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PROPÓSITO
Compreender os conceitos e as características do Poder Constituinte Originário e do Poder
Constituinte Derivado, bem como os Princípios Fundamentais da República Federativa do
Brasil e a separação dos poderes.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos a Constituição Federal de 1988,
atualizada, para consulta durante seus estudos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Aprenderemos sobre as características do Poder Constituinte e os Princípios Fundamentais da
Constituição. Vamos diferenciar e apontar as principais características do Poder Constituinte
Originário e Derivado (decorrente, reformador e revisor), assim como os principais pontos
teóricos dos Princípios Fundamentais da República.
Nesse sentido, o Poder Constituinte Originário concebe todos os outros poderes ao criar um
Estado por meio da apresentação de uma nova Constituição. Define-se como “originário” por
inovar na ordem jurídica e estabelecer modelos para a alteração de seu texto (Poder
Constituinte Reformador e Revisor) ou na elaboração das Constituições dos Estados-membros
(Poder Constituinte Decorrente).
De acordo com a doutrina, o Poder Constituinte Originário manifesta-se por meio de:
DELIBERAÇÃO
MANIFESTAÇÃO
ELABORAÇÃO
DELIBERAÇÃO
ELABORAÇÃO
A natureza jurídica do Poder Constituinte Originário enfrenta duas correntes que analisam a
sua relação precedente ou posterior à existência do Estado:
CONCEPÇÃO JUSNATURALISTA
Considera o PCO uma autonomia de direito. Para tal concepção, mesmo que o poder anteceda
à formação do Estado, existe uma base normativa que dá a ele uma fundamentação (direito
natural).
ATENÇÃO
O Direito Natural é caracterizado pelos princípios morais e éticos que advêm da natureza
humana e dos ideais de justiça, como o direito à vida, liberdade e isonomia. O Poder
Constituinte é anterior ao Estado e tem a função de organizá-lo por meio da Constituição.
CONCEPÇÃO JUSPOSITIVISTA
Defende que não há como existir a possibilidade de se pensar o direito antes de uma
preexistência do Estado. Portanto, o Poder Constituinte é tido como poder político. Importante
destacar que esse é o pensamento que predomina.
SUBJETIVO
Relaciona-se à titularidade (povo) e ao exercício do poder (Assembleia Nacional Constituinte).
OBJETIVO
Relaciona-se ao equilíbrio entre o conteúdo da Constituição e os anseios dos seus titulares.
Acerca do exercício do Poder Constituinte, é importante destacar as formas como ele poderá
ser expresso. Existem duas possibilidades:
O povo escolhe seus representantes, os quais serão responsáveis por elaborar o novo
documento constitucional. Essa representação acontecerá mediante uma Assembleia Nacional
Constituinte. A Constituição Federal de 1988 é um exemplo desse exercício democrático.
EXERCÍCIO AUTOCRÁTICO
A Constituição será estabelecida por meio de um indivíduo ou por um grupo de indivíduos que
alcança o poder sem qualquer tipo de participação popular.
INICIAL
ILIMITADO
Não há limitação do seu poder em virtude da ordem jurídica precedente.
INCONDICIONADO
AUTÔNOMO
PERMANENTE
Não se esgota na Constituição, podendo vir a ser exercido posteriormente em virtude de novas
condições políticas.
Uma corrente argumenta que, por mais que a autonomia Constituinte originária não precise
respeitar normas da Constituição anterior, ela deve respeitar normas precedentes, ou seja, os
princípios, inclusive o princípio da vedação ao retrocesso.
CONDICIONADO
Condiciona-se às atribuições descritas expressa ou implicitamente no texto constitucional.
Tem o poder de alterar formalmente a Constituição, por meio de emendas, para atualizar o seu
sentido e as suas disposições a novas vivências da sociedade.
Revisão da Constituição depois de 5 anos de sua promulgação, conforme o Art. 3º do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Já passou e não existe mais na atualidade.
Fonte: Vanessa Volk / Shutterstock
Embora uma parte da doutrina brasileira acredite que a Constituição Federal de 1988 seja
super-rígida, por conta das cláusulas pétreas, ela é considerada rígida e, dessa forma, o
processo de alteração constitucional exige o cumprimento de requisitos e limites mais robustos
do que a aprovação da legislação ordinária.
