18/06/02)
§ 2.º (REVOGADO pela Emenda Constitucional n.º 80, de
1.º/06/21)
§ 3.º Nas sociedades de economia mista, em que possuir o
controle acionário, o Estado fica obrigado a manter o poder de
gestão, exercendo o direito de maioria de votos na assembléia geral, de
eleger a maioria dos administradores da companhia, de dirigir as
atividades sociais e de orientar o funcionamento dos órgãos da
companhia, sendo vedado qualquer tipo de acordo ou avença que
implique em abdicar ou restringir seus direitos. (Incluído pela Emenda
Constitucional n.º 31, de 18/06/02)
§ 4.º (REVOGADO pela Emenda Constitucional n.º 77, de
8/05/19)
§ 5.º (REVOGADO pela Emenda Constitucional n.º 80, de
1.º/06/21)
§ 6.º (REVOGADO pela Emenda Constitucional n.º 77, de
8/05/19)
Art. 23. Todas as pessoas têm direito, independentemente de
pagamento de qualquer natureza, à informação sobre o que consta a seu
respeito, a qualquer título, nos registros ou bancos de dados das
entidades governamentais ou de caráter público.
§ 1.º Os registros e bancos de dados não poderão conter
informações referentes a convicção política, filosófica ou religiosa.
§ 2.º Qualquer pessoa poderá exigir, por via administrativa, em
processo sigiloso ou não, a retificação ou a atualização das
informações a seu respeito e de seus dependentes.
Art. 24. Será publicado no Diário Oficial do Estado, em
observância aos princípios estabelecidos no art. 19, além de outros atos, o
seguinte: (Vide Lei n.º 11.454/00)
I - as conclusões de todas as sindicâncias e auditorias instaladas em
órgãos da administração direta e indireta;
II - mensalmente:
a) o resumo da folha de pagamento do pessoal da administração
direta e indireta e a contribuição do Estado para despesas com
pessoal de cada uma das entidades da administração indireta,

54
LEGISLAÇÃO
b) obalanceteeconômico-financeiro, referenteao mêsESPECÍFICA
anterior, do vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de
órgão de previdência do Estado; função de confiança ou de cargo em comissão. (Incluído pela Emenda
III - anualmente, relatório pormenorizado das despesas Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
mensais realizadas pelo Estado e pelas entidades da administração
indireta na área de comunicação, especialmente em propaganda e
publicidade;
IV - no primeiro dia útil dos meses de fevereiro e agosto, o
quadro de pessoal dos órgãos e entidades da administração direta e
indireta e das subsidiárias destas relativo ao último dia do semestre civil
anterior, relacionando também o número de admitidos e excluídos
no mesmo período, distribuídos por faixa de remuneração, e quadro
demonstrativo dos empregados contratados;
V - os contratos firmados pelo poder público estadual nos
casos e condições disciplinados em lei. (Vide Lei Complementar n.º
11.299/98)
Art. 25. As empresas sob controle do Estado e as fundações por
ele instituídas terão, na respectiva diretoria, no mínimo, um
representante dos empregados, eleito diretamente por estes.
§ 1.º É garantida a estabilidade aos representantes
mencionados neste artigo a partir do registro da candidatura até um
ano após o término do mandato.
§ 2.º É assegurada a eleição de, no mínimo, um delegado
sindical em cada uma das entidades mencionadas no “caput”.
Art. 26. Os servidores públicos e empregados da administração
direta e indireta, quando assumirem cargo eletivo público, não
poderão ser demitidos no período do registro de sua candidatura até
um ano depois do término do mandato, nem ser transferidos do local de
trabalho sem o seu consentimento.
Parágrafo único. Enquanto durar o mandato, o órgão
empregador recolherá mensalmente as obrigações sociais e
garantirá ao servidor ou empregado os serviços médicos e
previdenciários dos quais era beneficiário antes de se eleger. (Vide Lei
n.º 10.208/94)
Art. 27. É assegurado:
I - aos sindicatos e associações dos servidores da administração
direta ou indireta:
a) participar das decisões de interesse da categoria;
b) descontar em folha de pagamento as mensalidades de seus
associados e demais parcelas, a favor da entidade, desde que aprovadas
em assembléia geral;
c) eleger delegado sindical;
II - aos representantes das entidades mencionadas no inciso
anterior, nos casos previstos em lei, o desempenho, com dispensa de
suas atividades funcionais, de mandato em confederação,
federação, sindicato e associação de servidores públicos, sem
qualquer prejuízo para sua situação funcional ou remuneratória,
exceto promoção pormerecimento;
III - aos servidores públicos e empregados da administração
indireta, estabilidade a partir do registro da candidatura até um ano
após o término do mandato sindical, salvo demissão precedida de
processo administrativo disciplinar ou judicial.
§ 1.º Ao Estado e às entidades de sua administração indireta é
vedado qualquer ato de discriminação sindical em relação a seus
servidores e empregados, bem como influência nas respectivas
organizações.
§ 2.º O órgão estadual encarregado da formulação da política
salarial contará com a participação paritária de representantes dos
servidores públicos e empregados da administração pública, na
forma da lei.
§ 3.º Aos representantes de que trata o inciso II do “caput” fica
assegurada a remuneração do cargo, vedado o pagamento de

55
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAalternadamente, e a lei estabelecerá normas que assegurem critérios
Art. 28. (Declarada a inconstitucionalidade do dispositivo na ADI objetivos na avaliação do merecimento.
n.º 191/STF, DJ de 07/03/08)

SEÇÃO II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS

Art. 29. São direitos dos servidores públicos civis do Estado, além
de outros previstos na Constituição Federal, nesta Constituição e nas leis:
I - remuneração total nunca inferior ao salário mínimo fixado pela
União para os trabalhadores urbanos e rurais; (Redação dada pela
Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
II - irredutibilidade de vencimentos ou salários;
III - décimo terceiro salário ou vencimento igual à remuneração
integral ou no valor dos proventos de aposentadoria;
IV - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
V - salário-família ou abono familiar para os dependentes do
servidor de baixa renda, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
VI - duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada conforme o estabelecido em lei;
VII - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos;
VIII - remuneração do serviço extraordinário, superior, no
mínimo em cinqüenta por cento, à do normal;
IX - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que a remuneração normal, e pagamento
antecipado;
X - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e da
remuneração, com a duração de cento e vinte dias;
XI - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança;
XIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XIV - proibição de diferenças de remuneração, de exercício de
funções e de critério de admissão, por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil;
XV - auxílio-transporte, correspondente à necessidade de
deslocamento do servidor em atividade para seu local de trabalho, nos
termos da legislação federal.
Parágrafo único. O adicional de remuneração de que trata o inciso XIII
deverá ser calculado exclusivamente com base nas características do trabalho e
na área e graude exposiçãoao risco,na formada lei.
Art. 30. O regime jurídico dos servidores públicos civis do Estado, das
autarquias e fundações públicas será único e estabelecido em estatuto,
através de lei complementar, observados os princípios e as normas da
Constituição Federal e desta Constituição. (Vide Leis Complementares
n.os 10.098/94 e 10.842/96)
Art. 31. Lei complementar estabelecerá os critérios objetivos de
classificação dos cargos públicos de todos os Poderes, de modo a garantir
isonomia de vencimentos.
§ 1.º Os planos de carreira preverão também: I -
as vantagens de caráter individual;
II - as vantagens relativas à natureza e ao local de trabalho;
III - os limites máximo e mínimo de remuneração e a relação entre
esses limites, sendo aquele o valor estabelecido de acordo com o art.
37, XI, da Constituição Federal.
§ 2.º As carreiras, em qualquer dos Poderes, serão organizadas de
modo a favorecer o acesso generalizado aos cargos públicos.
§ 3.º As promoções de grau a grau, nos cargos organizados em
carreiras, obedecerão aos critérios de merecimento e antigüidade,

56
LEGISLAÇÃO
§ 4.º A lei poderá criar cargo de provimento efetivo isolado
ESPECÍFICA 01/03/2019)
quando o número, no respectivo quadro, não comportar a
organização em carreira.
§ 5.º Aos cargos isolados aplicar-se-á o disposto no “caput”.
§ 6.º As promoções de grau a grau, nos cargos organizados em
carreiras, ocorrerão em momento definido mediante juízo de
conveniência e oportunidade da Administração Pública, observados os
limites estabelecidos pela lei de responsabilidade fiscal e a necessária
previsão legal de cargo vago, produzindo efeitos a contar da respectiva
publicação no Diário Oficial do Estado, vedada a retroação, ressalvados os
casos de indenização por preterição, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
§ 7.º As progressões de nível dentro de uma mesma classe da
carreira ocorrerão em momento definido mediante juízo de
conveniência e oportunidade da Administração Pública, ressalvadas
aquelas decorrentes de critérios exclusivamente objetivos, na forma da
lei. (Incluído pela EmendaConstitucional n.º 78,de03/02/20)
Art. 32. Os cargos em comissão, criados por lei em número e com
remuneração certos e com atribuições definidas de direção, chefia ou
assessoramento, são de livre nomeação e exoneração, observados os
requisitos gerais de provimento em cargos estaduais. (Redação dada pela
Emenda Constitucional n.º 12, de 14/12/95) (Vide Lei Complementar
n.º 10.842/96) (Vide ADI n.º 1521/STF)
§ 1.º Os cargos em comissão não serão organizados em carreira.
§ 2.º A lei poderá estabelecer, a par dos gerais, requisitos
específicos de escolaridade, habilitação profissional, saúde e outros para
investidura em cargos em comissão.
Art. 33. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
Executivo.
§ 1.º A remuneração dos servidores públicos do Estado e os
subsídios dos membros de qualquer dos Poderes, do Tribunal de
Contas, do Ministério Público, dos Procuradores, dos Defensores
Públicos, dos detentores de mandato eletivo e dos Secretários de
Estado, estabelecidos conforme o § 4° do art. 39 da Constituição
Federal, somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, sendo assegurada
através de lei de iniciativa do Poder Executivo a revisão geral anual da
remuneração de todos os agentes públicos, civis e militares, ativos,
inativos e pensionistas, sempre na mesma data e sem distinção de
índices. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 57,de 21/05/08)
(VideADI-On.º70020452413/TJ,DJEde15/07/08)
§ 2.º O índice de reajuste dos vencimentos dos servidores não
poderá ser inferior ao necessário para repor seu poder aquisitivo.
§ 3.º (REVOGADO pela Emenda Constitucional n.º 78, de
03/02/20)
§ 4.º A lei assegurará aos servidores públicos estaduais, após cada
quinquênio de efetivo exercício, o direito ao afastamento, por meio de
licença para participar de curso de capacitação profissional que guarde
pertinência com seu cargo ou função, com a respectiva remuneração,
sem prejuízo de sua situação funcional, por até 3 (três) meses, não
acumuláveis, conforme disciplina legal, vedada a conversão em pecúnia
para aquele servidor que não a requerer, na forma da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional n.º 75, de 01/03/2019)
§ 5.º A Administração terá o prazo de 3 (três) anos, contado da data
de requerimento do pedido pelo servidor, para a concessão da licença
capacitação, sendo que, em caso de descumprimento do prazo, haverá
a conversão em pecúnia. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 75,
de 01/03/2019)
§ 6.º Fica vedado atribuir aos servidores da administração
pública qualquer gratificação de equivalência superior à
remuneração fixada para os cargos ou funções de confiança
criados em lei. (Renumerado pela Emenda Constitucional n.º 75, de
57
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 3.º Observado, no que couber, o disposto na Constituição
§ 7.º É vedada a participação dos servidores públicos no Federal, lei complementar estabelecerá os critérios de tempo de
produto da arrecadação de multas, inclusive da dívida ativa. contribuição e de tempo de serviço para a aposentadoria dos
(Renumerado pela Emenda Constitucional n.º 75, de 01/03/2019) servidores públicos vinculados ao RPPS/RS, inclusive aquelas para as quais é
§ 8.º Para fins do disposto no art. 37, § 12, da Constituição admitida a adoção de requisitos ou critérios diferenciados. (Redação
Federal, fica fixado como limite único, no âmbito de qualquer dos dada pela Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
Poderes, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, o subsídio § 4.º Leis disciplinarão as regras para a concessão de
mensal, em espécie, dos Desembargadores do Tribunal de Justiça do aposentadoria, pensão por morte, abono de permanência, bem como
Estado do Rio Grande do Sul, não se aplicando o disposto neste parágrafo disporão sobre as contribuições para o custeio do RPPS/RS e a forma de
aos subsídios dos Deputados Estaduais. (Renumerado pela Emenda cálculo e de reajuste dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela
Constitucional n.º 75, de 01/03/2019) Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
§ 9.º Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não Art. 39. Os ocupantes do cargo de professor, desde que
serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
ulteriores. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20) educação infantil e no ensino fundamental e médio, estabelecidos em lei
§ 10. É vedada a incorporação de vantagens de caráter complementar, terão idade mínima à aposentadoria reduzida em 5 (cinco)
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de anos em relação às idades mínimas exigidas aos demais servidores públicos,
cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo ou aos proventos de observado o disposto na Constituição Federal. (Redação dada pela
inatividade. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20) Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
Art. 34. Os servidores estaduais somente serão indicados para Art. 40. Lei estabelecerá as normas e os prazos para análise dos
participar em cursos de especialização ou capacitação técnica requerimentos de aposentadoria. (Redação dada pela Emenda
profissional no Estado, no País ou no exterior, com custos para o Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
Poder Público, quando houver correlação entre o conteúdo Art. 41. O RPPS/RS tem caráter contributivo e solidário,
programático de tais cursos e as atribuições do cargo ou função
mediante a contribuição do Estado e dos servidores civis e dos
exercidos.
militares, ativos, inativos e pensionistas, observados critérios que
Parágrafo único. Não constituirá critério de evolução na carreira
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
a realização de curso que não guarde correlação direta e imediata com
Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
as atribuições do cargo exercido.
§ 1.º A gestão unificada do RPPS/RS abrange todos os ocupantes de
Art. 35. O pagamento da remuneração mensal dos servidores
cargo efetivo dos poderes do Estado, órgãos e entidades autárquicas
públicos do Estado e das autarquias será realizado até o último dia útil do mês
e fundacionais públicas, que serão responsáveis pelo seu
do trabalho prestado. (Vide ADI n.º 657/STF, DJ de 28/09/01)
financiamento, observados os critérios, os parâmetros e a natureza
Parágrafo único. O pagamento da gratificação natalina, também
jurídica definidos na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40 da
denominada décimo terceiro salário, será efetuado até o dia 20 de
Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 78,
dezembro. (Vide ADI n.º 657/STF, DJ de 28/09/01)
de 03/02/20)
Art. 36. As obrigações pecuniárias dos órgãos da administração direta
e indireta para com os seus servidores ativos e inativos ou pensionistas § 2.º Os órgãos colegiados do órgão gestor único serão
não cumpridas até o último dia do mês da aquisição do direito deverão ser compostos paritariamente por representantes dos segurados e do
liquidadas com valores atualizados pelosíndices aplicados para a revisão Estado, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 78,
geral da remuneração dos servidores públicos do Estado. de 03/02/20)
Art. 37. O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será Art. 41-A. O Estado manterá órgão ou entidade de assistência à
contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço saúde aos seus servidores e dependentes, mediante contribuição, na
correspondente para efeito de disponibilidade. (Redação dada pela forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 78, de
Emenda Constitucional n.º 76, de 01/03/2019) 03/02/20)
Parágrafo único. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de Parágrafo único. O órgão ou a entidade de que trata o “caput”
contagem de tempo de contribuição fictício, ressalvado o direito poderá, mediante a devida contrapartida, baseada em cálculo
adquirido. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 76, de atuarial que assegure o equilíbrio financeiro, verificado anualmente
01/03/2019) mediante revisão dos termos contratuais, firmar contrato para a
Art. 38. Os servidores públicos vinculados ao Regime Próprio de prestação de cobertura assistencial à saúde, na forma da lei, aos
Previdência Social do Estado do Rio Grande do Sul – RPPS/RS – serão servidores, empregados ou filiados, e seus dependentes, das:
aposentados aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, observados o tempo de I - entidades ou dos órgãos integrantes da Administração Direta ou
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar. Indireta da União, do Estado e dos municípios; e (Incluído pela Emenda
(Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20) Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
§ 1.º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para II - entidades de registro e fiscalização profissional, inclusive as de
concessão de benefícios pelo RPPS/RS, ressalvado o disposto nos §§ 4.º-A, natureza autárquica “sui generis”. (Incluído pela Emenda
4.º-B, 4.º-C e 5.º do art. 40 da Constituição Federal, conforme lei Constitucional n.º 78, de 03/02/20)
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 78, Art. 42. Ao servidor público, quando adotante, ficam estendidos os
de 03/02/20) direitos que assistem ao pai e à mãe naturais, na forma a ser regulada
§ 2.º Além do disposto neste artigo e no art. 40 da Constituição por lei.
Federal, serão observados, para concessão de benefícios pelo Art. 43. É assegurado aos servidores da administração direta e
RPPS/RS, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime indireta o atendimento gratuito de seus filhos e dependentes de zero a
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional seis anos em creches e pré-escolas, na forma da lei.
n.º 78, de 03/02/20) Art. 44. Nenhum servidor poderá ser diretor ou integrar
conselho de empresas fornecedoras ou prestadoras de serviços ou que
58
LEGISLAÇÃO
realizem qualquer modalidade de contrato com o Estado, ESPECÍFICA
sob pena de
demissão do serviço público.

59
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
Art. 45. O servidor público processado, civil ou criminalmente, em
razão de ato praticado no exercício regular de suas funções terá direito a PRINCÍPIOS
assistência judiciária pelo Estado. (Vide ADI n.º 3022/STF, DJ de
04/03/05) Estado

SEÇÃO III Conceito, Elementos e Princípios


DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a surgir
por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega e da civitas
Art. 46. Os integrantes da Brigada Militar e do Corpo de romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado passou a ser
Bombeiros Militar são servidores públicos militares do Estado utilizado com o significado moderno de força, poder e direito.
regidos por estatutos próprios, estabelecidos em lei complementar, O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de direi- tos,
observado o seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 67, que possui como elementos: o povo, o território e a soberania. Nos
de 17/06/14) dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2010, p. 13), “Estado é
I - remuneração especial do trabalho que exceder à jornada de 40 pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos ele- mentos povo,
(quarenta) horas semanais e outras vantagens que a lei determinar; território e governo soberano”.
(Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 78, de 03/02/20) O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir di- reitos
II - acesso a cursos ou concursos que signifiquem ascensão e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica própria, tanto no
funcional, independentemente de idade e de estado civil; âmbito interno, perante os agentes públicos e os cidadãos, quanto no
III - regime de dedicação exclusiva, nos termos da lei, ressalvado o âmbito internacional, perante outros Estados.
disposto na Constituição Federal; Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que com- põem
IV - estabilidade às praças com cinco anos de efetivo serviço o Estado:
prestado à Corporação.
§ 1.º Lei complementar disporá, observado o disposto no art. 42, § POVO: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre por
1.º, da Constituição Federal, sobre as matérias do art. 142, § 3.º, inciso X, que é do povo que origina todo o poder representado pelo Es- tado,
da Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único, da
78, de 03/02/20) Constituição Federal:
§ 2.º Lei Complementar disporá sobre a promoção extraordinária do Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
servidor militar que morrer ou ficar permanentemente inválido em meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
virtude de lesão sofrida em serviço, bem como, na mesma situação, Constituição.
praticar ato de bravura. (Redação dada pela Emenda Constitucional O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula juri-
n.º 17, de 16/07/97) (Vide Lei Complementar n.º 11.000/97) dicamente ao Estado, de forma estabilizada.
§ 3.º (REVOGADO pela Emenda Constitucional n.º 78, de Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas, dife-
03/02/20) rentemente da população, que tem sentido demográfico e quanti-
§ 4.º É assegurado odireito de livre associação profissional. tativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem sob sua
Art. 47. Aplicam-se aos servidores militares do Estado as jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quaisquer tipos de
normas pertinentes da Constituição Federal e as gerais que a União, no vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado.
exercício de sua competência, editar, bem como o disposto nos arts. 29,
I, II, III, V, IX, X, XI, XII e XIII; 31, §§ 6.º e 7.º; 32, § 1.º; 33, Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina como
“caput” e §§ 1.º, 2.º, 3.º, 4.º, 9.º e 10; 35; 36; 37; 38, § 3.º; 40; sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a uma mesma
41; 42; 43; 44 e 45 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda autoridadepolítica.
Constitucional n.º 78, de 03/02/20) No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada pela
Art. 48. A lei poderá criar cargos em comissão privativos de nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico estabe- lecido pela
servidores militares, correspondentes às funções de confiança a serem Constituição entre os cidadãos e o Estado.
desempenhadas junto ao Governo do Estado e aos Presidentes da O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o con- junto
Assembléia Legislativa e dos Tribunais estaduais. de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme já foi explicitado
Parágrafo único. Os titulares dos cargos previstos neste artigo por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88 dispondo que “Todo poder
manterão a condição de servidor público militar e estarão sujeitos a emana do povo, que exerce por meio de repre- sentantes eleitos ou
regime peculiar decorrente da exonerabilidade “ad nutum”. diretamente, nos termos desta Constituição”.

Prezado candidato, a “ CONSTITUIÇÃO DO TERRITÓRIO: pode ser conceituado como a área na qual o Esta- do
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DE 1989” está exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfica de um
disponível na íntegra para consulta em: determinado Estado, seu elemento constitutivo, base delimitada de
http://www2.al.rs.gov.br/dal/LinkClick. autoridade, instrumento de poder com vistas a dirigir o grupo so- cial,
aspx?fileticket=WQdIfqNoXO4%3d&tabid=3683&mid=5359 com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia do poder e a
estabilidade da ordem.
O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez, po- dem
ser naturais ou convencionais. O território como elemento do Estado,
possui duas funções, sendo uma negativa limitante de fron- teiras com a
competência da autoridade política, e outra positiva, que fornece ao
Estado a base correta de recursos materiais para ação.

60
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAcomo um todo. Depreende-se que o fundo desta problemática está
Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o terri- tório
entranhado na discussão acerca da positivação do Direito em deter-
é elemento essencial à existência do Estado, sendo, desta for- ma, pleno
minado Estado e seu respectivo exercício.
objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a serviço do povo e pode
Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado e os seus
usar e dispor dele com poder absoluto e exclusivo, desde que estejam
elementos. Temos, portanto:
presentes as características essenciais das rela- ções de domínio. O
território é formado pelo solo, subsolo, espaço aéreo, águas territoriais
ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA
e plataforma continental, prolongamento do solo coberto pelo mar.
Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado não
A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa Nacio- nal, devem ser confundidos com suas funções estatais que normal- mente são
órgão de consulta do presidente da República, competência para denominadas “Poderes do Estado” e, por sua vez, são divididas em:
“propor os critérios e condições de utilização de áreas indis- pensáveis legislativa, executiva e judiciária
à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encontra-
especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a -los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Vejamos:
preservação e a exploração dos recursos naturais de qual- quer tipo”. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
(Artigo 91, §1º, III,CFB/88). indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
tui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais I - a soberania;
próprias da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre, II - a cidadania;
projetada desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção III - a dignidade da pessoa humana;
territorial e suas projeções adquiram significado político e jurídico, é IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
preciso considerá-las como um local de assentamento do grupo humano V - o pluralismo político.
que integra o Estado, como campo de ação do poder polí- tico e como
âmbito de validade das normas jurídicas. Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e pluralis- mo
político são os que mais são aceitos como princípios do Estado. No
SOBERANIA: Trata-se do poder do Estado de se auto adminis- trar. condizente à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do
Por meio da soberania, o Estado detém o poder de regular o seu trabalho e da livre inciativa, pondera-se que estes constituem as
funcionamento, as relações privadas dos cidadãos, bem como as funções finalidades que o Estado busca alcançar. Já os conceitos de sobera- nia,
econômicas e sociais do povo que o integra. Por meio desse elemento, o cidadania e pluralismo político, podem ser plenamente relacio- nados
Estado edita leis aplicáveis ao seu território, sem estar sujeito a qualquer com o sentido de organização do Estado sob forma política, e, os
tipo de interferência ou dependência de outros Estados. conceitos de dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho
Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está ligada e da livre iniciativa, implicam na ideia do alcance de objetivos morais
à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é ar- quitetado, e éticos.
anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é engendrado na
adequação aos objetivos e na racionalidade técnica necessária. O poder Governo
do Estado é soberano, uno, indivisível e emana do povo. Além disso, todos
Conceito
os Poderes são partes de um todo que é a atividade do Estado.
Governo é a expressão política de comando, de iniciativa públi- ca
Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos pa-
com a fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica
râmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento essencial e
contemporânea eatuante.
fundamental à existência da República Federativa do Brasil.
O Brasil adota a República como forma de Governo e o fede-
A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento de
ralismo como forma de Estado. Em sua obra Direito Administrativo da
organização da sociedade. Isso, por que a exigência de justiça e de
Série Advocacia Pública, o renomado jurista Leandro Zannoni, assegura
proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na vida do
que governo é elemento do Estado e o explana como “a atividade política
povo. Por conseguinte, por intermédio da Constituição escrita, desde a
organizada do Estado, possuindo ampla discricio- nariedade, sob
época da revolução democrática, foi colocada uma trava jurídica à
responsabilidade constitucional e política” (p. 71).
soberania, proclamando, assim, os direitos invioláveis do cidadão.
É possível complementar esse conceito de Zannoni com a afir-
O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibilizá-
mação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz que “Governo é a
-la aos problemas de hoje, e remetem ao povo, aos cidadãos e à sua
expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do
participação no exercício do poder, o direito sempre tende a preser- var a
Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”. Entretanto, tanto o
vontade coletiva de seu povo, através de seu ordenamento, a soberania
conceito de Estado como o de governo podem ser definidos sob
sempre existirá no campo jurídico, pois o termo designa igualmente o
diferentes perspectivas, sendo o primeiro, apresentado sob o critério
fenômeno político de decisão, de deliberação, sendo incorporada à
sociológico, político, constitucional, dentre outros fatores. No
soberania pela Constituição.
condizente ao segundo, é subdividido em sentido formal sob um conjunto
A Constituição Federal é documento jurídico hierarquicamente
de órgãos, em sentido material nas funções que exerce e em sentido
superior do nosso sistema, se ocupando com a organização do po- der, a
operacional sob a forma de condução política.
definição de direitos, dentre outros fatores. Nesse diapasão, a soberania
O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços públicos com
ganha particular interesse junto ao Direito Constitu- cional. Nesse
eficiência, visando de forma geral a satisfação das necessida- des
sentido, a soberania surge novamente em discussão, procurando
coletivas. O Governo pratica uma função política que implica uma
resolver ou atribuir o poder originário e seus limites, entrando em
atividade de ordem mediata e superior com referência à dire- ção
voga o poder constituinte originário, o poder cons- tituinte derivado,
soberana e geral do Estado, com o fulcro de determinar os fins da ação do
a soberania popular, do parlamento e do povo
Estado, assinalando as diretrizes para as demais funções e buscando

61
LEGISLAÇÃO
sempre a unidade da soberania estatal. ESPECÍFICA

62
LEGISLAÇÃO
Administração pública ESPECÍFICA — Observação importante:
Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco- pladas
ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da coletividade.
Conceito
Em se tratando do direito público externo, possuem a personalidade
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- de
jurídica de direito público cometida à diversas na- ções estrangeiras,
que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos interesses
como à Santa Sé, bem como a organismos inter- nacionais como a ONU,
coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e agentes
OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
públicos.
No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e
tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis- trito
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como “a
Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- gime
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo da
jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos interesses
administração indireta, as autarquias e associações públicas (art. 41, inc. IV,
coletivos”.
do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi- cas de direito
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a
público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC, pela Lei n.º
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e órgãos
11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con- sórcio público a
administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, sendo ainda
ser firmado entre entes públicos (União, Estados, Municípios e Distrito
subdividida pela sua função política e administrativa em sentido
Federal).
objetivo.
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em
Princípios da administração pública
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também na
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de um
atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento jurídico
Em suma, temos:
bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre- tes do direito,
sendo que a atribuição de informar decorre do fato de que os princípios
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e órgãos possuem um núcleo de valor essencial da or- dem jurídica, ao passo que
SUBJETIVO administrativos}. a atribuição de enformar é denotada pelos contornos que conferem à
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e determinada seara jurídica.
SUBJETIVO agentes públicos}. Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade aos
SENTIDO Sentido amplo {função política e administrati- princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
OBJETIVO va}.
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen- te
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por esses responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros legais,
OBJETIVO entes}. isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute- la dos casos
concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez, os princípios
Existem funções na Administração Pública que são exercidas pelas
cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais observadas em
pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são subdivididas
matérias específicas ou diante das particularidades que permeiam a
em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- viço público.
aplicação das normas aos casos existentes.
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada uma
das funções.Vejamos:
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in-
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de-
tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos legais
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida- de ou
disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, dando-lhe
de interesse público.
unicidade ecoerência.
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati- va.
São os atos da Administração que limitam interesses individuais em prol
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
do interesse coletivo.
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po-
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi-
sitivados e não escritos na lei de forma expressa.
nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis- fazer
os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime jurídico e
— Observação importante:
com predominância pública. O serviço público também regula a
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci-
atividade permanente de edição de atos normativos e con- cretos sobre tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que dão
atividades públicas e privadas, de forma implementati- va de políticas de forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
governo. plícitos.

A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin-
governo e desempenhar a função administrativa em favor do in- cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis-
teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda- mento trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios
da Administração Pública como um todo com o incentivo das atividades centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- blico e
privadas de interesse social, visando sempre o interesse público. a Indisponibilidade do Interesse Público.
A Administração Pública também possui elementos que a com- põe,
são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado por
delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a função
administrativa estatal.

63
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
Conclama a necessidade da sobreposi- ção
SUPREMACIA DO
dos interesses da coletividade sobre os
INTERESSE PÚBLICO
individuais.

64
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApública, tornando assim, possível o controle da socie- dade sobre os seus
Sua principal função é orientar a atos.
INDISPONIBILIDA-
DE DO atuação dos agentes públicos para que
INTERESSE atuememnomeeemproldosinteres-
PÚBLICO ses da Administração Pública.

Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas de


atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in-
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- vados,
termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam- po de sua
atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação em concurso
público para o provimento dos cargos públicos.

Princípios Administrativos
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad-
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Vejamos:
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra-
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo que
não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva atuar
somente no instante e da forma que a lei permitir.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera a lei
em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, toda e
qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo art. 59 da
Constituição Federal.

– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas


óticas:
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação aos
administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar na não
discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que o ato atingirá.
Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e na objetividade.
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe- cutar
atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo primeiro do
art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos atos, programas,
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que carac- terizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’

– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati- va


deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida- de,
probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção na
Administração Pública.

O princípio da moralidade exige que o administrador tenha


conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe- decer
a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen- te atua.
Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas nos
parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.

– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-


trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade está
associada à prestação de satisfação e informação da atuação pública aos
administrados. Via de regra é que a atuação da Admi- nistração seja

65
LEGISLAÇÃO
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo ESPECÍFICA
não é abso-
luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser
preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá ser
afastado.

Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-


tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos não
poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.

– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser


exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a EC n.
19/1998.

São decorrentes do princípio da eficiência:


a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial para
a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do art. 41, §
4º da CFB/88.

Poder Hierárquico PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PODER DE


Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade POLÍCIA
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus
órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi-
nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia.
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada em
dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com-
petências e a hierarquia.
Em decorrência da amplitude das competências e das res-
ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a
função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou
agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição
dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen- tes
integrantes da Administração Pública.
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma- neira
harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados em graus
de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se encontra em
plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens e fiscalizar a
atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor- dinação e
hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o dever de
obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia- to superior
avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os atos dos
agentes subordinados.
Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado não
o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas de seu
superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII, da Lei
8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re- presentar
contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali- dade, omissão
ou abuso de poder.
Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a
outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos
atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes
Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu- mas
regras, sendo elas:

66
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAocorrer de duas formas:
A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po- der a
outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da
Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que ocorre
quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele- gar ao Chefe
do Executivo a edição de lei.
B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem- plos: o
veto e a sanção de lei;
C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina- da
autoridade, não podem ser delegadas;
D) O subordinado não pode recusar a delegação;
E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
autorização do delegante.

Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele-


gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os
ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin- tes
regras relacionadas a esse assunto:
• A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
delegada se não houver impedimento legal;
• A delegação de competência é sempre exercida de forma par- cial,
tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não detém o
poder de delegar todas as suas atribuições;
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode ser
feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e, a nível de
delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos e agentes não
subordinados à hierarquia.
Não podem ser objeto de delegação:
•A edição de atos de caráter normativo;
•A decisão de recursos administrativos;
• As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida-
de;

Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo- gação


deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei. Ademais,
deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po- deres
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos
da delegação e também o recurso devidamente cabível à matéria que
poderá constar a ressalva de exercício da atribuição delegada.
O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela
autoridade delegante como forma de transferência não definitiva de
atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men- cionar de
forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada como editada
pelodelegado.
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor- rer
quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções que eram
de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma geral, é a
possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de qualquer
competência do subordinado, ressaltando-se que nesses casos, a
competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór- gão
subordinado.
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do órgão
inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem- porário com
a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im- preterivelmente
justificados.
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados, como
consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, convalidá-
los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do interessado.
Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis- trativo por
intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi- ciado. No
tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se que pode

67
LEGISLAÇÃO
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato
ESPECÍFICA
válido se tornar inconveniente ou inoportuna;
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios.

No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po-


derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver sido
criado o direito subjetivo para o particular.

Observação importante: “revisão” do ato administrativo não


se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de ato é
condizente à avaliação por parte da autoridade superior em relação à
manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su- bordinado, no
qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui- co. Já na
reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do ato
administrativo é realizada pela própria autoridade que confec- cionou
o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder
hierárquico.

Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente à


função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do
Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun- ções
típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes Judiciário
e Legislativo também estão submetidos à relação de hie- rarquia no que
condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis- trativas. Exemplo:
um juiz de Primeira Instância, não é legalmente obrigado a adotar o
posicionamento do Presidente do Tribunal no julgamento de um
processo de sua competência, porém, encontra-
-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida- de
quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos
serviços administrativos da sua Vara.
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação não
se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi- nação
decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da mesma
pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super- visão ou do
poder de tutela que a Administração Direta detém so- bre as
entidades da Administração Indireta.
Esquematizando, temos:

Poder conferido à autoridade


administrativa para distribuir e dirimir
PODER funções em escala de seus órgãos, que
HIERÁRQUICO estabelece uma relação de coordenação e
subordinação entre os servidores que
estiverem sob a sua hierarquia.

68
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o poder
A edição de atos de caráter normativo disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação deve ser
NÃO PODEM analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance como um todo,
A decisão de recursos administrativos
SER pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis- trativa cometer
OBJETO As matérias de competência exclusiva do infração, a única opção que restará ao gestor será aplicar á situação a
DE DELEGAÇÃO órgão ou autoridade penalidade devidamente prevista na lei, pois, a aplicação da pena é ato
Por revogação: quando a manutenção do vinculado. Quando existente, a discriciona- riedade refere-se ao grau da
DESFAZIMENTO ato válido se tornar inconveniente ou penalidade ou à aplicação correta das sanções legalmente cabíveis, tendo
DO ATO inoportuna em vista que no direito adminis- trativo não é predominável o princípio da
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresentar pena específica que se re- fere à necessidade de prévia definição em lei da
vícios infração funcional e da exata sanção cabível.
Em resumo, temos:
Poder Disciplinar
O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de Poder Disciplinar
autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos •Apura infrações e aplica penalidades;
servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli- na • Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é
administrativa em decorrência de determinado vínculo específi- co. preciso que possua vínculo funcional com a administração;
Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que possuir • A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de
vínculo certo e preciso com a Administração, não importan- do que esse processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao
vínculo seja de natureza funcional ou contratual. contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que seja
Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é aplicada a penalidade disciplinar cabível;
decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri- • Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre
buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes- ma sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação.
pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o
cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado, o Poder regulamentar
cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi- nações Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste o
do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu chefe poderá poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po- der
e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun- cional. Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas destinadas
Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento e eficaz
alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po- der execução.
Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços à A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po- der
Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme- lhando-se
hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para a ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres- são somente
aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui- co, mas para se referirem à faculdade de editar regulamentos conferida aos
sim o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular. Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com conceito mais amplo,
Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e punir acoplando também os atos gerais e abstra- tos que são emitidos por
crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo instituto e outras autoridades, tais como: resoluções, portarias, regimentos,
não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado somente deliberações e instruções normativas. Há ainda uma corrente que
àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis- tração de forma entende essas providências gerais e abs- tratas editadas sob os
funcional ou contratual, o segundo é exercido so- mente sobre qualquer parâmetros e exigências da lei, com o fulcro de possibilitar-lhe o
indivíduo que viole as leis penais vigentes. cumprimento em forma de manifestações do poder normativo.
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não se No entanto, em quepeseamencionada controvérsia,prevalece como
confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar, que, estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que utiliza a
embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve- rão ser expressão “poder regulamentar” para se referir somente à competência
aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor- nos ou pondo exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar regulamentos,
em risco a coletividade, pois, no poder de polícia, denota-se que o mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati- vo” para os demais
vínculo entre a Administração Pública e o adminis- trado é de âmbito atos normativos emitidos por outras espécies de autoridades da
geral, ao passo que nas penalidades decorrentes do poder disciplinar, Administração Direta e Indireta, como por exemplo, de dirigentes de
somente são atingidos os que possuem relação funcional ou contratual agências reguladoras e de Ministros.
com a Administração. Registra-se que os regulamentos são publicados através de
Em suma, temos: decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados pelo
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém do chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser por meio
poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín- culo de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda, a pela adoção
específico com a Administração Pública. de providências distintas. A título de exemplo desta última situação,
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém do pode-se citar um decreto que dá a designação de determinado nome a
poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam às um prédio público.
regulamentações de polícia administrativa. Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con-
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge- ral dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu-
de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem crimes ou lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução.
contravenções penais. Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen-
tes:

69
A) Regulamento executivo;
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA

70
LEGISLAÇÃO
B) Regulamento independente ou autônomo;
ESPECÍFICA Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es-
c) Regulamento autorizado.
tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá- rios
Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado
Vejamos a composição de cada em deles:
satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado para
a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma, a expressão
Regulamento Executivo
“resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi- dade, motivo pelo
Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar designou que para o
suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re-
efeito de promoção, seria considerado satisfa- tório o alcance de oitenta
gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer lei é
por cento das metas estipuladas em ato do dirigente máximo do
passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes- mo aquelas
órgão.
cuja execução não dependa de regulamento. Para isso, suficiente é que o
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente
Chefe do Poder Executivo entenda conveniente detalhar a sua
máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabeleci- mento
execução.
das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente à avalia- ção da
O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen- do suficiência de desempenho dos servidores para o efeito de pro- moção. O que
geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou nos leva a afirmar ainda que, diante da regulamentação, erigiu a existência de
determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas vinculação da autoridade administrativa referen- te ao percentual
situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses que, considerado satisfatório para o efeito de promoção dos servidores,
se e no momento em que forem verificadas no mundo con- creto, critério que inclusive já foi uniformizado.
passarão a gerar as consequências abstratamente previstas. Desta forma, Embora exista uma enorme importância em termos de pratici- dade,
podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo material de lei, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie- rarquia
porém, com ela não se confunde sob o aspecto for- mal. infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica, criando
O ato de regulamento executivo é constituído por importantes direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou restringindo
funções. São elas: as disposições da lei regulamentada. São, em resumo, atos normativos
considerados secundários que são editados pelo Chefe do Executivo
1. º) Disciplinar a discricionariedade administrativa com o fulcro de detalhar a execução dos atos normativos primários
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan- do a elaborados pelas leis.
lei confere ao agente público determinada quantidade de li- berdade Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à lei, a
para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e margem de Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na- cional sustá-
liberdade termina sendo reduzida quando da editação de um los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme- tros do art. 49, inc.
regulamento executivo que estipula regras de observância obrigatória, V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto legislativo”, dentro de
vindo a determinar a maneira como os agentes devem proceder no fiel uma analogia com o veto que o Chefe do Exe- cutivo poderá apor aos
cumprimento da lei. projetos de lei aprovados pelo Parlamento. Pondera-se que a
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer- cício aproximação terminológica possui limitações, uma vez que o veto
da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe- cutivo, propriamente dito do executivo, pode ocorrer em função de o
termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer autêntica Presidente da República entender que o projeto de lei é incompatível
autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para a discussão de com a Constituição Federal, que configuraria o veto jurídico, ou, ainda,
casos e fatos sem importância para a administração pública. contrário ao interesse público, que seria
o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por
2. º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico.
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula- Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a sustar
mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum- prida, um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte- resse
estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato que impede público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como a lei ao ser
variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada. Exemplo: podemos elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen- te cumprida.
citar o desenvolvimento dos servidores na car- reira de Policial Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi- tado dentro do
Rodoviário Federal. poder regulamentar é contrário ao interesse públi- co, deverá, por sua
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento. Ademais, lembremos que
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu- ra no os regulamentos se submetem ao controle de legalidade, de tal forma
cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão único da que a nulidade decorrente da exorbitância do poder regulamentar
classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por pelo menos também está passível de ser reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo
três anos ou até obter o direito à promoção à classe subsequente, nos próprio Chefe do Poder
termos do art. 3.º, § 2.º. Executivo no exercício da autotutela.
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos para
que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto, o vocábulo Regulamento independente ou autônomo
Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam- bém
“merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que abriria a
adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe- cutivo,
possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos servidores,
esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo
alegando discricionariedade, viessem a agir com base em critérios
o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma lei. O
obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e privilégios. E é por
regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado ato
esse motivo que existe a necessidade de regula- mentação dos requisitos
normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
de promoção, como demonstra o próprio estatuto dos servidores
diretamente da Constituição.
públicos civis federais em seu art. 10, pará- grafo único da Lei
A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi- gura
8.112/1990.
do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com a Emenda
71
LEGISLAÇÃO
Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente ESPECÍFICA
inserida na
alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.

72
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAcom o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob- jeto
Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri- na é
de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da República
no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo que o
e ao Advogado
direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo- sitivo
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único do
constitucional, que estabelece a competência do Presidente da
art. 84 da Constituição Federal.
República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar em
Regulamento autorizado ou delegado
aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos públicos.
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento
Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista na
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men- ciona
alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi- denteda
a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele- gado.
República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi- cos vagos, não
De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário não
se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se de uma xucra
poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de forma
hipótese de abandono do princípio do paralelismo das formas. Isso por
integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo, aos órgãos
que em decorrência do princípio da hierarquia das normas, se um
administrativos.
instituto jurídico for criado por intermédio de determinada espécie Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
normativa, sua extinção apenas poderá ser veiculada pelo mesmo tipo técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
de ato, ou, ainda, por um de superior hierarquia. controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou- trina
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa- maior tem aceitado que as competências para regular deter- minadas
râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui- matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador para órgãos
-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando de administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da deslegalização, por
lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu que, meio do qual a normatização sai da esfera da lei para a esfera do
estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto. regulamento autorizado.
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita- do
nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de- creto somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade, ele busca
não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc- nicas não
determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres- sa
concretos, amplamente desprovido denatureza regulamentar. determinação legal.
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta- ca-se confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque, ao
que o decreto autônomo ou regulamento independente, en- contra-se passo que este último retira sua força jurídica da Constituição, aquele é
sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica a mencionada amplamente dependente de expressa autorização contida na lei. Além
diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto regulamentar e a lei disso, também se diverge do decreto de execução por- que, embora seja
que lhe atende de fundamento vir a configurar ilegalidade, não cabendo um ato normativo secundário que retira sua força jurídica da lei, detém o
o argumento de que o decreto é inconsti- tucional porque exorbitou do poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá- rio do que ocorre com este
poder regulamentar. Assim, havendo agressão direta à Constituição, a lei, último no qual sua destinação é apenas a de detalhar a lei para que seja
com certeza pode ser conside- rada inconstitucional, mas não o decreto fielmente executada.
que a regulamenta. Agora, em se tratando do decreto autônomo, Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu-
infere-se que este é norma primária, vindo a fundamentar-se no lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso é a
próprio texto constitucional, de forma a ser possível uma agressão direta criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista que
à Constituição Federal de 1988, legitimando desta maneira, a instauração afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de estar o
de processo de controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
citar a lição do Supremo TribunalFederal: Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de-
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição, ou que admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei venha
retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso o a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi- tes da matéria
regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá, por a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm sido adotados com
conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri- bunal frequência para a fixação de normas técnicas, como por exemplo,
Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio- nalidade daquelas condições determinadas pelas agên- cias reguladoras.
reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado em ADI porque,
como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de opção. Hans Kelsen, no Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou isso claro. E o Supremo Tribunal A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível fazer a
fez essa opção também no controle difuso, quando estabeleceu que não distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e os
regulamentos administrativos ou de organização.
se conhece de inconstitucio- nalidade indireta. Não há falar-se em
Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
inconstitucionalidade indireta reflexa. É uma opção da Corte para que
regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
não se realize o velho adá- gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma
passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece com as
jurisdição’” (ADI 2.387- 0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio).
normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos regulamentos
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar
administrativos ou de organização, denota-se que es- tes estabelecem
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de-
normas sobre a organização administrativa ou que se relacionam aos
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a essa
particulares que possuem um vínculo específico com o Estado, como por
regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece
exemplo, os concessionários de serviços públicos ou que possuem um

73
LEGISLAÇÃO
contrato com a Administração. ESPECÍFICA

74
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApor mais de três anos, desde que pendente de des- pacho ou julgamento,
De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
tendo em vista que os autos serão arquivados
destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos, é a de
que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à liberdade e
aos direitos dos particulares sem uma relação especí- fica com a
Administração, são, por sua vez, elaborados com menor grau de
discricionariedade em relação aos regulamentos adminis- trativos.
Esquematicamente, temos:

ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos


REGULAMENTO
QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de
DESTINATÁRI organização
OS

Poder de Polícia
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado para
estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício de direitos
e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte- resse público.

Limites
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim como
todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está eivado de
limitações legais em relação à competência, à forma, aos fins, aos
motivos ou ao objeto.
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po- lícia
seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro-
porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a
medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de atingir
a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem- plo, a
hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos- suía licença
do poder público para atuar como revenda de roupas, mas que, além
dessa atividade, funcionava como atelier de costura. Caso os fiscais
competentes, na constatação do fato, viessem a in- terditar todo o
estabelecimento, pondera-se que tal medida seria desproporcional,
tendo em vista que, para por fim à irregularidade, seria suficiente
somenteinterditar apartedarevenda deroupas.
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judi- ciário
por meio do controle judicial, ou, pela própria administração no
exercício da autotutela.

Prescrição
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe- deral,
direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu- nitiva para
apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia, desde que
contados da data da prática do ato ou, em se tratando de infração de
forma permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado (art.
1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da Administração
também for considerado crime, a prescrição deverá se reger pelo prazo
previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º.
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação de
execução da administração pública federal relativa a crédito não
tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação em
vigor, desde que devidamente contados da constituição defini- tiva do
crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua redação
incluída pela Lei 11.941/2009.
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi- lidade
de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no curso do
processo, quando o procedimento administrativo vir a fi- car paralisado

75
LEGISLAÇÃO
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que haja
ESPECÍFICA usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo
prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren- te da
paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º.
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação
punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso das
seguintes hipóteses:
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
meio de edital;
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do
fato; pela decisão condenatória recorrível;
C) Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
Administração Pública Federal.

Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em


determinadas situações específicas, quando o interessado inter-
romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão do
prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos
parâmetros do art. 3.º.
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do art.
5.º.

Atributos
Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de
polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida- de.
Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características estão
presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia.
Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri-
buto:

Discricionariedade
Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re-
lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí- cia.
Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia seja a
regra, em determinadas situações o exercício do poder de polícia é
vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori- dade
responsável possa executar qualquer tipo de opção.
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de-
preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os
requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso ocorre
com a licença para dirigir, para construir bem como para exercer
certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re- ferente à
hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente atendendo
aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou não conceder a
autorização, posto que esse ato é de natureza dis- cricionária e está
sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade da autoridade
administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma autorização para
porte de arma, bem como para a produção de ma- terial bélico.

Autoexecutoriedade
Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da au-
toexecutoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir e
executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem
intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer- cial
estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público poderá

76
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAfundamento a própria repartição de competências materiais e legislativas
desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que tal
constante na Constituição Federal Brasileira de 1988.
fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo excesso
ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário para fazer
cessar o ato de polícia abusivo.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia são
dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma que a
autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen- do elas:
quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo não estando
prevista expressamente em lei, se houver situação de urgência que
demande a execução direta da medida. O que infere que, não sendo
cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po- lícia autoexecutado
será considerado abusivo. Cite-se como exem- plo, o de ato de polícia que
não contém autoexecutoriedade, como o caso de uma autuação por
desrespeito à normas sanitárias. Nesse caso específico, se o poder
público tiver a pretensão de cobrar o mencionado valor, não poderá
fazê-lo de forma direta, sendo ne- cessário que promova a execução
judicial da dívida.
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que
alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em dois,
sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu- toriedade
(privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili- dade ensejaria
a possibilidade de a Administração tomar decisões executórias, impondo
obrigações aos administrados mesmo sem a concordância destes, e a
executoriedade, que consiste na faculdade de se executar de forma direta
todas essas decisões sem que haja a necessidade de intervenção do Poder
Judiciário, usando-se, quando for preciso, do emprego direto da força
pública. Imaginemos como exemplo, um depósito antigo de carros que
esteja ameaçado de desabar. Nessa situação específica, a Administração
pode ordenar que o proprietário promova a sua demolição
(exigibilidade). E não sendo a ordem cumprida, a própria Administração
possui o poder de mandar seus servidores demolirem o imóvel
(executoriedade).
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que a
exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios indiretos
de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida- de de
licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul- tas de
trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de meios diretos
de coação, como por exemplo dissolução de reunião, da apreensão de
mercadorias, da interdição de estabelecimento e da demolição de
prédio.
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente em
todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade, que
apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou em
situações deurgência.

