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DPE-RS

Noções de Direito Constitucional


Técnico Administrativo

Noções de Direito Constitucional


Constituição: conceito, classificações, princípios fundamentais.......................................................1
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais,
nacionalidade, cidadania, direitos políticos e partidos políticos........................................................9
Organização político-administrativa: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e Territórios.....26
Administração pública: disposições gerais, servidores públicos.....................................................34
Funções essenciais à Justiça: Ministério Público, advocacia e defensoria públicas. ....................38
Exercícios........................................................................................................................................40
Gabarito...........................................................................................................................................46

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Constituição: conceito, classificações, princípios fundamentais.

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
A Constituição é a norma suprema que rege a organização de um Estado Nacional.
Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de Constituição, faz-se importante o estudo das diversas
concepções que o englobam. Então vejamos:
• Constituição Sociológica
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege
determinada nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não corresponde à Constituição real.
• Constituição Política
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre de uma decisão política fundamental e se traduz na
estrutura do Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos fundamentais. As normas que não traduzirem a
decisão política fundamental não serão Constituição propriamente dita, mas meras leis constitucionais.
• Constituição Jurídica
Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se constitui em norma hipotética fundamental pura, que
traz fundamento transcendental para sua própria existência (sentido lógico-jurídico), e que, por se constituir no conjunto
de normas com mais alto grau de validade, deve servir de pressuposto para a criação das demais normas que compõem
o ordenamento jurídico (sentido jurídico-positivo).
Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição ocupa o ápice da pirâmide normativa, servindo como
paradigma máximo de validade para todas as demais normas do ordenamento jurídico.
Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente inferiores à Constituição e, por isso, somente serão válidos
se não contrariarem as suas normas.
Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide Normativa:
Pirâmide Normativa

Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Complementares e Ordinárias;


Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias, Instruções Normativas, Resoluções, etc.
Constitucionalismo
Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indis-
pensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.
Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do poder com fins ga-
rantísticos.
O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da polí-
tica, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo.

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Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma Constituição, avança-se no sentido de que os textos consti-
tucionais contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência dos direitos fundamentais, afastando-se a visão
autoritária do antigo regime.
Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Reforma (Emendas e Revisão) e Mutação da
Constituição
Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação
atribui ao povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se convencionou chamar de poder constituinte.
Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a órgãos estatais especializados, que passam a ser denomi-
nados de Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que
o exerce.
• Poder Constituinte Originário
É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organizando e estabelecendo os poderes destinados a reger os
interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre qualquer limitação na órbita jurídica e não se
subordina a nenhuma condição, por tudo isso é considerado um poder de fato ou poder político.
• Poder Constituinte Derivado
Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou constituído, porque deriva do Poder Constituinte originá-
rio, encontrando na própria Constituição as limitações para o seu exercício, por isso, possui natureza jurídica de um poder
jurídico.
• Poder Constituinte Derivado Decorrente
É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Federação elaborarem as suas próprias Constituições (Lei
Orgânica), no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as Assembleias Legislativas dos Estados e a
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
• Poder Constituinte Derivado Reformador
Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder é o Congresso Nacional.
• Mutação da Constituição
A interpretação constitucional deverá levar em consideração todo o sistema. Em caso de antinomia de normas, buscar-
-se-á a solução do aparente conflito através de uma interpretação sistemática, orientada pelos princípios constitucionais.
Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação constitucional. Vejamos:
→ Reforma Constitucional seria a modificação do texto constitucional, através dos mecanismos definidos pelo
poder constituinte originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao texto original.
→ Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, palpáveis, materialmente perceptíveis, mas sim altera-
ções no significado e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transformação não está no texto em si, mas na
interpretação daquela regra enunciada. O texto permanece inalterado.
As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através
de processos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas mudanças formalmente estabelecidas
no texto constitucional.
Métodos de Interpretação Constitucional
A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o
sentido e o alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a técnica e os princípios segundo os quais o ope-
rador do Direito poderá apreender o sentido social e jurídico da norma constitucional em exame, ao passo que a interpre-
tação consiste em desvendar o real significado da norma. É, enfim, a ciência da interpretação das normas constitucionais.
A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir da aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos
desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles:
• Método Hermenêutico Clássico
Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest Forsthoff, considera a Constituição como uma lei em
sentido amplo, logo, a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma lei, utilizando-se os métodos de interpre-
tação clássicos, como, por exemplo, o literal, o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico.

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→ Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido de cada vocábulo da norma jurídica. É tida como a
mais singela forma de interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado;
→ Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcance da norma de forma contextualizada ao sistema
jurídico que integra. Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de um todo, formando um sistema jurídico
articulado;
→ Histórico: busca-se no momento da produção normativa o verdadeiro sentido da lei a ser interpretada;
→ Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pretendeu atingir. Possui como pressuposto a intenção do
legislador ao criar a norma.
• Método Tópico-Problemático
Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi idealizado por Theodor Viehweg. Ele interpreta a Constituição
tentando adaptar o problema concreto (o fato social) a uma norma constitucional. Busca-se, assim, solucionar o problema
“encaixando” em uma norma prevista no texto constitucional.
• Método Hermenêutico-Concretizador
Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a norma abstrata ao caso concreto.
Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do intérprete acerca dos elementos envolvidos no texto
constitucional a ser desvendado.
A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente releitura do texto normativo, com o posterior contraponto do
novo conteúdo obtido com a realidade social (movimento de ir e vir) deve-se repetir continuamente até que se chegue à
solução ótima do problema. Esse movimento é denominado círculo hermenêutico ou espiral hermenêutica.
• Método Científico-Espiritual
Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de que o intérprete deve buscar o espírito da Constituição,
ou seja, os valores subjacentes ao texto constitucional.
É um método marcadamente sociológico que analisa as normas constitucionais a partir da ordem de valores imanentes
do texto constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição com a realidade social.
• Método Normativo-Estruturante
Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há uma identidade entre a norma jurídico-constitucional
e o texto normativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança a realidade social subjacente ao texto
normativo.
Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma constitucional para além do texto normativo. Daí concluir-
-se que a norma jurídica só surge após a interpretação do texto normativo.
Princípios de Interpretação Constitucional
• Princípio da Unidade da Constituição
O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar contradições internas (antinomias), sobretudo entre os
princípios constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Constituição na sua totalidade, harmonizando suas
aparentes contradições.
• Princípio do Efeito Integrador
Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favo-
reçam a unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento do processo de integração comunitária.
• Princípio da Máxima Efetividade
Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da interpretação efetiva, reza que a interpretação constitucio-
nal deve atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional para que ela cumpra sua função social.
É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais, sendo, sobretudo, aplicado na interpretação dos direi-
tos fundamentais.
• Princípio da Justeza
Também chamado de princípio da conformidade funcional, estabelece que os órgãos encarregados da interpretação
constitucional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema organizatório e funcional traçado pelo legislador
constituinte.

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Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e
derivado.
• Princípio da Harmonização
Este princípio também é conhecido como princípio da concordância prática, e determina que, em caso de conflito apa-
rente entre normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e a combinação dos bens jurídicos em conflito,
de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros.
• Princípio da Força Normativa da Constituição
Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêutica que possibilita a atualização normativa do texto cons-
titucional, concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo.
• Princípio da Interpretação conforme a Constituição
Este princípio determina que, em se tratando de atos normativos primários que admitem mais de uma interpretação
(normas polissêmicas ou plurissignificativas), deve-se dar preferência à interpretação legal que lhe dê um sentido confor-
me a Constituição.
• Princípio da Supremacia
Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema, haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte
originário. Essa supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídico-constitucional e para o exercício do controle
de constitucionalidade.
• Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis
Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos normativos primários até que o Poder Judiciário os declare
inconstitucionais. Ou seja, gozam de presunção relativa.
• Princípio da Simetria
Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Muni-
cipais devem seguir o modelo estatuído na Constituição Federal.
• Princípio dos Poderes Implícitos
Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever outorgado pela Constituição Federal a um determinado ór-
gão, são implicitamente conferidos amplos poderes para o cumprimento dos objetivos constitucionais.
Classificação das Constituições
• Quanto à Origem
a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legítimos representantes do povo, normalmente organi-
zados em torno de uma Assembleia Constituinte;
b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitário, não democrático;
c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Criada por um ditador ou imperador e posteriormen-
te submetida à aprovação popular por plebiscito ou referendo.
• Quanto ao Conteúdo
a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;
b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de Estado, organizações dos Poderes e direitos fundamen-
tais, podendo ser escritas ou costumeiras.
• Quanto à Forma
a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;
a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documentos esparsos ou fragmentados;
a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em documento único.
b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurisprudência predominante e até mesmo por documentos
escritos.
• Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade
a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;

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b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;
c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais difícil do que o utilizado para criar leis;
d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado para criar leis;
e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte flexível.
• Quanto à Extensão
a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio
da estipulação de direitos e garantias fundamentais;
b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fundamentais, detalhando também outros assuntos, como
de ordem econômica e social.
• Quanto à Finalidade
a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;
b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de programas pelo Estado.
• Quanto ao Modo de Elaboração
a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;
b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.
• Quanto à Ideologia
a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia;
b) Eclética: fundada em valores plurais.
• Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)
a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;
b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;
c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício
de um Poder não democrático.

