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DIREITO APLICADO À ADMINISTRAÇÃO

Conteúdo: Sistemas Administrativos: Conceito. O Sistema de Jurisdição Única ou


Sistema Judiciário. O Sistema do Contencioso Administrativo ou Sistema de
Jurisdição Dupla. O Sistema Administrativo Brasileiro. Instrumentos do Controle
Jurisdicional

1. Conceito:
Sistemas administrativo ou sistemas de controle jurisdicional da administração são
os regimes de controle da legalidade dos atos e das atividades administrativas,
adotados pelo Estado objetivando a correção dos atos administrativos ilegais ou
ilegítimos praticados pelo Poder Público. Desta forma, os sistemas administrativos
visam manter os atos administrativos praticados, se legítimos, ou de desfazê-los, se
ilegais. Atualmente, a doutrina diz da existência de 2 sistemas diferentes, quais
sejam: o Sistema de Jurisdição Única ou Sistema Judiciário e o Sistema do
Contencioso Administrativo ou Sistema de Jurisdição Dual:

2 - Sistema de Jurisdição Dupla ou Sistema do Contencioso Administrativo:

Também chamado sistema de jurisdição dupla, sistema do contencioso


administrativo ou sistema francês, em razão de sua origem. Tal sistema consagra
duas ordens jurisdicionais. Uma dessas ordens cabe ao Judiciário, outra a
organismo próprio do Poder Executivo, chamado de Contencioso Administrativo
(Tribunal Administrativo). O Contencioso Administrativo incumbe-se de conhecer e
julgar, em caráter definitivo, as lides em que a Administração Pública é parte (autora
ou ré) ou terceira interessada. Ficam sujeitas ao poder judiciário, as demandas que
se fundamentem em a) litígios decorrentes de atividades públicas com caráter
privado; b) litígios que envolvam questões de estado e capacidade das pessoas e
de repressão penal; c)litígios que se refiram à propriedade privada. Ou seja, ao
Judiciário cabe a solução das demais pendências, dos demais conflitos de interesse,
onde não existe o interesse da administração pública, ressalvados os casos de
atividades pública com caráter privado. Nesse sistema, vê-se que a Administração
Pública tem uma Justiça própria, em alguns países como na França, por exemplo,
localizada fora do Judiciário, o Conselho de Estado, máxima instância, revisa o
mérito das decisões, como corte de apelação dos Tribunais Administrativo e como
instância de cassação, controla a legalidade das decisões do Tribunal de Contas.

Do mesmo modo que o sistema de jurisdição única, também se funda no princípio


da separação dos Poderes. Essa separação impede o julgamento de um Poder por
outro. As decisões do contencioso administrativo, assim como as do Poder
Judiciário, uma vez esgotados os recursos admitidos em lei, fazem coisa julgada, .

Nasceu na França e atualmente é adotado pela Itália, Alemanha, Uruguai, França,


entre outros países.

3. Sistema de Jurisdição Única ou Sistema Judiciário :


As funções de julgar e administrar, no sistema de jurisdição única ou sistema
judiciário, também chamado, ainda de sistema inglês, em razão de ser originário na
Inglaterra, são desempenhadas por órgãos diferentes e que pertencem a Poderes
também diversos. Conseqüentemente, nesse sistema temos os órgãos do
Executivo administrando, enquanto os do Judiciário julgam. Por esse sistema, todos
os litígios são resolvidos, em caráter definitivo, pelo Poder Judiciário. Ou seja, as
decisões do Poder Judiciário, esgotados os recursos legais, tornam-se imutáveis.

Os conflitos de interesses, ou sejam litígios existentes entre particulares, ou entre


os particulares e o Estado ou entre duas entidades da administração públicas, são
todos são solucionados por juizes ou Tribunais do Poder Judiciário, dependendo da
competência dos mesmo. Através do Judiciário, portanto, resolvem-se todos os
litígios, sejam quais forem às partes interessadas ou a matéria de direito ou de fato
que se discute.

Esse sistema aproxima-se ao princípio da tripartição das funções do Estado. Com


efeito, por esse princípio cada Poder há de exercer função própria. Onde o
Executivo administra, o legislativo legisla, e o Judiciário desenvolve a atividade
jurisdicional. Quem for encarregado, de uma atividade não pode desempenhar
outra. Nisso está seu fundamento. Esse Sistema de controle é adotado pela
Inglaterra, pelos Estados Unidos da América do Norte, entre outros países.
4- O Sistema Administrativo Brasileiro

O Sistema administrativo adotado pelo Brasil, desde a instauração da República


(1891), foi o Sistema de Jurisdição Única, sistema judiciário ou inglês, onde o
controle da administração cabe à Justiça Comum. Existe a separação entre o Poder
Judiciário e o Poder Executivo. Cada qual desenvolve sua atividade própria, ou seja
um julga e o outro administração e, também, não existe uma justiça especial para
processar e julgar as ações onde o Estado (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios), atue no pólo ativo ou passivo, a mesma justiça (o Poder Judiciário) que
julga as ações do Estado julga as ações dos particulares.

No Direito brasileiro, vigora a regra: "A lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito" (CF, art. 5º, XXXV). Qualquer que seja o
direito lesado ou direito ameaçado de ser lesado, deve ser submetido à análise e
julgamento do juiz, e sua decisão faz coisa julgada.

5- Instrumentos do Controle Jurisdicional


Os meios de controle judiciário dos atos administrativos de qualquer dos Poderes do
Estado, são as vias processuais de procedimento ordinário, sumaríssimo ou
especial de que dispõe o titular do direito lesado ou ameaçado de lesão, para poder
obter a anulação do ato ilegal em ação contra a Administração Pública. como por
exemplo a ação de mandado de segurança coletivo ou individual, ação popular e
pela ação civil pública, onde o direito defendido não é apenas de um titular mas da
própria coletividade, ou seja, de interesses difusos, além da já mencionada ação
direta de inconstitucionalidade.

A maioria destes instrumentos de controle jurisdicional de Administração Pública,


que podem ser utilizados, pelo titular do direito lesado ou ameaçado de lesão, são
exercitados na instância civil (Mandado de segurança individual ou coletivo, ação
civil pública, ação popular, ações cauteres etc), enquanto o habeas corpus, também
instrumento desse controle, é utilizado na instância penal.

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