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DIREITO ADMINISTRATIVO

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Livro Eletrônico
DIREITO ADMINISTRATIVO
Poderes da Administração Pública
Nilton Coutinho

Poderes da Administração Pública..................................................................................3


1. Poderes Administrativos..............................................................................................3
1.1. Introdução.................................................................................................................3
1.2. Vinculação e Discricionariedade................................................................................5
1.3. Uso e Abuso do Poder..............................................................................................8
1.4. Poder Hierárquico.....................................................................................................9
1.5. Poder Regulamentar............................................................................................... 10
1.6. Poder de Polícia...................................................................................................... 16
1.7. Poder Disciplinar e Processo Administrativo Disciplinar. . ........................................ 21
1.8. Lei n. 9.784/1999...................................................................................................23
1.9. Regime Disciplinar na Lei n. 8.112/1990.. .................................................................38
Questões de Concurso...................................................................................................55
Gabarito....................................................................................................................... 69
Gabarito Comentado. .....................................................................................................70

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Poderes da Administração Pública
Nilton Coutinho

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


1. Poderes Administrativos
Neste módulo, vamos falar sobre os poderes conferidos à Administração Pública para,
com base na supremacia e indisponibilidade do interesse público, praticar atos visando o
benefício da coletividade.
São chamados de poderes-deveres pois tais poderes existem para garantir a proteção
dos interesses da coletividade. Por esta razão tais poderes se constituem como verdadeiros
deveres a cargo da Administração Pública.
É um tema importante e que tem relação direta com o tema “atos administrativos”.
Tenho certeza de que uma ou duas questões da sua prova sairão deste módulo e do mó-
dulo de “atos administrativos”.
Abraços e bons estudos a todos!

1.1. Introdução
Registre-se inicialmente que o Estudo da Administração Pública, em seus aspectos sub-
jetivos (dos sujeitos que a integram) e objetivos (das atividades que desenvolve) e do regime
jurídico ao qual está submetida, exige a compreensão de que, ao desenvolver suas atividades
na busca da satisfação e proteção de interesses qualificados por lei como públicos, necessita
atuar cercada de atributos, sem os quais, as finalidades que direcionam sua atuação resta-
riam prejudicadas.
Nesse contexto é que se coloca o tema “Poderes” da Administração e dos Agentes Pú-
blicos, expressão que, numa primeira impressão, provoca a ideia de que a Administração
Pública e seus agentes têm as atividades marcadas por características que denotam prer-
rogativas e que os colocam em posição diferenciada nas relações jurídicas que mantém
com outras pessoas.
Entretanto, é preciso advertir que a expressão “poderes” nem sempre é empregada no sen-
tido de prerrogativa, força jurídica diferencia Poder Regulamentar, também chamado de Poder
Normativo, que retrata a possibilidade ou necessidade de expedição de atos normativos que

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finalizam a regulamentação das leis, com o intuito de possibilitar a execução perfeita dos co-
mandos legais. Aqui nada há de exercício de “poder” no sentido tradicional da expressão, mas
apenas de uma função que é exercida por alguns agentes públicos, nas suas funções.
Outras vezes, a expressão “poder” é empregada como verdadeira limitação ou restrição
no exercício da atividade administrativa, na medida em que a Administração Pública. É o que
se verifica nos contornos encontrados no “Poder Vinculado” que, em verdade, aponta para
uma vigorosa restrição à atividade administrativa, na medida em que a Administração Pública
atua, sob pena de invalidade, de modo absolutamente vinculado à lei, sem qualquer margem
de liberdade e sem que tenha a possibilidade de realizar qualquer juízo subjetivo de valor
como propulsor da prática do ato. Percebe-se que nesse caso o chamado “poder vinculado”
implicará numa supressão absoluta de qualquer poder.
Apesar dessas considerações, o estudo do tema e de suas implicações na atividade
administrativa da entidade pública torna-se importante, na medida em que permitirá a com-
preensão de como estrutura-se a Administração Pública em termos de organização basea-
da em relações hierárquicas, extraindo-se dessa estrutura a atuação decorrente do “Poder
Hierárquico”. Ademais, aqui também se concentra o estudo de como deve expressar-se o
desenvolvimento da função regulamentar da entidade pública, seus limites e parâmetros
constitucionais e legais, oportunidade em que o “Poder Regulamentar” ou “Poder Normati-
vo” será utilizado.
Nesse contexto também será estudada a atuação da Administração Pública, com maior,
menor ou ausência de liberdade de ação, conforme previamente estabelecido por lei, com
exercício das atribuições, com discricionariedade (Poder Discricionário) ou com total vincula-
ção à lei (Poder Vinculado).
O poder disciplinar também será tratado, sendo inerente a qualquer estrutura organiza-
cional a permitir identificar irregularidades na condução dos negócios da organização públi-
ca, pelos agentes públicos ou aqueles que, de alguma maneira, vinculam-se à estrutura da
Administração Pública, bem como a imposição de sanções disciplinares aos que se compor-
tam de modo a agredir aos comandos de disciplina vigentes.
Finalmente e, importantíssimo, aqui se localiza o tratamento jurídico a uma das principais
atividades administrativas do Estado, a atividade de polícia administrativa que permite concretizar

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o ideal de preservação dos interesses públicos, assim tutelados pelo Direito, quando sujeitos
a riscos decorrentes da atividade particular, ainda que lícita e regular. Vale dizer, a atividade
particular, mesmo que desenvolvida de forma válida, deve conformar-se às exigências postas
para proteção dos interesses públicos e a atividade pública tendente a essa proteção recebe
a marca da expressão “Poder de Polícia”.
Desse modo e com a observação de que a doutrina brasileira não se apresenta consensu-
al quanto ao alcance e o conteúdo da expressão “Poderes da Administração” e no reconheci-
mento de quais são efetivamente, tais poderes, toma-se, em nome de uma abordagem ampla,
a opção de tratar dos seguintes poderes: (i) hierárquico; (ii) normativo (ou regulamentar); (iii)
discricionário e vinculado, (v) disciplinar e, finalmente, (vi) poder de polícia.

1.2. Vinculação e Discricionariedade

Como já adiantado na introdução, os temas aqui tratados como “poderes” discricionário


e vinculado talvez pudessem ser, com propriedade, desenvolvidos com a temática “atos ad-
ministrativos”, vez que caracterizam maneiras de atuação da Administração Pública, que a
depender dos comandos legislativos subjacentes à prática do ato, atuará com maior, menor
ou sem qualquer liberdade.
Portanto, a atuação da Administração Pública e os atos praticados pelas autoridades
administrativas é que serão vinculados ou discricionários. Não se trata de poderes, mesmo
porque, a ideia de “poder vinculado” exprime exatamente limitação de poder na medida em
que a atividade da Administração Pública, quando vinculada, imprime a ausência de qualquer
liberdade de atuação, impondo sim, absoluto respeito à lei, sem qualquer possibilidade de
juízos subjetivos de valores.
A discricionariedade na atuação da Administração Pública implica na concessão, por lei,
de margem de liberdade para atuação dos agentes públicos que, diante das circunstâncias
específicas do caso concreto, poderão agir segundo critérios de conveniência e oportunidade,
escolhendo uma, entre as diversas possibilidades de atuação.
É, a discricionariedade, uma das características, por exemplo da atividade de polícia ad-
ministrativa consistente na livre escolha, pela Administração, da oportunidade e conveniência

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de exercício do poder de polícia, bem como da aplicação dos meios conducentes a atingir o
fim colimado, que é a proteção de algum interesse público. Assim é que na atividade de polícia
administrativa a autoridade competente, em contato com a situação de fato e em busca da
preservação do interesse público, escolherá, entre as várias sanções previstas em lei aquela
que se mostrar mais conveniente e oportuna.
Noutras palavras, a atuação discricionária abre uma gama de opções à Administração
Pública que poderá agir desta ou daquela maneira, autorizada por lei, após juízo subjetivo de
valor e análise de conveniência e oportunidade para a prática do ato. Entretanto, a liberdade
para agir desta ou daquela forma decorre de lei e não da vontade da Administração Pública e
de seus agentes.
Exemplo de atuação discricionária é encontrado na remoção de servidores públicos, quando
prevista a possibilidade em lei, a critério da Administração Pública, para atender à conveniência
do serviço público1, em que, a depender da verificação da autoridade competente e da conve-
niência para a Administração Pública, tanto poderá, validamente praticar o ato, removendo o
servidor como também poderá deixar de removê-lo pela percepção subjetiva da conveniência.
Portanto, reconheça-se que a Administração Pública nem sempre recebe da lei coman-
dos completos a afastar qualquer margem de atuação discricionária. Parcela considerável da
atuação administrativa está marcada pela discricionariedade, assim entendida como a atua-
ção desenvolvida dentro de parâmetros determinados, implicando numa relativa liberdade no
atuar, desde que obedecidos os limites estabelecidos em lei.
É que a lei não consegue prever toda a sorte de situações fáticas a serem enfrentadas no
cotidiano da Administração Pública. Os fenômenos sociais, ao se concretizarem, podem se
apresentar com feições variantes em razão das circunstâncias peculiares que os envolvem.
É nesse ponto que surge a atuação discricionária. O comando legal, a partir da compreensão
de que não conseguirá pormenorizar todas as variantes de cada situação concreta, passa a
autorizar a Administração Pública a agir, diante de cada uma, a partir de juízos subjetivos de
valores, aferindo conveniência e oportunidade para agir desta ou daquela maneira admitidas
pela lei. Vale dizer, a Administração Pública recebe a autorização legal para agir a partir de
critérios de conveniência e oportunidade, formulando juízos valorativos, desde que essa atu-
ação discricionária decorra, ao menos implicitamente, da lei.
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas, 29ª edição, 2016, p. 222.

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Admite-se, desse modo, a atuação discricionária, sem perder de vista que essa atuação não
pode jamais, ser confundida com a atuação arbitrária. Discricionariedade implica em agir, a par-
tir de autorização legal, com liberdade condicionada a preceitos legais. Arbitrariedade é atuação
que peca ao representar excesso no agir além ou contra a lei, o que é sempre reprovável.
Por outro lado, necessário referir ao Poder Vinculado ou atividade vinculada da Adminis-
tração Pública, quando a margem de liberdade desaparece por completo. Agora a lei determi-
na como se dará a atuação do órgão público estabelecendo, de antemão, todos os requisitos
necessários à prática do ato, sem permitir ao agente público, qualquer possibilidade de juízo
subjetivo de valor.
Portanto, como já afirmado, não se trata rigorosamente de “poder”, mas de absoluta
ausência deste, vez que não resta à Administração e seus agentes, qualquer liberdade e
possibilidade de ação que não seja aquela previamente estabelecida no ato normativo pre-
viamente praticado.
Apenas para ilustrar, vinculado é o ato de admissão ao serviço público quando preenchi-
dos os requisitos legais. Imagine-se o acesso ao serviço de educação pública no ensino fun-
damental oferecido a todas as crianças, que estejam dentro de determinada faixa de idade e
que residam nas proximidades da unidade escolar. Ora, preenchidos os requisitos legais, não
restará à autoridade pública competente uma alternativa de escolha que não seja a prática do
ato de admissão, com a matrícula do interessado na unidade administrativa escolar.
Nota-se, pois, que no âmbito da atuação vinculada, a margem de liberdade presente na
discricionariedade, desaparece por completo.
Percebe-se, naturalmente, que a maior vinculação dos atos e da atuação administrativa
aumenta a possibilidade de sindicabilidade da atuação administrativa, vez que os parâmetros
estão objetivamente postos na norma. Todavia, essa constatação não autoriza a conclusão
de que a atuação discricionária escaparia, diante da margem legal de liberdade, da possibi-
lidade de controle, inclusive jurisdicional. A discricionariedade minimiza a possibilidade de
controle, mas não o elimina, vez que ainda será possível analisar a legalidade do ato pela
identificação dos seus requisitos de validade (competência do agente, forma prevista em lei,
motivo, objeto e finalidade) e a razoabilidade nas escolhas da Administração Pública, entre
aquelas possíveis.

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Assim, mesmo os atos discricionários estão sujeitos ao controle de legalidade a ser em-
preendido pela própria organização administrativa ou pelo Judiciário.

1.3. Uso e Abuso do Poder


O uso do poder é uma prerrogativa do agente público. O uso (normal) do poder implica na
observância das normas constitucionais, legais e infralegais, além dos princípios explícitos e
implícitos do regime jurídico-administrativo e na busca do interesse público.
Já o abuso de poder corresponde a um desvio de conduta, à inobservância, por parte do
agente público, de seu poder-dever de agir “secundum legem”.
Há três formas de expressão do chamado abuso de poder:
• Excesso: quando a autoridade competente vai além do permitido na legislação, ou seja,
atua ultra legem;
• Desvio de finalidade: quando o ato é praticado por motivos ou com fins diversos dos
previstos na legislação, ou seja, contra legem, ainda que em seu “espírito”, normalmen-
te com violação de atuação discricionária;
• Omissão: quando se constata a inércia da Administração em fazer o que lhe compete,
injustificadamente (com violação de seu poder-dever).

Lembre-se que você já estudou abuso de poder em direito constitucional, quando o professor
abordou o tema “mandado de segurança”.

Veja:

Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for au-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (art. 5º,
inciso LXIX da Constituição).

Tal abuso pode ocorrer nas três modalidades acima mencionadas, tendo, inclusive, já sido
objeto de indagação em provas da OAB e outras.

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1.4. Poder Hierárquico

Mais apropriada do que a expressão “poder hierárquico” é a referência aos “poderes de-
correntes da hierarquia” na Administração Pública. Não há, propriamente, um poder hierár-
quico vez que a hierarquia traduz uma forma de organização administrativa, um sistema que
permite a atuação total da estrutura administrativa de modo uniforme, racional, coordenado
e, espera-se, mais eficiente.
Com efeito, uma estrutura administrativa extremamente complexa, com a magnitude que
atualmente se vislumbra nas entidades públicas, não sobreviveria sem o emprego de estru-
tura necessária à identificação de uma unidade coesa, uma única identidade organizacional,
não obstante desenvolva ao mesmo tempo, diversas atividades em áreas distintas e em lu-
gares variados.
Não se pode perder de vista que o Estado, expressão aqui utilizada no sentido amplo, a
embarcar, segundo a opção federativa encartada na Constituição Federal de 1988 a União, Es-
tados, Distrito Federal e Municípios, recebe a incumbência de desenvolver muitas atividades
materiais para a consecução dos fins constitucionalmente fixados. Assim é que se encontram
no artigo 21 da Constituição Federal de 1988, muitas competências materiais atribuídas à
União. Da mesma forma há normas constitucionais que determinam o âmbito de atuação
material dos Estados federados (art. 25, §§ 1º e 2º, da CF/88), dos Municípios (art. 30, CF/88)
e ao Distrito Federal (art. 32, §1º, CF/88).
Portanto, cada entidade pública-política do Estado brasileiro, recebe competências ma-
teriais que só podem ser concretizadas por meio de uma dada estrutura administrativa e, tal
estrutura estará à disposição das entidades públicas para realização das tarefas materiais
necessárias à consecução dos fins públicos a que se destinam. Mas é preciso reconhecer
que a estrutura é complexa, pois desempenhará atividades distintas simultaneamente e em
lugares diferentes.
Para ilustrar, imagine-se a estrutura administrativa de um Estado da Federação brasileiro
que desenvolve, ao mesmo tempo e em vários lugares, atividades materiais na área da segu-
rança pública, educação e saúde públicas. Como poderia essa entidade pública exercer com
mínima eficiência tantas atividades ao mesmo tempo senão por meio de órgãos administrativos

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dispostos nos vários lugares de atuação, alguns com atuação do plano de direção, outros de
gestão e outros ainda no plano de execução. É necessário que tantos órgãos administrativos
integrantes dessa estrutura devam atuar de maneira organizada e uniforme e, para tanto,
todos os órgãos da base desse organismo estarão vinculados a outros, hierarquicamente su-
periores de gerenciamento e monitoramento das atividades e estes, por suas vezes, estarão
vinculados hierarquicamente a outros órgãos superiores, até que se chegue ao ápice dessa
organização, onde estará a figura do Chefe do Poder Executivo daquele Estado federado.
Essa estrutura hierarquizada permitiria o desempenho de atividades multifacetárias si-
multaneamente e em todos os cantos do território alcançado pela entidade pública, todas
desenvolvidas de maneira coordenada, supervisionada e uniforme, com procedimentos simi-
lares, na medida em que os órgãos que integram essa estrutura estarão posicionados numa
estrutura hierarquizada, da base ao ápice de uma verdadeira pirâmide administrativa, de sorte
que as decisões concebidas e tomadas nos planos de direção e gestão alcancem do mesmo
modo, a base da estrutura.
Para tanto, necessário que essas várias “instâncias” do exercício das atividades admi-
nistrativas atuem a partir de relações hierárquicas a permitir que autoridades públicas supe-
riores expeçam ordens aos seus subordinados que repercutem, nos subordinados como ver-
dadeiros deveres, salvo nos casos de ordens manifestamente ilegais. Ademais, das relações
hierárquicas extrai-se o poder de correição, de controle do cumprimento das obrigações e da
revisão dos atos praticados por subordinados, com possibilidade de anulação de atos ilegais
e revogação de atos que, embora validamente praticados, não atendem os critérios de conve-
niência e oportunidade e, ainda, os poderes de delegação de atribuições, do superior ao infe-
rior hierárquico, desde que não se tratam de atribuições privativas e de avocação de poderes
pela autoridade superiora, desde que, mais uma vez, não estejam inseridas nas atribuições
privativas da autoridade subordinada.