Coercibilidade
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja
imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos, o ato
de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está
consignado à dependência da concordância do particular para que tenha
validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso- ciável da
autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe- xecutável pelo
fato de ser dotado de força coercitiva.
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida como
a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se confundindo
com a definição dada de exigibilidade que resulta do desdobramento
do atributo da autoexecutoriedade.

Poder de polícia originário e poder de polícia delegado


Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é
aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo como

77
LEGISLAÇÃO
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se ESPECÍFICA
que este faz
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú- blico
da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser feita por
intermédio de lei do ente federativo que possua o poder de polícia
originário.
Como uma das mais claras manifestações do princípio segun- do o
qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no exercício
do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações e omissões
independentemente das suas vontades. Tal possibilida- de envolve
exercício de atividade típica de Estado, com clara ma- nifestação de
potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre- sentes
características ínsitas ao regime jurídico de direito público, o que tem
levado o STF a genericamente negar a possibilidade de delegação do
poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado, ainda que
integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
Esquematizando, temos:

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA


DISCRICIONARIEDAD AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE
E
Liberdade de Faculdade de a
escolha da Administração
autoridade pública decidir e executar Faz com que o
em relação à diretamente sua ato seja imposto
conveniência e decisão por seus ao particular,
oportunidade do próprios meios, concordando este,
exercício do poder sem intervenção do ou não.
de polícia. Judiciário.

Uso e abuso de poder


De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece de
forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente, desde
que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em
atendimento à consecução dos fins públicos.
No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para fins
diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se que
houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor- re tanto
por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa que não
deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por meio do
qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito.
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas:
• Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au-
toridade atua extrapolando os limites da sua competência.
• Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- rém,
o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária ao
interesse público como um todo.

Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder


pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por
intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju-
dicial.

Conceito SERVIÇO PÚBLICO


De modo geral, não havendo a existência de um conceito le- gal
ou constitucional de serviço público, a doutrina se encarregou de
buscar uma definição para os contornos do instituto, ato que foi
realizado com a adoção, sendo por algumas vezes isolada, bem como
em outras, de forma combinadas, vindo a utilizar-se dos cri- térios
subjetivo, material e formal. Vejamos a definição conceitual de cada
em deles:

78
LEGISLAÇÃO
Critério subjetivo ESPECÍFICA Sentido objetivo ou material
Nesse sentido, a administração pública está coligada à diversas
Aduz que o serviço público se trata de serviço prestado pelo
atividades que são exercidas pelo Estado, por intermédio de seus
Estado de forma direta.
agentes, órgãos e entidades na diligência eficaz da função adminis- trativa
estatal.
Critério material
Sob esse crivo, serviço público é a atividade que possui como Destaque-se, por oportuno, que o vocábulo serviço público
objetivo satisfazer as necessidades coletivas. sempre está se referindo a uma atividade, ou, ainda, a um conjunto de
atividades a serem exercidas, sem levar em conta qual o órgão ou a
Critério formal entidade que as exerce.
Segundo esse critério, serviço público é o labor exercido sob o Mesmo com os aspectos expostos, boa parte da doutrina ain- da usa
regime jurídico de direito público denegridor e desmesurado do direito de definições de caráter amplo e restrito do vocábulo ser- viço público.
comum. Para alguns, tal vocábulo se presta a designar todas as funções do Estado,
tendo em vista que nesse rol estão inclusas as funções administrativa,
Passando o tempo, denota-se que o Estado foi se distanciando dos legislativa e judiciária. Já outra corrente doutrinária, utiliza-se de um
princípios liberais, passando a desenvolver também atividades conceito com menor amplitude, vindo a incluir somente as funções
comerciais e industriais, que, diga se de passagem, anteriormente eram administrativas e excluindo, por sua vez, as funções legislativa e
reservadas somente à iniciativa privada. De outro ângulo, foi verificado judiciária. Destarte, infere-se que den- tre aquelas doutrinas que adotam
em determinadas situações, que a estrutura de organiza- ção do Estado um sentido mais restrito, existem ainda as que excluem do conceito
não se encontrava adequada à execução de todos os serviços públicos. Por atividades importantes advindas do exercício do poder de polícia, de
esse motivo, o Poder Público veio a delegar a particulares com o intuito de intervenção e de fomento.
responsabilidade, a prestação de al- guns serviços públicos. Em outro Denota-se com grande importância, que o direito brasileiro
momento, tais serviços públicos também passaram a ter sua prestação acaba por diferenciar de forma expressa o serviço público e o poder de
delegada a outras pessoas jurídicas, que por sua vez, eram criadas pelo polícia. Em campo tributário, por exemplo, no disposto em seus arts. 77 e
próprio Estado para esse fim específico. Eram as empresas públicas e 78, o Código Tributário Nacional dispõe do ensino e deter- minação de
sociedades de economia mista, que possuem regime jurídico de direito duas atuações como fatos geradores diversos do tribu- to de nome taxa.
privado, cujo serviço era mais eficaz para que fossem executados os serviços Nessediapasão delinha diferenciadora, a ESAF,na aplicação da prova para
comerciais e industriais. Procurador do Distrito Federal/2007, veio a considerar como incorreta a
Esses acontecimentos acabaram por prejudicar os critérios uti- afirmação: “o exercício da atividade estatal de polícia administrativa
lizados pela doutrina para definir serviço público como um todo. constitui a prestação de um serviço público ao administrado”.
Denota-se que o elemento subjetivo foi afetado pelo fato de as pes- soas De forma geral, a doutrina entende que os elementos subjetivo,
jurídicas de direito público terem deixado de ser as únicas a prestar tais material e formal tradicionalmente utilizados para definir serviço
serviços, posto que esta incumbência também passou a ser delegada aos público, continuam de forma ampla a servir a esse propósito, desde que
particulares, como é o caso das concessionárias, permissionárias e estejam combinados e harmonizados com o fito de acoplar de forma
autorizatárias. Já o elemento material foi atingido em decorrência de correta, as contemporâneas figuras jurídicas que vêm sendo inseridas e
algumas atividades que outrora não eram tidas como de interesse determinadas pelo legislador com força de lei, com o fulcro de oferecer
público, mas que passaram a ser exercidas pelo Estado, 8como por conveniência e utilidades, bem como de atender as constantes
exemplo, como se deu com o serviço de loterias. O elemento formal, por necessidades da população que sempre acontecem de forma mutante, a
sua vez, também foi bastante atingido, na forma que aduz que nem todos exemplo das parcerias público-privadas, das OSCIPs e organizações
os serviços públicos são prestados sob regime de exclusividade pública, sociais.
como por exemplo, a aplica- ção de algumas normas de direito do Nesse sentido, com o objetivo de reinterpretar o elemento
consumidor e de direito civil a contratos feitos entre os particulares e a subjetivo em consonância com o atual estágio de evolução do di- reito
entidade prestadora de serviço público de forma geral. administrativo, podemos afirmar que a caracterização de um serviço
Assim sendo, em razão dessas inovações, os autores passaram, por sua como público, em tempos contemporâneos passou a não exigir mais que
vez, a comentar em crise na noção de serviço público. Ho- diernamente, a prestação seja realizada pelo Estado, mas apenas que ele passe a deter,
os critérios anteriormente mencionados continuam sendo utilizados nos termos legais dispostos na Constituição Federal de 1988, a
para definir serviço público, porém, não é exigido que os três elementos titularidade de tal serviço. Em relação a esse aspecto, destacamos a
se façam presentes ao mesmo tempo para que o serviço possa ser importância de não vir a confundir a expres- siva titularidade do serviço
considerado de utilidade pública, passan- do a existir no campo com sua efetiva prestação. Registe-se que o titular do serviço, trata-se
doutrinário diversas definições, advindas do uso isolado de um dos do sujeito que detém a atribuição legal constitucional para vir a prestá-
elementos ou da combinação existente entre eles. lo. Via de regra, aquele que de- tém a titularidade do serviço não se
Registra-se, que além da enorme variedade de definições ad- vindas encontra obrigado a prestá-lo de forma direta através de seus órgãos,
da combinação dos critérios subjetivo, material e formal, é de suma mas tem o dever legal de promover-lhe a prestação, de forma direta por
importância compreendermos que o vocábulo “serviço público” pode meio de seu aparato administrativo, ou, ainda, mediante a legal delegação
ser considerado sob dois pontos de vista, sendo um subjetivo e outro a particulares realizada por meio de concessão, permissão ou
objetivo. Façamos um breve estudo de cada um deles: autorização.
De maneira igual, contemporaneamente, o critério material
Sentido objetivo considerado de forma isolada não é suficiente para definir um ser- viço
Infere-se que tal expressão é usada para fazer alusão ao sujeito como público. Isso ocorre pelo fato de existirem determinadas atividades
responsável pela execução da atividade. Exemplo: determinada au- tarquia relativas aos direitos sociais como saúde e educação, por exemplo, que
com o dever de prestar de serviços para a área da educação. apenas podem ser enquadradas no conceito quando forem devidamente
prestadas pelo Estado, levando em conta que a execução desses serviços

79
LEGISLAÇÃO
por particulares deve ser denominada como serviço privado.
ESPECÍFICA

80
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Formal - poderá haver a permanência do Direito Público ou do
Finalmente, em relação ao critério formal, nos tempos moder- nos, Direito Privado nos ditames da lei. Porém, em ambas as situações, a
infere-se que não é mais necessário que o regime jurídico ao qual está responsabilidade será sempre objetiva.
submetido o serviço público seja realizado de maneira in- tegral de direito
público, sendo que em algumas situações, acaba existindo um sistema Material - por meio da aplicação desse elemento, o objetivo do
híbrido que é formado por regras e normas de direito público e privado, serviço público será sempre o de satisfazer de forma concreta as
principalmente em se tratando de caso de serviços públicos nos quais sua necessidades da coletividade.
prestação tenha sido delegada a terceiros.
Regulamentação e Controle
Observação importante: Com o entendimento acima mencio- Tanto a regulamentação quanto o controle do serviço público são
nado, a ilustre Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro acaba por definir realizados de maneira regular pelo Poder Público. Isso ocorre em
serviço público como sendo toda a atividade material que a lei atribui ao qualquer sentido, ainda que o serviço esteja delegado por con- cessão,
Estado, para que este a exerçade forma direta ou por intermédio de seus permissão ou autorização, uma vez que nestas situações, deverá o Estado
delegados, com o condão de satisfazer de forma concreta as necessidades manter sua titularidade e, ainda que haja situações adversas e problemas
da coletividade, sob regime jurídico total ou parcialmente público. durante a prestação, poderá o Poder Público interferir para que haja a
regularização do seu funcionamento, com fundamento sempre na
Elementos Constitutivos preservação do interesse público.
Os elementos do serviço público podem ser classificados sob os
Ressalta-se que esses serviços são controlados e também fisca- lizados
seguintes aspectos:
pelo Poder Público, que deve intervir em caso de má pres- tação, sendo
Subjetivo: Por meio do qual o serviço público está sempre sob a
que isso é uma obrigação que lhe compete segundo parâmetros legais.
total responsabilidade do Estado. No entanto, registra-se que ao Estado
A esse respeito, dispõe a Lei 8997 de 1995 em seus arts. 3º e 32,
como um todo, é permitido delegar determinados serviços públicos,
respectivamente:
desde que sempre por intermediação dos parâmetros da lei e sob regime
Art. 3º. As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização
de concessão ou permissão, bem como por meio de licitação. Denota-se
pelo poder concedente responsável pela delegação, com a coopera-
que nesse caso, é o próprio Estado que escolhe os serviços que são ção dos usuários.
considerados serviços públicos. Como exem- plo, podemos citar: os Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com
Correios, a radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros serviços o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como
pertinentes à Administração Pública. Esse elemento determina que o o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e le-
serviço público deve ser prestado pelo Estado ou pelos seus entes gais pertinentes.
delegados, ou seja, por pessoas jurídi- cas criadas pelo Estado ou por
concessões e permissões aterceiros para que possam prestá-lo. Deve-se registrar também, que outro aspecto que deve ser en-
fatizado com destaque em relação à regulamentação e ao contro- le dos
Formal: A princípio, o regime jurídico é de Direito Público, ou par- serviços públicos, são os requisitos do serviço e direito dos usuários,
cialmente público, sob o manto do qual o serviço público deverá ser sendo que o primeiro deles é a permanência, que possui como atributo,
prestado. No entanto, quando particulares prestam seus serviços em impor a continuidade do serviço. Logo após, temos
conjunto com o Poder Público, ressalta-se que o regime jurídico é con- o requisito da generalidade, por meio do qual, os serviços devem ser
siderado como híbrido. Isso por que nesse caso, poderáhaver a perma- nência prestados de maneira uniforme para toda a coletividade. Em se- guida,
do Direito Público ou do Direito Privado nos ditames da lei. Po- rém, em surge o requisito da eficiência, por intermédio do qual é exi- gida a eficaz
ambasas situações,aresponsabilidadeserásempreobjetiva. atualização do serviço público. Em continuidade, vem a modicidade, por
meio da qual, infere-se que as tarifas que são co- bradas dos usuários
Material: Por intermédio desse elemento, o serviço público de- verá devem ser eivadas de valor razoável e por fim, a cortesia, que por seu
sempre prestar serviços condizentes a uma atividade de inte- resse intermédio, entende-se que o tratamento com o usuário público em
público como um todo. Denota-se que por meio da aplicação desse geral, deverá ser oferecido com presteza. Havendo descumprimento de
elemento, o objetivo do serviço público será sempre o de sa- tisfazer de quaisquer dos requisitos retro mencionados, afirma-se que o usuário do
forma concreta as necessidades da coletividade. serviço terá em suas mãos
Esquematizando, temos:
o direito pleno de recorrer ao Poder Judiciário para exigir a correta
prestação desses serviços. Neste mesmo sentido, destaca-se que a greve de
Elementos constitutivos dos serviços públicos
servidores públicos, não poderá jamais ultrapassar o direi- to dos usuários
Subjetivo - determina que o serviço público deve ser prestado pelo
Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas jurídicas dos serviços essenciais, que setratam daqueles que por decorrência de sua
criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a ter- ceiros para que natureza, colocam a sobrevivência, a vida e a segurança da sociedade em
possam prestá-lo. risco se estiverem ausentes.

Formal - o regime jurídico é de Direito Público, ou parcialmente Formas de prestação e meios de execução
público, sob o manto do qual o serviço público deverá ser prestado. O art. 175 da Constituição Federal de 1988 determina, que
compete ao Poder Público, nos parâmetros legais, de forma direta ou sob
Material - o serviço público deverá sempre prestar serviços regime de concessão ou permissão a prestação de serviços públicos de
condizentes a uma atividade de interesse público como um todo. forma geral. De acordo com esse mesmo dispositivo, as concessões e
permissões de serviços públicos deverão ser sempre precedidas de
Subjetivo - é o próprio Estado que escolhe os serviços que são licitação.
considerados serviços públicos. Como exemplo, podemos citar: os Entretanto, o parágrafo único do art. 175 da Carta Magna dis- põe a
Correios, a radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros serviços implementação de lei para regulamentar as seguintes refe- rências:
pertinentes à Administração Pública.

81
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApor ato bilateral, buscando somente transferir a execução, porém,
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de jamais a titularidade que deverá sempre permanecer com o poder
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua outorgante.
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários; III
– política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

Considera-se que a Lei Federal 8.987/1995, em obediência ao


mandamento constitucional foi editada estabelecendo normas ge-
neralizadas como um todo em matéria de concessão e permissão de
serviços públicos, devendo tais normas, ser aplicáveis à União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, da mesma forma que a Lei Federal
9.074/1995, que, embora tenha o condão de estipular re- gras
especificamente voltadas a serviços de competência da União, trouxe
também em seu bojo, pouquíssimas regras gerais que po- dem ser
aplicadas a todos os entes federados.
Em relação à forma de prestação dos serviços públicos, de-
preende-se que estes podem ser prestados de forma centralizada ou
descentralizada, sendo a primeira forma caracterizada quando o serviço
público for prestado pela própria pessoa jurídica federativa que detém a
sua titularidade e a segunda forma, quando, em várias situações, o ente
político titular de determinado serviço público, embora continue
mantendo a sua titularidade, termina por transfe- rir a pessoas diferentes
e desconhecida à sua estrutura administra- tiva, a responsabilidade
pela prestação.
Lembremos que o ente político, mesmo ao transferir a respon-
sabilidade pela prestação de serviços públicos a terceiros, sempre poderá
conservar a sua titularidade, fato que lhe garante a manu- tenção da
competência para regular e controlar a prestação dos serviços
delegados aoutrem.
A descentralização dos serviços públicos pode ocorrer de duas
maneiras:
1. Por meio de outorga ou delegação legal: por meio da qual o
Estado cria uma entidade que poderá ser autarquia, fundação pú- blica
sociedade de economia mista ou empresa pública, transferin- do-lhe, por
meios legais a execução de um serviço público.
2. Por meio de delegação ou delegação negocial: por intermé-
dio da qual, o Poder Público detém o poder de transferir por contra- to ou
ato unilateral a execução ampla do serviço, desde que o ente delegado
preste o serviço em nome próprio e por sua conta e risco, sob o controle
do Estado e dentro da mesma pessoa jurídica.

Esclarece-se ainda, a título de conhecimento, que a delegação


negocial admite a titularidade exclusiva do ente delegante sobre o
serviço a ser delegado. Em se tratando de serviços nos quais a
titularidade não for exclusiva do Poder Público, como educação e saúde,
por exemplo, o particular que tiver a pretensão de exercê-lo não estará
dependente de delegação do Estado, uma vez que tais atos de exercício
de educação e saúde, quando forem prestados por particulares, não serão
mais considerados como serviços públicos, mas sim como atividade
econômica da iniciativa privada.
Em outras palavras, os serviços públicos podem ser executados nas
formas:
Direta: Quando é prestado pela própria administração pública por
intermédio de seus próprios órgãos e agentes.
Indireta: Quando o serviço público é prestado por intermé- dio
de entidades da Administração Pública indireta ou, ainda, de
particulares, por meio de delegação, concessão, permissão e au-
torização. Esta forma de prestação de serviço, deverá ser sempre
sobrepujada de licitação, formalizada por meio de contrato admi-
nistrativo, seguida de adesão com prazo previamente estipulado e que

82
LEGISLAÇÃO
Em resumo, temos: ESPECÍFICA

Transferência da execução do
DESCENTRALIZAÇÃO serviço para outra pessoa física ou
jurídica.
Divisão interna do serviço com
DESCONCENTRAÇÃ outros órgãos da mesma pessoa
O jurídica.

Delegação

Concessão
Ocorre a delegação negocial de serviços públicos mediante:
concessão, permissão ou autorização.
Nesse tópico, não esgotaremos todas as formas de concessões
existentes e suas formas de aplicação e execução nos serviços públi- cos,
porém destacaremos as mais importantes e mais cobradas em provas
de concursos públicos e áreas afins.
Conforme o Ordenamento Jurídico Brasileiro, as concessões de
serviços públicos podem ser divididas em duas espécies:
1ª) Concessões comuns, que estão sob a égide das leis
8.987/1995 e 9.074/1995 e 2ª, que subdividem em: concessão de
serviços públicos e concessão de serviço público precedida da exe-
cução de obra pública.
2ª) Concessões especiais, que são as parcerias público-privadas
previstas na Lei 11.079/2004, sujeitas a alguns dispositivos da Lei
8.987/1995. Se subdividindo em duas categorias: concessão patro-
cinada e concessão administrativa.

A concessão comum de serviço público é uma modalidade de


contrato administrativo por intermédio do qual a Administração Pú-
blica transfere delegação a pessoa jurídica ou, ainda, a consórcio de
empresas a execução de certo serviço público pertencente à sua
titularidade, na qual o concessionário é obrigado, por meio de con-
tratos legais a executar o serviço delegado em nome próprio, por sua
conta e risco, sendo sujeito a controle e fiscalização do poder
concedente e remunerado através de tarifa paga pelo usuário ou
outra modalidade de remuneração advinda da exploração do ser- viço.
Exemplo: as receitas adquiridas por empresas de transporte coletivo
que cobram por comerciais constantes na parte traseira dos ônibus.
Conforme mencionado, existem duas modalidades de conces- são
comum, quais sejam: a concessão de serviço público, também
conhecida como concessão simples e a concessão de serviço públi- co
antecedida de execução por meio de obra pública.
A concessão de serviço público ou concessão simples, pode ser
definida pela lei como a “delegação da prestação de serviço público, feita
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de-
monstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
prazo determinado” (art. 2º, II).
Já a concessão de serviço público antecedida de execução de obra
pública pode ser como “a construção, total ou parcial, conser- vação,
reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de

83
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAtemos:
interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licita- ção,
na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta
e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado
e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo
determinado” (art. 2º, III). Como hipótese de exemplo, citamos a
concessão a particular, vitorioso de processo licitatório por construção e
conservação de rodovia, com o conse- quente pagamento realizado
mediante a cobrança de pedágio aos particulares que vierem a utilizar
da via.
Pondera-se que a diferença entre as duas modalidades de con- cessão
comum está apenas no objeto. Perceba que na concessão simples, o
objeto do contrato é somente a execução de atividade que foi
caracterizada como sendo serviço público, ao passo que na concessão de
serviço público antecedida da execução de obra pú- blica existe uma
duplicidade de objeto, sendo que o primeiro deles se refere ao ajuste
existente entre o poder concedente e o conces- sionário para que certa
obra pública seja executada. Em relação ao segundo, a prestação do
serviço público existe na exploração am- plamente econômica do
serviço ou da obra.

• Direitos e obrigações dos usuários


Nos ditames do art. 7º da Lei 8.987/1995, os direitos e obriga- ções
dos usuários dos serviços públicos delegados são os seguintes:
a) Receber serviço adequado;
b) Receber do poder concedente e da concessionária informa- ções
para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
c) Obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre
vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as
normas do poder concedente;
d) Levar ao conhecimento do poder público e da concessioná- ria as
irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço
prestado;
e) Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos prati-
cados pela concessionária na prestação do serviço;
f) Contribuir para a permanência das boas condições dos bens
públicos pelos quais lhes são prestados os serviços.

Ademais, as concessionárias de serviços públicos, de direito


público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são legalmente
obrigadas a dispor ao consumidor e ao usuário, desde que dentro do mês
de vencimento, o mínimo de seis datas como opção para escolherem os
dias de vencimento de seus débitos a serem adim- plidos, nos termos do
art. 7º-A, da Lei 8.987/1995.

1. Serviço adequado
Os usuários detêm o direito de receber um serviço público
adequado. Esse direito encontra-se regulamentado pelo seguinte
dispositivo:

Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação


de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, confor-
me estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato.
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regula-
ridade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalida-
de, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Denota-se que além do conhecimento da previsão no citado


dispositivo, é importante compreendermos o significado prático de cada
condição citada, com o objetivo de garantir que cada exigência legal seja
cumprida para a qualificação do serviço como adequado. Desta forma,
84
LEGISLAÇÃO
1 – Regularidade: exige que os serviços públicos sejam presta- dos
ESPECÍFICA se incluído nesse prazo eventual prorrogação nos termos da Lei
de forma a garantir a estabilidade e a manutenção dos requi- sitos 11.079/2004, art. 5º, I.
essenciais, sendo prestados em perfeita harmonia com a lei e com o
regulamento que disciplina a matéria.
2 – Continuidade: impõe que o serviço público, uma vez insti-
tuído, seja prestado de forma permanente e sem interrupção, com
exceção de situações de emergência, bem como a que advém de
razões de ordem técnica ou de segurança das instalações elétricas, por
exemplo.
3 – Eficiência: refere-se à obtenção de resultados eficazes na
prestação do serviço público, exigindo que o serviço seja realiza- do de
acordo com uma adequada relação de custo/benefício, para, com isso,
evitardesperdícios.
4 – Segurança: deverão os serviços públicos respeitar padrões,
bem como normas de segurança, de forma a preservar a integri- dade
da população de modo geral e dos equipamentos utilizados.
5 – Atualidade: possui como foco o impedimento de que o
prestador se encontre alheio às inovações tecnológicas, suprimindo o
investimento em termos de disponibilização aos usuários das me-
lhorias de qualidade e amplitude do serviço.
6 – Generalidade: deve oferecer a garantia de que o serviço
seja ofertado da forma mais abrangente possível.
7 – Cortesia: o prestador do serviço deverá tratar o usuário de
forma educada e gentil.
8 – Modicidade das tarifas: aduz que o valora a ser pago pela
prestação dos serviços, deverá, nos parâmetros legais, ser estabe-
lecido de acordo com os padrões de razoabilidade, buscando evitar que
os prestadores de serviços venham o obter lucros extraordiná- rios
causando prejuízo aos usuários econômico-financeiros do con- trato
firmado com a administração.

Observação importante: A celebração de qualquer espécie de


contrato de concessão ou permissão de serviço público deve ser
realizada mediante licitação, conforme previsto no art. 175 da Cons-
tituição Federal. Concernente às concessões, a Lei 8.987/1995 de-
terminou que a delegação dependerá da realização de prévio pro-
cedimento licitatório para que seja escolhido o concessionário, na
modalidade obrigatória da concorrência. Sendo a modalidade licita-
tória regulada pela Lei de Licitações e Contratos, Lei 8.666/1993, e tema
dos próximos tópicos de estudo, mais adiante, detalharemos com
maior aprofundamento sobre este importante tema.

Passemos a abordar a respeito do prazo que a Administração


Pública permite à concessão na execução dos serviços públicos como
um todo. A Lei 8.987/1995 estabelece que a concessão sim- ples de
serviço público ou a concessão de serviço público prece- dida de obra
pública deverá ser realizada por prazo determinado, mas não define
quais seriam os limites desse prazo. Assim sendo, caberá à lei
reguladora específica de cada serviço público, devida- mente editada
pelo ente federado detentor de competência para prestá-lo, aditar
definindo qual o prazo de duração do contrato de concessão. Caso o
legislador competente não estabeleça qualquer prazo, deverá, por
conseguinte, o poder concedente fixá-lo no ato da minuta do contrato
de concessão, que se encontra afixado como anexo no edital da
licitação. Denota-se que o prazo deve ser razoá- vel, de forma a permitir
o abatimento dos investimentos a serem realizados pelo
concessionário.
Referente às concessões advindas de parceria público-priva- da,
infere-se que a vigência de tais contratos deverá ser sempre
compatível com o abatimento dos investimentos realizados, não
podendo ser sendo inferior a 5 e nem superior a 35 anos, já restan- do-

85
LEGISLAÇÃO
Cláusulas do contrato de concessão ESPECÍFICAtratada, devendo o concessionário demonstrar capacidade técnica e
econômico-financeira que faça haver a presunção de que haverá a
Nos ditames dos arts. 23 e 23-A da Lei 8.987/1995, as cláusu- las do
perfeita execução do serviço. A esse aspecto, a doutrina deno- mina de
contrato de concessão tratam de modo geral sobre o modo, a forma e as
contrato firmado intuitu personae, que se trata da prática de eventual
condições de prestação dos serviços; os direitos e as obrigações do
transferência da concessão para outra pessoa jurídica, bem como do
concedente, do concessionário e dos usuários; os po- deres de fiscalização controle societário da concessionária, sem prévia avi- so ou autorização
do concedente; a obrigação do concessionário de prestar contas; ou e do poder concedente, vindo a implicar a caduci- dade que nada mais é
disciplinam aspectos relativos à extinção da concessão. do que a extinção da concessão.
Infere-se que as cláusulas podem ser divididas em: cláusulas
essenciais obrigatórias em qualquer contrato de concessão, quer seja Intervenção na concessão
concessão simples, quer seja concessão de serviço público pre- cedida de A intervenção na concessão encontra-se submetida a um pro-
obra pública, cláusulas obrigatórias apenas nos contratos de concessão de cedimento formal. De antemão, o poder concedente, por meio de ato
serviço público precedida da execução de obra pú- blica e cláusulas do Chefe do Poder Executivo, ao tomar conhecimento da falta de
facultativas. Vejamos, em síntese: adequação da prestação do serviço ou do descumprimento pela
concessionária das normas pertinentes, edita o decreto de inter-
(São obrigatórias nas concessões): venção que deverá conter a designação do interventor, o prazo da
I – objeto, área e prazo da concessão; intervenção e os objetivos e limites da medida nos ditames do le- gais
II – modo, forma e condições de prestação do serviço; pertinentes.
III – critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da Declarada a intervenção por intermédio de decreto, o poder
qualidade do serviço; concedente deverá, no prazo de até 30 dias, realizar a instauração de
IV – preço do serviço, critérios e procedimentos para o reajuste e a procedimento administrativo com o fito de comprovar as causas
revisão das tarifas; determinadas na medida e apurar as responsabilidades. Esse proce-
V – direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da
dimento administrativo deverá ser concluído em até 180 dias, sob pena
concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessida- des de
de ser considerada inválida a intervenção, nos termos do art. 33, § 2º da
futura alteração e expansão do serviço e consequente mo- dernização,
Lei 8987/95.
aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações;
VI – direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização do
Extinção da concessão
serviço;
A concessão pode ser extinta por várias causas, colocando fim à
VII – forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos
prestação dos serviços pelo concessionário. O art. 35 da Lei 8.987/1995,
métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indi- cação dos
prevê de forma expressa algumas causas de extinção da concessão.
órgãos competentes para exercê-la; simples e nas con- cessões de serviço
Sendo elas: o advento do termo contratual; a encam- pação; acaducidade;
público precedida da execução de obra pública (art. 23,caput);
a rescisão; a anulação; e a falência ou extinção da empresa concessionária
VIII – penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita a
e falecimento ou incapacidade do titu- lar, em se tratando de empresa
concessionária e sua forma de aplicação;
individual.
IX – casos de extinção da concessão; X –
Pondera-se que além das causas anteriores, previstas na legis- lação e
bens reversíveis;
XI – critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indeni- adotadas pela doutrina, a extinção da concessão de serviço público
zações devidas à concessionária, quando for o caso; também pode ocorrer por: desafetação do serviço; distrato; ou renúncia
XII – condições para prorrogação do contrato; daconcessionária.
XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de Vejamos:
contas da concessionária ao poder concedente;
XIV – exigência da publicação de demonstrações financeiras 1 – Encampação (ou resgate)
periódicas da concessionária; e Consiste na extinção da concessão em decorrência da retoma- da do
XV – o foro e o modo amigável de solução das divergências con- serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por
tratuais. motivos de interesse público.

Cláusulas obrigatórias somente nas concessões de serviços 2 – Caducidade (ou decadência)


públicos precedidas de obras públicas (art. 23, parágrafo único) Consiste na extinção do contrato de concessão de serviço pú- blico
I – estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das obras em decorrência de inexecução total ou parcial do contrato, por razões
vinculadas à concessão; e que devem ser imputadas à concessionária. Poderá ser declarada pelo
II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das poder concedente pelas seguintes maneiras, nos termos do art. 38, §
obrigações relativas às obras vinculadas à concessão. 1º, I a VII:
A) O serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
Cláusulas facultativas (art. 23-A) deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ-
I – o contrato de concessão poderá prever o emprego de meca- metros definidores da qualidade do serviço;
nismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacio- nadas B) A concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo- sições
ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua legais ou regulamentares concernentes à concessão;
portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de 23.09.1996; C) A concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan- to,
II – qualquer outra que não seja obrigatória. ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;
D) A concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou
É importante, demonstrar que o contrato de concessão é firma- do operacionais para manter a adequada prestação do serviço con- cedido; a
tendo em vista, não apenas oferecimento da melhor proposta, mas concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos
incluindo também as características referentes à pessoa con- devidosprazos;

86
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAparâmetros do art. 35, §§ 2º e 3º.
E) A concessionária não atender a intimação do poder conce- dente
no sentido de regularizar a prestação do serviço; e
F) A concessionária não atender a intimação do poder conce- dente
para, em 180 dias, apresentar a documentação relativa à re- gularidade
fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei 8.666, de
21.06.1993.

3 – Rescisão
De acordo com a Lei 8.987/1995 a rescisão é a forma de ex- tinção
da concessão, por iniciativa da respectiva concessionária, quando esta
se encontrar motivada pelo descumprimento de nor- mas contratuais
advindas do poder concedente, nos ditames do art.
39. Nesta hipótese, sendo a autoexecutoriedade privilégio aplicável
somente à Administração Pública, para que o concessionário possa
rescindir o contrato de concessão, deverá fazê-lo por intermédio de ação
judicial, sendo que os serviços prestados pela concessionária não deverão
ser interrompidos e nem mesmo paralisados em hi- pótese alguma, até
que a decisão judicial que determine a rescisão transite em julgado.

4 – Anulação
Trata-se de hipótese de extinção do contrato de concessão em
decorrência de vício de legalidade, que pode, via de regra, ser de-
clarado por via administrativa ou judicial.

5 – Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci-


mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
A Lei 8.987/1995, embora a Lei 8.987/95 mencione esse tópico como
formas de extinção da concessão no art. 35, VI, nada dispõe em relação
aos efeitos dessas hipóteses de extinção. No entendi- mento de José dos
Santos Carvalho Filho, tais fatos acabam por provocar a extinção de
pleno direito do contrato, pelo fato de que tornam inviável a execução
do serviço público objeto do ajuste.

6 – Desafetação do serviço público


A Lei 8.987/1995 não se refere e nem minucia a desafetação de
serviço público como causa de extinção da concessão. Entretan- to, no
entender de Diógenes Gasparini, a desafetação do serviço público em
decorrência de lei também é hipótese de extinção da concessão, tendo
em vista que a desafetação ocorre no momento em que uma lei torna
público um serviço.

7 – Distrato (acordo)
Mesmo não havendo referência legal à extinção da concessão por
intermédio de acordo ou distrato entre o poder concedente e a
concessionária, esta hipótese não foi vedada pela legislação. Por esse
motivo, boa parte da doutrina vem admitindo a extinção an- tecipada
da concessão de forma amigável e também consensual.

8 – Renúncia da concessionária
Nesse caso, a lei também não menciona essa hipótese como
maneira de extinção da concessão. Porém, o ilustre Diogo de Figuei- redo
Moreira Neto, a renúncia da concessionária será aceita como forma de
extinção da concessão, a partir do momento em que hou- ver previsão
contratual nesse sentido vindo a disciplinar-lhe as de- vidas
consequências.

Nota importante acerca da concessão:


• Outro efeito da extinção da concessão é a assunção imediata do
serviço pelo poder concedente, ficando este autorizado a ocupar as
instalações e a utilizar todos os bens reversíveis, tendo em vista a
necessidade de dar continuidade à prestação do serviço público nos

87
LEGISLAÇÃO
• Independente da causa da extinção da concessão,ESPECÍFICA
os bens re- extinto a qualquer tempo, havendo ou não indenização. Registra- se que
versíveis que ainda não se encontrem amortizados ou depreciados o texto da lei acabou por usar designação imprópria de re- vogação do
deverão ser indenizados ao concessionário, sob pena de, se não o fizer, contrato, tendo em vista que este não é revogado, é
haver enriquecimento sem causa do poder concedente.

Permissão
O art. 175 da Constituição Federal Brasileira determina que
“incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviçospúblicos”.
Passível de observação, o ditado dispositivo constitucional não faz
nenhum tipo de referência relativa à autorização de serviços pú- blicos.
Entretanto, denota-se que existe a admissão da delegação de serviços
públicos por intermédio de autorização com fulcro nos art. 21, XI e XII,
e art. 223 da Constituição Federal. Desta forma, infere-se que a
delegação de serviços públicos pode ser realizada por meio de
concessão, permissão ou autorização. Tratada anterior- mente,
passemos a explorar os demais institutos.
Infere-se que a Lei 8.987/1995 não traz em seu bojo muitos
dispositivos relacionados à permissão de serviços públicos, vindo a
limitar-se a estabelecer o seu conceito. A permissão de serviço
público, nos ditames da lei, pode ser conceituada como “a delega- ção,
a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos,
feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e ris- co” (art. 2º, IV).
Já o art. 40 da mesma Lei dispõe:
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada me-
diante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à
precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.
Proveniente do exposto, podemos expor com destaque as prin-
cipais características da permissão de serviço público. São elas:
a) É uma forma de delegação de serviços públicos;
b) Deve ser precedida de licitação pública, mas a Lei não de-
termina a modalidade licitatória a ser seguida (diferencia-se da
concessão de serviço público que exige a licitação na modalidade
concorrência);
c) É formalizada por meio de um contrato de adesão, de natu- reza
precária, uma vez que a lei prevê que pode ser revogado de maneira
unilateral pelo poder concedente (diferencia-se das con- cessões de
serviço público que não possuem natureza precária); e
d) Os permissionários podem ser pessoas físicas ou jurídicas
(diferencia-se das concessões de serviço público em razão de os
concessionários somente poderem ser pessoa jurídica ou consórcio de
empresas).

Por motivos importantes relacionados às características ante-


riores, destacamos algumas observações.
Relativo a primeira, aduz-se que todo contrato administrativo é
um contrato de adesão, posto que a minuta do contrato deve ser
redigida pela Administração, bem como integra todos os anexos do
edital de licitação apresentado. Desta maneira, aquele que vence a
licitação e, por sua vez, assina o contrato, passa a aderir somente ao que
foi estipulado pela Administração Pública, não podendo haver
discussões sobre as cláusulas contratuais. Assim ocorrendo, tanto a
concessão quanto a permissão de serviço público estarão se cons-
tituindo em contrato de adesão, sendo que essa circunstância, não
serve para diferenciar os dois institutos.
Direcionado à segunda observação a ser feita, trata-se de uma
relação à precariedade do vínculo, que de antemão, pode vir a ser

88
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAhouver uma quantidade limitada de autorizações a serem fornecidas e
rescindido, o que se dá de forma contrária do ato administrativo que é
existindo determinada pluralidade de possíveis
sujeito à revogação. De qualquer maneira, a precariedade do vínculo
encontra-se relacionada à possibilidade de extinção sem o pagamento
de indenização.
Pondera-se que todo e qualquer tipo de contrato administra- tivo,
desde que esteja justificado pelo interesse público, pode ser rescindido
de forma unilateral pela Administração Pública, não con- figurando esse
aspecto apenas uma particularidade do contrato de permissão de
serviços públicos.
Infere-se que quando a rescisão do contrato de concessão não for
causada pelo concessionário, acarretará em direito a percepção de
indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que a concessão é
impreterivelmente celebrada por prazo certo. No tocante à permis- são,
existem contradições, pois existem doutrinadores que enten- dem que a
permissão sempre ocorre, via de regra, por prazo certo e determinado,
ao passo que outros doutrinadores defendem que a permissão ocorre,
de antemão, por prazo indeterminado, porém, também admitem que
ocorre prazo determinado, desde que tal dispositivo esteja fixado no
edital da correspondente licitação. Essa última posição, é a que a
Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende, para quem a fixação de
prazo de vigência da permissão faz com que desapareçam as diferenças
existentes entre os institutos da permissão e da concessão. Por
conseguinte, em se tratando da permissão por prazo determinado,
ressalta-se que não existe a pre- cariedade do vínculo, vindo, desta forma,
o permissionário obter o direito de indenização quando não der causa à
rescisão deste.

Em síntese, vejamos as principais características da concessão e da


permissão de serviços públicos:

PERMISSÃO DE CONCESSÃO DE
SERVIÇO PÚBLICO SERVIÇO PÚBLICO
• Forma de delegação de
serviço público; •Forma de delegação de
•Depende de licitação, mas a serviço público;
lei não •Depende de licitação na
•Predetermina a modalidade modalidade obrigatória da
licitatória; concorrência;
•Possui natureza precária, •Não possui natureza
havendo controvérsias na precária;
doutrina; •Os concessionários só
•Os permissionários podem podem ser pessoa jurídica ou
ser pessoa física ou pessoa consórcio de empresas.
jurídica.

Autorização
De acordo com o entendimento da doutrina, a autorização se
constitui em ato administrativo unilateral, discricionário e precário por
intermédio do qual, o poder público detém o poder de delegar a
execução de um serviço público de sua titularidade, possibilitando que o
particular o realize em seu próprio benefício. Nos ditames de Hely
Lopes Meirelles, “serviços autorizados são aqueles que o Poder Público,
por ato unilateral, precário e discricionário, consente na sua execução por
particular para atender a interesses coletivos instáveis ou emergência
transitória”.

Depreende-se que a autorização de serviço público não é de-


pendente de licitação, posto que esta somente é exigível para a rea- lização
de contrato. Sendo a autorização ato administrativo, enten- de- se que
não deverá ser precedida de procedimento licitatório. Entretanto, se

89
LEGISLAÇÃO
interessados, em atendimento ao princípio da isonomia, éESPECÍFICA
neces- sário que para a execução destes, a Administração utiliza de seu poder de
que se faça um processo seletivo para facilitar a escolha dos entes que hierarquia sobre os administrados. Por esse motivo, infere-se que só
serão autorizados pelo Poder Público. devem ser prestados por órgãos ou entidades pú-
Caso o ato de autorização seja precário, pode de antemão, ser
revogado a qualquer tempo, desde que seja por motivo de interesse
público, suprimindo o direito à indenização por parte do eventual
prejudicado. No entanto, a exemplo de exceção, existindo estabele-
cimento de prazo para a autorização, ressalta-se que o vínculo aca- ba
por perder a precariedade, passando a ser cabível o direito de
indenização em se tratando de caso de revogação da autorização.
Demonstramos, por fim, que embora seja tradição se definir a
autorização como ato administrativo discricionário, a Lei Geral de
Telecomunicações determina que a autorização de serviço de te-
lecomunicações é ato administrativo vinculado, nos parâmetros da Lei
9.472/1997, art. 131, § 1º, de forma a não existir possibilidade de a
administração denegar a prática da atividade para os particu- lares que
vierem a preencher devidamente as condições objetivas e subjetivas
necessárias

Classificação
Existem vários critérios adotados para classificar os serviços,
dentre os quais, vale à pena destacar os seguintes:

a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e


serviços de utilidade pública (não essenciais)
Em relação aos serviços públicos propriamente ditos, afirma-
-se que são serviços classificados como essenciais à sobrevivência da
sociedade e do próprio Estado. Como exemplo, podemos citar o
serviço de Polícia Judiciária e Administrativa. Tendo em vista que tais
serviços exigem a prática de atos de império relacionados aos
administrados, denota-se que os mesmos só podem ser prestados de
forma direta pelo Estado, sem a necessidade de delegação a ter- ceiros.
Concernente aos serviços de utilidade pública, aduz-se que são aqueles
cuja prestação é de bom proveito à coletividade, tendo em vista que,
mesmo que estes visem a facilitação da vida do indiví- duo na sociedade
como um todo, não são considerados essenciais, podendo, por esse
motivo, ser executados de forma direta pelo Es- tado ou ter sua
prestação delegada a particulares. Exemplo: a água tratada, o
transporte coletivo, dentre outros.

b) Serviços próprios e impróprios


A classificação de serviços públicos próprios e impróprios é
apresentada com variações de sentido na doutrina.
No entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a doutri- na
clássica classifica como serviços públicos próprios aqueles que, em
decorrência de sua importância, o Estado passa a assumir como seus e os
coloca em execução de forma direta por intermédio de seus agentes,
ou, ainda, indireta que ocorre mediante delegação a terceiros
concessionários ou permissionários. Referente aos ser- viços públicos
impróprios, são aqueles que, embora atendam às necessidades
coletivas, não estão sendo executados pelo Estado, nas suas formas
direta ou indireta, mas estão autorizados, regula- mentados e
fiscalizados pelo Poder Público. Exemplo: as institui- ções financeiras,
de seguro e previdência privada, dentre outros. Entretanto, a própria
autora explica que os serviços considerados impróprios pela retro
mencionado corrente doutrinária, em sentido jurídico, sequer
poderiam ser considerados serviços públicos, tendo em vista que a lei
não atribui a sua prestação ao Estado.
Hely Lopes Meirelles ensina que serviços próprios do Estado “são
aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder
Público, como: segurança, polícia, higiene e saúde públicos etc., sendo

90
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Princípios
blicas, sem delegação a particulares”. Por sua vez, os serviços im- próprios Os princípios jurídicos solidificam os valores fundamentais da
do Estado “são os que não afetam substancialmente as ne- cessidades da ordem jurídica. Em razão de sua fundamentalidade e abertura lin-
comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por guística, os princípios se espalham sobre todo o sistema jurídico, vindo
isso, a Administração os presta remunerada- mente, por seus órgãos ou a garantindo-lhe harmonia e coerência.
entidades descentralizadas (autarquias, empresas públicas, sociedades
Os princípios jurídicos são classificados a partir de dois crité- rios.
de economia mista, fundações go- vernamentais), ou delega sua prestação
Partindo da amplitude de aplicação no sistema normativo, os princípios
a concessionários, permis- sionários ou autorizatários”.
podem ser divididos em três espécies:
a) Princípios fundamentais: são princípios que representam as
c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou indus- decisões políticas de estrutura do Estado, servindo de base para todas as
triais) e sociais
demais normas constitucionais, como por exemplo: prin- cípios
São constituídos por atividades promovidas pelo Poder Público com o
republicanos, federativo, da separação de poderes, dentre outros;
fulcro de atender às necessidades internas requeridas pela
b) Princípios gerais: via de regra, se referem a importantes es-
Administração. Também podem preparar outros serviços que deve- rão
pecificações dos princípios fundamentais, embora possuam menor grau
ser prestados ao público, como por exemplo, as estações expe- rimentais
de abstração e acabam por se espalhar sobre todo o ordena- mento
e a imprensa oficial.
jurídico. Exemplos:osprincípios da isonomia edalegalidade;
Nos ditames da lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o serviço
c) Princípios setoriais ou especiais: se destinam à aplicação de
comercial ou industrial é aquele que a Administração Pública exe- cuta,
certo tema, capítulo ou título da Constituição. Exemplos: princípios da
direta ou indiretamente, com o objetivo de atender às neces- sidades
Administração Pública dispostos no art. 37 da CRFB: legalidade,
coletivas de ordem econômica, tendo como supedâneo no art. 175 da
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Constituição Federal, a exemplo dos serviços de teleco- municações,
dentre outros.
Já a segunda classificação, acaba por levar em conta a menção
Já o serviço público social, cuida-se daquele que atende a ne-
expressaou implícitados princípios em seus textos normativos. São eles:
cessidades coletivas, em áreas cuja atuação do Estado é considera- da de
a) Princípios expressos: são os que se encontram expressa-
caráter essencial, a exemplo dos serviços de educação, saúde e previdência.
mente mencionados no texto da norma. Exemplos: princípios da
De acordo com a doutrina dominante, tais serviços, quando são
Administração Pública que são elencados noart. 37da CRFB);
prestados pela iniciativa privada não são considerados como serviços
b) Princípios implícitos: são os reconhecidos pela doutrina e
públicos, mas sim como serviços de natureza priva- da.
pela jurisprudência advindo da interpretação sistemática do orde-
namento jurídico. Exemplos: princípios da razoabilidade e da pro-
d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos)
porcionalidade, da segurança jurídica.
Também chamados de serviços singulares ou individuais, os
Em relação ao processo administrativo, denota-se que estes são
serviços uti singuli são aqueles cuja finalidade é a satisfação indi- vidual
regulados por leis infraconstitucionais e que também elencam outros
e direta das necessidades do indivíduo. Esses serviços têm usuários
princípios do Direito Administrativo. A nível federal, registra-
determinados, sendo, por esse motivo, possível a mensu- ração de forma
-se que o art. 2. ° da Lei 9.784/1999 cita a existência dos seguintes
individualizada da utilização de cada usuário. São incluídos nessa
princípios: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, propor-
categoria os serviços de fornecimento de água, energia elétrica,
cionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
telefone, etc. que podem ser remunerados por in- termédio de taxa ou
jurídica, interesse público e eficiência.
tarifa.
Os serviços uti universi, também conhecidos como serviços uni-
Sem qualquer tipo de dependência da quantidade de princípios
versais, coletivos ou gerais, são os serviços prestados à coletividade, porém,
elencados pelo ordenamento e pela doutrina, podemos destacar, para
são usufruídos somente de forma indireta pelos indivíduos. Exemplos:
fins de estudo os principais princípios do Direito Administrati- vo:
serviço de iluminação pública, defesa nacional, dentre outros. Denota-
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
se que os serviços uti universi, de modo geral são prestados a usuários
razoabilidade, proporcionalidade, finalidade pública (supremacia do
indeterminados e indetermináveis, não sendo por esse motivo, passíveis
interesse público sobre o interesse privado), continuidade, auto- tutela,
de ter seu uso individualizado. Além disso são custeados através de
consensualidade/participação, segurança jurídica, confiança legítima e
impostos ou contribuições especiais. Por esse motivo, o STF editou a
boa-fé.
Súmula 670 (posteriormente convertida na Súmula Vinculante 41), na
qual predomina o entendimento de que “o serviço de iluminação pública Vejamos a definição e a importância de cada um deles:
não pode ser remunerado me- diante taxa”, uma vez que se trata de
serviço uti universi. Princípio da legalidade
Previsto no art. 37 da CRFB/1988, é conceituado como um pro- duto
Por fim, ressalta-se que há uma correlação entre a conceitua- ção do do Liberalismo, que pregava a superioridade do Poder Legisla- tivo na qual
serviço como uti universi ou uti singuli e o seu custeio, pois, quando o a legalidade se divide em dois importantes desdobra- mentos:
serviço é uti singuli, é possível identificar o usuário e men- cionar a a) supremacia da lei: a lei acaba por prevalecer e tem preferên- cia
utilização da expressão a “conta” deve ser paga pelo pró- prio usuário, sobre os atos da Administração;
mediante o implemento de taxa, preço ou tarifa. Em se tratando de b) reserva de lei: o tratamento de determinadas matérias deve ser
serviço uti universi, quando não é possível saber quem são os usuários de formalizado pela legislação, excluindo o uso de outros atos com caráter
forma individualizada, pois, o usuário é a “coleti- vidade”, nem normativo.
quantificar o uso, a “conta” é paga pela coletividade, mediante o Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o
recolhimento de impostos ou contribuições especiais. principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis-
trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só
poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos,

91
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAgestão no interior da Administração (art. 37 da CRFB) e com as
agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o OrganizaçõesSociais(Lei9.637/1998).
princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen- tos
legais é ilícito.

Princípio da impessoalidade
Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui duas
interpretações possíveis:
a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pública deve
se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico aos
particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas a
discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da
CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata- mento
que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em posição fática
de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade material. Exemplo:
art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei 8.112/1990: reserva de vagas
em cargos e empregos públicos para portadores de deficiência.
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como feitos
pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais toda a
publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter educativo,
informativo ou de orientação social, nos termos do art. 37, § 1.°, da CRFB
: “dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”
.