Classificação da Constituição da República Federativa do Brasil


Democrática, Formal Escrita Rígida Analítica Dirigente Dogmática Eclética Normativa
Promulgada ou
Popular

Classificação das Normas Constitucionais


– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem aplicabilidade
indireta, dependem de lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado, previstos na
Constituição.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Possuem aplicabilidade
indireta, estabelecem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigen-
tes.
– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emenda à Constituição
Federal.
– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.
– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa
→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-
-as;

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→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabelecidos. Serve, as-
sim, como parâmetro para o controle de constitucionalidade;
→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional.
História Constitucional Brasileira
• Constituição de 18241
Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro I, em 25 de
março de 1824. Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder Legislativo era
exercido pela Assembleia Geral, composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram vitalícios e nomeados
pelo Imperador dentre integrantes de uma lista tríplice enviada pela Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder Moderador acima
dos outros Poderes; a indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as províncias; o sistema eletivo indireto
e censitário, com o voto restrito aos homens livres e proprietários e subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia o Poder Mode-
rador, só restaurado em 1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.
• Constituição de 1891
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como Presidente. Tinha
caráter liberal e federalista, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos.
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos estados da federação e garantiu a liberdade partidária.
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Presidência da República, com mandato de quatro anos.
Estabeleceu o voto universal e não-secreto para homens acima de 21 anos e vetava o mesmo a mulheres, analfabetos,
soldados e religiosos; determinou a separação oficial entre o Estado e a Igreja Católica; instituiu o casamento civil e o
habeas corpus; aboliu a pena de morte e extinguiu o Poder Moderador.
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto Central,
para a futura Capital Federal.
A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos.
• Constituição de 1934
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro governo do Presidente Getúlio Vargas e preservou a essência
do modelo liberal da Constituição anterior.
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o voto feminino, já
instituídos pelo Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; introduziu a organização sindical mantida pelo Estado.
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Econômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a
todos existência digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” proclamava a educação “direito de todos”.
Mudou também o enfoque da democracia individualista para a democracia social. Estabeleceu os critérios acerca da
criação da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria exercido pela Câmara dos Deputados com
colaboração do Senado, sendo aquela constituída por representantes eleitos pela população e por organizações de cará-
ter profissional e trabalhista.
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos.
• Constituição de 1937
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do Distrito Federal cercaram o Congresso e impediram a en-
trada dos parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase política e a entrada em vigor de nova Carta
Constitucional. Começava oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos partidos políticos e a concentração de
poder nas mãos do chefe supremo.
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas europeus, institucionalizando o regime ditatorial do
Estado Novo. Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com a Constituição Polonesa de 1935.
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade político partidária e anulou a independência dos Poderes e
a autonomia federativa.

1 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf

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Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamentar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição
indireta para presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de morte e a censura prévia nos meios de co-
municação. Manteve os direitos trabalhistas.
A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos.
• Constituição de 1946
Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, foi elaborada sob os auspícios da derrota dos regi-
mes totalitários na Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a redemocratização do Estado brasileiro.
Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a pena de morte. Devolveu a independência dos três po-
deres, a autonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente da República, com mandato de cinco anos.
Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parlamentarismo. Foi posteriormente anulada pelo plebiscito de
1963, que restaurava o regime presidencialista.
A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos.
• Constituição de 1967
Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo Castelo Branco.
Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de 1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”.
Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Estabeleceu eleições indiretas, por meio do Colégio Eleitoral,
para a presidência da República, com quatro anos de mandato.
Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispositivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando
permissão ao presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar mandatos e suspender direitos políticos. Permitiu
aos governos militares total liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica e tributária.
Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas reformas como
a emenda Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal emenda se apresenta como um “complemento” às
leis e regulamentações da Constituição de 1967.
Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que promulgou um texto reformulado a partir da Consti-
tuição de 1967, muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a partir desta emenda, ficam mais claras as
características políticas da ditadura militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os demais atos institucionais
anteriormente baixados.
A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei, a nomeação de senadores pelas Assembleias Legis-
lativas, a prorrogação do mandato presidencial para seis anos e a alteração da proporcionalidade de deputados no Con-
gresso.
A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.
• Constituição de 1988
Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulgada no governo de José Sarney. Foi elaborada por uma As-
sembleia Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir a incorporação de emendas populares.
O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, ao entregá-la à nação, chamou-a de “Consti-
tuição Cidadã”.
Seus pontos principais são a República representativa, federativa e presidencialista. Os direitos individuais e as liber-
dades públicas são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade.
O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes
por um mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas ou rejeitadas pelo Congresso).
O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores de 16 anos. A educação fundamental é apresentada
como obrigatória, universal e gratuita.
Também são abordados temas como o dever da defesa do meio ambiente e de preservação de documentos, obras e
outros bens de valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios arqueológicos.
Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Congresso Nacional a partir de 1992. Algumas das principais
medidas abrem para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de ação do Estado, esvaziando, de certa forma, o
poder e a influência estatais em determinados setores.

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A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autorização para explorar a pesquisa, a lavra e a distribuição dos
derivados de petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas estrangeiras adquirem o direito de exploração
dos recursos minerais e hídricos.
Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras referentes ao sistema eleitoral; o mandato do presidente
da República é reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada a emenda que permite a reeleição do presidente
da República, de governadores e prefeitos. Os candidatos processados por crime comum não podem ser eleitos, e os parla-
mentares submetidos a processo que possa levar à perda de mandato e à inelegibilidade não podem renunciar para impedir
a punição.

Constituições Brasileiras
Outorgadas Promulgadas
1824 – Constituição 1891 – 1ª Constituição da República
do Brasil-Império
1937 – Imposta por 1934 – Influenciada pela Constituição de Weimar (Alemanha
Getúlio Vargas – 1919). Evidenciou os direitos fundamentais de 2ª geração
1967 – Imposta após 1946 – Redemocratização do Brasil após a era Vargas
o Golpe Militar de
1964
* EC nº1/1969 1988 – Atual Carta Política
– Imposta pela
ditadura

Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribu-
nais e MPU. Salvador: Editora JusPODIVM.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São Paulo: Editora Método
— Princípios fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019).
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição.
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 estão previstos no art. 1º da Constituição e são:

A soberania, poder político supremo, independente internacionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera inter-
na. É o poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordenamento jurídico.

A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado, dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é
inerente a todo jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.

A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo inerente à própria condição humana. Fundamento
consistente no respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de condições mínimas de existência com
liberdade, autonomia e igualdade de direitos.

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Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é através do trabalho que o homem garante sua subsis-
tência e contribui para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio que defende a total liberdade para o
exercício de atividades econômicas, sem qualquer interferência do Estado.

O pluralismo político que decorre do Estado democrático de Direito e permite a coexistência de várias ideias po-
líticas, consubstanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O Brasil é um país de política plural, multi-
partidária e diversificada e não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou democratas e republicanos.

Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal é caracterizada pela im-
possibilidade de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da impossibilidade de separação de
seus entes federativos, ou seja, o vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indissolúvel e nenhum
deles pode abandonar o restante para se transformar em um novo país.

Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os governantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é
atribuído pelo povo.

Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, a separação dos pode-
res estatais – Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica do Estado Brasileiro. Tais poderes
gozam, portanto, de autonomia e independência no exercício de suas funções, para que possam atuar em harmonia. 

Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos funda-
mentais da República Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os fundamentos ou princípios fundamentais
representam a essência, causa primária do texto constitucional e a base primordial de nossa República Federativa, os
objetivos estão relacionados à destinação, ao que se pretende, às finalidades e metas traçadas no texto constitucional que
a República Federativa do Estado brasileiro anseia alcançar.

O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas democráticas, pela soberania da vontade popular,
com eleições livres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo respeito das autoridades públicas aos direi-
tos e garantias fundamentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez, o Estado de Direito caracteriza-se
pela legalidade, pelo seu sistema de normas pautado na preservação da segurança jurídica, pela separação dos poderes
e pelo reconhecimento e garantia dos direitos fundamentais, bem como pela necessidade do Direito ser respeitoso com as
liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público.

Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos


sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políticos e partidos políticos.

— Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak):


• Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade individual – direitos civis e políticos;
• Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – direitos sociais e econômicos;
• Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade ou solidariedade – direitos transindividuais, difusos e co-
letivos.
— Direitos e deveres individuais e coletivos
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal,
que trazem alguns dos direitos e garantias fundamentais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estran-
geiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

Princípio da igualdade entre homens e mulheres:


I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

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Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
Princípio da legalidade e liberdade de ação:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou não fazer algo que esteja previsto em lei.
Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento desumano e degradante:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo de tratamento desumano, degradante ou contrário à
dignidade humana, por qualquer autoridade e também entre os próprios cidadãos. A vedação à tortura é uma cláusula
pétrea de nossa Constituição e ainda crime inafiançável na legislação penal brasileira.
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do anonimato, visando coibir abusos e não
responsabilização pela veiculação de ideias e práticas prejudiciais:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a manifestação do pensamento. Esta liberdade, entretanto, não
é absoluta não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem. Daí, a vedação do anonimato, de forma a coibir
práticas prejudiciais sem identificação de autoria, o que não impede, contudo, a apuração de crimes de denúncia anônima.
Direito de resposta e indenização:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pessoa física ou jurídica ofendida em sua honra, e reputação,
conceito, nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização por dano moral ou material.
Liberdade religiosa e de consciência:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e ga-
rantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial, mas que adota a liberdade de crença e de pensamen-
to, assegurada a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não privação de direitos em razão da crença
pessoal.
A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de se recusar a cumprir determinada obrigação ou a pra-
ticar determinado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religiosas ou à sua convicção filosófica ou política,
devendo então cumprir uma prestação alternativa, fixada em lei.
Liberdade de expressão e proibição de censura:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;
Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de expressão e a vedação da censura.
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolável a imagem, a honra e a intimidade pessoa humana,
assegurando o direito à reparação material ou moral em caso de violação.
Proteção do domicílio do indivíduo:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº
13.105, de 2015) (Vigência).
Proteção do sigilo das comunicações:

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XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefôni-
cas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das comunicações, por isso, a invasão de domicílio e a quebra de
sigilo telefônico só pode se dar por ordem judicial.
Liberdade de profissão:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;
É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão. Essa liberdade, entretanto, não é absoluta, pois se limita
às qualificações profissionais que a lei estabelece.
Acesso à informação:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;
O direito à informação é assegurado constitucionalmente, garantido o sigilo da fonte.
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do território nacional em tempos de paz.
Direito de reunião:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autori-
zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
aviso à autoridade competente;
Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de uso comum do povo, desde que não venham a interferir
ou atrapalhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local.
Liberdade de associação:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi-
cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente;
No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de associações e cooperativas para fins lícitos, não podendo
sofrer intervenção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa Social é atribuição exclusiva do Estado, por isso, as
associações paramilitares (milícias, grupos ou associações civis armadas, normalmente com fins político-partidários, reli-
giosos ou ideológicos) são vedadas.
Direito de propriedade e sua função social:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que privada deve atender a interesses coletivos, não sendo
nociva ou causando prejuízo aos demais.
Intervenção do Estado na propriedade:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do interesse público sobre o particular, nas hipóteses le-
gais é permitida a intervenção do Estado na propriedade.

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Pequena propriedade rural:
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de pe-
nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento;
A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva.
Direitos autorais:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores,
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma ampla proteção às obras intelectuais: criação artística,
científica, musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (escritas ou orais), musicais, artísticas, científicas,
obras de escultura, pintura e fotografia, bem como o direito das empresas de rádio fusão e cinematográficas. A Constitui-
ção Federal protege ainda a propriedade industrial, esta difere da propriedade intelectual e não é objeto de proteção da
Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral busca reprimir o
plágio, a proteção à propriedade industrial busca conter a concorrência desleal.
Direito de herança:
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico do Direito Civil que visa regular as relações jurídicas de-
correntes do falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens e direitos aos seus sucessores.
Direito do consumidor:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina as relações entre fornecedores e prestadores de bens e
serviços e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação jurídica. As relações de consumo, além do am-
paro constitucional, encontram proteção no Código de Defesa do Consumidor e na legislação civil e no Procon, órgão do
Ministério Público de cada estado, responsável por coordenar a política dos órgãos e entidades que atuam na proteção
do consumidor.
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto aos órgãos públicos:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse co-
letivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011).
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal;
Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem direito à obtenção de informações, protocolo de petição
e obtenção de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessidades, salvo necessidade de sigilo.
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do controle jurisdicional:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apreciar as causas de lesão ou ameaça a direito que chegam
até ele.
Segurança jurídica:

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XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico de seu titular e cujo exercício não pode mais ser reti-
rado ou tolhido.
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e definitivamente exercido, sem nulidades perante a lei
vigente.
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sentença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não
podendo, portanto, ser modificada.
Tribunal de exceção:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusivamente para o julgamento de um fato específico já acon-
tecido, onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda tal prática, pois todos os casos devem se
submeter a julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências pré-fixadas.
Tribunal do Júri:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusivamente para o julgamento da prática de crimes dolosos
contra a vida.
Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade da lei penal:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei penal. Se a conduta não está prescrita no Código Penal,
não é crime e não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a condutas praticadas antes de sua entrada
em vigor, mas se a lei nova for mais benéfica, esta sim poderá ser aplicada para beneficiar o réu.
Princípio da não discriminação:
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
Decorre do princípio da igualdade.
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça e anistia:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem consti-
tucional e o Estado Democrático.
• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático;
• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prática de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecen-
tes, terrorismo e crimes hediondos.
Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fiança, ou seja, que não dão ao acusado o direito de
responder seu processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante pagamento de determinada quantia
pecuniária ou cumprimento de determinadas obrigações;
Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e podem ser julgados e punidos em qualquer tempo, indepen-
dentemente da data em que foram cometidos;
Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não permitem a exclusão do crime com a rescisão da conde-
nação e extinção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade, ainda que parcial (graça).

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Princípio da intranscendência da pena:
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser cumprida por pessoa diversa da pessoa do condenado.
Individualização da pena:
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas, observado o histórico pessoal a atuação individual, de
modo que cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida.
Proibição de penas:
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.
Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal de 1988 veda a pena
de morte, pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis.
Estabelecimentos para cumprimento de pena:
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado;
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Direito de permanência e amamentação dos filhos pela presidiária mulher:
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação;
Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal de 1988 determina que as penas sejam
cumpridas em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade e natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado, respeitando-se sua integridade física e moral, garantindo ainda à apenada mulher, o direito de permanecer com
os filhos e ter condições dignas de amamenta-los.
Extradição:
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturaliza-
ção, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa – o extraditando,
acusado ou condenada pela prática de um ou mais crimes em território estrangeiro, ao país que o reclama. A Constituição
determina que não haverá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipótese, e o naturalizado somente nas exceções
previstas.
Direito ao julgamento pela autoridade competente
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

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Devido Processo Legal:
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
Contraditório e a ampla defesa:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido processo legal, onde deverá ser assegurado, sob pena de
nulidade absoluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transitada em julgado (que não cabe mais recurso)
prolatada pelo juízo ou autoridade judiciária competente.
Provas ilícitas:
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulento, ou que infrinja as normas e princípios básicos de
direito, motivo pelo qual não são aceitas no processo judicial.
Presunção de inocência:
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o contrário, com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Identificação criminal:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Re-
gulamento).
A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita da validade e veracidade dos documentos cíveis apresen-
tados ou quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identificada sobre uso de diversos nomes e fraude em
registros policiais.
Ação Privada Subsidiária da Pública:
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos casos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim
como pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério Público, titular da ação penal, permanece inerte e
não apresenta a denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofendido, seu representante legal ou seus
sucessores ingressem com a ação penal privada subsidiária da pública.
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem;
Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o segredo de justiça, que pode ser determinado de ofício pelo
juiz da causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses de menor, interesse social ou demanda de
grande repercussão etc., ou a requerimento justificado das partes do processo.
Legalidade da prisão:
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária com-
petente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por autoridade policial, mediante ordem judicial escrita e
devidamente fundamentada.
Comunicabilidade da prisão:
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e
à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
Informação ao preso:
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assis-
tência da família e de advogado;
Identificação dos responsáveis pela prisão:
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de sua prisão e o local onde se encontra à sua família e ao
juízo competente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis por sua prisão e interrogatório.