1.5. Poder Regulamentar


Os atos jurídicos primários ou originários são aqueles provenientes do órgão estatal, en-
carregado pela própria Constituição da edição das regras capazes de inovar a ordem jurídi-
ca. A função atribuída a esse órgão é, repita-se, decorrente de outorga constitucional e, no

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exercício de suas atribuições, edita, originariamente, as regras que darão suporte ao sistema
jurídico a ser implantado em determinada sociedade. Essa competência originária, no Brasil,
que adota a separação dos poderes, foi atribuída ao Congresso Nacional, no âmbito federal e
será exercido, nos termos do Art. 59 da Constituição Federal, por meio de emendas constitu-
cionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, resoluções
e decretos legislativos. Esses são os atos normativos originários ou primários, desencade-
ados pela atuação do Poder Legislativo, no exercício de função institucional, conferida pela
Constituição Federal ao separar os poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário.
Na lição de Miguel Reale, atos normativos “originários se dizem os emanados de um órgão
estatal em virtude de competência própria, outorgada imediata e diretamente pela Constitui-
ção, para edição de regras instituidoras de direito novo”2.
Ao lado dos atos normativos originários encontram-se os derivados ou secundários, com
força suficiente para estabelecer comportamentos aos destinatários, mas sempre como ins-
trumento de aplicação da norma primária subjacente. Vale dizer, são atos normativos posto
que vinculantes aos destinatários, mas derivados porque decorrentes de outro ato normativo,
qual seja, o originário. É nessa categoria de atos normativos que se incluem as sentenças e
outras decisões judiciais, os contratos e as normas editadas no âmbito da Administração Pú-
blica, para execução das leis. Nesses casos todos, nota-se a estreita vinculação entre o ato
normativo derivado e o originário. Este é fundamento daquele, editado sempre para a aplica-
ção da norma primária.
É o caso do poder regulamentar de que dispõe o Chefe do Poder Executivo no Brasil, pre-
visto no art. 84, IV, da Constituição Federal:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução.

Note-se, inicialmente, que a Constituição Federal, ao se referir ao poder normativo do Pre-


sidente da República, aponta claramente para o poder normativo secundário, ou derivado, vez
que a expedição de decretos e regulamentos, apenas será possível para a fiel execução da lei,
ato normativo primário e originário. É o chamado regulamento de execução, expedido para
tornar possível a fiel execução da lei.
2
REALE, Miguel. Revogação e anulamento do ato administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1980, p. 12.

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Realmente, muitas vezes a lei, em sua linguagem técnica é inacessível ao executor e in-
compreensível ao destinatário. Outras vezes, para a execução da lei, necessária a criação de
instrumentos por parte do Poder Executivo. Surge nessas oportunidades, lugar para a expe-
dição do regulamento de execução, editado pelo Presidente da República para que o ato de-
corrente da atuação do Poder Legislativo possa, efetivamente, atingir seus objetivos. É, com
a edição do regulamento, ato normativo do Poder Executivo, que a lei alcança eficácia. Mas é
claro, como regulamento de execução, está limitado e vinculado aos comandos da própria lei
regulamentada, não sendo possível, via regulamento, a criação de obrigações antes não cria-
das pela lei ou a exigência der comportamentos antes não exigidos pela lei regulamentada.
O poder normativo conferido ao Executivo pelo art. 84, IV, da Constituição Federal é, desse
modo, limitado e complementar. Não tem o condão de inovar na ordem jurídica. Nem poderia
ser diferente, já que a função do Executivo não é a de legislar originariamente, mas executar a
lei antes editada pelo Poder próprio.
Ao lado do poder normativo conferido ao Presidente da República, foram, os Ministros de
Estado investidos de semelhante função, quando estabeleceu o art. 87, da Constituição Fe-
deral, a competência dessas autoridades para “expedir instruções para a execução das leis,
decretos e regulamentos”.
Da mesma maneira, fácil perceber que se trata de normatização complementar e infrale-
gal, com a finalidade de, mais uma vez, tornar possível a execução das leis.
Ao lado do poder normativo do Presidente da República e dos Ministros de Estado, encon-
tra-se hoje, nas Agências Reguladoras, nova versão da atividade normativa do Estado, mas
que não deve ser entendida como carta branca conferida a essas novas entidades, o que nem
mesmo o Chefe do Poder Executivo recebeu.
São conhecidos alguns tipos de competências regulamentadoras, cuja análise, mesmo
que breve, torna-se importante para a compreensão dessa função normativa da Administra-
ção Pública, em especial para se saber sobre a compatibilidade com o princípio da legalidade.
O primeiro é o poder regulamentar que exerce o Executivo para tornar possível a fiel exe-
cução das leis. E o ato decorrente desse poder, pela própria natureza, é conhecido como re-
gulamento executivo ou regulamento de execução. Não pode, como visto, exceder a função
do próprio Executivo. Aliás, a Constituição Federal de 1988 criou instrumento a ser utilizado contra

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excesso no exercício do poder normativo, prevendo, no art. 49, V, a competência do Congresso


Nacional de “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regula-
mentar ou dos limites da delegação legislativa”. Está, dessa forma, bem caracterizada a sub-
missão do regulamento à lei, posto que norma dela derivada.
Outro regulamento é o autônomo, expedido pelo poder Executivo para ocupar lacuna le-
gislativa, cuja matéria prescinda de lei. Vale dizer, matérias não submetidas à reserva legal
podem ser objeto de atuação do Poder Executivo. Este, ao contrário do regulamento executi-
vo, tem o condão de inovar a ordem jurídica, estabelecendo regramento original sobre maté-
rias não disciplinadas por lei.
Como afirmou Hely Lopes Meirelles:

Decreto independente ou autônomo: é o que dispõe sobre matéria ainda não regulada especifi-
camente em lei. A doutrina aceita esses provimentos administrativos praeter legem para suprir a
omissão do legislador, desde que não invadam as reservas da lei, isto é, as matérias que só por lei
podem ser reguladas.
Advirta-se, todavia, que os decretos autônomos ou independentes não substituem definitivamente
a lei: suprem, apenas, a sua ausência, naquilo que pode ser provido por ato do Executivo, até que a
lei disponha a respeito. Promulgada a lei, fica suspenso o decreto3.

Apesar de admitido pelo publicista acima citado, o regulamento autônomo, no Brasil, sofre
muita resistência.
De início, ao admitir a possibilidade de regulamento autônomo, estar-se-ia minimizando a
separação dos poderes, prevista pela Constituição Federal, como um dos alicerces do Estado
brasileiro, tanto que incluída entre as “cláusulas pétreas” enumeradas no art. 60, § 4º, III4.
Além do mais, a Constituição Federal, quando admitiu a possibilidade de exercício da fun-
ção legislativa pelo Executivo, o fez de forma expressa e clara, por se tratar, evidentemente,
de situação excepcional. Essa usurpação tolerada pela norma constitucional diz respeito às
leis delegadas, espécie normativa originária, elaboradas pelo Presidente da República após
solicitação da delegação ao Congresso Nacional. Este, se entender conveniente e oportuno,
delegará ao chefe do Executivo o poder normativo, fazendo-a por meio de Resolução “que
especificará seu conteúdo e os termos do exercício” da competência delegada. É o que prevê
o art. 68 da Constituição Federal.
3
MEIRELLES. Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 41ª ed. Malheiros: São Paulo, 2015, p. 162.
4
“Art. 60 (...)
§ 4 – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
III – a separação dos poderes.”

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Parece, pela análise desses argumentos, que o constituinte brasileiro de 1988 pretendeu,
no que se refere à função legislativa, reservá-la de forma exclusiva ao Congresso Nacional.
José Cretella Júnior, nesse sentido, ensina:

Diante da realidade brasileira o regulamento autônomo inexiste, embora a doutrina o mencione.


Entre nós, o regulamento existe em função da lei, sendo vinculado (ou introduzido) por decreto
normativo do Executivo. Daí, o dizer-se que o decreto é o veículo ou instrumento do regulamento5.

Maior clareza à intenção do constituinte se vê no que dispôs o art. 25, do Atos das Dis-
posições Constitucionais Transitórias quando determina a revogação,”a partir de cento e oi-
tenta dias da promulgação da Constituição, sujeito esse prazo a prorrogação por lei, todos
os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo competência
assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional”.
A mencionada regra constitucional é objetiva, simples e a sua compreensão tranquila. O
único, no Brasil, com competência para editar normas jurídicas originárias e primárias é, no
âmbito federal, o Congresso Nacional, ressalvadas as situações excepcionais expressamente
mencionadas pela própria Constituição, como no caso da Medida Provisória e da Lei Delega-
da. Contudo, nessas hipóteses, ainda assim, haverá a necessária participação do Congresso,
seja para estabelecer os limites e condições da delegação, seja na apreciação posterior da
Medida Provisória.
Pelo visto, difícil aceitar, no Brasil, a possibilidade dos regulamentos autônomos.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, rejeita a ideia:

Portanto, no direito brasileiro, só existe o regulamento de execução, hierarquicamente subordinado


a uma lei prévia, sendo ato de competência privativa do Chefe do Executivo.6

Diógines Gasparini posiciona-se no mesmo sentido:

O ato que se origina do exercício da atribuição regulamentar chama-se regulamento. Pode, em


nosso ordenamento, ser definido como o ato administrativo normativo, editado privativamente pelo
Chefe do Executivo, segundo uma relação de compatibilidade com a lei para desenvolvê-la. Por
essa definição, vê-se que o Direito Positivo brasileiro só admite o regulamento de execução, isto
é, os regulamentos destinados à fiel execução da lei, consoante prescreve o inc. IV do Art. 84 da
Constituição Federal.
5
CRETELLA JUNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 17ª edição, 2000, p. 240.
6
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Editora Atlas, 29ª edição, 2016, p. 88.

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Não bastasse isso, diga-se que, nos termos do inc. II do Art. 5º da Lei Maior, “ninguém será obriga-
do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim, se o regulamento não é
lei em sentido formal, não pode criar direito novo, como os regulamentos autônomos criam. Ade-
mais, cabe ao Congresso Nacional, nos termos do Art. 48 da Constituição, dispor sobre todas as
matérias de competência da União. Sendo assim, não há lugar, espaço jurídico, para o regulamento
autônomo ou independente7.

Além dos regulamentos de execução e dos regulamentos autônomos ou independentes,


ressalte-se a existência dos regulamentos delegados ou autorizados ou habilitados. Por essa
forma de regulamento, tem-se a delegação da própria função legislativa a outrem para que a
exerça no lugar do Poder Legislativo.
A matéria antes reservada à lei, a partir da delegação, passa a estar inserida, integralmen-
te, na pessoa daquele que recebeu a delegação. Verdadeiramente, transfere-se a própria fun-
ção de legislar e o delegatário a assume para exercício por conta própria. O legislador retira
do domínio da lei determinada matéria para que, inserida no domínio do regulamento possa,
pelo titular do poder regulamentar ser tratada.
Essa técnica é conhecida como deslegalização e como ensina Diogo de Figueiredo Mo-
reira Neto, pode se limitar em transferir, efetivamente, a competência legislativa para outrem:

A lei de deslegalização não necessita, assim, sequer penetrar na matéria de que trata, bastando-lhe
abrir a possibilidade a outras fontes normativas, estatais ou não, de regulá-la por atos próprios
que, por óbvio, não serão de responsabilidade do Poder legislativo, ainda que sobre ele possa con-
tinuar a ser exercido um controle político sobre eventuais exorbitâncias8.

Essa forma de delegação, assim como o regulamento autônomo, não encontra possibi-
lidade jurídica de ser utilizado no Brasil. A uma, porque a Constituição Federal não autorizou
sua utilização, fazendo referência apenas ao regulamento expedido para fiel execução da lei;
a duas, porque quando a Constituição se reporta à delegação da função legislativa, o faz
por meio de instrumento próprio, qual seja, a lei delegada. Vale dizer que a única maneira do
Congresso Nacional delegar a função legislativa a outro se dá com a expedição de resolução,
a partir de solicitação do Presidente da República, em que será definida não só a delegação,
mas também suas condições e seus limites. Além disso, admitir delegação da lei para que a

7
GASPARINI, Diógines. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 9 edição, 2005, ps. 105/106.
8
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Mutações do Direito Administrativo. São Paulo: Renovar, 2001, p. 166.

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matéria antes reservada a sua competência seja objeto de regulamento, soa como uma farsa
inadmissível, arquitetada para dar impressão de legalidade a uma transgressão frontal ao
princípio da legalidade regente no Direito brasileiro.
Portanto, nosso sistema jurídico-constitucional não admite a utilização de subterfúgios
para desvios de legalidade. Os atos normativos primários devem regular de modo suficiente-
mente abrangente, as matérias a serem tratadas, não sendo possível a utilização do instru-
mento legal apenas para transferência da competência legislativa a outro que não a recebeu
da própria Constituição Federal.
Celso Antônio Bandeira de Mello é contundente, mas rigorosamente técnico, ao comentar
esse tipo de delegação:

Por isto, a lei que limitar-se a (pretender) transferir ao Executivo o poder de ditar, por si, as condi-
ções ou meios que permitem restringir um direito delegação disfarçada, inconstitucional. Deveras:
as funções correspondentes a cada um dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) são, como
regra, indelegáveis. Disto se ressalva, tão só, a hipótese de “leis delegadas” – pela própria Cons-
tituição previstas no Art. 59, IV, mas editáveis apenas em decorrência do procedimento legislativo
regulado no art. 68 e segundo as condições e limites ali estabelecidos.9

Resta, pois, ao Poder Executivo, o regulamento de execução e com suas limitações deve
ser utilizado pelas Agências Reguladoras, em razão de suas atribuições normativas.