Princípio da moralidade
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua- ção
administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia- pasão, o
art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao administrador
nos processos administrativos, a autêntica “atuação segundo padrões
éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo: a vedação do ato de
nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13 do STF. Entretanto, o STF
tem afastado a aplicação da mencionada súmula para os cargos políticos,
o que para a doutrina em geral não parece apropriado, tendo em vista que
o princípio da moralidade é um princípio geral e aplicável a toda a
Administração Pública, vindo a alcançar, inclusive, os cargos de
natureza política.

Princípio da publicidade
Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos do
Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art.
2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a
transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com o
princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin- do a
possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos praticados
pela Administração Pública em geral. Denota-se que a atuação
administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos Estados
autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di- reito, a regra
determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais, com exceção dos
casos de sigilo determinados e especificados por lei. Exemplo: a
publicidade é um requisito essencial para a produ- ção dos efeitos dos
atos administrativos, é uma necessidade de mo- tivação dos atos
administrativos.

Princípio da eficiência
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998, com o
fito de substituir a Administração Pública burocrática pela
Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio- nado
de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das finalidades
públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo: duração razoável
dos processos judicial e administrativo, nos dita- mes do art. 5.0, LXXVIII,
da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), bem como o contrato de

92
LEGISLAÇÃO
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que
ESPECÍFICA
garantem sua eficiência:
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio- rar a
situação de outrem.
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas de
forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número de
pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”).
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados
acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma
econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação de
considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do serviço
ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as- pectos.

Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade


Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna
Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di- reito
norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial da
cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da
Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará- ter
procedimental (procedural due process of law: direito ao contra-
ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para, por
sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of law:
proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra abusos
do Estado).
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo
aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da
constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons-
trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos
direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das
teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento no
qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho- mem
oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito do Direito
Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber, na
Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em que a
doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor-
cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado de
Direito.
Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di-
ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro-
porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi-
lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma
paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade,
vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos
excessos cometidos pelo Poder Público.
O princípio da proporcionalidade é subdividido em três sub-
princípios:
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será
adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado
pretendido.
b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição do
excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan- çar os
fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá o dever de
adotar a medida menos agravante aos direitos funda- mentais.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma tí-
pica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual a
restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica- da,
tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental que
será efetivado.

93
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a
Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
se privado (princípio da finalidade pública)
É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
categorias:
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a
necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo justiça,
segurança e bem-estar através do desempenho de ativi- dades
administrativas que são prestadas à coletividade, como por exemplo, os
serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre outros.
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró- prio
Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se ligando de
forma expressa à noção de interesse do erário, imple- mentado através
de atividades administrativas instrumentais que são necessárias ao
atendimento do interesse público primário. Exemplos: as atividades
relacionadas ao orçamento, aos agentes público e ao patrimônio
público.

Princípio da continuidade
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que tal
prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode ser
interrompida, levando em conta a necessidade permanente de
satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação.
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú- blico,
é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador do serviço,
seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o serviço de forma
adequada, em consonância com as normas vigen- tes e, em se tratando
dos concessionários, devendo haver respeito às condições do contrato de
concessão. Em resumo, a continuidade pressupõe a regularidade, isso por
que seria inadequado exigir que o prestador continuasse a prestar um
serviço de forma irregular.
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não impor
que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente e em
período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser prestado
sempre na medida em que a necessidade da população vier a surgir,
sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne- cessidade relativa,
onde na primeira, o serviço deverá ser prestado sem qualquer tipo
interrupção, tendo em vista que a população ne- cessita de forma
permanente da disponibilidade do serviço. Exem- plos: hospitais,
distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou- tros.

Princípio da autotutela
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re- ver os
seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de legalidade,
ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência e de
oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas 346 e 473
do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999.
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades, bem
como de garantir o interesse público dos atos editados pela própria
Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal e revogação
de ato inconveniente ou inoportuno.
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que esta
possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante à
necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti- culares
de modo geral.

Princípios da consensualidade e da participação


Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor-
naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato de
contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer a
praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios contra

94
LEGISLAÇÃO
atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões mais
ESPECÍFICA inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com supedâneo
sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a em fundamento constitucional que se encontra implí-
responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os
comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos. Desta
forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o Poder Público e
particulares, ainda que de maneira informal, veio a assumir um
importante papel no condizente ao processo de iden- tificação de
interesses públicos e privados que se encontram sob a
tutela da Administração Pública.
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida- de e
da participação, a administração termina por voltar-se para a
coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações da
sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para resolver
e compor conflitos de interesses entre várias partes ou entes,
surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o ato como
instrumento exclusivo de definição e atendimento do in- teresse
público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola- boração dos
indivíduos, passando a ter importância o momento do consenso e da
participação.
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma- da de
decisões administrativas está refletido em alguns institutos jurídicos
como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con- selhos
municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa ou pelo
instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final é do Poder
Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o mais próximo
possível em relação à síntese extraída na audiência do interesse público.
Nota-se que ocorre a ampliação da participação dos interessados na
decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atua- ção coadjuvante” como
uma “atuação determinante por parte de interessados regularmente
habilitados à participação” (MOREIRA NETO, 2006, p. 337-338).
Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico-
-políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos seus
institutos participativos e consensuais.

Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e


da boa-fé
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da boa-
fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si.

O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-


dos:
Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em
conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB);
Subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas relacio-
nadas às expectativas geradas por promessas e atosestatais.

Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:


Objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos par-
ticulares;
Subjetiva: está ligada à relação com o caráter psicológico da-
quele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteriza- ção
da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do
particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela
atuação do Estado.
Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi- ca-
se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização abusiva
de normas jurídicas e de atos administrativos que termi- nam por
surpreender os seus receptores.
Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí- dica,

95
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApara a definição dos conceitos do ato administrativo.
cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
De antemão, é importante observar que, embora o exercício da
CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei- to e da
função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988. Por fim,
registra-se que em âmbito infraconstitucional, o princípio da
segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei 9.784/1999, vindo a
ser caracterizado por meio da confiança legíti-
ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar no
administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos: confiança
do afetado de que a Administração atuou corretamente; confiança do
afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi- ca que mantém com
a Administração; ou confiança do afetado de que as suas expectativas
são razoáveis;
b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi-
nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien- tam
o cidadão a adotar determinada conduta;
c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa- ção
jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio jurídico
de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável;
d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con- fiança
não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to- lerância da
Administração); e
e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga- ções
no caso.

ATOS ADMINISTRATIVOS. CONCEITOS, ESPÉCIES, ELE-


MENTOS E ATRIBUTOS. ATOS DISCRICIONÁRIOS E VIN-
CULADOS. REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO

Conceito
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo “toda
manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que,
agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res- guardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações
aos administrados ou a si própria”.
Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
regulamentos.
No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen- tares
da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
legitimidade por órgãojurisdicional”.
B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for- ma,
no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos- ta, ficam
excluídos os atos convencionais, como os contratos, por exemplo, bem
como os atos abstratos.
Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei- tos
retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda- mentais

96
LEGISLAÇÃO
cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam estaESPECÍFICA
função de
forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no- mear
os aprovados, promovendo licitações efornecendo benefícios legais aos
servidores, dentre outras atividades. Acontece que em todas essas
atividades, a função administrativa estará sendo exerci- da que, mesmo
sendo função típica, mas, recordemos, não é função exclusiva do Poder
Executivo.
Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício da
função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú- meras
situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico de
direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
privado e não público.
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser
praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que o
represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem como,
os entes da Administração Indireta e particulares, como acontece
com as permissionárias e com as concessionárias de ser- viços públicos.
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre-
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos que
ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-
veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara- das
pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi- co,
destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle judicial
específico.
Em suma, temos:
ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am-
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con- trole
judicial específico.

ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO


Atos de Direito Privado
Atos materiais
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
Atos políticos
Contratos
Atos normativos
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos

Requisitos
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência de
cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência,
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a
falta ou o defeito desses elementos pode resultar.
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan- do o
ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para fazer
algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in-
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa.

97
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú- blicas, quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente estas
de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) normas poderãoalterá-la.
não possui competência para conferir o passaporte e liberar a entrada de e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o controle de imigração não tenha sido utilizada por muito tempo.
brasileiro é atividade exclusiva e privativa da Polícia Federal. f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista em
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo o lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo mero fato
acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a tomar
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar o conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua prática.
desempenho de suas atividades.
A competência possui como fundamento do seu instituto a di- visão Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con- junto das avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri- buição de a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
competências possibilita a organização administrativa do Poder Público, termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa política, órgão ou delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar parte
agente. das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação é
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior. No
legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União é a entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi-
competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam- bém para cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie-
estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em relação à rárquica.
instituição do tributo e cominação de penalidades, que é de Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri- buição
competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais da União, o da autoridade delegante, que continua competente para o exercício das
Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na- cional no que funções cumulativamente com a autoridade a que foi delegada a função.
condizente à fiscalização e aplicação das respectivas penalidades. Entretanto, cada agente público, na prática de atos com fulcro nos
poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre em nome próprio e,
Em relação às fontes, temos as competências primária e secun- dária.
respectivamente irá responder por seus atos.
Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando
a) Competência primária: quando a competência é estabeleci- da
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode- rá
pela lei ou pela Constituição Federal.
revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen- te. Desta
b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de competências, só
normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri- mária,
deixando esta de ser possível se houver quaisquer impedimentos legais
uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou agente que
possui competência primária. vigentes.

É importante conhecer a respeito da delegação de competên- cia o


Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan- do a disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo Federal, que
distribuição de competências, como a matéria, o território, a tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, incorporou grande
hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da parte da orientação doutrinária existente, dis- pondo em seus arts. 11
matéria, é a criação do Ministério da Saúde. a 14:
Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên- cias
Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia, a criação do Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão julgador de administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
recursos contra as decisões das Delegacias da Re- ceita Federal de delegação e avocação legalmente admitidos.
Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver- dade que trabalham na Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
investigação de violações graves de Direitos Humanos nos períodos entre houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou- tros
18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta na combinação dos critérios da órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- mente
matéria e do tempo. subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- tâncias de
A competência possui como características: índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma vez Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
que se trata de um poder-dever de ambos. delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta- de presidentes.
da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez que é Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo: diante de I - a edição de atos de caráter normativo;
um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e da sua II - a decisão de recursos administrativos;
diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá jamais optar III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori- dade.
por não mais registrar boletins de ocorrência relativos a crimes Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- cados
considerados menos graves. no meio oficial.
c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo com § 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes
o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa. Frise-se que transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- jetivos
a delegação de competência não provoca a transfe- rência de sua da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício
titularidade, porém, autoriza o exercício de deter- minadas da atribuição delegada.
atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que poderá, § 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a delegação. autoridade delegante.
98
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAacaba por exceder os limites de sua competência, agindo além das
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar
providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de-
legado.
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que leva
em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- cial,
econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável a
qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega- do, o
recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação.

Importante ressaltar:
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí- cio
de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- rança ou
a medida judicial.
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen- to do
MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não poderá ser
transmitido de forma alguma à autoridade delegada. Desta forma,
tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada, todas e quaisquer
medidas judiciais propostas contra este ato deve- rão respeitar o
respectivo foro da autoridade delegada.

Seguindo temos:
a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e se
resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si de forma
temporária o devido exercício de competências legalmen- te
estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio- res.
Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha de
hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de poder
de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele- gação:

• Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e


temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên- cia é
de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado, sendo que
de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou autoridade
avocante.
• Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que achou
por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega- ção,
voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por cunho de
mão própria.

Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer- cido


com autocontrole, o poder originário de avocar competência também
se constitui em regra na Administração Pública, uma vez que é inerente
à organização hierárquica como um todo. Entretan- to, conforme a
doutrina de forma geral, o órgão superior não pode avocar a
competência do órgão subordinado em se tratando de competências
exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribuí- das por lei. Exemplo:
Secretário de Segurança Pública, mesmo es- tando alguns degraus
hierárquicos acima de todos os Delegados da Polícia Civil, não poderá
jamais avocar para si a competência para presidir determinado
inquérito policial, tendo em vista que esta competência é exclusiva
dos titulares desses cargos.
Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas com a
competência do agente que o pratica que se subdivide em:
a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o ato

99
LEGISLAÇÃO
ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po- derá
ESPECÍFICA O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- rifica
resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista que em em duas hipóteses. São elas:
algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública ou
ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo de
impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento. Na
função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem toda a
aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da teoria da
aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta deve ser
respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados válidos os
atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato.
Em suma, temos:

VÍCIOS DE COMPETÊNCIA
Em determinadas situações é
EXCESSO DE PODER
possível a convalidação
USURPAÇÃO DE Ato inexistente
FUNÇÃO
Ato válido, se houver boa-fé do
FUNÇÃO DE FATO
administrado
ABUSO DE AUTORIDADE
EXCESSO DE PODER Vício de competência
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade

Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma das


características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão, a
Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor-
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- co.
Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo de ato
administrativo.
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies de
finalidade pública. São elas:
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- co
considerado de forma geral.
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre-
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado ato.

Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a lei


dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato.

Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali-


dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio de
poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não pode
ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado.
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- fo
único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- fica
quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”.
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício de
finalidade.

100
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Motivo
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo de estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
punição. Quando a autoridade administrativa não tem margem para de- cidir
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte- resse administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao ato
particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse- guir inimigo, discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade
ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse público. administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá- tica
do ato.
Em resumo, temos:
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se trata
Específica ou Imediata e Geral da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser verificada
FINALIDADE PÚBLICA
ou Mediata no mundo concreto que autoriza ou determina a prática do ato, aopasso
Ato praticado com finalidade diver- que o motivo de fato é a concretização no mundo empírico da situação
sa da prevista em Lei. prevista em lei.
e Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis-
DESVIO DE FINALIDADE trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi- to,
Ato praticado formalmente com
OU DESVIO DE PODER posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de previsão
finalidade prevista em Lei, porém,
visando a atender a fins pessoais de normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que se integre à tal
autoridade. previsão.
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor- rer
Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis- tintas nas seguintessituações:
de definição como requisito do ato administrativo. São elas: a) quando o motivo é inexistente.
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o b) quando o motivo é falso.
modo de exteriorização do ato administrativo. c) quando o motivo é inadequado.
B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem como É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e
todas as formalidades que devem ser destacadas e observa- das no seu motivação. Vejamos:
curso de formação. • Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do ato
administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati- vo, sob
Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti- mo ou
simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo que a ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo.
primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto exterior do • Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen- do a
ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for- mação do ato declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo- tivação
administrativo. declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos, via de regra,
nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela lei, sua ausência
Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade de causará invalidade do ato administrativo por vício de forma, e não de
forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é o motivo.
formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves- tido de
formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja escrito. Ainda Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o
assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista que em alguns casos, processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se-
via de regra, o agente público tem a possibi- lidade de se manifestar de guinte:
outra forma, como acontece nas ordens verbais transmitidas de forma Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
emergencial aos subordinados, ou, ainda, por exemplo, quando um indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
agente de trânsito transmite orien- tações para os condutores de veículos I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
através de silvos e gestos. II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício de III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e sem pública;
cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra, considera- IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
se plenamente possível a convalidação do ato adminis- trativo que tatório;
contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação não será possível V - decidam recursos administrativos; VI -
nos casos em que a lei estabelecer que a forma é requisito primordial à decorram de reexame de ofício;
validade do ato. VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou
Devemos explanar também que a motivação declarada e escri- ta dos discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de caráter VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- ção
obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira, quando for de ato administrativo.
obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for- ma, mas não
vício de motivo. Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve ser
Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au- explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- mações,
elemento motivo. decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- grante do ato.

101
LEGISLAÇÃO
Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva- ção aliunde” que
ESPECÍFICA
significa motivação “em outro local”, mas que está sendo admitida no
direito brasileiro.

102
LEGISLAÇÃO
A motivação dos atos administrativos ESPECÍFICAevitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.
É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res-
peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos
determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi- gindo a
motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá validade se
os motivos declarados forem verdadeiros.

Exemplo
A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser- vidor
ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de ato não exige
motivação. Entretanto, caso a autoridade competente venha a alegar que
a exoneração transcorre da falta de pontualida- de habitual do
comissionado, a validade do ato exoneratório virá a ficar na
dependência da existência do motivo declarado. Já se o interessado
apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua- lidade, a
exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá ser anulada.
É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes pode
ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto aos
discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
Em suma, temos:

• Motivo do ato administrativo


— Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a
edição do ato administrativo.
— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs- trata
que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
— Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real que
corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
racterizando o motivo de direito.

VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO


Inexistente
Falso
Inadequado

• Teoria dos motivos determinantes


— O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti- vos
expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
— Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
— STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não está
adequado à realidade fática”.

Objeto
O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala- vras,
podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se da
alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe a
realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o objeto
é a punição do transgressor.
Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve ser
lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa- drões
aceitos como éticos e justos.
Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir os
esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen- tido,
podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os seguintes
objetos, seguidos com alguns exemplos:
a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen- são
por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica.
b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para

103
LEGISLAÇÃO
c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de
ESPECÍFICA
dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas nos
últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au- toridade
pública ou flagradas no teste do bafômetro.
d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes-
soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho de
calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto é tido
como imoral.

Atributos do Ato Administrativo


Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito
público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos são
dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri- vados.
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente ao
rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento, bem
como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos públicos,
bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado pela
Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos
atos administrativos são:

• Presunção de legitimidade
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade, os
atos administrativos presumem-se editados em conformidade com a
lei, até que se prove o contrário.
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e da
legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que suas
alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como presunção
de veracidade dos atos administrativos que se cuida da presunção de
que o ato administrativo foi editado em conformida- de com a lei,
gerando a desconfiança de que as alegações produzi- das pela
administração são verdadeiras.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos e
qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo ser
afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub-
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não está
em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas, poderá
proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos.
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera-
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos que
em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar é de
quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- lar “X”
alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo do próprio
“X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de maneira que,
em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá ser punido.

• Imperatividade
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são
impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da
concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien- te do
poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá editar
atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações para
terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado
104
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAatos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos inominados.
em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente
possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua
expressa concordância.
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida- de,
característica presente exclusivamente nos atos que impõem
obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato
administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem- plo:
licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan- do possuir
conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado ou parecer, por
exemplo, não haverá imperatividade.

• Autoexecutoriedade
Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe-
cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de
meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção prévia
do Poder Judiciário.
Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte- resse
público, típico do regime de direito administrativo, fato que acaba por
possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à rapidez e
eficiência.
No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
riedade somente é possível quando estiver expressamente previs- ta em
lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo adotada de
imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao interesse
público.

EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS


Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
Demolição de edifício em situação de risco
Internação de pessoa com doença contagiosa
Dissolução de reunião que ameace a segurança

Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres- tação


jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que considere
que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa livremente levar
a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa dos seus direitos.

Tipicidade
De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita a
tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo fato
de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis- tração,
mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de que a título de
“atributos” devemos estudar as particularidades dos atos
administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de- veremos
incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos que apenas são
considerados atributos as prerrogativas que aca- bam por verticularizar
as relações jurídicas nas quais a administra- ção toma parte, a tipicidade
não poderia ser considerada.
Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl- via
Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei
como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo, em
consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
viamente definido na lei.
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio da
legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar atos em
desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o atributo da
tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da autonomia da
vontade, por meio da qual o particular tem liberda- de para praticar

105
LEGISLAÇÃO
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se que
ESPECÍFICA caráter vinculante e geram direitos subjetivos.
a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran- do
presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer
impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a
firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu-
lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender
tanto ao interesse público como ao interesse particular.

Classificação dos Atos Administrativos


A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada à
diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse
motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica- ções
mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade prática na
análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante abordagem
nas provas de concursos públicos.

a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os atos


gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- minados
ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de uma forma ou
de outra se coloquem em situações concretas que correspondam às
situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula- mento do Imposto de
Renda.

• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários


individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que será
singular quando alcançar um único sujeito determinado e será plúrimo,
quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter- minados em
si.

Exemplo:
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato de
nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti-
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS

b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem ser


atos vinculados e discricionários.
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com-
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória, nos
parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção de
imóvel.
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância com
critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de- cisões
quando e como o ato será praticado, com a definição de seu conteúdo,
destinatários, a motivação e a forma de sua prática.

c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi-


nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente.
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administração
Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais usan- do o
poder de império para impô-los de modo unilateral e coerciti- vo aos
seus administrados. Exemplo: interdição de estabelecimen- tos
comerciais.

d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais a
Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove-
nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os
particulares.
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam a ter
106
LEGISLAÇÃO
Exemplo: ESPECÍFICAhipóteses e nunca sobre casos concretos.
Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for- ma
vinculante entre a administração e o locatário aos termos do
contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.
• Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im-
pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e sem
forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e papéis que
tramitam internamente nos órgãos públicos.

Exemplo:
Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
devidas análises”.

e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos


simples, complexos e compostos.
• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas um
órgão da administração pública, pouco importando se esse ór- gão é
unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um servidor
público pelo Prefeito de um Município, será considerada como ato
simples singular, ao passo que a decisão de um processo administrativo
por órgão colegiado será apenas ato simples cole- giado.
• O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
É importante não confundir ato complexo com procedimento
administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com- plexo
integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de um mesmo
ato, ao passo que no procedimento administrativo pra- ticam-se diversos
atos intermediários e autônomos para a obtenção de um ato final e
principal”.

f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que este


também decorre do resultado da manifestação de vontade de dois ou
mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de que, ao passo
que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem para formar um só
ato, no ato composto são praticados dois atos, um principal e outro
acessório.

Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei- relles,


para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da vontade
única de um órgão, mas depende da verificação por parte de outro, para
se tornar exequível”. A mencionada definição, em- bora seja discutível,
vem sendo muito utilizada pelas bancas exa- minadoras na elaboração
de questões de provas de concurso pú- blico. Isso ocorreu na aplicação
da prova para Assistente Jurídico do DF, elaborada pelo CESPE em 2001,
que foi considerado correto o seguinte tópico: “Ao ato administrativo
cuja prática dependa de vontade única de um órgão da administração,
mas cuja exequibili- dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o
nome de ato administrativo composto”.

Espécies
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e atos
punitivos.

• Atos normativos
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es- miuçar
os procedimentos e comportamentos para a fiel execução da lei, posto
que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais, não possuem
destinatários específicos e determinados, e abstratas, versando sobre

107
LEGISLAÇÃO
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativosESPECÍFICApo- oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de
dem ser:
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação geral
ou individual prevista na legislação, englobando também de forma
ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das Casas
Legislativas.
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- vo
pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser
classificados em decreto geral e individual. Vejamos:
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli-
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do
Imposto de Renda”.
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi- ca
de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação produz
de imediato, efeitos concretos.

Exemplo:
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem
para fim dedesapropriação.
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re-
gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina o
conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da-
queles do que é permitido por Lei.
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon-
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da
Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001, que
predispõe a competência privativa do Presidente da República para
dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen- to da
administração federal, quando não incorrer em aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos.

• Atos ordinatórios
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem ser
editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis- ciplinar
as relações internas da Administração Pública. Detalhare- mos aqui os
principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as circulares, os
avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e os despachos.
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a
atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru- ções
que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna na análise
do pedido de utilização de bem público formalizado uni- camente por
particular.
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan- to,
de modo geral se encontramdotadas demenor abrangência.
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre-
latos aos respectivosMinistérios.
Portarias: são atos administrativos respectivamente editados
por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do
Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de-
terminando a instauração de processo disciplinar específico.
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena-
dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais.
Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra pública.
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res-
ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita e
108
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé- cies
entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de
de pareceres. São eles:
informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio de
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação para
ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú- de.
formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não vincula a
Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó- rio
autoridadecompetente;
ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- mente
nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar, é
elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a opinião nele
emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu- nhas.
contida não vincula de forma definitiva a autoridade responsável pela
decisão administrativa, que pode contrariar o pa- recer de forma
• Atos negociais
motivada;
Também chamados de atos receptícios, são atos administrati- vos de
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de forma
caráter administrativo editados a pedido do particular, com o fulcro de
obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis- trativa com
viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a utilização de
o dever de acatá-lo.
bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração Pública é
pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte desta categoria,
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem o
a licença, a permissão, a autorização e a admissão. Vejamos:
condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos
a) Licença: possui algumas características. São elas: administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po- rém,
— Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos legais não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas.
por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li- cença; *Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi- consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais, no
nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada como qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen-
um todo; dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em
— Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício. situações de interessepessoal”.

b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do- c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às
tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas pelo certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência de
particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú- blico. fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer- tidões,
Exemplo: a permissão para uso de bem público específico. uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do ato de emitir
A permissão é dotada de características essenciais. São elas: declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos públicos, ao passo
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad- que os atestados se incumbem da tarefa de re- tratar fatos que não
ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada, bem constam de forma antecipada dos arquivos da Administração Pública.
como da utilização de bem público por particulares; d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem o
— Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos pela
administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve- norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar o
niência e à oportunidade do ato administrativo; apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos
— Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda de
somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape- nas de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°, da Lei
direito subjetivo ao ato. 8.666/1993, Lei de Licitações.

c) Autorização: é detentora de características iguais às da per- • Atos punitivos


missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis- Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos são
sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou, ainda, aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in- teresses
o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per- missão, a dos administrados que vierem a atuar em desalento com a ordem
autorização possui como características: o ato de consen- timento jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer forma, o
estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo. devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi- ção de atos
punitivos, nos trâmites do art. 5.°,LV,da Constituição Federal Brasileira,
d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador do bem como que as sanções administrativas te- nham previsão legal
reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público expressa cumprindo os ditames do princípio da legalidade.
específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual o Podemos dividir as sanções em dois grupos:
particular preencha devidamente os requisitos legais 1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe- dâneo
no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu- lares em
geral. Exemplo: multa de trânsito.
• Atos enunciativos
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
São atos administrativos que expressam opiniões ou, ainda, que
basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
certificam fatos no campo da Administração Pública. A doutri- na
pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra- ção
reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, as certidões,
Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
os atestados e o apostilamento. Vejamos:
contratada pela Administração.
a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar a
opinião do agente público a respeito de determinada questão de ordem
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de
multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições de
licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico.
coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada espécie:

109
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAfixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento, em
Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas aos
geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com
administrados.
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento a
Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen-
administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- trativo.
sivos do exercício de atividades diversas.
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada como
Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser proposta
aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen- tes de
população em risco.
fiscalização em descumprimento às condições de subsistên- cia do ato,
Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a
bem como por ato revisional que implicasse auditoria, acoplando até
autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à
mesmo questões relativas à intercepção de bases de dados públicas.
coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si-
tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo- Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa-
mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi- da, recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad- vém do
denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita de forma não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários para a
prévia no processo administrativo, situação por intermé- dio da qual, a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo que a
ampla defesa será postergada para momento ulterior. Sanções anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato ocorreu
disciplinares: também chamadas de sanções funcio- nais, as sanções na formação do ato.
disciplinares são aplicadas aos servidores públicos e aos administrados
possuidores de relação jurídica especial com a Administração Pública, Anulação
desde que tenha sido constatada a violação ao ordenamento jurídico, É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo de
bem como aos termos do negócio jurídi- co. Um exemplo disso, é a ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei e com o
demissão de servidor público que tenha ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle de legalidade
cometido falta grave. ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou legitimidade não
*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos permite que se aprofunde na análise do mérito do ato, posto que, se a
particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as Administração contiver por objetivo retirar o ato por razões de
sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei- ção conveniência e oportunidade, deverá, por conse- guinte, revogá-lo, e
especial de administrados específicos do poder disciplinar da não o anular.
Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados. Ao Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen- te
passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior da sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos
Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis- ciplinares discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato de que
são aplicadas no interior da Administração Pública, - as denominadas ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida- de.
sanções internas. Em relação à competência, a anulação do ato administrativo
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo
Extinção do ato administrativo Poder Judiciário.
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção dos Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando isso
atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de Celso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au- totutela,
Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá ser extinto devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF:
pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos, vindo a se
extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito, vindo a causar a PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção objetiva; retirada do
A Administração Pública pode
ato pelo Poder Público e pela renúncia do be- neficiário.
SÚMULA declarar a nulidade dos seus próprios
346 atos.
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por meio
das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos ocorre pelo A Administração pode anular seus
fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu efeito extintivo próprios atos, quando eivados de
sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes situações: víciosqueostornamilegais,
porque deles não se originam
Cassação SÚMULA direitos; ou revogá-los, por motivo
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido 473 de conveniência ou oportunidade,
condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar respeitados os direitos adquiridos, e
continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção do ato ressalvada, em todos os casos, a
administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo sendo apreciação judicial.
legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua execução.
Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento de hotel que Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in-
passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti- tuição. vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade, bem
como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni- dade.
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de um ato A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por
administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu- lação provocação do interessado.
obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar. Desta Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer- cício
forma, a Administração Pública não detém o poder de de- monstrar ou de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi- nistrativo
indicar motivos diferentes dos previstos para justificar a cassação, havendo pedido do interessado.
estando, desta maneira, limitada ao que houver sido

110
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAaqueles que foram gerados antes da providência saneadora.
Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal- mente
estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída de forma
igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada uma dessas
esferas tem a possibilidade de, observado o princípio da razoabilidade e
mediante legislação própria, fixar os prazos para o exercício da
autotutela.

Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no


âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal
norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a
estipulação de prazos diferentes em outras esferas.

Revogação
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró- pria
Administração, por motivos de conveniência e oportunidade, sendo que
o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de conveniência e
oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento do interesse
público. Assim, se um ato administrativo legal e per- feito se torna
inconveniente ao interesse público, a administração pública poderá
suprimi-lo por meio da revogação.
A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu-
nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra- ção
que o editou.
É fundamental compreender que a revogação somente pode
atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá- tica
do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não lhe sendo
de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a conveniência e
nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma- neira, não havendo
possibilidade de análise de mérito para a edição do ato, essa abertura
passará a não existir para que o ato seja des- feito pela revogação.

Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin- cípio,


a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual- quer tempo.
Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos limites ao poder de
revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di Pietro12, não são
revogáveis os seguintes atos:
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná- lise
de conveniência e oportunidade;
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não
retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam
próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando
transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público, após
o gozo do direito, não há como revogar o ato;
c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o
praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori- dade
superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou deixou de
ser competente para revogá-lo;
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados,
votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela lei;
e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito
adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.

Convalidação
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando por
sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu- sive

111
LEGISLAÇÃO
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez que
ESPECÍFICA
retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos os
efeitos.
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez,
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos.
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e
anuláveis.
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi
incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o art.
55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi- lidade
de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis, levando em
conta que tal providência não acarrete lesão ao interes- se público nem
prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada à aplicação no
âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido aplicado em todas
as esferas, tanto em decorrência da existência de dispositivo similar nas
leis locais, quanto mediante analogia com a esfera federal e também
com fundamento na prevalência doutriná- ria vigente.
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru-
dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina- das
lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do
princípio da segurançajurídica.

Decadência Administrativa
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi- to
existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter-
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda no
fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que não
ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a única
forma de expressão do direito coincide conaturalmente com o direito
de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con- funde com o
exercício da ação para manifestá-lo”.
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis-
posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú- blica
anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses vierem a
gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos:
Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi-
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
decadênciacontar-se-ádapercepção doprimeiro pagamento.
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- dida
de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- dade do
ato.”

O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai no


prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati- cado.
Isso significa que durante esse decurso, o administrado per- manecerá
submetido a revisões ou anulações do ato administrativo que o
beneficia.
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad-
ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida- das
contando com a proteção da segurança jurídica.
Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento
sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu:

112
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Passemos ao conceito de cada um deles:
“No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante dez
anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente essa, igual
à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração tem cinco anos
para concluir e anular o ato administrativo, e não para iniciar o
procedimento administrativo. Em cinco anos tem que estar anulado o
ato administrativo, sob pena de incorrer em deca- dência (grifo
aditado). Eu registro também que é da doutrina do Supremo
Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da proteção
da confiança, que são expressões do Estado Democrático de
Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético,
social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive,
as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável
o fato de que o Poder Público não se submente também a essa
consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de-
curso do tempo.”
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe de
cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux
promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e
Administração Pública, suprimindo da administração o poder de usar
abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis- trativo, o
que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes- sadas.
Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota- do
pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo, propicia
maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta- gem do prazo
decadencial.

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FE-


DERAL DE 1988

Disposições gerais e servidores públicos


A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz a
ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- resse
coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos e pessoas
que desempenham função pública.
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra- ção
Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de-
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou seja,
que estão a serviço da coletividade.

Princípios da Administração Pública


Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- ca
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- zação,
já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM- PE”. Observe
o quadro abaixo:

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


L Legalidade
I Impessoalidade
M Moralidade
P Publicidade
E Eficiência
LIMP
E

113
LEGISLAÇÃO
Princípio da Legalidade ESPECÍFICAatingido.
De acordo com este princípio, o administrador não pode agir ou
deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. O
quadro abaixo demonstra suas divisões.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A Administração Pública
Em relação à Administração somente pode fazer o que a lei
Pública permite → Princípio da Estrita
Legalidade
O Particular pode fazer tudo
Em relação ao Particular
que a lei não proíbe

Princípio da Impessoalidade
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- rias,
não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de sua
função é sempre o interesse público.

Princípio da Moralidade
Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público um
comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen- tada
e não se confunde com a moralidade íntima do administrador (moral
comum) e sim com a profissional (ética profissional).
O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi- do a
atos de improbidade administrativa:

SANÇÕES AO COMETIMENTO DE ATOS DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA
Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade
política)
Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)

Princípio da Publicidade
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica, salvo
a hipótese de sigilo necessário.
A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e tem
por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos- sibilitar
o controle por todos os interessados.

Princípio da Eficiência
Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
evitando atuações amadorísticas.
Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir com
eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a medida,
dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça o interesse
público com o menor ônus possível (dever jurídico de boa
administração).
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul- tados
possíveis para os administrados. Portanto, a Administração Pública
será considerada eficiente sempre que o melhor resultado for

114
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Disposições Gerais na Administração Pública trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú- blica: lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA de índices;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
DIRET INDIRETA ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
A fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Autarquias (podem ser qualifi- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
cadas como agências regula- mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Federal doras) sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
Estadual Fundações (autarquias e fun- ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
Distrital dações podem ser qualificadas tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Municipal como agências executivas) Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Sociedades de economia mista
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
Empresas públicas
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Entes Cooperados Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de
Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen- cadas
sores Públicos;
nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos: XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
CAPÍTULO VII tivo;
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
SEÇÃO I serviço público;
DISPOSIÇÕES GERAIS XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer acréscimos ulteriores;
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
como aos estrangeiros, na forma da lei; qualquer caso o disposto no inciso XI:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- a) a de dois cargos de professor;
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em saúde, com profissões regulamentadas;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
anos, prorrogável uma vez, por igual período; economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- ou indiretamente, pelo poder público;
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
caso, definir as áreas de sua atuação;
ções de direção, chefia e assessoramento;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
ciação sindical;
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
definidos em lei específica;
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
sua admissão;
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
interesse público;
obrigações.

115
LEGISLAÇÃO
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti-
XXII - as administrações tributárias da União, dosESPECÍFICA
Estados, do vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
ridades ou servidores públicos. gem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
da lei. inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In-
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
dos serviços; não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, indi-
e XXXIII; vidual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons-
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- titucional nº 109, de 2021)
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi- Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
guintes disposições:
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ção;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi- ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
bilite o acesso a informações privilegiadas. havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
I - o prazo de duração do contrato; de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- 2019)
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.” Servidores Públicos
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços à
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem administração pública direta, às autarquias ou fundações públi- cas,
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá- rio. Esses
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal
geral. ou aos Municípios.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas dos
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo- SEÇÃO II
neração. DOS SERVIDORES PÚBLICOS
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
caráter indenizatório previstas em lei. instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, planos de carreira para os servidores da administração pública dire-
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, ta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como

116
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
instituirão conselho de política de administração e remuneração de e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
deres (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
(Vide ADIN nº 2.135-4)
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
nentes do sistema remuneratório observará:
de 2019)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
cargos componentes de cada carreira;
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
II - os requisitos para a investidura;
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
III - as peculiaridades dos cargos.
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de convênios ou contratos entre os entes federados.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis-
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de ad- cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
missão quando a natureza do cargo o exigir. dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prê-
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
mio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obe-
nº 103, de 2019)
decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re-
para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário,
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
o disposto no art. 37, XI. de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam
o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitu-
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
cional nº 103, de 2019)
empregos públicos.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
pios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos preju-
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, moder- diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza-
nização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclu- ção por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
sive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. Constitucional nº 103, de 2019)
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima re-
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. duzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da apli-
cação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo-
de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do res-
da Constitucional nº 103, de 2019) pectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 103, de 2019)
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência cional nº 103, de 2019)
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tra-
nº 103, de 2019) tar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be-
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta estabelecidos em lei.
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;

117
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou nº 103, de 2019)
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
gem de tempo de contribuição fictício.
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu-
tucional nº 103, de 2019)
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi-
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi-
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
exoneração, e de cargo eletivo. IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regi- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
me próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e cri- V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
térios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- 2019)
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí-
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re-
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
nº 103, de 2019)
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019) IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dispos- concurso público.
to nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressa- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
do no serviço público até a data da publicação do ato de instituição I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
do correspondente regime de previdência complementar. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- rada ampla defesa;
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
na forma da lei. penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. neração proporcional ao tempo de serviço.
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do res- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
pectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que
outro cargo.
opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compul-
para essa finalidade.
sória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
Estabilidade
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro- vado
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros em estágio probatório.
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

118
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAanulação do ato administrativo praticado.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade poder
ser definida como a garantia constitucional de permanência no serviço
público, do servidor público civil nomeado, em razão de concurso
público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após o transcurso
de estágio probatório.
A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe- tivo
exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse é o estágio
probatório citado pela lei.
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado, ele
perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
§ 1º da CF.
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- dos
concursos públicos, segue a tabela explicativa:

ESTABILIDADE DO SERVIDOR
Cargo de provimento efetivo/
ocupado em razão de concurso
público
Requisitos para aquisição de
3 anos de efetivo exercício
Estabilidade
Avaliação de desempenho por
comissão instituída para esta
finalidade
Em virtude de sentença judicial
transitada em julgado

Mediante processo administra-


tivo em que lhe seja assegura- da
ampla defesa
Hipóteses em que o servidor
Mediante procedimento
estável pode perder o cargo
de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla
defesa

Em razão de excesso de des- pesa

Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de
Direito Cons- titucional e de Direito Administrativo. Coleção
Tribunais e MPU.
Salvador: Editora JusPODIVM.
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série
Resumo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Conceito
Para uma melhor compreensão acerca das disposições relati- vas à
lei da improbidade administrativa, adentraremos à origem da prática
dos atos desses atos.
Fazendo-se menção ao princípio da moralidade, relembremo-
-nos que este comporta em seu bojo os subprincípios da boa-fé,
probidade e decoro. Sendo a moralidade um princípio estabelecido pela
Constituição federal de 1.988, de forma a ser cumprido pelos órgãos e
entidades de todos os entes federativos, o fato de inadim- plir no respeito
à moralidade ou seus subprincípios, de consequên- cia, virá a causar a
119
LEGISLAÇÃO
Assim, podemos conceituar a improbidade administrativa
ESPECÍFICAa prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual- quer forma
como um designativo técnico que aduz corrupção administrativa, direta ou indireta.
sendo contrário à boa-fé, à honestidade, à correção de atitude e,
ainda, contra a honradez. Nem sempre o ato de improbidade será um
ato administrativo, podendo ser configurado como quaisquer tipos de
conduta comissiva ou omissiva praticadas no exercício da função ou,
ainda, fora dela.

Nesse diapasão, auferindo um pouco mais de segurança ao res- peito


do subprincípio da probidade, a Carta Magna paramentou, em seu
artigo 37, § 4º, as consequência a seguir, elencadas, para configurar a
prática dos atos de improbidade:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada- ção
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Trata-se o referido artigo, de norma constitucional com eficá- cia
limitada, que requer regulamentação para que produza efeitos
jurídicos.
Assim sendo, com a edição da Lei n. 8.429/1992, Lei da Im-
probidade Administrativa de observância obrigatória por parte da
administração direta e indireta de todos os entes federativos, o le-
gislador infraconstitucional veio a estabelecer as regras e procedi-
mentos a serem observados quando ocorrer a prática de atos de
improbidade.

Sujeitos da Ação de Improbidade – sujeitos ativos, sujeitos


passivos
Sujeitos ativos da ação de improbidade administrativa são
aqueles que estão sujeitos ao cometimento dos atos de improbida- de
administrativa, vindo a figurar no polo passivo da corresponden- te ação.
Já os sujeitos passivos, são as pessoas jurídicas vítimas dos atos de
improbidade vindo a figurar no polo ativo da ação.

Assim, temos:

SUJEITO São os que cometem atos de improbidade


S administrativa e figuram no polo passivo da ação.
ATIVOS
São os que sofrem as consequências dos atos de
SUJEITO
improbidade administrativa e figuram no polo
S
PASSIVOS ativo da ação.

Sujeitos Ativos
Nos trâmites do art. 2º da Lei n. 8.429/1992, encontramos a
relação de pessoas vinculadas ao Poder Público que são passíveis se tornar
sujeito passivo da ação de improbidade.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunera- ção,
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Cuida-se de um conceito amplo de agente público, de maneira que


mesmo os que exerçam suas atribuições em caráter transitório ou
mesmo sem remuneração, como os estagiários voluntários, pro
exemplo, são considerados, para efeitos legais, como possíveis su- jeitos
ativos.
Nesse diapasão, prevê o art., 3º da Lei n. 8.429/1992:
Art. 3º - As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para

120
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Enriquecimento ilícito: aqui, o agente público recebe vanta-
Ante o estudo do mencionado artigo, entende-se que duas são as
gem indevida.
classes de pessoas passíveis de figurar como sujeito ativo dos atos de
Prejuízo ao erário: um terceiro que não se trata do agente pú-
improbidade administrativa, sendo elas: as que mantenham algum
blico, recebe a vantagem ou alguma norma prevista em lei ou regu-
vínculo com o Poder Público, mesmo que transitório ou sem
lamento não observada.
remuneração, bem como os particulares que induzam ou concor- ram
Violação aos princípios: tais situações não criam e nem geram, por
para a prática de improbidade
si só, vantagem indevida ao agente público ou a terceiros.
Para que o agente público atue na condição de sujeito ativo,
Violação da legislação do ISS: trata-se de situações condizen- tes
deverá ter agido com dolo ou com culpa por negligência, imperícia ou
a benefícios financeiros e de tributos.
imprudência.
No condizente ao particular que tenha induzido ou concorrido para
Atos que Importam Enriquecimento Ilícito
a improbidade, figurar como sujeito ativo, é preciso de forma São atos resultantes da mais gravosa espécie de improbidade
obrigatória, que ele tenha agido com dolo. administrativa, nos termos do art. 9º da Lei n. 8.429/1992:
Ressalta-se que todos os agentes administrativos encontram- Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan-
-se subordinados às disposições da Lei n. 8.429/1992 no condizente aos do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri-
atos de improbidade administrativa. Assim temos: monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
• Os agentes políticos, em consonância com recente entendi- emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta
mento do STF, estão sujeitos a uma dupla responsabilização no cri- me de lei, e notadamente:
responsabilidade e nos atos de improbidade administrativa. 1– receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
• O Presidente da República, em exceção, não está sujeito à du- pla imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
responsabilização, mas responde ao regulamento estabelecido na ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
Constituição Federal de 1.988. quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agen-
te público;
• Sujeitos Passivos
2 – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
Os sujeitos passivos são as pessoas jurídicas lesadas pela prá- tica de
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou
improbidade administrativa, vindo a figurar no polo ativo da lide. Nos a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1º por
termos do art. 1º da Lei n. 8.429/1992, podem figurar como sujeitos preço superior ao valor de mercado;
passivos nas ações de improbidade administrativa: III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou mercado;
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
trito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou
ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º des-
o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por ta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma terceiros contratados por essas entidades;
desta lei. V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
As mencionadas entidades, são as que podem vir a ser lesadas ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
com a prática de atos de improbidade administrativa, podendo figu- rar de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
no polo ativo da demanda de improbidade administrativa. quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
Ressalte-se que o Ministério Público, mesmo não sendo uma das VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
entidades relacionadas pela Lei n. 8.429/1992, é passível de fi- gurar como ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação
polo ativo da lide da mesma forma que as demais pes- soas jurídicas. em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade,
Vejamos o fundamento legal, no art. 127 da Consti- tuição Federal: peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essen- cial à fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta
lei;
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo
indisponíveis.
valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do
agente público;
Atos de Improbidade Administrativa VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
Nos ditames da Lei 8.429/1992, quatro são as espécies de atos de sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-
improbidade administrativa, sendo elas: nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
1) atos que importam em enriquecimento ilícito; omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
2) atos que causam prejuízo ao erário; atividade;
3) atos que atentam contra os princípios da administração pú- IX – perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
blica; e ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
4) atos que violam a legislação do ISS no que se refere aos be- X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
nefícios financeiros outributários. ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
ção a que esteja obrigado;
A eventual necessidade de o candidato memorizar todas as
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
condutas previstas em lei.
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
tidades mencionadas no art. 1º desta lei;
Vejamos algumas condutas que ensejam os atos de improbida- de
administrativa:
121
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi-
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali-
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no dades previstas na lei.
art. 1º desta lei. XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incor-
poração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de
Atos de Prejuízo ao Erário bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela adminis-
As condutas que causam prejuízo ao erário estão dispostas no artigo tração pública a entidades privadas mediante celebração de parce-
10 da Lei n. 8.429/1992. rias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
Esse tipo de ato poder resultar tanto de condutas omissivas aplicáveis à espécie;
quanto comissivas do agente público, podendo dar margem à lesão ao XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
erário de atos dolosos, ou culposos nos quais houve a imperícia, a privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos
negligência ou a imprudência do agente do Estado. pela administração pública a entidade privada mediante celebração
Vejamos: de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula-
mentares aplicáveis à espécie;
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
XVIII – celebrar parcerias da administração pública com entida-
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula-
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
mentares aplicáveis à espécie;
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
XIX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise
desta lei, e notadamente:
das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpora-
pública com entidades privadas;
ção ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens,
XX – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
tidades mencionadas no art. 1º desta lei;
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
irregular.
vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
à espécie;
irregular.
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des-
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens,
Atos Contra os Princípios da Administração Pública
rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades Denota-se que mesmo que não tenha ocorrido a vantagem do
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; agente público ou de terceiros, determinados princípios ou deveres do
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de Poder Público deixaram de ser cumpridos ou observados pelo agente
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas público.
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que aten-
por preço inferior ao de mercado; ta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, lega-
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; lidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
VI – realizar operação financeira sem observância das normas I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô- diverso daquele previsto, na regra de competência;
nea; II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser- III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es- das atribuições e que deva permanecer em segredo;
pécie; IV – negar publicidade aos atos oficiais;
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo V – frustrar a licitude de concurso público;
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra- VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
tivos, ou dispensá-los indevidamente; VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza- ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
das em lei ou regulamento; econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço;
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público; e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração
XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas pública com entidades privadas.
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre- IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilida-
gular; de previstos na legislação.
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- X – transferir recurso a entidade privada, em razão da presta-
queça ilicitamente; ção de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de con-
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- trato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do parágrafo
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, único do art. 24 da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990.
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio-
nadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidor público, Atos advindos de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefí-
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. cio Financeiro ou Tributário
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por ob- São uma modalidade de atos de improbidade administrativa
jeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada advindos da Lei Complementar 157, de 2016.
sem observar as formalidades previstas na lei;

122
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAções intermediárias e as que atentam contra os princípios da admi-
Nos parâmetros da Lei 8.429/1992, encaixa-se nesta modali- dade
nistração pública, encontram-se eivadas de as sanções de menor
qualquer ação ou omissão destinada a conceder, aplicar ou manter
gravidade.
benefício financeiro ou tributário contrário ao que determi- na o caput e
Ressalte-se que as sanções de natureza civil, implicam na obri-
o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003.
gação explícita de pagar ou devolver algo ao poder público. Sendo elas de
acordo com as normas da Lei n. 8.429/1992:
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). (Incluído pela Lei Com- •ressarcimento ao Erário;
plementar nº 157, de 2016) • perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimô-
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, in- nio;
centivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redu- •multa.
ção de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou
sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em Relativo às sanções de natureza política, afirma-se que as apli- cam
carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota em restrições aos direitos políticos, sendo, nos termos do dis- positivo
mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se refe- legal, apenas uma:
rem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Comple- •suspensão dos direitos políticos;
mentar. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
Temos também as sanções administrativas que implicam na
Da Indisponibilidade dos Bens
supressão da possibilidade de ser mantido vínculo com a adminis- tração
O artigo 37, § 4º, da Constituição Federal estabelece Um rol de
pública. Em suma, são:
consequências para os atos de improbidade administrativa, dentre os
•perda da função pública;
quais, pode-se incluir a possibilidade da decretação da indispo-
•proibição de contratar com o Poder Público;
nibilidade dos bens. • proibição de receber incentivos fiscais ou creditícios por par- te do
Em apoio à disposição constitucional, a Lei n. 8.429/1992 dis- põe Poder Público.
em seu artigo 7º, que a indisponibilidade dos bens será decla- rada
sempre que o ato de improbidade administrativa ficar caracte- rizado Esquematicamente, temos:
como enriquecimento ilícito ou lesão ao patrimônio público.
Confirmemos:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô- •Ressarcimento aoerário.
nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade SANÇÃO •Perda dos bens e valores acrescidos
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério CÍVEL ilicitamente ao patrimônio.
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. •Multa.
•Perda da função pública.
A indisponibilidade a que aduz o caput do referido artigo re- cairá •Proibição de contratar com o Poder
sobre bens que possam assegurar o integral ressarcimento do dano, ou SANÇÃO
ADMINISTRATIVA Público.
sobre o acréscimo patrimonial que resultou do enriqueci- mento ilícito. •Proibição de receber incentivos fiscais ou
Em consonância com boa parte da doutrina, dois são os requi- sitos creditícios por parte do Poder Público.
que devem estar presentes para que ocorra a determinação da SANÇÃO
indisponibilidade dos bens no decurso da ação de improbidade POLÍTICA •Suspensão dos direitos políticos.
administrativa, sendo eles o fumus boni juris e o periculum in mora.
Assim, temos: Estas sanções, não importando a da natureza, seja administra- tiva,
• Fumus boni juris: é a probabilidade de os fatos imputados ao civil ou política, são aplicadas de acordo com a gravidade da conduta
agente público serem verdadeiros, ou ao menos, haver uma grande praticada pelo agente público ou por terceiro, conforme menciona o
possibilidade da ocorrência do ato de improbidade administrativa. artigo 12 da Lei 8.429/92:
• Periculum in mora: é o perigo de dano iminente e irreparável. Art.12 Independentemente das sanções penais, civis e adminis-
Consiste na possibilidade do indiciado dilapidar o seu patrimônio, trativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo
tornando impossível a devolução dos valores devidos aos cofres ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser
públicos. aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
do fato.
Estando presentes estas duas características, a autoridade ad-
ministrativa representa ao Ministério Público que analisará os fatos, Da Declaração de Bens
pugnando ao juiz responsável pela ação a decretação da indisponi- Nos parâmetros legais, o agente público deverá declarar de bens
bilidade dos bens. na posse e no exercício da função pública.
Desta forma, o tomar posse em cargo público, deverá o servi- dor
Das Penas passíveis de aplicação apresentar a declaração dos bens que constituem o seu patri- mônio,
A Lei n. 8.429/1992 dita um rol de sanções de natureza admi- medida esta que deverá ser feita anualmente, até que ocor- ra a sua saída
nistrativa, civil e política para cada uma das condutas que dão en- sejo às do respectivo cargo, mandato, emprego ou função.
quatro diferentes espécies de improbidade administrativa, sendo que O objetivo de tal medida é dar a oportunidade para que a au-
estas sanções estão classificadas em consonância com a gravidade da toridade administrativa possa averiguar a evolução patrimonial do
agente público, posto que, quando incompatível com a soma das
conduta, de maneira que as ações que dão causa ao enriquecimento
remunerações do servidor, constitui um dos principais indícios de
ilícito, tem como consequência as sanções mais graves, as que causam
improbidade administrativa. A comprovação dos valores pode ser feita
lesão ao patrimônio público possuem san-
mediante cópia de sua declaração do Imposto de Renda à re- partição

