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Direito Constitucional

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................2
OBJETIVOS ...........................................................................................................................................2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO ..........................................................................................3
II - ESTRUTURA CONSTITUCIONAL e PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ..........................................6
III - DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ............................................................................16
IV - ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ..................................................................................................30
V - MILITARES DOS ESTADOS.....................................................................................................34
VI - DA SEGURANÇA PÚBLICA .....................................................................................................35
VII - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES .................................................................................39
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................40

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APRESENTAÇÃO

Caros discentes, nossa disciplina irá abordar as noções essenciais de Direito Constitucional
com foco nas atividades da Policial Militar.
Deste modo, no primeiro módulo conheceremos os principais dispositivos constitucionais que
organizam o Estado brasileiro, abordando a estrutura da Constituição Federal da República Brasileira de 1988
(CRFB/88), dando breve destaque aos fundamentos, objetivos e princípios que permeiam o texto constitucional.
Ao adentrar ao Título II da CRFB/88, analisaremos os “Direitos e Garantidas Fundamentais”
sob o prisma da atuação policial militar. No exame, apresentar-se-ão os remédios constitucionais para proteção
dos: a) Direitos de informação, b) Direitos às liberdades, c) Direitos líquidos e certos; e d) Direitos pendentes de
normatização, contextualizando-os.
Logo após, estudaremos as normas estruturantes da Segurança Pública, bem como as
atribuições específicas de cada órgão disposto no art. 144 da CRFB/88.

OBJETIVOS

• Reconhecer a importância da Proteção à Dignidade Humana e aos Princípios de Cidadania, mesmo


diante de situações que exijam o uso do poder discricionário;

• Atuar no policiamento ostensivo, dentro da legalidade, imbuído dos valores do policial cidadão,
legalista, comunitário e profissional;

• Ampliar conhecimentos para ter capacidade de entender a importância da atividade Policial Militar no
zelo pelos direitos e garantias fundamentais.

• Desenvolver e exercitar habilidades para utilizar ferramentas e instrumentos de gestão para mediar as
ações decorrentes do contato direto com as demandas reais da sociedade e do cidadão

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

1. Conceito de Direito Constitucional

É a ciência que propicia o conhecimento da organização fundamental do Estado,


denominando-se Direito Constitucional Positivo quando a análise recai sobre as normas fundamentais vigentes
e quanto à sua natureza é considerado o núcleo do direito público interno; é o direito público fundamental.
Logo, é o ramo do direito público interno que estuda a Constituição, ou seja, a lei de
organização do Estado, em seus aspectos fundamentais, bem como todos os demais fatores que atuam ao redor
dela, tais como fatores históricos, sociais e econômicos, refletindo os aspectos de cada época.

2. Conceito de Constituição

Conforme contexto histórico (Evolução do Constitucionalismo) surgiu com a ideia de limitar a


atuação do poder do Estado (ações negativas), ou seja, visava coibir os abusos do Soberano, limitando sua
atuação, consagrando maiores liberdades ao indivíduo e menos interferência do Estado na vida privada (direitos
e garantias individuais e coletivas – liberdade de locomoção, de reunião, pensamento, religião; direito de
propriedade, integridade física, etc.).
Com o avanço do Movimento do Constitucionalismo, o Estado passou também a exercer
obrigações, no sentido de realizar ações positivas, ou seja, além de interferir menos nas liberdades dos
indivíduos (ou não interferir), passou a prestar serviços públicos essenciais ao seu povo (ex: direitos sociais, tais
como saúde, educação, segurança pública, assistencialismo, trabalho, previdência, moradia, etc).
Em alguns casos, como a República Federativa do Brasil, a Constituição irá dispor de outros
elementos, tais como a estrutura política, jurídica, social e econômica do Estado.
Uma vez consolidada suas regras, a Constituição de um Estado/Povo/Nação, estará acima de
todos, inclusive do próprio Estado, o qual deverá, também, estar submetido as suas regras.
Assim, podemos dizer que a Constituição é a norma de maior hierarquia em um ordenamento
jurídico, que organiza estrutura e constitui o Estado e os direitos e garantias individuais.
O vocábulo “Constituição” tem muitos significados, e a polissemia não contribui para evitar
dúvidas; mas há um sentido primário: a Constituição é a Lei Fundamental ao Estado e ao seu povo, ditando
ao primeiro os limites de atuação como forma de proteger ou tutelar o segundo.
Como dito nos parágrafos anteriores, na Constituição encontram-se, geralmente, as normas
básicas que compõem a estrutura jurídica, política, social e econômica do Estado; sendo seu objeto a limitação
do poder do Estado em relação as pessoas e as instituições que o compõem.

IMPORTANTE: A concepção de constituição ideal foi preconizada por J. J. Canotilho (constituição de caráter
liberal) que apresenta os seguintes elementos:
a) Deve ser escrita;
b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais (liberdades negativas);
c) Deve conter a definição e o reconhecimento do princípio da separação dos poderes;
d) Deve adotar um sistema democrático formal (processo de alteração e criação da Constituição – processo
legislativo).
Em síntese a Constituição é a lei máxima e fundamental do Estado. Ocupa o ponto mais alto da
hierarquia das normas jurídicas. Por isso, recebe nomes enaltecedores que indicam essa posição de ápice na
Pirâmide de Normas: Lei Suprema, Carta Magna, Lei das Leis ou Lei Fundamental.
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3. Supremacia da Constituição
Pela sua própria natureza, a Constituição é tida como a primeira lei positiva (como ápice do
ordenamento jurídico) teoria criada e difundida por Hans Kelsen no livro "Teoria Pura do Direito".
A Constituição é a lei suprema do Estado brasileiro e fundamento de validade de todas as
demais normas jurídicas, razão pela qual estas só serão válidas se em conformidade com as normas
constitucionais.
O sistema jurídico pátrio pode ser representado por uma pirâmide imaginária composta por
níveis hierárquicos, vejamos:
Preencher em sala de aula:

Observe que:
1. Constituição:
a. Normas originárias
b. Normas derivadas – Emendas Constitucionais
c. TIDH que sigam o rito da EC (3/5, em 2 turnos em cada casa no CN).
2. Normas Supralegais - TIDH que não seguiram o rito da EC.
3. Atos Normativos Primários = Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória,
Decreto Legislativo e Resolução.
4. Atos Normativos Secundários = Decretos e Regulamentos.
Assim, a supremacia da Constituição importa, num primeiro momento, o aspecto material (de
forma que as leis e atos normativos não podem contrariar as normas constitucionais); e, também, um
aspecto formal (pois é a Constituição que fixa; a organização, a estrutura, a composição, as atribuições e o
procedimento dos Poderes - estes nada podem senão pelo modo que prevê a Constituição.
Portanto, temos que nenhum ato estatal tem validade se não estiver, formal e
materialmente, em conformidade com a Constituição (esta é uma condição de constitucionalidade).
Observação: Posição Hierárquica dos Tratados Internacionais
a) TIDH – com status de norma constitucional – art. 5º § 3º da CF.
b) TIDH – status supralegal – art. 47 da CF.
c) Tratados Internacionais – status de lei ordinária.
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IMPORTANTE:
1. No Brasil, os tratados internacionais sobre direitos humanos equivalentes a Emenda Constituição são os
relacionados a Direitos das Pessoas com Deficiência - Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e Tratado de Marraqueche. (DLG nº 186, de 2008 /DEC 6.949, de
2009/ DLG 261, de 2015/ DEC 9.522, de 2018).

2. Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar. Elas têm o mesmo nível hierárquico. Também não
há hierarquia entre lei federal e lei estadual, cada uma tem a sua competência.

3. Se traçarmos um paralelo (analogia, comparação) entre as normas jurídicas e uma pirâmide, a Constituição
Federal seria o ápice (cume) da referida figura geométrica.

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II - ESTRUTURA CONSTITUCIONAL e PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

IMPORTANTE: A Constituição Federal de 1988 é composta de três partes:


a) Preâmbulo;
b) Texto Constitucional (principal) e,
c) Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).

1. Preâmbulo e Princípios Fundamentais


Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

IMPORTANTE:
1. Embora louvável para muitos, a referência à Divindade poderia entrar em choque com a separação entre
Estado e Religião. Devemos lembrar que o Brasil adota o chamado Estado Laico, já que a própria Constituição
Federal consagra a liberdade de manifestação religiosa e a necessidade de garantia, pelo Estado, da livre
manifestação de pensamento. Neste sentido, são exemplos os incisos VI e VIII do artigo 5º da Constituição
Federal.
2. Supremo Tribunal Federal construiu (STF, ADI 2076/AC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 08.08.2003) uma
solução bem interessante: entendeu que o preâmbulo não tem força normativa, ou seja, representa um texto
situado muito mais no terreno da Política do que do Direito.
Assim:
a. O preâmbulo não é norma de repetição obrigatória nos Estados;
b. Não pode ser considerado como parâmetro para declaração de inconstitucionalidade.