Essa rigidez faz com que surjam limitações ao poder reformador, sendo elas:
LIMITAÇÕES EXPLÍCITAS
São aquelas que constam na própria Constituição de forma clara e objetiva, e que traçam as
regras às quais o poder reformador deve obediência. Essas limitações se dividem em quatro
categorias:
Formais;
Materiais;
Circunstanciais;
Temporais.
LIMITAÇÕES FORMAIS
São marcos previstos na redação constitucional, exigindo um processo legislativo formal e com
quesitos bem definidos para aprovação das emendas. Podem ser classificadas em:
As limitações materiais constam das cláusulas pétreas (Art. 60, §4º, CF/88), que impedem o
conteúdo da emenda constitucional em determinados assuntos. Quando a emenda é
considerada inconstitucional nesse âmbito, deve-se buscar abolir o núcleo essencial das
cláusulas pétreas.
Voto
Preservação da participação e do exercício do cidadão brasileiro na
direto,
política de seu país. Lembre-se de que o voto obrigatório não é uma
secreto,
cláusula pétrea, ou seja, é capaz de ser um objeto de alteração em
universal e
emendas constitucionais.
periódico
Preservação dos limites impostos pela CF/88. Esta cláusula pétrea não
Separação
busca uma separação rígida dos poderes, mas sim uma repartição
dos
equilibrada de competências das funções típicas e atípicas dos
poderes
poderes.
Importante destacar que a expressão “tendentes a abolir”, do Art. 60, § 4º, não é uma proibição
do constituinte à simples reformulação linguística das cláusulas ou às reformulações
superficiais. É proibido apenas aquilo que pretende abolir o núcleo central do tema. Pode-se,
inclusive, ampliar tais direitos.
ATENÇÃO
Mesmo citadas pela doutrina, as limitações temporais não existem na Constituição Federal
de 1988. Elas dizem respeito a momentos previamente determinados em que não é permitida a
mudança do texto constitucional.
Além dos limites expressamente colocados no texto constitucional, a doutrina traz uma série de
limitações implícitas advindas da interpretação sistemática constitucional, sendo elas:
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre os limites ao Poder Constituinte Derivado
Reformador.
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Alguns consideram que a elaboração das Constituições estaduais se manifesta de forma inicial
e inaugural nos Estados-membros, e outros que ela é uma decorrência do comando do Poder
Originário.
Acerca desse tema, existem três correntes na doutrina Poder Constituinte Decorrente:
PRIMEIRA CORRENTE
SEGUNDA CORRENTE
TERCEIRA CORRENTE
PRIMEIRA CORRENTE
SEGUNDA CORRENTE
Considera que, embora diferente do Poder Originário, ambos se assemelham quanto ao fato da
elaboração de uma Constituição.
TERCEIRA CORRENTE
Considera que esse poder possui dupla natureza (Poder Originário e Derivado).
PODER CONSTITUINTE
DECORRENTE INICIAL
PODER CONSTITUINTE
DECORRENTE
DE REVISÃO ESTADUAL
PODER CONSTITUINTE DECORRENTE INICIAL
Modificação do texto da Constituição dos Estados-membros, com base nos limites das
Constituições estaduais e federal.
Quanto aos municípios, a doutrina majoritária narra que eles não podem exercer o Poder
Constituinte Decorrente, pois estão sujeitos a uma dupla vinculação, ou seja, são
condicionados simultaneamente à Constituição Estadual e à Constituição Federal.
ATENÇÃO
Os municípios editam Lei Orgânica que, em caso de incompatibilidade com uma lei ordinária,
constituirá uma hipótese de crise de legalidade e não uma hipótese de inconstitucionalidade.
O Poder Constituinte Decorrente é um poder que deve extrair sua legitimidade diretamente
do texto da Constituição Federal, e isso não ocorreria caso tivéssemos um Poder Decorrente
municipal, uma vez que está sujeito a uma dupla vinculação.
Quanto aos territórios federais, a doutrina destaca que, caso venham a ser criados, eles não
podem exercer o Poder Constituinte Decorrente, pois são autarquias da União e não um ente
federativo, com base no Art. 2º e 18º, §2º, da Constituição Federal de 1988.
DIREITO CONSTITUCIONAL
INTERTEMPORAL
A nova Constituição, por ser consequência do Poder Constituinte Originário, detém
superioridade hierárquica devendo todo o ordenamento jurídico ser com ela compatível, pois a
Constituição Federal é o seu argumento de validez.