123
LEGISLAÇÃO
pública. ESPECÍFICA

124
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Em consonância com os referidos entendimentos, e levando em
Não cumprindo o servidor a mencionada obrigação, ou, caso
conta que a ação de improbidade administrativa possui nature- za cível, a
apresente falsa declaração, restará ensejada, nos ditames do § 3º do art.
competência para processar e julgar sempre foi designa- da à justiça
13 da Lei n. 8.429/1992, a demissão a bem do serviço públi- co, sem sofrer
comum ao juiz de primeiro grau.
prejuízo das demais sanções previstas pela legislação pertinente.
Com a aprovação da Lei 10.628/2002, houve a alteração de vá- rios
§ 3º - Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
artigos do Código de Processo Penal, de maneira que passou a existir no
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se
ordenamento jurídico pátrio, a possibilidade do foro por prerrogativa
recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo de- terminado,
de função ser estendido para as ações de improbidade administrativa.
ou que a prestar falsa.
Porém, o STF através da ADIN 2.797, manifestou seu parecer de que
era impossível ao legislador ordinário opor-se a um entendi- mento
Procedimento: Administrativo e Judicial
diverso, ao até então definido pelo tribunal superior.
No âmbito do procedimento administrativo e judicial destinado a
Entretanto, surgiram controvérsias quando o STF decidiu, no
investigar a ocorrência de improbidade administrativa, infere-se que a
julgamento da Questão de Ordem 3.211/DF, que caberia a ele mes- mo o
Lei n. 8.429/1992 estabelece regras processuais a serem cum- pridas.
julgamento das ações de improbidade administrativa em face de seus
Denota-se que qualquer pessoa é parte devidamente compe- tente
próprios membros:
para representar à autoridade administrativa pugnando pela
1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ação de impro-
instauração das investigações para a apuração de ato de improbida- de
bidade contra seus membros.
administrativa.
2. Arquivamento da ação quanto ao Ministro da Suprema Corte e
Registre-se que, via de regra, a representação deverá ser feita por
remessa dos autos ao Juízo de 1º grau de jurisdição no tocante aos
escrito ou reduzida a termo, eivada, ainda, com a qualificação e demais
demais.
dados do denunciante. Feito isso, com os pressupostos legais, a
autoridade competente instaurará o procedimento admi- nistrativo
Prescrição
disciplinar e acordo com o estatuto de cada categoria fun- cional.
Da mesma maneira como acontece com as demais penalidades que
são aplicadas no Direito Administrativo, as sanções previstas pela
É importante ressaltar que mesmo que a autoridade adminis-
prática de improbidade administrativa somente podem ser propostas
trativa seja competente para a apuração das eventuais faltas fun-
até certo período de tempo específico, sendo que pós esse decurso de
cionais arremetidas por servidores públicos, restando a conduta em
tempo, ocorrerá a prescrição e o fim da possibilida- de da aplicação de
questão caracterizada como improbidade, a autoridade administra- tiva
pena ao agente público ou terceiro beneficiado. Nos ditames da Lei n.
não deterá o poder de aplicar a penalidade, devendo, desta forma,
8.429/1992, esse lapso temporal encon-
formular representação junto ao Ministério Público, que
tra-se previsto no artigo 23, que dispõe:
representará ao Poder Judiciário para o ajuizamento da lide, bem como
Art.23 As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previs-
da aplicação da penalidade cabível. tas nesta lei podem ser propostas:
Destaque-se que em todas as ações destinadas ao apuramen- to de I – até cinco anos após o término do exercício de mandato, de
improbidade administrativa, obrigatoriamente deverá haver a cargo em comissão ou de função de confiança;
participação do Ministério Público, conforme determina o artigo 17, § II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para
4º, da Lei n. 8.429/1992: faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público,
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nu- III – até cinco anos da data da apresentação à administração
lidade. pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no
parágrafo único do art. 1º desta Lei.
Competência
Esse tema não se encontra pacificado na doutrina. Isso ocorre pelo De acordo com o artigo 37, § 5º, da Constituição Federal Bra- sileira,
motivo da existência das inúmeras controvérsias dos tribunais superiores as ações de ressarcimento de prejuízos causados ao erário, quando
em relação à possibilidade ou não de aplicação do foro por prerrogativa advindas de improbidade administrativa, são imprescrití- veis e
de função no âmbito das ações em questão. possuem a prerrogativa de serem propostas a qualquer tem- po.
Sendo o foro por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, uma A legislação estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
prerrogativa concedida a autoridades detentoras de poder, como os praticados por qualquer agente, servidor ou não, que venham a causar
Magistrados, os Chefes do Poder Executivo, dentre outras, depreende-se prejuízos ao erário, com exceção às respectivas ações de res- sarcimento.
que estas autoridades possuem a prerrogativa de se- rem processadas e O fundamento legal para esta possibilidade, é a indisponibili- dade
julgadas no campo das ações de natureza penal, por tribunais e juízes do interesse público que permeia toda a atividade do Poder Público.
especializados, livrando-se assim do julgamen- to realizado pela justiça Assim sendo, pelo fato da administração somente gerar a coisa alheia
comum. pertencente ao povo, o que motiva as ações de ressarcimen- to de
Desde os primórdios, o entendimento do STF foi no sentido de que o prejuízos causados aos cofres públicos, é o ressarcimento dos danos
foro por prerrogativa de função referia-se à prerrogativa de que apenas causados à própria coletividade.
poderia ser realizada no campo das ações penais, den- tre as quais não é Contudo, a imprescritibilidade das ações de ressarcimentos
inclui a ação de improbidade administrativa da área cível. advindas de ilícitos civis, sofreu alterações depois do julgamento do
Da mesma maneira, o entendimento do tribunal mencionado, era Recurso Extraordinário 669069, realizado pelo STF no mês de fevereiro
no sentido de que tal prerrogativa somente poderia ser exer- cida de 2016.
durante o período em que o seu titular estivesse no exercício no
mandato, não se estendendo, após a quebra do vínculo com o Estado.

125
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são ci-
Infere-se que e até aquele instante, todas as ações de ressar- vilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa
cimento advindas de ilícitos cíveis, eram consideradas imprescrití- veis, a qualidade, causem a terceiros.
jurisprudência, mas depois do julgado em questão, posicio- na-se no
sentido de admitir que as ações de ressarcimento, exceto as hipóteses
expressamenteressalvadas, sãoprescritíveis.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Evolução histórica
De início, adentraremos esse módulo respaldando sobre o con- ceito
de responsabilidade civil do Estado. Consiste esse instituto na obrigação
estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais ou estéticos que os seus
agentes, agindo nessa qualidade, causarem a terceiros. A
responsabilidade civil do Estado pode ser dividida em dois grupos: a
contratual, que advém da ausência de cumprimento de cláusulas inclusas
em contratos administrativos, e a extracontra- tual ou aquiliana, que
alcança as demais situações.
Em relação à evolução histórica, de acordo com o Professor Cel- so
Antônio Bandeira de Mello, a tese da responsabilidade civil do Estado
sempre foi aceita em forma de princípio amplo. Isso ocorreu mesmo no
período em que não existia dispositivo de norma espe- cífica. Para o
mencionado autor, desde os primórdios, predominou no Brasil a tese da
responsabilidade do Estado com base na teo- ria da culpa civil. Logo
após, houve o avanço para que houvesse a admissão da culpa pela
ausência de serviço. Por fim, chegou-se à aprovação da
responsabilidade objetiva do Estado.
Nos tempos imperiais, a Constituição de 1824 vigente à épo- ca,
previa somente a responsabilidade pessoal do agente público, conforme
disposto no art. 179, XXIX: “Os empregados públicos são estritamente
responsáveis pelos abusos e omissões praticados no exercício de suas
funções e por não fazerem efetivamente respon- sáveis aos seus
subalternos”.
Ressalta-se, que nesse período, mesmo não existindo previsão
constitucional a respeito da responsabilidade do Estado, a doutrina e a
jurisprudência compreendiam que existia solidariedade do Esta- do em
alusão aos atos de seus agentes.
No art. 82 da Constituição Federal de 1891, no seu art. 82, car- regou
e trouxe em seu bojo, dispositivo semelhante ao da Consti- tuição de
1824.
Em âmbito civilista, o Código Civil de 1916, em seu art. 15, dis- pôs:
“As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente respon- sáveis por
atos de seus representantes que nessa qualidade cau- sem danos a
terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever
prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano”.
Para a doutrina, o entendimento é de que o refe- rido dispositivo legal
consagrava a responsabilidade subjetiva do Esta- do tanto no sentido de
culpa civil, quanto por ausência de serviço.
Referente à Constituição de 1934, depreende-se que esta man- teve a
responsabilidade civil subjetiva do Estado, determinando no art. 171, o
seguinte: “Os funcionários públicos são responsáveis so- lidariamente
com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por quaisquer prejuízos
decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício dos seus
cargos”.
A Carta Magna de 1937, por sua vez, reiterou no art. 158 o mes- mo
dispositivo da Constituição de 1934.
No condizente à Constituição de 1946, aduz-se que esta repre-
sentou uma importante e grande inovação no assunto ao introduzir, por
sua vez, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, con- forme
ditado no dispositivo a seguir:

126
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressivaESPECÍFICA
contra os trio previu de início a responsabilidade civil do Estado com base na culpa
funcio- nários causadores do dano, quando tiver havido culpa civil, vindo a evoluir para a responsabilidade pela ausência de trabalho até
destes. chegar à responsabilidade objetiva.
A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, foi
audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fazendo o
acréscimo referente de que a ação regressiva contra o funcionário
ocorreria também nos casos de dolo, e não somente nos casos de
culpa, como era disposto na Constituição de 1946.
Em âmbito contemporâneo, a Constituição Federal de 1988, no art.
37, § 6º, determina: “As pessoas jurídicas de Direito Público e as de
Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei- ros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca- sos de
dolo ou culpa”.
O referido dispositivo constitucional em alusão, trouxe infor-
mação inovadora ao ampliar a responsabilidade civil objetiva do
Estado, que por sua vez, passou também a alcançar as pessoas jurí- dicas
de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por exemplo:
as fundações governamentais de direito privado, as em- presas
públicas, sociedades de economia mista, e, ainda qualquer pessoa
jurídica de direito privado, desde que estejam devidamente
paramentadas sob delegação do Poder Público e a qualquer título para
a prestação de serviços públicos.
Esclarece-se, nesse sentido, que a regra da responsabilidade civil
objetiva não pode ser aplicada aos atos das empresas públicas e das
sociedades de economia mista exploradoras de atividade eco- nômica,
tendo em vista que o art. 173, § 1º, da CF/1988, determina de forma
expressa que elas sejam regidas pelas mesmas normas aplicáveis às
empresas privadas. Por consequência, tais entidades estão sujeitas à
responsabilidade subjetiva, sendo controladas pe- las normas comuns
pertinentes ao Direito Civil.
Aduz-se que a aglutinação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, am- bos
da CF/1988, leva à conclusão de que a responsabilização estatal tem ampla
abrangência tanto no condizente ao dano material como o dano moral.
Entretanto, a jurisprudência achou por bem ampliar as espécies de
danos indenizáveis, passando a determinar que o dano estético se
constituiria em uma espécie de dano autônomo no qual a indenização
poderia ser expressamente cumulada com a reparação pelos danos
materiais e morais.
Ressalta-se que a responsabilidade objetiva do Estado deve se- guir a
teoria do risco administrativo, conforme previsto na CF/1988 e a teoria
do risco integral jamais recebeu acolhimento como nor- ma ou regra
em nenhuma das constituições brasileiras.
No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro algumas hipó-
teses em que se aplica a teoria do risco integral foram inseridas. A
título de exemplo disso, temos os casos de danos causados por
acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei
6.453/1977), e, ainda, de danos decorrentes de atentados terroris- tas
ou atos de guerra contra aeronaves deempresas aéreas brasilei- ras (Leis
10.309/2001 e 10.744/2003).
Finalmente, após inúmeras delongas ao longo da história, che- ga-
se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reitera a mesma
orientação inserida na Constituição Federal de 1988, suprimindo, no
entanto, a alusão à responsabilidade das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público. Entretanto, ressalta-se que a
omissão, nesse caso, não impede a responsabilização objetiva dessas
pessoasjurídicas,postoqueestáprevistanotextoconstitucional.
Ante o exposto, aduz-se que as conclusões a respeito da maté- ria
podem ser resumidas da seguinte maneira:
•A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca foi aceita no
direito brasileiro.
• A evolução legislativa mostra que o ordenamento jurídico pá-

127
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAtado, o que faz inaplicável o artigo 37, § 6º, da CFB/88 às hipóteses de
• A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no ordena-
omissão do Estado, restando incabível a teoria da responsabili- dade
mento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946.
objetiva com base no risco administrativo.
• A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsabi- lidade
objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente as pessoas
Responsabilidade por omissão do Estado
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Atos omissivos são aqueles por meio dos quais o agente pú- blico
• A Constituição Federal de 1988 consagrou a responsabilidade por deixa de agir e sua omissão, ainda que não venha a causar diretamente
danos morais ou extrapatrimoniais. o dano, possibilita sua ocorrência.
• A responsabilidade objetiva do Estado adotada pela Carta Quando o Estado é omisso no seu dever de agir de acordo com os
Magna de 1988, segue a teoria do risco administrativo, sendo que a teoria parâmetros legais, terá o dever de reparar o prejuízo causado. No
do risco integral foi acolhida apenas em situações e hipóteses entanto, a responsabilidade será aplicada na forma subjetiva, posto que
excepcionais. deverá ser demonstrada a culpa do Estado, ou seja, a omissão estatal.
•Divergindo da Constituição Federal de 1988, pelo fato de não haver Prevalece entre os doutrinadores, apesar de não haver pacifi-
feito referência à responsabilidade objetiva das pessoas jurí- dicas que cidade doutrinária e nem tampouco nos tribunais, o entendimento de
prestam serviços ao poder público, o Código Civil de 2002, prevê também que a redação do art. 37, § 6º, da CFB/88, só consagra a respon- sabilidade
a responsabilidade objetiva do Estado. objetiva nos atos comissivos.
Destaque-se que não é qualquer ato omissivo praticado por
Responsabilidade por ato comissivo do Estado agente público que intitula a responsabilidade civil do Estado. A
De antemão, convém respaldar que responsabilidade civil do
responsabilização estatal em função de omissivos, ocorre somente
Estado é passível de advir de atos comissivos ou omissivos pratica- dos por
quando o agente público omisso possui o dever legal de praticar um
seus agentes.
determinado ato, e deixa de fazê-lo. Exemplo: em situação hipoté- tica,
Em consonância com o estudo em questão, aduz-se que atos
um agente salva-vidas que ao se deparar diante de situação na qual um
comissivos são aqueles por meio dos quais o agente público atua de forma
banhista está se afogando, permanece inerte, permitindo que o banhista
positiva causando danos a um terceiro. Exemplo: um condu- tor de
venha a falecer sem ser socorrido. Nesta situação, o Estado
veículo automotor e servidor do Estado, embriagado e sob o efeito de
explicitamente será responsabilizado pelo ato de omis- são do agente
drogas, dirigindo a serviço, atropela um pedestre.
público, tendo em vista que este tinha o dever legal de agir, ao menos
Cumpre ressaltar que a teoria adotada em relação à responsa- tentando salvar a vida do banhista e não o fez. Em outro ângulo,
bilidade civil do Estado por prática de conduta omissa, não é a mes- ma a aproveitando o mesmo exemplo, se, ao invés do guarda salva-vidas, a
ser aplicada à responsabilização por atos comissivos. Infere-se que o artigo mencionada omissão fosse praticada por um Analista Judiciário do
37, § 6º da Constituição Federal de 1988 é de aplicação restrita em relação Tribunal de Justiça de algum Estado da Fede- ração, o Estado não poderia
aos atos comissivos, sendo, assim, incorreta a sua invocação nos casos ser responsabilizado, tendo em vista que ao Analista, não era
específicos de responsabilidade por omis- são estatal. incumbido o dever legal de tentar salvar o banhista.
Não obstante, afirma-se que é inaplicável o uso do artigo 37,
Para melhor entendimento do raciocínio, o artigo 37, § 6º, da
§ 6º da Constituição Federal de 1988, bem como da teoria do ris- co
Constituição Federal, em relação à responsabilidade civil do Estado,
administrativo às lides de responsabilidade civil por omissão do Estado.
dispõe:
Registre-se ainda, que a responsabilidade civil por omissão estatal
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
é subjetiva. Isso ocorre, também, devido à inaplicabilidade do artigo 37,
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o § 6º da Constituição Federal, que é a instituidora da responsabilidade
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. objetiva aos casos de omissão estatal, o que ense- ja ao entendimento de
que a responsabilização do mesmo apenas poderá ser invocada se sua
O mencionado dispositivo, sob plena concordância unânime da ausência de ação houver sido culposa.
doutrina e jurisprudência, consagra de forma expressa a responsa- Em outras palavras, aduz-se que a responsabilidade civil do estatal
bilidade civil objetiva do Estado. No entendimento desse parâmetro por conduta omissa é subjetiva. Ressalte-se que tal posicio- namento já foi
Constitucional, a vítima se encontra de forma ampla, dispensada do ônus referendado por muitos de nossos mais renomados e importantes
da prova da culpa da Administração, tendo a incumbindo-lhe somente administrativistas. Ótimos exemplos disso, são Hely Lopes Meirelles e
comprovar o nexo causal entre o ato desta e o prejuízo sofrido. Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo desse úl- timo, o esclarecedor
Contudo, ressalta-se que o dispositivo se reporta apenas aos danos ensinamento de que a partir do momento em que o dano foi constatado
causados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito pú- blico ou, em decorrência de uma omissão do Esta- do, sendo pelo serviço que não
ainda, das pessoas jurídicas de direito privado que pres- tam serviço funcionou, ou, funcionou de forma ineficientemente ou tardia, aduz-se
público, não tendo qualquer espécie de alcance às si- tuaçõesnas quais que caberá a aplicabilidade da teoria da responsabilidade subjetiva.
o dano tenhadecorrido deato deterceiro ou de fatos advindos de caso Entretanto, se o Estado não agiu, não será, por conseguinte, ser ele o
fortuito ou força maior. autor do dano. E, não sen- do ele o autor, só será responsabilizado se caso
Assim sendo, afirma-se que o artigo 37, § 6º, Constituição Fe- deral estivesse obrigado a impedir o dano.
de 1988, não enseja ao alcance das hipóteses de omissão es- tatal, posto Em alusão ao retro ensinamento, afirma-se que a teoria apli- cada
que, nestas situações, o dano não decorre, exatamente da ação de um não poderia ser a objetiva, isso porque tal teoria admite a co- brança de
agente do Estado, mas sim da atitude de um terceiro, denotando que a responsabilização até mesmo quando o dano é advindo de atuação lícita
omissão do Estado apenas contribui para o resul- tado. do Estado.
Adverte-se que a conduta omissa do Estado não é o que causa Nos casos relacionados à omissão estatal, o Estado não é o ver-
diretamente o dano, uma vez que este é proveniente de ato de ter- ceiro, dadeiro autor do dano, uma vez este o advém de atividade de ter- ceiro.
razão pela qual pode-se afirmar que o dano à vítima não foi Assim sendo, sua responsabilidade somente poderá ser invo-
consequência de forma direta da conduta omissa do agente do Es-

128
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAe específicos.
cada caso esteja obrigado a agir com o fulcro de impedir que o dano ocorra,
isso, em havendo ilegalidade na sua omissão. Resta registrar também,
inclusive, que a responsabilidade estatal não poderá ser invocada
quando existir a impossibilidade real de impedimento do dano
mediante atuação aplicadora do Estado.
Por fim, devido ao fato de a responsabilização estatal ocorrer
apenas quando sua omissão for caracterizada por uma atitude ilíci- ta, a
Administração não será responsabilizada se houver utilizado e esgotado
suas possibilidades e formas de amparo no limite máximo e, mesmo desta
forma, não tiver conseguido impedir o dano, posto que a Administração
Pública somente poderá ser responsabilizada por danos que estava
obrigada a impedir.

Requisitos para a demonstração da responsabilidade do es-


tado
Os requisitos que compõem a estrutura e demarcam o perfil da
responsabilidade civil objetiva do Poder Público, são: a alteridade do
dano; a causalidade material entre o eventus damni e o com-
portamento positivo por ação, ou negativo por omissão do agen- te
público; a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente
público que tenha, nessa condição de servidor, incidido em conduta
comissiva ou omissiva, isso, independentemente da licitu- de, ou não, do
comportamento funcional e a inexistência de causa excludente da
responsabilidade do Estado.
Em suma, os requisitos para a demonstração da responsabi- lidade
do Estado são necessariamente a conduta a ser praticada pelo agente
que poderá ser lícita ou ilícita. Veja-se por exemplo, no caso de
odontologista que realiza cirurgia pertinente à sua área de atuação em
hospital público e venha a cometer algum erro, ca- racterizado como ato
ilícito, ou em campanha de aplicação de flúor contra cáries, quando a
substância vem a causar situação adversa irreversível caracterizada
como ato lícito, são atos que acabam por gerar danos passíveis de
reparação, na forma objetiva.
Para que a responsabilidade objetiva estatal seja configurada, deve
haver um dano, tendo em vista que indenizar é “suprimir o dano” por
meio do adimplemento de uma contraprestação de na- tureza
pecuniária. Isso pode ser tanto dano de efeito moral como a violação à
dignidade e à honra, por exemplo, quanto dano material que cause
prejuízo financeiro a outrem.
Assegura-se ainda, que quando houver mera possibilidade de dano,
esta não será passível de indenização. Exemplo: a constru- ção de um
presídio perto de pré-escola. Isso é fato que pode vir a causar danos
irreparáveis tanto aos alunos, como às suas famílias. Pondera-se também
que deve haver o nexo causal, que se trata da necessária e importante
relação de causa e efeito entre a conduta praticada pelo agente e o dano
causado. Não existindo o nexo cau- sal, ou for disseminado por algum
fator, estará afastada a responsa- bilidade do Estado.
No contexto acima, compreende-se que é insuficiente a de-
monstração somente do dano e da conduta do Estado. É necessário e
devido também que se prove o nexo causal.

Observação importante: O STF tem entendido que, havendo


fuga de preso na qual o detento se encontre há muito tempo fo-
ragido e venha a cometer algum crime, com a geração de dano a
particular, não existe a responsabilidade do Estado, pelo fato de não haver
mais nexo causal, interrompido pelo prolongado período de fuga.
Entende o STF que o longo período do tempo entre a fuga e o crime faz
com que o nexo causal deixe de existir, não sendo mais possível imputar
ao Estado o dano causado. O tempo que o STF en- tende como longo,
pondera-se que não existe uma tabela de prazos que regule tal
entendimento. O que a Suprema Corte faz é a análise de casos concretos

129
LEGISLAÇÃO
Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade ESPECÍFICA do STF asseverou que “o princípio da responsabilidade ob-
Es- tado
Dentro do instituto da responsabilidade civil do Estado existem
algumas causas que excluem ou atenuam a sua obrigação de acatar ou
não com tais prerrogativas. Pondera-se que a única circunstân- cia que
explicitamente atenua ou diminui a responsabilidade civil estatal é a
existência de culpa concorrente da vítima, comprovan- do assim a
inexistência de culpa exclusiva do Estado. Desta forma, na situação
hipotética de colisão entre veículo que pertence a ente público e a um
particular, na qual tenha ocorrido imprudência de ambos os
condutores, o Estado não responde pela integralidade do dano, o que
faz por força de lei, com que os prejuízos deverão ser rateados na
proporção da culpa de cada responsável pelo ato.
Em relação às circunstâncias excludentes da responsabilidade do
Estado, a doutrina e a jurisprudência consideram as seguintes: culpa ou
dolo exclusivo da vítima ou de terceiros, caso fortuito e força maior.

Vejamos:

Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros


É excludente da responsabilidade do Estado, uma vez que afas- ta o
nexo causal entre a conduta do agente público e o dano exis- tente. A
esse respeito, é de suma importância ressaltarmos que não é cabível a
invocação de culpa ou de dolo exclusiva da vítima na hipótese de
suicídio de detento. Isso ocorre pelo fato do preso se encontrar sob a
custódia do Estado que tem o dever de manter-lhe a integridade física e
moral, buscando sua total proteção, inclusive do suicídio. Nesse
sentido, o STF entende que o suicídio de detento é motivo de omissão
ilegítima, que por sua vez, gera responsabili- dade civil objetiva do
Estado, que passará a ter o dever de indenizar por meio de danos
morais os familiares do falecido.
Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos
imprevisíveis, extraordinários e de força irresistível, externos à ad-
ministração pública e que causam danos aos administrados. Ten- do
em vista a inexistência de qualquer nexo de causalidade entre a
atuação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro, ter-se-á por
excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo impu- tado
qualquer dever de indenizar.

Caso fortuito e força maior


Boa parte dos doutrinadores denominam consideram esta ex-
cludente como sendo os eventos naturais, a exemplo das tempes-
tades, dos furacões, dos raios, dentre outros, vindo a reservar a ex-
pressão “caso fortuito” para os acontecimentos humanos, como os
arrastões, as guerras, as greves, etc., ao passo que outros possuem
conceitos opostos, designando a “força maior” para os eventos que
podem ser imputados aos homens e o “caso fortuito” para os even- tos
naturais.
Pondera-se que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tri-
bunal de Justiça tem atribuído aos eventos extraordinários, im-
previsíveis e de força irresistível, ocorridos de forma externa à
administração pública com causídico de danos aos administrados, a
especificidade de excludentes do nexo causal ocorridas entre a
atuação administrativa e o evento danoso, de modo a impedir a
responsabilização estatal pelos prejuízos causados.
Desta maneira, nos julgados de ambos os Tribunais, não exis- te a
preocupação em diferenciar caso fortuito de força maior, mas
somente a tentativa de averiguar a presença deles em cada caso
específico do objeto de exame.
Nesse entendimento, o STJ já validou que “somente se afas- ta a
responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortuito ou força
maior, ou decorrer de culpa da vítima” (REsp 721.439/RJ), enquanto o
130
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Entende-se que o direito de regresso do Estado em face do agente
jetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abran-
público nasce com o pagamento da indenização à vítima. Assim sendo,
damento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do
não basta o que ocorra o trânsito em julgado da sen- tença que condena o
Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações
Estado na ação indenizatória, posto que o in- teresse jurídico para propor
liberatórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciado- ras de
a ação regressiva depende em grande parte do efetivo desfalque nos
ocorrência de culpa atribuível à própria vítima” (RE109.615/ RJ).
cofres públicos. Denota-se que caso ocorra a propositura da ação
Esquematizando, temos: regressiva antes do pagamento, pode- ria denotar e ensejar o
enriquecimento sem causa do Estado.
CULPA OU DOLO Pondera-se que em fase inicial, a cobrança regressiva em face do
CASO
EXCLUSIVO DA VÍTIMA agente público deve ocorrer na esfera administrativa. Em se tratando
FORTUITO E
OU DE TERCEIROS FORÇA MAIOR de caso de acordo administrativo, o agente deverá, nos trâmites legais,
providenciar o ressarcimento aos cofres públicos. Restando ausente o
O STF e o STJ tem atribuído aos
acordo, o Poder Público terá o dever de propor a ação regressiva contra
eventos extraordinários,
o agente público culpado.
imprevisíveis e de força
Apesar de grande parte da doutrina e jurisprudência com-
irresistível, ocorridos de forma
É excludente da preender que a ação de ressarcimento proposta pelo Poder Público em
externa à administração pública
responsabilidade do Estado, face de seus agentes é definitivamente imprescritível, à vista do disposto
com causídico de danos aos na parte final do § 5.° do art. 37 da Constituição Federal, o Supremo
uma vez que afastam o nexo
administrados, a especificidade de Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, acabou por decidir que é
causal entre a conduta do
excludentes do nexo causal prescritível nos trâmites do art. 206, § 3.°, V, do Código Civil, no prazo de
agente público e odano
ocorridas entre a atuação três anos, a ação de reparação de danos à Fazenda Pública advinda de
existente
administrativa e o evento ilícito civil e de origem de acidente de trânsito, o que não alcança à
danoso, de modo a impedir a primeira vista, os ilícitos relacionados às infrações ao direito público,
responsabilização estatal pelos como por exemplo, os de natureza penal e os atos de improbidade.
prejuízos causados.
Direito de regresso
Infere-se que o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do art. O parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal Brasileira pre-
393, determina que “O caso fortuito ou de força maior verifi- ca-se no nuncia a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de di- reito
fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.” público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
Percebe-se que, à semelhança das decisões do STF e do STJ, a referência é a públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualida- de, causarem a
“caso fortuito ou de força maior”, com as expressões objeto de tanta terceiros. Assegura ainda ao Estado ou a seus pres- tadores de serviços
discussão acadêmica citadas em conjunto, separadas apenas pela partícula públicos, o direito de regresso contra o agente responsável, nos casos
“ou”, como que querendo demonstrar que, se as consequências são em que este aja com dolo ou culpa.
semelhantes, estando regidas pelo mesmo re- gime jurídico, não há Levando em conta os princípios constitucionais da ampla defe- sa e do
relevância na tentativa de diferenciação. contraditório, o direito de regresso deve ser desempenhado e exercido
sob o manuseio de ação própria e regressiva, não admi- tindo ao Estado
Reparação do dano efetuar de forma direta o desconto nos subsídios do servidor, sem o
Em sentido geral, a reparação do dano pode ser viabilizada na esfera consentimento deste.
administrativa por meio de acordo administrativo, ou na via judicial. Existe ainda, a possível hipótese de o servidor reconhecer a sua
O agente estatal, na qualidade de agente público, em se tra- tando responsabilidade vindo a optar por recolher espontaneamente a quantia
de caso de dolo ou culpa, pode causar danos ao Estado ou a terceiros. devida aos cofres públicos e até mesmo autorizar que o valor venha a ser
Na primeira situação, a responsabilidade deverá ser apurada por descontado de seus vencimentos, desde que res- peitados os percentuais
intermédio de processo administrativo, garantidos a ampla de- fesa e o máximos previstos em lei para essa espécie de desconto.
contraditório. Comprovada a responsabilidade subjetiva do agente, o Sobre o assunto, é importante destacar alguns pontos:
adimplemento poderá ser feito de forma espontânea ou, caso A) A ação de responsabilização do agente público deduz que o Poder
contrário, por medida judicial. Público tenha indenizado o particular, tanto em virtude de acordo com
No entanto, ressalte-se, que é ilegal usar com imposição o des- conto o reconhecimento da responsabilidade civil estatal, como em
em folha de pagamento dos agentes públicos de valores re- ferentes ao decorrência de condenação em ação ajuizada pelo lesado.
ressarcimento ao erário, exceto se houver autorização prévia do agente B) Em ação regressiva, a responsabilidade do agente público é de
ou procedimento administrativo com a aplicação da ampla defesa e do natureza subjetiva, às expensas da comprovação de que ele agiu com
contraditório. culpa ou dolo. Desta forma, é possível que o Estado venha a indenizar o
Na segunda situação, o terceiro, como vítima do dano, pode- rá particular e não reconheça o direito de ser ressarcido pelo servidor
ajuizar ação em face do Estado, aplicando a responsabilidade objetiva, responsável. Para isso, basta que não seja comprova- do dolo ou culpa
ou do próprio agente público, se valendo nesse caso da advinda desse agente público.
responsabilidade subjetiva, exceto nos casos em que houver a ado- ção da C) A parte final do § 5º do art. 37 da CFB/88, pode levar ao
teoria da dupla garantia, por meio da qual, a única medida cabível seria entendimento precípuo de que quaisquer e todos as espécies de ações
o direcionamento da pugnação de reparação em face do Estado. de ressarcimento movidas pelo Poder Público são imprescri- tíveis.
De qualquer maneira, o Estado, ao indenizar a vítima, deterá o dever Entretanto, o STF, no julgamento do RE 669.069/MG, decidiu, com
de cobrar, de forma regressiva, o valor desembolsado perante o agente repercussão geral, que “é prescritível a ação de reparação de danos à
público que causou o dano efetivo e que agiu com dolo ou culpa. fazenda pública decorrentes de ilícito civil.
D) É transmitida aos herdeiros a qualquer tempo, a obrigação de
ressarcir o Estado, respeitada, sem dúvidas, a possibilidade de
prescrição na hipótese de danos decorrentes de ilícito civil, ten-
131
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAespecífica.
do como limite o valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da
CF/1988). Entretanto, ocorrendo a prescrição da ação regressiva,
beneficiará também aos herdeiros, que não poderão mais ser
demandados pelos danos advindos pelo falecido.
E) O servidor responde pelos seus atos, inclusive após a ex- tinção
de seu vínculo com a Administração Pública, desde a ação regressiva
não esteja prescrita. Desta forma, o agente que foi exonerado ou
demitido, pode, nos trâmites legais, ser obrigado a ressarcir os
prejuízos causados ao ente público.

Nota – Sobre Súmulas Vinculantes


Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do transpor- tador,
pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro,
contra o qual tem ação regressiva.
Súmula 188, STF: O segurador tem ação regressiva contra o
causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite
previsto no contrato de seguro.

ESTATUTO DOS SERVIDORES MILITARES DA BRIGADA


MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LEI COMPLEMENTAR N.º 10.990, DE 18 DE AGOSTO DE 1997.

(atualizada até a Lei Complementar n.º 15.454, de 17 de


fevereiro de 2020)

Dispõe sobre o Estatuto dos Militares Estaduais e dá outras


providências. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.019/17)

Art. 1.º Este Estatuto regula a situação, obrigações, deveres,


direitos e prerrogativas dos servidores militares do Estado. (Vide Leis
Complementares n.os 11.831/02 e 11.832/02)
Art. 2.º A Brigada Militar, instituída para a preservação da
ordem pública no Estado e considerada Força Auxiliar, reserva do
Exército Brasileiro é instituição permanente e regular, organizada com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Governador do Estado.
Art. 3.º Os integrantes da Brigada Militar do Estado, em razão da
destinação constitucional da Corporação e em decorrência das leis
vigentes, constituem uma categoria especial de servidores públicos
estaduais, sendo denominados servidores militares.
§ 1.º Os servidores militares encontram-se em uma das
seguintes situações: I - na ativa:
a) os servidores militares de carreira;
b) os servidores militares temporários; (Vide Lei n.º
15.113/18) (Vide Lei n.º 15.114/18) (Vide Lei n.º 15.115/18)
c) os componentes da reserva remunerada, quando
convocados;
d) os alunos de órgãos de formação de servidor militar da
ativa.
II - na inatividade:
a) na reserva remunerada, quando pertencem à reserva da
Corporação e percebem remuneração do Estado, porém sujeitos, ainda,
à prestação de serviço na ativa, mediante convocação;
b) reformados, quando, tendo passado por uma das situações
anteriores, estão dispensados, definitivamente, da prestação de
serviço na ativa, mas continuam a perceber remuneração do
Estado;
c) na reserva não remunerada, na forma da legislação
132
LEGISLAÇÃO
§ 2.º Os servidores militares de carreira são ESPECÍFICA
os que, no e 2.º Tenentes PM e os atuais Aspirantes-a-Oficial.
desempenho voluntário e permanente do serviço policial-militar, têm
vitaliciedade assegurada ou presumida.
§ 3.º Em casos especiais, regulados por lei, os servidores
militares da reserva remunerada poderão, mediante aceitação
voluntária, ser designados para o serviço ativo, em caráter
transitório, por proposta do Comandante-Geral e ato do
Governador do Estado.
Art. 4.º O serviço policial-militar consiste no exercício de
atividades inerentes à Brigada Militar e compreende todos os
encargos previstos na legislação específica e peculiar.
Art. 5.º A carreira policial-militar é caracterizada por atividade
contínua e inteiramente devotada às finalidades da Brigada Militar,
denominada atividade policial-militar.
Parágrafo único. A carreira policial-militar é privativa do
pessoal da ativa, iniciando-se com o ingresso na Brigada Militar e
obedecendo à sequência de graus hierárquicos.
Art. 6.º São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”,
“em serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em serviço”, “em
atividade” ou “em atividade policial-militar” referidas aos
servidores militares no desempenho de cargo, comissão, encargo,
incumbência ou missão, serviço ou atividade policial-militar ou
considerada de natureza policial-militar, nas organizações policiais-
militares, bem como, quando previsto em lei ou regulamento, em
outros órgãos doEstado.
Art. 7.º A condição jurídica dos servidores militares é definida
pelos dispositivos constitucionais que lhes forem aplicáveis, por este
Estatuto e pelas leis e regulamentos que lhes outorgam direitos e
prerrogativas e lhes impõem deveres e obrigações.
Art. 8.º O disposto neste Estatuto aplica-se, no que couber, aos
servidores-militares da reserva remunerada e reformados.
Parágrafo único. Os Oficiais nomeados Juízes do Tribunal Militar do
Estado são regidos por legislação própria.

DO PROVIMENTO
Art. 9.º O ingresso na Brigada Militar é facultado a todos os
brasileiros, sem distinção de raça, sexo ou de crença religiosa,
mediante concurso público, observadas as condições prescritas em lei.
Art. 10. São requisitos para o ingresso na Brigada Militar:I - ser
brasileiro;
II - possuir ilibada conduta pública e privada;
III - estar quite com as obrigações eleitorais e militares;
IV - não ter sofrido condenação criminal com pena privativa de
liberdade ou qualquer condenação incompatível com a função policial
militar;
V - não estar respondendo processo criminal;
VI - não ter sido isentado do serviço militar por incapacidade
física definitiva; e
VII - obter aprovação nos exames médico, físico, psicológico e
intelectual, exigidos para inclusão, nomeação ou matrícula.
§ 1.º As condições específicas, conforme o quadro ou
qualificação, serão as previstas no regulamento de ingresso.
(Renumerado pela Lei Complementar n.º 11.831/02)
§ 2.º O exame psicológico previsto no inciso VII aplica-se
exclusivamente quando do ingresso na Brigada Militar. (Incluído pela
Lei Complementar n.º 11.831/02)
Art. 11. Para o cômputo do tempo correspondente ao período
probatório será considerado o tempo de serviço do servidor militar
como aluno-oficial.
Parágrafo único. Executam-se do disposto no “caput” os atuais 1.º

133
LEGISLAÇÃO
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA ESPECÍFICA
Art. 12. A hierarquia e a disciplina militares são a base institucional da Brigada Militar, sendo que a autoridade e a responsabilidade crescem com
o grau hierárquico.
§ 1.º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da corporação, sendo que a ordenação se faz por
postos ou graduações e, dentro de um mesmo posto ou de uma mesma graduação, se faz pela antigüidade no posto ou na graduação,
consubstanciada no espírito de acatamento à seqüência de autoridade.
§ 2.º A disciplina militar é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam
o organismo policial-militar e coordenam o seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo cumprimento do dever por parte de todos
e de cada um dos seus componentes.
§ 3.º A disciplina militar e o respeito à hierarquia devem ser mantidos entre servidores militares da ativa, da reserva remunerada e reformados.
Art. 13. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os servidores militares da mesma categoria e tem a finalidade de desenvolver
o espírito de camaradagem em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.Parágrafo único. Os círculos hierárquicos serão
disciplinados, na forma regulamentar, em:
I - Círculos de Oficiais II -
Círculos de Praças.
Art. 14. Os círculos e a escala hierárquica na Brigada Militar são os constantes do quadro seguinte:

CARREIRA CÍRCULO POSTOS E GRADUAÇÕES

dos Servidores militares denível de Oficiais Superiores Coronel


superior Tenente-CoronelMajor

de Oficiais Intermediários Capitão

dos Servidores militares denível de Oficiais Subalternos Primeiro Tenente


médio
de Sargentos 1° Sargento
2° Sargento

de Soldados Soldado

Praças Especiais Em . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Têm acesso ao Círculode Aluno - Oficial


formação, . . . . . . . . . . . . . . . Oficiais Subalternos
paraingresso na carreira de
nível superior
Praças Em formação, paraingresso Têm acesso ao Círculode Aluno do Curso Técnico
na carreira de nível médio Sargentos em Segurança
Pública
Têm acesso ao Círculode Aluno do Curso deForma-
Soldados ção deSoldados

§ 1.º O Posto é o grau hierárquico do Oficial e a Graduação é o grau hierárquico da Praça, ambos conferidos por atos do Governador do Estado.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 11.831/02)
§ 2.º Os graus hierárquicos inicial e final dos Quadros e Classificações são os compreendidos nas carreiras de nível superior e médio,
respectivamente, definidos em lei complementar específica.
§ 3.º Sempre que o servidor militar que fizer uso do posto ou graduação for da reserva remunerada ou reformado, deverá mencionar essa
situação.
§ 4.º Os graus hierárquicos de Subtenente, 3.º Sargento e Cabo, em extinção, freqüentam, os dois primeiros, o Círculo de Sargentos, e o último, o
Círculo de Soldados.
Art. 15. A precedência entre servidores militares da ativa, do mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antigüidade no posto ou na graduação,
salvo nos casos de precedência funcional do Comandante-Geral, do Subcomandante-Geral e do Chefe do Estado-Maior.§ 1.º A antigüidade em cada posto
ou graduação é contada a partir da data da publicação do ato da respectiva promoção, nomeação, ou inclusão, salvo quando estiver taxativamente
fixada outra data.
§ 2.º No caso de igualdade na data referida no parágrafo anterior, a antigüidade é estabelecida através dos seguintes critérios:
I - entre servidores militares do mesmo quadro, pela posição nas respectivas escalas numéricas ou registro de que trata o artigo 17; II - nos demais
casos, pela antigüidade no posto ou na graduação anterior e, se, ainda assim, subsistir a igualdade de antigüidade,
recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de inclusão e à data de nascimento, para definir a precedência e, neste último
caso, o mais velho será considerado mais antigo;
134
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAgraduação, a contar do dia em que houver assumido tal função. (Vide Lei
III - entre os alunos de um mesmo órgão de formação de
Complementar n.º 15.454/20)
servidores militares, de acordo com o regulamento do respectivo
órgão, se não estiverem especificamente enquadrados nas
disposições dos incisos I e II.
§ 3.º Em igualdade de posto ou graduação, os servidores
militares na ativa têm precedência sobre os na inatividade.
§ 4.º Em igualdade de posto ou graduação, a precedência entre os
servidores militares na ativa e os na reserva remunerada que
estiverem convocados é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto
ou na graduação.
§ 5.º Em caso de igualdade de posto, os Oficiais que possuírem o
Curso Superior de Polícia Militar terão precedência sobre os demais.
§ 6.º Excetuados os integrantes do Quadro de Oficiais
Especialistas em Saúde - QOES, no exercício de cargo privativo de sua
especialidade, e respeitadas as restrições do presente artigo, os demais
Oficiais, quando não possuírem Curso Superior de Polícia Militar, não
poderão exercer Comando, Chefia ou Direção sobre os Oficiais que o
possuir.
Art. 16. A precedência entre as Praças especiais e demais Praças
é a regulada por legislação federal específica.
Art. 17. A Brigada Militar manterá um registro de todos os dados
referentes ao seu pessoal da ativa e da reserva remunerada, dentro das
respectivas escalas numéricas, segundo as instruções baixadas pelo
Comandante-Geral da Corporação.
DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS-MILITARES
Art. 18. O cargo policial-militar é aquele que só pode ser
exercido por servidor militar em serviço ativo, correspondendo, a cada
cargo policial-militar um conjunto de atribuições, deveres e
responsabilidades que se constituem em obrigações do respectivo
titular.
Parágrafo único. As obrigações inerentes ao cargo policial-militar
devem ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e
definidas em legislação ou regulamentação específicas, observados os
princípios regidos por este Estatuto.
Art. 19. Os cargos policiais-militares serão providos com pessoal que
satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de qualificação exigidos
para o seu desempenho.
Parágrafo único. O provimento de cargo policial-militar se faz por
ato de nomeação ou de designação da autoridade competente.
Art. 20. O cargo policial-militar é considerado vago:
I - a partir de sua criação e até que um servidor militar,
regularmente nomeado ou designado, dele tome posse;
II - desde o momento em que o servidor militar que o ocupa é
exonerado, ou dispensado, ou falece, ou é considerado extraviado ou
desertor, e até que outro servidor militar, regularmente nomeado ou
designado, ou que tenha recebido determinação de autoridade
competente, dele tomeposse.
Art. 21. A função policial-militar é o exercício das obrigações
inerentes ao cargo policial-militar.
Art. 22. Dentro de uma mesma Organização Policial Militar, a
seqüência de substituições para assumir cargo ou função, bem como as
normas, atribuições e responsabilidades correspondentes, são
estabelecidas na legislação específica e peculiar, respeitadas a
precedência e as qualificações exigidas para o cargo ou para o exercício
da função.
Art. 23. O servidor militar ocupante de cargo, provido de acordo
com o parágrafo único do artigo 19, faz jus às gratificações e a outros
direitos correspondentes, conforme previsto em lei.
§ 1.º O servidor militar designado, por período igual ou superior a 10
(dez) dias, para exercer função de posto ou graduação superior a sua terá
direito ao vencimento e vantagens correspondentes àquele posto ou

135
LEGISLAÇÃO
§ 2.º As substituições temporárias, respeitados os princípios
ESPECÍFICAda disposto no presenteartigo.
antigüidade e da qualificação para o exercício funcional, somente
poderão ocorrer, respectivamente, entre funções atribuídas a
servidores de nível superior ou funções atribuídas a servidores de nível
médio. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 11.831/02)

DO VALOR POLICIAL-MILITAR
Art. 24. São manifestações essenciais do valor policial-militar:
I - a dedicação ao serviço policial para preservação da segurança da
comunidade e das prerrogativas da cidadania, o permanente zelo ao
patrimônio público e às instituições democráticas, mesmo com o risco
da própria vida;
II - a fé na elevada missão da Brigada Militar;
III - o espírito de corpo, orgulho do servidor militar pela
organização onde serve; IV - o amor à profissão policial-militar e o
entusiasmo com que é exercida; e
V - o aprimoramento técnico profissional.