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Relaxamento da prisão ilegal:
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto em liberdade, pela incidência de alguma ilegalidade no
ato de sua prisão.
Garantia da liberdade provisória:
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer
do processo criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal condenatória, mediante o estabelecimento ou não
de determinadas condições e a colaboração com as investigações.
Prisão civil:
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão civil por dívidas, salvo a do alimentante inadimplente
(pensão alimentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito.
São remédios constitucionais em casos de violação de:
- Liberdade: Habeas Corpus
- Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança
- Informações: Habeas data
- Preceito constitucional que necessite de norma regulamentadora: Mandado de Injunção
Habeas corpus:
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Mandado de Segurança:
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Mandado de Injunção:
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Habeas data:
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Ação Popular:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultu-
ral, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por meio do qual qualquer cidadão pode vir a questionar a
validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patri-
mônio histórico e cultural.
Assistência Judiciária:
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

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Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias sem prejuízo de seu sustento pessoal e de sua família,
para se ter o acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.
Indenização por erro judiciário:
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na
sentença;
Gratuidade de serviços públicos:
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
da cidadania (Regulamento).
A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratuidade de serviços públicos – registro civil, a obtenção de
certidão de óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economicamente hipossuficientes.
Princípio da Celeridade Processual:
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de forma a evitar que direitos se percam no transcorrer
processual pela demora do Judiciário.
Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamentais:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias fundamentais são autoaplicáveis.
Rol é exemplificativo:
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali
expressos não excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios constitucionais, do regime democrático,
ou de tratados internacionais. Assim, os direitos fundamentais podem ser esparsos, consubstanciados em toda legislação
nacional, inclusive infraconstitucional.
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo: DLG nº
186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018).
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de tratados internacionais sobre direitos humanos passaram
a ser reconhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, somente se aprovadas pelas duas casas do Con-
gresso por 3/5 de seus membros em dois turnos de votação.
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, também conhecido por Corte ou
Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucio-
nal n° 45/2004, deu a esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e punir autores de crimes contra a
humanidade.

— Direitos sociais
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o
desenvolvimento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basilar da dignidade humana e estão previstos
no art. 6º, CF.

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Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).

Do direito ao trabalho
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas ordens:

- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;

- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a 11, CF.

Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destinados a proteger a relação de trabalho contra uma
profunda desigualdade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e o bem-estar do trabalhador que é a
parte hipossuficiente da relação trabalhista.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:


I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que
preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indeterminado e a legislação protege a continuidade das relações
laborais contra dispensa imotivada.

Seguro-Desemprego:
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assistência financeira temporária, que tenha prestado serviços
laborais a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis meses. Nos termos do art. 4º da Lei do
seguro desemprego, o benefício será concedido ao trabalhador desempregado, por período máximo variável de 3 (três) a
5 (cinco) meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que deu origem
à última habilitação, nos seguintes critérios:

SEGURO DESEMPREGO
1ª Solicitação:
Parcelas Tempo de trabalho
4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais
2ª Solicitação:
Parcelas Tempo de trabalho
3 (três) 9 a 11 meses
4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais
3ª Solicitação:
Parcelas Tempo de trabalho
3 (três) 6 a 11 meses
4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):


III – fundo de garantia do tempo de serviço;
Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança compulsória do trabalhador, gerida pela Caixa Econômi-
ca Federal e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve depositar nas contas vinculadas de seus
funcionários o valor correspondente a 8% (oito por cento) do salário de cada trabalhador.

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Salário mínimo:
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 horas semanais, podendo ser proporcional, em caso de
jornada inferior.
Piso salarial:
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada categoria profissional pode receber pela sua jornada de
trabalho, considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido e devendo ser sempre superior ao salário-
-mínimo nacional.
Irredutibilidadade do salário:
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha a ter o seu salário reduzido arbitrariamente pelo empre-
gador, durante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à estabilidade econômica do trabalhador.
Proteção aos que percebem remuneração variável:
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
Os empregados que recebem salários com valores variáveis, como comissões sobre vendas etc, nunca devem receber
salário inferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei corresponde a uma jornada laboral mensal de 220
horas, a garantia mínima aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-hora.
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário integral (ou proporcional ao período trabalhado, se for o caso)
por ocasião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores, aposentados e pensionistas do INSS.
Remuneração superior por trabalho noturno:
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer a saúde, o trabalho noturno tem remuneração superior
em 20% a mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos e 25%, para os trabalhadores rurais.
Considera-se trabalho noturno:
– entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para trabalhadores urbanos;
– entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os trabalhadores rurais da agricultura; e
– entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os trabalhadores rurais pecuária.
Proteção do salário contra retenção dolosa:
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas os descontos salariais autorizados em Lei.
Participação nos lucros:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão
da empresa, conforme definido em lei;
A Participação nos Lucros e Resultados da empresa corresponde a uma recompensa pelo reconhecimento do bom
desempenho e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada empresa sobre o lucro excedente de determi-
nado período de suas atividades.
Salário-família:
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
O salário-família é um benefício da previdência social correspondente ao valor pago ao empregado de baixa renda, que
receba salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao trabalhador avulso, e possua filhos menores de 14
anos de idade ou portadores de deficiência, sem limite de idade.

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Jornada de Trabalho:
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compen-
sação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452,
de 1943).
A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de trabalho não superior a oito horas diárias ou quarenta e qua-
tro horas semanais, facultada a compensação e a redução.
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento:
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação cole-
tiva;
O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de
trabalho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas que funcionam em tempo integral, sem pausas.
A jornada do trabalhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas diárias.
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR):
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a um dia de folga semanal remunerado ao trabalhador a
ser concedido preferencialmente aos domingos.
Pagamentos de horas extras:
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452,
art. 59 § 1º).
O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remuneração superior em, no mínimo, 50% das horas trabalhadas,
além da jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o excedente em apenas 2 horas extraordinárias
diárias, totalizando 10 horas diárias trabalhadas, salvo condições excepcionais. É licita também a compensação de jorna-
da (banco de horas), quando ao invés de receber o acréscimo salarial que lhe é devido, o trabalhador passa a ter direito a
usufruir a compensação das horas excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o cumprimento de
alguns requisitos legais pela empregadora.
Férias remuneradas:
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo trabalhador passa a ter direito a um período de até 30 dias
para descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a
critério do empregador, que após o término do período aquisitivo, tem até um ano para concedê-las (período concessivo).
Licença à gestante:
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao período em que a mulher está prestes a ter um filho, aca-
bou de ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mulher tem direito a permanecer afastada do seu
trabalho e receber o salário maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas condições. Em regra, a licença
maternidade é de 120 dias, podendo ser ampliado para 180 dias, nos casos em que a empregadora for aderente ao Pro-
grama Empresa Cidadã.
Licença-paternidade:
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no primeiro dia útil após o nascimento da criança em que o pai tem
direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no
programa Empresa Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias, totalizando 20 dias.
Proteção da mulher no mercado de trabalho:
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública, com vias a garantir a isonomia de condições laborais. Assim,
são vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da atividade, pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as
diferenciações em razão do gênero para fins de remuneração, formação profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à
gravidez, proibição de revistas íntimas ou práticas que venham a ferir a dignidade feminina são alguns dos exemplos de medidas
de proteção do mercado de trabalho da mulher.