A teoria da recepção admite que toda norma infraconstitucional antecedente, que for
materialmente compatível com a nova Constituição, será recepcionada e terá, portanto,
aplicabilidade. Já as normas infraconstitucionais que apresentarem incompatibilidade com o
texto constitucional não serão recepcionadas, ocorrendo assim o fenômeno da não recepção.
Para que uma lei seja recepcionada pela nova Constituição, é necessário que ela esteja em
vigor antes da edição da nova Carta Magna, não tenha sido declarada inconstitucional e tenha
compatibilidade formal e material como o novo texto constitucional.
Em nosso país, o vício formal não atinge a norma por incidência da regra do tempus regit
actum (O tempo rege o ato) , de sorte que, quando a norma fora editada, havia
compatibilidade com o processo legislativo. Caso uma norma seja materialmente compatível e
formalmente incompatível, ela ainda assim será recepcionada, considerando o nível legal
exigido pelo novo ordenamento (ex.: Lei Ordinária que versa sobre normas gerais de matéria
tributária foi recepcionada como Lei Complementar – CTN).
Caso a norma anterior à nova Constituição seja com ela incompatível, não teremos crise de
constitucionalidade, mas sim o fenômeno da não recepção, inviabilizando, por exemplo, a
propositura de eventual ADI ou ADC.
ATENÇÃO
Se a lei produzida entra em desconformidade com a Constituição vigente desde a sua edição,
ela será inconstitucional. Essa inconstitucionalidade nunca fora arguida; sendo ela compatível
com o novo texto constitucional, ocorrerá a recepção?
Apesar de existir controvérsia, o fenômeno da recepção não é capaz de corrigir o vício que a lei
possui, pois a referida lei é nula desde o seu nascimento, não produzindo, assim, efeitos.
Outro aspecto também abordado é a repristinação, que corresponde à volta de uma norma
revogada à sua posição em virtude da revogação da norma que a havia revogado. Para melhor
entendimento:
EXEMPLO
Norma A é revogada pela Norma B, porém a Norma B é revogada. Logo, a Norma A poderá
voltar a viger caso haja previsão no ordenamento jurídico. O ordenamento jurídico brasileiro
apenas admite a repristinação nas hipóteses de previsão expressa (LINDB, Art. 2, §1º). Dessa
forma, a Norma A só voltaria a vigorar caso fosse expresso na norma que revogou a Norma
Revogadora (B).
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
O texto passará a ser interpretado conforme a realidade atual na qual ele está inserido. A
mutação constitucional surge como fruto da dinâmica social, das construções judiciais, de
novos costumes constitucionais etc. Logo, caracteriza-se como uma mudança de sentido lenta
e gradual.
EXEMPLO
Um dos recentes exemplos que configura a mutação constitucional foi a interpretação originária
do Art. 226, § 3º, da Constituição Federal de 1988, alegando que o casamento só poderia
ocorrer mediante conjunção do homem e da mulher. A partir de mutação constitucional,
passou-se a entender que o dispositivo constitucional também permite a união homoafetiva.
Quanto à legitimidade da mutação, ela está relacionada aos limites textuais contidos no
dispositivo que está sendo interpretado. Não é possível mudanças que alterem ou extrapolem o
sentido do texto (ex.: outra hipótese de pena de morte). Caso ocorra essa mudança, ela será
ilegítima por afrontar o núcleo da norma constitucional.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Inicial, por inaugurar uma nova ordem jurídica. Porém, ele deverá respeitar os direitos
adquiridos pela antiga Constituição.
B) Ilimitado, por não haver nenhum tipo de limitação do seu poder. Esta qualidade não obriga o
novo constituinte de respeitar os direitos adquiridos pela antiga Constituição.
C) Condicionado, por ter que respeitar as atribuições descritas de forma expressa pela última
Constituição.
D) Permanente, mas poderá ser proibido de atuar novamente, caso haja uma norma
constitucional proibitiva nesse sentido.
B) O Poder Constituinte Revisor estipulava que a Constituição fosse revisada cinco anos após
a sua promulgação. De acordo com a doutrina, essa característica se refere a uma limitação
formal uma vez que esse prazo está fixado na ADCT.
