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Pessoas coletivas publicas – por exercer e proteger a Administração Pública.

Têm atribuições, que


são ficções jurídicas que a lei atribui, personalidade jurídica. Ainda carecem de órgão – com um
conjunto de poderes verdadeiros poderes e deveres, tendo subjacente competências e pessoas
físicas, que levam a cabo as suas funções.

A separação de poderes do Estado e a forma como estes se relacionam entre si é o


ponto de partida para chegarmos a um conceito de justiça administrativa.
Tradicionalmente, temos, no nosso ordenamento jurídico, três poderes:

- Poder legislativo: poder de criar leis distribuído entre a AR e pelo Governo;


- Poder judicial: exercido em regra pelos tribunais. Assiste-se atualmente a uma
desjurisdicialização da justiça. Hoje em dia, falar de poder judicial já não é sinonimo
de tribunais judiciais (por exemplo, tribunais arbitrais).

- Poder administrativo/executivo: poder de prossecução do interesse público,


exercido pela AP em sentido material;

Há ainda o poder político, que circula neste triângulo, considerado um poder de de


programar; não tem força normativa e é insindicável.

No campo do Direito Administrativo, o princípio da separação de poderes visou


essencialmente a separação entre a Administração e a Justiça, isto é, retirar à
Administração Pública a função judicial e aos Tribunais a função administrativa. Daqui
resultava também a impossibilidade de os tribunais conhecerem dos litígios entre a
Administração e os particulares. Em Portugal, a separação de poderes surge em
Decretos de 1832 devidos ao Ministro Mouzinho da Silveira que afirmou a este
propósito que «a mais bela e útil descoberta moral do século passado foi a diferença
de administrar e julgar».

A Constituição da República Portuguesa acolhe o princípio da separação de poderes


nos artigos 2º e 111º, nº 1. Corolários desse princípio são:

- a separação de órgãos administrativos e judiciais (separação de funções e separação


de órgãos);

- o regime de incompatibilidades das magistraturas 216, 3 CRP (garantias e


incompatibilidades dos magistrados);

- a independência reciproca da Administração e da Justiça:


a) independência da Justiça perante a Administração: a autoridade
administrativa não pode dar ordens à autoridade judiciária. Mecanismos
jurídicos: sistema de garantia de independência dos magistrados (arts 203 e
216 CRP); os atos da Administração Pública em matéria de competência dos
tribunais judiciais são nulos por usurpação de poder (art 161, 2, a) CPA);
b) independência da Administração perante a Justiça: proibição funcional de o
juiz afetar a essência do sistema de administração executiva em particular a
discricionariedade (ex. 268,4 CRP – direitos e garantias dos administrados:
pode ser ordenada a pratica de atos administrativos legalmente devidos).

Surge a justiça administrativa/contencioso administrativo: um poder do Estado (o


judicial) a exercer controlo sobre outro poder do Estado (o administrativo). Mas o
poder judicial apenas deve sindicar o poder administrativo. A justiça administrativa
tem limites: há atuações da AP que o Tribunal não pode controlar sob pena de haver
ingerência no exercício do poder administrativo, diminuindo-o. O juiz não pode
intervir no domínio discricionário sob pena de se transformar em administrador.

Conceito de justiça administrativa/contencioso administrativo

No séc. XIX, a AP era centralizada (Estado absoluto) e vista como o inimigo das
liberdades, logo a justiça administrativa era entendida como o conjunto das garantias
dos particulares contra as atuações ilegítimas da Administração que ofendessem os
seus direitos ou interesses. A proteção dos direitos dos particulares era vista então
como a finalidade exclusiva do princípio da legalidade administrativa.

Num contexto de Estado Social já não é possível reduzir a justiça administrativa à


garantia dos particulares pois existem litígios em que os particulares estão ausentes;
e interesse publico que, definido pelo legislador no art. 266, 1 da CRP, constitui a
finalidade necessária e própria da atividade administrativa, garantindo a defesa dos
direitos dos cidadãos e a legalidade da atuação da Administração Publica. A CRP ao
definir o âmbito da justiça administrativa opta por uma fórmula substancial, referindo-
se ao “julgamento de todas as ações e recursos que tenham por objeto dirimir os
litígios emergentes das relações jurídicas administrativas” (art 212,3). A garantia das
posições jurídicas subjetivas dos particulares constitui o domínio típico da justiça
administrativa, estando-lhes assegurado, nos termos do art. 268º, nºs 4 e 5 CRP, o
acesso à justiça administrativa para tutela dos seus direitos e interesses legalmente
protegidos.