1.6. Poder de Polícia


Aviso ao futuro advogado: dentre os vários poderes da administração pública, o poder de
polícia é o que costuma cair com mais frequência nas provas e concursos.
Assim, vamos fazer uma análise bem detalhada sobre ele.
Conceito: poder de polícia é a Faculdade de que dispõe a Administração para condicionar
e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletivida-
de ou do próprio Estado.
Em palavras menos técnicas, é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração
para conter os abusos do direito individual.
Antigamente, possuíamos no Direito Administrativo Brasileiro, apenas um conceito dou-
trinário de poder de polícia. Hoje, contamos com um conceito legal, encartado no artigo 78 do
Código Tributário Nacional:
9
BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direito Administrativo, São Paulo: Malheiros, 15ª ed., 2010, p. 309.

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Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinan-


do direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de inte-
resse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.

Polícia Administrativa é diferente de Polícia Judiciária ou de Polícia de Manutenção da


Ordem Pública. A polícia administrativa incide sobre bens, direitos e atividades, enquanto a
polícia judiciária ou a polícia administrativa atuam sobre a pessoa.
Poder de Polícia Originária e poder de Polícia Delegado: Fala-se em poder de polícia origi-
nário (ilimitado e nasce com a entidade que o detém; pleno e poder de polícia delegado (pro-
vém de outra entidade por meio de transferência legal; é limitado aos termos da delegação).
Razão e Fundamento do Poder de Polícia: a razão do poder de polícia é o interesse social
e o seu fundamento está na supremacia geral que o Estado exerce um seu território sobre o
particular.
Aqui, mais uma vez, podemos observar a supremacia do interesse público sobre o privado.
Exemplos de manifestação do poder de polícia na Constituição Federal:
• Artigo 5º, incisos VI e VII: limitação à liberdade pessoal;
• Artigo 5º, incisos XXIII e XXIV: limitação ao direito de propriedade;
• Artigo 5º, inciso XIII: limitação ao exercício das profissões;
• Artigo 5º, inciso XVI: limitação ao direito de reunião;
• Artigo 15: limitação aos direitos políticos;
• Artigos 170 e 173: limitação à liberdade de comércio.

Também existem manifestações do Poder de Polícia em leis infraconstitucionais, como,


por exemplo, o Código de Águas, o Código de Mineração, o Código Florestal, o Código de Caça
e Pesca etc.
O regime de liberdades públicas em que vivemos assegura o uso normal dos direitos indi-
viduais, mas não autoriza o abuso nem o exercício antissocial desses direitos.
Objeto e Finalidade do Poder de Polícia: o objeto do poder de polícia é todo bem, direito
ou atividade individual que possa afetar a coletividade ou pôr em risco a segurança nacional.

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A finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse público no seu sentido mais


amplo, englobando não só interesses patrimoniais, mas também morais e espirituais de um
povo, expressos nas tradições, nas instituições e nas aspirações nacionais.
Extensão e limites do Poder de Polícia: atualmente, a extensão do poder de polícia é muito
ampla, em face da enorme evolução e diversificação da atuação estatal, abrangendo desde
a proteção à moral e aos bons costumes, à preservação da saúde pública, o controle das
publicações, a segurança das construções, dos transportes, até a segurança nacional em
particular.
Os limites do poder de polícia são demarcados pelo interesse social em conciliação com
os direitos fundamentais do indivíduo, assegurados na Constituição Federal, artigo 5º.
Nesse pensar, podemos perceber que do absolutismo individual houve uma evolução para
o relativismo social.
Atributos do Poder de Polícia: o poder de polícia tem atributos específicos e peculiares
ao seu exercício. São eles: discricionariedade; autoexecutoriedade; coercibilidade; atividade
negativa – um não fazer do “administrado” e indelegabilidade
Vejamos, na ordem posta, cada um, separadamente.
Discricionariedade: a discricionariedade traduz-se na livre escolha, pela Administração,
da oportunidade e conveniência de exercício do poder de polícia, bem como da aplicação dos
meios conducentes a atingir o fim colimado, que é a proteção de algum interesse público.
Como já foi visto, discricionariedade é diferente de arbítrio.
Autoexecutoriedade: é a faculdade de a Administração decidir e executar diretamente sua
decisão por seus próprios meios, sem necessidade da intervenção do Poder Judiciário.
Se o particular se sentir prejudicado, pode e deve recorrer ao Judiciário para correção de
eventual ilegalidade administrativa.
O que a autoexecutoriedade autoriza é a prática do ato de polícia administrativa pela pró-
pria Administração, sem a necessidade de mandado judicial.
Assim, por exemplo, ao verificar que uma construção oferece risco à coletividade, a Admi-
nistração embarga diretamente a obra e promove sua demolição, se for o caso, sem necessi-
tar de autorização judicial para tanto.

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A aplicação de sanção sumariamente e sem defesa só pode ser feita pela Administração
nos casos urgentes, que ponham em risco a segurança ou a saúde pública, ou em se tratando
de infração surpreendida em sua flagrância.
Excluem-se da autoexecutoriedade as multas, ainda que decorrentes do poder de polícia,
que só podem ser executadas por via judicial, bem como as demais prestações pecuniárias
devidas pelos administrados à Administração.
Coercibilidade: é a imposição coativa das medidas adotadas pela Administração.
Todo ato de polícia é imperativo (obrigatório para o seu destinatário), admitindo, até o empre-
go da força pública para seu cumprimento, quando resistido pelo administrado. Inexiste ato
de polícia facultativo para o particular.
Atividade negativa: um não fazer ao “administrado”: outro atributo que alguns autores
apontam para o poder de polícia é o fato de ser uma atividade negativa, distinguindo-se, sob
esse aspecto, do serviço público, que seria uma atividade positiva. Neste, a Administração
Pública exerce, ela mesma, uma atividade material que vai trazer um benefício, uma utilida-
de, aos cidadãos: por exemplo, ela executa os serviços de energia elétrica, de distribuição de
água e gás, de transportes etc.; na atividade de polícia, a Administração apenas impede a
prática, pelos particulares, de determinados atos contrários ao interesse público; ela impõe
limites à conduta individual.
Indelegabilidade: essa característica tem sido reconhecida pela jurisprudência, inclusive
do Supremo Tribunal Federal, com base no argumento de que, em se tratando de atividade
típica do Estado, só pode ser por este exercida. Com efeito, o poder de polícia envolve o exer-
cício de prerrogativas próprias do poder público, especialmente a repressão, insuscetíveis de
serem exercidas por um particular sobre outro.
A característica da indelegabilidade é tema de repercussão geral (ARE 662186) – dis-
cute-se se a BH-Trans (sociedade de economia mista) pode impor multas por infrações
de trânsito.
Meios de Atuação do Poder de Polícia: preferencialmente agindo de maneira preventiva,
o Poder Público edita leis e os órgãos administrativos expedem regulamentos e instruções,
que traduzem normas limitadoras e sancionadoras da conduta daqueles que utilizam bens
ou exercem atividades individuais que possam afetar a coletividade. São as chamadas limi-
tações administrativas.

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Após a análise necessária, a Administração outorga o respectivo ALVARÁ de licença ou de


autorização.
Desse modo, ALVARÁ é o instrumento da licença ou autorização para a prática de ato,
realização de atividade ou exercício de direito dependente de policiamento administrativo. É
o consentimento formal da Administração à pretensão do administrado, quando manifestada
na sua forma legal.
O Alvará pode ser definitivo ( quando expedido diante de um direito subjetivo do requeren-
te, como é a edificação; é vinculante para a Administração ), ou precário e discricionário, se a
Administração o concede por liberalidade, como é o alvará de porte de arma.
O alvará definitivo consubstancia uma licença.
O alvará precário expressa uma autorização.
Ambos são meios de atuação do poder de polícia, mas com efeitos diversos, porque o
alvará de autorização pode ser revogado sumariamente, a qualquer tempo, sem indenização,
ao passo que o alvará de licença não pode ser invalidado discricionariamente, só admitindo
revogação por interesse público superveniente e justificado, mediante indenização; ou cassa-
ção por descumprimento das normas legais na sua execução, ou, ainda, anulação por ilegali-
dade na sua expedição, em todas essas hipóteses por meio de processo administrativo com
ampla defesa do interessado.
Outro meio de atuação do poder de polícia é a fiscalização das atividades e bens sujeitos
ao controle da Administração. Essa fiscalização restringe-se à verificação do uso do bem ou
da atividade policiada.
Sanções do Poder de Polícia: o poder de polícia seria totalmente ineficiente se não fosse co-
ercitivo e não estivesse aparelhado de sanções para os casos de desobediência à ordem legal.
As sanções aplicáveis pelo poder de polícia são: multa; interdição de atividade; fechamen-
to de estabelecimento; demolição de construção; embargo administrativo de obra; destruição
de objetos; inutilização de gêneros; proibição de fabricação ou comércio de certos produtos;
vedação de localização de indústria ou comércio em certas áreas.
Condições de validade do Poder de Polícia: as condições de validade do poder de polí-
cia são as mesmas do ato administrativo comum, ou seja: competência, finalidade e forma,
acrescidas da proporcionalidade da sanção e da legalidade dos meios empregados pela Ad-
ministração.

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Nem todos os atos ligados ao exercício do poder de polícia são dotados de autoexecutorie-
dade. Veja o seguinte exemplo trazido pelo XIV Exame de Ordem Unificado: “a Secretaria de
Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou auto de infração, cominando multa no valor de
R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à empresa Explora, em razão da instalação de uma saída de
esgoto clandestina em uma lagoa naquele Estado. A empresa não impugnou o auto de in-
fração lavrado e não pagou a multa aplicada. Considerando o exposto, assinale a afirmativa
correta”. Nesta hipótese, a afirmativa correta considerava a aplicação da penalidade como
manifestação do poder de polícia e afastava a autoexecutoriedade da penalidade, já que a
medida “não autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida”.

1.7. Poder Disciplinar e Processo Administrativo Disciplinar

Às pessoas que se vinculam à Administração Pública, enquanto estrutura composta por


entidades, órgãos públicos e pessoas, impõe-se atendimento às regras de conduta, finalizan-
do ambiente para desenvolvimento regular de suas atividades. Desse modo, deve, a Adminis-
tração Pública, atuar para que esse ambiente de regularidade no comportamento das pes-
soas que a ela se vinculam, sejam servidores públicos ou não, pessoas físicas ou jurídicas,
mantenham-se dentro dos parâmetros de disciplina estabelecidos e normatizados.
Em decorrência da previsão de disciplina interna, de formas de condutas aos que se man-
tém vinculados à Administração Pública, surge o poder de fiscalizar a regularidade dos com-
portamentos exigidos e esperados, de apurar eventuais desvios e, se for o caso, com respeito
às cláusulas constitucionais da ampla defesa e do contraditório, aplicar as sanções corres-
pondentes.
Eis o “poder disciplinar”, que “cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar
penalidades aos servidores públicos demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa”.10
10
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, São Paulo: Átlas, 29ª edição, 2016, pág. 95.

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Importante já ressalvar que não se trata de poder exercido em relação às pessoas, físicas
ou jurídicas, sujeitas às medidas de restrições impostas como decorrência do Poder de Polí-
cia, mas de atuação voltada à manutenção da disciplina e da ordem administrativas, visando
ambiente propícia ao desenvolvimento das atividades da Administração Pública. Certo que,
tanto quanto ocorre com o Poder de Polícia, também aqui haverá a possibilidade de aplicação
de sanções, todavia, com fundamentos e objetivos distintos nos dois casos.
Também não se confunde com os Poderes decorrentes da hierarquia, embora tenha rela-
ção de proximidade. Os Poderes hierárquicos têm função organizacional, tendem a estrutu-
ração das entidades e órgãos públicos, enquanto o Poder disciplinar, exercido dentro da es-
trutura hierarquizada da Administração Pública, tende a identificar e aplicar sanções àqueles
que desrespeitarem às regras de conduta interna.
Por outro lado, é preciso registrar que o exercício do Poder disciplinar não tem relação
com o “Poder de Punir”, como uma das marcas dos Estados soberanos. O Estado tem o “po-
der de punir” com a finalidade de pacificação social e se vale do processo judicial-penal para
tanto. O Poder disciplinar busca o cumprimento da ordem interna no meio em que as ativi-
dades administrativas são desenvolvidas. Assim também pode-se afirmar que, tendo funda-
mentos e finalidades distintas, nada impede a aplicação de sanções administrativas e penais
em decorrência dos mesmos fatos se estes, ao mesmo tempo agredirem regras administrati-
vas-disciplinares e penais11.
O Poder disciplinar é caracterizado pela discricionariedade no sentido de permitir, à auto-
ridade pública competente, a análise dos fatos e a realização de juízo subjetivo de valor para
se chegar à decisão e à medida da sanção, em função de comportamentos que, muitas vezes,
não estão objetivamente delimitados pela lei. É a própria lei que, ao estabelecer tipos de infra-
ções de modo impreciso e indefinidos, deixa margem para análise discricionária para decisão.
É o que ocorre, por exemplo, com expressões como “comportamentos irregulares de na-
tureza grave”, “falta grave”, “ineficiência no serviço”, que rendem a possibilidade de aplicação
de punições, a partir de juízos subjetivos de valores extraídos dos fatos pela autoridade com-
petente. Isso não afasta, entretanto, grande carga de vinculação da autoridade administrativa
com todo o cuidado que deve ter na condução do procedimento administrativa punitivo,
11
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 41ª edição, 2015, pág. 117.

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respeitando-se, de forma absoluta, os princípios da ampla defesa e do contraditório. Também


é vinculada a atuação da Administração Pública, por seus agentes, de instaurar procedimen-
tos administrativos disciplinares, sempre que o fato, supostamente irregular, chegar ao seu
conhecimento. Não há mínima liberdade da Administração em apurar ou não o fato e a auto-
ria. Sempre que eventual irregularidade disciplinar chegar ao conhecimento da Administra-
ção, estará ela, por seus agentes, obrigada à atividade de apuração do ilícito administrativo e
imposição da sanção correspondente, se for o caso.
Registre-se, enfim, que a atuação da Administração Pública com Poder disciplinar, ainda
que legítima, não afasta a possibilidade de ser submetida à análise e verificação judicial de
sua regularidade. A discricionariedade não é cheque em branco para a Administração. Deve
atuar, ainda que tenha reservada uma faixa de liberdade, de modo a não atingir direitos cons-
titucionalmente consagrados a todos os acusados, em processo judicial ou administrativo e
escolhendo, entre as possíveis sanções, aquela que se apresenta a mais adequada.
O mesmo Judiciário que sofre restrições quanto à análise do mérito administrativo da
decisão, deve anular a decisão e, dependendo do caso, o próprio processo disciplinar, quando
demonstrado que houve qualquer desrespeito à lei ou aos princípios de regência da atuação
administrativa.

1.8. Lei n. 9.784/1999


Como sabemos, a Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, regula o processo administrativo
no âmbito da Administração Pública Federal.
Trata-se de uma bastante importante pois pode ser abordado dentro do tema poderes da
Administração Pública e, também, dentro do tema “atos administrativos”.
Assim, visando a melhor preparação do aluno, apresentamos – abaixo – o texto da referi-
da lei e, na sequência, algumas questões comentadas abordando tal temática.
Esperamos que essa técnica auxilie nosso aluno na obtenção da sua carteira vermelha!