Vamos ao Texto constitucional:

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
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Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.

EXPLICANDO:
O Título I da Constituição Federal de 1988 consagra os princípios fundamentais do Estado
brasileiro, os quais estabelecem a sua forma, estrutura e fundamento (art. 1º), a divisão de seus poderes (art.
2º), os objetivos primordiais a serem perseguidos (art. 3º) e as diretrizes a serem adotadas nas suas relações
internacionais (art. 4º).
Princípios Fundamentais são as regras informadoras de todo sistema de normas, as
diretrizes básicas do ordenamento constitucional brasileiro; são as regras que contêm os mais
importantes valores que informam a elaboração da Constituição da República Federativa do Brasil.
Considerando que os princípios constitucionais foram expressamente inseridos no Texto
Constitucional, a norma infraconstitucional que viole qualquer um deles, previstos expressamente ou de forma
implícita, é inconstitucional e, portanto, deve ser retirada do mundo jurídico.

2. Dos princípios estruturantes:


São considerados estruturantes os princípios constitutivos das diretrizes fundamentais de toda a
ordem constitucional.
A seguir analisaremos alguns princípios estruturantes que expressam as decisões políticas
fundamentais do legislador constituinte em relação à estrutura e organização do Estado brasileiro (art. 1º).
a) Princípio Republicano

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A principal característica do Princípio Republicano é a temporariedade do mandato de governo e
a eletividade; é forma contraposta à monarquia, onde o mandato de governo é vitalício e o acesso a ele não se
dá pelo voto, mas por direito de linhagem ou divino (poder hereditário).
Outra distinção entre república e monarquia é a possibilidade de responsabilização do governante
(que a monarquia não admite) e a justificativa do poder é exercido por direito pessoal próprio, de linhagem ou
divino, ao passo que, na república, ele é exercido em nome do povo.
A forma de governo REPUBLICANA implica na necessidade de legitimidade popular do presidente
da república, dos governadores e prefeitos municipais, na existência de assembleias e câmaras populares nas
três órbitas de governos, em eleições periódicas por tempo limitado e da própria renovação do poder, e da
prestação de contas da administração pública.
As características da forma de governo republicana são:
- natureza representativa (representantes eleitos pelo povo).
- eletividade dos mandatários.
- temporariedade dos mandatos eletivos
- agentes políticos passíveis de responsabilização pelos seus atos.
- existência de soberania popular - repartição de poderes.
Obs.: Proteção da forma republicana – A forma republicana não está expressamente protegida pelas cláusulas
pétreas da Constituição (art. 60, § 4°), mas, nem por isso encontra-se despida de proteção. Primeiro porque a
agressão à forma republicana pode levar à intervenção federal, nos termos do art.34, VII, por ser ela princípio
constitucional sensível. Segundo porque a doutrina a entende como limitação material implícita ao poder de
reforma da Constituição.

b) Princípio Federativo
O Brasil assumiu a forma de Estado Federal em 1889 com a Proclamação da República, o que
foi confirmado pela Constituição de 1891 e mantido nas Constituições posteriores.
A federação é uma forma de Estado na qual há mais de uma esfera de poder dentro de um
mesmo território, ou seja, é uma forma de organização do Estado que se opõe ao Estado Unitário.
Enquanto no Estado Unitário todo o poder é centralizado, havendo apenas subdivisões
internas puramente administrativas, sem poder de comando, no Estado Federativo existe uma unidade
central de poder, que é soberana, e diversas subdivisões internas com parcelas de poder chamadas
autonomias. Assim, no Estado Federativo os entes políticos que o compõem possuem autonomia, sendo que
o poder de cada um deles é atribuído pela Constituição Federal. Em síntese: União – soberana; UF –
Autônoma.
O Brasil adota o tipo de federação chamada orgânica, por ser mais rígida que o modelo norte-
americano, o que significa dizer que, no Brasil, a parcela de poder deixado com Estados, Distrito Federal e
Municípios é pequena, existindo ainda uma tendência centralizadora por parte do governo central.
IMPORTANTE: Os entes que compõe a Federação brasileira são: União, os Estados-membros, o Distrito
Federal e os Municípios (art. 18, caput, da CF/88).
Vale ressaltar que a autonomia é a capacidade de cada entidade estatal (no caso brasileiro, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios) gerir os seus interesses dentro de um âmbito jurídico
e territorial previamente determinado pelo poder soberano.
Importante frisar que na Federação há poderes regionais, que desfrutam da autonomia que
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lhes confere a Constituição Federal, e um poder central aglutinador, que representa a soberania nacional e
é a própria Constituição que estabelece a estrutura federativa, proibindo sua abolição.
Na federação é comum a existência de um órgão judiciário de competência nacional, que
dirime inclusive conflitos entre os Estados federados e entre estes (no Brasil, o STF), e de um Senado com
representação idêntica de todas as unidades da Federação (atualmente temos 26 Estados e 01 Distrito
Federal, sendo que cada um elege 03 dos nossos 81 senadores).
A República Federativa do Brasil possui três centros legislativos: Congresso Nacional,
Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Obs.: No DF há as Câmaras Legislativas.
As características da forma de estado federativa são:
- as unidades parciais não têm direito de separação.
- as unidades parciais são autônomas.
- a soberania é do estado federal.
- o pacto é firmado no documento chamado Constituição.
Obs.: Proteção da forma federativa – Vale lembrar que a nossa forma de Estado Federação é cláusula
pétrea, conforme o art. 60, parágrafo 4°, inciso I da CF.

Importante não confundir!!! SISTEMA DE GOVERNO


- O sistema de governo disciplina a forma de relacionamento entre os Poderes do Estado, em especial os
critérios adotados no exercício da função executiva, e a relação entre o Executivo e o Legislativo. Pelo grau
de relacionamento entre os Poderes Executivo e Legislativo, existem três sistemas de governo:
presidencialismo, parlamentarismo e diretorialismo.
- Presidencialismo (adotado no BR): uma única autoridade exerce o Poder Executivo, desempenhando as
funções de Chefe de Estado e de Chefe de Governo. Existe independência entre os Poderes Legislativo e
Executivo. O Presidente da República é eleito pelo povo, de forma direta ou indireta, é conhecida como a
“ditadura por prazo certo”.

c) Princípio da Indissolubilidade do Pacto Federativo


Consagrado no Brasil desde a primeira Constituição Republicana (1891), o princípio da
indissolubilidade do pacto federativo tem por finalidade conciliar a descentralização do poder com a preservação
da unidade nacional.
Ao estabelecer que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos
Estados, Distrito Federal e Municípios, a Constituição veda, aos entes que compõem a federação brasileira, o
direito de secessão (separação).
Caso ocorra qualquer tentativa de separação tendente a romper com a unidade da federação
brasileira, é permitida a intervenção federal com o objetivo de manter a integridade nacional (art. 34, I da CF).
Essa locução informa ainda que as partes materialmente componentes da República não poderão
dela se dissociar, o que implica dizer que qualquer tentativa separatista é inconstitucional.
É importante notar que a União não faz parte desse rol por não ter ela existência material, mas
apenas jurídica, ou, nos termos do art. 18, político-administrativa.