Para se definir o que é a justiça administrativa é assim necessário ter em consideração


as suas diferentes dimensões:

- a substancial ou material: quais os litígios que lhe cabe resolver (o quê? Litígios
emergentes de relações jurídicas administrativas);

- funcional: como se caracteriza a função exercida (como? forma jurisdicionalizada de


resolver conflitos)

- orgânico-processual: por que tribunais e segundo que processo actua, em regra


(quem? a este propósito arts 15º CPTA e 212,3 CRP)

Noção de contencioso administrativo: de acordo com o Professor Vieira de Andrade o contencioso


administrativo podes ser definido como conjunto institucional ordenado normativamente à
resolução de questões administrativas, nascidas de relações jurídicas-administrativas, atribuídas
por lei à ordem judicial administrativa, para serem julgadas segundo um processo administrativo
específico. Traduz-se na fase adjetiva do Direito administrativo.

Qual a atividade da justiça administrativa? Temos dois campos possíveis:

1. Tutela da legalidade:

•Significa que é uma justiça administrativa, face a uma ação contra a administração
pública, praticou ou não uma ilegalidade independentemente se houve lesão dos administrados
ou não. É meramente formal, é de interesse público – intervenção do tribunal para proteger o
cidadão. É uma posição objetivista

Por exemplo: Não cumprimento das regras do orçamento, em relação á despesa da administração
pública tem de estar cabimentada, como ter um x valor para parafusos e comprar com essa verba
cabimentada pregos, aqui há apenas uma ilegalidade formal, e não prejudica o cidadão.

2. proteção e interesses dos administrados.

•Significa a razão de ser da intervenção do tribunal não dependente da conformidade da


atuação publica e da ordem pública, mas exclusivamente da relação entre atuação da APe a
posição jurídica dos administrados. É uma posição subjetivista – porque nos leva o tribunal
intervir, não é o interesse publico que está em causa mas sim a legalidade e a posição dos
cidadãos.

Não somos objetivistas nem subjetivistas ou legalista/proteção ou não, segundo o artigo 266º
nº1 da CRP. Não basta cumprir a lei, mas que respeite a proteção e interesses dos administrados,
só pode cumprir a todo o custo, como a imagem da expropriação, não chega ter uma boa razão,
é preciso provar, não se pode expropriar mais do que o necessário e deve se ter esgotado todas
as possibilidades em ultimo lugar tem que pagar uma quantia ao expropriado – indemnização,
não poem ser conseguidos a todo o custo, não só satisfazer o interesse público mas também
privado o direito, ter em conta os direitos e interesses dos particulares, também ocultados estes
interesses, e não só o incumprimento da lei é o desrespeito em relação aos administrados.

Como podemos enquadrar o contencioso administrativo, está centrado na


monotorização/controlo da atividade da administração pública, e pretende fazer com que essa
atividade faz cumprir a lei, também satisfaça os direitos e interesses dos administrados. Ao ponto
de funcionar como garantia de uma verdadeira e própria da relação jurídica administrada.
Informado pelo princípio da tutela jurisdicional, tal como se encontra previsto no artigo 268º/4
da CRP – sobre o aparecimento de juridicidade.
Âmbito do Contencioso Administrativo: saber mediante diferentes critérios, quais os litígios que
integram o seu objeto.

• Sentido – Material/substancial (art 2 CPTA e 4 ETAF) sentido olha para o conteúdo da


justiça administrativa, para a matéria, para a substancia. Segundo este sentido do
contencioso administrativo corresponde/reduz aos litígios que resultam das relações
jurídicas administrativas. Todos os conflitos emergentes da relação privada o direito,
estão de fora. Só compete aos tribunais administrativos apreciar os litígios que resultam
do exercício da função administrativa, ou seja, quando houver um litígio resultante do
exercício das funções: Política, legislativa ou outro que não administrativa, os mesmos
ficam de fora do âmbito do contencioso administrativo. Não avaliam questões de
conveniência e oportunidade- seria imiscuir-se na autonomia do governo).