GABARITO
1. O Poder Constituinte Originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica por
meio de uma nova Constituição. Sobre as características do Poder Constituinte
Originário, assinale a alternativa correta:
Uma das características do Poder Constituinte Originário (PCO) é ele ser “ilimitado”. Isso se
refere à independência de limites previamente definidos. Por não estar “preso” a normas
anteriores, o PCO não é obrigado a respeitar os direitos adquiridos advindos da última
Constituição.
MÓDULO 2
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES
I – Princípio republicano
Princípios estruturantes
II – Princípio federativo
(Art. 1º, caput, da CF/88)
III – Princípio do Estado democrático de direito
PRINCÍPIO REPUBLICANO
O princípio republicano é a forma de governo que transfere o poder para o povo.
Historicamente, a república “nasceu” com o advento da Revolução Francesa. No Brasil, ela foi
proclamada em 15 de novembro de 1889 com o afastamento da dinastia Bragança, sendo
incorporada na Constituição de 1891.
Embora a república tenha sido considerada como cláusula pétrea na Constituição de 1891, a
Constituição Federal de 1988 não adota esse entendimento. Lembrando que ela integra o texto
constitucional como um princípio sensível (Art. 34, VII, “a”).
Por muito tempo, a forma de governo mais utilizada pelos países foi a monarquia. Ela tinha
como características a hereditariedade do poder, a vitaliciedade e a irresponsabilidade jurídica
do governante. O poder era atribuído ao rei, sendo que ele não tinha a obrigação de prestar
contas de seu governo à sociedade.
A república foi a resposta da sociedade em face ao governo monárquico. Ela foi o contragolpe
da burguesia contra a monarquia, tendo em vista que os governantes buscavam o benefício de
um pequeno grupo e não da sociedade em geral. Entre os movimentos que inspiraram o
“surgimento” e a adoção dessa forma de governo, pode-se citar a Revolução Francesa (1789)
e a Revolução Americana (1776). Importante destacar a Constituição norte-americana de 1776,
que além de integrar a forma federativa em seu texto, foi a primeira Constituição escrita da
história. Esses marcos foram usados, como exemplo, para outros países que buscavam a
emancipação da monarquia. Podemos citar como características da república:
PRINCÍPIO FEDERATIVO
O princípio federativo é uma forma de Estado que institui um governo central aliado aos
governos regionais, tendo a população mais de uma esfera de poder em seu território.
Historicamente, o federalismo surgiu com um pacto entre os estados que cederam sua
soberania, mas não sua autonomia, para o governo central. No Brasil, a federação surgiu após
o rompimento (desagregação) do Estado unitário.
De acordo com o Art. 60, § 4, I, da Constituição Federal de 1988, a forma federativa de Estado
é uma cláusula pétrea. Importante lembrar que a república não é considerada como cláusula
pétrea.
Esse princípio veda o direito de secessão dos Estados-membros, uma vez que o Estado é
formado pela união indissolúvel de todos os entes federativos. O direito de secessão é o ato de
separação do Estado-membro do país. Esse fenômeno é vedado pela Constituição Federal de
1988, sendo até mesmo uma causa de intervenção federal (Art. 34, I, da CF/88).
FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
(ART. 1º, I, II, III, IV, V E VI, DA CF/88)
I – A soberania
Fundamentos da República II – A cidadania
(Art. 1º, I, II, III e IV, da III – A dignidade da pessoa humana
CF/88) IV – Os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa
SOBERANIA
ATENÇÃO
A doutrina destaca uma nova visão desse princípio, sendo pautada entre a soberania do
Estado e as ideias formadas pelo constitucionalismo globalizado. Essa ideia é pressuposta do
Poder Constituinte Supranacional.
CIDADANIA
A cidadania, descrita no Art. 1º, II, da Constituição Federal de 1988, refere-se à participação
política dos cidadãos no país. Ela está ligada à capacidade eleitoral ativa, passiva e em outras
formas de participação na área política (ex.: plebiscito e referendo).
ATENÇÃO
A cidadania exposta, nesse artigo, abrange tanto os direitos políticos quanto os direitos e
deveres fundamentais.
Descrita no Art. 1º, III, da Constituição Federal de 1988, designa-se como um valor
constitucional supremo e uma diretriz para todas as outras normas (em âmbito federal,
estadual, distrital e municipal).