d) Princípio do Estado Democrático de Direito


Para uma correta compreensão do conceito de Estado Democrático de Direito é necessária a
superação dos paradigmas tradicionais, redefinindo-se o Estado Democrático e o Estado de Direito.
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O conceito de Estado de Direito nasceu em oposição ao Estado em que o poder era exercido com
base, unicamente, na vontade do monarca.
Para impor limites a esse governo de insegurança, nasceu na Inglaterra a doutrina de acordo com
a qual o rei governaria a partir de leis, comprometendo-se a cumpri-las e assim chegou-se ao Estado de Direito,
contudo, houve distorção desse conceito.
Como consequência, passou-se a entender que o Estado de Direito seria o governo a partir de
leis, mas de qualquer lei. Para renovar o conceito, foi ele incorporado da noção de Democrático, em função de
que não bastavam as leis, mas era necessário que elas tivessem um conteúdo democrático, ou seja, que
realmente realizassem o ideal de governo a partir do poder do povo, em nome deste e para este.
No que se refere ao princípio democrático – Estado Democrático, a primeira dificuldade surge logo
na definição de democracia, uma vez que este termo pode assumir diversos significados conforme a época e o
local.
Etimologicamente, democracia significa “governo do povo”. Desenvolvendo um pouco mais este
conceito podemos chegar à afirmação de que “há democracia quando o povo participa do governo do Estado”.
Assim, o nosso Regime de Governo (Político) é DEMOCRÁTICO, em que todo poder emana da
vontade popular.
Na clássica definição, é o governo do povo, pelo povo e para o povo. O povo participa da formação
e manutenção do poder no Estado, via de regra, através da eleição (poder vem de baixo para cima).
Subdivide-se em:
• Democracia direta – as decisões são tomadas pelo próprio povo em assembleias.
Ex: as cidades antigas gregas e Cantões Suíços.
• Democracia representativa – ou indireta. As decisões são tomadas por representantes escolhidos
pelo povo.
• Democracia semidireta – combinam-se ambas as formas de democracia; é a democracia
representativa, com alguns instrumentos de participação direta do povo.
Ex: regime adotado pela Constituição de 1988 (art. 1°, CF) e
Art. 14, I, II, III, CF – plebiscito, referendo e a iniciativa popular.
Vale lembrar que a nossa Constituição Federal de 1988 aproxima-se da democracia
semidireta e verifica-se tal assertiva no parágrafo único, do art. 1° e a representação é constatada através
das eleições periódicas para os titulares dos Poderes Legislativo e Executivo (arts. 45, 46, 77, entre outros).
Logo, a nossa democracia é semidireta, porque em regra, os representantes do povo exercem
seus cargos através de uma eleição, onde são eleitos pelo povo. No Poder Executivo – Presidente da
República, Governadores e Prefeitos, no Poder Legislativo – Senadores, Deputados e Vereadores. Por
questão política os representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público não são escolhidos pelo povo.
É semidireta também porque, excepcionalmente, o povo exercerá esse poder diretamente,
onde ele participa da organização do Estado, como no Tribunal do Júri, na Iniciativa Popular, na Ação Popular
e na Consulta Popular (plebiscito e referendo). E ainda temos também a democracia participativa, que é o
alargamento da participação do povo nas coisas do Estado como no Mandado de Segurança Coletivo e
Mandado de Injunção Coletivo.
Para conhecimento!
Plebiscito
Instrumento de consulta prévia ao povo, antes da aprovação de um ato legislativo. Consiste em uma consulta
popular e visa decidir previamente um assunto institucional ou político antes dos trâmites legislativos (art. 14,
I, CF). Compete ao Congresso Nacional convocar o plebiscito (art. 49, XV, CF/88).
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Referendo
Instrumento de consulta a posterior ao povo, após a aprovação de um ato legislativo. É uma consulta popular
onde existe a ratificação do povo sobre projetos de lei, já aprovados pelo legislativo, de modo que o projeto
só será aprovado se receber votação favorável do corpo eleitoral, do contrário, reputar-se-á rejeitado (art.
14, II). É de atribuição exclusiva do Congresso Nacional autorizá-lo (art. 49, XV, CF/88).
Iniciativa Popular
É atribuição da competência legislativa para dar início ao projeto de lei a uma parcela significativa do
eleitorado (art. 14, III e art. 61, parágrafo 2°, CF/88). Cumpre destacar que os três institutos jurídico-
constitucionais mencionados foram regulamentados pela Lei n° 9.709/88.

Macete: - No mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Anote!!!
- O plebiscito pode autorizar o início de um processo legislativo, enquanto o referendo ratifica ou rejeita
projeto já elaborado.
- ESTADO DE DIREITO – todos estão submetidos à Lei;
- ESTADO DEMOCRÁTICO – fundado no princípio da Soberania Popular, ou seja, o povo tem participação
efetiva e operante nas decisões do governo.

Não Confundir!!!
- POPULAÇÃO é a soma de todas as pessoas que habitam um território, incluindo os estrangeiros e brasileiros
residentes no país.
- POVO é a parte da população que detém a nacionalidade daquele território, ainda que não resida no seu país
de origem. Vincula com a nacionalidade da pessoa.
- CIDADÃO é a parcela do povo que detém a prerrogativa de exercer os direitos políticos em determinado
território. Assim, exercer a cidadania significa participar das discussões políticas do estado, elegendo seus
representantes, reclamar das irregularidades praticadas por eles ou participar diretamente do projeto de iniciativa
legislativa.

Os estrangeiros residentes no Brasil, fazendo parte da população brasileira, mas não fazem parte do povo
brasileiro. Já o brasileiro residente no exterior, faz parte do povo brasileiro, mas não integra a população do
Brasil.

Logo:
Forma de Estado – Federação.
Forma de Governo – República.
Sistema de Governo – Presidencialismo.
Regime Político (ou de Governo) – Democracia Semidireta.

3. Fundamentos do Estado Brasileiro


Os fundamentos da República Federativa do Brasil devem ser compreendidos como os valores
primordiais componentes da estrutura do Estado brasileiro e que, por essa razão, em nenhum momento pode
ser colocados de lado.

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São os dispositivos constitucionais que enunciam os primeiros fundamentos do Estado brasileiro
(art. 1º, incisos I a IV, da CF/88) e servem como fundamentação para a elaboração, interpretação e integração
do sistema jurídico nacional.

São eles:
a) Soberania – é o caráter supremo de um poder, que não admite outro que lhe seja superior ou mesmo
concorrente dentro de um mesmo território.
b) Cidadania – é o princípio de participar dos destinos do Estado e, mais, o direito de usufruir dos direitos civis
fundamentais previstos na Constituição.
c) A dignidade da pessoa humana – é uma referência constitucional unificadora dos direitos fundamentais
inerentes à espécie humana.
d) O valor social do trabalho e da livre iniciativa – foram consignados de forma conjunta a fim de que haja
uma relação de harmonia e cooperação entre a mão de obra e os detentores do capital, explicitando assim um
dos elementos socioideológicos da Constituição.
e) Pluralismo político – é caracterizado pela convivência harmônica dos interesses contraditórios e das
diversas ideologias, servindo de fundamento às diversas liberdades previstas em nosso ordenamento jurídico-
social e ao pluripartidarismo.

IMPORTANTE: Pense → SO CI DI VA PLU.

4. Separação dos Poderes


A divisão de poderes é um princípio fundamental da Constituição, que tem previsão no art. 2º:
“são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
Exprimem, a um tempo, as funções legislativa, executiva e jurisdicional e indicam os respectivos
órgãos, estabelecidos na organização dos poderes.

a) Unicidade do Poder
- Os Poderes não são três, mas um só, e seu titular é o povo, soberanamente.
- A tripartição de que fala este artigo é orgânica das funções estatais; isto é, são os três órgãos que exercem
cada uma das três funções básicas do poder uno do povo.
- São essas funções a legislativa, a administrativa e a judiciária, e a cada uma delas corresponde a uma estrutura,
uma instituição, que a exerce com preponderância (preferência), mas não exclusivamente.
- Consiste em confiar cada uma das funções governamentais a órgãos diferentes, que tomam os nomes das
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respectivas funções.
- Fundamenta-se em dois elementos: a especialização funcional e a independência orgânica.
- Por não ser exclusivo o exercício das funções estatais por nenhum poder é que se pode afirmar que os três
Poderes exercem as três funções estatais (legislar, administrar e julgar), mas cada um deles exerce uma dessas
funções em grau maior que os demais.

b) A Independência e harmonia entre os poderes


- A independência dos poderes significa que a investidura e a permanência das pessoas num dos órgãos
não dependem da confiança nem da vontade dos outros, que, no exercício das atribuições que lhe sejam
próprias, não precisam os titulares consultar os outros nem necessitam de sua autorização, que, na organização
dos respectivos serviços, cada um é livre, observadas apenas as disposições constitucionais e legais.
- A harmonia entre os poderes verifica-se pelas normas de cortesia no trato recíproco e no respeito às
prerrogativas e faculdades a que mutuamente todos têm direito; a divisão de funções entre os órgãos do poder
nem sua independência são absolutas; há interferências, que visam ao estabelecimento de um sistema de freios
e contrapesos, à busca do equilíbrio necessário à realização do bem da coletividade.
IMPORTANTE:
Não há hierarquia entre os poderes, gravem isso!
As funções típicas e atípicas guardam relação íntima com o Direito Administrativo, como veremos no módulo II.