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito
da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

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§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Ju-
diciário da União, quando no desempenho de função administrativa.
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
I – órgão – a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
estrutura da Administração indireta;
II – entidade – a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
III – autoridade – o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contradi-
tório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
I – atuação conforme a lei e o Direito;
II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou
competências, salvo autorização em lei;
III – objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de
agentes ou autoridades;
IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previs-
tas na Constituição;
VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

 Obs.: Motivação: por força do princípio da motivação, a Administração Pública deve indi-
car os fundamentos de fato e de direito que justificam a prática de um ato (conforme
dispõe o art. 2º, VII, da Lei n. 9.784/1999). A motivação dos atos administrativos per-
mite o controle da legalidade da atuação da Administração. Não precisa acompanhar
o próprio ato, podendo estar à parte, como em um parecer, por exemplo, conforme
prevê o art. 50, § 1º, da Lei n. 9.784/1999.

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VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, se-
gurança e respeito aos direitos dos administrados;
X – garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção
de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio;
XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos inte-
ressados;
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento
do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de


outros que lhe sejam assegurados:
I – ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercí-
cio de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
II – ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de
interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as
decisões proferidas;
III – formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto
de consideração pelo órgão competente;
IV – fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a repre-
sentação, por força de lei.

CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros


previstos em ato normativo:

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I – expor os fatos conforme a verdade;


II – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III – não agir de modo temerário;
IV – prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento
dos fatos.

CAPÍTULO IV
DO INÍCIO DO PROCESSO

Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.


Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação
oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II – identificação do interessado ou de quem o represente;
III – domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V – data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de docu-
mentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários
padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes.
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fun-
damentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal
em contrário.

CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS

Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo:


I – pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses in-
dividuais ou no exercício do direito de representação;
II – aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam
ser afetados pela decisão a ser adotada;

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III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses


coletivos;
IV – as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interes-
ses difusos.
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito anos,
ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.

CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de ín-
dole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência
dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I – a edição de atos de caráter normativo;
II – a decisão de recursos administrativos;
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atu-
ação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualida-
de e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente jus-
tificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

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Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais das


respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de
interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser
iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.

CAPÍTULO VII
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:


I – tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se
tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo côn-
juge ou companheiro.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à
autoridade competente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave,
para efeitos disciplinares.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima
ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, compa-
nheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efei-
to suspensivo.

CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão
quando a lei expressamente a exigir.
§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o
local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

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§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando hou-
ver dúvida de autenticidade.
§ 3º A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão admi-
nistrativo.
§ 4º O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas.
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de fun-
cionamento da repartição na qual tramitar o processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo
adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à
Administração.
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável
pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de
cinco dias, salvo motivo de força maior.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante
comprovada justificação.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cien-
tificando-se o interessado se outro for o local de realização.

CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará
a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
§ 1º A intimação deverá conter:
I – identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;
II – finalidade da intimação;
III – data, hora e local em que deve comparecer;
IV – se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;
V – informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento;
VI – indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
§ 2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de
comparecimento.

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§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de
recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefini-
do, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais,
mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos
fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa
ao interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interes-
sado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e ativida-
des e os atos de outra natureza, de seu interesse.

CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO

Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados neces-


sários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável
pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias.
§ 1º O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à
decisão do processo.
§ 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar-se do
modo menos oneroso para estes.
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão com-
petente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifes-
tação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.
§ 1º A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim
de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para ofere-
cimento de alegações escritas.

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§ 2º O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado


do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que
poderá ser comum a todas as alegações substancialmente iguais.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da ques-
tão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão estabelecer
outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e
associações legalmente reconhecidas.
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação
de administrados deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado.
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou
entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de
titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser jun-
tada aos autos.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever
atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em docu-
mentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão
administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos docu-
mentos ou das respectivas cópias.
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar do-
cumentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes
à matéria objeto do processo.
§ 1º Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da
decisão.
§ 2º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propos-
tas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas
pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se
data, prazo, forma e condições de atendimento.

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Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se enten-
der relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem neces-
sários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administra-
ção para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com antece-
dência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá
ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessi-
dade de maior prazo.
§ 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o pro-
cesso não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der
causa ao atraso.
§ 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o
processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da res-
ponsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos
técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado,
o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de
qualificação e capacidade técnica equivalentes.
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo má-
ximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente ado-
tar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias re-
prográficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de
terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará
relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará propos-
ta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.

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CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos ad-
ministrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo
de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
CAPÍTULO XII
DA MOTIVAÇÃO

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V – decidam recursos administrativos;
VI – decorram de reexame de ofício;
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de parece-
res, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou pro-
postas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico
que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia
dos interessados.
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais
constará da respectiva ata ou de termo escrito.

CAPÍTULO XIII
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO

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Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcial-
mente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
§ 1º Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a te-
nha formulado.
§ 2º A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosse-
guimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua fina-
lidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.

CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de lega-
lidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da
percepção do primeiro pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade adminis-
trativa que importe impugnação à validade do ato.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração.

CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e
de mérito.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsi-
derar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

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§ 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.


§ 3º Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula
vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, ex-
plicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas,
salvo disposição legal diversa.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;
III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses
coletivos;
IV – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de re-
curso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no
prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período,
ante justificativa explícita.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor
os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decor-
rente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os
demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
I – fora do prazo;
II – perante órgão incompetente;

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III – por quem não seja legitimado;


IV – após exaurida a esfera administrativa.
§ 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-
-lhe devolvido o prazo para recurso.
§ 2º O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato
ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à
situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes
da decisão.
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão
competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade
da súmula, conforme o caso.
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de
enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão compe-
tente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas
em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administra-
tiva e penal.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias rele-
vantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se
da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair
em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.

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§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.


§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do ven-
cimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último
dia do mês.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais
não se suspendem.

CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES

Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza pe-
cuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito
de defesa.

CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria,
aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedi-
mentos administrativos em que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei n. 12.008,
de 2009).
I – pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
II – pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
III – (VETADO) (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009).
IV – pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanse-
níase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondi-
loartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de
Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adqui-
rida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a
doença tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009).

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§ 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição,


deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente, que determinará as providências
a serem cumpridas.
§ 2º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime
de tramitação prioritária.
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178º da Independência e 111º da República

1.9. Regime Disciplinar na Lei n. 8.112/1990


Na mesma linha, temos a Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, a qual institui o Regime
Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime espe-
cial, e das fundações públicas federais.
Trata-se de uma lei bastante importante no direito administrativo e bastante cobrada na
OAB e em concursos federais.
Porém, neste item, nos restringiremos, apenas aos aspectos relacionados ao regime dis-
ciplinar estabelecido na referida lei.
Trata-se de um aspecto importante da lei, diretamente relacionado aos poderes da Admi-
nistração Pública e, em especial, o poder disciplinar.

TÍTULO IV
DO REGIME DISCIPLINAR

CAPÍTULO I
DOS DEVERES

Art. 116. São deveres do servidor:


I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II – ser leal às instituições a que servir;
III – observar as normas legais e regulamentares;
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V – atender com presteza:

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a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas


por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento
de situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
outra autoridade competente para apuração; (Redação dada pela Lei n. 12.527, de 2011)
VII – zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX – manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X – ser assíduo e pontual ao serviço;
XI – tratar com urbanidade as pessoas;
XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hie-
rárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, asseguran-
do-se ao representando ampla defesa.

CAPÍTULO II
DAS PROIBIÇÕES

Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória n. 2.225-45, de 4.9.2001)


I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto
da repartição;
III – recusar fé a documentos públicos;
IV – opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução
de serviço;
V – promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempe-
nho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;

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VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou


sindical, ou a partido político;
VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, compa-
nheiro ou parente até o segundo grau civil;
IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dig-
nidade da função pública;
X – participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não
personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
(Redação dada pela Lei n. 11.784, de 2008
XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando
se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de
cônjuge ou companheiro;
XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de
suas atribuições;
XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV – proceder de forma desidiosa;
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades
particulares;
XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em si-
tuações de emergência e transitórias;
XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou
função e com o horário de trabalho;
XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos
seguintes casos: (Incluído pela Lei n. 11.784, de 2008
I – participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em
que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela Lei n. 11.784,
de 2008)

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II – gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei,
observada a legislação sobre conflito de interesses.

CAPÍTULO III
DA ACUMULAÇÃO

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remu-


nerada de cargos públicos.
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias,
fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da com-
patibilidade de horários.
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego
público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas
remunerações forem acumuláveis na atividade.
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
previsto no parágrafo único do art. 9º, nem ser remunerado pela participação em órgão de
deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela partici-
pação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de eco-
nomia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades
em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado o
que, a respeito, dispuser legislação específica.
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos
efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os
cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exer-
cício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.

CAPÍTULO IV
DAS RESPONSABILIDADES

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Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de
suas atribuições.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culpo-
so, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na
forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela
via judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda
Pública, em ação regressiva.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será execu-
tada, até o limite do valor da herança recebida.
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao ser-
vidor, nessa qualidade.
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo
praticado no desempenho do cargo ou função.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo indepen-
dentes entre si.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvi-
ção criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativa-
mente por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento
desta, a outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de
crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de
cargo, emprego ou função pública. (Incluído pela Lei n. 12.527, de 2011)

CAPÍTULO V
DAS PENALIDADES

Art. 127. São penalidades disciplinares:


I – advertência;
II – suspensão;

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III – demissão;
IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V – destituição de cargo em comissão;
VI – destituição de função comissionada.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento
legal e a causa da sanção disciplinar.
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição cons-
tante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei,
regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com ad-
vertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalida-
de de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamen-
te, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente,
cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remu-
neração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados,
após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor
não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
I – crime contra a administração pública;
II – abandono de cargo;
III – inassiduidade habitual;
IV – improbidade administrativa;

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V – incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;


VI – insubordinação grave em serviço;
VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria
ou de outrem;
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI – corrupção;
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
ções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de
sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da
data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apura-
ção e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas
seguintes fases:
I – instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por
dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgres-
são objeto da apuração;
II – instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
III – julgamento.
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome e matrícula do ser-
vidor, e a materialidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situa-
ção de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do
horário de trabalho e do correspondente regime jurídico.
§ 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato que a constituiu, termo
de indiciação em que serão transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem
como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia
imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do
processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.

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§ 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência


ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, opinará
sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá
o processo à autoridade instauradora, para julgamento.
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora
proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3º do art. 167.
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé,
hipótese em que se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á a pena de demis-
são, destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos,
empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos
ou entidades de vinculação serão comunicados.
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar submetido ao rito
sumário não excederá trinta dias, contados da data de publicação do ato que constituir a co-
missão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
§ 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste artigo, observando-se, no
que lhe for aplicável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver prati-
cado, na atividade, falta punível com a demissão.
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo
será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada
nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão.
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV,
VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem
prejuízo da ação penal cabível.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117,
incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal,
pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demi-
tido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.

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Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por
mais de trinta dias consecutivos.
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada,
por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será ado-
tado o procedimento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que:
I – a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do período de ausência in-
tencional do servidor ao serviço superior a trinta dias;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta ao serviço sem
causa justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o
período de doze meses;
II – após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à
inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a
intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autori-
dade instauradora para julgamento.
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I – pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e
dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão, ou entidade;
II – pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas men-
cionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
III – pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos
ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
IV – pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de car-
go em comissão.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposen-
tadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;

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II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;


III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares
capituladas também como crime.
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a pres-
crição, até a decisão final proferida por autoridade competente.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que
cessar a interrupção.

TÍTULO V
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo discipli-
nar, assegurada ao acusado ampla defesa.
§ 1º (Revogado pela Lei n. 11.204, de 2005)
§ 2º (Revogado pela Lei n. 11.204, de 2005)
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da autoridade a que se refere, poderá
ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido
a irregularidade, mediante competência específica para tal finalidade, delegada em caráter
permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Po-
der Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se
seguir à apuração.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que conte-
nham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirma-
da a autenticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou
ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.

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Art. 145. Da sindicância poderá resultar:


I – arquivamento do processo;
II – aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias;
III – instauração de processo disciplinar.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, po-
dendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade
de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
ponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de pro-
cesso disciplinar.

CAPÍTULO II
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO

Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração
da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da re-
muneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual ces-
sarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

CAPÍTULO III
DO PROCESSO DISCIPLINAR

Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de


servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido.
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servido-
res estáveis designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º do art.
143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo su-
perior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

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§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu presidente, podendo a
indicação recair em um de seus membros.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge, companhei-
ro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independência e imparcialidade, as-
segurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão caráter reservado.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
I – instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II – inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;
III – julgamento.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta)
dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua pror-
rogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, fi-
cando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão detalhar as delibe-
rações adotadas.

Seção I
Do Inquérito

Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do contraditório, assegurada


ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em direito.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar, como peça informati-
va da instrução.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância concluir que a infração está
capitulada como ilícito penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Mi-
nistério Público, independentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de depoimentos, acarea-
ções, investigações e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando
necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.

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Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou


por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas
e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, me-
ramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer
de conhecimento especial de perito.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado expedido pelo
presidente da comissão, devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado
aos autos.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expedição do mandado será ime-
diatamente comunicada ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora
marcados para inquirição.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à
testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem, proceder-se-á à aca-
reação entre os depoentes.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório
do acusado, observados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido separadamente, e sem-
pre que divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a
acareação entre eles.
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, bem como à inquirição
das testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe,
porém, reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá
à autoridade competente que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual
participe pelo menos um médico psiquiatra.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processado em auto apartado e
apenso ao processo principal, após a expedição do laudo pericial.

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Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a
especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para
apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo
na repartição.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas in-
dispensáveis.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para
defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a
citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comunicar à comissão o
lugar onde poderá ser encontrado.
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por edital,
publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação na localidade do último
domicílio conhecido, para apresentar defesa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a
partir da última publicação do edital.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar de-
fesa no prazo legal.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para
a defesa.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo designará um
servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mes-
mo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde resumirá
as peças principais dos autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua
convicção.
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
servidor.

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§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal


ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade
que determinou a sua instauração, para julgamento.

Seção II
Do Julgamento

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade


julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora do pro-
cesso, este será encaminhado à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o julgamento caberá à au-
toridade competente para a imposição da pena mais grave.
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de aposentadoria ou disponibi-
lidade, o julgamento caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a autoridade instauradora do pro-
cesso determinará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas
dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autori-
dade julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar
o servidor de responsabilidade.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a ins-
tauração do processo ou outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou
parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de
novo processo.
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o art. 142, § 2º, será
responsabilizada na forma do Capítulo IV do Título IV.

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Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o re-
gistro do fato nos assentamentos individuais do servidor.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será re-
metido ao Ministério Público para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pe-
dido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da
penalidade, acaso aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo único, inciso I do art. 34,
o ato será convertido em demissão, se for o caso.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I – ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de sua repartição, na
condição de testemunha, denunciado ou indiciado;
II – aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da
sede dos trabalhos para a realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.

Seção III
Da Revisão do Processo

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofí-
cio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa
da família poderá requerer a revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo
curador.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a
revisão, que requer elementos novos, ainda não apreciados no processo originário.
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou
autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do ór-
gão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.