Esse princípio foi uma resposta aos eventos da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente
quanto às ações cruéis, banais e desumanas do fascismo e do nazismo. Esses acontecimentos
trouxeram em voga, à população mundial, o debate de proteção de todas as pessoas,
independentemente do sexo, do gênero, da cor, da classe social etc.
Por ter caráter jurídico, Marcelo Novelino (2016) aduz que esse princípio reforça, ainda, o
reconhecimento de que a pessoa não é simplesmente um reflexo da ordem jurídica, mas,
ao contrário, deve constituir o seu objetivo supremo. Ele é considerado uma qualidade
intrínseca do ser humano, independentemente de estar previsto ou não no ordenamento
jurídico.
A dignidade da pessoa humana atribui ao Poder Público a sua prestação com base nos
deveres de respeito, proteção e promoção:
DEVER DE RESPEITO
DEVER DE PROTEÇÃO
DEVER DE PROMOÇÃO
DEVER DE RESPEITO
Proibição de ações atentatórias à dignidade da pessoa humana. A prática que atenta contra a
vida digna é caracterizada como um instrumento para se atingir um objetivo, como os campos
de concentração da Alemanha nazista que tinham, como escopo a morte de pessoas que não
fossem de linhagem ariana. Esse dever preconiza que tanto o Poder Público quanto os
particulares respeitem as pessoas, independentemente das diferenças entre elas.
DEVER DE PROTEÇÃO
Defesa contra atos que atentem à dignidade da pessoa humana. Essa defesa deverá estar
consubstanciada em normas editadas pelo Poder Legislativo, como leis que criminalizam
determinadas atitudes que atentam contra uma pessoa por razão de sexo, cor, idade etc. (ex.:
crime de racismo e feminicídio).
DEVER DE PROMOÇÃO
Adoção de medidas que viabilizem o acesso à vida digna, por meio de bens e utilidades.
Importante destacar a atuação positiva do Estado para a concretização dessas medidas, por
meio de saúde, educação, trabalho, lazer, moradia, transporte, previdência social, elaboração
de leis, segurança pública etc.
O Art. 1º, IV, da Constituição Federal de 1988, reconheceu tanto os valores sociais do trabalho
e a livre iniciativa como fundamento da República Federativa do Brasil. Para melhor
compreensão, é necessário estudar cada um isoladamente.
Fonte: Photographee.eu / Shutterstock
Nesse sentido, os valores sociais do trabalho defendem o trabalho humano com base na vida
digna e no mínimo existencial.
EXEMPLO
O empregador deverá prover um ambiente de trabalho com condições dignas de laboração e
com uma justa remuneração para o empregado.
ARTIGO 6º
ARTIGOS 7º, 8º, 9º E 11
ARTIGO 6º
Reconhecimento do trabalho como um direito social; o Estado deverá agir de forma positiva
em sua concretização para com a população em todo o seu território.
Reconhecimento dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, do sindicato, direito de greve,
participação dos trabalhadores e empregados nos colegiados dos órgãos públicos e
representantes dos trabalhadores.
ARTIGO 170
Reconhecimento como princípio informativo e fundante da Ordem Econômica do Brasil. Nesse
artigo, é assegurado o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização dos órgãos públicos, salvo casos dispostos em lei.
Para que a liberdade de iniciativa seja considerada como legítima, é necessário que ela esteja
atenta aos meios para esse fim, ou seja, o equilíbrio entre os direitos dos trabalhadores fixados
pela Constituição Federal de 1988, e por lei, assim como também os lucros e sua própria
realização pessoal e profissional.
O equilíbrio exposto na Constituição entre livre iniciativa e os valores sociais do trabalho
destaca o afastamento de um estado absenteísta, como no modelo do liberalismo, já que o
Estado não pode simplesmente se abster de proteger os valores do trabalho.
PLURALISMO POLÍTICO
O pluralismo político não está ligado apenas à ideia dos direitos políticos, mas sim à
pluralidade da sociedade brasileira. Assim, o pluralismo determina que a sociedade seja um
ambiente em que a diversidade e as liberdades sejam respeitadas de forma ampla. Logo, ele
se consubstancia no respeito à pessoa humana e à sua liberdade.