c) Funções típicas dos Poderes:


- As funções típicas do Poder Legislativo, segundo a Constituição e o Supremo Tribunal Federal, são a legislativa
(elaboração de comandos normativos genéricos e abstratos) e a fiscalizatória (CF, art. 49, IX e X, 70, caput, e
71, caput), da qual, inclusive, a investigatória, através das Comissões Parlamentares de Inquérito (art. 58, § 3°)
é, segundo o STF, correlata.
- A função típica do Poder Executivo é a de aplicação das leis a situações concretas, às quais se destinem, vindo
daí, inclusive, a permissão constitucional de uso do poder regulamentar, que consta no art. 84, IV, da CF.
- A função típica do Poder Judiciário é a de aplicação da lei a situações concretas e litigiosas, e, também, a de
proteção da autoridade das Constituições Federal e Estaduais e da Lei Orgânica do Distrito Federal no
julgamento dos processos objetivos de controle de constitucional idade em tese.

d) Funções atípicas dos Poderes:


- O Poder Legislativo, de forma atípica, administra o seu quadro de pessoal (arts. 51, IV e 52, XIII) e julga
determinadas autoridades nos crimes de responsabilidade (art. 52, I e II).
- O Poder Judiciário administra o seu quadro de pessoal e elabora os regimentos internos dos Tribunais, que
são leis em sentido material (art. 96).
- O Poder Executivo julga os processos administrativos-disciplinares e os litígios do contencioso tributário
administrativo e legisla na elaboração de medidas provisórias e de leis delegadas, nos termos dos arts. 62 e 68.
IMPORTANTE!!!
- Os julgamentos administrativos não fazem, no Brasil, coisa julgada, admitindo discussão judicial plena.
- Os julgamentos políticos realizados pelo Senado Federal não poderão ter o seu mérito apreciado pelo
Judiciário, por se constituir em decisão interna corporis, mas é fora de dúvida que o procedimento e as fases
processuais poderão sê-lo, à vista do devido processo legislativo.

5. Objetivos Fundamentais do Estado Brasileiro


Os objetivos fundamentais deste art. 3° são diferentes dos fundamentos do art. 1º.
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Lá, tratava-se das bases da República, aqui, o assunto são os objetivos que a República deve
buscar com a sua atuação, as metas a atingir.
A moderna doutrina constitucionalista vem reconhecendo, também neste artigo, a nítida
característica de norma programática de seus dispositivos, que não consagram um direito ou uma garantia, mas
apenas sinalizam ao Poder Público uma meta, um objetivo a atingir.
Neste ponto, o constituinte brasileiro foi inspirar-se na Constituição de Portugal, em cujo art. 9º
encontram-se comandos semelhantes.
Note que todos os quatro incisos indicam uma ação a ser desenvolvida (construir, garantir,
erradicar, reduzir, promover), pois o que quer a Constituição é que o governo, agindo, busque alcançar esses
objetivos. De outra parte, reconhece que nenhum deles ainda está atingido plenamente.
IMPORTANTE:
Pense → CO GA ERRA PROva
Observar uma importante diferença entre o art. 1º e o art. 3º, pois aquele define os fundamentos, isto é, requisitos
que JÁ EXISTEM, enquanto que este define os objetivos e METAS a serem cumpridos ao longo do tempo.
(VERBOS NO INFINITIVO)

6. Princípios das Relações Internacionais


Aqui se trata dos princípios que vão reger a atuação da República brasileira no plano internacional,
ou seja, nas suas relações com outros Estados soberanos, vejamos:

I - independência nacional (Brasil autônomo);


II - prevalência dos direitos humanos (direitos humanos em 1º lugar!);
III - autodeterminação dos povos (os povos são livres e se governam como
querem);
IV - não-intervenção (nenhum país intervém em assuntos do outro);
V - igualdade entre os Estados (igualdade entre os países, no caso);
VI - defesa da paz (PAZ);
VII - solução pacífica dos conflitos (conversar para resolver o problema);
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo (NÃO ao terrorismo e ao racismo);
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade (povos se ajudam
para o mundo se desenvolver);
X - concessão de asilo político (Brasil abriga pessoas vindas de outros países que
estão sendo perseguidas por algum motivo religioso, político ou racial).

O parágrafo único diz que o Brasil buscará uma inclusão social, econômica,
cultural e política com outros países da América Latina (que fomentou a
participação no MERCOSUL).

Obs.: 1. Existe limite à concessão de asilo político?


Expressamente nossa Constituição Federal não estabeleceu limites, mas implicitamente sim.
Somente se concede asilo político aos cidadãos que estejam defendendo ideal que a nossa Constituição
14
almeja.
2. Não confundir asilo político (é proteção que um Estado confere a uma pessoa que esteja sendo
perseguida em seu país de origem por crime político) com exílio político – exílio é o banimento de nacionais
em razão da defesa de ideais políticos.
3. Diferenças entre: Deportação, Expulsão e Extradição:
- Expulsão – o estrangeiro comete crime no território nacional, é preso, processado, condenado, em regra
termina de cumprir a pena e é expulso.
Obs.: Caso reingresse o país, incidirá no crime previsto no artigo 338 do Código Penal (reingresso de
estrangeiro expulso), que sujeita o estrangeiro à pena de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, sem prejuízo
de nova expulsão após o cumprimento da pena.
Brasileiros natos e naturalizados não podem ser expulsos. A Constituição Federal veda pena de banimento
(Art. 5º inciso XLVII, “d”.Pode haver tratado internacional que permitam que cumpra a pena em seu país de
origem.
- Deportação – o estrangeiro entra na República Federativa do Brasil sem o cumprimento de regras
administrativas (visto), e é “convidado” a se retirar do território nacional.
- Extradição – o estrangeiro e o brasileiro naturalizado cometem crimes fora do território nacional, quando
entram no mesmo, são presos e extraditados. O Brasil pode requerer a extradição de brasileiros – extradição
ativa.
Obs.: Os institutos expulsão, extradição e deportação são ligados à nacionalidade.
4. Tribunal Penal Internacional (art. 5º, parágrafo 4º, CF) – prevê um instituto chamado entrega
(é feita entre Estado e Organismo Internacional), que é diferente da extradição (é feita entre Estado e Estado).
Tem a sede em Haia (Holanda) e julgam crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes de agressão
e crimes de genocídio. No Brasil, a promulgação do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional se
deu pelo Decreto n. 4388/2002.
5. Art. 4º, parágrafo único, CF – O que está previsto aqui não é o Mercosul. O Mercosul é uma
etapa para a união dos povos latino-americanos.

15
III - DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Legislação Correspondente: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Dos Direitos e


Garantias Fundamentais
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
IMPORTANTE: Há casos em que a lei poderá tratar desigualmente os desiguais de maneira a preservar a
igualdade de oportunidades, encargos e privilégios; está o tratamento diferenciado dispensado às mulheres que
o constituinte adotou na busca pela equiparação entre os sexos, em três casos específicos: 1. licença-gestação
para a mulher, com duração superior à da licença-paternidade (art. 7°, incisos XVIII e XIX); 2. Incentivo ao
trabalho da mulher, mediante normas protetoras (art. 7°, inciso XX); 3. Prazo mais curto para a aposentadoria
por tempo de serviço da mulher (art. 40, inciso III, alíneas a, b, c e d; art. 202, incisos I, II, III e §1°).
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei;
IMPORTANTE: Tal dispositivo consagra o princípio da legalidade.
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;1
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;2
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;3
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de

1(...) o policial militar que, a pretexto de exercer atividade de repressão criminal em nome do Estado, inflige, mediante desempenho funcional abusivo,
danos físicos a menor momentaneamente sujeito ao seu poder de coerção, valendo-se desse meio executivo para intimidá-lo e coagi-lo à confissão de
determinado delito, pratica, inequivocamente, o crime de tortura (...). [HC 70.389, voto do rel. min. Celso de Mello, j. 23-6-1994, P, DJ de 10-8-2001.

2 "Marcha da Maconha". Manifestação legítima, por cidadãos da república, de duas liberdades individuais revestidas de caráter fundamental: o direito de
reunião (liberdade-meio) e o direito à livre expressão do pensamento (liberdade-fim). (...) Vinculação de caráter instrumental entre a liberdade de reunião
e a liberdade de manifestação do pensamento. (...) A liberdade de expressão como um dos mais preciosos privilégios dos cidadãos em uma república
fundada em bases democráticas. [ADPF 187, rel. min. Celso de Mello, j. 15-6-2011, P, DJE de 29-5-2014.] Vide ADI 4.274, rel. min. Ayres Britto, j. 23-11-
2011, P, DJE de 2-5-2012

3O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões. [ADPF 54, rel. min. Marco Aurélio, j. 12-4-2012, P, DJE de 30-4-
2013.]