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Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente providenciará a constitui-


ção de comissão, na forma do art. 149.
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de pro-
vas e inquirição das testemunhas que arrolar.
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e
procedimentos próprios da comissão do processo disciplinar.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimen-
to do processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada,
restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em
comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXIX/PRIMEIRA FASE) Luciana,
imbuída de má-fé, falsificou documentos com a finalidade de se passar por filha de Astolfo
(recentemente falecido, com quem ela não tinha qualquer parentesco), movida pela intenção
de obter pensão por morte do pretenso pai, que era servidor público federal. Para tanto, apre-
sentou os aludidos documentos forjados e logrou a concessão do benefício junto ao órgão de
origem, em março de 2011, com registro no Tribunal de Contas da União, em julho de 2014.
Contudo, em setembro de 2018, a administração verificou a fraude, por meio de processo
administrativo em que ficou comprovada a má-fé de Luciana, após o devido processo legal.
Sobre essa situação hipotética, no que concerne ao exercício da autotutela, assinale a afir-
mativa correta.
a) A administração tem o poder-dever de anular a concessão do benefício diante da má-fé de
Luciana, pois não ocorreu a decadência.
b) O transcurso do prazo de mais de cinco anos da concessão da pensão junto ao órgão de origem
importa na decadência do poder-dever da administração de anular a concessão do benefício.
c) O controle realizado pelo Tribunal de Contas por meio do registro sana o vício do ato admi-
nistrativo, de modo que a administração não mais pode exercer a autotutela.
d) Ocorreu a prescrição do poder-dever da administração de anular a concessão do benefício,
na medida em que transcorrido o prazo de três anos do registro perante o Tribunal de Contas.

Questão 2 (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XXVI/PRIMEIRA FASE) Marcos,


servidor do Poder Executivo federal, entende que completou os requisitos para a aposenta-
doria voluntária, razão pela qual requereu, administrativamente, a concessão do benefício ao
órgão competente. O pedido foi negado pela Administração. Não satisfeito com a decisão,
Marcos interpôs recurso administrativo.
Tendo o enunciado como parâmetro e considerando o disposto na Lei n. 9.784/99, assinale a
afirmativa correta.
a) O recurso, salvo disposição legal diversa, tramitará por, no mínimo, três instâncias admi-
nistrativas.

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b) O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, que, se não a reconsiderar, en-
caminhará o apelo à autoridade superior.
c) O recurso e todos os atos subsequentes praticados pela Administração no âmbito do pro-
cesso administrativo, em regra, devem apresentar forma determinada.
d) Marcos somente poderá alegar questões de legalidade, como a incompetência da autorida-
de que proferiu a decisão, não lhe sendo permitido solicitar o reexame do mérito da questão
apreciada.

Questão 3 (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XII/PRIMEIRA FASE) João é


parte em processo administrativo federal regulado pela Lei n. 9.784/1999, no qual foi proferi-
da decisão que rejeitou sua pretensão. João pretende recorrer dessa decisão. Acerca do caso
apresentado, e observando o disposto na lei citada, assinale a afirmativa correta.
a) O recurso de João deverá ser dirigido diretamente à autoridade hierarquicamente superior
à autoridade que proferiu a decisão.
b) O prazo para interposição de recurso administrativo, salvo disposição legal específica, é de
trinta dias, contado a partir da ciência ou da divulgação oficial da decisão recorrida.
c) A interposição de recurso administrativo depende do oferecimento de caução, salvo ex-
pressa dispensa legal.
d) O não conhecimento do recurso não impedirá a Administração de rever de ofício o ato ile-
gal, desde que não ocorrida a preclusão administrativa.

Questão 4 (FGV/2012/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/IX/PRIMEIRA FASE) De acordo


com o Art. 2º, inciso XIII, da Lei n. 9.784/98, a Administração deve buscar a interpretação da
norma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação
retroativa da nova interpretação.
Assinale a alternativa que indica o princípio consagrado por esse dispositivo, em sua
parte final.
a) Legalidade.
b) Eficiência.
c) Moralidade.
d) Segurança das relações jurídicas.

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Questão 5 (VUNESP/2007/OAB-SP/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) Sobre o Pro-


cesso Administrativo, nos termos da Lei Federal n.º 9.784/1999, é incorreto afirmar que
a) é regra fundamental a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão.
b) é direito do administrado formular alegações e apresentar documentos antes da decisão,
os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente.
c) há decadência, após o prazo de 5 (cinco) anos de sua edição, do direito da Administração
Pública, de anular os atos que praticou, dos quais decorram efeitos favoráveis para os desti-
natários.
d) concluída a fase de instrução do processo administrativo, a Administração Pública não tem
prazo para decidir, vez que há discricionariedade quanto ao exercício do dever de decidir.

Questão 6 (CESPE/2008/OAB-SP/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) Assinale a opção


correta com relação às normas que regulam o processo administrativo no âmbito da admi-
nistração pública federal.
a) As normas que regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública
federal aplicam-se apenas à administração pública direta.
b) As normas que regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública
federal são aplicáveis apenas ao Poder Executivo.
c) O administrado tem o direito de ter ciência da tramitação dos processos administrativos
em que tenha a condição de interessado bem como de ter vista dos autos, obter cópias de
documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas.
O processo administrativo tem seu início sempre por iniciativa da própria administração
pública.

Questão 7 (FGV/2011/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/IV/PRIMEIRA FASE) Em âmbito


federal, o direito de a Administração Pública anular atos administrativos eivados de vício de
ilegalidade, dos quais decorram efeitos favoráveis para destinatários de boa-fé
a) não se submete a prazo prescricional.
b) não se submete a prazo decadencial.

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c) prescreve em 10 (dez) anos, contados da data em que praticado o ato.


d) decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que praticado o ato.

Questão 8 (CESPE/2008/OAB/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) No que se refere à


norma estabelecida na Lei n.° 9.784/1999, que versa sobre o processo administrativo no âm-
bito da administração pública federal, assinale a opção incorreta.
a) O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.
b) Os atos administrativos que importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação
devem ser obrigatoriamente motivados.
c) O servidor ou autoridade que esteja litigando, na esfera judicial, com o interessado em um
processo administrativo que envolva as mesmas partes está impedido de atuar nesse processo.
d) As matérias de competência exclusiva de órgão ou autoridade só podem ser objeto de de-
legação se houver expressa autorização da autoridade delegante.

Questão 9 (CESPE/2009/OAB/EXAME DE ORDEM/1/PRIMEIRA FASE) Assinale a opção


correta no que se refere à Lei n.º 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito
da administração pública federal.
a) Considera-se entidade administrativa a unidade de atuação integrante da estrutura da ad-
ministração direta.
b) São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezesseis anos, ressal-
vada previsão especial em ato normativo próprio.
c) O desatendimento da intimação para ciência de decisão importa o reconhecimento da ver-
dade dos fatos pelo administrado.
d) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar
parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hie-
rarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Questão 10 (CESPE/2009/OAB/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) Com referência ao


processo administrativo e a temas a ele relacionados, assinale a opção correta.

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a) Um agente administrativo que tenha competência para decidir determinado recurso admi-
nistrativo pode delegar tal competência a subordinado seu.
b) O servidor que atue como perito em um processo administrativo pode exercer outras fun-
ções no mesmo processo, exceto a de julgar.
c) As atividades que buscam a verificação e a comprovação de fatos e dados no processo
administrativo podem ser impulsionadas de ofício pela administração, independentemente de
requerimento do interessado.
d) Caso a matéria discutida no processo administrativo se apresente bastante controversa e
inquietante, a autoridade responsável poderá deixar de decidir e submeter o tema à aprecia-
ção do Poder Judiciário.

Questão 11 O Ministério do Turismo instaurou processo administrativo para apurar respon-


sabilidade e promover a reparação dos danos causados em acidente de trânsito envolvendo
veículo do Ministério, conduzido, na ocasião, por Alfredo, motorista lotado no referido órgão
público. O veículo particular era conduzido por Bruno. Ambos foram regularmente intimados
a comparecer ao Ministério e prestar esclarecimentos a respeito do acidente.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com as normas que
regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública federal.
a) Caso Alfredo não compareça, na data designada, para prestar esclarecimentos, a autorida-
de responsável pela decisão do processo administrativo deverá aplicar os efeitos da revelia e
concluir que Alfredo reconhece como verdadeiros os fatos que Bruno tenha relatado.
b) Caso Alfredo não compareça, na data designada, para prestar esclarecimentos, não lhe
será garantido direito de ampla defesa no prosseguimento do processo.
c) Caso Bruno compareça ao processo administrativo, reconheça que o acidente foi causado
por total e exclusiva imprudência sua e recolha o valor referente aos prejuízos causados no
veículo do Ministério, o órgão competente para julgamento do processo em referência poderá
declarar extinto o processo.
d) O órgão responsável pela instrução do processo administrativo não pode, em nenhuma
hipótese, indeferir pedido de produção de provas ou recusar documentos ou pareceres apre-
sentados por Alfredo durante a fase de instrução.

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Questão 12 (CESPE/2010/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/I/PRIMEIRA FASE) Com rela-


ção ao processo administrativo federal, assinale a opção correta.
a) Não se admite a legitimidade de associação para a defesa de direitos ou interesses difusos.
b) Não pode uma autoridade hierárquica superior delegar a uma autoridade inferior o poder
de decidir, em primeira instância, os processos administrativos de sua competência não
exclusiva.
c) Não se admite a intimação fictícia.
d) Ao processo em apreço não se aplica o princípio que veda a reformatio in pejus.

Questão 13 (FGV/2017/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XXIV/PRIMEIRA FASE) João foi


aprovado em concurso público promovido pelo Estado Alfa para o cargo de analista de polí-
ticas públicas, tendo tomado posse no cargo, na classe inicial da respectiva carreira. Ocorre
que João é uma pessoa proativa e teve, como gestor, excelentes experiências na iniciativa
privada.
Em razão disso, ele decidiu que não deveria cumprir os comandos determinados por agentes
superiores na estrutura administrativa, porque ele as considerava contrárias ao princípio da
eficiência, apesar de serem ordens legais.
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) João possui total liberdade de atuação, não se submetendo a comandos superiores, em
decorrência do princípio da eficiência.
b) A liberdade de atuação de João é pautada somente pelo princípio da legalidade, conside-
rando que não existe escalonamento de competência no âmbito da Administração Pública.
c) João tem dever de obediência às ordens legais de seus superiores, em razão da relação de
subordinação decorrente do poder hierárquico.
d) As autoridades superiores somente podem realizar o controle finalístico das atividades de
João, em razão da relação de vinculação estabelecida com os superiores hierárquicos.

Questão 14 (XXIV EOAB) Um fiscal de posturas públicas municipais verifica que um restau-
rante continua colocando, de forma irregular, mesas para os seus clientes na calçada. Depois
de lavrar autos de infração com aplicação de multa por duas vezes, sem que a sociedade

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empresária tenha interposto recurso administrativo, o fiscal, ao verificar a situação, interdita


o estabelecimento e apreende as mesas e cadeiras colocadas de forma irregular, com base
na lei que regula o exercício do poder de polícia correspondente. A partir da situação acima,
assinale a afirmativa correta.
a) O fiscal atuou com desvio de poder, uma vez que o direito da sociedade empresária de
continuar funcionando é emanação do direito de liberdade constitucional, que só pode ser
contrastado a partir de um provimento jurisdicional.
b) A prática irregular de ato autoexecutório pelo fiscal é clara, porque não homenageou o
princípio do contraditório e da ampla defesa ao não permitir à sociedade empresária, antes da
apreensão, a possibilidade de produzir, em processo administrativo específico, fatos e provas
em seu favor.
c) O ato praticado pelo fiscal está dentro da visão tradicional do exercício da polícia adminis-
trativa pelo Estado, que pode, em situações extremas, dentro dos limites da razoabilidade e da
proporcionalidade, atuar de forma autoexecutória.
d) A atuação do fiscal é ilícita, porque os atos administrativos autoexecutórios, como mencio-
nado acima, exigem, necessariamente, autorização judicial prévia.

Questão 15 (XVI EOAB) Determinado município resolve aumentar a eficiência na aplicação


das multas de trânsito. Após procedimento licitatório, contrata a sociedade empresária ins-
talar câmeras do tipo “radar trânsito, bem como disponibilizar agentes de trânsito para orien-
tar os cidadãos e aplicar multas. A mesma empresária ainda ficará encarregada de criar um
Conselho de Apreciação das multas, com o objetivo de analisar infrações e julgar os recursos
administrativos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) É possível a contratação de equipamentos eletrônicos de fiscalização, mas o poder decisó-
rio não pode ser transferido à empresa.
b) Não é cabível a terceirização de qualquer dessas atividades, por se tratar de atividade Ad-
ministração.
c) A contratação é, a princípio, legal, mas somente permanecerá válida se o município com-
provar que a terceirização aumentou a eficiência da atividade.
d) Não é possível delegar a instalação e gestão de câmeras do tipo “radar” à empresa contra-
tada, mas é possível delegar a criação e gestão do Conselho de Apreciação de multas.

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Questão 16 (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXX/PRIMEIRA FASE) Após


comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa, sem prévia licença, avançan-
do para além dos limites de sua propriedade e ocupando parcialmente a via pública, inclusive
com possibilidade de desabamento de parte da obra e risco à integridade dos pedestres.
No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o poder público municipal,
observadas as formalidades legais, valendo-se da prerrogativa de direito público que, calcada
na lei, autoriza-o a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade privada em favor do
interesse da coletividade, determinou que Roberto demolisse a parte irregular da obra.
O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município é o poder
a) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a obedecer às
ordens emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de superioridade hierárquica e
podem usar meios indiretos de coerção para fazer valer a supremacia do interesse público
sobre o privado.
b) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração Pública, em
razão do atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e imprescindível chancela por
parte do Poder Judiciário.
c) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos para apli-
car a lei, ainda que tenham que se valer do atributo da autoexecutoriedade, a fim de concreti-
zar suas determinações, independentemente de prévia ordem judicial.
d) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do qual os
agentes públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo, que, face à transgressão
da norma de polícia, redunda na aplicação de uma sanção.

Questão 17 (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXX/PRIMEIRA FASE) José,


servidor público federal ocupante exclusivamente de cargo em comissão, foi exonerado, ten-
do a autoridade competente motivado o ato em reiterado descumprimento da carga horária
de trabalho pelo servidor. José obteve, junto ao departamento de recursos humanos, docu-
mento oficial com extrato de seu ponto eletrônico, comprovando o regular cumprimento de
sua jornada de trabalho.

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Assim, o servidor buscou assistência jurídica junto a um advogado, que lhe informou correta-
mente, à luz do ordenamento jurídico, que
a) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis
que o próprio texto constitucional estabelece que cargo em comissão é de livre nomeação
e exoneração pela autoridade competente, que não está vinculada ou limitada aos motivos
expostos para a prática do ato administrativo.
b) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis
que tal ato é classificado como vinculado, no que tange à liberdade de ação do administrador
público, razão pela qual o Poder Judiciário não pode se imiscuir no controle do mérito admi-
nistrativo, sob pena de violação à separação dos Poderes.
c) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis que,
apesar de ser dispensável a motivação para o ato administrativo discricionário de exonera-
ção, uma vez expostos os motivos que conduziram à prática do ato, estes passam a vincular
a Administração Pública, em razão da teoria dos motivos determinantes.
d) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis que, por
se tratar de um ato administrativo vinculado, pode o Poder Judiciário proceder ao exame do
mérito administrativo, a fim de aferir a conveniência e a oportunidade de manutenção do ato,
em razão do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.

Questão 18 (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XXVI/PRIMEIRA FASE) Maria


solicitou ao Município Alfa licença de localização e funcionamento para exercer determinada
atividade empresarial, apresentando todos os documentos necessários para tanto. Contudo,
transcorrido mais de ano do mencionado pedido, não houve qualquer manifestação por parte
da autoridade competente para sua apreciação.
Diante dessa situação, na qualidade de advogado, assinale a afirmativa que indica o procedi-
mento correto.
a) Não se pode adotar qualquer medida contra a inércia da autoridade competente, conside-
rando que o princípio da razoável duração do processo não se aplica à via administrativa.
b) Deve-se ajuizar uma ação popular contra a omissão da autoridade competente, diante do
preenchimento dos respectivos requisitos e da violação ao princípio da impessoalidade.

