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Disciplina: DIREITO APLICADO À ADMINISTRAÇÃO

Conteúdo: Poderes e Deveres do Administrador Público

1) Noções Gerais
Conforme vimos na aula anteriores a Administração Pública, objetiva a atendimento
das necessidades comuns da sociedade , e para a realização desse objetivo tem-se
que o Administrador detém poderes e deveres inerentes ao cargo e função que a
que esta invertido. Estes poderes e deveres geralmente são os estabelecidos em lei,
os impostos pela moral administrativa e os exigidos pelo interesse da coletividade.
Fora dessa generalidade não se poderá indicar o que é poder e o que é dever do
gestor público, pois além da obrigação de observar a ordem legal geral (a legislação
em geral), também se sujeita ao ordenamento administrativo específico e somente
essas normas específicas podem estabelecer para cada órgão, cargo, função,
serviço ou atividade pública os poderes e deveres do administrador público.
Dessa forma, o ordenamento jurídico confere a cada gestor público a necessária
parcela de poder para o respectivo exercício das atividades a que estar obrigado.
Esse poder é atribuído ao cargo ou função que o agente exerce, e não deve nunca
ser tido como pessoal da pessoa que exerce tal cargo ou função. Ele confere
autoridade ao agente público quando recebe da administração competência para
decidir e a devida força para impor suas decisões aos particulares.

Porém, é de se observar que o agente público quando se encontrar despido da


função pública ou fora do exercício do cargo, não pode usar dos poderes que lhe
são atribuídos enquanto administrador público, nem tão pouco utilizá-los para
mostrar-se superior aos particulares, sob pena de cometer abuso de poder, que
pode ser previsto como abuso de autoridade na Lei nº 4.898/65

É, ainda, de se ressaltar os ensinamento de Sampaio Dória, citado por Hely Lopes


Meireles, que diz ser lícito o uso da autoridade, quando vise impedir que um
indivíduo prejudique direitos de outrem, ou para “obstar a que um indivíduo se
escuse a cooperar pela manutenção da sociedade”.

O direito administrativo, conforme dito anteriormente, é um sub ramo do direito


público, por tanto está repleto de normas de caráter obrigatório. Dessa forma, vale
observar que o poder atribuído ao Administrador publico se converte em dever, em
obrigação que não pode deixar de ser observada, sob pena de omissão que leva à
responsabilidade civil a administração pública, pela omissão de seu agente, por
força do disposto nos artigos 37, § 6º da Constituição Federal e 15 do Código Civil,
que dispõem:
“Art. 37 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao
seguinte:
......
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”.

“art. 15 – As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por


atos dos seus representantes que nessa qualidade causem a terceiros, procedendo
de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito
regressivo contra os causadores do dano”.

2) Poder-Dever de Agir

O poder-dever do administrador público é ponto pacífico, plenamente aceito pela


doutrina e pela jurisprudência. O poder atribuído ao servidor público se converte
em dever para com a comunidade e para como os indivíduos, posto que o todo
aquele servidor detiver poder estará obrigado a exercitá-lo.

O poder a que está o servidor público obrigado jamais pode ser renunciado, pois
como já dito anteriormente, enquanto para o administrador particular o poder de agir
é uma faculdade, o administrador é obrigado a agir, se sua ação é em favor da
coletividade.

Nos casos de omissão do agente público ou no silêncio da administração, quando


deva agir ou manifestar-se, gera responsabilidade para o agente omisso e autoriza a
obtenção do ato omitido por via judicial.
Os principais deveres do administrador público apontados por Hely Lopes Meireles
são dever de eficiência, dever de probidade e dever de prestar contas.

3) Dever de Eficiência – refere-se a obrigação do administrador público em realizar


suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento. Observa-se, que essa
obrigação volta-se aos aspectos quantitativos e qualitativos do serviço, abrangendo,
ainda, não a produtividade (seu rendimento), mas também a perfeição e adequação
técnica do trabalho.
Ainda, como decorrência do dever de eficiência existe o fato de que a administração
pública, não pode decidir por critério leigo quando existe critério técnico para
determinada situação. No entanto, pode a Administração escolher por uma
alternativa técnica quando várias são apresentadas como aptas a equalização da
questão.

4) - Dever de Probidade - aqui impõe-se o administrador público a obrigação de ser


honesto e agir eticamente. Esse dever integra a conduta do administrador público
como elemento necessário a legitimidade de seus atos, por força da Constituição
Federal, que no art. 37, § 4º, pune a improbidade administrativa com sanções
políticas, administrativas e penais.

Essa proibição de improbidade não é estabelecida somente na Constituição Federal


(vide art. 5º, LXXIII), a lei (Lei nº 4.717/65) que regula a ação popular, também
prevê e reforça a possibilidade de anulação do ilegal e lesivo ao patrimônio público,
por via judicial.

O Regime Jurídico Único (lei nº 8.112/90), também proíbe a improbidade


administrativa, responsabilizando o gestor público, pelo mau emprego ou dilapidação
do patrimônio que esteja sob sua guarda, administrativa, civil ou criminal, conforme o
caso e a categoria do agente.

5) - Dever de Prestar – a obrigação de prestar contas, por parte do administrador


público, decorre do encargo de gestão de bens públicos e interesses da
comunidade. Tal obrigação não se restringe apenas à gestão financeira dos
recursos públicos, mas a todos os atos de governo e de administração.
A Constituição Federal expressamente enfoca o dever de prestar contas da gestão
financeira, não só para os administradores públicos, bem como para todos os
demais responsáveis por bens e valores públicos, conforme o disposto nos art´s 70
a 75 da CF.

A obrigação de prestar contas, também não se restringe aos gestores de entidades


e órgãos públicos, mas aos entes paraestatais e até entidades privadas que
recebam subvenções do poder público. A regra é geral e universal e se resume no
seguinte: quem gere dinheiro público ou administra bens ou interesse da
comunidade deve contas ao órgão competente para a fiscalização.

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