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Disciplina: DIREITO APLICADO À ADMINISTRAÇÃO

Conteúdo: PODERES ADMINISTRATIVOS

1. Noções Gerais
Para o atendimento de suas finalidades, a Administração Pública é dotada de
poderes administrativos proporcionais aos encargos que lhes são atribuídos e que
se constituem em seus verdadeiros instrumentos de trabalho para realização de
suas tarefas.
1.1 - Características Gerais dos Poderes Administrativos
São limitados pela lei e se apresentam diversificado segundo as exigências do
serviço público, o interesse da coletividade ou os objetivos das tarefas.
2. Classificação dos Poderes Administrativos
I - Segundo a liberdade da Administração para praticar seus atos:
a) poder vinculado
b) poder discricionário
II – Segundo o ordenamento da Administração ou à punição dos que a ela se
vinculam:
a) poder hierárquico
b) poder disciplinar
III – Segundo a sua finalidade normativa é dito Poder Regulamentar
IV – Segundo os objetivos de contenção dos direitos individuais é dito poder de
polícia
3 - O Poder Vinculado - é aquele que a lei confere à Administração Pública para a
prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos
necessários à sua formalização. Também é dito poder regrado.
3.1. Características do Poder Vinculado
 O agente público fica totalmente vinculado ao enunciado da lei, em todas as
suas especificações.
o Qualquer omissão ou diversificação da substância, dos motivos, da forma, da
finalidade ou no tempo, conforme especificado na lei tornará o ato inválido, nulo
ou anulável, se assim for reconhecido pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, quando requerido pelo interessado.
o predominância de especificações da lei sobre os elementos deixados livres para
a Administração.
3.2 - Os elementos do Poder Vinculado
Os elementos do Poder Vinculado são: competência, finalidade e forma sempre
são elementos vinculados a lei.
4. Poder Discricionário - é aquele que o direito concede à Administração, explícita
ou implicitamente, a liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e
conteúdo para a prática de certos atos administrativos.
4.1 – Características do Poder Discricionário
o Liberdade de ação, dentro dos limites permitidos em lei.
o A faculdade discricionária distingue-se da vinculada pela maior liberdade,
mobilidade de ação que é conferida ao agente público.
4.2 - Justificativa do Poder Discricionário
A atividade discricionária encontra plena justificativa em virtude da impossibilidade
do legislador prevê todos os atos que a prática administrativa exige, se tal fosse
possível todos os atos seriam vinculados.
4.3 – Elementos do Poder Discricionário
Na prática do ato discricionário tem que ser observada a competência legal do
agente, a forma legal para realizá-lo, bem como à sua finalidade legal.
4.4. Controle do Poder Discricionário
O Poder Judiciário pode apreciar o ato discricionário, limitando-se a verificar a
legalidade do ato, se foram observados os limites da discricionariedade pelo
Administrador, sem adentrar em juízos de valor.
5- Poder Hierárquico - é o poder que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar
as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes,
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores de seu quadro de
pessoal.
5.1. Objetivos do poder hierárquico
a) Ordenar as atividades da Administração - repartindo e escalonando as funções
entre os agentes do poder, de modo a viabilizar o desempenho de seus encargos;
b) Coordenar as atividades da Administração - entrosando as funções no sentido de
obter o funcionamento harmônico de todos os serviços a cargo do mesmo órgão;
c) Controlar as atividades da Administração - observando pelo cumprimento da lei e
das instituições, acompanhando o desempenho de cada servidor;
d) Corrigir as Atividades de Administração – corrigindo os erros administrativos, pela
ação revisora dos superiores sobre os atos dos inferiores.
5.2 - Faculdades decorrentes do Poder Hierárquico(implícitas ao superior
hierárquico):
a) dar ordens - determinar a prática de certos atos ao subordinado ou a conduta a
seguir em caso concreto (que por sua vez é decorrente do dever de obediência);
b) fiscalizar - vigiar permanentemente os atos praticados pelos subordinados
visando mantê-los nos padrões legais e regulamentares;
c) delegar - conferir a outrem atribuições que originariamente competem ao
delegante;
d) avocar - chamar a si atribuições ou funções originariamente destinadas ao
subordinado;
e) rever atos de inferiores hierárquicos - apreciar os atos em todos os seus
aspectos de competência, objeto, oportunidade, etc.