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Aviso Prévio:
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunicação da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes,
empregador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência mínima de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado
ou indenizado, quando concedido por qualquer uma das partes.
Redução dos riscos do trabalho:
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às atividades desempenhadas por seus colaboradores, através
do cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saúde, higiene e segurança, bem como do fornecimento de
equipamentos de proteção individual e da exigência da execução de todas as normas da empresa por seus funcionários, sob
pena de justa causa.
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas:
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
O trabalho penoso é aquele considerado extremamente desgastante para a pessoa humana, em que o trabalhador de-
preende um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. Não há regulamentação de um adicional.
O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exercício de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico,
químico ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem ocasionar uma doença ocupacional. O adicional
de insalubridade pode variar entre:
- 10% (dez por cento) em grau mínimo;
- 20% (vinte por cento) em grau médio;
- 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, calculado sob o salário mínimo, nos termos da lei.
São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profissionais da saúde, radiologistas, mineradores, entre ou-
tros.
E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante risco à integridade física do trabalhador. Como exem-
plos, temos as atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, segurança pessoal ou patrimonial,
com o uso de motocicleta, entre outros. O adicional de periculosidade é correspondente a 30% (trinta por cento) sobre o
salário-base.
A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais não são cumulativos!
Aposentadoria:
XXIV – aposentadoria;
A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência Social ao trabalhador segurado da previdência que preen-
cher os requisitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecuniária recebida mensalmente pelo aposenta-
do, calculada conforme suas contribuições à previdência ao longo de toda a sua vida laboral.
Assistência aos filhos pequenos:
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e
pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos genitores de filhos e dependentes pequenos, garante
assistência gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo, ainda depende de regulamentação para o seu
pleno exercício.
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho:
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as convenções e acordos coletivos como instrumentos com força
de lei entre as partes, desde que conformes com o texto constitucional.
Proteção em face da automação:
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
A proteção em face da automação consiste em proteger a classe trabalhadora do desemprego pela automação abusiva,
bem como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio ambiente de trabalho automatizado.

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Seguro contra acidentes de trabalho:
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obri-
gado, quando incorrer em dolo ou culpa;
O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao empregado, às expensas do empregador, que assume os
riscos da atividade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de salários de seus empregados, com admi-
nistração atribuída à Previdência Social. Tal seguro tem função de seguridade por ser destinado a beneficiários atingidos
por doença ou acidente, que estejam associados ao sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de trabalho está
regulamentado pela Lei 8.212/91.
Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 28, de 2000).
A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclamatória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro dos prazos pro-
cessuais legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02 anos, a partir da rescisão do contrato de
trabalho! Esse é o prazo para que o trabalhador possa ingressar com a Ação Trabalhista. O prazo prescricional de 05
anos, previsto no mesmo inciso da Constituição, refere-se ao período cujos direitos podem ser questionados, ou seja, o
funcionário pode reclamar apenas dos direitos correspondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados.
Não discriminação:
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência;
Proibição de distinção do trabalho:
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
Trabalho do menor:
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998).
- De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
- De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno, perigoso ou insalubre.
- A partir de 18 anos: Trabalho normal.
Igualdade ao trabalhador avulso:
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma empresa de maneira eventual e que, apesar de não pos-
suir vínculo empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com vínculo e a sua prestação de serviços deve
obrigatoriamente ser intermediada por um sindicato de sua categoria.

Empregados domésticos:
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII,
VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da re-
lação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
à previdência social (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013).
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no inte-
resse de uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem:
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa dos trabalhadores para defesa de seus interesses
profissionais e econômicos.
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea do trabalho, de modo organizado para defesa de interes-
ses dos trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados essenciais e inadiáveis à sociedade não podem
ser paralisados totalmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) entende que servidores que atuam
diretamente na área de segurança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese.

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Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos
órgãos públicos em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão.
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, CF: nas empresas de mais de duzentos empre-
gados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
direto com os empregadores.
— Direitos de nacionalidade
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribui-
ção da nacionalidade se dá por dois critérios:
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território nacional;
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo nascido no exterior.
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal
elenca os direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes grupos: os brasileiros natos e os naturali-
zados.
Art. 12 São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a ser-
viço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da Repú-
blica Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasi-
leira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007).
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
Naturalização
A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou
apátrida que preencher determinados requisitos.
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele
que tem mais de uma nacionalidade.
A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de diversas questões acerca da nacionalidade e do processo
de naturalização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros natos e naturalizados.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
Constituição.

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Portugueses:
Aos portugueses com residência permanente no país serão atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que
haja reciprocidade.
Art. 12
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
Perda da Nacionalidade:
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão
nº 3, de 1994).
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
dição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994).
Extradição, repatriação, deportação e expulsão
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas do Estado soberano para enviar uma pessoa que se
encontra refugiada em seu território a outro Estado estrangeiro.
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato de cooperação internacional que consiste na entrega de
uma pessoa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. Não haverá extradição de brasileiro
nato. Também não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
Repatriação é medida administrativa consistente no processo de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de
origem ou de cidadania, por estar impedida de permanecer em território brasileiro após determinado período.
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou estada irregular de estrangeiros no território nacional e a
repatriação ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território nacional pela fiscalização fronteiriça e ae-
roportuária brasileira.
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional,
conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configurado pela prática de crimes em território bra-
sileiro.
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento no exterior, prática comum na época da ditadura militar,
é vedado pela Constituição.
— Direitos políticos
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-
-lhe o acesso à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer cidadão tem na condução dos destinos de sua
coletividade, de uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo representantes junto aos poderes públicos.
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacional é diferente de cidadão. A condição de nacional é um
pressuposto para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de nacional acrescido dos direitos políticos, isto
é, o poder participar do processo governamental, sobretudo pelo voto.
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania popular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e
secreto, com valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumentos de participação semidireta pelo povo.
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide acerca de uma determinada questão. Assim, em termos
práticos, é feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia à elaboração da lei.
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou rejeita uma atitude governamental, normalmente uma
lei ou projeto de lei já existente.
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um
projeto de lei que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem usar deste instrumento em nível estadual
e municipal.

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Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e referendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e
de propor ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo
para os maiores de dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maiores de setenta anos.
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram
no exército e foram convocados a prestar serviço militar.
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral
passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde
que preenchidos os devidos requisitos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Regulamento.
VI - a idade mínima de:
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) 18 anos para Vereador.
Inelegibilidades:
A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do parentesco com o Presidente da República, com os Governado-
res de Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
pleito.
§7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe
dos Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sistema americano de reeleição, que permite
apenas a recondução por um período somente, no Brasil, após o período de um mandato, o governante pode voltar a se can-
didatar para o posto.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido,
ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997).
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos:
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
ato da diplomação, para a inatividade.
O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude;

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§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
temerária ou de manifesta má-fé.
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocor-
rerá a perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, no caso de recusa em
cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar obrigatório). Por sua vez, a suspen-
são dos direitos políticos se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o
indivíduo terá seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. Também são
passíveis de suspensão os condenados criminalmente (com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui-
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a suspensão será, da mesma forma, temporária.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
— Partidos Políticos
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e interesses comuns, com a finalidade de exercer o poder a
partir da vontade popular, determinando o governo e a orientação política nacional. Juridicamente, são verdadeiras institui-
ções, pessoas jurídicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante o Registro Civil de Pessoas Jurídicas
e que gozam de imunidade e autonomia para gerir sua organização interna.
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da República, e diferente de outras nações aqui não foi instituído
o dualismo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos políticos têm liberdade de organização partidá-
ria, sendo livres a criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter nacional, a proibição de subordina-
ção e recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da utilização de organização
paramilitar, além do dever de prestar contas à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são permitidas.
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e registrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidá-
rio e acesso gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.

Organização político-administrativa: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e Ter-


ritórios.

— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, municípios e territórios

Estado Federal Brasileiro


São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p.
719) define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”.

Soberania é o poder político supremo e independente que o Estado detém consistente na capacidade para editar e reger suas
próprias normas e seu ordenamento jurídico.