Podemos ter um conflito de uma r.j. ad. que não pertencem neste âmbito, são as relações
graciosas, como por exemplo, requerimento inferido – podem efetuar um recurso ao
superior hierárquico, é considerado pré-contencioso, é uma questão orgânica – como
também a reclamação e recurso hierárquico imperfeito – não pertencem ao contencioso
administrativo.

• Sentido – Funcional – já não importa o conteúdo, mas a forma como se trata a matéria.
A justiça administrativa não pode preocupar-se com todas as formas de exercício de
direito, mas tão só com as formas de jurisdicionalizada. O que interessa é o meio através
o qual o cidadão exerce o direito administrativo de forma jurisdicionalizada. De acordo
com um critério funcional, a justiça administrativa, atualmente não abrange todo e
qualquer tipo de resolução de controvérsias emergentes das relações jurídicas
administrativas, referindo-se apenas aos processos que visam a resolução de uma
questão de direito e implicam o exercício da função jurisdicional, isto é que se
apresentem como questões jurídicas a solucionar por órgãos independentes segundo um
processo justo e através de atos com autoridade de caso julgado.

• Sentido orgânico-processual/O âmbito orgânico da justiça administrativa: a jurisdição


administrativa: Segundo um critério orgânico a justiça administrativa compreende
exclusivamente a resolução de questões de direito administrativo atribuídas à ordem
judicial dos tribunais administrativos. A hipótese conduz ao alcance da definição material
da justiça administrativa, cuja resposta se encontra primeiramente a novel
constitucional. Referimo-nos a uma dimensão orgânica e não orgânico processual, apesar
da atribuição de uma questão aos tribunais administrativos implica naturalmente à
sujeição a um processo com regulação no CPTA. A forma de apreciação do litígio
levantando-se duas questões:

o Será que os tribunais administrativos só apreciam, questões de direito


administrativo? Em regra, só apreciam questões de direito administrativo, mas
excecionalmente podem ser chamados a solucionar litígios de outro ramo,
possibilidade plasmada no art 15 do CPTA relativamente à competência para a
decisão de questões prejudicais, sendo que a palavra pode confere
discricionariedade ao juiz do tribunal administrativo. Os efeitos restritos
previstos no número 3 significarão que uma vez transitada em julgado a sentença
proferida pelo juiz administrativo, a matéria atinente à questão prejudicial só
produzira caso julgado formal (efeitos dentro do processo).

o Só os tribunais administrativos apreciam questões de direito administrativo?? A


resposta por confronto com o art 212/3 da CRP parece ser afirmativa, todavia
cumpre analisar 3 posições doutrinais:

o Gomes Canotilho e vital moreira: É o único competente, a reserva é absoluta,


entendem, quando diz o artigo 212º nº3 – competente o tribunal administrativo,
está a excluir os restantes. Para que outro tribunal que não o administrativo
pudesse apreciar a matéria do direito administrativo tinha que ser a CRP a dar
essa competência.
o Freitas do Amaral: É uma posição hibrida, é uma evolução da posição anterior,
não é tao radical/fraturante, em regra sim, as matérias de direito administrativo
são da competência do mesmo (trib. Admi), com exceção quando estiver em
causa os DLG, admite-se que passa a ser outro tribunal que não o administrativo
de forma a conferir maior proteção aos administrados.
o professor Sérvulo Correia e o STADM., jurisprudência já produzida e vigora, não
há uma reserva absoluta a este nível. Quando o artigo 212º nº3 diz compete aos
tribunais administrativos não quer dizer que esteja a excluir os outros tribunais,
quer tao só identificar uma competência, regra residual, sempre que haja um
conflito resultante de uma relação jurídica administrativa só é competente o
tribunal administrativo, se a lei não fixar outro tribunal. A logica da competência
regra/residual. Senão houver outra prescrição e a lei não disser nada é o tribunal
administrativo, porém os tribunais arbitrais, têm competência para resolver
conflito que resultam de matéria administrativa.