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c) Deve-se impetrar mandado de segurança, uma vez que a omissão da autoridade compe-
tente para a expedição do ato de licença constitui abuso de poder.
d) Deve-se impetrar habeas data diante da inércia administrativa, considerando que a omis-
são da autoridade competente viola o direito à informação.

Questão 19 (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XIV/PRIMEIRA FASE) A Secre-


taria de Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou auto de infração, cominando multa no
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à empresa Explora, em razão da instalação de uma
saída de esgoto clandestina em uma lagoa naquele Estado.
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a multa aplicada.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
b) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
c) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.
d) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.

Questão 20 (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XIV/PRIMEIRA FASE) A Secre-


taria de Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou auto de infração, cominando multa no
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à empresa Explora, em razão da instalação de uma
saída de esgoto clandestina em uma lagoa naquele Estado.
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a multa aplicada.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
b) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.

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c) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, mas não autoriza a


apreensão de bens para a quitação da dívida.
d) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.

Questão 21 (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XIII/PRIMEIRA FASE) José da


Silva é o chefe do Departamento de Pessoal de uma Secretaria de Estado. Recentemente,
José da Silva avocou a análise de determinada matéria, constante de processo administrativo
inicialmente distribuído a João de Souza, seu subordinado, ao perceber que a questão era por
demais complexa e não vinha sendo tratada com prioridade por aquele servidor.
Ao assim agir, José da Silva fez uso
a) do poder hierárquico.
b) do poder disciplinar.
c) do poder discricionário.
d) da teoria dos motivos determinantes.

Questão 22 (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XI/PRIMEIRA FASE) Atendendo


a uma série de denúncias feitas por particulares, a Delegacia de Defesa do Consumidor (DE-
CON) deflagra uma operação, visando a apurar as condições dos alimentos fornecidos em
restaurantes da região central da capital. Logo na primeira inspeção, os fiscais constataram
que o estoque de um restaurante tinha produtos com a validade vencida. Na inspeção das
instalações da cozinha, apuraram que o espaço não tinha condições sanitárias mínimas para
o manejo de alimentos e o preparo de refeições. Os produtos vencidos foram apreendidos e o
estabelecimento foi interditado, sem qualquer decisão prévia do Poder Judiciário.
Assinale a alternativa que indica o atributo do poder de polícia que justifica as medidas toma-
das pela DECON.
a) Coercibilidade.
b) Inexigibilidade.
c) Autoexecutoriedade.
d) Discricionariedade.

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Questão 23 (CESPE/2008/OAB/EXAME DE ORDEM/3/PRIMEIRA FASE) O conselho diretor de


uma autarquia federal baixou resolução disciplinando que todas as compras de material per-
manente acima de cinquenta mil reais só poderiam ser feitas pela própria sede. Ainda assim,
um dos superintendentes estaduais abriu licitação para compra de microcomputadores no
valor de trezentos mil reais. A licitação acabou sendo feita sem incidentes, e o citado supe-
rintendente homologou o resultado e adjudicou o objeto da licitação à empresa vencedora.
Nessa situação, o superintendente
a) agiu com excesso de poder.
b) agiu com desvio de poder.
c) cometeu mera irregularidade administrativa, haja vista a necessidade da compra e o aten-
dimento aos requisitos de validez expressos na Lei de Licitações.
d) cometeu o crime de prevaricação, que consiste em praticar ato de ofício (a licitação) contra
expressa ordem de superior hierárquico (a resolução do conselho diretor).

Questão 24 (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/X/PRIMEIRA FASE) Oscar é ti-


tular da propriedade de um terreno adjacente a uma creche particular. Aproveitando a expan-
são econômica da localidade, decidiu construir em seu terreno um grande galpão. Oscar ini-
ciou as obras, sem solicitar à prefeitura do município “X” a necessária licença para construir,
usando material de baixa qualidade. Ainda durante a construção, a diretora da creche notou
que a estrutura não apresentava solidez e corria o risco de desabar sobre as crianças. Ao to-
mar conhecimento do fato, a prefeitura do município “X” inspecionou o imóvel e constatou a
gravidade da situação. Após a devida notificação de Oscar, a estrutura foi demolida.
Assinale a afirmativa que indica o instituto do direito administrativo que autoriza a atitude do
município “X”.
a) Tombamento.
b) Poder de polícia.
c) Ocupação temporária.
d) Desapropriação.

Questão 25 (ND/2006/OAB-DF/EXAME DE ORDEM/1/PRIMEIRA FASE) É meio de atuação do


poder de polícia:

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a) retrocessão;
b) vistoria;
c) indenização;
d) predestinação.

Questão 26 (CESPE/2008/OAB/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) No que se refere aos


poderes dos administradores públicos, assinale a opção correta.
a) O poder disciplinar caracteriza-se pela discricionariedade, podendo a administração esco-
lher entre punir e não punir a falta praticada pelo servidor.
b) Uma autarquia ou uma empresa pública estadual está ligada a um estado-membro por
uma relação de subordinação decorrente da hierarquia.
c) No exercício do poder regulamentar, a administração não pode criar direitos, obrigações,
proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer normas sobre a forma como
a lei vai ser cumprida.
d) O poder de polícia somente pode ser exercido de maneira discricionária.

Questão 27 (FGV/2010/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/II/PRIMEIRA FASE) No âmbito


do Poder discricionário da Administração Pública, não se admite que o agente público admi-
nistrativo exerça o Poder discricionário
a) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos parcialmente indeterminados, que se
tornam determinados à luz do caso concreto e à luz das circunstâncias de fato.
b) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos técnico– científicos, sendo, neste
caso, limitado às escolhas técnicas, por óbvio possíveis.
c) quando estiver diante de conceitos valorativos estabelecidos pela lei, que dependem de
concretização pelas escolhas do agente, considerados o momento histórico e social.
d) em situações em que a redação da Lei se encontra insatisfatória ou ultrapassada.

Questão 28 (FGV/2010/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/II/PRIMEIRA FASE) A doutrina


costuma afirmar que certas prerrogativas postas à Administração encerram verdadeiros po-
deres, que são irrenunciáveis e devem ser exercidos sempre que o interesse público clamar.
Por tal razão são chamados poder-dever. A esse respeito é correto afirmar que:

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a) o poder regulamentar é amplo, e permite, sem controvérsias, a edição de regulamentos


autônomos e executórios.
b) o poder disciplinar importa à administração o dever de apurar infrações e aplicar penalida-
des, mesmo não havendo legislação prévia.
c) o poder de polícia se coloca discricionário, conferindo ao administrador ilimitada margem
de opções quanto à sanção a ser, eventualmente, aplicada.
d) o poder hierárquico é inerente à ideia de verticalização administrativa, e revela as possi-
bilidades de controlar atividades, delegar competência, avocar competências delegáveis e
invalidar atos, dentre outros.

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GABARITO
1. a 11. c 21. a
2. b 12. a 22. c
3. d 13. c 23. a
4. d 14. c 24. b
5. b 15. a 25. b
6. c 16. d 26. c
7. d 17. c 27. d
8. d 18. c 28. d
9. d 19. d
10. c 20. d

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXIX/PRIMEIRA FASE) Luciana,
imbuída de má-fé, falsificou documentos com a finalidade de se passar por filha de Astolfo
(recentemente falecido, com quem ela não tinha qualquer parentesco), movida pela intenção
de obter pensão por morte do pretenso pai, que era servidor público federal. Para tanto, apre-
sentou os aludidos documentos forjados e logrou a concessão do benefício junto ao órgão de
origem, em março de 2011, com registro no Tribunal de Contas da União, em julho de 2014.
Contudo, em setembro de 2018, a administração verificou a fraude, por meio de processo
administrativo em que ficou comprovada a má-fé de Luciana, após o devido processo legal.
Sobre essa situação hipotética, no que concerne ao exercício da autotutela, assinale a afir-
mativa correta.
a) A administração tem o poder-dever de anular a concessão do benefício diante da má-fé de
Luciana, pois não ocorreu a decadência.
b) O transcurso do prazo de mais de cinco anos da concessão da pensão junto ao órgão
de origem importa na decadência do poder-dever da administração de anular a concessão
do benefício.
c) O controle realizado pelo Tribunal de Contas por meio do registro sana o vício do ato admi-
nistrativo, de modo que a administração não mais pode exercer a autotutela.
d) Ocorreu a prescrição do poder-dever da administração de anular a concessão do benefício,
na medida em que transcorrido o prazo de três anos do registro perante o Tribunal de Contas.

Letra a.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos fa-
voráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.

Questão 2 (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XXVI/PRIMEIRA FASE) Marcos,


servidor do Poder Executivo federal, entende que completou os requisitos para a aposenta-
doria voluntária, razão pela qual requereu, administrativamente, a concessão do benefício ao
órgão competente. O pedido foi negado pela Administração. Não satisfeito com a decisão,
Marcos interpôs recurso administrativo.

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Tendo o enunciado como parâmetro e considerando o disposto na Lei n. 9.784/99, assinale a


afirmativa correta.
a) O recurso, salvo disposição legal diversa, tramitará por, no mínimo, três instâncias admi-
nistrativas.
b) O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, que, se não a reconsiderar, en-
caminhará o apelo à autoridade superior.
c) O recurso e todos os atos subsequentes praticados pela Administração no âmbito do pro-
cesso administrativo, em regra, devem apresentar forma determinada.
d) Marcos somente poderá alegar questões de legalidade, como a incompetência da autorida-
de que proferiu a decisão, não lhe sendo permitido solicitar o reexame do mérito da questão
apreciada.

Letra b.
Sobre o tema, veja-se:

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.
Art. 56, § 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconside-
rar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a
lei expressamente a exigir.
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor os fun-
damentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

Questão 3 (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XII/PRIMEIRA FASE) João é


parte em processo administrativo federal regulado pela Lei n. 9.784/1999, no qual foi proferi-
da decisão que rejeitou sua pretensão. João pretende recorrer dessa decisão. Acerca do caso
apresentado, e observando o disposto na lei citada, assinale a afirmativa correta.
a) O recurso de João deverá ser dirigido diretamente à autoridade hierarquicamente superior
à autoridade que proferiu a decisão.
b) O prazo para interposição de recurso administrativo, salvo disposição legal específica, é de
trinta dias, contado a partir da ciência ou da divulgação oficial da decisão recorrida.

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c) A interposição de recurso administrativo depende do oferecimento de caução, salvo ex-


pressa dispensa legal.
d) O não conhecimento do recurso não impedirá a Administração de rever de ofício o ato ile-
gal, desde que não ocorrida a preclusão administrativa.

Letra d.
a) Errada.

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no
prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

b) Errada.

Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso admi-
nistrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.

c) Errada.

Art. 56, § 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.

d) Certa.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:


§ 2º O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal,
desde que não ocorrida preclusão administrativa.

Questão 4 (FGV/2012/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/IX/PRIMEIRA FASE) De acordo


com o Art. 2º, inciso XIII, da Lei n. 9.784/98, a Administração deve buscar a interpretação da
norma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação
retroativa da nova interpretação.
Assinale a alternativa que indica o princípio consagrado por esse dispositivo, em sua par-
te final.
a) Legalidade.
b) Eficiência.
c) Moralidade.
d) Segurança das relações jurídicas.

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Letra d.

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.

Assim, o princípio da segurança das relações jurídicas, impede, ao menos como regra geral, a
utilização de interpretações retroativas, que implicariam em insegurança jurídica, exatamente
ao contrário do que se espera.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
I – atuação conforme a lei e o Direito; (LEGALIDADE)
II – atendimento a fins de interesse geral (FINALIDADE/IMPESSOALIDADE), vedada a renúncia total
ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei(INDISPONIBILIDADE DO INTE-
RESSE PÚBLICO);
III – objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou
autoridades (IMPESSOALIDADE/FINALIDADE);
IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (MORALIDADE);
V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
Constituição (PUBLICIDADE);
VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse Público (RAZOA-
BILIDADE/PROPORCIONALIDADE);
VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão (MOTIVAÇÃO);
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados (SEGU-
RANÇA JURÍDICA);
IX – adoção de formas simples(INFORMALISMO), suficientes para propiciar adequado grau de cer-
teza, segurança e respeito aos direitos dos administrados (SEGURANÇA JURÍDICA);
X – garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas
e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
litígio(AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO);
XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei (PRINCÍPIO
DA GRATUIDADE DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS);
XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados
(OFICIALIDADE);
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação (SEGURANÇA JURÍDICA).

Questão 5 (VUNESP/2007/OAB-SP/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) Sobre o Pro-


cesso Administrativo, nos termos da Lei Federal n.º 9.784/1999, é incorreto afirmar que
a) é regra fundamental a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão.

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b) é direito do administrado formular alegações e apresentar documentos antes da decisão,


os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente.
c) há decadência, após o prazo de 5 (cinco) anos de sua edição, do direito da Administra-
ção Pública, de anular os atos que praticou, dos quais decorram efeitos favoráveis para os
destinatários.
d) concluída a fase de instrução do processo administrativo, a Administração Pública não tem
prazo para decidir, vez que há discricionariedade quanto ao exercício do dever de decidir.

Letra b.

CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrati-
vos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trin-
ta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

Observe-se que o prazo é de 30 dias prorrogável por mais 30, motivadamente. Logo, não há
discricionariedade. A Administração tem o DEVER de motivar as razões da prorrogação.
a) Certa. É regra fundamental a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determi-
narem a decisão. Art. 1º, VII.
c) Certa. É direito do administrado formular alegações e apresentar documentos antes da de-
cisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente. Art. 3º, III.
d) Certa. Há decadência, após o prazo de 5 (cinco) anos de sua edição, do direito da Adminis-
tração Pública, de anular os atos que praticou, dos quais decorram efeitos favoráveis para os
destinatários. Art. 54.

Questão 6 (CESPE/2008/OAB-SP/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) Assinale a opção


correta com relação às normas que regulam o processo administrativo no âmbito da admi-
nistração pública federal.
a) As normas que regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública
federal aplicam-se apenas à administração pública direta.

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b) As normas que regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública


federal são aplicáveis apenas ao Poder Executivo.
c) O administrado tem o direito de ter ciência da tramitação dos processos administrativos
em que tenha a condição de interessado bem como de ter vista dos autos, obter cópias de
documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas.
O processo administrativo tem seu início sempre por iniciativa da própria administração
pública.

Letra c.
a) Errada.

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Adminis-
tração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

b) Errada.

Art. 1º, § 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judi-
ciário da União, quando no desempenho de função administrativa.

c) Certa.

Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros
que lhe sejam assegurados:
II – ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de inte-
ressado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões
proferidas;

d) Errada.

Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.

Questão 7 (FGV/2011/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/IV/PRIMEIRA FASE) Em âmbito


federal, o direito de a Administração Pública anular atos administrativos eivados de vício de
ilegalidade, dos quais decorram efeitos favoráveis para destinatários de boa-fé
a) não se submete a prazo prescricional.
b) não se submete a prazo decadencial.
c) prescreve em 10 (dez) anos, contados da data em que praticado o ato.
d) decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que praticado o ato.

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Letra d.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos fa-
voráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.