A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem comum, conjunto de condições para o desenvolvimento integral
da pessoa humana.

Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo comum, ligados a um determinado território pelo vínculo da na-
cionalidade.

Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu poder e sua soberania. Onde o povo se estabelece e se or-
ganiza com ânimo de permanência.

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A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de governo, o sistema presidencialista de governo e a forma fe-
derativa de Estado. Note tratar-se de três definições distintas.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:

• Forma de Estado: Federação

• Forma de Governo: República

• Regime de Governo: Democrático

• Sistema de Governo: Presidencialismo

O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela
impossibilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira: a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os
Municípios. Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado laico, mantendo uma posição de neutralidade em matéria
religiosa, admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção.
Fundamentos da República Federativa do Brasil
O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federativa do Brasil:
- soberania;
- cidadania;
- dignidade da pessoa humana;
- valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;
- pluralismo político.
Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil não se confundem com os fundamentos e estão previstos no art.
3.º da CF/88:
- construir uma sociedade livre, justa e solidária;
- garantir o desenvolvimento nacional;
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas relações internacionais
O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é regida nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
- independência nacional;
- prevalência dos direitos humanos;
- autodeterminação dos povos;
- não intervenção;
- igualdade entre os Estados;
- defesa da paz;
- solução pacífica dos conflitos;
- repúdio ao terrorismo e ao racismo;
- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
- concessão de asilo político.
Competências
Competência é o poder, normalmente legal, de uma autoridade pública para a prática de atos administrativos e tomada
de decisões. As competências dos entes federativos podem ser:

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Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e comuns;
Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes, complementares e suplementares;
Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Mu-
nicípios), com exclusão dos demais.
Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente, com possibilidade, entretanto, de delegação para outro.
Concorrente, que é a competência legislativa conferida em comum a mais de um ente federativo.
Na complementar, o ente federativo tem competência naquilo que a norma federal (superior) lhe dê condição de atuar e
na suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência federal não exercida, porém, se esta o exercer, o ato
aditado com base na competência suplementar perde a eficácia, naquilo que lhe for contrário.
Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva, devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre que falarmos
em legislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência privativa ou concorrente.
Entes Federativos
União
A União é o ente federativo com dupla personalidade. Internamente, é uma pessoa jurídica de direito público interno,
com autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação e
autoadministração. Internacionalmente, a União é soberana e representa a República Federativa do Brasil a quem cabe
exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles elencados, no art. 20, CF.
São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias fede-
rais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005).
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Como ente federativo, a União possui competências administrativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências
legislativas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns com Estados, Distrito Federal e Municípios (art.
23, CF) e competências legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 24, CF).

Competências Comuns e Exclu- Arts. 21 e 23,


Administrativas sivas CF
Competências Privativas e Con- Arts. 22 e 24,
Legislativas correntes CF

Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF


Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;

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III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de
crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos
termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucio-
nais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de
15/08/95)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com
os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham
os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria
Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Fede-
ral, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo
próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inun-
dações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu
uso; (Regulamento)
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa,
a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,
atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do
Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso
agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa
e uso médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)

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d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional
nº 49, de 2006)
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, nos termos da lei.
Competências administrativas comuns da União, Estados, Distrito Federal e Municípios: art. 23, CF:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; (Vide ADPF
672)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisa-
gens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou
cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento bási-
co; (Vide ADPF 672)
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores des-
favorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e mi-
nerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)
Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

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XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos
Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e pen-
sões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para
as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias
relacionadas neste artigo.
Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal: art. 24, CF:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, históri-
co, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF 672)
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei
nº 13.874, de 2019)

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§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
(Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a
suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
(Vide Lei nº 13.874, de 2019).

Estados
O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma autonomia, consubstanciada na capacidade de auto-or-
ganização, auto legislação, autogoverno e autoadministração.

Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdivisão ou desmembramento, que por sua vez, pode se
dar por anexação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou mais Estados para formação de um único
Estado novo. A cisão ou subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados autônomos e independentes.
E, o desmembramento consiste na separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado (formação) ou
anexação a outro Estado já existente.

As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma
da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
5, de 1995).
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da
lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Municípios
O Município, que também é um ente federado que possui autonomia administrativa (autoadministração) e política (au-
to-organização, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado ao Estado onde se localiza, depende na sua
criação, incorporação, fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período determinado por lei complementar
federal, além da realização de plebiscito.

Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade da elaboração da lei orgânica própria. O município
possui o Poder Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido pela Câmara Municipal. Entretanto, não
há Poder Judiciário na esfera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. A Constituição prevê ainda a
composição das Câmaras Municipais e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habitantes do municí-
pio.

A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.


Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

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III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatorieda-
de de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino
fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da popu-
lação;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parce-
lamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
estadual.

A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá sob duas modalidades: controle externo, exercido pela
Câmara Municipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo municipal, nos termos do art. 31, CF.

Distrito Federal e Territórios


O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Federação e goza de autonomia política, embora não se
enquadre nem como estado-membro ou município. Sua principal função é servir como sede do Governo Federal e não
pode haver divisões em municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgânica própria, que define os
princípios básicos de sua organização, suas competências e a organização de seus poderes governamentais, nos termos
do art. 32, CF.
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princí-
pios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais
coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia
militar e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019).

Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transforma-
dos em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco.

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Administração pública: disposições gerais, servidores públicos.

— Disposições gerais
A administração pública consiste no conjunto de meios institucionais, materiais, financeiros e humanos do Estado,
preordenado à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades coletivas.

A função administrativa é institucionalmente imputada a diversas entidades governamentais autônomas, expressas no


art. 37 da Constituição Federal.

Administração Pública Direta e Indireta


A administração direta é a administração centralizada, definida como o conjunto de órgãos administrativos subordina-
dos diretamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as Forças Armadas, a Receita Federal, os próprios
Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário etc.

Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, composta por entidades personalizadas de prestação de
serviço ou exploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes Executivos da entidade pública. Ex.: Autar-
quias: Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e outras
agências reguladoras, Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG e outras universidades federais, Centros e Institutos
Federais de Educação Tecnológica, Banco Central do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conselhos
Profissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos etc;
Sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações públicas: Funai, Funasa, IBGE etc.

Princípios Específicos da Administração Pública

Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de lei;

Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não são imputáveis ao agente político que o realiza, mas
sim ao órgão ou entidade pública em nome da qual atuou.

Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de formal, mas como na sua teleologia. Não bastará ao
administrador o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de sua função pública, respeitar os princípios
éticos de razoabilidade e justiça.

Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipóteses res-
tritas que envolvam a segurança nacional.

Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este princípio estabelece que os atos administrativos devem
cumprir os seus propósitos de forma eficaz.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
— Servidores públicos
Concurso Público:
A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por meio de concurso público. Enquanto não há a posse, os
aprovados têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido em relação ao cargo pela simples apro-
vação em concurso público.

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Art. 37.
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998);
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas
ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na car-
reira;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998);
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998);
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
os critérios de sua admissão;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de ex-
cepcional interesse público;

O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras quanto a valores, limitações e formas de recebimento de
remuneração e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre acúmulo de cargos e funções:
Art. 37.
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento);
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 41, 19.12.2003);
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Poder Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
pessoal do serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de
concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto
nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998);
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998);
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001);

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XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma
da lei;

E também a criação de autarquias e instituição de empresas públicas, fundações e sociedades de economia mista:
Art. 37.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de socie-
dade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso
anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos termos do que preceitua o art. 37 da Constituição, deverão
ser contratadas por meio de licitação pública.
Art. 37.
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações
(Regulamento).

O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Administração Pública:


XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais
ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza-
ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações
fiscais, na forma da lei ou convênio (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003);
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsá-
vel, nos termos da lei.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando espe-
cialmente (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998);
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no
art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Lei nº 12.527, de 2011);
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administra-
ção pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

Improbidade Administrativa
A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade praticada pelo servidor, qualificada pela finalidade de atribuir
situação de vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de Improbidade Administrativa, disciplina este
dispositivo constitucional, previsto no art. 37, §4º.
Art. 37.
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que cau-
sem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

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§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta
que possibilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998) (Regulamento) (Vigência) :
I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias,
que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com
a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os
cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998);
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar,
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios
dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e
responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto
permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino,
mantida a remuneração do cargo de origem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função
pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido tempo
de contribuição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por morte a seus depen-
dentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga regime
próprio de previdência social (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).