16
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;4
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de
1996)56
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos
ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente;
IMPORTANTE: Não se trata de solicitação de autorização, apenas aviso.
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em

4A CF autoriza a prisão em flagrante como exceção à inviolabilidade domiciliar, prescindindo de mandado judicial, qualquer que seja sua natureza. [RHC
91.189, rel. min. Cezar Peluso, j. 9-3-2010, 2ª T, DJE de 23-4-2010.]

5 Interceptação em sentido estrito – é a captação da conversa por um terceiro, sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores; Escuta telefonia –
é a captação da conversa por um terceiro, com o consentimento de apenas um dos interlocutores; Gravação – é a captação da conversa por um dos
interlocutores, sem o consentimento do outro.
Obs. Pode ser de ambiente. Ex. Ex-Senador Delcídio do Amaral.

6 A gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da
conversação não é considerada prova ilícita.
[AI 578.858 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 4-8-2009, 2ª T, DJE de 28-8-2009.]
17
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar
o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução
da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem
ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário
para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der
a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
18
cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito
à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia
a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

OBSERVAÇÕES PERTINENTES:

➔ Todos são inafiançáveis;


➔ TTTCH não tem Graça;
➔ RAção é imprescritível;
➔ Todo crime hediondo é inafiançável!
Conforme a Constituição Federal considera-se como crime hediondo aqueles que
estão definidos em lei.
Atualmente, os crimes hediondos estão definidos na Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 –
Lei de Crimes Hediondos: Assim, são considerados crimes hediondos:

• Homicídio quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por
um só agente, e homicídio qualificado;
• lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte
(art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição;
• Latrocínio (roubo seguido de morte);
• Extorsão qualificada pela morte;
• Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada;
• Estupro/estupro de vulnerável;
• Epidemia com resultado de morte, ou seja, propagação de vírus que cause epidemia e resulte
na morte de pessoas;
• Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais;
• favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente
ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º);
• Genocídio, tentado ou consumado;
• Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826,
de 22 de dezembro de 2003.

E ainda, equipara-se a crime hediondo, a tortura, o tráfico de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo,
devido à proteção que a CF/88 proporciona contra a prática de tais crimes, nos termos do art 2º da Lei de
Crimes hediondos:

19
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.

Conforme a Lei n. 8.072/90 e a Constituição Federal, tais crimes hediondos e assemelhados


são inafiançáveis, além de serem insuscetíveis de graça, indulto ou anistia. A mesmo vedação é imposta para
o crime de racismo e crime praticado pela ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático, que se agravam ainda mais por serem crimes imprescritíveis.
Pronto, já sabemos quais são os crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia e indulto.
A necessidade de saber tais informações é a de que as autoridades pertencentes a Membro
de Poder (Chefe de Poderes) só podem ser presas em flagrante de delito pela prática de crimes
inafiançáveis.

Veja abaixo as legislações especificas que regem o tema, dando prerrogativas de função para tais
AUTORIDADES:

PRISÃO DE AUTORIDADES!

DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES → § 2º, Art. 53 da CRFB/88 - Desde a expedição


do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que,
pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

DEPUTADOS ESTADUAIS → § 1º Art. 27 da CRFB/88 - Será de quatro anos o mandato dos


Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
O Supremo Tribunal Federal, por maioria da Corte decidiu que deputados estaduais não
podem ser presos sem julgamento se não houver flagrante de crime inafiançável.

Pelas Constituições dos respectivos Estados, os deputados estaduais só poderiam ser presos
em caso de flagrante de crime inafiançável, cabendo ao juiz que ordenar a prisão avisar a Assembleia em até
24 horas. E a Assembleia poderia reverter o entendimento. Ou seja, a Assembleia pode derrubar uma decisão
judicial e deixar livre o Deputado Estadual preso em flagrante por crime inafiançável.
Assim, as mesmas prerrogativas de deputados federais e senadores federais foram estendidos
aos deputados estaduais.

JUÍZES → Lei Complementar n. 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), Art. 33 são
prerrogativas do Magistrado: II – não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial
competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará
imediata comunicação e apresentação do Magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado;

MEMBROS DO MP → Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, Lei 8.265/93. Art. 40 –


Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, além de outras previstas na Lei Orgânica: III –ser
preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade
fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público
ao Procurador-Geral de Justiça;

Na prática isso significa que as autoridades (Deputados, Senadores, Juízes e Membros do


MP) não podem sofrer nem prisão preventiva nem temporária. Aliás, nem tampouco cabe prisão em flagrante,
salvo em crime inafiançável (crimes mais sérios como racismo, hediondos etc.).

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA → § 3º Art. 86 da CRFB/88 - Enquanto não sobrevier
sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.

GOVERNADORES E PREFEITOS → Antes, era o entendimento que a mesma benesse


aplicada ao presidente conforme artigo 86 da CF, também seria aplicada aos Governadores. Ocorre que
atualmente é entendimento majoritário que tanto Governador de Estado, bem como Prefeitos municipais podem
sim sofrer com quaisquer das várias prisões destinadas à persecução penal. (ADI 1.026)7

Não obstante, no caso do Governador de Estado, apesar de não tem a mesma proteção que
parlamentares estaduais e federais, e de juizes e promotores, gozam de prerrogativas de funções de serem
julgados pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ.
Já o Prefeito deverá ser julgado diretamente pelo Tribunal de Justiça do Estado da qual
pertence, ou seja, não será no juiz singular de primeiro grau. Esta é a prerrogativa que a CF/88 deu aos prefeitos,
tão somente. Do contrário, não haverá restrição para abordagens e prisões tanto para prefeitos e governadores.
Suas prerrogativas são apenas processuais, ou seja, qual grau de jurisdição irá realizar o
julgamento.
É Claro que por serem Chefes do Poder Executivo Estadual e Municipal muito cuidado deve
ser tomados, visto as questões politicas e a representatividade popular perante a sociedade.

VEREADORES → APENAS gozam de inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos no


exercício do mandato e na circunscrição do Município (art. 29, VIII). Porem podem ser presos como qualquer
cidadão comum.
Cuidado. Se um vereador fizer discurso politico agressivo (criticas ofensivas a outro
parlamentar ou instituição) fora do município da qual pertence, poderá incidir em crime, pois não possui
imunidade parlamentar fora do município da qual foi eleito.

PERGUNTA-SE: Um juiz, promotor, deputado federal, senador ou deputado estadual pode


ser preso em uma abordagem, caso esteja, portanto uma munição de fuzil?
Sim, pois se trata de um crime inafiançável sujeito a prisão em flagrante. Lembre-se que a
Lei de Crimes hediondos inseriu no seu rol o crime de porte e posse ilegal de arma de fogo, acessório ou
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. Como sabemos, todos os crimes hediondos são inafiançáveis. Lembre, em todos os casos, a
Autoridade tem que estar em situação de flagrante delito.
Nesses casos, sempre acionem o Oficial Ronda e o Oficial Superior para acompanhar o
caso.
Do mesmo modo, no exemplo acima, se a Autoridade Politica/Judicial estivesse portando
1000 (mil) munições de calibre .38, o crime não seria hediondo, visto se tratar de armamento de uso permitido;
logo, não seria preso em flagrante, no máximo, encaminhado para as Autoridades para serem feitos os
procedimentos de praxe.
LEMBRE-SE: Fora as exceções acima especificadas, tais autoridades não seriam presas
em flagrantes por crimes afiançáveis (passiveis de fianças), contudo, deverão ser encaminhadas para a
Delegacia respectiva para serem feitos os registros. Posteriormente, será acionado o representante do poder
para posterior procedimento especifico. Ou seja, o fato de não ser preso em flagrante não quer dizer que a
Autoridade ficará imune de responder pelo ato criminal.
ADVOGADOS → No exercício da profissão, o Advogado só poderá ser preso por crime
inafiançável, devendo, ainda ter a presença de representante da OAB para acompanhá-lo, sob pena de
nulidade da prisão.
Caberá ao policial identificar tais situações, e ainda, não esquecer de acionar um
representante da OAB para acompanhar a prisão do Advogado.