Questão 8 (CESPE/2008/OAB/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) No que se refere à


norma estabelecida na Lei n.° 9.784/1999, que versa sobre o processo administrativo no âm-
bito da administração pública federal, assinale a opção incorreta.
a) O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.
b) Os atos administrativos que importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação
devem ser obrigatoriamente motivados.
c) O servidor ou autoridade que esteja litigando, na esfera judicial, com o interessado em um
processo administrativo que envolva as mesmas partes está impedido de atuar nesse processo.
d) As matérias de competência exclusiva de órgão ou autoridade só podem ser objeto de de-
legação se houver expressa autorização da autoridade delegante.

Letra d.
De acordo com o artigo 13, inciso III, da Lei n. 9.784/1999, não podem ser objeto de delegação
as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I – a edição de atos de caráter normativo;
II – a decisão de recursos administrativos;
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Não pode delegar DENOREX


• a DEcisão de recursos administrativos;
• a edição de atos de caráter NORmativo;
• as matérias de competência EXclusiva do órgão ou autoridade.

Questão 9 (CESPE/2009/OAB/EXAME DE ORDEM/1/PRIMEIRA FASE) Assinale a opção


correta no que se refere à Lei n.º 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito
da administração pública federal.

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a) Considera-se entidade administrativa a unidade de atuação integrante da estrutura da ad-


ministração direta.
b) São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezesseis anos, ressal-
vada previsão especial em ato normativo próprio.
c) O desatendimento da intimação para ciência de decisão importa o reconhecimento da ver-
dade dos fatos pelo administrado.
d) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar
parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hie-
rarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Letra d.
a) Errada.

Art. 1º, § 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:


II – entidade – a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;

b) Errada.

Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada
previsão especial em ato normativo próprio.

c) Errada.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem
a renúncia a direito pelo administrado.

d) Certa. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de ín-
dole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. VIDE:

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar
parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial.

Questão 10 (CESPE/2009/OAB/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) Com referência ao


processo administrativo e a temas a ele relacionados, assinale a opção correta.

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a) Um agente administrativo que tenha competência para decidir determinado recurso admi-
nistrativo pode delegar tal competência a subordinado seu.
b) O servidor que atue como perito em um processo administrativo pode exercer outras fun-
ções no mesmo processo, exceto a de julgar.
c) As atividades que buscam a verificação e a comprovação de fatos e dados no processo
administrativo podem ser impulsionadas de ofício pela administração, independentemente de
requerimento do interessado.
d) Caso a matéria discutida no processo administrativo se apresente bastante controversa e
inquietante, a autoridade responsável poderá deixar de decidir e submeter o tema à aprecia-
ção do Poder Judiciário.

Letra c.
a) Errada.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I – a edição de atos de caráter normativo;
II – a decisão de recursos administrativos;
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

b) Errada.

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:


I – tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou
companheiro.

c) Certa.

Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.

d) Errada.

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrati-
vos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Questão 11 O Ministério do Turismo instaurou processo administrativo para apurar respon-


sabilidade e promover a reparação dos danos causados em acidente de trânsito envolvendo

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veículo do Ministério, conduzido, na ocasião, por Alfredo, motorista lotado no referido órgão
público. O veículo particular era conduzido por Bruno. Ambos foram regularmente intimados
a comparecer ao Ministério e prestar esclarecimentos a respeito do acidente.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com as normas que
regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública federal.
a) Caso Alfredo não compareça, na data designada, para prestar esclarecimentos, a autorida-
de responsável pela decisão do processo administrativo deverá aplicar os efeitos da revelia e
concluir que Alfredo reconhece como verdadeiros os fatos que Bruno tenha relatado.
b) Caso Alfredo não compareça, na data designada, para prestar esclarecimentos, não lhe
será garantido direito de ampla defesa no prosseguimento do processo.
c) Caso Bruno compareça ao processo administrativo, reconheça que o acidente foi causado
por total e exclusiva imprudência sua e recolha o valor referente aos prejuízos causados no
veículo do Ministério, o órgão competente para julgamento do processo em referência poderá
declarar extinto o processo.
d) O órgão responsável pela instrução do processo administrativo não pode, em nenhuma
hipótese, indeferir pedido de produção de provas ou recusar documentos ou pareceres apre-
sentados por Alfredo durante a fase de instrução.

Letra c.
a/b) Erradas.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem
a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao inte-
ressado.

c) Certa.

Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou
o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.

d) Errada.

Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve
ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos,
devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.

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Acrescente-se, ainda, que, segundo art. 38, § 2º, da Lei n. 9.784/1999, somente poderão ser
recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando
sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

Questão 12 (CESPE/2010/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/I/PRIMEIRA FASE) Com rela-


ção ao processo administrativo federal, assinale a opção correta.
a) Não se admite a legitimidade de associação para a defesa de direitos ou interesses difusos.
b) Não pode uma autoridade hierárquica superior delegar a uma autoridade inferior o poder
de decidir, em primeira instância, os processos administrativos de sua competência não ex-
clusiva.
c) Não se admite a intimação fictícia.
d) Ao processo em apreço não se aplica o princípio que veda a reformatio in pejus.

Letra a.
a) Errada.

Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo:


III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

b) Errada. A regra é a possibilidade da delegação, estando a exceção prevista no art. 13.

Não podem ser objeto de delegação:


I – a edição de atos de caráter normativo;
II – a decisão de recursos (e não em primeira instância) administrativos;
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

c) Errada. Há possibilidade expressa na lei:

Art. 26, § 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido,


a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.

d) Certa.

Art. 64, Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situ-
ação do recorrente (reformatio in pejus), este deverá ser cientificado para que formule suas alega-
ções antes da decisão.

Questão 13 (FGV/2017/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XXIV/PRIMEIRA FASE) João foi


aprovado em concurso público promovido pelo Estado Alfa para o cargo de analista de

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políticas públicas, tendo tomado posse no cargo, na classe inicial da respectiva carreira. Ocor-
re que João é uma pessoa proativa e teve, como gestor, excelentes experiências na iniciativa
privada.
Em razão disso, ele decidiu que não deveria cumprir os comandos determinados por agentes
superiores na estrutura administrativa, porque ele as considerava contrárias ao princípio da
eficiência, apesar de serem ordens legais.
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) João possui total liberdade de atuação, não se submetendo a comandos superiores, em
decorrência do princípio da eficiência.
b) A liberdade de atuação de João é pautada somente pelo princípio da legalidade, conside-
rando que não existe escalonamento de competência no âmbito da Administração Pública.
c) João tem dever de obediência às ordens legais de seus superiores, em razão da relação de
subordinação decorrente do poder hierárquico.
d) As autoridades superiores somente podem realizar o controle finalístico das atividades de
João, em razão da relação de vinculação estabelecida com os superiores hierárquicos.

Letra c.
Poder hierárquico Consiste nas atribuições de comando, chefia e direção dentro da estru-
tura administrativa, portanto, é um poder interno e permanente exercido pelos chefes de
repartição sobre seus agentes subordinados e pela administração central no atinente aos
órgãos públicos.

 Obs.: Não há hierarquia entre a Administração Direta e as entidades componentes da


Administração Indireta. A autonomia das autarquias, fundações públicas e empresas
governamentais repele qualquer subordinação dessas entidades perante a Adminis-
tração Central. O poder hierárquico também não é exercido sobre órgãos consultivos.
a) Errada. Na Administração Pública vige o Princípio da Legalidade negativa, em que a Admi-
nistração só pode agir conforme a lei determina. Já aos particulares, que não é o caso, vige o
Princípio da Legalidade positiva, em que o mesmo pode fazer tudo aquilo que a lei não proíba.
b) Errada. A liberdade de João não é pautada apenas pelo Princípio da Legalidade, mas tam-
bém por muitos outros, como por exemplo, impessoalidade, eficiência, razoabilidade etc. O

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segundo erro é que existe sim escalonamento hierárquico na Administração Pública, denomi-
nado Poder Hierárquico.
d) Errada. O “somente” invalida a assertiva, uma vez que, particulares e outros servidores
(Tribunal de Contas, direito de petição) também podem realizar o controle finalístico das ati-
vidades de João.

Questão 14 (XXIV EOAB) Um fiscal de posturas públicas municipais verifica que um restau-
rante continua colocando, de forma irregular, mesas para os seus clientes na calçada. Depois
de lavrar autos de infração com aplicação de multa por duas vezes, sem que a sociedade
empresária tenha interposto recurso administrativo, o fiscal, ao verificar a situação, interdita
o estabelecimento e apreende as mesas e cadeiras colocadas de forma irregular, com base
na lei que regula o exercício do poder de polícia correspondente. A partir da situação acima,
assinale a afirmativa correta.
a) O fiscal atuou com desvio de poder, uma vez que o direito da sociedade empresária de
continuar funcionando é emanação do direito de liberdade constitucional, que só pode ser
contrastado a partir de um provimento jurisdicional.
b) A prática irregular de ato autoexecutório pelo fiscal é clara, porque não homenageou o
princípio do contraditório e da ampla defesa ao não permitir à sociedade empresária, antes da
apreensão, a possibilidade de produzir, em processo administrativo específico, fatos e provas
em seu favor.
c) O ato praticado pelo fiscal está dentro da visão tradicional do exercício da polícia adminis-
trativa pelo Estado, que pode, em situações extremas, dentro dos limites da razoabilidade e da
proporcionalidade, atuar de forma autoexecutória.
d) A atuação do fiscal é ilícita, porque os atos administrativos autoexecutórios, como mencio-
nado acima, exigem, necessariamente, autorização judicial prévia.

Letra c.
a) Errada. O ato está dentro do exercício do poder de polícia, não se tratando de desvio de poder.
b) Errada. O ato está dentro do exercício do poder de polícia.
d) Errada. O ato está dentro do exercício do poder de polícia, dotado de autoexecutoriedade,
não necessitando de autorização judicial prévia.

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Atributos do poder de polícia:


• Discricionário: o agente possui margem de liberdade para atuar;
• Autoexecutoriedade: o ato do poder de polícia não precisa de confirmação do Judiciá-
rio(Exceto Multa Administrativa);
• Coercibilidade: é poder extroverso, ou seja, não são expedidas meras recomendações,
mas sim ordens. O poder de plícia manda e o particular obedece!

Questão 15 (XVI EOAB) Determinado município resolve aumentar a eficiência na aplicação


das multas de trânsito. Após procedimento licitatório, contrata a sociedade empresária ins-
talar câmeras do tipo “radar trânsito, bem como disponibilizar agentes de trânsito para orien-
tar os cidadãos e aplicar multas. A mesma empresária ainda ficará encarregada de criar um
Conselho de Apreciação das multas, com o objetivo de analisar infrações e julgar os recursos
administrativos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) É possível a contratação de equipamentos eletrônicos de fiscalização, mas o poder decisó-
rio não pode ser transferido à empresa.
b) Não é cabível a terceirização de qualquer dessas atividades, por se tratar de atividade Ad-
ministração.
c) A contratação é, a princípio, legal, mas somente permanecerá válida se o município com-
provar que a terceirização aumentou a eficiência da atividade.
d) Não é possível delegar a instalação e gestão de câmeras do tipo “radar” à empresa contra-
tada, mas é possível delegar a criação e gestão do Conselho de Apreciação de multas.

Letra a.
b) Errada. A contratação de equipamentos eletrônicos de fiscalização é possível por não acar-
retar a delegação de poder decisório.
c) Errada. A presunção de legitimidade dos atos administrativos afasta a necessidade de que
o Município comprove a legalidade de sua atuação, cabendo ao interessado a prova em sen-
tido contrário.
d) Errada. A delegação da criação e gestão do Conselho de Apreciação de Multas implica em
transferência de poder decisório.

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Questão 16 (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXX/PRIMEIRA FASE) Após


comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa, sem prévia licença, avançan-
do para além dos limites de sua propriedade e ocupando parcialmente a via pública, inclusive
com possibilidade de desabamento de parte da obra e risco à integridade dos pedestres.
No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o poder público municipal,
observadas as formalidades legais, valendo-se da prerrogativa de direito público que, calcada
na lei, autoriza-o a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade privada em favor do
interesse da coletividade, determinou que Roberto demolisse a parte irregular da obra.
O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município é o poder
a) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a obedecer às
ordens emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de superioridade hierárquica e
podem usar meios indiretos de coerção para fazer valer a supremacia do interesse público
sobre o privado.
b) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração Pública, em
razão do atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e imprescindível chancela por
parte do Poder Judiciário.
c) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos para apli-
car a lei, ainda que tenham que se valer do atributo da autoexecutoriedade, a fim de concreti-
zar suas determinações, independentemente de prévia ordem judicial.
d) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do qual os
agentes públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo, que, face à transgressão
da norma de polícia, redunda na aplicação de uma sanção.

Letra d.
Poder hierárquico: consiste no poder de estruturação e coordenação interna das pessoas jurí-
dicas integrantes da AP, Direta e Indireta. Logo, o poder hierárquico é interno, existente dentro
de cada entidade que compõe a AP, não se estendendo para fora da AP nem entre uma enti-
dade adm. e outra.
Poder disciplinar: trata-se do poder-dever de fiscalizar e aplicar sanções àqueles que, ligados
por uma relação especial com o Estado, infrinjam normas adm., estatutárias ou contratuais

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que regulam esse vínculo próprio, a exemplo do agente público que comete irregularidades no
exercício de suas funções, do particular que descumpre os termos de um contrato adm. com
o Poder Público e do aluno de uma escola pública que não respeita as regras da instituição.
Poder normativo ou regulamentar: cuida-se do poder de editar normas (administrativas) ge-
rais e abstratas complementares à lei, para sua fiel execução, com efeitos erga omnes. Sem
destinatários específicos e determinados, os atos normativos incidem sobre todos os fatos e
situações previstos abstratamente na norma.
Poder de Polícia, art. 78, CTN:

Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando


direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar n. 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se...

Em sentido amplo, o poder de polícia designa todas as atividades restritivas dos direitos e
interesses dos cidadãos realizadas pelo Estado, tanto administrativas quanto legislativas.
Em sentido restrito, corresponde apenas à atividade adm. concreta de condicionamento ou
restrição dos direitos e interesses dos cidadãos. Trata-se da noção de “Polícia Adm.”.

Questão 17 (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXX/PRIMEIRA FASE) José,


servidor público federal ocupante exclusivamente de cargo em comissão, foi exonerado, ten-
do a autoridade competente motivado o ato em reiterado descumprimento da carga horária
de trabalho pelo servidor. José obteve, junto ao departamento de recursos humanos, docu-
mento oficial com extrato de seu ponto eletrônico, comprovando o regular cumprimento de
sua jornada de trabalho.
Assim, o servidor buscou assistência jurídica junto a um advogado, que lhe informou correta-
mente, à luz do ordenamento jurídico, que
a) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis
que o próprio texto constitucional estabelece que cargo em comissão é de livre nomeação
e exoneração pela autoridade competente, que não está vinculada ou limitada aos motivos
expostos para a prática do ato administrativo.

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b) não é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis
que tal ato é classificado como vinculado, no que tange à liberdade de ação do administrador
público, razão pela qual o Poder Judiciário não pode se imiscuir no controle do mérito admi-
nistrativo, sob pena de violação à separação dos Poderes.
c) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis que,
apesar de ser dispensável a motivação para o ato administrativo discricionário de exonera-
ção, uma vez expostos os motivos que conduziram à prática do ato, estes passam a vincular
a Administração Pública, em razão da teoria dos motivos determinantes.
d) é viável o ajuizamento de ação judicial visando a invalidar o ato de exoneração, eis que, por
se tratar de um ato administrativo vinculado, pode o Poder Judiciário proceder ao exame do
mérito administrativo, a fim de aferir a conveniência e a oportunidade de manutenção do ato,
em razão do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.