DA ÉTICA POLICIAL-MILITAR
Art. 25. O sentimento do dever, a dignidade militar, o brio e o
decoro de classe impõem, a cada um dos integrantes da Brigada
Militar, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a
observância dos seguintes preceitos de ética do servidor militar:
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da
dignidade pessoal;
II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções que
lhe couberem em decorrência do cargo;
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; IV
- acatar as autoridades civis;
V - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as
instruções e as ordens das autoridades competentes;
VI - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do
mérito dos subordinados;
VII - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico, próprio e dos
subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum;
VIII - empregar as suas energias em benefício do serviço;
IX - praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente o
espírito de cooperação;
X - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem
escrita e falada;
XI - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria
sigilosa de que tenha conhecimento em virtude do cargo ou da
função;
XII - cumprir seus deveres de cidadão;
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular; XIV
- observar as normas da boa educação;
XV - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter
facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar
negócios particulares ou de terceiros;
XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de
modo a que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do
respeito e decoro;
XVII - zelar pelo bom nome da Brigada Militar e de cada um dos seus
integrantes, obedecendo aos preceitos da ética do servidor militar.
Art. 26. Ao servidor militar da ativa é vedado participar de
gerência ou administração de empresa privada, de sociedade civil ou
exercer comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
comanditário.§ 1.º Os servidores-militares na reserva remunerada,
quando convocados, ficam proibidos de tratar, nas organizações
policiais-militares e nas repartições públicas civis, dos interesses de
organizações ou empresas privadas de qualquer natureza.
§ 2.º Os servidores-militares da ativa podem exercer,
diretamente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o

136
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 2.º A responsabilidade disciplinar é independente das
Art. 27. O Comandante-Geral da Brigada Militar poderá
responsabilidades civil e penal.
determinar aos servidores militares da ativa que, no interesse da
§ 3.º Não se caracteriza como violação das obrigações e dos
salvaguarda da sua dignidade, informem sobre a origem e a natureza dos
deveres do servidor militar o inadimplemento de obrigações
seus bens, sempre que houver razões que recomendem tal medida.
pecuniárias assumidas na vida privada.
Art. 28. O servidor militar, enquanto em efetivo serviço, não Art. 36. A inobservância dos deveres especificados nas leis e
poderá estar filiado a partido político. regulamentos, ou a falta de exação no cumprimento dos mesmos,
acarreta, para o servidor militar, responsabilidade funcional,
DOS DEVERES POLICIAIS-MILITARES pecuniária, disciplinar e penal, consoante legislação específica.
Art. 29. Os deveres policiais-militares emanam do conjunto de Parágrafo único. A apuração da responsabilidade funcional,
vínculos que ligam o servidor militar à sua corporação e ao serviço que a pecuniária, disciplinar ou penal, poderá concluir pela
mesma presta à comunidade, e compreendem: incompatibilidade do servidor militar com o cargo ou pela
I - a dedicação ao serviço policial-militar e a fidelidade à Pátria e à incapacidade para o exercício das funções policiais-militares a ele
comunidade, cuja honra, segurança, instituições e integridade devem inerentes.
ser defendidas, mesmo com o sacrifício da própria vida; Art. 37. O servidor militar cuja atuação no serviço revelar-se
II - o culto aos símbolos nacionais e estaduais; incompatível com o cargo ou que demonstrar incapacidade para o
III - a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias; IV - a exercício das funções policiais-militares a ele inerentes será do mesmo
disciplina e o respeito à hierarquia; imediatamente afastado, sem prejuízo dos respectivos vencimentos e
V - o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; vantagens, salvo após decisão final do processo a que for submetido,
VI - a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com desde que venha a ser condenado.
urbanidade. § 1.º São competentes para determinar o imediato afastamento do
cargo ou o impedimento do exercício da função:
DO COMPROMISSO POLICIAL-MILITAR I - O Comandante-Geral da Brigada Militar;
Art. 30. Todo o cidadão, após ingressar na Brigada Militar, II - Os Comandantes, os Chefes e os Diretores, na conformidade da
prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação legislação ou regulamentação da Corporação.
consciente das obrigações e dos deveres policiais- militares e § 2.º O servidor militar afastado do cargo, nas condições
manifestará a sua firme disposição de bem os cumprir. mencionadas neste artigo, ficará privado do exercício de qualquer
Art. 31. O compromisso a que se refere o artigo anterior terá função policial-militar, até a solução final do processo ou adoção das
caráter solene e será prestado na presença da tropa, tão logo o providências legais que couberem ao caso.
servidor militar tenha adquirido um grau de instrução compatível com Art. 38. Ao servidor militar são proibidas a sindicalização e a greve.
o perfeito entendimento dos seus deveres como integrante da Art. 39. São vedadas as manifestações coletivas que impliquem no
Brigada Militar, conforme os seguintes dizeres: “Ao ingressar na descumprimento do dever ou que atentem contra a disciplina policial-
Brigada Militar do Estado, prometo regular a minha conduta pelos militar.
preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades
a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço DOS CRIMES MILITARES
policial-militar, à manutenção da ordem pública e à segurança da Art. 40. O Código Penal Militar relaciona e classifica os crimes
comunidade, mesmo comorisco da própria vida”. militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e dispõe sobre a
Parágrafo único. Ao ser promovido ao seu primeiro posto, o aplicação aos servidores militares das penas correspondentes aos crimes
servidor militar prestará compromisso de Oficial, em solenidade por eles cometidos.
especialmente programada, de acordo com os seguintes dizeres:
“Perante a Bandeira do Brasil e pela minha honra, prometo cumprir os DO CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO
deveres de Oficial da Brigada Militar do Estado e dedicar-me Art. 41. O Oficial só perderá o posto e a patente por decisão do
inteiramente ao seu serviço.” Tribunal Militar do Estado, se declarado indigno do Oficialato ou com ele
incompatível.
Art. 42. O Oficial acusado de ser incapaz de permanecer como
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO
Art. 32. Comando é a soma de autoridade, deveres e servidor militar será, nos casos em que a lei determinar, submetido a
Conselho deJustificação.
responsabilidades de que o servidor militar é investido legalmente,
Art. 43. O processo e julgamento pelo Conselho de Justificação serão
quando conduz homens ou dirige uma Organização Policial Militar, sendo
regidos por lei especial, assegurada ampla defesa ao acusado.
vinculado ao grau hierárquico e constituindo prerrogativa impessoal,
em cujo exercício o servidor militar se define e se caracteriza como
DO CONSELHO DE DISCIPLINA
chefe.
Art. 44. A Praça com estabilidade será submetida a Conselho de
Art. 33. A subordinação decorre, exclusivamente, da estrutura Disciplina na forma da legislação específica.
hierárquica da Brigada Militar e não afeta a dignidade pessoal do Art. 45. O processo e julgamento pelo conselho de Disciplina serão
servidor militar. regidos por lei especial, assegurada ampla defesa ao acusado.
Art. 34. Cabe ao servidor militar a responsabilidade integral pelas
decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar. DOS DIREITOS DOS SERVIDORES MILITARES
DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES Art. 46. São direitos dos servidores militares, nos limites
Art. 35. A violação das obrigações ou dos deveres policiais- estabelecidos na legislação específica:
militares constituirá crime, contravenção ou transgressão disciplinar, I - a garantia da patente, em toda a sua plenitude, com as
conforme dispuserem alegislação ou regulamentação específicas. vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quando Oficial;
§ 1.º A violação dos preceitos da ética policial-militar é tanto mais II - o uso das designações hierárquicas;
grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem a cometer. III - o desempenho de cargos e funções correspondentes ao

137
LEGISLAÇÃO
posto e de atribuições correspondentes à graduação; ESPECÍFICA

138
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAcusto para atender às despesas de sua instalação, no valor fixado em lei.
IV - a percepção de vencimentos, proventos e outras vantagem
pecuniárias, na forma estabelecida no Código de Vencimentos e
Vantagens daBrigada Militar;
V - o transporte para si e seus dependentes, seus bens pessoais,
inclusive mobília, quando movimentado por necessidade do serviço;
VI - as promoções;
VII - a transferência para a reserva remunerada ou a reforma; VIII -
as férias e as licenças;
IX - a demissão voluntária e, ouvido o Comandante-Geral, o
licenciamento voluntário da ativa;
X - o porte de arma, em serviço ativo ou inativo, salvo aqueles em
inatividade por alienação mental na forma do artigo 121 e seus parágrafos
ou sentença penal condenatória com trânsito em julgado cuja pena não
enseja o benefício de sursis; (Redação dada pela Lei Complementar n.º
11.831/02)
XI - (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 11.831/02)
XII - a aquisição de uma arma de uso permitido, através da
Brigada Militar, mediante indenização, na forma regulamentar;
XIII - a assistência judiciária gratuita, quando processado em razão
de atos praticados em objeto de serviço;
XIV - a assistência social e médico-hospitalar; XV - a
saúde, higiene e segurança do trabalho.
Art. 47. O servidor militar que se julgar prejudicado ou ofendido por
qualquer ato administrativo ou disciplinar de superior hierárquico poderá
recorrer, interpor pedido de reconsideração, queixa, representação ou
anulação de ato administrativo, segundo legislação disciplinar da
Corporação. (Redaçãodada pela Lei Complementar n.º 11.831/02)
§ 1.º O direito de recorrer na esfera administrativa prescreverá:
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
a) em 10 (dez) dias corridos, a contar do recebimento de
comunicação oficial, quanto a ato que decorra da composição de
Quadro de Acesso; (Redação dada pela Lei Complementar n.º
15.019/17)
b) em 60 (sessenta) dias corridos, nos demais casos. (Redação dada
pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 2.º O pedido de reconsideração, a queixa e a representação não
podem ser feitos coletivamente.
§ 3.º A decisão sobre qualquer recurso será dada no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias, exceto em matéria disciplinar, cujo prazo
será de 8 (oito) dias.
§ 4.º Aos servidores militares em processo administrativo ou
judicial são assegurados o contraditório e a ampla defesa.

DA REMUNERAÇÃO
Art. 48. A remuneração dos servidores militares compreende
vencimentos ou proventos, indenizações e outras vantagens e é devida
em bases estabelecidas em lei.
§ 1.º: (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.454/20) I ;
(REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
II -. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
§ 2.º A remuneração percebida pelos servidores militares em
inatividade denomina-seproventos.
§ 3.º Os servidores militares da ativa e na inatividade perceberão
abono familiar de conformidade com a lei geral que rege essa
vantagem.
§ 4.º O servidor militar que exercer o magistério em curso ou
estágio regularmente instituídos pela Brigada Militar, perceberá
gratificação de magistério, por aula proferida, conforme fixado em
lei.
§ 5.º O servidor militar, ao ser movimentado por necessidade do
serviço, desde que implique alteração de seu domicílio, perceberá ajuda de

139
LEGISLAÇÃO
§ 6.º O servidor militar fará jus à gratificação pelo exercício, fora
ESPECÍFICA Complementar n.º 14.846/16)
do horário do expediente a que estiver sujeito, de encargo em
comissão de concurso público, nos termos da lei.
§ 7.º O servidor militar, quando estiver freqüentando curso de
aperfeiçoamento, atualização ou de formação com fins de promoção
na carreira e/ou exercício de função especializada, terá sua
remuneração inviolada, não podendo esta ser reduzida. (Incluído pela Lei
Complementar n.º 11.614/01)§ 8.º O servidor militar, por
necessidade imperiosa de serviço, poderá ser convocado para
cumprir serviço extraordinário, desde que devidamente autorizado
pelo Governador. (Incluído pela Lei Complementar n.º 11.650/01)
§ 9.º Consideram-se extraordinárias as horas de trabalho
realizadas além das normais e estabelecidas por jornada diária para o
respectivo posto ou graduação da carreira a que pertencer. (Incluído pela
Lei Complementar n.º 11.650/01)
§ 10. Pelo serviço prestado em horário extraordinário, o servidor
militar terá direito à remuneração ou folga, nos termos da lei.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
§ 11. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de
50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
(Incluído pela Lei Complementar n.º 11.650/01)
§ 12. O Poder Executivoregulamentará o dispostonos parágrafos 8.º a
12 no prazo de trinta dias, a contar da promulgação desta Lei
Complementar, em especial as hipóteses de necessidade imperiosa de
serviço, a quantidade de horas extraordinárias e os procedimentos
relativos à competência para fiscalização e controle das convocações de
que versa esta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar n.º
11.650/01)
Art. 49. Os vencimentos, os proventos e as pensões dos
servidores militares e seus beneficiários não serão objeto de arresto,
seqüestroou penhora,excetonoscasos previstosem lei federal.
Art. 50. Os proventos de inatividade serão revistos na mesma
proporção e na mesma data em que se modificar a remuneração dos
servidores militares em atividade, sendo também estendidos aos
inativos quaisquer benefícios e vantagens posteriormente
concedidos aos servidores militares em atividade, inclusive quando
decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em
que se deu a aposentadoria.

ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR
Art. 51. O Estado proporcionará, ao servidor militar e a seus
dependentes, assistência médico-hospitalar, através do Instituto de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPERGS e,
supletivamente, através do Departamento de Saúde da Brigada
Militar, conforme legislações específicas.
§ 1.º O Departamento de Saúde da Brigada Militar destina- se a
atender o militar estadual e seus dependentes, estando o
atendimento nos hospitais da instituição vinculado à condição de
segurado do IPE-SAÚDE. (Renumerado pela Lei Complementar n.º
14.846/16)§ 2.º Assegurada a absoluta prioridade de atendimento aos
policiais militares e aos seus dependentes, o Departamento de Saúde da
Brigada Militar poderá utilizar sua capacidade hospitalar supletiva para
o atendimento dos servidores públicos civis estaduais, desde que
segurados junto ao IPERGS, mediante indenização ao hospital,através
de fatormoderador.(Incluído pelaLeiComplementar n.º 14.846/16)
§ 3.º A Brigada Militar poderá, mediante a formalização de
convênios, destinar parte de sua capacidade hospitalar supletiva ao
atendimento de usuários de outros planos de saúde. (Incluído pela Lei
Complementar n.º 14.846/16)
§ 4.º O Comando-Geral da Brigada Militar poderá estabelecer
critérios que permitam a limitação do atendimento aos usuários
referidos nos §§ 2.º e 3.º deste artigo, em observância à prioridade aos
militares estaduais e a seus dependentes. (Incluído pela Lei
140
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAComplementar n.º 12.351/05) (Vide Lei Complementar n.º
Art. 52. Nas localidades onde não houver organizações de saúde da 15.019/17)
Brigada Militar, os servidores militares nela sediados poderão ser
atendidos por organizações das Forças Armadas ou civis, mediante
acordos previamente estabelecidos entre estas e o Departamento de
Saúde daCorporação.
Art.53.Oservidormilitaremserviçoativofazjusàhospitalização e
tratamento custeado pelo Estado, quando acidentado em serviço ou
acometido de doença adquirida em serviço ou dela decorrente. Art. 54. A
assistência médico-hospitalar ao servidor militar da ativa, da reserva
remunerada ou reformado, poderá ser prestada pelas organizações de
saúde, dentro das limitações dos recursos orçamentários próprios da
Brigada Militar, postos à disposição do
seu Departamento de Saúde.
Art. 55. As normas e condições de atendimento serão
estabelecidas em regulamento próprio, através de ato do Poder
Executivo.

DA PROMOÇÃO
Art. 56. O acesso na hierarquia policial-militar é seletivo, gradual e
sucessivo e será feito mediante promoções, de conformidade com o
disposto na legislação e regulamentação de promoções de Oficiais e de
Praças, de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado da carreira
para os servidores militares a que esses dispositivos se referem.
§ 1.º O planejamento da carreira dos Oficiais e das Praças,
observadas as disposições da legislação e regulamentação a que se
refere este artigo, é atribuição do Comando-Geral da Brigada Militar,
ouvido o Secretário de Estado responsável pela área da segurança
pública.§ 2.º A promoção é ato administrativo e tem como finalidade
básica a seleção dos servidores militares para o exercício de funções
pertinentes ao grau hierárquico superior.
Art. 57. As promoções serão efetuadas pelos critérios de
merecimento edeantigüidade, ou,ainda, extraordinariamente.
§ 1.º Em casos especiais, haverá promoções em ressarcimento de
preterição.
§ 2.º A promoção de servidor militar feita em ressarcimento de
preterição será efetuada segundo os princípios de antigüidade ou
merecimento, recebendo ele o número que lhe competir na escala
hierárquica, como se houvesse sido promovido na época devida,
observado o princípio aplicável à sua promoção.
§ 3.º A promoção de Oficiais será realizada na seguinte
proporção: (Redação dada pela Lei Complementar n.º 12.413/05)
I – de um Oficial promovido no critério de merecimento, para um
no de antigüidade para o posto de Major; (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 12.413/05)
II – de três Oficiais promovidos no critério de merecimento, para
um no de antigüidade, para os demais postos, observando- se a
seqüencialidade dos critérios. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 12.413/05)
§ 4.º A cada processo de promoção de Oficiais, no critério de
merecimento, proceder- se-á a escolha do servidor militar
promovido na primeira vaga dentre os três melhores pontuados no
Quadro de Acesso respectivo e, para as vagas seguintes, se houver,
os remanescentes da vaga anterior e mais 2 (dois) ocupantes da
classificação imediatamente seguinte. (Incluído pela Lei Complementar
n.º12.011/03)
§ 5.º Na avaliação do critério de merecimento não serão
consideradas condecorações e medalhas, exceto as relativas a tempo
de serviço. (Incluído pela Lei Complementar n.º 12.011/03)
Art. 58. A Praça que contar com mais de 25 (vinte e cinco) anos
de serviço público militar, ao ser transferida, a pedido, para a reserva
remunerada ou ao ser reformada, será promovida ao grau
hierárquico superior imediato. (Redação dada pela Lei

141
LEGISLAÇÃO
§ 1.º O disposto no “caput” deste artigo estende-se ESPECÍFICA
à Praça que, especificados no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal. (Incluída
com mais de vinte e cinco anos de serviço público militar, for pela Lei Complementar n.º 14.385/13)
transferida, “ex offício”, para a reserva remunerada, de acordo com os
incisos I, III e V do art. 106 desta Lei Complementar. (Redação dada
pela Lei Complementar n.º 14.295/13)
§ 2.º O servidor militar estadual da carreira de nível médio que
já tenha cumprido as exigências para a inatividade voluntária,
ressalvadas as hipóteses que impliquem a transferência “ex officio” para
a reserva remunerada, cuja permanência no desempenho de suas
funções seja julgada conveniente e oportuna para o serviço público
militar, e que optar por continuar na atividade, poderá ter deferido,
por ato do Governadordo Estado, o abono depermanência no serviço, no
valor equivalente à sua contribuição previdenciária. (Redação dada
pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
§ 3.º O abono de que trata o § 2.º deste artigo tem natureza
precária e transitória, podendo ser revogado um ano após a sua
concessão ou renovação, não será incorporado ao soldo ou aos
proventos quando da passagem da Praça para a reserva remunerada e não
servirá de base de cálculo para fins de apuração da contribuição
mensal para o Regime Próprio de Previdência Social do Estado do Rio
Grande do Sul – RPPS/RS, para o Fundo Previdenciário dos Servidores
Militares – FUNDOPREV/MILITAR, para o Fundo de Assistência à Saúde –
FAS/RS – e nem para vantagens. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 15.454/20)
§ 4.º O abono de que trata o § 2.º deste artigo será deferido por
um período máximo de 2 (dois) anos, podendo ser renovado por
iguais períodos, até o limite de idade estabelecido no art. 106, I, desta
Lei Complementar, mediante iniciativa do Comandante imediato e
juízo de conveniência e oportunidade da Chefia do Poder Executivo.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.107/18)
§ 5.º Fica suspenso o pagamento do abono de incentivo à
permanência no serviço ativo à Praça no período que exceder a:
(Incluída pela Lei Complementar n.º 14.385/13)
I - 30 (trinta) dias, em razão de gozo de licença especial de que trata
o art. 70 desta Lei Complementar, a cada período de 12 (doze) meses; e
(Incluída pela Lei Complementar n.º 14.385/13)
II - 60 (sessenta) dias, em razão de licença para tratamento de
saúde própria ou de licença para tratamento de saúde de pessoa da
família, a cada período de 24 (vinte e quatro) meses. (Incluída pela Lei
Complementar n.º14.385/13)
§ 6.º Fica revogada a concessão do abono de incentivo à
permanência no serviço ativo à Praça que permanecer em alguma das
condições previstas no § 8.º do art. 92 desta Lei Complementar ou que
for afastada temporariamente do serviço ativo nos termos do
disposto nas alíneas ‘m’ e ‘n’ do inciso III do § 1.º do art. 92 desta Lei
Complementar, exceto se ficar em exercício na Administração Direta
ou Indireta do Poder Executivo Estadual, ou, ainda, a partir da data de
concessão de licença: (Incluída pela Lei Complementar n.º 14.385/13)
I - para tratar de interesses particulares; (Incluída pela Lei
Complementar n.º 14.385/13)
II - para acompanhar o(a) cônjuge; (Incluída pela Lei
Complementar n.º 14.385/13)
III - para exercício de mandato classista, de que trata o § 3.º do art.
69 desta Lei Complementar; (Incluída pela Lei Complementar n.º
14.385/13)
IV - especial de que trata o § 1.º do art. 102 desta Lei
Complementar, inclusive para tratamento de saúde aguardando
aposentadoria por invalidez. (Incluída pela Lei Complementar n.º
14.385/13)
§ 7.º O abono de incentivo à permanência previsto neste
artigo integra o cálculo da remuneração para os fins previstos e

142
LEGISLAÇÃO
DA PROGRESSÃO DE NÍVEL ESPECÍFICA Parágrafo único. O pagamento de que trata este artigo
corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que fizer jus o
(Incluído pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
servidor militar, na forma prevista no artigo 61.
Art. 58-A. O ingresso na carreira dos servidores militares de nível
médio dar-se-á no Nível III da graduação de Soldado, havendo a
progressão automática para o Nível II após 10 (dez) anos de carreira
e para o Nível I após 20 (vinte) anos de carreira. (Incluído pela Lei
Complementar n.º 15.454/20)
Parágrafo único. A promoção à graduação superior independe do
nível em que esteja posicionado o Soldado (Incluído pela Lei
Complementar n.º 15.454/20)

DAS FÉRIAS E OUTROS AFASTAMENTOS


TEMPORÁRIOS DO
SERVIÇOArt. 59. As férias são afastamentos totais do serviço,
anual e obrigatoriamente concedidos aos servidores militares,
para descanso.
§ 1.º As férias serão de trinta dias para todos os servidores-
militares.
§ 2.º Compete ao Comandante-Geral da Brigada Militar a
regulamentação da concessão das férias anuais.
§ 3.º Para o primeiro período aquisitivo de férias será exigido 12
(doze) meses de exercício.
§ 4.º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
§ 5.º A requerimento do servidor militar, e havendo
concordância do respetivo comando, as férias poderão ser gozadas em até
3 (três) períodos. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
§ 6.º A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo anterior
de licença para tratamento de saúde, por punição anterior decorrente de
transgressão disciplinar, pelo estado de guerra ou para que sejam
cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas
licenças.
§ 7.º Durante as férias, o servidor militar terá direito a todas as
vantagens inerentes ao cargo, como se estivessem em exercício. Art. 60.
Será pago ao servidor militar, por ocasião das férias,
independentemente de solicitação, o acréscimo constitucional de 1/3
(um terço) da remuneração do período de férias, pago
antecipadamente.
§ 1.º O pagamento da remuneração de férias será efetuado
antecipadamente ao servidor militar que o requerer, juntamente com
o acréscimo constitucional de 1/3 (um terço), antes do início do
referido período.
§ 2.º Na hipótese de férias parceladas, poderá o servidor militar
indicar em qual dos períodos utilizará a faculdade de que trata este
artigo.
Art. 61. Por absoluta necessidade de serviço, as férias poderão ser
acumuladas até o máximo de 2 (dois) períodos anuais.
Art. 62. Somente em casos de interesse da segurança pública, de
manutenção da ordem, de extrema necessidade do serviço, ou de
transferência para a inatividade, os servidores militares terão
interrompido ou deixarão de gozar, na época prevista, o período de
férias a que tiverem direito, registrando-se o fato em seus
assentamentos.
Art. 63. Se o servidor militar vier a falecer, quando já
implementado o período de um ano, que lhe assegure o direito a
férias, a retribuição relativa ao período, descontadas eventuais parcelas
correspondentes à antecipação, será paga aos dependentes legalmente
constituídos.
Art. 64. O servidor exonerado fará jus ao pagamento da
remuneração de férias proporcionalmente aos meses de efetivo
exercício, descontadas eventuais parcelas já fruídas.

143
LEGISLAÇÃO
Art. 65. O servidor militar que tiver gozado mais de 30 (trinta)
ESPECÍFICA licenças especiais já adquiridas, bem como a integralização, para todos
dias para tratar de interesses particulares, somente após um ano de os efeitos de averbação e gratificações temporais, com
efetivo exercício contado da data da apresentação, fará jus a férias. Art.
66. Os servidores militares têm direito, também,
aos períodos de afastamento total do serviço, observadas as
disposições legais e regulamentares, por motivo de:
I-
núpcias; II
- luto;
III - instalação;
IV - trânsito.
Parágrafo único. O afastamento do serviço por motivo de
núpcias ou luto, por até 8 (oito) dias consecutivos, será concedido,
no primeiro caso, se solicitado por antecipação à data do evento e,
no segundo caso, tão logo a autoridade à qual estiver subordinado o
servidor militar tenha conhecimento do óbito de seu ascendente,
descendente, cônjuge, sogros, irmãos, companheiro ou companheira,
padrasto ou madrasta, enteado e menor sob guarda ou tutela.
Art. 67. É assegurado, ainda, o afastamento do servidor militar, sem
prejuízo de sua remuneração, durante os dias de provas finais do ano ou
semestre letivo, para os estudantes de ensino superior, 1.º e 2.º graus,
e durante os dias de provas em exames supletivos e de habilitação a
curso superior.
Parágrafo único. O servidor militar, sob pena de ser
considerado faltoso ao serviço, deverá comprovar perante seu
superior imediato as datas em que se realizarão as diversas provas e seu
comparecimento.
Art. 68. As férias e os outros afastamentos mencionados são
concedidos com a remuneração prevista na legislação peculiar e
computados como tempo de efetivo serviço para todos os efeitos
legais.

DAS LICENÇAS
Art. 69. Licença é a autorização para afastamento total do
serviço, em caráter temporário, concedida ao servidor militar,
observadas as disposições legais e regulamentares.
§ 1.º A licença pode ser:
I - licença de capacitação profissional; (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 15.019/17)
II - para tratar de interesses particulares;
III - para tratamento de saúde própria;
IV - paratratamento de saúdede pessoa dafamília; V -
à gestante e à adotante;
VI - à paternidade;
VII - para acompanhar o cônjuge.
§ 2.º A remuneração do servidor militar, quando em qualquer
das situações de licença constantes do parágrafo anterior, será
regulada em legislação própria.
§ 3.º Compete ao Comandante-Geral da Brigada Militar
conceder as licenças previstas no “caput”, bem como a licença para
exercício de mandato classista, observadas as necessidades de serviço.
Art. 70. A lei assegurará ao servidor militar estadual ocupante de
cargo de provimento efetivo, no interesse da Administração, após
cada quinquênio de efetivo exercício, a possibilidade de
afastamento por meio de licença, para participar de curso de
capacitação profissional, com a respectiva remuneração, sem
prejuízo de sua situação funcional, por até 3 (três) meses, não
cumuláveis, conforme disciplina legal, sendo vedada a conversão em
pecúnia para aquele servidor que não usufruir desse direito.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 1.º Ficam asseguradas ao servidor militar estadual as

144
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAincompatíveis com o seu estado, sob pena de imediata suspensão da
base no regime anterior, do quinquênio em andamento na data da
mesma.
publicação desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 15.019/17)
§ 2.º O período de licença de capacitação profissional não
interrompe a contagem de tempo de efetivo exercício. (Redação dada
pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 3.º A licença de capacitação profissional não é prejudicada pelo
gozo anterior de qualquer licença para tratamento de saúde e para que
sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas
licenças. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 4.º Para os efeitos de concessão de licença de capacitação
profissional, não se considerarão como interrupção de serviços ao
Estado os afastamentos previstos nos incisos V e VI do art. 69, as
licenças para tratamento de saúde própria, de até 4 (quatro)
meses, e as licenças para tratamento de saúde de pessoas da
família, de até 2 (dois) meses (Redação dada pela Lei Complementar
n.º 15.454/20)
Art. 71. Ao servidor militar estável poderá ser concedida
licença para tratar de interesses particulares, pelo prazo de até 2
(dois) anos consecutivos, sem remuneração e com prejuízo da
contagem do tempo de serviço público.
§ 1.º A licença poderá ser negada, quando o afastamento for
inconveniente ao interesse doserviço.
§ 2.º O servidor militar deverá aguardar em exercício a
concessão da licença, salvo hipótese de imperiosa necessidade,
devidamente comprovada à autoridade a que estiver subordinado,
considerando-se como faltas os dias de ausência ao serviço, caso a
licença seja negada.
§ 3.º O servidor militar poderá, a qualquer tempo, reassumir o
exercício do cargo.
§ 4.º Não se concederá nova licença, antes de decorridos 2 (dois)
anos do término da anterior, contados desde a data em que tenha
reassumido o exercício do cargo.Art. 72. Será concedida ao servidor
militar licença para tratamento de saúde própria, a pedido ou “ex-
officio”, precedida de inspeção médica realizada pelo Departamento
de Saúde da Brigada Militar, na Capital ou no interior, sem prejuízo da
remuneração a que fizer jus.
§ 1.º Sempre que necessário, a inspeção médica poderá ser
realizada na residência do servidor, ou no estabelecimento
hospitalar em que se encontrar internado.
§ 2.º O servidor militar não poderá recusar-se à inspeção
médica.
§ 3.º O resultado da inspeção médica será comunicado
imediatamente ao servidor militar, logo após a sua realização, salvo
se houver a necessidade de exames complementares, quando
então, ficará o servidor militar à disposição do Departamento de
Saúde da Brigada Militar.
Art. 73. Findo o período de licença, o servidor militar deverá
reassumir imediatamente o exercício do cargo, sob pena de ser
considerado ausente, salvo prorrogação ou determinação
constante em laudo pericial.
Art. 74. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao
nome ou à natureza da doença, devendo, porém, esta ser
especificada através do respectivo código (CID).
Parágrafo único. Para a concessão de licença a servidor militar
acometido de moléstia profissional, o laudo médico deverá
estabelecer a sua rigorosa caracterização.
Art. 75. O servidor militar em licença para tratamento de
saúde própria deverá abster-se do exercício de atividades

145
LEGISLAÇÃO
Art. 76. O servidor militar poderá obter licença por motivo de
ESPECÍFICA V - para cumprimento de punição disciplinar, conforme
doença do cônjuge, de ascendente, descendente, enteado e regulamento da Força;
colateral consangüíneo, até o 2.º grau, desde que comprove ser
indispensável a sua assistência e esta não possa ser prestada,
simultaneamente, com o exercício do cargo.
Parágrafo único. A doença será comprovada através de
inspeção de saúde a ser procedida pelo Departamento de Saúde da
Brigada Militar.
Art. 77. A licença de que trata o artigo anterior será concedida: I -
com a remuneração total, até 90 (noventa) dias;
II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, no período que
exceder a 90 (noventa) e não ultrapassar a 180 (cento e oitenta) dias;
III - com 1/3 (um terço) da remuneração, no período que
exceder a 180 (cento e oitenta) e não ultrapassar a 365 (trezentos e
sessenta e cinco)dias.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, as licenças, pela
mesma moléstia, com intervalos inferiores a 30 (trinta) dias, serão
consideradas como prorrogação.
Art. 78. À servidora militar é concedido licença maternidade de
180 (cento e oitenta) dias, mediante inspeção médica e sem prejuízo
da remuneração. (Redação dada pela Lei n.º 13.117/09)
§ 1.º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do
evento, a servidora-militar será submetida a inspeção médica e, se
julgada apta, reassumirá o exercício do cargo. (Renumerado pela Lei
Complementar n.º 15.165/18)
§ 2.º O prazo previsto no “caput” deste artigo terá contagem
iniciada a partir da alta da Unidade de Tratamento Intensivo, em caso
de nascimento prematuro. (Incluído pela Lei Complementar n.º
15.165/18)
Art. 79. Ao término da licença a que se refere o artigo anterior, é
assegurado à servidora-militar lactante, durante o período de 2
(dois) meses, o direito de comparecer ao serviço em um turno,
quando seu regime de trabalho obedecer a dois turnos, ou a três
horas consecutivas por dia, quando seu regime de trabalho
obedecer a turno único.
Art. 80. À servidora militar adotante será concedida licença a
partir da concessão do termo de guarda ou da adoção pelo prazo de 180
(cento e oitenta) dias, sem prejuízo da remuneração. (Redação dada
pela Lei Complementar n.º 15.165/18)
Art. 81. Pelo nascimento ou pela adoção de filho, o servidor
militar terá direito à licença-paternidade de 30 (trinta) dias
consecutivos, sem prejuízo da remuneração, inclusive em casos de
natimorto. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.165/18)
Parágrafo único. O prazo previsto no “caput” deste artigo terá
contagem iniciada a partir da alta da Unidade de Tratamento
Intensivo, em caso de nascimento prematuro. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 15.165/18)
Art. 81-A. As disposições constantes dos arts. 78, 80 e 81 terão seus
efeitos retroativos à data de início das licenças em andamento. (Incluído
pela Lei n.º 13.117/09)
Art. 82. As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou nas
condições estabelecidas neste artigo.
§ 1.º A interrupção da licença capacitação e da licença para
tratar de interesses particulares poderá ocorrer: (Redação dada pela
Lei Complementar n.º 15.019/17)
I - em caso de mobilização e estado de guerra; II-
em caso dedecretação de estadodesítio;
III - em caso de emergente necessidade e segurança pública;
IV - para cumprimento de sentença que importe em restrição da
liberdade individual;

146
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApolicial-militar da localidade providenciará em entendimentos com a
VI - em caso de pronúncia em processo criminal ou indiciação em
autoridade judiciária, visando à guarda do Foro ou Tribunal por força
Inquérito Policial-Militar, a juízo da autoridade que efetivou a
policial-militar, se for o caso.
pronúncia ou a indiciação.
§ 2.º A interrupção de licença para tratamento de saúde de
pessoa da família e para cumprimento de pena disciplinar que
importe em restrição da liberdade individual, será regulada em
legislação própria.

DA PENSÃO POLICIAL-MILITAR
Art. 83. A pensão policial-militar destina-se a amparar os
beneficiários do servidor militar falecido ou extraviado e será paga
conforme o disposto em lei.
Art. 84. A pensão policial-militar do pessoal do serviço ativo, da
reserva ou reformado será a do Instituto de Previdência do Estado,
conforme legislação específica, salvo no caso do artigo seguinte.
Art. 85. O servidor militar morto em campanha ou em ato de
serviço, ou em conseqüência de acidente em serviço, deixará a seus
dependentes pensão correspondente aos vencimentos integrais do grau
hierárquico imediatamente superior ao que possuir na ativa. (Vide Lei
n.º 15.108/18)Parágrafo único. O disposto no “caput” sobre o valor
da pensão não se aplica ao servidor militar que for promovido
extraordinariamente.

DAS PRERROGATIVAS
Art. 86. As prerrogativas dos servidores militares são
constituídas pelas honras, dignidades e distinções devidas aos graus
hierárquicos e cargos.
Parágrafo único. São prerrogativas dos servidores militares:
I - o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas
policiais-militares da Brigada Militar, correspondentes ao posto ou à
graduação;
II - as honras, tratamento e sinais de respeito que lhes são
assegurados em leis ou regulamentos;
III - as penas de prisão, detenção ou reclusão, fixadas em
sentença judicial e os casos de prisão provisória, serão cumpridos em
organização policial-militar, cujo Comandante, Chefe ou Diretor tenha
precedência hierárquica sobre a pessoa do preso;
IV - julgamento em foro especial, nos crimes militares;
V - livre ingresso e trânsito, em objeto de serviço, em qualquer
recinto público ou privado, respeitada a garantia constitucional da
inviolabilidade do domicílio;
VI - prioridade em qualquer serviço de transporte ou
comunicação, público ou privado, no território estadual, quando em
serviço de caráter urgente;
VII -carteira de identidade de acordo com modelo regulamentar, que
consigne os direitos e prerrogativas instituídos em lei, para o exercício
funcional;
VIII - não confinamento em cela no caso de punição
administrativa.
Art. 87. Somente em caso de flagrante delito o servidor militar
poderá ser preso por autoridade policial civil, ficando esta obrigada a
entregá-lo imediatamente à autoridade policial- militar mais
próxima, só podendo retê-lo na delegacia ou posto policial durante o
tempo necessário à lavratura do flagrante.
§ 1.º Cabe ao Comandante-Geral da Brigada Militar a iniciativa de
responsabilizar a autoridade policial que não cumprir o disposto neste
artigo e que maltratar ou consentir que seja maltratado qualquer
preso servidor militar ou não lhe der o tratamento devido ao seu posto
ou a sua graduação.
§ 2.º Se durante o processo em julgamento no foro civil houver
perigo de vida para qualquer preso servidor militar, a autoridade

147
LEGISLAÇÃO
DO USO DOS UNIFORMES DA BRIGADA MILITAR ESPECÍFICAparticulares ou licença para desempenho de mandato em
Art. 88. Os uniformes da Brigada Militar, com seus distintivos, associação de classe;
insígnias e emblemas são privativos dos servidores militares e
representam o símbolo da autoridade policial-militar, com as
prerrogativas que lhe são inerentes.
Parágrafo único. Constituem crimes previstos na legislação
específica o desrespeito aos uniformes, distintivos, insígnias e
emblemas policiais-militares, bem como seu uso por quem a ele não
tiver direito.
Art. 89. O uso dos uniformes, com seus distintivos, insígnias e
emblemas, bem como os modelos, descrição, peças, acessórios e
outras disposições, são estabelecidos na regulamentação da
Brigada Militar.
§ 1.º É proibido ao servidor militar o uso de uniforme:
I - em reuniões, propaganda ou qualquer outra manifestação de
caráter político- partidário;
II - na inatividade, salvo para comparecer a solenidades
militares e policiais-militares e, quando autorizado, a cerimônias
cívicas comemorativas das datas nacionais ou a atos sociais
solenes de caráter particular;
III - no estrangeiro, quando em atividade não relacionada
com a missão de servidor militar, salvo quando expressamente
determinado ou autorizado.
§ 2.º Os servidores militares na inatividade, cuja conduta
possa ser considerada como ofensiva à dignidade da classe,
poderão ser definitivamente proibidos de usar uniformes, por
decisão do Comandante-Geral da Brigada Militar.
Art. 90. O servidor militar fardado tem as obrigações
correspondentes ao uniforme que usa e aos distintivos, emblemas e
insígnias que ostenta.
Art. 91. É vedado a qualquer organização ou pessoa civil usar
uniformes ou ostentar distintivos, equipamentos, insígnias ou
emblemas iguais aos adotados na Brigada Militar ou que com eles
possam ser confundidos.
Parágrafo único. Serão responsabilizados pela infração das
disposições deste artigo os diretores ou chefes de sociedades ou
organizações de qualquer natureza, empregadores, empresas e
institutos ou departamentos que tenham adotado ou consentido
que sejam usados uniformes ou ostentados distintivos,
equipamentos, insígnias ou emblemas que possam ser confundidos
com os adotados na Brigada Militar.
DA AGREGAÇÃO
Art. 92. A agregação é a situação transitória na qual o servidor
militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu
Quadro, nela permanecendo sem número.
§ 1.º O servidor militar será agregado quando:
I - exercer cargo ou função não previstos nos quadros de
organização da Brigada Militar, criados em lei para provimento e
desempenho privativos de servidores militares;
II - aguardar transferência “ex-officio” para a reserva
remunerada, por ter sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que
a motivam;
III - for afastado temporariamente do serviço ativo por motivo
de:
a) ter sido julgado incapaz temporariamente, após um ano
contínuo de tratamento;
b) ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto tramita o
processo de reforma;
c) haver ultrapassado um ano contínuo de licença para
tratamento de saúde própria;
d) ter-lhe sido concedida licença para tratar de interesses
148
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAprecedência funcional sobre outros servidores militares mais graduados
e) haver ultrapassado seis meses contínuos de licença para
ou maisantigos.
tratamento de saúde de pessoa da família;
f) ter sido considerado oficialmente extraviado;
g) haver sido esgotado o prazo que caracteriza o crime de
deserção previsto no Código Penal Militar, se Oficial ou Praça com
estabilidade assegurada;
h) como desertor, ter-se apresentado voluntariamente, ou ter sido
capturado e reincluído a fim de se ver processar;
i) se ver processar, após ficar exclusivamente à disposição da justiça
comum ou militar;
j) ter-lhe sido concedida a licença especial de que trata o
parágrafo 1.º do art. 102 desta Lei, enquanto aguarda transferência para
a reserva remunerada;
l) ter sido condenado a pena restritiva de liberdade superior a seis
meses, com sentença passada em julgado, enquanto durar a execução;
m) ter passado à disposição de Secretaria do Governo ou de outro
órgão do Estado, da União, dos Estados ou dos Territórios ou Municípios,
para exercer função de natureza civil, salvo se for do interesse da
segurança pública;
n) ter sido, com prévia autorização ou mediante ato do
Governador do Estado, investido em cargo, função ou emprego
público civil temporário, inclusive da administração indireta;
o) ter-se candidatado a cargo eletivo, desde que conte com dez ou
mais anos de efetivo serviço;
p) ser afastado das funções de acordo com o previsto nesta lei ou
condenado a pena de suspensão do exercício do posto, graduação,
cargo ou função prevista em lei;
q) haver ultrapassado seis meses contínuos, na situação de
convocado para funcionar como Juiz do Tribunal Militar do Estado;
r) ter-lhe sido concedida licença para acompanhar o cônjuge, na
forma do artigo 148 desta Lei.
§ 2.º O servidor militar agregado de conformidade com os
incisos I e II do parágrafo 1.º continua a ser considerado, para todos os
efeitos, em serviço ativo.
§ 3.º A agregação do servidor militar a que se refere o inciso I e as
letras “m” e “n” do inciso III do parágrafo 1.º é contada desde a posse do
novo cargo e até o regresso à Corporação ou transferência “ex-officio”
para a reserva remunerada.
§ 4.º A agregação do servidor militar a que se refere as letras “a”,
“c”, “d”, “e”, e “j”, do inciso III do parágrafo 1.º é contada a partir do
primeiro dia após os respectivos prazos e enquanto durarem o
respectivo evento ou situação.§ 5.º A agregação do servidor militar a que
se refere o inciso II e as letras “b”, “f”, “g”, “h”, “i”, “l”, e “p” do inciso III
do parágrafo 1.º é contada a partir da data indicada no ato que torna
público o respectivo evento.
§ 6.º A agregação do servidor militar a que se refere a letra “o” do
inciso III do parágrafo 1.º é contada a partir da data do registro como
candidato e até sua diplomação ou seu regresso à corporação, se não
houver sido eleito.
§ 7.º Ultrapassados dois anos, contínuos ou não, de agregação, nos
termos da letra “n” do inciso III do parágrafo 1.º, o servidor militar
ficará automaticamente transferido para a reserva, nas mesmas
condiçõesdoquehouveraceitocargopúblicopermanente.
§ 8.º O servidor militar em atividade, com mais de 10 (dez) anos
de serviço, ao candidatar-se a cargo eletivo, será afastado
temporariamente, do serviço ativo e agregado, e, se eleito e
diplomado, será transferido para a reserva remunerada, com
remuneração proporcional ao seu tempo de serviço.
§ 9.º O servidor militar agregado fica sujeito às obrigações
disciplinares concernentes às suas relações com outros servidores
militares e autoridades civis, salvo quando titular do cargo que lhe dê
149
LEGISLAÇÃO
Art. 93. O servidor militar agregado ficará adido, para efeito de
ESPECÍFICA I - deixar de comparecer à sua Organização Policial-Militar, sem
alterações e remuneração, à organização policial-militar que lhe for comunicar qualquer motivo de impedimento;
designada, continuando a figurar no respectivo registro, sem
número, no lugar que até então ocupava, com a abreviatura “Ag” e
anotações esclarecedoras de sua situação.
Art. 94. A agregação se faz por ato do Governador do Estado para
os Oficiais e do Comandante-Geral para as Praças.

DA REVERSÃO
Art. 95. Reversão é o ato pelo qual o servidor militar agregado
retorna ao respectivo quadro tão logo cesse o motivo que
determinou a sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe
competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga que
ocorrer.
Parágrafo único. A qualquer tempo poderá ser determinada a
reversão do militar agregado, exceto nos casos previstos nas letras “a”,
“b”, “c”, “f”, “g”, “l”, “o”, e “p” do inciso III do parágrafo 1.º do artigo
92.
Art. 96. A reversão será efetuada mediante ato do Governador do
Estado para os Oficiais e do Comandante-Geral para as Praças.

DO EXCEDENTE
Art. 97. Excedente é a situação transitória a que
automaticamente passa o servidor militar que:
I - tendo cessado o motivo que determinou a sua agregação,
reverte ao respectivo quadro, estando este com seu efetivo
completo;
II - aguarda a colocação a que faz jus na escala hierárquica, após
haver sido transferido de quadro, estando o mesmo com o seu
efetivo completo;
III - é promovido por bravura, sem haver vaga; IV
- é promovido indevidamente;
V - sendo o mais moderno na respectiva escala hierárquica,
ultrapassa o efetivo de seu quadro, em virtude de promoção de
outro servidor militar em ressarcimento de preterição;
VI - tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por
incapacidade definitiva, retorna ao respectivo Quadro, estando
este com o seu efetivo completo.
§ 1.º O servidor militar cuja situação é a de excedente, salvo o
indevidamente promovido, ocupa a mesma posição relativa em
antigüidade que lhe cabe, na escala hierárquica, com a abreviatura
“Excd” e receberá o número que lhe competir em conseqüência da
primeira vaga que se verificar.
§ 2.º O servidor militar cuja situação é a de excedente é
considerado como em efetivo serviço para todos os efeitos e
concorre, respeitados os requisitos legais, em igualdade de
condições e sem nenhuma restrição a qualquer cargo policial-
militar, bem como à promoção.
§ 3.º O servidor militar promovido por bravura, sem haver
vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocando para a vaga
seguinte o princípio de promoção que deveria ter sido seguido.
§ 4.º O servidor militar promovido indevidamente só contará
antigüidade; e receberá o número que lhe competir na escala
hierárquica, quando a vaga a ser preenchida corresponder ao
princípio pelo qual deveria ter sido promovido, desde que satisfaça aos
requisitos para a promoção.

DO AUSENTE
Art. 98. É considerado ausente o servidor militar que, por
mais de vinte e quatro horas consecutivas:
150
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAmediantetransferência para a reserva remunerada, se efetua:
II - ausentar-se, sem licença, da Organização Policial-Militar onde
I - a pedido;
serve ou do local onde deva permanecer.
II - “ex-officio”.
Parágrafo único. Decorrido o prazo mencionado neste artigo, serão
observadas as formalidades previstas em legislação específica.

DO DESAPARECIMENTO E DO EXTRAVIOArt. 99. É considerado


desaparecido o servidor militar da ativa que, no desempenho de
qualquer serviço, em viagem, em operações policiais-militares ou
em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por mais
de oito dias.
§ 1.º A situação do desaparecido só será considerada quando não
houver indício de deserção.
§ 2.º O servidor militar da ativa, com estabilidade assegurada, que
permanecer desaparecido por mais de trinta dias, será oficialmente
considerado extraviado.

DO DESLIGAMENTO OU EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO


Art. 100. O desligamento ou exclusão do serviço do servidor
militar é feito em conseqüência de:
I - transferência para a reserva remunerada; II -
reforma;
III - demissão;
IV - perdado postoou patente; V
- licenciamento;
VI - exclusão a bem da disciplina; VII
- deserção;
VIII - falecimento;
IX - extravio.
Parágrafo único. O desligamento do serviço será processado após a
expedição de ato do Governador do Estado ou de autoridade à qual para
tantotenhamsidodelegadosou concedidospoderes.
Art. 101. A transferência para a reserva remunerada ou a reforma não
isentam o servidor militar de indenização dos prejuízos causados à Fazenda
Estadual ou a terceiros, nem do pagamento das pensões decorrentes de
sentença judicial.
Art. 102. Ao servidor militar da ativa, enquadrado nos incisos I ou V
do artigo 100 ou demissionário a pedido, serão aplicadas as disposições
constantes nos parágrafos deste artigo, com relação ao seudesligamento
da OrganizaçãoPolicial-Militaremque serve.
§ 1.º Decorridos 30 (trinta) dias da data em que tiver sido
protocolado, no órgão encarregado da administração do pessoal, o
requerimento de transferência para a reserva remunerada, na forma
do inciso I do artigo 100, o servidor militar será considerado em licença
especial, sem prejuízo da remuneração e da contagem de tempo de
serviço, para todos os efeitos, podendo afastar-se do serviço, enquanto
aguarda o desligamento, salvo se, antes, tiver sido cientificado do
indeferimento do pedido.§ 2.º Nos demais casos previstos no “caput”
deste artigo, o desligamento será feito após a publicação do ato
correspondente, no Diário Oficial e no boletim da organização em que
serve o servidor militar, a qual não poderá exceder de trinta dias da
primeira publicação Oficial.

DA REINCLUSÃO
Art. 103. A Praça licenciada a pedido ou “ex-officio”, neste último caso
desde que não seja a bem da disciplina, poderá ser reincluída, mediante
novo concurso público.
Parágrafo único. Em hipótese alguma a Praça licenciada no
comportamento “MAU”’ poderá ser incluída novamente.

DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA


Art. 104. A passagem do servidor militar à situação de inatividade,

151
LEGISLAÇÃO
Art. 105. A transferência para a reserva remunerada, a ESPECÍFICA
pedido, será § 3. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
concedida, mediante requerimento, ao servidor militar que tenha § 4.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
preenchido os requisitos legais de tempo de contribuição. (Redação
dada pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
§ 1.º No caso de o servidor militar haver realizado qualquer
curso ou estágio por conta do Estado, de duração superior a seis
meses, sem haver decorrido três anos de seu término, a
transferência para a reserva só será concedida mediante
indenização de todas as despesas correspondentes à realização do
referido curso ou estágio, inclusive as diferenças de vencimentos, na
forma regulamentar. (Renumerado pela Lei Complementar n.º
15.019/17)
§ 2.º Preenchidos os demais requisitos legais, a transferência para
reserva a pedido exige o tempo mínimo de 25 (vinte e cinco) anos
de efetivo serviço militar prestado à Corporação para os homens
e de 20 (vinte) anos de efetivo serviço militar prestado à
Corporação para as mulheres, sendo computado, para essa
finalidade, o tempo de serviço público já averbado até a data de
publicação desta Lei Complementar. (Incluído pela Lei
Complementar n.º 15.019/17)
Art. 106. A transferência “ex-officio” para a reserva
remunerada verificar-se-á sempre que o servidor militar incidir em
um dos seguintes casos:
I - atingir as seguintes idades limites: (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 15.019/17)
a) Oficiais: 65 anos; (Redação dada pela Lei Complementar n.º
15.019/17)
b) Praças: 60 anos; (Redação dada pela Lei Complementar n.º
15.019/17)
II - o Oficial, ao completar 30 (trinta) anos de serviço e:
a) (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
b) 35 (trinta e cinco) anos de efetivo exercício, em qualquer
hipótese;
III - ultrapassar 2 (dois) anos contínuos de licença para
tratamento de saúde em pessoa da família;
IV - agregar para, com prévia autorização ou mediante ato do
Governador do Estado, assumir cargo público civil temporário, não
eletivo, inclusive na Administração Indireta, e permanecer
afastado das funções por 2 (dois) anos, contínuos ou não;
V – for diplomado para desempenho de cargo eletivo;
VI - quando Coronel, for demitido por necessidade de serviço ou
for dispensado da função de Comandante-Geral e não aceitar
nomeação para outro cargo policial-militar;
VII - (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 1.º A transferência para a reserva remunerada processar- se-á
à medida que o servidor militar for enquadrado em um dos itens
deste artigo.
§ 2.º Enquanto permanecer no cargo que trata o inciso IV:
a) fica assegurada a opção entre a remuneração do cargo e a do
posto ou graduação;
b) somente poderá ser promovido por antigüidade;
c) o tempo de serviço será contado apenas para a promoção por
antigüidade e para a transferência à inatividade.
Art. 107. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17) Art.
108. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17) I -
(REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
II - (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17) III -
(REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
Art. 109. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 1.º. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 2.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
152
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICApessoal da Corporação organizará a relação dos servidores militares que
§ 5.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
houverem atingido a idade-limite de permanência na reserva
§ 6.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17) I -
remunerada, a fim de serem reformados.
(REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
II - (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
Art. 111. A transferência do servidor militar para a reserva
remunerada pode ser suspensa na vigência de estado de sítio, de
calamidade pública e nos casos de convocação e mobilização, nos termos
da lei.
Art. 112. O Oficial da reserva remunerada poderá ser
convocado para o serviço ativo por ato do Governador do Estado, por
proposição do Comandante-Geral, para compor o Conselho de
Justificação, para ser encarregado de Inquérito Policial-Militar ou para
ser incumbido de outros procedimentos administrativos, na falta de
Oficial da ativa em situação hierárquica compatível com a do Oficial
envolvido.
§ 1.º O Oficial convocado nos termos deste artigo terá os
direitos e deveres dos Oficiais da ativa de igual situação hierárquica, exceto
quanto à promoção, a que não concorrerá e contará como acréscimo
esse tempo de serviço.
§ 2.º A convocação de que trata este artigo terá a duração
necessária ao cumprimento da atividade que a ela deu origem, não
devendo ser superior ao prazo de doze meses e dependerá da anuência
do convocado, sendo precedida de inspeção de saúde.