Regime Jurídico dos Servidores Públicos


O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios e regras destinadas à regulação das relações funcionais
da administração pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a todos os servidores de uma determinada pessoa política (da
Administração Pública Federal, Estadual, Municipal, por exemplo) ou específico, como é o caso de algumas carreiras, como a
Magistratura, Ministério Público etc.

O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatutário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esferas dis-
trital, estaduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, desde compatíveis com os preceitos da Constituição
Federal e da Lei 8.112/90.

No regime estatutário não há relação contratual empregatícia.

A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servidores Públicos, com sistema remuneratório, regime previ-
denciário e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF.

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A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista constitucionalmente. É adquirida pelo funcionário
concursado após três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele seja desvinculado do serviço público
arbitrariamente, a não ser por sentença transitada em julgado ou decisão administrativa em que lhe foi dado amplo direito
de defesa, aposentadoria compulsória, exoneração a pedido ou morte:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998);
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998);
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remunera-
ção proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998);
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, os membros das polícias militares e corpos de bom-
beiros militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, nos termos do art. 42, CF. Aos militares são
proibidas a sindicalização e a greve, em face das funções por eles desempenhadas.
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 18, de 1998).
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei,
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98).
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei
específica do respectivo ente estatal (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com pre-
valência da atividade militar (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de 2019).

Funções essenciais à Justiça: Ministério Público, advocacia e defensoria públicas.

Para a efetiva a prestação jurisdicional não basta que existam os juízes e tribunais. O acesso à Justiça só é possível
graças a algumas funções essenciais: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a Defensoria Pública.
— Ministério público
O Ministério Público é instituição permanente e essencial ao Judiciário, atuando como custus legis – fiscal da lei, na
defesa da ordem jurídica, regime democrático e dos interesses individuais e coletivos. O MP está fora da estrutura dos
demais poderes da República, consagrando sua total autonomia e independência para o cumprimento de suas funções
sempre em defesa dos direitos, garantias e prerrogativas da sociedade.

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Constitucionalmente, o Ministério Público abrange duas grandes Instituições, sem que haja qualquer relação de hierar-
quia e subordinação entre elas: o Ministério Público da União, que compreende o Ministério Público Federal, o Minis-
tério Público do Trabalho; o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; e o Ministério
Público dos Estados.
Os membros do Ministério Público Federal são os procuradores da República e os do Ministério Público dos Estados e
do Distrito Federal são os Promotores e Procuradores de Justiça.

São princípios institucionais do Ministério Público: a unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e o princípio
do promotor natural. Ao Ministério Público compete a função de custos legis (fiscal da lei), a defesa do patrimônio público
e os direitos constitucionais do cidadão, além de ter poder investigativo, dentre tantas outras funções de grande relevância
elencadas no art. 129, CF e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93).
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos
casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documen-
tos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na co-
marca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004).
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três
anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.   

— Advocacia pública
A Advocacia Pública é a instituição que representa a União, judicial e extrajudicialmente, que, assim como todo ente ju-
rídico, tem seus problemas e interesses, que precisam ser defendidos perante o Poder Público. Assim, é a Advocacia-Ge-
ral da União, chefiada por um Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República, entre cidadãos
maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada e integrada por muitos advogados que atuam
vinculados e subordinados à defesa dos interesses da nação.

É importante não confundir a Advocacia Pública com advocacia gratuita ou Assistência Judiciária. A assessoria jurídica
prestada gratuitamente ao cidadão se dá pela Defensoria Pública ou por órgãos de assistência judiciária, normalmente
municipais, que contratam profissionais para tal fim, ou ainda, por nomeação de advogados dativos feita pelos Tribunais.
Também não se pode confundir Procuradores do Estado com Procuradores de Justiça ou Procuradores da República, que
não são advogados, mas sim membros do Ministério Público Estadual e Federal.
— Defensoria Pública

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Função essencial individualizada da advocacia pela Emenda Constitucional nº 80/2014, a Defensoria Pública é insti-
tuição permanente do Estado, que também tem como finalidade primordial a orientação jurídica e a defesa do cidadão
em todos os graus, caracteriza-se por garantir o acesso à justiça aos mais necessitados. Possui autonomia funcional e
administrativa, competindo-lhe a promoção dos direitos humanos, a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
direitos individuais e coletivos e a orientação jurídica dos cidadãos que não possuem recursos financeiros suficientes para
a contratação de um advogado particular. A independência funcional no desempenho de suas atribuições, a inamovibili-
dade, a irredutibilidade de vencimentos e a estabilidade são também garantias dos defensores públicos. São princípios
institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. O ingresso na carreira de
defensor também deve se dar por concurso público.

Diante da omissão constitucional sobre a necessidade de o defensor público continuar inscrito nos quadros da OAB,
dada a similitude das atividades da Defensoria Pública com a advocacia, se discute nos Tribunais superiores a obrigato-
riedade da inscrição na OAB para os defensores públicos.
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e
gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 80, de 2014).
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia
fora das atribuições institucionais (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no
art. 99, § 2º (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 74, de 2013).
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, apli-
cando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 80, de 2014).

Exercícios

1. (ADVISE – 2021) Após a aula de Direito Constitucional, Samira, estudante do 4º período do curso de di-
reito da Universidade Kappa Beta, estava em dúvida sobre a definição dos princípios fundamentais previstos
na Constituição Federal de 1988. A principal dúvida de Samira, dizia respeito à classificação constitucional do
que dispõe a Constituição ao prever a expressão “garantir o desenvolvimento nacional”. Dessa forma, buscou
auxílio com a professora Roberta, que prontamente lhe explicou que a garantia do desenvolvimento nacional,
constitui:

(A) Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.


(B) Um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
(C) Um dos princípios que rege a República Federativa do Brasil nas relações internacionais.
(D) Um dos princípios econômicos da Constituição.
(E) Um dos preceitos tributários.
2. (AVANÇA SP – 2021) De acordo com o artigo 1° da Constituição Federal, são fundamentos da República, EXCETO:
(A) dignidade da pessoa jurídica.
(B) cidadania.
(C) pluralismo político.
(D) soberania.

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(E) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
3. (ALTERNATIVE CONCURSOS – 2021) De acordo com a Constituição Federal de 1988, assinale a opção que contém
a afirmação INCORRETA:
(A) A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a
dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.
(B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, apenas o Executivo e o Judiciário.
(C) Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e
solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualda-
des sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
(D) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segu-
rança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
(E) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependên-
cia ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
4. (CESPE / CEBRASPE – 2021) Julgue o item a seguir, a respeito das normas constitucionais de eficácia plena, con-
tida e limitada.
Em se tratando de normas constitucionais de eficácia limitada, o legislador constituinte fixa rol restritivo para a atuação
discricionária do poder público; seus efeitos são diretos e imediatos, como é o caso do habeas corpus e do habeas data.
( ) CERTO
( ) ERRADO
5. (NC-UFPR – 2021) Sobre a classificação das constituições e das normas constitucionais, assinale a alternativa cor-
reta.
(A) A vedação à censura prévia para a liberdade de expressão confirma que as normas que expressam vedações
e proibições podem ser consideradas normas de eficácia imediata.
(B) São consideradas formalmente constitucionais as disposições que regulam o exercício das funções políticas, a
estruturação do sistema de governo e da federação, e os direitos fundamentais.
(C) As constituições dirigentes correspondem a um ideal de Constituição típico do constitucionalismo liberal que
prescreve um Estado mínimo.
(D) As constituições garantias são a expressão de um constitucionalismo social que defende a Constituição como
forma de garantia dos direitos sociais e de um Estado interventor.
(E) São consideradas normas materialmente constitucionais as disposições que estão escritas na Constituição, não
importando o seu tema e sua relevância para a comunidade política.
6. (CESPE / CEBRASPE – 2021) A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição
Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terrorismo, bem como a ação de grupos armados contra a
ordem constitucional e o Estado democrático.
( ) CERTO
( ) ERRADO
7. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberda-
de, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos, entre outros:
I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença.
II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro-
fissional.