Alcance da reserva constitucional da jurisdição administrativa

Insurge a interpretação do preceito constitucional art 212 nº3 para equacionar se nele se
consagra uma reserva material absoluta atribuída aos tribunais administrativos. As tendências
doutrinarias desenvolveram-se admitindo-se generalizadamente a atribuição legal aos tribunais
administrativos da resolução de litígios referentes à atividade da administração ainda que
incluíssem aspetos de direito privado.

Para alguns (gomes Canotilho e Vital Moreira), resulta da CRP uma reserva perante a qual o
legislador não pode atribuir a outros tribunais o julgamento de litígios materialmente
administrativos, só sendo legitimas as devoluções de competências para outros tribunais se
previstas constitucionalmente ou em caso de estado de necessidade.

Outros (Freitas do Amaral) assumem uma posição mitigada admitindo a remissão para a
jurisdição comum de questões emergentes de relações jurídicas administrativas, quando estejam
em causa direitos fundamentais dos cidadãos, pretendendo assegurar uma proteção processual
mais intensa desses direitos por falta de meios e insuficiência do número de tribunais para
corresponder às necessidades de uma tutela judicial efetiva.

Num sentido próximo, o conselho consultivo da Procuradoria geral da república distinguia entre
o contencioso por natureza (recurso contra atos administrativos), exclusivo dos tribunais
administrativos, e o contencioso acidental suscetível de ser atribuído aos tribunais comuns
porque tais matérias ainda se prendem com as garantias dos particulares contra a Administração
(posição ultrapassada).

A posição mais razoável (Sérvulo Correia) sufragada pelo STA e TC parece ser a que não lê o
preceito como um imperativo estrito, contendo uma regra definidora de um modelo típico
suscetível de desvios em casos especiais desde que não fique prejudicado o núcleo caracterizador
do modelo. O preceito introduzido na revisão de 1989 explica-se na intenção de consagrar a
ordem judicial administrativa como uma jurisdição própria, ordinária e não excecional ou especial
em face dos tribunais judiciais. Constitui um preceito que define a área própria da ordem judicial
administrativa e fiscal, sem com isso pretender estabelecer uma reserva material absoluta. Essa
definição do âmbito-regra deve ser entendida como uma garantia institucional da qual deriva
para o legislador ordinário tão somente a obrigação de respeitar o núcleo essencial da
organização material das jurisdições. Fica proibida a descaracterização da jurisdição
administrativa, mas não a atribuição pontual a outros tribunais do julgamento de questões
substancialmente administrativas admitindo-se remissões orgânicas designadamente nas
situações de fronteira em que há duvidas de qualificação ou zonas de interseção entre matérias.
Aquele preceito serve para delimitar o sentido da parte final do nº1 do art 211 que atribui aos
tribunais judiciais uma competência jurisdicional residual. Uma interpretação tão rigorosa
implicaria a dúvida sobre a constitucionalidade de leis de práticas de longa tradição em matéria
registral, policia judiciaria, de expropriações, de contraordenações.

Assim a interpretação mais razoável é que o preceito visa consagrar os tribunais administrativos
como os tribunais comuns em matéria administrativa. Se se optasse pela existência de uma
reserva material absoluta da jurisdição administrativa, o critério orgânico de delimitação não
perderia sentido na medida em que a própria CRP atribuía a outros tribunais o julgamento de
questões emergentes de relações jurídicas administrativas:

• São atribuídas pela constituição à jurisdição constitucional competências relativas a


matéria administrativa no que respeita a questões eleitorais e à fiscalização abstrata da
constitucionalidade das normas administrativas:
o Art 223 nº2 c), art 281 nº1 a), c) e d) CRP e art 72 nº2 CPTA
• Resolução da legalidade financeira da atuação administrativa que cabe ao tribunal de
Contas (art 214 CRP);
• Atribuído indiretamente pelo art 8 nº3 o conjunto de questões de direito administrativo
que pertencem à jurisdição de tribunais internacionais (tribunal de Justiça e Tribunal
Geral da União Europeia)
• A previsão de tribunais arbitrais cuja concretização é feita pelo legislador ordinário no
CPTA.