DA REFORMA
Art. 113. A passagem do servidor militar à situação de
reformado efetua-se “ex-officio”.
Art. 114.Areformadequetratao artigo anterior seráaplicada ao
servidor militar que: (Vide Lei n.º 15.108/18)
I - atingir as seguintes idades-limites de permanência na reserva
remunerada: (Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
a) Oficiais: 70 anos; (Redação dada pela Lei Complementar n.º
15.019/17)
b) Praças: 65 anos (Redação dada pela Lei Complementar n.º
15.019/17)
II - for julgado incapaz definitivamente para o serviço ativo da
Brigada Militar e não houver possibilidade de, na forma
regulamentar, ser readaptado em decorrência de limitação que
tenha sofrido em sua capacidade física e mental, a pedido ou ex-
officio, conforme a avaliação médica a ser procedida por Junta
Policial-Militar de Saúde; (Vide Lei n.º 14.745/15)
III - estiver agregado por mais de dois anos, por ter sido julgado
incapaz temporariamente, mediante homologação de Junta de
Saúde ainda que se trate de moléstia curável;
IV - for condenado à pena de reforma, prevista em lei, por
sentença passada emjulgado;
V - sendo Oficial, a reforma tiver sido determinada pelo
Tribunal Militar do Estado, em julgamento por ele efetuado, em
conseqüência de Conselho de Justificação a que foi submetido;
VI - sendo Aluno-Oficial ou Praça com estabilidade assegurada, tal
medida for indicada ao Comandante-Geral da Brigada Militar em
julgamento de Conselho de Disciplina.
§ 1.º Aos atuais postos de 1.º e 2.º Tenentes, em extinção, aplica-
se o disposto na alínea “b” do inciso I deste artigo.
§ 2.º O servidor militar reformado na forma dos itens V e VI só
poderá readquirir a situação de servidor militar anterior,
respectivamente, por outra sentença do Tribunal Militar do Estado e nas
condições nela estabelecidas, ou por decisão do Comandante- Geral da
Brigada Militar, em processo regular.
Art. 115. Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão responsável pelo
153
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. A situação de inatividade do servidor militar da
ESPECÍFICA tornem o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
reserva remunerada, quando reformado por limite de idade, não qualquer trabalho.
sofre solução de continuidade, exceto quanto às condições de
convocação.
Art. 116. A incapacidade definitiva pode sobrevir em
conseqüência de:
I - ferimento sofrido em ação policial ou enfermidade contraída
nessa circunstância ou que nela tenha causa eficiente, bem como em
decorrência da agressão sofrida e não provocada pelo serviço militar,
no exercício de suas atribuições;
II - acidente em serviço, entendido como:
a - por ato relacionado, mediata ou imediatamente, com as
atribuições do posto ou graduação, ainda que ocorrido em horário ou
local diverso daquele determinado para o exercício de suas
funções;
b - por situação ocorrida no percurso da residência para o
trabalho e vice-versa;
c - em treinamento; e
d - em represália, por sua condição de servidor militar.
III - doença, moléstia ou enfermidade adquirida com relação de
causa e efeito a condições inerentes ao serviço;
IV - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna,
cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante,
cardiopatia grave, males de Addison e de Parkinson, pênfigo,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, esclerose
múltipla, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante),
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida e outras que a lei indicar, com
base na medicina especializada;
V - acidente, doença, moléstia ou enfermidade sem relação de
causa e efeito com o serviço.
§ 1.º Os casos de que tratam os itens I, II, e III deste artigo serão
provados por atestado de origem ou inquérito sanitário de origem,
sendo os termos do acidente, baixa ao hospital, papeletas de
tratamento nas enfermarias e hospitais, bem como os registros de
baixa, utilizados como meios subsidiários para esclarecer a
situação.
§ 2.º Nos casos de tuberculose, as Juntas de Saúde deverão
basear seus julgamentos, obrigatoriamente, em observações
clínicas acompanhadas de repetidos exames subsidiários, de modo
a comprovar, com segurança, a atividade da doença, após
acompanhar sua evolução até três períodos de seis meses de
tratamento clínico-cirúrgico metódico, atualizado e, sempre que
necessário, nosocomial, salvo quando se tratar de formas avançadas no
conceito clínico e sem qualquer possibilidade de regressão
completa, as quais terão parecer imediato da incapacidade
definitiva.
§ 3.º O parecer definitivo a adotar, nos casos de tuberculose,
para os portadores de lesões aparentemente inativas, ficará
condicionado a um período de consolidação extra- nosocomial
nunca inferior a seis meses contados a partir da época da cura.
§ 4.º Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio
mental ou neuro-mental grave persistente, no qual, esgotados os
meios habituais de tratamento, permaneça alteração completa ou
considerável na personalidade, destruindo a autodeterminação do
pragmatismo e tornando o indivíduo total e permanentemente
impossibilitado para qualquer trabalho.
§ 5.º Ficam excluídas do conceito de alienação mental as
epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pelas Juntas de
Saúde.
§ 6.º Considera-se paralisia todo caso de neuropatia grave e
definitiva que afeta a motilidade, sensibilidade, troficidade e mais
funções nervosas, no qual, esgotados os meios habituais de
tratamento permaneçam distúrbios graves, extensos e definitivos, que
154
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 3.º Os processos e os atos de registro de interdição do servidor
§ 7.º São também equiparados a paralisias os casos de afecção ósteo-
militar serão isentos de custas na Justiça Estadual.
músculo- articulares graves e crônicos (reumatismos graves e crônicos ou
progressivos e doenças similares), nos quais, esgotados os meios
habituais de tratamento, permaneçam distúrbios extensos e
definitivos, querósteo-músculo-articulares residuais, quer secundários
das funções nervosas, motilidade, troficidade ou mais funções, que
tornem o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
qualquer trabalho.
§ 8.º São equiparados à cegueira, não só os casos de afecção crônica,
progressiva e incurável que conduzirão à cegueira total, como também
os de visão rudimentar que apenas permitam a percepção de vultos,
não suscetíveis de correção por lentes nem removíveis por tratamento
médico-cirúrgico.
Art. 117. O servidor militar da ativa, julgado incapaz
definitivamente por um dos motivos constantes dos itens I, II, III e IV
do artigo anterior, será reformado com remuneração integral, qualquer
que seja o seu tempo de serviço.
Art. 118. O servidor militar da ativa, julgado incapaz
definitivamente por um dos motivos constantes do item I do artigo 116,
será promovido extraordinariamente, nos termos definidos em lei
específica, antes de ser reformado.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos itens II, III e IV do artigo
116, verificada a incapacidade definitiva, o servidor militar
considerado inválido, com impossibilidade total e permanente para
qualquer trabalho, será reformado com remuneração
correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior ao que
possuir na ativa.
Art. 119. O servidor militar da ativa, julgado incapaz
definitivamente por um dos motivos constantes do item V do artigo 116,
será reformado:
I - com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se
Oficial ou Praça com estabilidade assegurada;
II - com remuneração integral do seu posto ou graduação, desde que,
com qualquer tempo de serviço, seja considerado inválido, com
impossibilitantetotalepermanenteparaqualquertrabalho.
Art. 120. O servidor militar, reformado por incapacidade
definitiva, que for julgado apto em inspeção de saúde pela Junta
Superior de Saúde, em grau de recurso ou revisão, poderá retornar ao
serviço ativo ou ser transferido para a reserva remunerada.
§ 1.º O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo decorrido na
situação de reformado não ultrapassar dois anos e na forma do
§ 1.º do artigo 97.
§ 2.º A transferência para a reserva remunerada, observado o
limite de idade para permanência nessa situação, ocorrerá se o tempo
decorrido na situação de reformado ultrapassar dois anos. Art. 121. O
servidor militar reformado por alienação mental, enquanto não
ocorrer a designação judicial de curador, terá a sua remuneração paga
aos seus beneficiários, desde que o tenham sob sua guarda e
responsabilidade e lhedispensem tratamento humano e condigno.
§ 1.º A interdição judicial do servidor militar reformado por
alienação mental deverá ser providenciada pelos beneficiários,
parentes ou responsáveis, até sessenta dias a contar da data do ato
da reforma, sob a pena de suspensão do pagamento da remuneração
respectiva.
§ 2.º A interdição judicial do servidor militar e seu internamento em
instituição apropriada, policial-militar ou não, deverão ser
providenciados pela Corporação quando:
I - não houver beneficiários, parentes ou responsáveis;
II - não forem satisfeitas as condições de tratamento exigidas neste
artigo.
155
LEGISLAÇÃO
DA DEMISSÃO, DA PERDA DO POSTO E DA
ESPECÍFICA
PATENTE E DA DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE OU
INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO
Art. 122. A demissão da Brigada Militar, aplicada exclusivamente aos
Oficiais, se efetua:
I - a pedido;
II - “ex-officio”.
Art. 123. A demissão a pedido será concedida, diante de
requerimento do interessado:
I - sem indenização aos cofres públicos, quando contar com
mais de cinco anos de
Oficialato;
II - com indenização das despesas feitas pelo Estado com a sua
preparação e formação, quando contar menos de cinco anos de
Oficialato.
§ 1.º No caso de o Oficial ter feito qualquer curso ou estágio de
duração igual ou superior a seis meses e inferior ou igual a dezoito
meses, por conta do Estado, e não tendo decorrido mais de três anos de
seu término, a demissão só será concedida mediante indenização de
todas as despesas correspondentes ao referido curso ou estágio,
acrescidas, se for o caso, das previstas no item II deste artigo a das
diferenças de vencimentos.
§ 2.º No caso de o Oficial ter feito qualquer curso ou estágio de
duração superior a dezoito meses, por conta do Estado, aplicar-se-á o
disposto no parágrafo anterior, se ainda não houverem decorrido mais
de cinco anos de seu término.
§ 3.º O Oficial demissionário a pedido não terá direito a
qualquer remuneração, sendo a sua situação militar definida pela Lei
de Serviço Militar.
§ 4.º O direito à demissão a pedido pode ser suspenso, na
vigência de estado de guerra, de sítio, e nos casos de perturbação da
ordem interna, de mobilização ou de calamidade pública.
Art. 124. O Oficial da ativa empossado em cargo público
permanente, estranho à sua carreira será imediatamente, mediante
demissão “ex-officio”, transferido para a reserva, onde ingressará com
o posto que possuir na ativa e com as obrigações estabelecidas em lei,
não podendo acumular qualquer proventos de inatividade com a
remuneração do cargo público permanente.
Art. 125. O Oficial que houver perdido o posto e a patente será
demitido “ex-officio”, sem direito a qualquer remuneração ou
indenização, e terá a sua situação definida pela Lei do Serviço Militar.
Art. 126. O Oficial perderá o posto e a patente se for declarado
indigno do Oficialato, ou com ele incompatível, por decisão do
Tribunal Militar do Estado, em decorrência de julgamento a que for
submetido.
Parágrafo único. O Oficial declarado indigno do Oficialato, ou com
ele incompatível, e condenado à perda de posto e patente, só
poderá readquirir a situação de servidor militar anterior por outra
sentença do Tribunal Militar do Estado e nas condições nela
estabelecidas.
Art. 127. Fica sujeito a declaração de indignidade para o
Oficialato, ou de incompatibilidade com o mesmo, por julgamento do
Tribunal Militar do Estado, o Oficial que:
I - for condenado por Tribunal Civil ou Militar a pena restritiva de
liberdade individual superior a dois anos, em decorrência de
sentença condenatória passada em julgado;
II - for condenado por sentença passada em julgado por crime
para o qual a lei comine essa pena acessória;
III - incidir nos casos previstos em lei específica, que motivam o
julgamento por Conselho de Justificação e neste for considerado
culpado;
IV - tiver perdido a nacionalidade brasileira.
156
LEGISLAÇÃO
DO LICENCIAMENTO ESPECÍFICAConselho deDisciplina e neste forem considerados culpados.
Art. 128. O licenciamento do serviço ativo, aplicado somente às
Praças, seefetua:
I - a pedido;
II - “ex-officio”.
§ 1.º O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde
que não haja prejuízo para o serviço, à Praça engajada ou reengajada
que conte, no mínimo, a metade do tempo de serviço a que se obrigou.
§ 2.º O licenciamento “ex-officio” se dará: I - por conclusão de
tempo de serviço;
II - por conveniência do serviço; III - a bem da disciplina.§ 3.º O
servidor militar licenciado não tem direito a qualquer remuneração e
terá sua situação militar definida pela Lei do Serviço Militar.
§ 4.º O licenciado “ex-officio” a bem da disciplina receberá o
Certificado de Isenção previsto na Lei do Serviço Militar.
§ 5.º Compete ao Governador do Estado o ato licenciamento das
Praças. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 11.831/02)
Art. 129. O Aluno-Oficial e as demais Praças sem estabilidade
assegurada, empossadas em cargo público permanente estranho à sua
carreira, serão imediatamente licenciados “ex- officio”, sem
remuneração, e terão sua situação militar definida pela Lei do
Serviço Militar.
Parágrafo único. As Praças que tiverem feito curso ou estágio
aplicam-se as disposições dos parágrafo único do artigo 105.
Art. 130. O direito ao licenciamento a pedido poderá ser
suspenso na vigência do estado de guerra ou de sítio e nos casos de
perturbado da ordem interna, de mobilização ou de calamidade pública.

DA ANULAÇÃO DE INCLUSÃO
Art. 131. A anulação de inclusão, para as Praças, ocorrerá
durante a prestação do serviço policial-militar inicial nos seguintes
casos:
I - de irregularidade no recrutamento, inclusive relacionada com
a seleção;
II - de moléstia não adquirida em serviço, em conseqüência da qual o
voluntário venha a permanecer afastado do serviço durante noventa
dias, consecutivos ou não;
III - se o voluntário for portador de moléstia que o incapacite para
o serviço e que haja escapado à observação da Junta Policial- Militar de
Saúde, por ocasião da inspeção para a inclusão.
Parágrafo único. Cabe ao Comandante-Geral determinar a
anulação de Inclusão.

DA EXCLUSÃO DA PRAÇA A BEM DA DISCIPLINA


Art. 132. A exclusão a bem da disciplina será aplicada “ex-
officio”:
a) às Praças sem estabilidade que forem condenadas a pena
restritiva de liberdade superior a dois anos, no foro civil ou militar, em
sentença transitada em julgado.
b) aos Alunos-Oficiais ou às Praças com estabilidade assegurada: I -
sobre as quais houver pronunciado tal sentença o Conselho Permanente
de Justiça, por haverem sido condenadas em sentença passada em
julgado por aquele Conselho ou pela Justiça Civil a pena restritiva de
liberdade individual superior a dois anos, ou, nos crimes previstos na
legislação especial concernente à Segurança
Nacional, a pena de qualquer duração;
II - sobre as quais houver pronunciado tal sentença o Conselho
Permanente de Justiça, por haverem perdido a nacionalidade
brasileira;
III - incidirem nos casos que motivaram julgamento por

157
LEGISLAÇÃO
Parágrafo único. O Aluno-Oficial ou a Praça com ESPECÍFICA
estabilidade submetido a Conselho de Justificação ou a Conselho de Disciplina, por
assegurada que houver sido excluído a bem da disciplina, só poderá decisão do Comandante-Geral da Brigada Militar, se assim julgar
readquirir a situação de servidor militar anterior: necessário.
a) por outra sentença do Conselho Permanente de Justiça e nas
condições nela estabelecidas, se a exclusão for conseqüência de
sentença daquele Conselho;
b) por decisão do Comandante-Geral da Brigada Militar, em
processo regular, se a exclusão for conseqüência de ter sido julgado
culpado em Conselho de Disciplina.
Art. 133. Compete ao Governador do Estado o ato de exclusão, a
bem da disciplina, das Praças com estabilidade. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 11.831/02)
Art. 134. A exclusão da Praça a bem da disciplina acarreta a perda
do seu grau hierárquico e não a isenta das indenizações dos prejuízos
causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem das pensões
decorrentes de sentença judicial.
Parágrafo único. A Praça excluída a bem da disciplina não terá
direito a qualquer remuneração ou indenização e sua situação
militar será definida pela Lei do Serviço Militar.

DA DESERÇÃO
Art. 135. A deserção do servidor militar acarreta a interrupção do
serviço policial- militar, com a conseqüente demissão “ex- officio”
para o Oficial ou exclusão do serviço ativo para a Praça.
§ 1.º A demissão do Oficial ou exclusão da Praça com
estabilidade processar-se-á após um ano de agregação, se não
houver captura ou apresentação voluntária antes do término
desse prazo.
§ 2.º A Praça sem estabilidade assegurada será
automaticamente excluída, ao ser oficialmente declarada
desertora.
§ 3.º O servidor militar desertor que for capturado ou que se
apresentar voluntariamente depois de haver sido demitido ou
excluído, será submetido a inspeção de saúde e, se julgado apto,
reincluído no serviço ativo e, a seguir, agregado para se ver processar
e, na hipótese de ser julgado incapaz, a sua situação será regulada na
legislação específica.
§ 4.º A reinclusão em definitivo do servidor militar de que
trata o parágrafo anterior dependerá de sentença do Conselho de
Justiça.DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO
Art. 136. O falecimento do servidor militar da ativa acarreta
interrupção do serviço policial-militar, com o conseqüente
desligamento ou exclusão do serviço ativo, a partir da data da
ocorrência do óbito.
Art. 137. O extravio do servidor militar da ativa acarreta
interrupção do serviço policial-militar com o conseqüente
afastamento temporário do serviço ativo, a partir da data em que o
mesmo foi oficialmente considerado extraviado.
§ 1.º O desligamento do serviço ativo será feito seis meses após
a agregação por motivo de extravio.
§ 2.º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe,
calamidade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos, o
extravio ou o desaparecimento do servidor militar da ativa será
considerado como falecimento, para fins deste Estatuto, tão logo
sejam esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência ou se
dêem por encerradas as providências de salvamento.
Art. 138. O reaparecimento do servidor militar extraviado ou
desaparecido, já desligado do serviço ativo, resulta em sua
reinclusão e nova agregação, enquanto se apuram as causas que
deram origem ao seu afastamento.
Parágrafo único. O servidor militar reaparecido será

158
LEGISLAÇÃO
DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECÍFICAsuspensão condicional da pena;
VI - decorrido após completada a idade limite de permanência no
Art. 139. Os servidores militares começam a contar tempo de
serviço ativo da força;
serviço na Brigada Militar a partir da data de sua inclusão ou
nomeação para o posto ou graduação.
§ 1.º Considera-se como data de inclusão ou nomeação, para fins
deste artigo, a data de publicação do respectivo ato no Diário Oficial do
Estado.
§ 2.º O servidor militar reincluído recomeça a contar tempo de
serviço na data de publicação, no Diário Oficial do Estado, do ato
concernente a suareinclusão.
§ 3.º Quando, por motivo de força maior oficialmente
reconhecido, como incêndio, naufrágio, sinistro aéreo, inundação ou
outras calamidades, faltarem dados para contagem de tempo de
serviço, caberá ao Comandante-Geral arbitrar o tempo a ser
computado, para cada caso particular, de acordo com os elementos
disponíveis, após as investigações que couberem.
Art. 140. Na apuração de tempo de serviço policial-militar, será feita
a distinção entre:
I - tempo de serviço efetivo; II
- anos de serviço.
Art. 141. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo
computado dia a dia entre a inclusão ou nomeação e a data limite
estabelecida para contagem ou data do desligamento do serviço ativo,
mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado.
§ 1.º Será, também, computado como tempo de efetivo serviço o
tempo passado dia a dia, nas Organizações Policiais-Militares, pelo servidor
militar da reserva convocado ou mobilizado, no exercício de funções
servidores militares na forma do artigo 112.
§ 2.º Não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço, além dos
afastamentos previstos no artigo 66, os períodos em que o servidor
militar estiver afastado do exercício de suas funções, em gozo de
licença especial.
§ 3.º Ao tempo de efetivo serviço, de que trata este artigo,
apurados e totalizados em dias, será aplicado o divisor trezentos e
sessenta e cinco, para a correspondente obtenção dos anos de efetivo
serviço.
Art. 142. “Anos de serviço” é a expressão que designa o tempo de
efetivo serviço a que se refere o artigo anterior, com os seguintes
acréscimos:
I - tempo de serviço público federal, estadual ou municipal
prestado pelo servidor militar anteriormente a sua inclusão,
matrícula, nomeação ou reinclusão na Brigada Militar, acrescido do
tempo de serviço de que trata a Lei Estadual n.º 7057, de 30 de
dezembro de 1976;
II -. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 1.º Os acréscimos a que se refere o inciso I serão computados
somente no momento da passagem do servidor militar à situação de
inatividade.
§ 2.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 15.019/17)
§ 3.º Não é computável, para efeito algum, o tempo:
I - que ultrapassar de um ano, contínuo ou não, em licença para
tratamento de saúde de pessoa da família;
II - passado em licença, para tratar de interesse particular; III -
passado como desertor;
IV - decorrido em cumprimento de pena de suspensão do
exercício do posto, ou graduação; cargo, ou função por sentença
passada em julgado;
V - decorrido em cumprimento de pena restrita da liberdade, por
sentença passado em julgado, desde que não tenha sido concedida

159
LEGISLAÇÃO
VII - decorrido após a data em que for julgado incapaz
ESPECÍFICA como tempo de efetivo serviço.
definitivamente para o serviço ativo.§ 4.º As restrições constantes dos
§§ 1.º e 2.º do presente artigo não prejudicarão a vigência dos artigos
15 a 17 da Lei n.º 6.196, de 15 de janeiro de 1971.
Art. 143. O tempo que o servidor militar vier a passar afastado do
exercício de suas funções, em conseqüência de ferimentos
recebidos em acidente quando em serviço, na manutenção da
ordem pública, ou de moléstia adquirida no exercício de qualquer
função policial-militar, será computado como se ele o tivesse
passado no exercício daquelas funções.
Art. 144. O tempo de serviço passado pelo servidor-militar no
exercício de atividades decorrentes ou dependentes de operações de
guerra será regulado em legislação específica.
Art. 145. O tempo de serviço dos servidores militares
beneficiados por anistia será contado conforme estabelecer o ato legal
que a conceder.
Art. 146. A data limite estabelecida para o final de contagem dos
anos de serviço, para fins de passagem para a inatividade, será a do
desligamento do serviço ativo.
Art. 147. Na contagem dos anos de serviço não poderá ser
computada qualquer superposição entre si dos tempos de serviço
público federal, estadual, municipal ou passado em administração
indireta, nem com os acréscimos de tempo, para os possuidores de
curso universitário, nem com tempo de serviço computável após a
inclusão em Organização Policial- Militar ou órgão de formação de
Polícia-Militar ou a nomeação para posto da Brigada Militar.

DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR O CÔNJUGE


Art. 148. O servidor militar estável terá direito à licença, sem
remuneração e sem a contagem de tempo de serviço, para
acompanhar o cônjuge, quando este for transferido,
independentemente de solicitação própria, para outro ponto do
Estado ou do Território Nacional, para o exterior ou para o
exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo
federal, estadual ou municipal.
Art. 149. A licença será concedida mediante pedido do
servidor militar, devidamente instruído, podendo ser renovada a
cada dois anos.

DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVIÇO


Art. 150. As recompensas constituem reconhecimento de
bons serviços prestados pelos servidores militares.
§ 1.º São recompensas aos servidores militares:
a) prêmios de Honra ao Mérito;
b) condecorações por serviços prestados;
c) elogios, louvores, referências elogiosas;
d) dispensa do serviço.
§ 2.º As recompensas serão concedidas de acordo com as
normas estabelecidas nas leis e nos regulamentos da Brigada
Militar.
Art. 151. As dispensas do serviço são autorizações concedidas aos
servidores militares para afastamento total do serviço, em caráter
temporário.
Art. 152. As dispensas do serviço podem ser concedidas aos
servidores militares:
I - como recompensa;
II - em decorrência de prescrição médica.
Parágrafo único. As dispensas de serviço serão concedidas com
remuneração correspondente ao cargo ou função e computadas

160
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
DA PRORROGAÇÃO DO SERVIÇO POLICIAL-MILITAR
Art. 153. Às Praças que concluírem o tempo de serviço a que LEI DE ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA BRIGADA MILITAR
estiverem obrigadas, poderá, desde que requeiram, ser concedida
prorrogação desse tempo, uma ou mais vezes, como engajados ou
reengajados, segundo as conveniências da Corporação e de acordo com a LEI Nº 10.991, DE 18 DE AGOSTO DE 1997
legislação pertinente.
Dispõe sobre a Organização Básica da Brigada Militar do Esta-
Parágrafo único. O tempo de serviço policial-militar inicial, bem como
do e dá outras providências
os de engajamento e de reengajamento, será de dois anos.
Art. 1º - A Brigada Militar, Polícia Militar do Estado do Rio
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 154. A assistência religiosa aos servidores militares será Grande do Sul, é uma Instituição permanente e regular, orga- nizada
regulada em leiespecífica. com base na hierarquia e na disciplina, destinada à pre- servação da
Art. 155. É vedado o uso, por parte de organizações civis, de ordem pública e à incolumidade das pessoas e do patrimônio.
designações que possam sugerir a sua vinculação à Brigada Militar, Art. 2º - A Brigada Militar vincula-se, administrativa e opera-
excetuadas as associações, clubes, círculos e outros, que congreguem cionalmente, à Secretaria de Estado responsável pela Segurança
membros da Brigada Militar. Pública no Estado do Rio Grande do Sul.
Art. 156. Aplicam-se à Brigada Militar, no que couberem, o Art. 3º - Compete à Brigada Militar:
Regulamento Interno e dos Serviços Gerais do Exército (R/1), o I - executar, com exclusividade, ressalvada a competência das
Regulamento de Continências, Honra e Sinais de Respeito das Forças Forças Armadas, a polícia ostensiva, planejada pela autori- dade
Armadas (R/2), o Regulamento de Administração do Exército (R/3), o policial-militar competente, a fim de assegurar o cumpri- mento da
Regulamento de Correspondência do Exército, o Conselho de Justificação lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes
(Lei n.º 5.836/72) e o Conselho de Disciplina (Decreto federal n.º constituídos;
71.500/72). II - atuar preventivamente, como força de dissuasão, em lo- cais
Art. 157. O cônjuge do servidor militar, sendo servidor estadual, ou área específicas, onde de presuma ser possível a pertur- bação da
será, se o requerer, removido ou designado para a sede do município onde ordem pública;
servir o servidor militar, sem prejuízo de qualquer dos seus direitos, III - atuar repressivamente, em caso de perturbação da or- dem
passando, se necessário, a condição de adido ou posto a disposição de pública e no gerenciamento técnico de situações de alto risco;
qualquer órgão do serviço público estadual. IV - exercer atividades de investigação criminal militar;
Parágrafo único. Quando, por necessidade do serviço, o servidor V - atuar na fiscalização e controle dos serviços de vigilância
militar mudar a sede do seu domicílio, terá assegurado o direito de participar no Estado;
transferência e matrícula, para si e seus dependentes, para qualquer VI - executar o serviço de prevenção e combate a incêndio; VII -
estabelecimento de ensino do Estado, independente de vaga e em planejar, organizar, fiscalizar, controlar, coordenar, ins-
qualquer grau.
truir, apoiar e reconhecer o funcionamento dos serviços civis
Art. 158. Não se aplicam as disposições deste Estatuto ao
auxiliares de bombeiros; (Redação dada pela Lei nº 11.736/02)
pessoal civil em serviço na Brigada Militar.
VIII - realizar os serviços de busca e resgate aéreo, aquático e
Art. 159. Aplicam-se aos servidores militares, nos casos omissos na
terrestre no Estado;
presente Lei, as disposições do Estatuto e Regime Jurídico Único dos
IX - executar as atividades de defesa civil no Estado; X -
Servidores Públicos Civisdo Estado do RioGrande doSul.
desempenhar outras atribuições previstas em lei.
Art. 160. Os servidores militares inativados na forma prevista pelo
artigo 167, § 1.º, incisos I, II e III da Lei n.º 7.138, de 30 de janeiro de XI - planejar, estudar, analisar, vistoriar, controlar, fiscalizar,
1978, são considerados promovidos ao grau hierárquico imediato, aprovar e interditar as atividades, equipamentos, projetos e pla- nos
mantendo-se inalterado o cálculo dos respectivos proventos. de proteção e prevenção contra incêndios, pânicos, desas- tres e
Art. 161. As Praças terão direito ao fardamento de serviço por conta catástrofes em todas as edificações, instalações, veículos,
do Estado, de acordo com a tabela de distribuição elaborada pela embarcações e outras atividades que ponham em risco a vida, o
Brigada Militar. meio ambiente e o patrimônio, respeitada a competência de outros
Art. 162. Esta lei entra em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao de órgãos; (Incluído pela Lei nº 11.736/02)
sua publicação. XII - realizar a investigação de incêndios e sinistros; (Incluído pela
Art. 163. Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei Lei nº 11.736/02)
n.º 7.138, de 30 de janeiro de 1978. XIII - elaborar e emitir resoluções e normas técnicas para
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 18 de agosto de 1997. disciplinar a segurança contra incêndios e sinistros; (Incluído pela
Legislação compilada pelo Gabinete de Consultoria Legislativa. Lei nº 11.736/02)
XIV - avaliar e autorizar a instalação de sistemas ou centrais de
alarmes privados contra incêndios, nos Órgãos de Polícia Mi- litar
(OPM) de Bombeiros, mediante a cobrança de taxas de ser- viço não
emergenciais, determinadas na Lei nº 10.987, de 11 de agosto de
1997, aplicando-selhes as penalidades previstas em lei. (Incluído pela
Lei nº11.736/02)
Parágrafo único - São autoridades policiais-militares o Co-
mandante-Geral da Brigada Militar, os Oficiais, e as Praças em
comando de fração destacada, no desempenho de atividade po- licial-

161
LEGISLAÇÃO
militar no âmbito de suas circunscrições territoriais. ESPECÍFICA

162
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Art. 12 - O Estado Maior da Brigada Militar estrutura-se em: I -
Art. 4º - A Brigada Militar estrutura-se em órgãos de Dire- ção,
chefia; e
de Apoio e de Execução. II - seções.
§ 1º - Ao Comando-Geral, que é o órgão de Direção Geral da Art. 13 - Ao Chefe do Estado Maior compete: I -
Brigada Militar, compete a administração da Instituição. assessorar o Comandante-Geral; e
§ 2º - Aos Departamentos e ao Comando do Corpo de Bom- beiros II - coordenar, dirigir e controlar os trabalhos do Estado Maior. Art.
- CCB, que são órgãos de apoio da Brigada Militar, compe- te o 14 - A Corregedoria-Geral, diretamente subordinada ao Comandante-
planejamento, a direção, o controle e a execução das dire- trizes Geral é o órgão de disciplina, orientação e fiscalização das atividades
emanadas do Comando da Instituição. (Redação dada pela Lei nº funcionais e da conduta dos servidores da Institui-
11.736/02) ção.
§ 3º - Aos Comandos Regionais e aos órgãos de Polícia Mi- litar Parágrafo único - Compete à Corregedoria-Geral:
(OPM), que são os órgãos de Execução da Brigada Militar, compete as I - cumprir atividades que lhe sejam atribuídas pelo Comandan- te-
atividades administrativo-operacionais indispensá- veis ao Geral;
cumprimento das finalidades da Instituição. II - exercer a apuração de responsabilidade criminal, adminis-
§ 4º - Os órgãos de Polícia Militar (OPM) compreendem: I - trativa ou disciplinar;
OPM de Polícia Ostensiva; III - fiscalizar as atividades dos órgãos e servidores da Brigada Militar,
II - OPM de Bombeiros; III realizando inspeções e correições e sugerindo as medidas necessárias ou
- OPM de Ensino; recomendáveis para a racionalização e eficiência dos serviços;
IV - OPM de Logística; V - IV - avaliar, para encaminhamento posterior ao Comandante-
OPM de Saúde; -Geral, os elementos coligidos sobre o estágio probatório de inte-
VI - OPM Especiais. grantes da carreira de Servidor-Militar;
Art. 5º - Os OPM têm criação, extinção, atribuições, estrutu- ra, V - requisitar, de qualquer autoridade, certidões, diligências,
organização, efetivo, nível, subordinação e grau de comando fixados exames, pareceres técnicos e informações indispensáveis ao bom
desempenho de sua função; e
considerando-se os indicadores de segurança pública da respectiva
VI - elaborar o regulamento do estágio probatório dos servido- res-
circunscrição territorial e os indicadores específicos da Instituição.
militares.
Art. 6º - O Comandante-Geral, Oficial do último Posto da
Art. 15 - A Ajudância-Geral tem a seu cargo os serviços admi-
carreira do Quadro de Oficiais de Estado-Maior - QOEM, é a au-
nistrativos do Quartel do Comando-Geral e o atendimento de suas
toridade primeira da Instituição, competindo-lhe a sua adminis-
necessidades em pessoal e material.
tração, com os poderes e deveres inerentes à função.
Art. 16 - O Gabinete do Comandante-Geral, ao qual compete o
Art. 7º - O Comando-Geral compreende: assessoramento direto ao Comandante-Geral, é composto por:
I - o Comandante-Geral; I - Chefia;
II - o Subcomandante-Geral; III II - Assessorias;
- o Conselho Superior; III - Secretaria Executiva.
IV - o Estado Maior; Art. 17 - À Comissão de Avaliação e Mérito, órgão de assesso-
V - a Corregedoria-Geral; ramento permanente do Comandante-Geral nos assuntos relativos às
VI - a Ajudância Geral; carreiras de Oficiais e Praças da Instituição, compete o controle,
VII - o Gabinete do Comandante-Geral; e VIII avaliação e processamento das promoções.
- a Comissão de Avaliação e Mérito. Art. 18 - Os Comandos Regionais, escalões intermediários de
Art. 8º - O Comandante-Geral é indicado pelo Secretário de Comando, são os responsáveis em suas respectivas circunscrições
Estado responsável pelos assuntos de segurança pública e no- meado territoriais pelas atividades administrativooperacionais dos OPM que
pelo Chefe do Poder Executivo Estadual, competindolhe: lhe são subordinados.
I - a Coordenação geral das atividades da Instituição; II - a § 1º - Os Comandos Regionais, conforme a respectiva circuns- crição
Presidência da Comissão de Avaliação e Mérito; III - a territorial de atuação, podem receber denominações dife- renciadas,
Direção do Conselho Superior. em razão do efetivo e da sua destinação, que atendam às necessidades da
Art. 9º - O Subcomandante-Geral é o substituto, nos seus segurança pública.
impedimentos eventuais, do Comandante-Geral da Corporação, § 2º - Os Comandos Regionais podem ser dotados de Centro de
competindo-lhe igualmente as funções de assessorá-lo no cum- Operações Policiais Militares.
primento das atividades da Brigada Militar. Art. 19 - Os Departamentos e o Comando do Corpo de Bom- beiros
Parágrafo único - O Subcomandante-Geral será indicado pelo organizam, sob a forma de sistemas, as atividades de ensino, instrução e
Secretário de Estado responsável pelos assuntos de segu- rança pesquisa, logística, patrimônio, saúde, administração financeiro-
pública, ouvido o Comandante-Geral, e nomeado pelo Go- vernador contábil, pessoal, informática, atividades de bombeiro e outras, de
do Estado. acordo com as necessidades de instituição, compreen- dendo:
(Redação dada pela Lei nº 11.736/02)
Art. 10 - Ao Conselho Superior, constituído pelos Coronéis da
I - Departamento de Ensino, órgão de planejamento, controle e
ativa em exercício na Instituição, cabe o assessoramento em assuntos
fiscalização das atividades de ensino, instrução e pesquisa;
de interesse daCorporação.
II - Departamento de Logística e Patrimônio, órgão de planeja-
Art. 11 - Ao Estado Maior da Brigada Militar, órgão de asses-
mento, controle e fiscalização dos bens patrimoniais afetos à Insti-
soramento do ComandoGeral, compete o estudo e o planejamen- to
tuição, competindo-lhe a aquisição, distribuição, manutenção e a
estratégico da Instituição.
contratação de todos os serviços;
III - Departamento de Saúde, órgão de planejamento, controle e

163
LEGISLAÇÃO
fiscalização das atividades de saúde da Instituição; ESPECÍFICA

164
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAdiplomação no Curso de Ciências Jurídicas e Sociais.
IV - Departamento Administrativo, órgão de planejamento,
controle, fiscalização, auditoria e execução das atividades financei- ro-
orçamentário-contábeis do pessoal;
V - Departamento de Informática, órgão de planejamento, con-
trole e fiscalização dos sistemas informatizados da Instituição.
VI - Comando do Corpo de Bombeiros, órgão de planejamento,
controle, coordenação e fiscalização de todas as atividades técnicas de
bombeiro. (Incluído pela Lei nº 11.736/02)
Art. 20 - As funções de Comandante-Geral, de Subcomandan- te-
Geral, de Chefe do Estado-Maior, de Corregedor-Geral e de Di- retores
dos Departamentos são privativas do posto de Coronel do QOEM.
§ 1º - A função de Diretor do Departamento de Saúde será
exercida por um Coronel do Quadro de Oficiais Especialistas em Saúde
- QOES.
§ 2º - VETADO
§ 3º - O preenchimento das funções nos OPM de Bombeiros
ocorrerá, preferencialmente, por Oficiais detentores do Curso de
Especialização em Bombeiros ou equivalente, por Oficiais perten-
centes ao Quadro de Tenentes de Polícia Militar - QTPM - oriundos da
Qualificação Policial Militar 2 - QPM-2 e, somente, por Praças
Integrantes da mesma Qualificação. (Incluído pela Lei nº 11.736/02) Art.
21 - Os Departamentos da Brigada Militar poderão divi-
dir-se em divisão, seção e setor, nesta ordem de hierarquia, com
competências a serem discriminadas em regimento interno.
Art. 22 - O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no que
couber, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar de sua vigência.
Art. 23 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 24 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei
nº 7.556, de 20 de novembro de 1981.

PLANO DE CARREIRA DOS SERVIDORES MILITARES

LEI COMPLEMENTAR N.º 10.992, DE 18 DE AGOSTO DE 1997.

(atualizada até a Lei Complementar n.º 15.454, de 17 de


fevereiro de 2020)

Dispõe sobre a carreira dos Servidores Militares do Estado do Rio


Grande do Sul e dá outras providências.

Art. 1.º Os Quadros de Organização da Brigada Militar e as


carreiras dos Oficiais e Praças passam a observar os preceitos
estatuídos na presente Lei.
Art. 2.º Fica instituída a carreira dos Servidores Militares
Estaduais de Nível Superior, estruturada através do Quadro de Oficiais
de Estado Maior - QOEM e do Quadro de Oficiais Especialistas em Saúde -
QOES. (Vide Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 1.º A carreira dos Quadros de Oficiais, de que trata o “caput”
deste artigo, é constituída dos postos de Capitão, Major, Tenente-
Coronel e Coronel.
§ 2.º A inclusão no quadro de acesso para a promoção ao posto de
Coronel poderá ser recusada pelo servidor.
Art. 3.º O ingresso no QOEM dar-se-á no posto de Capitão, por ato do
Governador do Estado, após concluída a formação específica, através de
aprovação no Curso Superior de Polícia Militar.
§ 1.º O ingresso no Curso Superior de Polícia Militar dar-se-á
mediante concurso público de provas e títulos com exigência de

165
LEGISLAÇÃO
§ 2.º Os aprovados no concurso público de que trataESPECÍFICA
o parágrafo mediante ato do Governador do Estado. (Redação dada pela Lei
anterior, enquanto estiverem freqüentando o Curso Superior de Complementar n.º 11.272/98)
Polícia Militar, cujo prazo de duração não excederá a dois anos,
serão considerados Alunos-Oficiais.
Art. 4.º O ingresso no QOES dar-se-á no posto de Capitão, por
ato do Governador do Estado, mediante concurso público de provas e
títulos e conclusão, com aprovação, do Curso Básico de Oficiais de
Saúde - CBOS, sendo exigido diploma de nível superior na respectiva
área da saúde.
Art. 5.º A ascensão funcional nos postos do QOEM e do QOES
ocorrerá após decorrido o interstício mínimo de oito anos de efetivo
serviço em cada posto imediatamente anterior ao
correspondente à promoção.
§ 1.º Para a promoção ao posto de Major, o ocupante do posto de
Capitão deverá ter prestado serviços em órgão de execução por um
período, consecutivo ou não, de, no mínimo, três anos e ter
concluído, com aprovação, o Curso Avançado de Administração
Policial Militar - CAAPM.
§ 2.º O acesso à promoção ao posto de Coronel, pelo ocupante do
posto de Tenente- Coronel, exige a conclusão, com aprovação, do Curso
de Especialização em Políticas e Gestão de Segurança Pública -
CEPGSP.
§ 3.º O Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais e o Curso
Superior de Polícia Militar, cursados pelos integrantes do Quadro de
Oficiais de Polícia Militar - QOPM, com vigência anterior a esta Lei,
são equivalentes e substituídos, respectivamente, pelos Cursos
previstos nos parágrafos 1.º e 2.º deste artigo.
Art. 6.º Os postos de Capitão, Major, Tenente-Coronel e
Coronel da atual carreira do Quadro de Oficiais de Polícia Militar -
QOPM e o posto de Capitão da atual carreira do Quadro Especial de
Oficiais de Polícia Militar Feminina - QEOPMFem, previstos na Lei
n.º 9.741, de 20 de outubro de 1992, ficam incorporados à carreira
do QOEM, assim como os postos mencionados neste artigo, da atual
carreira do Quadro de Oficiais de Saúde - QOS, igualmente previstos
na mencionada Lei, passam a integrar a carreira do QOES.
§ 1.º Os atuais postos de Primeiro e Segundo-Tenentes do
QOPM e do QEOPMFem passam a constituir o Quadro Especial de
Oficiais da Brigada Militar em Extinção - QEOBMEx, e os atuais postos de
Primeiro e Segundo-Tenentes do QOS passam também a constituir o
Quadro Especial de Oficiais de Saúde da Brigada Militar em Extinção
- QEOSBMEx, sendo que estes postos serão extintos à medida que
vagarem os respectivos cargos.
§ 2.º Não haverá ingressos no posto inicial da carreira do
QOEM e do QOES, decorrentes da conclusão dos Cursos instituídos nos
artigos 3.º e 4.º desta Lei, enquanto não forem promovidos ao posto
de Capitão os integrantes dos Quadros Especiais previstos no
parágrafo anterior, até a sua extinção.
§ 3.º A incorporação dos Oficiais oriundos dos Quadros
extintos por esta Lei Complementar aos novos Quadros por ela
criados, far-se-á de acordo com as respectivas antigüidades e na
ordem de precedência que entre si detinham nos Quadros de
origem, sendo que, na hipótese de igualdade de antigüidade, será
considerada como termo inicial a data de promoção ou nomeação para
o posto de Segundo Tenente, assegurando-se a mencionados Oficiais o
direito de acesso a todos postos, em igualdade de condições.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 11.773/02)
§ 4.º Os Alunos-Oficiais dos Cursos Superiores de Formação de
Oficiais da Brigada Militar em andamento ou já autorizados,
mediante edital, na data de vigência desta Lei Complementar, serão
promovidos ao posto de Segundo-Tenente do QEOBMEx referido no §
1.º deste artigo, por ocasião da formatura no respectivo curso,

166
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAOstensiva; II - Qualificação Policial-Militar 2 (QPM-2): Praças
§ 5.º O Curso Superior de Formação de Oficiais da Brigada Militar
Bombeiros.
(CSFO/BM), com vigência anterior a esta Lei, é equivalente e substituído
pelo Curso Superior de Polícia Militar.
§ 6.º A promoção disciplinada pelo § 4.º deste artigo será
realizada para o posto de Primeiro-Tenente do QEOBMEx, quando nele
existirem vagas, respeitada a precedência hierárquica. (Incluído
pela Lei Complementar n.º 11.272/98)
Art. 7.º Os integrantes do QOPM, do QEOPMFem e do QOS,
previstos na Lei n.º 9.741, de 20 de outubro de 1992, bem como os
integrantes dos Quadros Especiais em extinção, previstos no
§ 1.º do artigo anterior, têm assegurado o direito à ascensão
hierárquica, independentemente do interstício e tempo de serviço em
órgão de execução previstos no artigo 5.º desta Lei, aplicando- se-lhes o
Estatuto dos Servidores Militares do Estado do Rio Grande do Sul e
o Regulamento de Promoções.
Parágrafo único.. (SUPRIMIDO pela Lei Complementar n.º
11.248/98)
Art. 8.º O Oficial do Quadro de Oficiais de Estado Maior
- QOEM exerce o Comando, Chefia ou Direção dos órgãos
administrativos de média e alta complexidade da estrutura
organizacional da Corporação e das médias e grandes frações de tropa
de atividade operacional, incumbindo-lhe o planejamento, a
coordenação e o controle das atividades a seu nível, na forma
regulamentar, bem como o planejamento, a direção e a execução das
atividades de ensino, pesquisa, instrução e treinamento, voltadas ao
desenvolvimento da segurança pública, na área afeta à Brigada Militar.
Art. 9.º O Oficial do Quadro de Oficiais Especialistas em Saúde
- QOES atuará nas atividades de saúde da Instituição, aplicando- lhes as
disposições do artigo anterior, de acordo com as suas
peculiaridades.
Art. 10. Os Quadros de Oficiais de Administração (QOA) e de
Oficiais Especialistas (QOE), previstos na Lei n.º 9.741, de 20 de outubro
de 1992, serão extintos à medida que vagarem os respectivos cargos,
ficando assegurado aos seus atuais integrantes a ascensão hierárquica,
na forma da legislação pertinente.
Art. 11. Fica instituída a carreira dos Servidores Militares
Estaduais de Nível Médio, integrada pelo Quadro de Primeiro-
Tenentes de Polícia Militar - QTPM e pelas Qualificações Policiais-
Militares - QPM - para Praças, composta, respectivamente, por posto
e graduações, com exigência da escolaridade de 2.º Grau do ensino
médio, a qual possibilitará o acesso ao grau hierárquico de Primeiro-
Tenente. (Vide Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 1.º A inclusão em Quadro de Acesso para as promoções na
carreira instituídas no “caput” poderá ser recusada pelo servidor
militar. (Incluído pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 2.º Fica assegurado aos Terceiro-Sargentos em Extinção, aos
Cabos em Extinção e aos Soldados que ingressaram na Brigada
Militar anterior a data de 18 de agosto de 1997, o direito de
freqüentarem o Curso Técnico de Segurança Pública (CTSP),
independente de possuírem o ensino médio, permanecendo a
necessidade de preencherem os demais requisitos impostos em lei.
(Incluído pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 3.º Os Militares Estaduais para serem promovidos deverão estar
classificados, no mínimo, no comportamento “Bom”. (Incluído pela
Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 4.º Na promoção de carreira dos Militares Estaduais de Nível
Médio não será exigido exame psicotécnico. (Incluído pela Lei
Complementar n.º 11.832/02)
Art. 12. As Qualificações Policiais-Militares (QPM) da Brigada Militar
passam a ser as seguintes:
I - Qualificação Policial-Militar 1 (QPM-1): Praças de Polícia
167
LEGISLAÇÃO
Art. 13. As Qualificações Policiais-Militares a que seESPECÍFICA
refere o art. Terceiros, Segundos e Primeiros-Sargentos e para os atuais alunos do
12 são constituídas pelas graduações de Soldado Nível III, Soldado CTSP. (Incluído pela Lei Complementar n.º 15.048/17)
Nível II, Soldado Nível I, Segundo-Sargento e Primeiro- Sargento.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
Parágrafo único. A progressão para os Níveis II e I da graduação de
Soldado será automática após, respectivamente, 10 (dez) e 20 (vinte)
anos de carreira. (Redação dada pela Lei Complementar n.º
15.454/20)
Art. 14. O ingresso nas Qualificações Policiais-Militares dar- se-á
na graduação de Soldado Nível III, por ato do Governador do Estado,
após aprovação em concurso público e no respectivo Curso de
Formação. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 15.454/20)
Art. 15. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
Art. 16. As graduações de Cabo e Subtenente, previstas na Lei n.º
9.741, de 20 de outubro de 1992, ficam extintas, à medida que
vagarem os respectivos cargos.
§ 1.º A graduação de Terceiro-Sargento será provida,
respeitado o efetivo para ela fixado na Lei citada, mediante a
formação em serviço dos atuais Cabos e Soldados, respeitada a ordem
hierárquica, que houverem ingressado na Instituição até a data de
18 de agosto de 1997, que contarem ou completarem cinco anos de
efetivo serviço na Brigada Militar. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 11.832/02)
§ 2.º Os promovidos à graduação de Terceiro-Sargento
freqüentarão estágio de aperfeiçoamento visando a adequarem- se à
nova graduação. (Redação dada pela Lei Complementar n.º
11.832/02)
§ 3.º Não havendo candidatos passíveis de formação em
serviço, a graduação de Terceiro-Sargento entrará em extinção,
revertendo os cargos, à medida em que vagarem: 20% para o posto
de Primeiro-Tenente, 30% para a graduação de Primeiro- Sargento e
os 50% restantes para a graduação de Segundo- Sargento.
(Redação dada pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 4.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 5.º (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
Art. 17. A convocação dos Subtenentes e Primeiro-Sargentos para
freqüentarem o Curso Básico de Administração Policial Militar
(CBAPM) e dos Terceiro-Sargentos em Extinção, Cabos em Extinção e
Soldados para freqüentarem o Curso Técnico em Segurança Pública
(CTSP), dar-se-á por ordem de antigüidade. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 11.832/02)
Parágrafo único (REVOGADO pela Lei Complementar n.º
11.832/02)
§ 1.º O total de postos de Primeiro-Tenente (QTPM) será
distribuído entre a qualificação de policiamento e a qualificação de
bombeiros proporcionalmente ao respectivo efetivo, para fins de
convocação de Subtenentes e Primeiro-Sargentos aos cursos de
habilitação (CBA) previstos no “caput” deste artigo. (Renumerado pela
Lei Complementar n.º 12.374/05)
§ 2.º Das vagas referentes às convocações de que trata o
“caput” deste artigo, 50% (cinquenta por cento) serão preenchidas por
candidatos habilitados, a ser regulado administrativamente pela
Brigada Militar, observado o interstício mínimo de 5 (cinco) anos de
efetivo serviço para o Curso Técnico em Segurança Pública
– CTSP –, e de 4 (quatro) anos na graduação de Primeiro-Sargento para o
Curso Básico de Administração – CBA. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 15.048/17)
§ 3.º O interstício de permanência na graduação de Primeiro-
Sargento referido no § 2.º será de 3 (três) anos para os atuais

168
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICABrigada Militar ao Secretário de Estado responsável pelos assuntos
Art. 18. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 12.374/05) Art. 19.
da segurança pública.
Serão promovidos à graduação de Segundo-Sargento,
após aprovação no curso de habilitação Curso Técnico de Segurança
Pública (CTSP), os Terceiros-Sargentos em Extinção, Cabos em Extinção
e Soldados, que contarem com mais de cinco anos de efetivo
serviço na Brigada Militar, obedecidos os critérios de antigüidade e
merecimento, a medida que vagarem os cargos. (Redação dada pela
Lei Complementar n.º 11.832/02)
§ 1.º Serão promovidos à graduação de Primeiro-Sargento os
Segundos-Sargentos que contarem com pelo menos 4 (quatro) anos
na graduação, obedecidos os critérios de antiguidade e
merecimento, à medida que vagarem os cargos. (Redação dada pela
Lei Complementar n.º 15.048/17)
§ 2.º O interstício de permanência na graduação de Segundo-
Sargento referido no § 1.º será de 3 (três) anos para os atuais
Terceiros e Segundos-Sargentos e para os atuais alunos do CTSP.
(Incluído pela Lei Complementar n.º 15.048/17)
Art. 20. Os Servidores Militares Estaduais de Nível Médio são,
por excelência, respeitada a ordem hierárquica, elementos de
execução das atividades administrativas e operacionais, podendo
exercer o Comando e Chefia de órgãos administrativos de menor
complexidade e das pequenas frações de tropa da atividade
operacional da estrutura organizacional da Corporação, assim como
auxiliar nas tarefas de planejamento, executar a coordenação e o
controle das atividades em seu nível, na forma regulamentar, e ainda
auxiliar na execução das atividades de ensino, pesquisa, instrução e
treinamento. (Redação dada pela Lei Complementar n.º 11.832/02)
Art. 21. Serão promovidos ao posto de Primeiro-Tenente, após
aprovação em curso de habilitação Curso Básico de Administração
Policial Militar (CBAPM), os Subtenentes e Primeiro-Sargentos,
obedecidos os critérios de antigüidade e merecimento, à medida
em que vagarem os cargos. (Redação dada pela Lei Complementar
n.º 11.832/02)
Parágrafo único. Os Subtenentes e Primeiro-Sargentos
possuidores do extinto Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS)
terão precedência na matrícula do CBAPM. (Redação dada pela Lei
Complementar n.º 11.832/02)
Art. 22. Ficam extintas as Qualificações Policiais Militares
Gerais e Particulares e a Qualificação Especial de Praças de Polícia
Militar Feminina, instituídas pela Lei n.º 9.741, de 20 de outubro de
1992.
§ 1.º As Praças oriundas das extintas Qualificações Policiais-
Militares Particulares (QPMP), da Qualificação Policial-Militar Geral-
1 (QPMG-1) e da Qualificação Especial de Praças de Polícia- Militar
Feminina (QEPPMFem) passam a integrar a Qualificação Policial-
Militar 1 (QPM-1).
§ 2.º As Praças oriundas das extintas Qualificações Policiais-
Militares Particulares (QPMP) da Qualificação Policial-Militar
Geral-2 (QPMG-2) passam a integrar a Qualificação Policial- Militar
2 (QPM-2).
§ 3.º As fusões das extintas Qualificações Policiais-Militares, com
vistas à formação das Qualificações criadas por esta Lei, observarão,
para a organização das novas escalas hierárquicas, a ordem de
antigüidade na graduação e a ordem de precedência que seus
integrantes detinham nas Qualificações extintas.
§ 4.º As especialidades de interesse da Brigada Militar,
exercidas por Praças, serão criadas e reguladas por ato do Chefe do
Poder Executivo, mediante proposta do Comandante- Geral da
169
LEGISLAÇÃO
Art. 23. Fica extinta a graduação de Aspirante-a-Oficial.
ESPECÍFICA
Art. 24. Ficam extintos os Cursos de Formação, Habilitação e
Aperfeiçoamento instituídos para Oficiais e Praças anteriormente
à vigência desta Lei.
Art. 25. Ficam mantidos os padrões remuneratórios dos
cargos correspondentes aos postos e graduações extintos por esta
Lei, sobre os quais incidirá a política salarial do Estado.
Art. 25-A. Os Soldados PM - 1.ª Classe ativos e inativos serão
reenquadrados nos Níveis III, II e I, da seguinte forma: (Incluído pela
Lei Complementar n.º 15.454/20)
I - os Soldados que tenham 20 (vinte) anos ou mais de
carreira completos na data de entrada em vigor desta Lei
Complementar serão reenquadrados no Nível I; (Incluído pela Lei
Complementar n.º 15.454/20)
II - os Soldados que tenham entre 10 (dez) e 20 (vinte) anos
incompletos de carreira na data de entrada em vigor desta Lei
Complementar serão reenquadrados no Nível II; e(Incluído pela Lei
Complementar n.º 15.454/20)
III - os Soldados que tenham menos de 10 (dez) anos de
carreira na data de entrada em vigor desta Lei Complementar
serão reenquadrados no Nível III. (Incluído pela Lei
Complementar n.º 15.454/20)
Art. 26. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º 12.374/05)
Parágrafo único. (REVOGADO pela Lei Complementar n.º
12.374/05)
Art. 27. VETADO.
Art. 28. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei
correrão à conta de dotações orçamentárias próprias.
Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 30. Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 18 de agosto de 1997.