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III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telefônicas, uma vez que,
poderá ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual penal e, nos casos de investigação criminal, por
determinação do delegado responsável pela investigação.
Está(ão) CORRETO(S):
(A) Somente o item I.
(B) Somente o item II.
(C) Somente os itens I e III.
(D) Somente os itens II e III.
(E) Todos os itens.
8. (FUNDATEC – 2021) Conforme o Art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa
INCORRETA.
(A) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
(B) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à ima-
gem.
(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, independentemente das qualificações profissionais que
a lei estabelecer.
(D) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva.
(E) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
9. (FGV – 2021) Conforme disposto na Constituição Federal é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o décimo terceiro
salário, que será baseado:
(A) na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
(B) no valor suplementar do bônus de participação do lucro.
(C) na alíquota de encargos previdenciários do período vigente.
(D) no maior salário mínimo do país ou conforme for estipulado no estatuto da empresa.
(E) no salário completo ou no valor pago de imposto sobre a renda retido na fonte.
10. (VUNESP – 2021) É um dos direitos constitucionais dos trabalhadores urbanos e rurais:
(A) relação de emprego protegida contra despedida arbitrária com ou sem justa causa, nos termos de lei complementar,
que preverá indenização compensatória.
(B) participação nos lucros, ou resultados, vinculada à última remuneração do trabalhador.
(C) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-es-
colas.
(D) jornada de oito horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.
(E) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 180 (cento e oitenta) dias.
11. (UFPE-CES – 2021) O artigo 18 da Constituição da República Federativa do Brasil é um dos mais importantes delinea-
dores da organização do Estado Brasileiro. De acordo com o texto do artigo, a organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios todos
(A) autônomos, nos termos da Constituição.
(B) centralizados, com organização das regras gerais pela União e das regras particulares por estados e municípios.
(C) descentralizados, com foco na autonomia municipal.
(D) politicamente independentes, com a soberania reconhecida ao Estado brasileiro e dividida entre os entes.
(E) vinculados politicamente sob os fundamentos da soberania, cidadania e dos Direitos Humanos.
12. (FCC – 2021) Compete à União legislar privativamente sobre
(A) educação e cultura.
(B) proteção à infância e juventude.

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(C) assistência jurídica e Defensoria Pública.
(D) direito econômico e urbanístico.
(E) trânsito e transporte.
13. (FUNDEP – 2021) Sobre os municípios na Constituição da República de 1988, assinale a alternativa correta.
(A) Compete aos municípios legislar tanto sobre matérias de interesse local quanto de interesse regional.
(B) Os municípios são regidos por lei orgânica, votada em dois turnos e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal.
(C) A composição da Câmara Municipal será sempre de nove vereadores, independentemente do número de habi-
tantes do município.
(D) Os municípios são fiscalizados pela Câmara Municipal, pelo Tribunal de Contas Municipal e pela Assembleia
Legislativa Estadual.
14. (MPM – 2021) É DE COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO FEDERAL LEGISLAR SOBRE:
(A) Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e
pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares.
(B) Custas dos serviços forenses.
(C) Procedimentos em matéria processual;
(D) Organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
15. (FCC – 2021) São consideradas finalidades básicas do princípio da indissolubilidade do Estado Federativo a
(A) não secessão e a necessidade de coexistência harmoniosa.
(B) normatização interna própria e a autonomia relativa.
(C) capacidade de auto-organização e a soberania relativa.
(D) soberania mitigada e a repartição territorial.
(E) unidade nacional e a necessidade descentralizadora.
16. (FGV – 2021) Em relação aos atos jurisdicionais, uma das espécies de atos do juiz que não demanda fundamenta-
ção, sem que importe em violação da garantia do Art. 93, inciso IX, da Constituição da República de 1988, corresponde a:
(A) despachos;
(B) decisões interlocutórias simples;
(C) decisões interlocutórias mistas;
(D) sentenças;
(E) acórdãos.
17. (FGV – 2021) Maria almejava ajuizar ação de reparação de danos em face da empresa pública federal Alfa, em ra-
zão de descumprimento contratual. Para tanto, questionou seu advogado a respeito da Justiça competente para processar
e julgar a causa.
À luz da sistemática constitucional, o advogado respondeu, corretamente, que a Justiça competente é a
(A) estadual, desde que a comarca do domicílio de Maria não seja sede de vara federal e a lei ordinária assim o
autorize.
(B) estadual, desde que a comarca do domicílio de Maria não seja sede de vara federal.
(C) federal, ainda que a comarca do domicílio de Maria não seja sede de vara federal.
(D) federal ou estadual, o que decorre da garantia constitucional de acesso à justiça.
(E) federal, como regra, ou estadual caso o foro de eleição assim disponha.
18. (FAFIPA – 2021) Assinale a alternativa que apresenta a quantidade correta de ministros que compõe o Superior
Tribunal de Justiça, conforme disposto no art. 104, da Carta Magna:
(A) Trinta e três ministros nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco
e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal.

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(B) Trinta e cinco ministros nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco
e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal.
(C) Vinte e três ministros nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal.
(D) Onze ministros nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.
19. (FAFIPA – 2021) São órgãos do Poder Judiciário, conforme disposto na Constituição Federal de 1988, EXCETO:
(A) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais.
(B) Os Tribunais e Juízes Eleitorais.
(C) Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
(D) Conselho Nacional de Justiça.
20. (CESPE/CEBRASPE – 2021) Josué impetrou mandado de segurança perante determinado tribunal de justiça es-
tadual em face de ato de autoridade coatora que atrai competência originária do respectivo tribunal, que proferiu acórdão
denegando a segurança.
Nessa situação hipotética, conforme o disposto na Constituição Federal, cabe
(A) recurso especial perante o Superior Tribunal de Justiça.
(B) recurso ordinário perante o Superior Tribunal de Justiça.
(C) recurso especial perante o Supremo Tribunal Federal.
(D) mandado de segurança perante o Supremo Tribunal Federal.
(E) mandado de segurança perante o Superior Tribunal de Justiça.
21. (FUNDEP – 2021) De acordo com a Constituição da República de 1988, não representa uma das funções essen-
ciais à Justiça:
(A) Tribunal de Contas.
(B) Ministério Público.
(C) Defensoria Pública.
(D) Advocacia Pública.
22. (MPE-GO – 2021) Nos termos do artigo 129 da Carta da República, são funções institucionais do Ministério Público,
exceto:
(A) promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; bem como zelar pelo efetivo respeito dos
Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia;
(B) promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos;
(C) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção somente dos Municípios,
nos casos previstos nesta Constituição; bem como defender judicialmente os direitos e interesses das populações
indígenas;
(D) expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e docu-
mentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; bem como requisitar diligências investigatórias e a
instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
23. (IBADE – 2021) Conforme a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa COR-
RETA.
(A) É facultativo aos presos o respeito à integridade física e moral (Art. 5º, inciso XLIX)
(B) O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei (Art. 133)

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(C) A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União será exercida pelas Câma-
ras Municipais (Art. 70)
(D) A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (Art. 127)
(E) É obrigatório ao servidor público civil integrar associação sindical (Art. 37, inciso VI)
24. (MPE-GO – 2019) Ainda sobre o Ministério Público, é CORRETO afirmar que:
(A) O Ministério Público da União compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho e o
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
(B) O Ministério Público Militar integra a Justiça Militar, sendo que seus membros são nomeados pelo Presidente da
República depois de aprovadas as indicações pelo Senado Federal.
(C) Leis ordinárias da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, esta-
belecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público.
(D) É garantido ao membro do Ministério Público a vitaliciedade, após três anos de exercício, não podendo perder
o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado.
(E) É vedado ao membro do Ministério Público exercer a advocacia.
25. (MPE-GO – 2019) São funções institucionais do Ministério Público, EXCETO:
(A) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
(B) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.
(C) Defender judicialmente os direitos e interesses das populações ribeirinhas.
(D) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais.
(E) Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada
a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

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Gabarito

1 A
2 A
3 B
4 ERRADO
5 A
6 ERRADO
7 B
8 C
9 A
10 C
11 A
12 E
13 B
14 A
15 E
16 A
17 C
18 A
19 C
20 B
21 A
22 C
23 B
24 E
25 C

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