6 - Poder Disciplinar – é faculdade de punir internamente as infrações funcionais
dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços
administrativos.
6.1 - Poder Disciplinar X Poder Hierárquico
A correlação do poder disciplinar com o poder hierárquico, está no fato de que com
este a Administração Pública escalona as funções executivas, aquele controla o
desempenho dessas funções e a conduta interna dos seus servidores.
6.2 – Poder Disciplinar X Ação Punitiva do Estado
É de se ressaltar que o poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna
da Administração, abrangendo apenas as infrações relacionadas com o serviço; já a
punição criminal do Estado é aplicada com finalidade social, visando reprimir os
ilícitos penais. Desta forma, o poder disciplinar não pode ser confundido com o
poder punitivo do Estado, realizado através da justiça Penal.
6.3 - A obrigatoriedade de aplicar a pena disciplinar
O superior hierárquico tem o poder-dever de aplicar a pena disciplinar quando
devida, pois a condescendência na punição constitui crime contra a administração
Pública. Ao subordinado faltoso cabem-lhe as penas previstas nos Estatutos dos
Servidores Públicos Civis (Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e Lei
Complementar nº 30 de 31 de dezembro de 1993): advertência; suspensão;
destituição de função; demissão; cassação da aposentadoria ou disponibilidade;
destituição de cargo em comissão.
8 - Poder de Polícia
8.1 - Noções e Conceito
O Estado é dotado do poder de polícia administrativa, além dos poderes
administrativos. Ele é exercido sobre todas as atividades e bens os quais afetam ou
possam afetar a coletividade. Para o exercício do l poder de polícia existem
competências exclusivas e concorrentes entre as três esferas estatais (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios), em função da descentralização político-
administrativa que decorre do nosso sistema constitucional. Contudo, como certas
atividades interessam simultaneamente todas as entidades estatais, como saúde,
meio ambiente, trânsito, transportes, etc., o poder de regular e de policiar se difunde
entre as Administrações interessadas, provendo cada qual nos limites de sua
competência territorial. Mas, a regra geral é a exclusividade do policiamento
administrativo. A exceção é a concorrência desse policiamento.
O objeto de nosso estudo é o poder de polícia, que se apresenta como instituto de
natureza basicamente administrativa. A polícia judiciária e a polícia de manutenção
da ordem pública.
É de se ressaltar que a polícia administrativa tem sua atuação sobre os bens,
direitos e atividades, enquanto as outras tem atuação as pessoas, individualmente e
indiscriminadamente.
Deve-se, também ressaltar, que o Poder de Polícia apenas pode atuar onde a lei
autoriza, mesmo que o faça de forma discricionária, porém é um discricionário
legítimo, porque da essência desta qualidade de ato administrativo.
Pode-se conceituar o poder de polícia como sendo a faculdade que se reconhece à
Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo dos direitos
individuais, inclusive os de propriedade, em benefício do bem estar da coletividade.
8.2 - Razão e fundamento do poder de polícia
A razão do poder de polícia é o interesse social e o seu fundamento está na
supremacia geral que o Estado pode exercer em seu território sobre todas as
pessoas, bens e atividades.
8.3 – Objeto e Finalidade
O objeto do poder de polícia administrativa é todo bem, direito ou atividade individual
que possa afetar a coletividade ou por em risco a segurança nacional – por isso
mesmo exige do poder público ações de regulamentação, controle e contenção -
desde que a conduta seja prejudicial a coletividade ou a Estado, há de estar sujeita
ao poder de polícia preventivo ou repressivo. Não existe direito contrário ao
interesse público.
A finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse público (valores materiais,
morais, histórico, cultural, etc).
8.4 – Extensão e Limitações do Poder de Polícia
A extensão do Poder de Polícia é muito ampla, alcançando desde a proteção à
moral e, aos bons costumes, a economia popular/consumidor, ao meio ambiente,
patrimônio histórico e cultural, a preservação da saúde pública, a censura de filmes
e espetáculos públicos, o controle de publicações, a segurança das construções e
dos transportes, até à segurança nacional em particular. Onde houver interesse
relevante da coletividade ou do próprio Estado haverá, sempre, igual poder de
polícia administrativa para proteger esses interesses.