170
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAaplicável.
REGULAMENTO DISCIPLINAR DA BRIGADA MILITAR
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DECRETO Nº 43.245, DE 19 DE JULHO DE 2004

Aprova o Regulamento Disciplinar da Brigada Militar do Esta-


do do Rio Grande do Sul.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso


da atribuição que lhe confere o artigo 82, inciso V, da Constituição do
Estado, regulamentando o artigo 35 da LEI COMPLEMENTAR Nº 10.990, de
18 de agosto de 1997, que dispõe sobre o Estatuto dos Servidores
Militares da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul,
DECRETA:

Art. 1º - Fica aprovado o Regulamento Disciplinar da Brigada Militar


do Estado do Rio Grande do Sul, publicado em anexo ao pre- sente
Decreto.
Art. 2º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação,
revogando-se as disposições em contrário, especialmente o DECRE- TO Nº
43.053, de 23 de abril de 2004.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre,19 de julho de 2004.

REGULAMENTO DISCIPLINAR DA BRIGADA MILITAR DO ESTADO


DO RIO GRANDE DO SUL

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - O Regulamento Disciplinar da Brigada Militar do Esta- do do


Rio Grande do Sul tem a finalidade de especificar e classificar as
transgressões disciplinares e estabelecer normas relativas às pu- nições
disciplinares, os recursos, o comportamento policial-militar das Praças e
as recompensas policiais-militares.
§ 1º - A camaradagem é indispensável à formação e ao convívio entre
os integrantes da Corporação, devendo estes primar pela me- lhor
relação social entre si.
§ 2º - Incumbe ao superior hierárquico incentivar e manter a
harmonia e a amizade entre seus subordinados.
§ 3º - A civilidade, como parte da educação policial-militar, é de
importância vital para a disciplina no âmbito da Brigada Militar e, assim
sendo, é indispensável que o superior trate com cortesia, urbanidade e
justiça os seus subordinados e, em contrapartida, o subordinado deve
externar, aos seus superiores, toda manifestação de respeito e
deferência.
§ 4° - As demonstrações de camaradagem, cortesia e consi-
deração, obrigatórias entre os Militares Estaduais, devem ser dis-
pensadas também aos Militares das Forças Armadas e aos Militares
Estaduais de outras Corporações.
Art. 2° - Este Regulamento aplica-se aos Militares Estaduais ati- vos e
alunos matriculados em órgãos de formação.
§ 1° - Os Militares Estaduais na inatividade não são alcança- dos
pelas disposições deste Regulamento, excetuando-se quanto a
divulgação de segredos militares, de que trata a Lei Federal n°
7.524/86, tanto quanto a manifestação pública, pela imprensa ou por
outro meio de divulgação, de críticas a assuntos que afetem a previsão
estatutária relativa ao valor e a ética policial-militar, naqui- lo que lhes for

171
LEGISLAÇÃO
§ 2° - Os Alunos de órgãos de formação de Militares Estaduais
ESPECÍFICA Art. 8° - As transgressões, quanto à natureza, classificam-se como:
também estão sujeitos aos Regimentos Internos, Regulamentos,
Normas e Ordens específicas dos OPM em que estejam matricula- dos
e/ou freqüentando o Curso.

CAPÍTULO II
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA

Art. 3° - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da


Brigada Militar.
Art. 4° - São manifestações essenciais da disciplina e da hierar- quia
policial-militar:
I - a correção de atitudes;
II - a pronta obediência às ordens dos superiores hierárquicos; III -
a dedicação integral ao serviço;
IV - a colaboração espontânea para a disciplina coletiva e a efi-
ciência da instituição;
V - a consciência das responsabilidades;
VI - o respeito à hierarquia entre os servidores militares ativos e
inativos;
VII - a rigorosa observância das prescrições legais e regulamen-
tares.
Art. 5° - As ordens legais devem ser prontamente executadas,
cabendo inteira responsabilidade à autoridade que as determinar.
§ 1° - Em caso de dúvida, será garantido ao subordinado os es-
clarecimentos necessários para o total entendimento e compreen- são
sobre o que deve cumprir.
§ 2° - Quando a ordem contrariar preceito legal poderá o exe-
cutor solicitar a sua confirmação por escrito, cumprindo a autorida- de
que a emitiu atender à solicitação.
§ 3° - Cabe ao executor que exorbitar no cumprimento de or-
dem recebida a responsabilidade pelos excessos e abusos que co-
meter.
Art. 6° - Todo Militar Estadual que se deparar com ato contrário à
disciplina militar deverá adotar medida saneadora.
Parágrafo único - Se detentor de precedência hierárquica so- bre
o transgressor, o Militar Estadual deverá adotar as providências cabíveis
pessoalmente, se subordinado, deverá comunicar ao seu comandante
imediato ou seu representante.

TÍTULO II
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES

CAPÍTULO I
DA DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Art. 7° - Transgressão disciplinar é qualquer violação dos prin-


cípios da ética, dos deveres ou das obrigações policiais-militares, na sua
manifestação elementar e simples, bem como qualquer omis- são ou
ação contrária a preceitos legais ou regulamentares.
§ 1° - A responsabilidade criminal e civil não elide a incidência de
transgressão disciplinar e, conseqüentemente, da aplicação de sanção
disciplinar,caso acondutanão seja devidamente justificada.
§ 2° - São transgressões disciplinares:
I - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina policial-
-militar especificadas no Anexo I, deste Regulamento;
II - todas as ações ou omissões ou atos não especificados na re- lação
de transgressões do Anexo citado que afetem a honra pessoal, o
pundonor militar, o decoro da classe ou o sentimento do dever e
outras prescrições contidas no Estatuto dos Servidores Militares Es-
taduais, Leis e Regulamentos, bem como aquelas praticadas contra
regras e ordens de serviço emanadas de autoridade competente.

172
LEGISLAÇÃO
I - leves;
ESPECÍFICAse deve ser cumprida com prejuízo das escalas operacionais de serviço
externo ou não.
II - médias;
III - graves.
§ 1° - A classificação das transgressões disciplinares, obedeci- dos os
preceitos deste Regulamento, cabe a quem tem competên- cia para
aplicar as punições.
§ 2° - A autoridade competente poderá, motivadamente, ob-
servando o interesse da disciplina, da ordem administrativa e da ação
educativa da punição, e os vetores da aplicação da sanção, de que trata os
artigos 34 a 41, deste Regulamento, alterar a classifica- ção da falta
disciplinar prevista na Relação dos Tipos Transgressio- nais Disciplinares
constante do Anexo I, deste Regulamento.

TÍTULO III
DAS SANÇÕES DISCIPLINARES

CAPÍTULO I
DA NATUREZA E AMPLITUDE

Art. 9° - As sanções disciplinares aplicáveis aos Militares Esta- duais,


nos termos dos artigos precedentes, são:
I - advertência;
II - repreensão;
III - detenção;
IV - prisão;
V - licenciamento a bem da disciplina; VI
- exclusão a bem da disciplina.
§ 1° - As sanções disciplinares têm função educativa e visam à
preservação da disciplina em beneficio do punido, da coletividade a que
ele pertence e também à garantia da eficiência na prestação dos
serviços.
§ 2° - A publicação das punições dos praças se dará em Boletim Geral
ou Interno.
§ 3° - A publicação das punições dos Oficiais se dará no Boletim
Disciplinar dos Oficiais dentro dos respectivos círculos hierárquicos,
podendo ser em Boletim Geral ou Interno caso as circunstâncias ou a
natureza da transgressão sejam aviltantes à ética e ao dever Policial-
Militar.

SEÇÃO I
DA ADVERTÊNCIA

Art. 10 - A advertência, forma mais branda das sanções, será


aplicada ostensivamente, por meio de publicação em Boletim, e será
registrada nos assentamentos individuais do transgressor.

SEÇÃO II
DA REPREENSÃO

Art. 11 - A repreensão é sanção imposta ao transgressor de for- ma


ostensiva, mediante publicação em Boletim, devendo sempre ser
averbada nos assentamentos individuais do transgressor.

SEÇÃO III
DA
DETENÇÃO

Art. 12 - A detenção consiste no cerceamento da liberdade do


punido, o qual deverá permanecer no local que lhe for determina- do,
sem que fique confinado.
§ 1° - O ato administrativo que decidir pela detenção esclare- cerá

173
LEGISLAÇÃO
§ 2° - A detenção com prejuízo do serviço externoESPECÍFICA
consiste na providências, inclusive recolhendo o transgressor a local determi- nado,
permanência do punido em local próprio e designado para tal, o qual na condição de detido com prejuízo do serviço, em nome da
deverá comparecer aos atos de instrução e serviços internos, caso as
circunstâncias recomendem o contrário, tal restrição deverá ser objeto
da publicação que veiculou o ato administrativo.
§ 3° - A detenção sem prejuízo do serviço externo consiste na
permanência do punido em local próprio e designado para tal, de-
vendo concorrer às escalas operacionais, tanto como a instrução e
serviços internos.
§ 4° - O tempo de cumprimento da punição contar-se-á do mo-
mento em que o punido for recolhido até aquele em que for posto em
liberdade.
§ 5° - Os Militares Estaduais dos diferentes círculos de oficiais e
praças, estabelecidos em lei estatutária, não poderão cumprir suas
sanções disciplinares no mesmo compartimento, tanto como deve- rão
ficar separados daqueles presos à disposição da Justiça.

SEÇÃO IV
DA PRISÃO

Art. 13 - Exclusivamente para o atendimento das disposições de


conversão de infração penal em disciplinar, previstas na lei penal militar,
haverá o instituto da prisão administrativa que consiste na
permanência do punido no âmbito do aquartelamento, com prejuí- zo
do serviço e da instrução.

SEÇÃO V
DO LICENCIAMENTO E DA EXCLUSÃO

Art. 14 - O licenciamento e a exclusão a bem da disciplina con-


sistem no afastamento ex-officio do Militar Estadual do serviço
ativo, conforme preceitua o Estatuto dos Servidores Militares do
Estado.
Art. 15 - O licenciamento a bem da disciplina será aplicado à
praça sem estabilidade, mediante processo administrativo, quando: I -
acusada oficialmente ou por qualquer meio lícito de comu-
nicação social de ter:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular; ou
c) praticado ato que afete a honra pessoal o pundonor militar ou
decoro da classe.
II - afastado do cargo, na forma do estatuto, por se tomar in-
compatível com o mesmo ou demonstrar incapacidade no exercício das
funções a ele inerentes;
III - condenado por crime de natureza dolosa com pena priva- tiva
de liberdade até dois anos, tão logo transite em julgado a sen- tença;
ou
IV - permanecer no comportamento mau pelo período de dois
anos.
Art. 16 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada ex-officio ao
praça com estabilidade, de acordo com o prescrito no Estatuto dos
Servidores Militares do Estado, sendo submetida a Conselho de
Disciplina nos termos da legislação específica.

SEÇÃO VI
DAS MEDIDAS CAUTELARES

Art. 17 - Quando para a preservação da vida ou da integridade


física, excluídas as circunstâncias de flagrância de delito, uma ocor-
rência exija pronta intervenção, mesmo sem possuir ascendência
funcional sobre o infrator, o militar estadual de maior antigüidade
que presenciar a irregularidade deverá tomar imediatas e enérgicas

174
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAdeterminar sua apuração, e, ao final, remeter os autos à autoridade
autoridade competente, dando ciência a esta, pelo meio mais rápi- do, do
funcional superior comum aos envolvidos.
ocorrido e das providências tomadas em seu nome.
Parágrafo único - O transgressor permanecerá nestas condi- ções
pelo período de vinte e quatro horas, prorrogável por igual pe- ríodo,
mediante decisão devidamente fundamentada, da qual ser-
-lhe-á dado ciência, determinando-se a imediata apuração dos fatos e
instauração do devido processo administrativo disciplinar militar, pela
autoridade que detém a competência punitiva sobre o infrator.
Art. 18 - Quando para a preservação da disciplina e do decoro da
Corporação, uma ocorrência exija pronta intervenção, visando
restabelecer a ordem administrativa, mesmo sem possuir ascen-
dência funcional sobre o infrator, o militar estadual de maior an-
tigüidade que presenciar ou tiver conhecimento de transgressão
disciplinar de natureza grave deverá tomar imediatas e enérgicas
providências, inclusive recolhendo o transgressor a local determi- nado,
na condição de detido com prejuízo do serviço, em nome da autoridade
competente, dando ciência a esta, pelo meio mais rápi- do, do ocorrido e
das providências tomadas em seu nome.
Parágrafo único - O transgressor permanecerá nestas condi- ções
pelo período de até vinte e quatro horas, mediante decisão
devidamente motivada, daqual ser-lhe-á dado ciência, determinan- do-se
a imediata apuração dos fatos e instauração do devido pro- cesso
administrativo disciplinar militar, pela autoridade que detém a
competência punitiva sobre o infrator.

TÍTULO IV
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR

CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA

Art. 19 - A competência disciplinar é inerente ao cargo, posto ou


função.
Art. 20 - São autoridades competentes para aplicar sanção dis-
ciplinar:
I - O Governador do Estado a todos os Militares Estaduais sujei- tos a
este Regulamento;
II - O Chefe da Casa Militar aos que estiverem sob suas ordens; III - O
Comandante-Geral e o Subcomandante-Geral da Brigada Militar a todos
os Militares Estaduais sujeitos a este Regulamento, exceto o Chefeda
Casa Militar e àqueles queservirem sob as ordens
deste;
IV - O Chefe do Estado Maior da Brigada Militar aos que estive- rem
sob suas ordens;
V - O Corregedor-Geral, o Comandante do Comando do Corpo de
Bombeiros, os Comandantes dos Comandos Regionais de Polícia Ostensiva,
os Comandantes dos Comandos Regionais de Bombei- ros, o Comandante
do Comando dos órgãos de Polícia Militar Espe- ciais e os Diretores aos que
estiverem sob suas ordens ou integran- tes das OPMsubordinadas;
VI - O Ajudante-Geral, os Comandantes e Subcomandantes de órgãos
Policiais Militares, os Chefes de Assessorias, Seção, Centros e Divisões, e os
Comandantes de Subunidades aos que estiverem sob seu comando,
chefia ou direção.
VII - Os Comandantes de Pelotões Destacados, aos que servi- rem
sob suas ordens.
Art. 21 - O Governador do Estado e o Comandante-Geral da
Brigada Militar são competentes para aplicar todas as sanções dis-
ciplinares previstas neste Regulamento.
Art. 22 - Na ocorrência de transgressão disciplinar envolven- do
Militares Estaduais de mais de um OPM, caberá ao Comandante com
responsabilidade territorial sobre a área onde ocorreu o fato, apurar ou

175
LEGISLAÇÃO
Art. 23 - Quando duas autoridades de níveis hierárquicos dife-
ESPECÍFICA processo poderá limitar ou excluir as provas e testemunhas que
rentes, ambas com competência disciplinar sobre o transgressor, ti- considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
verem conhecimento da transgressão disciplinar, caberá à de maior
hierarquia apurá-la ou determinar que a menos graduada o faça.
Art. 24 - No caso de ocorrência disciplinar envolvendo Militares das
Forças Armadas e Militares Estaduais, a autoridade policial-mi- litar
competente deverá tomar as medidas disciplinares cabíveis quanto
aos elementos a ela subordinados, informando o escalão superior
sobre a ocorrência, as medidas tomadas e o que foi por ela apurado,
dando ciência do fato também ao Comandante Militar interessado.

CAPÍTULO II
DA PARTE DISCIPLINAR

Art. 25 - A parte disciplinar é o relato de uma transgressão dis-


ciplinar cometida por Militar Estadual.
Art. 26 - Todo Militar Estadual que tiver conhecimento de um
fato contrário à disciplina deverá participar ao seu superior imedia- to,
por escrito ou verbalmente, neste último caso confirmando a
participação, por escrito no prazo de até dois dias úteis.
Art. 27 - A parte disciplinar deve ser clara e precisa, contendo os
dados capazes de identificar pessoas ou objetos envolvidos, lo- cal,
data, hora do fato, circunstâncias e alegações do transgressor, quando
presente.
§ 1° É vedado ao comunicante tecer comentários ou opiniões
pessoais.
§ 2° A parte disciplinar deverá ser apresentada no prazo de até dois
dias úteis, contados da constatação ou do conhecimento do fato,
ressalvadas as disposições relativas às medidas cautelares, previstas
nos artigos 17 e 18, deste Regulamento, quando deverá ser feita
imediatamente.

CAPÍTULO
III DO
PROCESSO

Art. 28 - Nos casos em que são imputadas ao Militar Estadual


ações ou omissões tidas como transgressões da disciplina policial-
-militar, estas serão devidamente apuradas na forma do contido
neste Capítulo e nos Anexos I e II, deste Regulamento, propiciando-
-se ao imputado o devido processo administrativo para a sua ampla
defesa e contraditório.
Parágrafo único - O processo administrativo será orientado pe- los
princípios da instrumental idade, simplicidade, informalidade,
economia procedimental e celeridade, buscando sempre a verdade real
sobre o fato apreciado.
Art. 29 - As autoridades competentes para instauração, proce-
dimento e julgamento do processo são aquelas com competência para
aplicar a sanção administrativa.
Parágrafo único - As autoridades de que trata o caput deste
artigo, excetuando-se aquelas do inciso VII do artigo 20, poderão
delegar a Oficial que lhe seja subordinado, a realização do Processo
Administrativo Disciplinar Militar, observando a precedência hierár-
quica entre o Encarregado e o Acusado.
Art. 30 - Incumbirá ao acusado o ônus de provar os fatos por ele
alegados em sua defesa, entre estes os de existência de fato impe-
ditivo, modificativo ou extintivo da pretensão punitiva-disciplinar,
bem como o de apresentar e conduzir à autoridade competente as
provas documentais e testemunhais que arrolar como pertinentes ao
fato.
Parágrafo único - A autoridade competente ou a encarregada do

176
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 1° A aplicação da sanção disciplinar será proporcional à gra- vidade
Art. 31 - Nenhum ato do processo será declarado nulo se da
da transgressão cometida, e não justificada, dentro dos se- guintes
nulidade não resultar prejuízo para a Administração ou para a de- fesa,
limites:
nem se praticado de forma diversa da prescrita tenha atingido sua
finalidade.
Parágrafo único - Igualmente não será declarada nulidade de ato
processual que não tenha influído na apuração da verdade
substancial ou decisão da autoridade competente.
Art. 32 - O processo será arquivado quando reconhecido: I-
estar provada a inexistência do fato:
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração disciplinar;
IV - não existir prova de ter o acusado concorrido para a infra- ção
disciplinar;
V - não existir prova suficiente para a aplicação da punição;
VI - a existência de quaisquer das seguintes causas de justifi-
cação:
motivo de força maior ou caso fortuito;
legítima defesa própriaou de outrem;
estado de necessidade;
estrito cumprimento do dever legal;
coação irresistível;
f) inexigibilidade de conduta diversa.
Art. 33 - O Militar Estadual, com estabilidade cuja atuação no
serviço revelar-se incompatível com o cargo ou que demonstrar
incapacidade para o exercício das funções policiais-militares a ele
inerentes será submetido a Conselho de Justificação ou Disciplina.
Parágrafo único - Obedecidas as prescrições estatutárias será
promovido o imediato afastamento do cargo e das funções o Militar
Estadual que praticar os atos previstos no caput deste artigo.

CAPÍTULO IV
DA APLICAÇÃO DA SANÇÃO
DISCIPLINAR

Art. 34 - Na aplicação da sanção disciplinar serão considerados os


motivos, circunstâncias e conseqüências da transgressão, os an-
tecedentes e a personalidade do infrator, assim como a intensidade do
dolo ou o grau da culpa.
Art. 35 - São circunstâncias atenuantes:
I - estar classificado, no mínimo, no comportamento bom; II -
relevância de serviços prestados;
III - ter cometido a transgressão para a preservação da ordem ou
do interesse público;
IV - ter admitido, com eficácia para elucidação dos fatos, o co-
metimento da transgressão.
Art. 36 - São circunstâncias agravantes:
I - estar classificado no comportamento insuficiente ou no com-
portamento mau;
II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais transgres- sões;
III - reincidência;
IV - conluio de duas ou mais pessoas;
V - falta praticada com abuso de autoridade; VI -
ter sido cometida a transgressão:
a) em presença desubordinado;
b) durante a execução de serviço;
c) com premeditação;
d) em presença de tropa;
e) em presença depúblico.
Art. 37 - A aplicação da punição será feita com justiça, serenida- de e
imparcialidade, para que o punido fique consciente e convicto de que a
mesma se inspira no cumprimento exclusivo de um dever.

177
LEGISLAÇÃO
I - advertência ou repreensão para as transgressões classifica-
ESPECÍFICAdas
como de natureza leve;
II - de repreensão até dez dias de detenção com prejuízo do
serviço para as transgressões classificadas como de natureza média; III -
de detenção com prejuízo do serviço, até trinta dias, às pu- nições
previstas nos artigos 14 e 15, deste Regulamento, para as
transgressões classificadas como de natureza grave.
§ 2° A punição não poderá atingir o máximo previsto no pa-
rágrafo anterior quando ocorrerem apenas circunstâncias atenuan- tes;
§ 3° A aplicação da primeira punição classificada como de-
tenção com prejuízo do serviço ou prisão são da competência das
autoridades elencadas no inciso I ao VI do artigo 20, do presente
Regulamento;
§ 4° Nos casos em que houver a necessidade de exceder o li- mite
de dez dias de detenção com prejuízo do serviço ou de quinze dias de
prisão na aplicação da punição, esta deverá ser submetida a apreciação
das autoridades previstas no inciso VI do artigo 20 deste Regulamento,
com exceção das aplicadas pelas autoridades que as precedem.
Art. 38 - O enquadramento disciplinar é a descrição da trans-
gressão cometida, deledevendo constar,resumidamente, o seguin- te:
I - descrição da ação ou omissão que caracteriza a transgressão; II -
indicação da transgressão disciplinar;
III - as causas de justificação ou das circunstâncias atenuantes e
agravantes;
IV - alegações de defesa;
V - decisão da autoridade aplicando a sanção; VI
- assinatura da autoridade.
Art. 39 - Em caso de reincidência, a aplicação da pena deverá ser
com maior severidade.
Art. 40 - Na ocorrência de mais de uma transgressão, sem co-
nexão entre elas, serão aplicadas as sanções correspondentes iso-
ladamente.
Art. 41 - Ninguém será administrativamente cerceado da li-
berdade, exceto quando da necessidade da aplicação das medidas
cautelares, da detenção ou da prisão de que tratam o presente Re-
gulamento.

CAPÍTULO V
DO CUMPRIMENTO DA SANÇÃO DISCIPLINAR

Art. 42 - A autoridade competente que tiver de efetivar o cum-


primento de uma sanção imposta a subordinado que esteja a servi- ço ou
à disposição de outra autoridade, fará a devida comunicação para que
a medida seja cumprida.
Art. 43 - O cumprimento da sanção disciplinar por Militar Es-
tadual afastado de serviço deve ocorrer após a sua apresentação no
OPM, pronto para o serviço policial-militar, salvo nos casos da
preservação da ordem.
Parágrafo único - A interrupção de afastamento regulamentar
para implemento de sanção disciplinar, somente ocorrerá quando
determinada pelo Governador do Estado ou pelo Comandante-Ge- ral
da Brigada Militar.

TÍTULO V
DO COMPORTAMENTO POLICIAL-MILITAR

Art. 44 - O comportamento Policial-Militar dos Praças espelha o


seu procedimento civil e policial-militar sob o ponto de vista dis-
ciplinar.
Art. 45 - Ao ser incluído na Brigada Militar, o Praça será classifi- cado
no comportamento bom.

178
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAdisciplinar que se reputa irregular, ofensivo, injusto ou ilegal, para que o
Art. 46 - Para fins disciplinares e para outros efeitos, o compor-
reexamine.
tamento policial-militar do Praça é considerado:
I - excepcional, quando no período de setenta e dois meses de
efetivo serviço tenha sofrido até no máximo uma advertência;
II - ótimo, quando no período de quarenta e oito meses tenha
sofrido até no máximo uma repreensão, ou o equivalente;
III - bom, quando no período de vinte e quatro meses tenha
sofrido até no máximo uma punição de detenção, ou o equivalente; IV -
insuficiente, quando no período de doze meses tenha sofri-
do até no máximo uma punição de detenção com prejuízo do servi- ço ou
o equivalente;
V - mau, quando no período de doze meses tenha sofrido até duas
punições de detenção com prejuízo do serviço ou o equivalen- te, e mais
uma outra punição qualquer.
§ 1° - A reclassificação do comportamento se dará ex-officio, de
acordo com os prazos estabelecidos neste artigo.
§ 2° - Para a classificação de comportamento, duas advertên- cias
equivalerão a uma repreensão, duas repreensões a uma de- tenção sem
prejuízo do serviço e duas detenções sem prejuízo do serviço a uma
detenção com prejuízo do serviço.
§ 3° - Ainda para efeito de classificação do comportamento, a prisão
administrativa, de que trata o artigo 13 deste Regulamento,
corresponderá a uma detenção com prejuízo do serviço.
§ 4° - Para efeito de reclassificação do comportamento, ter-se-á como
base as datas em que as sanções foram publicadas.
§ 5° - A reclassificação do comportamento do ME se dará gra-
dativamente e será proporcional à sanção, tomando como base o
comportamento bom.
§ 6° - A reclassificação do comportamento se dará após a deci- são
definitiva.
§ 7° - As punições canceladas ou anuladas não serão considera- das
para efeito de reclassificação do comportamento.
§ 8° - O Militar Estadual classificado no comportamento Bom ou
ótimo poderá ser beneficiado com a reclassificação gradativa por ocasião
de sua transferência para a reserva remunerada, indepen- dente dos
prazos, por meio de publicação fundamentada de seu comandante
imediato.

TÍTULO VI
DOS RECURSOS DISCIPLINARES

Art. 47 - É direito de todo o Militar Estadual, que se considerar


prejudicado, ofendido ou injustiçado por ato de superior hierárqui- co na
esfera disciplinar, interpor os seguintes recursos:
I - Reconsideração de Ato; II -
Queixa;
III - Representação.
Art. 48 - O recurso disciplinar deve ser redigido de forma res-
peitosa, sem comentários ou insinuações, tratando de caso especí- fico,
cingindo-se aos fatos que o motivaram, fundamentando-se em
argumentos, provas ou documentos comprobatórios e elucidativos.
Art. 49 - Os recursos deverão ser interpostos individualmente e
deverão ser encaminhados pela autoridade à qual o requerente estiver
diretamente subordinado.
Art. 50 - Os recursos disciplinares a que se refere o artigo 47 deste
Regulamento terão efeito suspensivo no cumprimento da pu- nição
imposta.
Art. 51 - A decisão do recurso não agravará a punição do re-
corrente.
Art. 52 - A Reconsideração de Ato é o recurso interposto, me-
diante parte ou oficio, à autoridade que praticou, ou aprovou, o ato

179
LEGISLAÇÃO
Art. 53 - A Queixa é o recurso interposto perante a autorida-
ESPECÍFICA de formalizou o cancelamento.
imediatamente superior a que aplicou a punição disciplinar, por Militar
Estadual que se julgue prejudicado em virtude de decisão
denegatória do recurso de Reconsideração de Ato.
Parágrafo único - Caso a decisão denegatória for do Subcoman-
dante, do Chefe do Estado-Maior ou do Corregedor-Geral da Briga- da
Militar, a queixa será interposta perante o Comandante-Geral.
Art. 54 - Representação é o recurso disciplinar, efetuado me-
diante oficio ou parte, interposto por autoridade que julgue subor-
dinado seu estar sendo vítima de injustiça, ilegalidade, arbitrarieda- de,
abuso de autoridade ou prejudicado em seus direitos por ato de
autoridade superior hierárquico.
Art. 55 - Os recursos de Reconsideração de Ato, Queixa e Re-
presentação deverão ser interpostos no prazo de três dias úteis a
contar da publicação do ato.
Art. 56 - A decisão dos recursos disciplinares será dada no prazo de
até oito dias.
Art. 57 - Não será conhecido o recurso intempestivo, procrasti-
nador ou que não apresente fatos novos que modifiquem a decisão
anteriormente tomada, devendo este ato ser publicado, obedecido o
prazo do artigo anterior.
Parágrafo único - O recurso disciplinar, que não atender aos
requisitos previstos no presente Regulamento, não será conhecido pela
autoridade à qual for dirigido, cabendo a esta mandar arqui- vá-lo ou
encaminhá-lo à autoridade competente, publicando a sua decisão em
Boletim, fundamentadamente.
Art. 58 - Cabe ao Comandante-Geral da Brigada Militar decidir, em
última instância, os recursos disciplinares deste Título, contra ato
punitivo aplicado pelas autoridades de que trata o artigo 20, deste
Regulamento, exceto a prevista no inciso I daquele disposi- tivo.
Parágrafo único - Nos casos em que a sanção disciplinar tiver sido
aplicada pelo Comandante-Geral caberá somente o recurso de
Reconsideração de Ato.
Art. 59 - Quando a sanção disciplinar tiver sido aplicada pelo
Governador do Estado, somente será cabível o recurso de Reconsi-
deração de Ato.

TÍTULO VII
DO CANCELAMENTO E DA ANULAÇÃO

Art. 60 - O cancelamento de sanção disciplinar consiste na re-


tirada dos registros realizados nos assentamentos do Militar Esta-
dual.
Art. 61 - O cancelamento da punição será concedido ao ME que o
requerer, satisfeitas as seguintes condições:
I - não ser a transgressão objeto do cancelamento, atentatória ao
sentimento do dever, à honra pessoal, ao pundonor militar ou ao
decoro da classe;
II - ter o requerente bons serviços prestados e comprovados pela
análise de suas alterações;
III - ter o requerente parecer favorável de seu Comandante;
IV - ter o requerente completado, sem qualquer outra punição
superveniente:
a) seis anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de
detenção com prejuízo do serviço ou prisão;
b) quatro anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for
de detenção sem prejuízo do serviço;
c) dois anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar for de
advertência ourepreensão.
Art. 62 - A eliminação das anotações nos assentamentos e fi- chas
disciplinares se dará de modo que não seja possível a sua leitu- ra,
registrando-se apenas o número e a data do ato administrativo que
180
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA § 4° - Quando a autoridade que conceder o elogio não dispuser de
Art. 63 - A solução do requerimento solicitando o cancelamen- to da
Boletim para a publicação, esta deverá ser feita, mediante solici- tação
punição deverá constar em publicação do Boletim.
escrita, no da autoridade imediatamente superior.
Art. 64 - A decisão do pedido de cancelamento de punição é de
competência dos Comandantes Regionais e Diretores, além das
autoridades elencadas nos incisos I, II, III, IV, V e VII do artigo 20, deste
Regulamento.
Art. 65 - Concedido o cancelamento, o comportamento do Mili- tar
Estadual seráreclassificado, naforma deste Regulamento.
Art. 66 - O Comandante-Geral da Brigada Militar, ex-officio, ou
mediante requerimento do interessado, após parecer do Coman- dante
deste, independentemente das condições enunciadas nos artigos
anteriores, poderá cancelar as sanções dos Militares Esta- duais que
tenham prestado relevantes serviços e não hajam sofrido qualquer
punição nos últimos dois anos.
Art. 67 - A anulação de punição consiste em tomar sem efeito sua
aplicação.
§ 1° - A anulação da punição será concedida quando for com-
provado ter ocorrido injustiça ou ilegalidade na sua aplicação.
§ 2° - A punição poderá ser anulada:
I - a qualquer tempo pelas autoridades elencadas no artigo 20,
incisos I, II e III, deste Regulamento;
II - no prazo de cento e vinte dias pelas demais autoridades
previstas nos incisos do artigo 20, deste Regulamento.
Art. 68 - A anulação da punição importará na eliminação de toda
e qualquer anotação ou registro nos assentamentos do punido relativo à
sua aplicação.
Art. 69 - A autoridade que tomar conhecimento de comprova- da
ilegalidade ou injustiça na aplicação de punição e não tiver com- petência
para anulá-la, deverá propor a sua anulação à autoridade competente,
fundamentadamente.

TÍTULO VIII
DAS RECOMPENSAS POLICIAIS-MILITARES

Art. 70 - As recompensas policiais-militares constituem reco-


nhecimento aos bons serviços prestados pelo Militar Estadual e
consubstanciam-se em prêmios por atos meritórios e serviços re-
levantes.
Art. 71 - São recompensas policiais-militares, além de outras
previstas em lei e regulamentos especiais:
I - o elogio;
II - a dispensa do serviço.
Art. 72 - O elogio, que pode ser individual ou coletivo, é ato ad-
ministrativo que coloca em relevo as qualidades morais e profissio- nais
do servidor militar, podendo ser formulado independentemen- te da
classificação de comportamento, com a devida publicidade e registro
nos assentamentos.
§ 1° - O elogio individual somente poderá ser reconhecido a
Militares Estaduais que tenham se destacado na prática de ato em
serviço ou ação meritória, onde os aspectos principais nele abor- dados
serão referentes ao caráter, à coragem e desprendimento, à
inteligência, às condutas civil e policial-militar, às culturas profis- sionais
e gerais, à capacidade como instrutor, à capacidade como comandante
e como administrador e à capacidade física.
§ 2° - Só serão registrados nos assentamentos dos ME os elogios
individuais obtidos no desempenho de funções próprias à Brigada Militar
e concedidos por autoridades com atribuições para fazê-lo.
§ 3° - O elogio coletivo visa a reconhecer os serviços prestados e a
ressaltar as qualidades reveladas por um grupo de Policiais-Mi- litares ou
fração de tropa ao cumprir destacadamente uma deter- minada
missão.

181
LEGISLAÇÃO
Art. 73 - A dispensa do serviço consiste na publicação, devi-
ESPECÍFICA 5. Içar ou arriar, sem ordem, bandeira ou insígnia de autorida-
damente fundamentada, dos motivos que levaram a concessão da de;
recompensa ao ME, a juízo de seu Comandante, de modo que tam- bém
apresente efeito educativo e motive a coletividade a seguir os bons
exemplos.
§ 1° - A dispensa total do serviço será concedida pelo prazo má- ximo
de oito dias, alternados ou consecutivos, no decorrer de um ano civil,
observado esse limite, os dias de dispensa que não serão descontados
das férias do Militar Estadual.
§ 2° - A dispensa total do serviço é regulada por dias de vinte e
quatro horas, contados de Boletim a Boletim. Sua publicação deve- rá
ser feita, no mínimo, vinte e quatro horas antes do início, salvo
motivo de força maior.
Art. 74 - São competentes para conceder as recompensas de que
trata este Título as autoridades especificadas no artigo 20, des- te
Regulamento.

TÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS FINAIS

Art. 75 - Os julgamentos a que forem submetidos os Militares


Estaduais perante o Conselho de Justificação ou Conselho de Disci- plina
serão realizados segundo legislação específica.
Parágrafo único - As causas determinantes de sujeição do ME a
julgamento por um desses Conselhos, provocados ex-officio ou a
pedido, são as estabelecidas na legislação própria.
Art. 76 - O comportamento dos praças deverá ser adequado ao
disposto no artigo 46, deste Regulamento.
Art. 77 - A Brigada Militar deverá elaborar relatório anual de
avaliação disciplinar de seu efetivo.
§ 1° - Os critérios de avaliação terão por base a aplicação deste
Regulamento.
§ 2° - A avaliação deverá contemplar a totalidade das trans-
gressões e sanções correspondentes, posto ou graduação e OPM do
transgressor e localidade do cometimento das infrações.
Art. 78 - As disposições deste Regulamento não se aplicam aos
procedimentos já instaurados com base no Decreto n° 41.067, de 24 de
setembro de 2001, exceto às sanções disciplinares aplicáveis e aos
procedimentos e respectivas autoridades recursais.
Parágrafo único - Para efeitos de classificação de comporta-
mento disciplinar as suspensões, ocorridas na vigência do regula-
mento citado no caput deste artigo, corresponderão a uma prisão ou
uma detenção com prejuízo do serviço.
Art. 79 - O Comandante-Geral da Brigada Militar expedirá ins-
truções complementares necessárias à correta interpretação e per-
feita aplicação das disposições deste Regulamento.
Art. 80 - Este Regulamento Disciplinar entra em vigor na data de
sua publicação.

ANEXO I
TIPOS TRANSGRESSIONAIS DISCIPLINARES

I - São consideradas transgressões de natureza leve:


1. Deixar de comunicar ao superior, tão logo possível, a execu- ção
de ordem legal recebida;
2. Deixar o subordinado de cumprimentar superior, uniformi-
zado ou não, neste caso desde que o conheça, ou de prestar-lhe
homenagens ou sinais regulamentares de consideração e respeito e o
superior hierárquico, de responder ao cumprimento;
3. Chegar atrasado ao expediente, ao serviço para o qual esteja
nominalmente escalado ou a qualquer ato em que deva tomar par- te
ou assistir;
4. Tornar parte em jogos proibidos, ou jogar a dinheiro;

182
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA 19. Comparecerfardado amanifestaçõesdecaráterpolítico;
6. Executar toques ou fazer sinais regulamentares sem ordem para
20. Entrar ou sair de OPM, ou tentar fazê-lo, com força arma- da,
tal;
sem prévio conhecimento ou ordem de autoridade competente, salvo
7. Conversar ou fazer ruídos em ocasião, lugar ou hora impró- pria;
para fins de instrução prevista ou ordenada pelo Comando;
8. Fumar em lugar ou ocasião onde isso seja vedado ou quando se
21. Dirigir viatura policial com negligência, imprudência ou im-
dirigir a superior;
perícia;
9. Usar uniforme de forma inadequada, contrariando as nor- mas
22. Ofender a moral e os bons costumes por meio de atos, pa- lavras
respectivas, ou vestuário incompatível com a função, ou, ainda, descurar
ou gestos;
do asseio pessoal ou coletivo;
10. Negar-se a receber alimentação, uniforme, equipamentos, ou 23. Portar-se sem compostura em lugar público;
outros objetos que lhe sejam destinados ou devam ficar em seu poder; 24. Ser indiscreto em relação a assunto de caráter oficial cuja
11. Conduzir veículo ou pilotar aeronave ou embarcação da divulgação possa ser prejudicial à disciplina ou à boa ordem do ser- viço.
Corporação, sem autorização do órgão competente da Brigada Mi- litar. 25. Espalhar boato ou notícia tendenciosa sobre ME ou a res- peito
12. Penetrar o Militar Estadual, sem permissão ou ordem, em da atividadepolicial-militar;
aposento destinado a superior ou onde este se ache, bem como em 26. Freqüentar lugares incompatíveis com o seu nível social e o
qualquer lugar onde a entrada lhe seja vedada; decoro da classe;
13. Sobrepor ao uniforme insígnias de sociedades particulares, 27. Publicar ou fornecer dados para publicação de documentos
entidades religiosas ou políticas, bem como medalhas desportivas, ou, oficiais sem permissão ou ordem da autoridade competente;
ainda, usar indevidamente distintivos ou condecorações; 28. Responder de maneira desrespeitosa a superior, igual ou
14. Deixar, o Militar Estadual, de portar o seu documento de subordinado;
identidade funcional, quando de serviço ou trajando uniforme da 29. Desconsiderar ou desrespeitar a autoridade civil;
Brigada Militar; 30. Não zelar devidamente, danificar ou extraviar, por negligên- cia
II - São consideradas transgressões de natureza média: ou com inobservância de regras ou normas de serviço, materiais e bens
1. Condutas dolosas tipificadas como infração penal de menor pertencentes à Fazenda Pública, ainda que o mesmo não esteja sob sua
potencial ofensivo, atentatórias ao sentimento do dever ou à digni- dade responsabilidade direta;
do Policial-Militar; 31. Servir-se ou apropriar-se, sem autorização ou ordem supe- rior,
2. Deixar de cumprir ou de fazer cumprir normas regulamenta- res, de objetos que não estejam a seu cargo ou que pertençam a outrem;
na esfera de suas atribuições; 32. Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
3. Deixar de comunicar ato ou fato irregular que presenciar ou de confiança, cônjuge, companheira ou parente até o segundo grau;
que tenha conhecimento, quando não lhe couber intervir; 33. Autorizar, promover ou executar manobras perigosas com
4. Deixar de participar a tempo, à autoridade superior, impossi- viaturas, aeronaves ou embarcações;
bilidade de comparecer ao OPM ou a qualquer ato de serviço; 34. Não ter, pelo preparo próprio ou de seus subordinados ou
5. Permutar serviço sem permissão da autoridade competente; instruendos, a dedicação imposta pelo sentimento do dever;
6. Deixar de comunicar ao superior imediato ou a outro, na au- 35. Causar ou contribuir para a ocorrência de acidente de ser- viço
sência daquele, informação sobre iminente perturbação da ordem ou instrução;
pública ou grave alteração do serviço, logo que disso tenha conhe- 36. Desrespeitar regras de trânsito, medidas gerais de ordem
cimento; policial, judicial ou administrativa;
7. Deixar de dar informações em processos, quando lhe com- petir; 37. Retardar ou prejudicar o serviço de polícia judiciária militar que
8. Deixar de encaminhar documento no prazo legal; deva promover ou que esteja investido;
9. Retardar o cumprimento de ordem legal; 38. Andar armado, estando em trajes civis, sem o cuidado de
10. Deixar de encaminhar à autoridade competente, na linha de ocultar a arma;
subordinação e no mais curto prazo, recurso ou documento que receber, 39. Concorrer para a discórdia ou desarmonia ou cultivar a ini-
desde que elaborado de acordo com os preceitos regula- mentares, não mizade entre camaradas;
tenha competência legal para solucioná-lo; 40. Apresentar parte ou recurso sem seguir as normas e precei- tos
11. Deixar de se apresentar, nos prazos regulamentares, sem regulamentares ou em termos desrespeitosos com argumentos falsos ou
motivo justificado, nos locais em que deva comparecer; de má-fé.
12. Deixar de se apresentar ao fim de qualquer afastamento do III - São consideradas transgressões de natureza grave:
serviço, logo que souber que o mesmo foi interrompido; 1. Condutas dolosas tipificadas como crimes, atentatórias ao
13. Encaminhar Parte ou instaurar Procedimento Administrati- vo sentimento do dever ou à dignidade policial-militar;
Disciplinar Militar sem fundamento; 2. Faltar com a verdade;
14. Trabalhar mal, por falta de atenção; 3. Trabalhar mal, intencionalmente;
15. Afastar-se do local em que deva encontrar-se por força de 4. Simular doença para esquivar-se ao cumprimento do dever;
ordens ou disposiçõeslegais; 5. Utilizar-se do anonimato para fins ilícitos;
16. Faltar a qualquer ato em que deva tomar parte ou assistir, ou 6. Deixar de punir transgressor da disciplina;
ainda, retirar-se antes de seu encerramento, sem a devida au- 7. Deixar de comunicar irregularidade que presenciar ou que tiver
torização; ciência;
17. Representar o OPM, ou a Corporação, em qualquer ato, sem 8. Deixar superior hierárquico de acompanhar procedimentos de
estar devidamente autorizado; apuração disciplinar ou penal, em que estiver envolvido seu su-
18. Tomar compromisso pelo Órgão de Polícia Militar (OPM) que bordinado;
comanda ou em que serve, sem estar autorizado; 9. Deixar de assumir a responsabilidade por seus atos ou pelos atos
praticados por subordinados que agirem em cumprimento de sua
ordem;

183
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA 40. Censurar publicamente decisão legal tomada por superior
10. Retardar ou prejudicar medidas ou ações de ordem judicial ou
hierárquico ou procurar desconsiderá-la;
policial de que esteja investido ou que deva promover;
11. Dificultar ao subordinado a apresentação de recurso ou o
exercício do direito de petição;
12. Abandonar o serviço para o qual tenha sido designado;
13. Fazer, diretamente ou por intermédio de outrem, transa- ções
pecuniárias envolvendo atividades de serviço, bens da Fazen- da Pública
ou artigos de uso proibido nos quartéis, repartições ou
estabelecimentos públicos;
14. Realizar ou propor transação pecuniária que envolva supe- rior,
igual ou subordinado, salvo se tratar de empréstimo em dinhei- ro de que
não seja auferido lucro;
15. Usar armamento, munição e/ou equipamento não autori-
zado;
16. Disparar a arma por imprudência, negligência, imperícia ou
desnecessariamente;
17. Não obedecer às regras básicas de segurança ou não ter cautela
na guarda de arma própria ou sob sua responsabilidade;
18. Empregar violência no ato de serviço;
19. Maltratar preso sob sua guarda;
20. Contribuir ou permitir que preso conserve em seu poder
instrumentos ou objetos não permitidos;
21. Abrir ou tentar abrir qualquer dependência do quartel, re-
partição ou estabelecimento, sem autorização;
22. Ofender, provocar ou desafiar seu superior, igual ou subor-
dinado, com palavras, gestos ou ações;
23. Travar luta corporal com seu superior, igual ou subordinado;
24. Introduzir material inflamável ou explosivo em OPM, salvo em
obediência à ordem de serviço;
25. Terem seu poder,introduzir ou distribuir, em áreapolicial-
-militar ou sob jurisdição policial-militar, publicação, estampa ou jornal
que atente contra a disciplina ou a moral.
26. Ter em seu poder, introduzir ou distribuir, sem a devida au-
torização, bebidas alcoólicas, tóxicos ou entorpecentes em OPM;
27. Fazer uso, estar sob ação ou induzir, mesmo de folga, ou- trem
ao uso de substâncias entorpecentes ilícitas;
28. Apropriar-se de objetos pertencentes ao Estado ou a parti-
culares, ainda que por seu valor não constitua crime;
29. Retirar ou tentar retirar, de local sob a administração poli- cial-
militar, objeto, viatura ou animal, sem ordem dos respectivos
responsáveis;
30. Extraviar ou danificar documentos e bens pertencentes à
Fazenda Pública;
31. Retardar ou prejudicar serviço que deva cumprir;
32. Descumprir preceitos legais durante adetenção com prejuí- zo do
serviço (DCPS) ou a custódia de preso;
33. Usar expressões jocosas ou pejorativas que atentem contra a
raça, a religião, o credo ou á orientação sexual;
34. Aconselhar ou concorrer para o descumprimento ou retar- dar a
execução de ordem legal de autoridade competente;
35. Dar ordem ilegal ou claramente inexeqüível;
36. Participar da gerência ou administração de empresa priva- da,
de sociedade civil, ou exercer o comércio;
37. Fazer uso do posto ou da graduação para obter ou permitir que
terceiros obtenham vantagens pecuniárias indevidas;
38. Utilizar-se de sua condição de Militar Estadual para a práti- ca de
atos ilícitos ou que venham em desabono à imagem da Cor- poração;
39. Empregar subordinado ou servidor civil, ou desviar qual- quer
meio material ou financeiro sob sua responsabilidade ou não, para a
execução de atividades diversas daquelas para as quais fo- ram
destinadas, em proveito próprio ou de outrem;

184
LEGISLAÇÃO
41. Procurar desacreditar seu igual ou subordinado; ESPECÍFICAo Poder-Dever de apurá-la para a aplicação das medidas disciplinares
42. Determinar a execução de serviço não previsto em lei ou necessárias.
Regulamento;
43. Fazer uso do cargo ou função policial-militar para cometer
assédio sexual;
44. Violar ou deixar de preservar local de crime;
45. Receber propina ou comissão em razão de suas atribuições;
46. Praticar usura sob qualquer de suas formas;
47. Procurar a parte interessada em ocorrência policial-militar,
para obtenção de vantagem indevida;
48. Deixar de tomar providências para garantir a integridade
física de preso;
49. Liberar preso ou dispensar parte da ocorrência sem atribui-
ção legal;
50. Evadir-se ou tentar evadir-se de escolta;
51. Publicar ou contribuir para que sejam publicados fatos ou
documentos afetos às autoridades policiais ou judiciárias que pos- sam
concorrer para o desprestígio da Corporação, ferir a disciplina ou a
hierarquia, ou comprometer a segurança;
52. Omitir, em qualquer documento, dados indispensáveis ao
esclarecimento dos fatos;
53. Transportar na viatura, na aeronave ou na embarcação que
esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou material, sem
autorização da autoridade competente;
54. Ameaçar, induzir ou instigar alguém a prestar declarações
falsas em procedimento penal, civil ou administrativo;
55. Faltar ao expediente ou ao serviço para o qual esteja nomi-
nalmente escalado;
56. Afastar-se, quando em atividade policial-militar, da área em
que deveria permanecer ou não cumprir roteiro de patrulhamento
pré-determinado;
57. Evadir-se da detenção;
58. Exercer ou administrar, quando no serviço ativo, a função de
segurança particular ou qualquer outra atividade profissional legal- mente
vedada ou incompatível com a profissão de Militar Estadual ou cause
algumprejuízo ao serviço ou à imagem da Corporação;
59. Apresentar-se para atividades de serviço em estado de em-
briaguez ou sob efeito de substância entorpecente;
60. Usar adereços ou similares não condizentes com os precei- tos
militares;
61. Deixar de cumprir ordem regulamentar ou legal.