Modelos organizativos: abordam a justiça administrativa identificando quem a exerce


e que função se exerce (administrativa ou judicial). São cinco os modelos
organizativos: administrativista, judicialista, judiciarista ou quase judicialista,
administrativista mitigado e judicialista mitigado. Para apreciar os modelos torna-se
importante verificar a evolução no modo como se concebe a vinculação da AP ao Dto
(p. da juridicidade), como se entende a divisão de poderes entre o legislador,
administração e juiz, como se encara a sujeição da AP ao interesse público e a garantia
de proteção dos direitos e interesses dos cidadãos. São pressupostos a considera:

• Princípio da separação de poderes;


• Vinculação jurídica da atividade administrativa;
• O conceito de interesse publico (art 266/1 CRP);
• Garantia dos administrados e consagração constitucional do acesso geral e
efetivo dos cidadãos à justiça administrativa (art 268/4 CRP);

Modelo administrativista (de administrador-juiz, autotutela ou jurisdição reservada):


a Justiça Administrativa é uma atividade da AP no exercício da função administrativa.
Não há tribunal. A decisão final dos litígios administrativos compete aos órgãos
superiores da Administração. A atividade designada por contencioso administrativo
coloca-se dentro da função administrativa; quando se exerce o contencioso não se
está a julgar, mas a administrar. O processo não é jurisdicionalizado, estando sujeito a
meras regras procedimentais. As decisões não têm força jurídica: a Administração
julgada pode ser executada ou não. Foi o modelo liberalista, típico dos primórdios do
sistema de administração executiva, fortemente centralizado no governo, e em que o
“contencioso” era visto como instrumento de realização do interesse publico, na
época concebido como interesse do Estado, estranho aos interesses individuais que
compunham as relações sociais.

Modelo judicialista: no oposto do anterior. A decisão das questões jurídicas


administrativas cabe a tribunais integrados numa ordem judicial, quer se trate de
tribunais comuns ou especializados em razão da matéria. As decisões têm força
executiva obrigatória. É o modelo atual que parte do princípio de que toda a atividade
administrativa, mesmo nos momentos discricionários, está subordinada ao Direito
atribuindo aos tribunais a competência para conhecer todas as questões jurídicas
interpessoais. Adotado pela generalidade dos países entre os quais se encontram
Portugal e a Alemanha.

Modelo judiciarista ou quase-judicialista (ou de jurisdição delegada): a resolução dos


litígios relativos à Administração cabe a “autoridades judiciárias” que são órgãos
administrativos independentes relativamente aos demais agentes administrativos que
executam a catividade administrativa, alheios à orgânica dos tribunais, apesar da sua
designação como “tribunais administrativos”, atuando no exercício de uma função
judicial como se se tratasse de tribunais. O contencioso é exercido de forma
jurisdicionalizada. Modelo intermédio na transição dos modelos administrativistas
para os modelos judicialistas. Aproxima-se do primeiro modelo, mas não se identifica
com ele pois quem exerce a justiça administrativa não é a AP, mas sim uma entidade
independente. Quanto à função, trata-se de órgãos com funções específicas de
controlo e que atuam segundo um procedimento contraditório de tipo jurisdiccional,
embora frequentemente sem autoridade executiva.

Modelo administrativista mitigado: a decisão sobre as questões contenciosas cabe a


órgãos superiores da Administração ativa, mas implica um procedimento
jurisdicionalizado com a intervenção consultiva obrigatória de um órgão
administrativo independente, cujo parecer seria homologado ou não por aqueles. A
intervenção destes “conselhos” visava temperar a atividade administrativa para evitar
o arbítrio e dar uma garantia legal aos particulares.

Modelo judicialista mitigado: quando as sentenças dos tribunais (especializados ou


comuns), apesar da competência decisória destes, não têm força executiva ou têm
uma força executiva fortemente limitada perante a administração (ou por estarem
sujeitas a publicação por esta ou por dependerem da boa vontade administrativa para
as executar).

No Estado de Direito Social tornou-se inquestionável a jurisdicionalização plena do


contencioso administrativo, embora isso não signifique uma homogeneização dos
sistemas, já que as tradições nacionais continuam a marcar fortemente as soluções
estabelecidas. Os modelos administrativistas, puros ou mitigados, já não existem
atualmente e a generalidade dos países adotou modelos organizativos judicialistas.