PLURALISMO PARTIDÁRIO
(Art. 17, da CF/88)
PLURALISMO RELIGIOSO
(Art. 19, da CF/88)
PLURALISMO ECONÔMICO
(Art. 170, da CF/88)
PLURALISMO CULTURAL
(Art. 215 e 216, da CF/88)
De acordo com a doutrina, o pluralismo político possui um sentido amplo formado por:
O princípio da separação dos poderes, descrito no Art. 2º, da Constituição Federal de 1988,
celebra o “sistema de freios e contrapesos”. Esse princípio preconiza que nenhum dos poderes
ultrapasse os limites estabelecidos pela Constituição sem que seja contido pelos outros. Não
se trata propriamente de uma separação estanque de poderes, mas de que as funções estatais
estão divididas entre eles.
De acordo com Montesquieu, com base nos estudos de John Locke (1632-1704), quem está no
poder, geralmente, tende a abusar de suas prerrogativas. Logo, seria necessário que outros
poderes limitassem qualquer ato que exorbitasse a sua esfera de competência para impedir
abusos. Os estudos desse filósofo inspiraram Constituições de países da Europa e da América.
Fonte: Wikipedia
Montesquieu – Criador da teoria de separação dos poderes.
A Constituição Brasileira de 1988 celebra a separação dos poderes, ao destacar que eles são
independentes e harmônicos entre si. A independência da qual se trata esse artigo se refere à
garantia de que nenhum poder exorbitará suas competências em face do outro, evitando assim
supostos abusos. A harmonia refere-se ao respeito às prerrogativas atribuídas a cada um dos
poderes.
ATENÇÃO
A Constituição Federal de 1988 consagrou esse princípio em seu texto, além de protegê-lo de
eventuais modificações à Constituição ao torná-lo uma cláusula pétrea.
PODER LEGISLATIVO
É o órgão responsável por legislar e exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e
patrimonial do Executivo (função típica). Cada ente da federação possui um órgão específico
para legislar, como o Congresso Nacional (União), Assembleias Legislativas (Estados), Câmara
Distrital (Distrito Federal) e Câmara Municipal (municípios).
A atuação desse poder na União é feita pelo sistema bicameral (Câmara dos Deputados e
Senado Federal), e pelo sistema unicameral nos estados (Assembleia Legislativa), Distrito
Federal (Câmara Distrital) e municípios (Câmara Municipal).
Além dessas funções, o Poder Legislativo desempenha funções administrativas pela Câmara
dos Deputados e pelo Senado Federal (Art. 51, IV e 52, III, da CF/88) ao desfrutar sobre sua
organização, provendo cargos, concedendo férias e licenças a servidores, e funções
jurisdicionais, quando o Senado Federal julga o Presidente da República nos crimes de
responsabilidade (Art. 52, I, da CF/88).
PODER EXECUTIVO
É exercido por meio do Chefe de Estado e Chefe do Governo. Atualmente, no Brasil, o sistema
de governo adotado é o presidencialismo. De acordo com esse sistema, é o presidente que
exerce os atos de chefia do Estado e do governo. Portanto, compete ao Presidente da
República representar o Brasil nas relações internacionais, liderar e formular políticas públicas,
econômicas e sociais para a população.
Além dessas funções, o Poder Executivo desempenha funções de natureza legislativa, quando
o Presidente da República adota medida provisória, com força de lei (Art. 62, da CF/88), e
natureza jurisdicional ao julgar e apreciar defesas e recursos administrativos.
PODER JUDICIÁRIO
É o órgão responsável por julgar (função jurisdicional), manifestando o direito no caso concreto
e acabando com os enfrentamentos levados até ele. Diferentemente dos outros poderes, o
Judiciário é uno e indivisível. Logo, sua atuação não se restringe apenas no âmbito federal,
estadual e municipal.
Além dessa função, o Poder Judiciário desempenha função legislativa ao elaborar regimento
interno de seus tribunais (Art. 96, I, “a”, da CF/88), e executiva ao administrar, atribuir licenças
e férias aos magistrados e serventuários (Art. 96, I, “f”, da CF/88).