ANEXO II
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR DAS
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1 - A apuração das transgressões da disciplina policial-militar,


previstas neste regulamento, obedecerá ao disposto neste anexo.
2 - O processo administrativo disciplinar militar orientar-se-á
pelos critérios da oralidade, simplicidade, infornalidade, economia
procedimental, celeridade e instrumentalidade, assegurando ao
acusado o contraditório e a ampla defesa.
3 - O processo disciplinar destina-se a julgar os oficiais e pra- ças
da Brigada Militar, nos casos de acusação de prática de infração
disciplinar que não se enquadre nas disposições da Lei n° 5.836, de 05 de
dezembro de 1972 e Decreto n° 71.500, de 05 de dezembro de 1972,
criando-lhes as necessárias condições para o exercício da ampla defesa
e do contraditório

DO CONHECIMENTO DA TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR

4 - O conhecimento de transgressão da disciplina policial-mi- litar


exige das autoridades, relacionadas no artigo 20, deste regu- lamento

185
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAacusado; poderá ser designado escrivão para lavrar os termos da
5 - Nenhuma transgressão da disciplina policial-militar conhe- cida
audiência;
poderá ficar sem ser devidamente apurada, sob pena de res-
ponsabilidade funcional.
6 - O conhecimento da transgressão da disciplina policial-mili- tar
dar-se-á nos seguintes casos:
a) através da parte disciplinar, previstas nos artigos 25 a 27 des- te
regulamento;
b) através das conclusões de Procedimentos Administrativos
Investigatórios (Inquérito Policial Militar - IPM, Sindicância, Inquéri- to
Técnico - IT, Auditoria e Inspeção Correicional);
c) através da comunicação formal de autoridades e do público em
geral;
d) através de reclamação do ofendido que, se Militar Estadual,
deverá observar o canal de comando;
e) através dos meios de comunicação social.

DA APURAÇÃO DA TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR

7 - A reclamação do ofendido deverá ser reduzida a termo, po- dendo


ser instaurada Sindicância ou IPM, para apurar as circunstân- cias da
imputação;
8 - Quando o conhecimento da transgressão disciplinar ocorrer
através dos meio de comunicação social, a autoridade competente
poderá instaurar Sindicância ou IPM para apurar as circunstâncias da
imputação;
9 - Em caso de denúncia anônima, se não houver consistência na
acusação, a autoridade competente poderá mandar arquivá-la, por
despacho devidamente motivado, ou instaurar Sindicância ou IPM para
apurar o denunciante e as circunstâncias da imputação;
10 - Se presentes circunstâncias concorrentes à transgressão
disciplinar e indícios de crime militar,deveráser instaurado IPM.

DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR

11 - Através da parte disciplinar:


a) a instauração do processo dar-se-á pela autoridade com
atribuição disciplinar, consoante o disposto no Art. 20 deste regu-
lamento.
b) recebida a parte disciplinar e demais documentos instrutó- rios,
a autoridade mandará autua-la, dando-se o início do processo
administrativo, designará a audiência de justificação e determinará a
notificação do acusado para comparecer no dia e horário apraza- dos,
oportunidade em que deverá apresentar resposta escrita com as provas
que entender cabíveis, devendo trazer suas testemunhas.
c) a audiência de justificação deverá ser marcada no prazo de três
dias úteis, contados da notificação formal do acusado;
a cientificação do acusado será feita através da Notificação
Disciplinar, entregue mediante recibo na segunda via, que deverá ser
juntada aos autos, devendo constar a advertência de que sua ausência à
audiência de justificação implicará em reconhecimento dos fatos como
verdadeiros, conforme preceitua o art. 285 do CPC;
e) acompanhará a notificação cópia da parte disciplinar;
f) até o dia da audiência de justificação, os autos deverão ficar à
disposição do acusado, na 1ª Seção, para vista ou eventual extração de
cópias, mediante solicitação formal do mesmo, quando deverão ser
conclusos a quem irá presidi-la;
g) a audiência de justificação será presidida pela autoridade com
competência para punir o transgressor, ou por Militar Estadual
designado;
h) o Militar Estadual designado para presidir a audiência de jus-
tificação deverá ser superior hierárquico ou com precedência sobre o

186
LEGISLAÇÃO
j) o acusado regularmente notificado deverá comparecer à au-
ESPECÍFICA nição disciplinar às autoridades que tenham competência concor- rente;
diência de justificação, no dia e horário aprazados, acompanhado das
suas testemunhas;
l) aberta a audiência de justificação, o acusado deverá apresen- tar
resposta escrita, pessoalmente ou através de advogado especi-
ficamente constituído;
m) o acusado que admitir a transgressão poderá fazê-la oral-
mente, o que será reduzido a termo e lido, devendo ser assinado pelo
encarregado da audiência, pelo declarante, pelo escrivão, se houver, e
por duas testemunhas instrumentais;
n) não admitindo a transgressão disciplinar, o acusado, na res-
posta escrita, deverá expor toda matéria de defesa, apresentando as
provas moralmente legítimas, ainda que não especificadas em lei,
hábeis para provar a veracidade do alegado;
o) todas as provas serão produzidas na audiência de justifica- ção,
podendo o encarregado limitar ou excluir as que considerarem
excessivas, impertinentes ou protelatórias, conforme previsto no
artigo 30, parágrafo único, deste Regulamento;
p) de todo o ocorrido na audiência de justificação será lavrado
termo, assinado pelo encarregado, pelo acusado e/ou seu advoga- do e
pelas testemunhas, se houver;
q) finda a audiência de justificação, os autos serão conclusos à
autoridade competente, para solução da parte disciplinar;
12 - Através das conclusões de Procedimentos Administrativos
Investigatórios:
a) a apuração da transgressão da disciplina policial-militar, noti-
ciada em Procedimentos Administrativos Investigatórios, será feita nos
próprios autos;
b) recebidos os autos, a autoridade com competência para pu- nir
o transgressor procederá na forma prevista no número “11” e alíneas
deste subtítulo, com o relatório, parecer ou conclusões do
encarregado do processo administrativo, mais a solução da auto-
ridade decisória, condições em que será dispensada a parte disci-
plinar;
13 - Através de comunicação formal de autoridades e do públi- co
em geral:
a) recebida a comunicação formal de autoridade ou público em
geral de transgressão disciplinar policial-militar, a autoridade com
competência para punir o transgressor mandará autua-la como
processo administrativo e procederá na forma prevista no número
“11” e alíneas deste subtítulo, com o documento que deu origem à
autuação substituindo parte disciplinar;
14 - Através de reclamação do ofendido não se tratando de mi- litar
estadual.
a) quando não instaurada sindicância ou IPM, recebido o terno da
reclamação do ofendido noticiando transgressão disciplinar po- licial-
militar, a autoridade com competência para punir o transgres- sor
mandará autua-la como processo administrativo e procederá na forma
prevista no número “11” e alíneas deste subtítulo, com o ter- mo
substituindo a parte disciplinar. Tratando-se de militar estadual deverá
encaminhar a denúncia observando os canais de comando;
b) instaurada sindicância ou IPM, a autoridade com competên- cia
para punir o transgressor procederá na forma prevista no núme- ro “12”
e alíneas deste subtítulo.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

15 - A admissão pelo acusado do cometimento de transgressão


disciplinar, de que trata o inciso IV do Art. 35 deste regulamento,
deverá ser considerada como circunstância atenuante preponde-
rante na aplicação da sanção disciplinar;
16 - As autoridades relacionadas nos incisos I e III do artigo 20
deste regulamento poderão delegar a apuração e aplicação da pu-
187
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
17 - Praticada a transgressão disciplinar na presença de uma das
convivência familiar e comunitária.
autoridades relacionadas nos incisos II a VII do artigo 20 deste
regulamento, esta designará servidor militar para presidir a audiên- cia de
justificação, mediante Portaria, que será autuada como pro- cesso
administrativo, com relato do fato, observado os requisitos do artigo 28
deste regulamento, que procederá na forma prevista nos números “11”
e “12” do subtítulo anterior deste anexo, com a Por- taria substituindo a
parte disciplinar, ou poderá solicitar à autori- dade imediatamente
superior, mediante parte disciplinar, que pro- ceda a sua apuração e
aplique a punição disciplinar, se for o caso;
18 - No cumprimento das sanções disciplinares de detenção e
prisão o Militar Estadual punido deverá permanecer fardado;
19 - Os horários de visitas deverão ser regulados pelas autori- dades
que aplicaram a sanção, não devendo ultrapassar o período de duas horas
diárias, exceto aos advogados aos quais deverá ser observada a legislação
pertinente (Estatuto dos Advogados, Lei n° 8.906/1994). Situações
excepcionais deverão ser solucionadas pela autoridade responsável pelo
cumprimento da punição disciplinar;
20 - Nos casos em que a autoria e materialidade da transgres- são
disciplinar sejam suficientes para a imputação ao acusado fica
dispensada a instauração de Procedimento Administrativo Investi-
gatório, devendo, neste caso ser instaurado imediatamente o Pro- cesso
Administrativo Disciplinar Militar.

LEI MARIA DA PENHA

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar


contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dis-
põe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Pe-
nal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- cional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES
PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência


doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e
estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli- gião,
goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência,
preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa- mento moral,
intelectual e social.
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimen- tação,
à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es- porte, ao lazer,
188
LEGISLAÇÃO
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visemESPECÍFICA
garantir os ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti- cas e
familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli- gência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as con-
dições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no
caput.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu- liares
das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e


familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi-
cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº
150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual.
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher consti- tui
uma das formas de violação dos direitos humanos.

CAPÍTULO II
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CON-
TRA A MULHER

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a


mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer condu- ta
que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma-
nipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, ex-
ploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação
dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação se- xual
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou
que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou mani- pulação; ou que limite

189
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés- tica e
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu- ta
familiar será prestada de forma articulada e conforme os prin- cípios e as
que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus
diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os desti- nados a satisfazer
suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
configure calúnia, difamação ou injúria.

TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO

Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e


familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti- culado
de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública,
assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia,
concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência
doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza- ção de dados, a
serem unificados nacionalmente, e a avaliação pe- riódica dos
resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos
e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e
familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso
IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ; IV - a
implementação de atendimento policial especializado para as
mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à
Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre-
venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao
público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; VI - a
celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover- namentais
ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a
implementação de programas de erradicação da vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais per-
tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem
valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a
perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equida- de de
gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência domés- tica e
familiar contra a mulher.

CAPÍTULO II
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

190
LEGISLAÇÃO
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre
ESPECÍFICA legais cabíveis.
outras normas e políticas públicas de proteção, e emergen- cialmente
quando for o caso.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em
situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro- gramas
assistenciaisdogoverno federal,estadual emunicipal.
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência do-
méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló- gica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte-
grante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o
afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o
caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de
união estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894,
de 2019)
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência domésti- ca e
familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
violênciasexual.
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física,
sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica
obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao
Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos
relativos aos serviços de saúde prestados para o total trata- mento das
vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os
recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado
responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. (Vide
Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de
perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das
vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas
protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº
13.871, de 2019)(Vigência)
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não
poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher
e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou en- sejar
possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de
2019)(Vigência)
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem
prioridade para matricular seus dependentes em instituição de
educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para
essa instituição, mediante a apresentação dos documentos
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de
violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882,
de 2019)
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependen- tes
matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste artigo,
e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Minis- tério Público
e aos órgãos competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº
13.882, de 2019)

CAPÍTULO III
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-


méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
191
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAfato e de suas circunstâncias;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência do-
méstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado,
ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo
feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
2017)
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência domésti- ca e
familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de
crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela
Lei nº 13.505, de 2017)
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situa- ção de
violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em si-
tuação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão
contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquiri- ções
sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrati- vo, bem
como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505,
de 2017)
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência domés- tica e
familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á,
preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº
13.505, de 2017)
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para
esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequa- dos à idade
da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e
ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluí- do pela Lei nº 13.505,
de 2017)
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro-
fissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela
autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag-
nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluí- do
pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do-
méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras provi-
dências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de
imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para
abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os
serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual
ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa- ração judicial,
de divórcio, de anulação de casamento ou de disso- lução de união
estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) Art. 12. Em todos os
casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro
da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os
seguintes procedimentos, sem pre-
juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do
192
LEGISLAÇÃO
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,ESPECÍFICA
expediente mitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
medidas protetivas deurgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua
folha de antecedentes criminais, indicando a existência de man- dado de
prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou pos- se de
arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa
informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res- ponsável
pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz
e ao Ministério Público.
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- de
policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor; II -
nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicita- das
pela ofendida.
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agrava-
mento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de
2019)
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referi- do
no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos
disponíveis em posse da ofendida.
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron-
tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas
políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Po- lícia Civil, à
criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
(Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes
especializadas para o atendimento e a investigação das vio- lências
graves contra a mulher.
Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos
necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica e
familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida
ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivên- cia coma
ofendida: (Redação dadapela Lei nº 14.188, de 2021)
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de
2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de
comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e
não houver delegado disponível no momento da denúncia. (In-
cluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz
será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e
decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público conco-

193
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi-
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à dências cabíveis.
efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a
liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce- didas
TÍTULO IV
pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da
DOS PROCEDIMENTOS
ofendida.
CAPÍTULO I § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi- das de
DISPOSIÇÕES GERAIS imediato, independentemente de audiência das partes e de
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e comunicado.
criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou
contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por
e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta forem ameaçados ou violados.
Lei. § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên- cia ou
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e crimi- nal, rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote- ção da
poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Terri- tórios, e ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério
pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas Público.
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de
noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de representação da autoridade policial.
dissolução de união estável no Juizado de Violência Domésti- ca e Familiar Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no
contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Do- méstica como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi- quem.
e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à parti- lha de bens. Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do
ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação defensor público.
terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
2019) notificação ao agressor .
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces- sos
cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: SEÇÃO II
I - do seu domicílio ou de sua residência; DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; III - AGRESSOR
do domicílio do agressor.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa- ção da Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de ime- diato,
perante o juiz, em audiência especialmente designa- da com tal finalidade, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. protetivas de urgência, entre outras:
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli- que o de dezembro de 2003 ;
pagamento isolado de multa. II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida;
CAPÍTULO II
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu- nhas,
SEÇÃO I fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
DISPOSIÇÕES GERAIS b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
qualquer meio decomunicação;
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca- berá c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: integridade física e psicológica da ofendida;
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me- didas IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno- res,
protetivas deurgência; ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço si- milar;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as- V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
sistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplica- ção de
ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamen- to ou de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segu- rança da
dissolução de união estável perante o juízo competente; (Redação ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi- dência ser
dada pela Lei nº 13.894, de 2019) comunicada ao Ministério Público.

194
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICAjudicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo
órgão, corporação ou instituição as medidas proteti- vas de urgência
concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o
superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimesdeprevaricação
ou dedesobediência, conforme ocaso.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur-
gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força
policial.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou- ber, o
disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

SEÇÃO III
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou- tras
medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi- cial
ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen-
dentes aorespectivo domicílio, após afastamento doagressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos
direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a
transferência deles para essa instituição, independentemente da
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou- tras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à
ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de
compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex- pressa
autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por
perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para
os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.

SEÇÃO IV
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
DO CRIME DE
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS
PROTETIVAS DE URGÊNCIA
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro-


tetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de
2018)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela
Lei nº 13.641, de 2018)
§ 1º A configuração do crime independe da competência ci- vil ou
criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de
2018)
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autorida- de
195
LEGISLAÇÃO
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras
ESPECÍFICA pela legislação processual pertinente.
sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)

CAPÍTULO III
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,


nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e
familiar contra a mulher.
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu-
cação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami- liar,
e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis
no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher.

CAPÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu- lher


em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência do-
méstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de
Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e
judicial, mediante atendimento específico e humanizado.

TÍTULO V
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a


Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de
atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar,
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em au- diência,
e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e
outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com
especial atenção às crianças e aos adolescentes. Art. 31. Quando a
complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá
determinar a manifestação de profissio- nal especializado, mediante a
indicação da equipe de atendimento
multidisciplinar.
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or-
çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da
equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de
Diretrizes Orçamentárias.

TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência


Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumula- rão
as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau- sas
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher, observadas as previsões do TÍTULO IV desta Lei, subsidia- da

196
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA “Art. 313. .................................................
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va- ras
criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.

TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa- miliar


contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das
curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
poderão criar e promover, no limite das respectivas competências: I -
centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu- lheres e
respectivos dependentes em situação de violência domés-
tica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me- nores
em situação de violência doméstica e familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú- de e
centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher
em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do-
méstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às
diretrizes e aos princípios desta Lei.
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre- vistos
nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi- nistério
Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída há
pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com
representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra
a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi- ciais do
Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de
dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Esta- dos e do
Distrito Federal poderão remeter suas informações crimi- nais para a
base de dados do Ministério da Justiça.
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da me- dida
protetiva de urgência. (Incluído pelaLei nº 13.827, de 2019)
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão regis- tradas
em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de
Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública
e dos órgãos de segurança pública e de assis- tência social, com vistas à
fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. (Incluído pela Lei nº
13.827, de 2019)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes
orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamen- tárias
específicas, em cada exercício financeiro, para a implementa- ção das
medidas estabelecidas nesta Lei.

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras


decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami- liar
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte
inciso IV:

197
LEGISLAÇÃO
................................................................ ESPECÍFICA
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência.” (NR)
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 61. ..................................................
.................................................................
II -............................................................
.................................................................
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
contra a mulher na forma da lei específica;
........................................................... ” (NR)
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 129. ..................................................
..................................................................
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- ticas,
de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
..................................................................
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de
um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
deficiência.” (NR)
Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de
Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 152. ...................................................
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após sua
publicação.

Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado na ESTATUTO NACIONAL DA IGUALDADE RACIAL
maté- ria de “DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA”.
Não deixe de conferir!
Bons estudos!

LEI N.º 13.694, DE 19 DE JANEIRO DE 2011 ESTATUTO ESTADUAL DA IGUALDADE RACIAL


Institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e dá outras
providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.


Faço saber, em cumprimento ao disposto no artigo 82, inciso IV, da
Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa aprovou e eu
sanciono e promulgo a Lei seguinte:

Art. 1° - Esta Lei institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de


Combate à Intolerância Religiosa contra quaisquer religiões, como
ação estadual de desenvolvimento do Rio Grande do Sul, ob- jetivando a
superação do preconceito, da discriminação e das desi- gualdades
raciais.

198
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA Parágrafo único - O acesso universal e igualitário ao Sistema Único
§ 1° - Para efeito deste Estatuto, considerar-se-á discriminação racial
de Saúde – SUS – para a promoção, proteção e recuperação da saúde da
toda distinção, exclusão ou restrição baseada em raça, cor,
população negra será proporcionado através de ações e de serviços
descendência, origem nacional ou étnica que tenha por objetivo
focalizados nas peculiaridades dessa parcela da po- pulação.
cercear o reconhecimento, o gozo ou o exercício dos direitos hu-
Art. 5º - Os órgãos de saúde estadual monitorarão as condições da
manos e das liberdades fundamentais em qualquer campo da vida pública
população negra para subsidiar o planejamento mediante, den- tre
ou privada, asseguradas as disposições contidas nas legisla- ções
outras, as seguintes ações:
pertinentes à matéria.
I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizan- do a
§ 2° - Para efeito deste Estatuto, considerar-se-á desigualdade racial
toda situação injustificada de diferenciação de acesso e frui- ção de bens, redução das desigualdades étnicas e o combate à discrimina- ção nas
serviços e oportunidades, nas esferas pública e priva- da, em virtude de instituições e serviços do SUS;
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica. II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que
§ 3° - Para beneficiar-se do amparo deste Estatuto, conside- rar-se- tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados por cor, etnia e
á negro aquele que se declare, expressamente, como negro, pardo, gênero;
mestiço de ascendência africana, ou através de palavra ou expressão III - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos
equivalente que o caracterize negro. processos de formação e de educação permanente dos trabalhado- res da
§ 4° - Para efeito deste Estatuto, serão consideradas ações afir- saúde;
mativas os programas e as medidas especiais adotados pelo Estado e pela IV - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro- cessos
iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a de formação das lideranças de movimentos sociais para o exercício da
promoção da igualdade de oportunidades. participação e controle social no SUS.
§ 5° - O Poder Público adotará as medidas necessárias para o Parágrafo único - Os membros das comunidades remanescen- tes de
combate à intolerância para com as religiões, inclusive coibindo a quilombos serão beneficiários de incentivos específicos para a garantia
utilização dos meios de comunicação social para a difusão de pro- do direito à saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais, no
posições que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por saneamento básico, na segurança alimentar e nutri- cional e na atenção
motivos fundados na religiosidade. integral à saúde.
Art. 2° - O Estatuto Estadual da Igualdade Racial e de Combate à Art. 6° - Serão instituídas políticas públicas de incentivo à pes- quisa
Intolerância Religiosa orientará as políticas públicas, os programas e as do processo de saúde e doença da população negra nas insti- tuições de
ações implementadas no Estado, visando a: ensino, com ênfase:
I - medidas reparatórias e compensatórias para os negros pelas I - nas doenças geneticamente determinadas;
sequelas e consequências advindas do período da escravidão e das práticas II - na contribuição das manifestações negras de promoção à
institucionais e sociais que contribuíram para aprofundar as saúde;
desigualdades raciais presentes na sociedade; III - na medicina popular de matriz africana;
II - medidas inclusivas, nas esferas pública e privada, que asse- gurem IV - na percepção popular do processo saúde/doença;
a representação equilibrada dos diversos segmentos raciais V - na escolha da terapêutica e eficácia dos tratamentos; VI -
componentes da sociedade gaúcha, solidificando a democracia e a no impacto do racismo sobre as doenças.
participação de todos. Art. 7° - Poderão ser priorizadas pelo Poder Público iniciativas que
Art. 3° - A participação dos negros em igualdade de condições na vida visem à:
social, econômica e cultural do Estado do Rio Grande do Sul será I - criação de núcleos de estudos sobre a saúde da população negra;
promovida através de medidas que assegurem: II - implementação de cursos de pós-graduação com linhas de
I - o reconhecimento e a valorização da composição pluriétnica da pesquisa e programas sobre a saúde da população negra no âmbito das
sociedade sul-riograndense, resgatando a contribuição dos negros na universidades;
história,nacultura,napolíticaenaeconomiadoRioGrandedoSul; III - inclusão da questão da saúde da população negra como tema
II - as políticas públicas, os programas e as medidas de ação transversal nos currículos dos ensinos Médio e Superior;
afirmativa, combatendo especificamente as desigualdades raciais que IV - inclusão de matérias sobre etiologia, diagnóstico e trata-
atingem as mulheres negras; mento das doenças prevalentes na população negra e medicina de matriz
III - o resgate, a preservação e a manutenção da memória his- tórica africana, nos cursos e treinamentos dos profissionais do SUS;
legada à sociedade gaúcha pelas tradições e práticas socio- culturais V - promoção de seminários e eventos para discutir e divulgar os
negras; temas da saúde da população negra nos serviços de saúde.
IV - o adequado enfrentamento e superação das desigualdades Art. 8º - Os negros terão políticas públicas destinadas à redu- ção do
raciais pelas estruturas institucionais do Estado, com a implemen- tação risco de doenças que têm maior incidência, em especial, a doença
de programas especiais de ação afirmativa na esfera pública, visando ao falciforme, as hemoglobinopatias, o lúpus, a hipertensão, o diabetes e os
enfrentamento emergencial das desigualdades raciais; miomas.
V - a promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com- bate
ao racismo em todas as suas manifestações individuais, estru- turais e CAPÍTULO II
institucionais; DO DIREITO À CULTURA, À EDUCAÇÃO, AO
VI - o apoio às iniciativas oriundas da sociedade civil que pro- ESPORTE E AO
movam a igualdade de oportunidades e o combate às desigualda- des LAZER
raciais.

Art. 4º - A saúde dos negros será garantida mediante políticas sociais


CAPÍTULO I e econômicas que visem à prevenção e ao tratamento de doenças
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE geneticamente determinadas e seus agravos.

199
Art. 9º - O Poder Público promoverá políticas e programas de ação
afirmativa que assegurem igualdade de acesso ao ensino pú- LEGISLAÇÃO
blico para
ESPECÍFICA
os negros, em todos os níveis de educação, proporcio- nalmente a sua
parcela na composição da população do Estado, ao mesmo tempo em
que incentivará os estabelecimentos de ensino privado a adotarem
tais políticas e programas.

200
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA CAPÍTULO III
Art. 10 - O Estado deve promover o acesso dos negros ao ensi- no
DO ACESSO AO MERCADO DE TRABALHO
gratuito, às atividades esportivas e de lazer e apoiar a iniciativa de
entidades que mantenham espaço para promoção social desta parcela Art. 17 - O Poder Público deverá promover políticas afirmativas que
da população. assegurem igualdade de oportunidades aos negros no acesso aos cargos
Art. 11 - Nas datas comemorativas de caráter cívico, as insti- públicos, proporcionalmente a sua parcela na composi- ção da população
tuições de ensino públicas deverão inserir nas aulas, palestras, tra- balhos do Estado, e incentivará a uma maior equidade para os negros nos
e atividades afins, dados históricos sobre a participação dos negros nos empregos oferecidos na iniciativa privada.
fatoscomemorados. Parágrafo único - Para enfrentar a situação de desigualdade de
Art. 12 - As instituições de ensino deverão respeitar a diversi- dade oportunidades, deverão ser implementadas políticas e programas de
racial quando promoverem debates, palestras, cursos ou ativi- dades formação profissional, emprego e geração de renda voltadas aos negros.
afins, convidando negros, entre outros, para discorrer sobre os temas Art. 18 - A inclusão do quesito raça, a ser registrado segundo a
apresentados. autoclassificação, será obrigatória em todos os registros adminis- trativos
Art. 13 - O Poder Público deverá promover campanhas que di- direcionados a empregadores e trabalhadores dos setores público e
vulguem a literatura produzida pelos negros e aquela que reprodu- za a privado.
história, as tradições e a cultura do povo negro.
Art. 14 - Nas instituições de ensino, públicas e privadas, deverá ser CAPÍTULO IV
oportunizado o aprendizado e a prática da capoeira, como ativi- dade DAS TERRAS QUILOMBOLAS
esportiva, cultural e lúdica, sendo facultada a participação dos mestres
tradicionais de capoeira para atuarem como instrutores desta Art. 19 – Aos remanescentes das comunidades de quilombos que
arteesporte. estejam ocupando terras quilombolas no Rio Grande do Sul, será
Art. 15 - O Estado deverá promover programas de incentivo, reconhecida a propriedade definitiva das mesmas, estando o Estado
inclusão e permanência da população negra nos ensinos Médio, autorizado a emitir-lhes os títulos respectivos, em observân- cia ao direito
Técnico e Superior, adotando medidas para: assegurado no art. 68 do Ato das Disposições Consti- tucionais
I - incentivar ações que mobilizem e sensibilizem as instituições Transitórias da Constituição Federal e na Lei n.º 11.731, de 9 de janeiro de
privadas de Ensino Superior para que adotem as políticas e ações 2002, que dispõe sobre a regularização fundiária de áreas ocupadas por
afirmativas; remanescentes de comunidades de quilombos.
II - incentivar e apoiar a criação de cursos de acesso ao Ensino
CAPÍTULO V
Superior para estudantes negros, como mecanismo para viabilizar uma
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
inclusão mais ampla e adequada destes nas instituições;
III - dar cumprimento ao disposto naLei Federal n.º 9.394, de 20 de Art. 20 - A idealização, a realização e a exibição das peças publi- citárias
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação veiculadas pelo Poder Público deverão observar percentual de artistas,
nacional, e na Lei Federal n.º 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui modelos e trabalhadores afrodescendentes em número equivalente ao
o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis n.os 7.716, de 5 de janeiro de resultante do censo do Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística −
1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, IBGE − de afro-brasileiros na composição da população do Rio Grande
de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003, no que do Sul.
tange a obrigatoriedade da inclusão da História e da Cultura Art. 21 - A produção veiculada pelos órgãos de comunicação
Afrobrasileiras nos currículos escolares dos ensinos Médio e Fun- valorizará a herança cultural e a participação da população negra na
damental; história do Estado.
IV - estabelecer programas de cooperação técnica com as es- colas Art. 22 - Na produção de filmes, programas e peças publicitá- rias
de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas
Técnico para a capacitação de professores para o ensino da História e da cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir opor-
Cultura Negras e para o desenvolvimento de uma edu- cação baseada nos tunidades de emprego para atores, figurantes e técnicos negros, sendo
princípios da equidade, tolerância e respeito às diferenças raciais; vedada toda e qualquer discriminação de natureza política, ideológica,
V - desenvolver, elaborar e editar materiais didáticos e paradi- étnica ou artística.
dáticos que subsidiem o ensino, a divulgação, o debate e as ativida- des Parágrafo único - A exigência disposta no “caput” não se aplica aos
afins sobre a temática da História e Cultura Negras; filmes e aos programas que abordem especificidades de grupos étnicos
VI - estimular a implementação de diretrizes curriculares que determinados.
abordem as questões raciais em todos os níveis de ensino, apoian- do Art. 23 - Os órgãos e as entidades da Administração Pública
projetos de pesquisa nas áreas das relações raciais, das ações Estadual poderão incluir cláusulas de participação de artistas ne- gros
afirmativas, da História e da Cultura Negras; nos contratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras
VII - apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos peças de caráter publicitário nos termos da Lei Federal n.º
programas de pósgraduação, que desenvolvam temáticas de inte- resse 12.288/2010.
da populaçãonegra; § 1º - Os órgãos e as entidades de que trata este artigo inclui- rão,
VIII - desenvolver programas de extensão universitária desti- nas especificações para contratação de serviços de consultoria,
nados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, asse- gurado conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças
o princípio da proporcionalidade de gênero entre os bene- ficiários. publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de
Art. 16 - O Estado deverá promover políticas que valorizem a emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço
cultura “Hip-Hop” em suas manifestações de canto do “Rap”, da contratado.
instrumentação dos “DJs”, da dança do “break dance” e da pintura do § 2º - Entende-se por prática de iguais oportunidades de em- prego
grafite. o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finali- dade de
garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao

201
LEGISLAÇÃO
projeto ou serviço contratado. ESPECÍFICA

202
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA 3. Assinale a única alternativa que não contemple um direito
§ 3º - A autoridade contratante poderá, se considerar neces- sário
social previsto na Constituição Federal.
para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, requerer
(A) direito ao lazer
auditoria por órgão do Poder Público.
(B) . direito à previdência social
§ 4º - A exigência disposta no “caput” não se aplica às produ- ções
(C) direito à alimentação
publicitárias quando abordarem especificidades de grupos ét- nicos
(D)direito à ampla defesa
determinados.
(E) direito à educação
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS 4. Segundo as disposições do Art. 12 da Constituição Federal, é
privativo de brasileiro nato o cargo de:
Art. 24 - Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
publicação (B) Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública.
(C) Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
(D) Deputado Federal.
(E) Senador da República.
EXERCÍCI
OS 5. Com base nas disposições constitucionais sobre os direitos e
garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir:
1. [...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais
I. Os cargos de Vice-Presidente da República e Senador são pri- vativos
possam ser aplicados e protegidos da mesma forma, embora todos eles
de brasileiro nato.
estejam sob a guarda de um regime jurídico reforçado, conferi- do pelo
II. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Manda- do de
III. Os partidos políticos não estão subordinados a nenhum tipo de
Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.)
governo, mas podem receber recursos financeiros de entidades
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
nacionais ou estrangeiras.
(A) É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obs- tante
o reconhecimento do princípio da aplicabilidade imediata das
Assinale
normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, há
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
peculiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
direito fundamental, haja vista existirem distintos níveis de
(C) se somente a afirmativa III estiver correta
proteção.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(B) É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhe-
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
cimento do princípio da aplicabilidade imediata das normas
definidoras de direitos e garantias fundamentais no sistema
constitucional brasileiro. 6. Doutrinariamente, o conceito e a classificação das constitui- ções
(C) O autor se refere particularmente à distinção existente
podem variar de acordo com o sentido e o critério adotados para sua
entre direitos fundamentais políticos e direitos fundamentais definição. A respeito dessa temática, leia as afirmativas abaixo:
sociais, haja vista a mais ampla proteção constitucional aos pri- I. Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, “Constituição” seria a
meiros, que não estão limitados ao mínimo existencial. somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade, en-
(D) O autor se refere particularmente à distinção entre os di- quanto reflexo do embate das forças econômicas, sociais, políticas e
reitos fundamentais que consistem em cláusulas pétreas e os religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma norma jurídica, ainda
direitos fundamentais que não estão protegidos por essa cláu- sula, que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela escrita em uma
sendo que a maior proteção dada aos primeiros os torna imunes à “folha de papel”.
incidência da reserva do possível. II. O alemão Carl Schmitt define “Constituição” como sendo uma
(E) O autor se refere particularmente à distinção entre os di- decisão política fundamental, cuja finalidade precípua é orga- nizar e
reitos fundamentais que estão expressos na Constituição de 1988 estruturar os elementos essenciais do Estado. Trata-se do sentido
e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios por ela político delineado na teoria decisionista ou voluntarista, em que a
adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de proteção Constituição é um produto da vontade do titular do Poder
estabelecido em nível constitucional para esses dois grupos de Constituinte.
direitos. III. Embasada em uma concepção jurídica, “Constituição” é uma
norma pura, a despeito de fundamentações oriundas de ou- tras
2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, é certo di- zer disciplinas. Através do sentido jurídico-positivo, Hans Kelsen define a
que quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se- gundo Constituição como norma positiva suprema, dentro de um sistema
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se- guintes escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela ser- ve de
requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização adequada fundamento de validade para todas as demais.
dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; IV. “Constituição-dirigente ou registro” é aquela que traça di-
observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e retrizes objetivando nortear a ação estatal, mediante a previsão de
exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos normas programáticas. Marcante em nações socialistas, visa reger o
trabalhadores, está cumprida a: ordenamento jurídico de um Estado durante certo período de tem- po
(A) Função econômica. nela estabelecido, cujo decurso implicará a elaboração de uma nova
(B) Reforma agrária. Constituição ou adaptação de seu texto.
(C) Desapropriação. V. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é
(D) Função social.
203
LEGISLAÇÃO
classificada, pela doutrina majoritária, como sendo deESPECÍFICA
ordem de-
mocrática, nominativa, analítica, material e super-rígida.

204
LEGISLAÇÃO
Assinale a alternativa correta.
ESPECÍFICA 11. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op- ção
CORRETA.
(A) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas
(A) Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
(B) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em regra,
(C) Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas
são ex nunc.
(D) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
(B) O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re-
gulamentar deve ser realizado pela via difusa.
7. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República,
(C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de
auxiliado pelos Ministros de Estado. No que se refere às disposi- ções
Inconstitucionalidade.
constitucionais sobre o Poder Executivo, analise as afirmativas abaixo:
(D) Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali- dade
I. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que
é admissível a desistência.
lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presi- dente,
(E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
sempre que por ele convocado para missões especiais.
formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada à
II. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presiden- te, ou
Constituição.
vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente cha- mados ao
exercício da Presidência o Presidente do Supremo Tribu- nal Federal, da
12. Sobre a aplicabilidade das normas constitucionais, examine as
Câmara dosDeputadose odo Senado Federal.
assertivas seguintes:
III. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
I – Para Hans Kelsen, eficácia é a possibilidade de a norma jurí- dica, a
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
um só tempo, ser aplicada e não obedecida, obedecida e não aplicada.
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
Para se considerar um preceito como eficaz deve existir a possibilidade de
uma conduta em desarmonia com a norma. Uma norma que
Assinale a alternativa correta.
preceituasse um certo evento que de antemão se sabe que
(A)As afirmativas I, II e III estão corretas necessariamente se tem de verificar, sempre e em toda parte, por força
(B)Apenas as afirmativas I e II estão corretas de uma lei natural, será tão absurda como uma norma que preceituasse
(C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas um certo fato que de antemão se sabe que de forma alguma se poderá
(D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas verificar, igualmente por força de uma lei natural. II – O fenômeno
relativo à desconstitucionalização, ou seja, a retirada de temas do
8. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabili- dade sistema constitucional e a sua inserção em
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
sede de legislação ordinária, pode ser observado no Brasil.
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
III – A norma constitucional com eficácia relativa restringível tem
órgãos, EXCETO:
aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter a am- plitude
(A) Polícia Federal.
reduzida em razão de sobrevir texto legislativo ordinário ou mesmo
(B) Polícia Rodoviária Federal.
sentença judicial que encurte o espectro normativo, como é, por
(C) Defesa Civil.
exemplo, o direito individual à inviolabilidade do domicílio, desde que
(D) Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. é possível, por determinação judicial, que se lhe promo- va restrição.
9. (CGU – ANALISTA DE FINANÇAS – ESAF/2006) Sobre Teoria
Assinale a alternativa CORRETA:
Geral da Constituição, Poderes do Estado e suas respectivas funções e
(A)Apenas as assertivas I e II estão corretas.
Supremacia da Constituição, assinale a única opção correta.
(B)Apenas as assertivas I e III estão corretas.
(A) O poder político de um Estado é composto pelas funções
(C) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
legislativa, executiva e judicial e tem por características essen- ciais a
(D) Todas as assertivas estão corretas.
unicidade, a indivisibilidade e a indelegabilidade.
(B) Uma constituição rígida não podeser objeto de emenda.
13. Sobre o Poder Legislativo da União, assinale a alternativa
(C) A distinção de conteúdo entre uma norma constitucional em
INCORRETA.
sentido formal e uma norma constitucional em sentido ma- terial
(A) A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
tem reflexos sobre a aplicabilidade das normas constitu- cionais.
eleitos, pelo sistema proporcional, em cada estado, em cada
(D) Nem toda constituição classificada como dogmática foi ela-
território e no Distrito Federal.
borada por um órgão constituinte.
(B) O Senado Federal compõe-se de representantes dos esta- dos e
(E) Segundo a doutrina, não há relação entre a rigidez constitu-
do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majori- tário.
cional e o princípio da supremacia da constituição.
(C) Cada estado, território e o Distrito Federal elegerão três se-
nadores, com mandato de oito anos.
10. (PC/ES – AUXILIAR DE PERÍCIA MÉDICO-LEGAL – INSTI-
(D) O número total de deputados, bem como a representação por
TUTO AOCP/2019) O Poder Constituinte classifica-se em Poder
estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado. Assinale a
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
alternativa que apresenta as características do Poder Constituinte
Originário. -se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que
nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito ou mais
(A) Inicial, ilimitado, subordinado e condicionado.
de setenta deputados.
(B) Inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado.
(C) Inicial, limitado, subordinado e incondicionado.
(D) Decorrente, limitado, subordinado e reformador.
(E) Limitado, permanente, autônomo e condicionado.

205
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA 17. A respeito do controle de constitucionalidade preventivo no
14. Referente ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta. (A)O
direito brasileiro, é correto afirmar que
ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por interesse
(A) é exercido pelo Legislativo ao sustar os atos normativos do Poder
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria do respectivo
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as- segurada ampla
delegação legislativa.
defesa.
(B) é praticado, por exemplo, quando o Senado suspende a exe-
(B) Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- res,
cução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
(C) não cabe ao Poder Judiciário exercer esse tipo de controle, Poder
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da
este que tem competência apenas para exercer o con- trole
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das va- gas
repressivo.
por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno.
(D) as comissões parlamentares têm competência para exer- cer
(C) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas
qual se afastou, antes de decorridos 02 (dois) anos do afas- tamento
submetidos.
do cargo por aposentadoria ou exoneração.
(E) o veto presidencial, que é uma forma de controle preven- tivo
(D) As custas e emolumentos serão destinados, preferencial-
de constitucionalidade, é sujeito à apreciação e anulação pelo
mente, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da
Poder Judiciário.
Justiça.
(E) O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
18. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op- ção
membros com mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução.
CORRETA.
(A) Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
15. (PREFEITURA DE VÁRZEA/PB – TÉCNICO EM ENFERMA-
norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em regra,
GEM – EDUCA/2019) São funções do Poder Executivo, EXCETO:
são ex nunc.
(A) Cobrar corretamente os impostos.
(B) O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto re-
(B) Garantir o respeito aos direitos coletivos e individuais.
gulamentar deve ser realizado pela via difusa.
(C) Definir a aplicabilidade de investimentos em serviços públi- cos
(C) É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de
por meio da arrecadação dos impostos.
Inconstitucionalidade.
(D) A quantidade de escolas, hospitais, pavimentos e infraes-
(D) Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali- dade
trutura que atenderão à determinada área (de acordo com suas
é admissível a desistência.
necessidades).
(E) A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
(E) A titularidade das relações internacionais e representativi- dade
formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada à
em atos cívicos, de acordo com o regido na Constituição Federal.
Constituição.
16. (PREFEITURA DE VILA VELHA/ES – ANALISTA ADMINISTRA-
TIVO – IBADE/2020) Considerando o instituto jurídico do Estado de 19. A luz da Constituição Federal de 1988, é CORRETO afirmar que é
Defesa, cujos pressupostos de fundo e de forma são previstos um princípio da República Federativa do Brasil, em que irá reger-se em
expressamente no art. 136, da Constituição Federal de 1988, consi- dere suas relações internacionais.
as seguintesafirmativas: (A) Soberania.
I - A decretação do Estado de Defesa é ato privativo do Pre- (B) Garantir o desenvolvimento nacional.
sidente da República, sendo dispensável prévia manifestação dos (C) A dignidade da pessoa humana.
Conselhos da República e de Defesa Nacional ou reunião do Presi- dente (D) Auto determinação dospovos.
da República com qualquer um dos Conselhos supracitados.
II – No decreto que instaura o Estado de Defesa deve constar 20. A sanção disciplinar possui natureza administrativa; advém do
informação do local restrito e determinado onde ocorrerá. poder disciplinar e é aplicável sobre as pessoas que possuem vínculo
III – É permitido que se determine, no decreto de instauração do específico com a Administração Pública. A sanção de po- lícia possui
Estado de Defesa, a incomunicabilidade dos presos e a restrição de natureza administrativa; advém do poder de polícia e aplica-se sobre as
impetração de Habeas Corpus nos tribunais locais. pessoas que desobedeçam às regulamentações de polícia administrativa.
Já a sanção penal possui natureza penal; decorre do poder geral de
Das afirmativas apresentadas, qual(is) corresponde(m) a requi- sitos persecução penal e aplica-se sobre as pessoas que cometem crimes ou
ou permissões expressas na norma Constitucional para decre- tação do contravenções penais.
Estado de Defesa. ( ) CERTO
Está(ão) correta(s): ( ) ERRADO
(A) somente II e III
(B) somente I e II 21. De modo geral, a doutrina entende que os elementos sub-
(C) somente I e III jetivo, material e formal tradicionalmente utilizados para definir
(D) somente I. serviço público, continuam de forma ampla a servir a esse propó- sito,
(E) somente II. desde que estejam combinados e harmonizados com o fito de acoplar de
forma correta, as contemporâneas figuras jurídicas que vêm sendo
inseridas e determinadas pelo legislador com força de lei, com o fulcro
de oferecer conveniência e utilidades, bem como de atender as
constantes necessidades da população que sempre acontecem de forma
mutante, a exemplo das parcerias público-pri- vadas, das OSCIPs e

206
LEGISLAÇÃO
organizações sociais. ESPECÍFICA
( ) CERTO
( ) ERRADO

207
LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
22. (CESPE- 2013-SEGER/ES -ANALISTA DO EXECUTIVO-TODAS
AS ÁREAS) No que concerne a atos administrativos, assinale a op- ção
correta. GABARITO
(A) Atos declaratórios são aqueles que criam, modificam ou ex-
tinguem direitos. 1 A
(B) Um ato administrativo com vício de finalidade poderá ser
convalidado pela mesma autoridade de que emanou ou pelo seu 2 D
superior hierárquico. 3 D
(C) Mesmo em casos de ilegalidade, os atos administrativos não 4 A
podem ser invalidados pelo Poder judiciário, como postu- lado no
princípio da separação dos poderes. 5 B
(D) São requisitos do ato administrativo: competência, objeto, 6 D
forma, validade e finalidade. · 7 D
(E) Um ato emanado do administrador goza d presunção de le-
gitimidade, independentemente de lei que expresse atributo. 8 C
9 A
23. (FGV/PREF NITERÓI/2015) Fernando, servidor público 10 B
municipal, no exercício da função inerente ao seu cargo efetivo de Fiscal
de Tributos, agiu negligentemente na arrecadação de tributo municipal. 11 E
De acordo com a Lei n. 8.429/1992, em tese, Fernando: 12 B
(A) não praticou ato de improbidade administrativa, para cuja 13 C
configuração é imprescindível conduta dolosa;
(B) não praticou ato de improbidade administrativa, porque não 14 B
se beneficiou direta e economicamente; 15 B
(C) não praticou ato de improbidade administrativa, devendo 16 E
apenas ser responsabilizado em âmbito disciplinar;
(D) deve ser condenado, mediante processo administrativo, às 17 D
sanções previstas na citada lei, por ter praticado ato de impro- 18 E
bidade administrativa; 19 D
(E) deve ser condenado, mediante processo judicial de nature- za
cível, às sanções previstas na citada lei, por ter praticado ato de 20 CERTO
improbidade administrativa. 21 CERTO
22 E
24. A regra da responsabilidade civil objetiva não pode ser apli- cada
aos atos das empresas públicas e das sociedades de economia mista 23 E
exploradoras de atividade econômica, tendo em vista que o art. 173, § 24 ERRADO
1º, da CF/1988, determina de forma expressa que elas sejam regidas
pelas mesmas normas aplicáveis às empresas de eco- nomia mista.
( ) CERTO
( ) ERRADO

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LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO
ESPECÍFICA

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