O modelo português regra oscila entre o judicialista ou o judicialista mitigado. Cfr arts
71,1 (atuação administrativa: poder de jurisdição plena) e 159, 1 (causa legitima de
inexecução) CPTA. Por vezes o nosso contencioso segue, a título excecional, o terceiro,
o judiciarista ou quase judicialista, pois há entidades administrativas independentes
com competências no contencioso administrativo como é o caso do Banco de
Portugal, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social ou da Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários.
Administrativista Judiciarista Judicialista
Controlo Órgão da AP, não é a Órgão de autoridade Tribunal – pode não ser só o
propriamente um modelo de administrativa independente tribunal administrativo –
contencioso, porque é a – temos um salto qualitativo como acontece na Inglaterra
própria AP que vai julgar – – do pré-contencioso, é um com a common law.
ainda está a administrar, não é ramo independente da
um verdadeiro contencioso, administração – no mesmo
impugnação administrativa âmbito, com poderes não
como – reclamação e recursos vão de recomendações e
hierárquico é no ceio da pareceres, como acontece
própria administração. com a Procuradoria, banco
de Portugal.
Processo Não há um verdadeiro Processo – não Processo
processo, é um procedimento jurisdicionalizado. jurisdicionalizado.
administrativo
Força jurídica das decisões Não há, porque a AP fica com a Não há também Aqui já existe, todas as
(Saber se é ou não obrigado disponibilidade de executar ou decisões dos tribunais, têm de
a executar). deixar de executar, faculdade ser executadas pela AP, isto
de execução ou não no PURO.

Administrativista Mitigado Judiciarista Mitigado


Junta-se ao administrativista puro, mas umas comissões vêm Todas as decisões, têm de se executar, mas há uma exceção
coadjuvar mas são pareceres para a AP e pode não executar, que a AP pode não executar. O que é preciso verificar?
não vinculam os órgãos de controlo, é apenas uma Primeiro temos a problemática da separação de poderes (ver
intervenção de uma atividade das comissões independentes. aula do prof. Paulo Cunha), o que levou á execução tem de
estar prevista na lei é ambíguo, artigo 159º e ss, e o 163º - só
pode ser invocado nas situações descritas, vai levantar esta
causa, como exceção e foi verificada pelo tribunal, tem na
mesma de indemnizar.
É o nosso

Modelos processuais ou operativos: está em causa qual o processo. Temos então dois
modelos: o objetivista e o subjetivista. A comparação entre os modelos baseia-se em
dois critérios: a função do contencioso e o objeto do processo.

Modelo objetivista: o contencioso é exercido em regra por tribunais administrativos;


tem por função a defesa da legalidade e do interesse publico; o processo tem por
objeto um ato, em relação ao qual se pretende fiscalizar a legalidade do exercício
autoritário de poderes administrativos; o recurso contencioso de anulação constitui o
núcleo essencial do sistema, tratando-se de um recurso de mera legalidade, sucessivo
e limitado. Conhecido como modelo francês, desenvolveu-se em França a partir da
Revolução de 1789.
Modelo subjetivista: não há tribunais administrativos, qualquer tribunal pode exercer
o contencioso; o contencioso tem por função a tutela de “direitos” dos particulares; o
processo tem por objeto julgar a alegada lesão das posições jurídicas subjetivas do
administrado. Designado por modelo alemão ou anglo-saxónico, através do qual se
procura a par da densificação substancial e procedimental da fiscalização judicial da
atividade administrativa, designadamente no que respeita à limitação dos poderes
discricionários, a jurisdicionalização total do contencioso administrativo, o
desenvolvimento dos meios de ação de jurisdição plena quando estejam em causa e
na medida em que sejam lesados direitos dos cidadãos e acentuação dos aspetos
subjetivistas no processo administrativo enquanto processo de partes. Nos países da
Europa continental, os modelos mais recentes de justiça administrativa oscilam entre
os que são mistos, com caraterísticas objetivistas e subjetivistas e os que apresentam
caraterísticas predominantemente subjetivistas, estando ultrapassados os modelos
objetivistas puros.