7 Governador: Prisão nas Infrações Penais Comuns. Declarada a inconstitucionalidade do art. 86 da Constituição do Estado de Sergipe que reproduzia a
disciplina contida nos §§ 3º e 4º do art. 86 da Constituição Federal - que excluem, quanto ao Presidente da República, a possibilidade de prisão, nas
infrações penais comuns, antes da sentença condenatória, e a de ser ele responsabilizado, na vigência do mandato, por ato estranho ao exercício de suas
funções -, a fim de que fosse ela aplicável Governador do mesmo Estado. Considerou-se que tal disciplina aplica-se exclusivamente ao Presidente da
República, não servindo de modelo para os Estados. ADI 1.026-SE, rel. Min. Ilmar Galvão, 29.8.2002.(ADI-1026)
21
Vide nova lei de abuso de autoridade (Lei n. 13.869, de 5 de setembro de 2019), que será
abordada na disciplina específica.

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação


de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer
com seus filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
IMPORTANTE: A identificação criminal se traduz pelo exame datiloscópico (espécie da papiloscopia)

22
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou
por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
IMPORTANTE: O habeas corpus não precisa de advogado! É uma ação gratuita, sem custas processuais.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses
de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;
23
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e,
na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos
aprovados na forma deste parágrafo)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

1. Informações Relevantes:
O relevante tema dos direitos fundamentais surgiu a partir das Constituições datadas de menos
de cinquenta anos. Com efeito, as anteriores davam mais ênfase à organização do Estado, aos seus Poderes e
respectivas autoridades, assuntos que eram tratados em primeiro lugar.
Só a partir de então as novas Cartas políticas passaram a estampar nos seus textos, em posição
de preeminência, os direitos dos cidadãos, e entre estes os que interessam diretamente à efetiva existência de
um Estado Democrático de Direito, ou seja, os denominados direitos fundamentais.
2. Classificação dos Direitos Fundamentais
Em síntese, com base na CF/88. Podemos classificar os direitos fundamentais em 5 grupos:
1 - direitos individuais (art. 5º);
2 - direitos coletivos (art. 5º);
3 - direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.);
4 - direitos à nacionalidade (art. 12);
5 - direitos políticos (arts. 14 a 17).
Esses artigos, 5º ao 17, perfazem o que a doutrina denomina “catálogo dos direitos fundamentais”,
pois é a parte da Constituição em que estão catalogados e relacionados os direitos fundamentais.
Não significa, porém, que todos os direitos fundamentais previstos na nossa Constituição estão
disciplinados nesses artigos.
Existem direitos fundamentais previstos em outros dispositivos da Constituição, como é o caso do
24
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - direito de terceira dimensão, que está
estabelecido no art. 225 da Carta Política.
Esses direitos fundamentais que estão fora do catálogo (fora do intervalo do art. 5º ao 17) são
chamados de direitos fundamentais não-catalogados (ou, simplesmente, direitos fundamentais fora do catálogo).

2. Distinção entre Direitos, Garantias e Remédios Constitucionais.


Rui Barbosa, analisando a Constituição de 1891, foi um dos primeiros estudiosos a enfrentar
a distinção entre os direitos e as garantias fundamentais. Ele distinguiu “as disposições meramente declaratórias,
que são as que imprimem existência legal aos direitos reconhecidos, e as disposições assecuratórias, que são
as que, em defesa dos direitos, limitam o poder. Aquelas instituem os direitos, estas as garantias; ocorrendo não
raro juntar-se, na mesma disposição constitucional, ou legal, a fixação da garantia, com a declaração do direito”.
Assim, os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as
garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos (preventivamente)
ou prontamente os repara, caso violados.
Resta diferenciar as garantias fundamentais dos remédios constitucionais. Estes últimos
constituem espécies do gênero garantia. Isso porque, uma vez consagrado o direito, a sua garantia nem sempre
estará nas regras definidas constitucionalmente como remédios constitucionais (ex: habeas corpus, habeas
data, etc.).
Em determinadas situações a garantia poderá estar na própria norma que assegura o direito.
EXEMPLOS: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos – art. 5, VI (direito) – garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais de culto
e suas garantias (garantia); direito ao juízo natural (direito) – art. 5, XXXVII, veda a instituição de juízo ou tribunal
de exceção (garantia).

3. Remédios Constitucionais
a) HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII)
- Conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
- É ação gratuita, que não exige advogado e de rito sumaríssimo, que tem prioridade de julgamento sobre as
demais ações nos tribunais do Poder Judiciário.
- É uma ação constitucional de natureza penal.
- A doutrina criou o:
* HC preventivo – é aquele usado quando existe a ameaça ao direito de locomoção. Pede-se um salvo-
conduto.
* HC repressivo – ou liberatório. É usado quando já existe uma limitação do direito de liberdade.
- Para o ajuizamento do “habeas corpus” não se exige a capacidade de estar em juízo e nem a capacidade
postulatória.
- A sua impetração pode ser feita por qualquer pessoa (exceto pessoa jurídica - o STJ entende que sim e o STF
continua a achar que não), em beneficio próprio ou alheio.
- O coator (sujeito passivo) poderá ser tanto autoridade como particular.
Cuidado!
- A coação considerar-se-á ilegal:
25
I – quando não houver justa causa;
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade.
Obs.: Não caberá “habeas corpus” em relação a punições disciplinares militares. Essa limitação deve ser
interpretada no sentido de que não haverá “habeas corpus” em relação ao mérito das punições. A Constituição
da República não impede a concessão de “habeas corpus” por razões de ilegalidade.
Obs.: O habeas corpus é ação constitucional que deve ser instruída com todas as provas necessárias à
constatação de plano da ilegalidade praticada pela autoridade impetrada, não se admitindo dilação probatória
(STJ HC 145319 / DF DJe 01/03/2010).

B) HABEAS DATA (Art. 5º, LXXII, “a” e “b”)


- Conceder-se-á habeas data:
I – para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público (não em processo administrativo);
II – para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III – para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,
mas justificável e esteja sob pendência judicial ou amigável (esta última é uma possibilidade infraconstitucional,
prevista na Lei nº 9.507/97).
- Poderá ser ajuizado por pessoa física (nacional ou estrangeira) e por pessoa jurídica, como também por órgãos
públicos despersonalizados.
- É de caráter personalíssimo, motivo pelo qual, só se pode pleitear informações relativas ao próprio impetrante,
nunca de terceiros.
- Exceção: é admissível a legitimação para o “habeas data” para os herdeiros do morto ou seu cônjuge supérstite.
- Não cabe “habeas data” se não houver recusa por parte da autoridade administrativa – Súmula 02 do STJ. - O
procedimento do habeas data tem, portanto, fase administrativa e judicial.
- Da sentença que concede ou nega o habeas data cabe apelação.
- características:
a) é uma ação, pois invoca a tutela jurisdicional, devendo preencher as condições da ação;
b) de natureza mandamental;
c) seu conteúdo é de natureza constitutiva quando visa à retificação;
d) é ação personalíssima, não se admite pedido de terceiros, nem sucessão no direito de pedir.
e) não depende de prévio pedido administrativo.
f) procedimento: enquanto não houver disciplinação legal, deve ser aplicado o MS, desde que desnecessária a
produção de prova, se contrário o rito será o ordinário.
g) sigilo - art. 5º, XXXIII - dispõe que o direito de receber dos órgãos públicos informações não inclui aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
26
h) precisa de advogado.

Obs.: O processo de Habeas data terá prioridade sobre os demais atos judiciais, sejam cíveis, criminais ou
administrativos, isto é, deve ser processado e julgado primeiramente com relação a todos esses outros, mesmo
que eles sejam mais antigos. Contudo, o habeas data cede lugar ao habeas corpus e mandado de segurança.
A prioridade é nessa sequência: habeas corpus – mandado de segurança – habeas data – mandado de injunção.

C) MANDADO DE SEGURANÇA (Art. 5º, LIX)


- Ação constitucional de natureza civil e procedimento especial que visa proteger direito líquido e certo não
amparado por habeas corpus ou habeas data, em virtude de ilegalidade ou abuso de poder de autoridade pública
ou agente jurídico no uso de atribuições públicas.
- O legitimado ativo é o titular do direito líquido e certo. Pode ser pessoa física ou jurídica.