Os limites do Poder de Polícia administrativa são demarcados pelo interesse social
em conciliação com os direitos fundamentais do indivíduo e assegurados na
Constituição (art. 5º da CF).
O Poder de Polícia em restrição a direitos individuais, a sua utilização não pode ser
excessiva ou desnecessária, e se a autoridade ultrapassar o permitido na lei, de
modo a não figurar o abuso de poder, sob pena de sujeitar o ato a invalidação pelo
Poder Judiciário.
8.5 - Controle jurisdicional dos atos de polícia.
A legalidade da ação de polícia é fiscalizada mediante o controle jurisdicional da
Administração, cabendo ao Poder Judiciário declarar a nulidade dos atos
administrativos viciados de excesso ou abuso de poder. Por meio de Habeas Corpus
ou mandado de segurança, nos casos de certeza e liquidez do direito violado ou
ameaçado e, ou por todos os outros instrumentos de controle dos atos
administrativos, é possível a prestação jurisdicional contra a legalidade
administrativa.
9.6 - Atributos do Poder de Polícia
O Poder de Polícia tem atributos específicos e peculiares ao seu exercício. São eles:
 discricionariedade: a administração tem livre escolha para dizer da oportunidade
e conveniência de usá-lo ou não, visando sempre sua perfeita aplicação e o
atendimento dos fins colimados;
 auto-executoriedade: a própria administração decide e executa diretamente sua
decisão por seus próprios meios, não precisa do Poder Judiciário para ser
implementado;
 Coercitividade: é a imposição coativa das medidas adotadas pela administração.
9.7 – Meio de Atuação do Poder de Polícia
A polícia administrativa atua de forma preventiva, através de ordens, proibições e
normas limitadoras e sancionadoras do comportamento dos indivíduos que
convivem na sociedade. Para tanto, o Poder Público edita leis e os órgãos
executivos expedem regulamento e instruções fixando as condições e requisitos
para o uso da propriedade e o exercício de atividade que devem ser policiadas e
após verificada as conformidades é outorgado o respectivo alvará de licença ou
autorização, ao qual se segue a fiscalização competente.
 Alvará: é o instrumento da licença ou da autorização para a prática de ato,
realização de atividade ou exercício de direito dependente de policiamento
administrativo.
O alvará, se definitivo, chama-se licença; o alvará precário, é a autorização.
9.8 – Sanções do Poder de Polícia
O Poder de Polícia vem revestido de sanções, que são elementos de coação e
intimidação. Manifestando-se, geralmente, de forma escalonada e gradativa em
penalidades mais graves através de:
 Multas
 Interdição da atividade embargo da obra,
 fechamento do estabelecimento,
 demolição de construção, destruição de objetos, inutilização de gêneros etc
9.9 - Condições de Validade do Poder de Polícia
As condições de validade dos atos de Polícia, e dos demais atos administrativos,
são a competência, a finalidade e a forma, acrescidas da proporcionalidade da
sanção e da legalidade dos meios empregados pela administração.
9.10 - Espécies do Poder de Polícia
A cada restrição de direito individual, corresponde equivalentemente o poder de
polícia administrativa para a Administração Pública que deve fazer cumpri-la. Daí a
razão da formação de várias espécies como as abaixo exemplificadas:
a) Polícia de Costumes: entre os instrumentos moralizantes de que dispõem a
Administração Pública, estão a interdição de locais, a cassação de alvarás e a
vigilância.
b) Polícia da Comunicação: mesmo extinta a censura (art. 220, § 2° da CF/88),
subsiste a polícia de comunicação, controlando as diversões e espetáculos públicos.
c) Política Sanitária: visa a defesa da saúde humana, coletivamente considerada.
d) Polícia de Viação: os meios de transporte trazem considerável perigo ao homem.
e) Polícia de Comércio e Indústria: compreende as várias atuações administrativas
limitadoras do comércio ambulante, feiras livres e mercados.
f) Polícia das Profissões: as profissões liberais e técnico-científicas estão
submetidas a condições legais para seu exercício cujo cumprimento tem que ser
fiscalizado.
g) Polícia ambiental: fiscaliza o cumprimento da legislação de proteção ao meio
ambiente.
h) Polícia Edilícia: estabelece limitações de toda espécie nas cidades a fim de tornar
mais segura e digna a vida em áreas urbanizadas.

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