Cada um dos modelos tem as suas vantagens e desvantagens: se ninguém contesta


que o modelo subjetivista fornece uma proteção mais intensa aos administrados que
sejam titulares de direitos perante a Administração, tem de se reconhecer que o
modelo objetivista oferece garantias mais amplas de defesa da legalidade.

Objectivita Subjactivista
1º O contencioso administrativo é O contencioso administrativo é
Característica exercido por um tribunal administrativo e exercido por tribunais comuns, deve estar
não pelos tribunais comuns, ou seja, tem que sob a alçada dos tribunais comuns, como
ser entregue a um tribunal especial e não em Inglaterra a common law.
comum, é especificamente
vocacionado para um fim
2º Do ponto de vista dos meios Este modelo defende o principio da
Característica processuais este modelo objetivista tutela jurisdicional efetiva, que nos diz que
defende que haja uma ação tipo ou meio todos os interesses e direitos devem ser
processual tipo, que é o recurso protegidos, independentemente da
contencioso ou impugnação dos atos existência de um meio processual tipo. O
administrativos, a forma de recorrer aos contencioso administrativo não deve ser
tribunais é principalmente através de um um limite ao exercício dos direitos.
pedido de impugnação de um ato Por exemplo: tenho um direito
administrativo subjetivo, a AP lesou o meu direito,
agora quero um meio processual para
exercer esse direito.
3º O objeto da justiça administrativa é a A razão da existência e controlo
Característica satisfação de interesses públicos pelo que o executado pelos tribunais administrativos
tribunal se deve centrar exclusivamente no é a proteção de interesses e direitos dos
controlo da legalidade, ou seja, o horizonte do cidadãos, aqui é a satisfação dos direitos e
tribunal é que a decisão administrativa é legal interesses dos cidadãos.
ou não, independemente de estarem ou não Aqui quer se proteger as suas
em causa, direitos ou interesses posições jurídicas é para isso que o
administrativo. Quando o tribunal intervém é tribunal desenvolve o processo e o juiz
com um objetivo: é se cumpre ou não a ordem profere uma decisão.
jurídica em vigor, haver ou não
efetividade, cumpriu ou não cumpriu a

ordem jurídica, e não quer saber se violou um


direito subjetivo.

Se foi ou não afetada com aquela decisão, só em


termos de cumprimento, o

que interessa é a parte objetiva

Diferenças

Temos tribunais administrativos Não temos só tribunais

administrativos

É tipificado Temos o princípio jurisdicional

efetivo

O fim do tribunal é a proteção A proteção de direitos e

publica, = princípio da legalidade interesses dos cidadãos.

É marcado pelo ROMANO/Germânico, tem É um modelo que está marcado com as


perdido força exposições anglo-saxónicas,

tem vindo a ser mais predominante.

Vantagens

O tribunal controla a legalidade, deste modo É mais restrito, isto porque protege com mais
defende muitas situações – abrange, á uma vasta profundidade, mais intensidade faz dele um
extensão de ações – aplica-se a muitos casos. modelo mais efetivo, mais intenso, fica pelo
caso concreto
É mais superficial, pode ser exagerado onde na
era necessário.

Atinge mais casos concretos.

Exemplo:

Destetou-se que uma instância da administração pública não cumpriu o cabimento orçamental (o saldo tem que dar 0
na AP as receitas têm que ser iguais ás despesas) e deste modo nas rubricas da verba da aquisição de mesas foi
esgotada e eram necessárias mais foram á verba das cadeiras e compraram mesas.
Aqui não é ilegal porque não Segundo este modelo é ilegal, era
ultrapassou o orçamento, é mais sindicável, não era possível de se
amplo o conceito. retirar de um lado

para aplicar noutro lado.

Sistema de justiça administrativa em Portugal

O modelo organizativo português: A evolução do contencioso administrativo


português deu-se a partir de um modelo administrativista mitigado, que transitou para
um modelo quase judicialista e, finalmente para um modelo judicialista puro de
competência especializada. Com a atual CRP instituiu-se um modelo de justiça
administrativa judicialista: de contencioso integralmente jurisdicionalizado, atribuído
a uma ordem judicial autónoma. No que se refere aos tribunais defendemos o modelo
francês: existência constitucionalmente obrigatória de tribunais administrativos
integrados numa ordem judicial (art. 209º, 1, b) da CRP), a quem compete a jurisdição
comum em matéria administrativa (art. 212º, 3 da CRP); estabelecem-se garantias de
autonomia e imparcialidade dos juízes administrativos bem como de autogoverno da
respetiva magistratura (arts 212, 1 e 2, art. 216 e art. 217, 2 da CRP).