IMPORTANTE: O prazo para impetração do mandado de segurança é de 120 dias, a contar da data que o
impetrante tiver conhecimento do ato coator. O prazo é decadencial do direito e, como tal, não se suspende
nem se interrompe desde que iniciado.
- É uma ação constitucional de natureza civil.
- Precisa de advogado e há um rigor formalístico a ser seguido.
Obs.: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266, STF).

O mandado de segurança coletivo (Art. 5º, LXX)


- A diferença está na legitimidade ativa (quem pode propor?),
- Destacando que no caso da alínea “b” ele deverá ser proposto para a defesa de seus membros e associados
(veio pra evitar ações com o mesmo objeto).
- Pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

Obs.: A representação no Congresso pode ser de 01 deputado ou de 01 senador; e, o requisito de 01 ano de


funcionamento deve ser observado apenas pelas associações; não é necessária a autorização expressa de
todos os membros no MS coletivo.

Importante!!! Não se dará mandado de segurança quando se tratar:


I – de ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução.
II – de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso previsto nas leis processuais ou possa ser modificado
por via de correção.
III – de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de formalidade
essencial.
Obs. 1: No MS coletivo com pedido de liminar, esta não deve ser concedida “inaldita altera pars”. É a regra.
Obs. 2: Não há litispendência entre MS coletivo e o individual. Em regra, este prevalece sobre aquele.

27
D) MANDADO DE INJUNÇÃO (Art. 5º, LXXI)
- Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
- É uma ação judicial e precisa de advogado.
- Faz parte do controle difuso de constitucionalidade; ou seja, qualquer pessoa pode usar perante qualquer juízo
ou Tribunal.
- Assim, poderá ser ajuizado por qualquer pessoa titular do direito que não pode ser exercido por falta de norma
regulamentadora (pessoa física, jurídica, associação, entidade de classe, ou sindicatos na figura do mandado
de injunção coletivo).
- Somente pessoas estatais podem figurar no polo passivo da relação processual.
- Não está disciplinado em lei.
- Indica a doutrina que para o mandado de injunção serão observadas, no que couber, as normas do mandado
de segurança.
- O mandado de injunção é ação não gratuita e exige a assistência de advogado para a sua impetração.
- Em 2007 com o emblemático julgamento do direito de greve dos servidores públicos, o STF adotou a tese
concretista. A citada Corte adotou a tese concretista no julgamento do MI 708.

Na votação do Mandado 708, do intem, o relator, ministro Gilmar Mendes, determinou também declarar a
omissão do Legislativo e aplicar a Lei 7.783, no que couber, sendo acompanhado pelos ministros Cezar Peluso,
Cármen Lúcia, Celso de Mello, Carlos Britto, Carlos Alberto Menezes Direito, Eros Grau e Ellen Gracie, vencidos
os ministros Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio.
Ao resumir o tema, o ministro Celso de Mello salientou que "não mais se pode tolerar, sob pena de fraudar-se a
vontade da Constituição, esse estado de continuada, inaceitável, irrazoável e abusiva inércia do Congresso
Nacional, cuja omissão, além de lesiva ao direito dos servidores públicos civis - a quem se vem negando,
arbitrariamente, o exercício do direito de greve, já assegurado pelo texto constitucional -, traduz um
incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade, pelo valor e pelo alto significado de que se reveste
a Constituição da República".
No entanto, houve mitigação:
Plenário reafirma inconstitucionalidade de greve de policiais civis e servidores da Segurança Pública.
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou entendimento no sentido de que
é inconstitucional o exercício do direito de greve por parte de policiais civis e demais servidores públicos que
atuem diretamente na área de segurança pública. A decisão foi tomada na manhã desta quarta-feira (5), no
julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 654432, com repercussão geral reconhecida.
A tese aprovada pelo STF para fins de repercussão geral aponta que “(1) o exercício do direito de greve, sob
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública. (2) É obrigatória a participação do Poder Público em mediação
instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do artigo 165 do Código de
Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria”.

E) AÇÃO POPULAR (art. 5º, LXXIII)


- A ação popular é voltada à anulação de ato lesivo: ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe; à moralidade administrativa; ao meio ambiente; ao patrimônio histórico e cultural.
Obs.: Cumpre notar que a ação popular só se presta à anulação desses atos, não sendo o instrumento adequado
à punição do agente público que causou um dano a interesses da sociedade. A punição, no caso, poderá ser
discutida em eventual ação de improbidade.

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- A ação popular deverá ter por objeto um ato administrativo.
- Não é cabível essa ação contra uma decisão judicial.
- Não existe foro por prerrogativa de função em relação a ação popular. Assim, ainda que a ação seja ajuizada
contra o presidente da República, não será julgada pelo STF.
- Pode se dar de duas formas: forma preventiva (ajuizamento da ação antes da consumação dos efeitos lesivos);
forma repressiva (o ajuizamento da ação busca o ressarcimento do dano causado).
- Finalidade é a defesa dos interesses difusos.
- A legitimidade ativa é do Indivíduo brasileiro nato, naturalizado, português equiparado, com mais de 16 anos
(este não necessita de assistência). É necessário ser eleitor para promover a ação.
- Além da União, Estados e Municípios, a pessoa (física ou jurídica) que receba subvenções e recursos públicos,
e os beneficiários dos atos lesivos também podem ser réus na ação.
- O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a
responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a
defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
- Em caso de desistência, o MP deve dar prosseguimento à ação.
- É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
- A ação popular não tem custas nem sucumbência, mas o autor pode responder por elas, no caso de ação
temerária; pode ser proposta para a proteção de interesses difusos da coletividade.

F) DIREITO DE PETIÇÃO (art. 5º, XXXIV)


- Historicamente, o direito de petição nasceu na Inglaterra, durante a Idade Média, permitindo aos súditos que
dirigissem petições ao rei (Bill of Rights – 1689).
- É aquele que pertence a uma pessoa ou a um grupo de pessoas de invocar a atenção dos Poderes Públicos
sobre uma questão ou situação.
- A doutrina entende que o direito de petição é um instrumento político-fiscalizatório dos negócios do Estado,
que tem por finalidade a defesa da legalidade constitucional e do interesse público geral.
- A titularidade desse direito pode ser exercida por pessoa física, jurídica, nacional ou estrangeiro.
- Não tem formalismo e não precisa de advogado (ver art. 5ª, XXXIV, da CF).

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IV - ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Legislação Correspondente: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: Organização do


Estado

TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em
lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-
se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito,
e do Congresso Nacional, por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios,
far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15, de 1996)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes
o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

EXPLICANDO:
O Brasil adotou a Federação como forma de organização do Estado. Ela é escolhida por países
com características políticas bem diversas, mas onde se verificou a necessidade de preservar, ao mesmo tempo,
a unidade nacional e as autonomias regionais.

1. Conceito de Federação:
É uma aliança de Estados para a formação de um Estado único, em que as unidades federadas
30
preservam parte da sua autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o estado Federal.

1.1 Características do Estado Federal:


• A união faz nascer um novo Estado.
• A base jurídica de uma Federação é uma Constituição e não um Tratado.
• Só o Estado Federal tem soberania, pois as unidades federadas preservam apenas uma parcela de
autonomia política.
• Repartição de competência entre a União e as Unidades Federadas, descrita pela própria Constituição.
• Poder político compartilhado pela União e pelas Unidades Federadas.
• O indivíduo é cidadão do Estado Federal e não da unidade em que nasceu ou reside.

1.2 Origem do Federalismo:


Quanto à origem, a Federação pode formar-se de duas maneiras:
• Por agregação – Estados independentes reúnem-se para a formação de um Estado Federal.
Ex: as treze colônias norte-americanas, que após a independência, agregaram-se e formaram os Estados
Unidos da América.
• Por desagregação – parte-se de um estado unitário já constituído para a formação de um Estado
federal.
Ex: o que aconteceu com o Brasil, com a abolição da Monarquia, o Estado mudou de unitário para federal.
As antigas províncias viraram Estados-Membros.

1.3 Entidades Federativas:


Dentro da atual organização do estado brasileiro, existem as seguintes entidades federativas: a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (arts. 1° e 18, da CF).
O Brasil assumiu a forma de Estado federal em 1889 com a Proclamação da República, o que foi
confirmado pela Constituição de 1891 e mantido nas Constituições posteriores.