Entre as funções atípicas realizadas pelo Judiciário, a doutrina destaca o controle de políticas
públicas elaboradas pelo Poder Executivo. Quanto a essa possibilidade, há um dissenso entre
os doutrinadores. Alguns alegam que é possível, segundo o princípio da inafastabilidade da
jurisdição (ex.: indivíduo que não consegue acesso a remédios de diabetes e pleiteia o
medicamento no Poder Judiciário por ter seu direito à vida e saúde lesados); outros alegam
não ser possível, segundo o princípio da separação dos poderes (ex.: a fixação e execução das
Políticas Públicas são competências do Poder Executivo. Logo, caso o Poder Judiciário
execute de modo distinto daquilo que foi elaborado, por meio de decisões judiciais como a de
medicamentos, ele usurpará competências fixadas na CF/88 e dará fins distintos aos recursos
previamente alocados pelo Poder Público).
ATENÇÃO
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, esses poderes possuem funções típicas e
atípicas. Cada um possui uma função regular para a qual foi criado, porém a Constituição lhes
outorga o exercício de funções extraordinárias. Além disso, os poderes exercem controle entre
si a fim de impedir eventuais excessos.
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS
Proteção e respeito às diferenças, seja por origem, raça, sexo, cor, idade ou outras formas.
(ART. 4º DA CF/88)
Os princípios que regem o país nas relações internacionais, expostos no Art. 4º da Constituição
Federal de 1988, servem como parâmetro e diretrizes a serem observados pelo Brasil em
relações com outros países ou organismos internacionais.
I – Independência nacional;
II – Prevalência dos direitos humanos;
III – Autodeterminação dos povos;
IV – Não intervenção;
Princípios V – Igualdade entre os estados;
internacionais VI – Defesa da paz;
(Art. 3º, da CF/88) VII – Solução pacífica dos conflitos;
VIII – Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – Cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
X – Concessão de asilo político.
A autodeterminação dos povos está materializada como um princípio e um objetivo no Art. 1º,
da Carta das Nações Unidas (1945).
A defesa da paz está materializada como um princípio e um objetivo no Art. 1º da Carta das
Nações Unidas (1945).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) O Estado democrático de direito surgiu após os eventos tiranos da Segunda Guerra Mundial
como forma de garantir a soberania popular, a supremacia da Constituição e a efetivação dos
direitos fundamentais e da democracia.
D) O princípio federativo, considerado como forma de governo, além de ter previsão no Art. 1º,
da CF/88, também é considerado como uma cláusula pétrea.
A) O princípio da prevalência dos direitos humanos impõe ao país o dever de respeito aos
outros países, sendo vinculado ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.
D) O princípio da concessão de asilo político não é absoluto, podendo o país negar o pedido de
asilo do estrangeiro.
GABARITO
De acordo com o Art. 4º, X, da Constituição Federal de 1988, a concessão de asilo político é
considerada um princípio regente das relações internacionais. Como nenhum princípio é
absoluto, o Brasil poderá negar o pedido de concessão de asilo político de estrangeiro.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, aprendemos sobre o Poder Constituinte Originário, Derivado, os Princípios
Fundamentais e o Princípio da Separação dos Poderes.
Como vimos, a criação da Constituição Brasileira de 1988 foi o resultado do Poder Constituinte
Originário e a sua manutenção, atualmente, está a cargo do Poder Constituinte Derivado. Por
meio dele, as normas constitucionais foram revisadas (Poder Constituinte Revisor), são
respeitadas pelos Estados-membros (Poder Constituinte Derivado Decorrente) e reformadas
pelas Emendas Constitucionais (Poder Constituinte Reformador).
Além disso, compreendemos as nuances dos princípios fundamentais elencados nos primeiros
artigos da Constituição Federal, como os princípios estruturantes (Art. 1º, caput, da CF/88), que
são diretrizes fundamentais informadoras da ordem constitucional brasileira; os fundamentos
da república (Art. 1º, I, II, III e IV, da CF/88), que são considerados como valores essenciais do
Brasil; os objetivos da república (Art. 3º, da CF/88), que são considerados valores estruturantes
do Estado brasileiro; e os princípios que regem as relações internacionais do Brasil (Art. 4º, da
CF/88).
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
BONAVIDES, P. Do estado liberal ao estado social. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
TEMER, M. Elementos de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
EXPLORE+
Sobre o princípio federativo e o Poder Constituinte, confira o texto Federalismo e poder
constituinte: a situação dos municípios e do Distrito Federal, de Rafael de Lazari.
CONTEUDISTA
Marcílio da Silva Ferreira Filho
CURRÍCULO LATTES