Letra c.
Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração, portanto não precisam apre-
sentar os motivos (art. 37, II da CF). Porém, caso o administrador queira apresentar os moti-
vos, ele ficará vinculado a eles, de forma que se não corresponderem a realidade dos fatos a
exoneração deverá ser invalidade (trata-se da Teoria dos Motivos Determinantes).
Teoria dos Motivos Determinantes: A validade do ato se vincula aos motivos indicados como
seu fundamento, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam sua nulidade

Questão 18 (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XXVI/PRIMEIRA FASE) Maria


solicitou ao Município Alfa licença de localização e funcionamento para exercer determinada
atividade empresarial, apresentando todos os documentos necessários para tanto. Contudo,
transcorrido mais de ano do mencionado pedido, não houve qualquer manifestação por parte
da autoridade competente para sua apreciação.
Diante dessa situação, na qualidade de advogado, assinale a afirmativa que indica o procedi-
mento correto.
a) Não se pode adotar qualquer medida contra a inércia da autoridade competente, conside-
rando que o princípio da razoável duração do processo não se aplica à via administrativa.
b) Deve-se ajuizar uma ação popular contra a omissão da autoridade competente, diante do
preenchimento dos respectivos requisitos e da violação ao princípio da impessoalidade.

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c) Deve-se impetrar mandado de segurança, uma vez que a omissão da autoridade compe-
tente para a expedição do ato de licença constitui abuso de poder.
d) Deve-se impetrar habeas data diante da inércia administrativa, considerando que a omis-
são da autoridade competente viola o direito à informação.

Letra c.
ART. 5º, LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for AUTORIDADE PÚBLICA ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
buições do Poder Público”.
Como se vê o mandado de segurança é cabível contra o chamado ato de autoridade, entendi-
do como qualquer manifestação ou OMISSÃO do Poder Público, no desempenho de suas atri-
buições. Ressalta-se que não só as manifestações positivas, comissivas, são consideradas
atos de autoridade, pois as omissões das autoridades também podem violar direito líquido e
certo do indivíduo, legitimando a impetração do mandado de segurança.
Para mais detalhes, vide: ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Des-
complicado. 15ª. edição. São Paulo: Método, 2016. p 202.

Questão 19 (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XIV/PRIMEIRA FASE) A Secre-


taria de Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou auto de infração, cominando multa no
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à empresa Explora, em razão da instalação de uma
saída de esgoto clandestina em uma lagoa naquele Estado.
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a multa aplicada.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
b) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
c) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.
d) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.

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Letra d.
Poder de polícia: se dirige à coletividade geral, condicionando as pessoas ao cumprimento
da lei– limita o exercício das liberdades ou faculdades de proprietário em prol do interesse
público– gera possibilidade de cobrança de taxas.
Poder disciplinar: se dirige as que têm específico vínculo com o Estado, (não coletividade),
ou seja, aplicar sanções aos demais agentes em infração funcional, como agentes públicos/
cabe também às pessoas que mantém vínculo contratual com a administração e cometem
alguma falta na execução do contrato.

Súmula n. 323 do STF


É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de
tributos.

Questão 20 (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XIV/PRIMEIRA FASE) A Secre-


taria de Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou auto de infração, cominando multa no
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à empresa Explora, em razão da instalação de uma
saída de esgoto clandestina em uma lagoa naquele Estado.
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a multa aplicada.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
b) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia e autoriza a apreensão
de bens para a quitação da dívida, em razão da executoriedade do ato.
c) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.
d) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, mas não autoriza a
apreensão de bens para a quitação da dívida.

Letra d.
a) Errada. Se refere ao poder disciplinar.

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b) Errada. O exercício do poder de polícia não depende de autorização do Poder Judiciário


(AUTOEXECUTORIEDADE), podendo a Administração executar diretamente as medidas e san-
ções decorrentes da polícia administrativa. A autoexecutoriedade do poder de polícia não
impede o controle posterior da atuação administrativa pelo Poder Judiciário.
As multas aplicadas em razão do poder de polícia são uma exceção ao atributo da autoexe-
cutoriedade. A Administração, neste caso, deve-se valor de meios judiciais – execução fiscal
– ou extrajudiciais – como envio de avisos de cobranças, protesto da certidão de dívida ativa
etc. – para satisfazer seu crédito.
c) Errada. Se refere ao poder disciplinar
d) Certa. Poder de polícia: se dirige à coletividade geral, condicionando as pessoas ao cum-
primento da lei.
Poder disciplinar: se dirige as q têm específico vínculo com o Estado, (não coletividade), como
agentes públicos.

Súmula 323 do STF


É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de
tributos (interpretação que se estende à coerção para pagamento de multa).

Multa administrativa = SEM executoriedade!


Multa administrativa contratual = TEM executoriedade!

Questão 21 (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XIII/PRIMEIRA FASE) José da


Silva é o chefe do Departamento de Pessoal de uma Secretaria de Estado. Recentemente,
José da Silva avocou a análise de determinada matéria, constante de processo administrativo
inicialmente distribuído a João de Souza, seu subordinado, ao perceber que a questão era por
demais complexa e não vinha sendo tratada com prioridade por aquele servidor.
Ao assim agir, José da Silva fez uso
a) do poder hierárquico.
b) do poder disciplinar.
c) do poder discricionário.
d) da teoria dos motivos determinantes.

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Letra a.
Avocação só se verifica entre superior hierárquico e subordinado, logo decorre do poder hie-
rárquico. Já a delegação pode ocorrer sem que exista hierarquia.
Vide lei 9784: “Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devi-
damente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquica-
mente inferior.”

Questão 22 (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XI/PRIMEIRA FASE) Atendendo


a uma série de denúncias feitas por particulares, a Delegacia de Defesa do Consumidor (DE-
CON) deflagra uma operação, visando a apurar as condições dos alimentos fornecidos em
restaurantes da região central da capital. Logo na primeira inspeção, os fiscais constataram
que o estoque de um restaurante tinha produtos com a validade vencida. Na inspeção das
instalações da cozinha, apuraram que o espaço não tinha condições sanitárias mínimas para
o manejo de alimentos e o preparo de refeições. Os produtos vencidos foram apreendidos e o
estabelecimento foi interditado, sem qualquer decisão prévia do Poder Judiciário.
Assinale a alternativa que indica o atributo do poder de polícia que justifica as medidas toma-
das pela DECON.
a) Coercibilidade.
b) Inexigibilidade.
c) Autoexecutoriedade.
d) Discricionariedade.

Letra c.
Quando dizemos que o ato administrativo goza do atributo da autoexecutoriedade, isto quer
dizer que a administração pode praticar o ato administrativo sem recorrer ao poder judiciário.
A administração pode auto executar suas decisões, com meios coercitivos próprios, sem a
necessidade de recorrer ao Poder judiciário.
Torna-se importante registrar que a autoexecutoriedade somente é possível quando expres-
samente definida em lei ou quando a situação vislumbrada no caso concreto assim exige. Por
exemplo, excepcionalmente, na hipótese de necessidade de adoção de medida urgente, para
fins de se evitar maior lesão ao interesse público.

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Para alguns autores, o atributo da autoexecutoriedade se subdivide em dois outros: a exigibi-


lidade e executoriedade.

Questão 23 (CESPE/2008/OAB/EXAME DE ORDEM/3/PRIMEIRA FASE) O conselho diretor de


uma autarquia federal baixou resolução disciplinando que todas as compras de material per-
manente acima de cinquenta mil reais só poderiam ser feitas pela própria sede. Ainda assim,
um dos superintendentes estaduais abriu licitação para compra de microcomputadores no
valor de trezentos mil reais. A licitação acabou sendo feita sem incidentes, e o citado supe-
rintendente homologou o resultado e adjudicou o objeto da licitação à empresa vencedora.
Nessa situação, o superintendente
a) agiu com excesso de poder.
b) agiu com desvio de poder.
c) cometeu mera irregularidade administrativa, haja vista a necessidade da compra e o aten-
dimento aos requisitos de validez expressos na Lei de Licitações.
d) cometeu o crime de prevaricação, que consiste em praticar ato de ofício (a licitação) contra
expressa ordem de superior hierárquico (a resolução do conselho diretor).

Letra a.
O agente praticou um ato ultrapassando os limites de sua competência, configurando-se um
vício de competência do ato administrativo.
Espécies:
• Excesso de poder = vício de competência;
• Desvio de poder = vício de finalidade.

Questão 24 (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/X/PRIMEIRA FASE) Oscar é ti-


tular da propriedade de um terreno adjacente a uma creche particular. Aproveitando a expan-
são econômica da localidade, decidiu construir em seu terreno um grande galpão. Oscar ini-
ciou as obras, sem solicitar à prefeitura do município “X” a necessária licença para construir,
usando material de baixa qualidade. Ainda durante a construção, a diretora da creche notou
que a estrutura não apresentava solidez e corria o risco de desabar sobre as crianças. Ao to-
mar conhecimento do fato, a prefeitura do município “X” inspecionou o imóvel e constatou a
gravidade da situação. Após a devida notificação de Oscar, a estrutura foi demolida.

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Assinale a afirmativa que indica o instituto do direito administrativo que autoriza a atitude do
município “X”.
a) Tombamento.
b) Poder de polícia.
c) Ocupação temporária.
d) Desapropriação.

Letra b.
a) Errada. Tombamento: é o ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, que o trans-
forma em patrimônio oficial e institui regime jurídico especial de propriedade, levando em
conta sua função social. Um bem cultural é “tombado” quando passa a figurar na relação de
bens culturais que tiveram sua importância histórica, artística ou cultural reconhecida por
algum órgão que tem essa atribuição. (porém aqui não há a transferência de propriedade ao
Poder Público).
b) Certa. Exercício do poder de polícia: se refere a prática de um ente ou agente governamental
de executar serviços voltados ao registro, fiscalização ou expedição de algum ato.
c) Errada. A ocupação temporária, um tipo de intervenção do Estado na propriedade privada, é
a utilização, pela Administração Pública, de bens imóveis privados, para a realização de ser-
viços públicos, como o que ocorre nos dias de eleição quando escolas e clubes são utilizados
como zonas eleitorais. Seu fundamento se encontra no Art. 36 do Decreto-Lei 3.365/41 que
versa: “É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.”
d) Errada. Desapropriação é um ato imperativo que tem por objetivo transferir a propriedade
privada ao patrimônio público, visando atender o interesse público mediante prévia e justa
indenização em dinheiro.
Nas ações de conhecimento, a atividade judicial volta-se a apreciar a existência, ou não, de
um direito das partes, ameaçado ou violado e, consoante o caso, admitir a aplicação da san-
ção concreta no caso de reconhecimento da ameaça ou da lesão.
A antecipação da tutela se justifica, como salientado em outros comentários, pelo prejuízo
causado aos comerciantes, ensejando uma medida rápida.

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Súmula n. 266
Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

Razoabilidade: BOM SENSO


Proporcionalidade: EQUILÍBRIO

Questão 25 (ND/2006/OAB-DF/EXAME DE ORDEM/1/PRIMEIRA FASE) É meio de atuação do


poder de polícia:
a) retrocessão;
b) vistoria;
c) indenização;
d) predestinação.

Letra b.
Retrocessão deriva do latim retrocessus, de retrocesso, que significa retrocedimento, recuo,
regredimento, e está no sentido de voltar para trás, retroagir, retroceder.
Assim, retrocessão é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o
mesmo não tenha o destino para que se desapropriou.
Tredestinação ocorre quando é dada outra destinação ao bem (móvel ou imóvel) desapro-
priado. Os bens desapropriados pelo Estado devem possuir uma destinação pública. Ou seja,
no ato desapropriatório devem constar os motivos da mesma, o porquê (fatos e direitos) do
ato. Caso a destinação do bem seja outra diferente da original, porém respeitada a finalidade
pública estamos diante de uma tredestinação lícita. A vistoria é uma das formas do exercício
do poder de polícia, é uma atividade preventiva que visa restringir exercício particular em prol
do interesse público.

Questão 26 (CESPE/2008/OAB/EXAME DE ORDEM/2/PRIMEIRA FASE) No que se refere aos


poderes dos administradores públicos, assinale a opção correta.
a) O poder disciplinar caracteriza-se pela discricionariedade, podendo a administração esco-
lher entre punir e não punir a falta praticada pelo servidor.
b) Uma autarquia ou uma empresa pública estadual está ligada a um estado-membro por
uma relação de subordinação decorrente da hierarquia.

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c) No exercício do poder regulamentar, a administração não pode criar direitos, obrigações,


proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer normas sobre a forma como
a lei vai ser cumprida.
d) O poder de polícia somente pode ser exercido de maneira discricionária.

Letra c.
a) Errada. A administração não pode simplesmente escolher entre punir e não punir a falta
praticada pelo servidor. Se houve a falta a punição é ato vinculado. Já a pena a ser aplicada
poderá variar, desde que motivadamente.
b) Errada. Não existe relação de subordinação decorrente da hierarquia.
d) Errada. Em razão da expressão “somente”.

Questão 27 (FGV/2010/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/II/PRIMEIRA FASE) No âmbito


do Poder discricionário da Administração Pública, não se admite que o agente público admi-
nistrativo exerça o Poder discricionário
a) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos parcialmente indeterminados, que se
tornam determinados à luz do caso concreto e à luz das circunstâncias de fato.
b) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos técnico– científicos, sendo, neste
caso, limitado às escolhas técnicas, por óbvio possíveis.
c) quando estiver diante de conceitos valorativos estabelecidos pela lei, que dependem de
concretização pelas escolhas do agente, considerados o momento histórico e social.
d) em situações em que a redação da Lei se encontra insatisfatória ou ultrapassada.

Letra d.
Não se admite que o agente público administrativo exerça o Poder discricionário em situa-
ções em que a redação da Lei se encontra insatisfatória ou ultrapassada.

Questão 28 (FGV/2010/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/II/PRIMEIRA FASE) A doutrina


costuma afirmar que certas prerrogativas postas à Administração encerram verdadeiros po-
deres, que são irrenunciáveis e devem ser exercidos sempre que o interesse público clamar.
Por tal razão são chamados poder-dever. A esse respeito é correto afirmar que:

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a) o poder regulamentar é amplo, e permite, sem controvérsias, a edição de regulamentos


autônomos e executórios.
b) o poder disciplinar importa à administração o dever de apurar infrações e aplicar penalida-
des, mesmo não havendo legislação prévia.
c) o poder de polícia se coloca discricionário, conferindo ao administrador ilimitada margem
de opções quanto à sanção a ser, eventualmente, aplicada.
d) o poder hierárquico é inerente à ideia de verticalização administrativa, e revela as possi-
bilidades de controlar atividades, delegar competência, avocar competências delegáveis e
invalidar atos, dentre outros.

Letra d.
a) Errada. Como se sabe, uma das hipóteses de o administrador agir discricionariamente se
dá justamente diante dos conceitos jurídicos indeterminados, que ensejarão a análise discri-
cionária por parte do administrador a fim de concretizar tal conceito.
b) Errada. Aqui também não há nenhuma vedação a que o administrador público faça sua aná-
lise, podendo, inclusive, se respaldar por pareceres e outras manifestações como perícias etc.
c) Errada. Se a lei define os valores no caso concreto, mas depende de concretização a ser
feita de acordo com as escolhas do agente, há discricionariedade, que deve ser exercida.
d) Certa. afinal, ainda que entenda que a lei está ultrapassada ou é insatisfatória, não pode
o administrador se furtar à aplicação do princípio da legalidade, sendo seu dever, a princípio,
cumprir as leis que estejam vigentes

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer
tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí-
veis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

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