DISTRITO FEDERAL:
Na Constituição de 1988 os habitantes do Distrito Federal ganharam o direito de eleger seus
representantes nos Poderes Legislativo e Executivo. É importante salientar que, a partir de 1988, a sede da
Federação Brasileira não é mais o Distrito Federal, que adquiriu a natureza jurídica de entidade federativa, e sim
Brasília, “tendo como função precípua sediar o pólo central do governo nacional”, conforme observa Carmem
Lúcia Antunes Rocha. A Constituição Federal, em seu art. 18, parágrafo 1°, estabelece que “Brasília é a Capital
do Brasil”.
É um ente complexo, ora se comporta como estado, ora se comporta como Município; é um ente
detentor de autonomia política e administrativa.
Tem capacidade legislativa, administrativa e judiciária, com as mesmas competências legislativas
atribuídas aos Estados e aos Municípios. Elege 03 Senadores e Deputados Federais em número definido por lei
complementar.
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• É regido por Lei Orgânica e é vedada sua divisão em municípios.
• Poder Executivo: Governador e Vice-Governador.
• Poder Legislativo: exercido pela Câmara Legislativa, composta por Deputados Distritais.
• Poder Judiciário: organizado por Lei Federal (art. 98, I, CF).
• Bens: definidos por Lei Federal.
• Impostos: arts. 147 e 155, CF.

TERRITÓRIOS:
São meras autarquias da União. Não constituem entidades federativas, pois não são dotados de
autonomia política, mas possuem autonomia administrativa (art. 33, da CF).
Atualmente não existe nenhum Território no estado brasileiro. Contudo, não obsta que sejam
criados por lei complementar novos Territórios, com a divisão de sua área em Municípios, desde que aprovada
a medida por plebiscito realizado com a população diretamente interessada (art. 18, parágrafo 2° e art. 33 e
parágrafos, da CF).
Elegem 04 Deputados Federais, mas não elegem Senadores.
Atualmente são apenas uma possibilidade jurídica.

MUNICÍPIOS:
É a entidade federativa voltada para assuntos de interesse local.
São entes detentores de autonomia política e administrativa. Tem capacidade de elaborar sua Lei
Orgânica.
Com a vigência da Carta de 1988, foram criados inúmeros Municípios em diversos Estados. Em
razão dos abusos verificados com a criação de vários Municípios deficitários, o Congresso Nacional aprovou a
Emenda Constitucional n° 15/96, que modificou o art.18, parágrafo 4º, CF, estabelecendo assim critérios mais
restritivos para a formação de novas entidades locais.
• Poder Executivo: Prefeito e Vice-Prefeito.
• Poder Legislativo: exercido pela Câmara Municipal, composta por Vereadores.
• Poder Judiciário: não há Justiça Municipal.
• Impostos: art. 156, CF.

ESTADOS:
Como sabemos, a Federação é uma aliança de Estados-Membros, todos dotados de autonomia
política.
São entes detentores de autonomia política e administrativa. Tem capacidade de elaborar suas
próprias Constituições Estaduais, observadas as diretrizes da Constituição Federal.
Eles podem incorporar-se, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexar a outros ou formar
novos Estados ou Territórios Nacionais, mediante aprovação por plebiscito da população diretamente
interessada e por lei complementar.

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Poder Executivo: Governador e Vice-Governador.
Poder Legislativo: exercido pela Assembleia Legislativa, composta por Deputados Estaduais, em
número calculado com base no art. 27, caput, CF.
Poder Judiciário: arts. 125 e 126 da CF/88.

UNIÃO:
Pessoa jurídica de direito público com capacidade política, exercendo uma parcela da soberania
brasileira.
Internamente, atua como uma das pessoas jurídicas de direito público que compõem a Federação;
externamente, diante de Estados estrangeiros, a União exerce a soberania do Estado brasileiro, fazendo valer
seus direitos e assumindo suas obrigações.
• Poder Executivo: Presidente e Vice-Presidente.
• Poder Legislativo: exercido pelo Congresso Nacional, integrado pela Câmara dos Deputados – composta
por Deputados Federais e pelo Senado Federal – composta por Senadores.
• Poder Judiciário: arts. 101 a 124, da CF/88.

33
V - MILITARES DOS ESTADOS

Seção III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,


instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos


Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do
art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre
as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas
pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 15/12/98)

§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos


Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente
estatal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios


o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da atividade
militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de 2019)8

IMPORTANTE: Em relação ao acumulo de cargo público aos militares estaduais, existe parecer da PGE que
restringiu este direito apenas a Oficiais - PARECER PGE/MS/CJUR-SAD/Nº 057/2019 - Diário Oficial Eletrônico
n. 10.046/19, p.5 (Vincula a Administração pública).

8 Art. 37, XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer
caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas ;
34
VI - DA SEGURANÇA PÚBLICA

Segundo o art. 144, CF/88, a segurança pública será exercida pelos seguintes órgãos:
1. Polícia Federal;
2. Polícia Rodoviária Federal;
3. Polícia Ferroviária Federal;
4. Polícias Civis;
5. Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
6. Polícias penais federal, estaduais e distrital.
Esse rol é taxativo ("numerus dausus"). Estados, Distrito Federal e Municípios não podem criar
novos órgãos encarregados da segurança pública.

Polícias nos Estados


A segurança pública dos Estados foi atribuída às polícias civis, às polícias militares, ao corpo de
bombeiros e Polícias penais; que formam, em conjunto, as polícias dos Estados. Essas polícias, embora
mantidas e organizadas pelos Estados, deverão observar as normas gerais federais (da União) de organização,
efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros
militares, conforme o art. 22 da Carta Magna.
Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Essa exceção não se aplica aos crimes praticados por militares, desde que estranhos às suas atividades.
Segundo o STF, compete à polícia civil a apuração de crimes comuns praticados por militares, ou seja, aqueles
estranhos à atividade militar.
Já às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública (polícia
administrativa), enquanto aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil.

Guardas Municipais
Numa primeira análise as Guardas Municipais não seriam responsáveis pela segurança pública,
pois não fazem parte do rol taxativo, entretanto a Constituição (art. 144, § 8o) rege que os Municípios poderão
constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei.
Vide Estatuto das GM – Lei 13.022 de 8 de agosto de 2014. – Discussão doutrinária.

Segurança Viária
A Emenda Constitucional n0 82/2014 acrescentou ao art. 144, CF/88, o § 10, que trata da
segurança viária. Vejamos o que prevê esse dispositivo:
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de
outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente; e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos
respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei.
35
Como visto a partir da leitura do texto, a EC no 82/2014 cria a carreira de agentes de trânsito no
sistema de segurança pública. Em outras palavras, ela torna constitucional a competência desses agentes,
estruturados em carreira, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Agentes Penitenciários – Polícia Penal


Observem que os agentes penitenciários não faziam parte do rol da segurança pública. –
Sequer eram citados.
Entretanto, por meio da Emenda Constitucional nº 104, de 2019 passaram a ser denominados
Polícia Penal. No MS os órgãos são vinculados à SEJUSP, que é Secretaria de Estado de Justiça e Segurança
Pública. Assim as polícias (PM e PC) pertencem à parte “Segurança Pública” e a Polícia Penal tem mais
afinidade com a parte “Justiça” (execução da pena).
O artigo 144 da Constituição Federal diz que a segurança pública, embora seja um dever do
Estado, é da responsabilidade de todos, vejamos:
CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,


é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 104, de 2019)

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de


bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual
ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando


e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas
respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de


fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

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§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela


União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,


ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem


pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei,
incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da


unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos
penais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e


reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias
penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis


pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de


seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados


neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da


incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras


atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana
eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos


respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 82, de 2014)

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IMPORTANTE: Outro ponto de destaque é que, ainda que não seja polícia judiciária, entende o STF que a
polícia militar pode realizar flagrantes ou participar da busca e apreensão determinada por ordem judicial.9

9HC 91481 MG, DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008 EMENT VOL-02338-02 PP-00340 RT V. 98, n. 879,
2009, p. 526-528 RF V. 104, n. 400, 2008, p. 491-493
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VII - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

Seção VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
I - o Superior Tribunal Militar;
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios,
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo
Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre
oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República
dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério
Público da Justiça Militar.
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos
em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a
competência da Justiça Militar.
Seção VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a
lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de
leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual,
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça
Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por
Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte
mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados,
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes
militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em 20/12/2019.

CAROLINA, Nádia. VALE, Ricardo. Direito Constitucional, Estratégia Concursos Públicos, 2018.

GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 14º ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo / Alexandre Mazza. 6ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2016

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo, 30ª ed. São Paulo: Malheiros, 2013.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. A Segurança Pública na Constituição. Revista de Informação Legislativa,
Brasília, Senado Federal, 1991.

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