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O controle jurisdicional da administração pública constitui temática largamente exploradas pelos doutrinadores

pátrios, já que a atividade da Administração Pública tende a ser amplamente questionada dentro de um Estado
Democrático de Direito. Verifica-se, assim, que o Poder Judiciário pode rever, nos limites do aspecto legal, os atos já
examinados, via controle interno ou mesmo do controle externo exercido pelo Poder Legislativo ou pelo Tribunal de
Contas. Estão sujeitos ao controle judicial os atos administrativos comuns, já que as leis e os atos normativos
(regulamentos, resoluções, portarias, etc) ficam sujeitos ao controle pela via da ação direta de inconstitucionalidade.
No primeiro caso o Judiciário, ao invalidar o ato, declara sua nulidade; no segundo caso declara a sua
inconstitucionalidade.

O Estado de Direito atende primordialmente às exigências da legalidade. O objetivo das leis e normas jurídicas é
exercer um controle que confira segurança às relações sociais. A importância do princípio da legalidade, que possui
imbricação indissociável do controle jurisdicional da Administração Pública, merece especial atenção do jurista. Na
verdade, não podem existir direitos fundamentais sem instrumentos processuais eficientes e juízes independentes
para efetivá-los. Hoje, mais do que justificar e positivar os direitos fundamentais, é importante protegê-los. Assim,
no Direito Administrativo moderno, e, portanto, segundo a concepção atual de Estado de Direito, o princípio da
legalidade exprime, não apenas um limite à atuação da Administração, mas, mais do que isso, o próprio fundamento
jurídico de toda a atividade administrativa.

Mais além, Celso Antônio Bandeira de Mello7 erige o controle jurisdicional dos atos administrativos como verdadeiro
princípio a nortear a Administração Pública no interesse público. Daí asseverar:

"Trata-se, é bem de ver, de exigência impostergável à ideia de Estado Democrático de Direito. Com efeito, de nada
valeria proclamar-se o assujeitamento da Administração à Constituição e às leis, se não fosse possível, perante um
órgão imparcial e independente, contrastar seus atos com as exigências delas decorrentes, obter-lhes a fulminação
quando inválidos, e as reparações patrimoniais cabíveis."

Desse sistema decorre o controle judicial dos atos da administração pública, de natureza externa, através do qual o
poder judiciário, mediante provocação, controla a legalidade dos atos administrativos. O poder Judiciário pode rever
nos limites do aspecto legal os atos já examinados, via controle interno ou mesmo do controle externo exercido pelo
poder Legislativo ou pelo tribunal de Contas (TC). Estão sujeitos ao controle judicial os atos administrativos comuns,
já que as leis e os atos normativos (regulamentos, resoluções, portarias etc.) ficam sujeitos ao controle pela via da
ação direta de inconstitucionalidade. No primeiro caso o Judiciário, ao invalidar o ato, declara sua nulidade; no
segundo caso declara a sua inconstitucionalidade. Assim, a jurisdição é una. Significa dizer que não há órgãos
jurisdicionais estranhos ao Poder Judiciário para decidir, com esta força específica, sobre as contendas entre
Administração e administrado.

O CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
O Contencioso Administrativo foi o sistema criado e desenvolvido na França. Por esse sistema os atos da
Administração Pública são submetidos a julgamento por um órgão especialmente criado para tal função. Nesse
sentido, quaisquer que sejam os problemas judiciais que envolvam a Administração Pública são julgados pelo
Conselho de Estado.

Pela Revolução Francesa chegaram ao poder nova elite e nova classe social, os participantes destes estamentos, que
agora passavam a dirigir o Estado, inseriram novas ideias e novas regras sociais, passando a serem alvos de ferrenha
oposição. Para a manutenção dessas novas ideias foi preciso criar um aparato administrativo que desse suporte às
reformas implantadas (AMARAL, 2006, p. 109).

O poder político teve, pois, de tomar providências para impedir intromissões do poder judicial no normal
funcionamento do poder executivo. Surgiu assim uma interpretação peculiar do princípio da separação dos poderes,
completamente diferente da que prevalecia em Inglaterra: se o poder executivo não podia imiscuir-se nos assuntos
da competência dos tribunais, o poder judicial também não poderia interferir no funcionamento da Administração
Pública (AMARAL, 2006, p. 109-110).

Com esses fundamentos extremos do princípio da separação dos poderes era criado na França a Jurisdição
Administrativa ou o Contencioso Administrativo.
Em 1790 e 1795 a lei proíbe os juízes que conheçam de litígios contra as autoridades administrativas; e em 1799
(Ano VII) são criados os tribunais administrativos – que não eram verdadeiros tribunais, mas órgãos da
administração, em regra independentes e imparciais – incumbidos de fiscalizar a legalidade dos atos da
administração e de julgar o contencioso dos seus contratos e da sua responsabilidade civil (AMARAL, 2006, p. 110).

Pelas regras impostas nas leis que estavam sendo editadas, a França passava a ter o sistema de dualidade de
jurisdição. DI Pietro (2005, p. 27) leciona que no início não haveria uma verdadeira jurisdição administrativa, pois era
a própria administração que decidia os conflitos. “Foi a fase do administrador-juiz, em que a administração era ao
mesmo tempo, juiz e parte”.

Quando se fala em sistema jurisdicional deve-se verificar suas vantagens e desvantagens. O Contencioso
Administrativo não fica imune a críticas. Como vantagens os doutrinadores expressam: a) especialização dos
julgadores, pois, o Conselho de Estado é formado por profissionais com larga experiência na área administrativa.
Todos os litígios que envolvam a Administração são solucionados por especialistas naquela área; b) decisão técnica,
ser conhecedores dos problemas administrativos faz com que os julgadores produzam julgados técnicos. Os
conselheiros são profissionais escolhidos dentre aqueles com larga experiência na Administração Pública, com isso,
seus julgados são eminentemente técnicos, visto que têm profundos conhecimentos das atividades e dos problemas
da Administração.

Não obstante, ser um Estado que prima pela educação e pela cultura de seu povo, não podemos deixar de levar em
conta que a decisão de um julgador desse sistema envolvendo interesses administrativos, mesmo não sendo o
tribunal administrativo parte da administração, haverá uma maior probabilidade de subjetivismo e parcialidade.
Chega-se a essa conclusão partindo do pressuposto das atribuições do Conselho de Estado, que nos informa José de
Ribamar Barreiros Soares (2001, p. 57) como sendo, dentre outras, as seguintes, verbis:

 participação na elaboração legislativa;


 consultoria do governo;
 participação na reforma legislativa;
 regulamentos administrativos e decretos.

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