Modelo processual de justiça administrativa: A primeira época considera-se desde os


primórdios do nosso contencioso em 1832 e durou cerca de 150 anos. Na altura foi
adotado o modelo francês, em que o contencioso regra correspondia ao recurso de
anulação de atos administrativos, de base objetivista. A jurisdição administrativa era
concebida como uma jurisdição limitada, numa dimensão substancial (restrição dos
meios de acesso), quer no plano processual (tutela reduzida dos particulares), e numa
perspetiva funcional (poderes de controle judicial diminuídos). Com a revisão
constitucional de 1982 passa-se a uma segunda fase em que se assiste a um
alargamento do âmbito do contencioso administrativo e a uma intensificação da
proteção dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos. Só a revisão
constitucional de 1989 veio alterar de forma relevante o modelo de justiça
administrativa, sendo um marco relevante de uma nova fase de evolução que
culminou na Reforma de 2002 (Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais – ETAF
e Código de Processo nos Tribunais Administrativos – CPTA) que aproximou o modelo
de justiça português ao subjetivista, consagrando o processo administrativo como um
processo de partes e alargando os poderes de cognição e de decisão do juiz perante a
Administração.
O art. 268º CRP apenas define as garantias dos administrados nas suas relações com
a Administração Publica, em particular o princípio da justiciabilidade dos atos da
Administração, assegurado pelo direito de acesso aos tribunais administrativos. O art.
268º não impede o controlo da juridicidade da atuação da Administração para defesa
da legalidade e do interesse publico mesmo que não estejam em causa direitos dos
administrados: o art. 266º CRP consagra o interesse publico como finalidade principal
da Administração Publica; a ordem judicial administrativa tem competência para julgar
a generalidade das questões de direito administrativo (mesmo as que não dizem
respeito a particulares).

Ao consagrar o direito dos administrados a uma proteção judicial efetiva, a CRP não
pretende regular em pormenor o processo administrativo. A revisão do CPTA e do
ETAF não trouxe alterações ao modelo desenhado em 2002, mas introduziu alterações
significativas no sentido de aperfeiçoar processualmente o modelo.

Fundamento para o modelo português ser o judicialista mitigado:


• entidade para controlo- tribunais
• processo inteiramente jurisdicionalizado com igualdade de armas;
• apesar de em regra a AP ser obrigada a executar as decisões dos tribunais,
certo é que em certas situações pode deixar de o fazer, desde que invoque e
prove a existência de uma causa legitima de inexecução. (art 163 CPTA);

Objeto da justiça administrativa/contencioso administrativo: O contencioso


administrativo representa o domínio do poder judicial sobre o administrativo. Não
existindo qualquer hierarquia entre os diferentes poderes do Estado a sua relação tem
de ser harmoniosa. Assim o contencioso administrativo conhece limites (materiais e
funcionais) sob pena de se traduzir numa violação do p. da separação de poderes.

Limites materiais ou substanciais: circunscrevem materialmente o objeto do


contencioso administrativo. Art. 212, 3 CRP: “Compete aos tribunais administrativos e
fiscais o julgamento das ações e recursos contenciosos que tenham por objeto dirimir
os conflitos emergentes das relações jurídicas administrativas…”.

A “relação jurídica administrativa” não foi definida pelo legislador devendo-se retira-
la do seu conceito constitucional no sentido estrito tradicional de “relação jurídica de
direito administrativo”, excluindo-se todas as relações de direito privado em que
intervém a Administração. São consideradas relações jurídicas de direito público
aquelas em que pelo menos um dos sujeitos é uma entidade pública ou uma entidade
particular no exercício de um poder publico, atuando com vista à realização de um
interesse publico legalmente definido. Estão também excluídas do domínio da justiça
administrativa as questões relativas à validade de atos praticados no exercício de
outras funções estaduais como os atos políticos e os atos legislativos.

Noção de relação jurídica administrativa: relação jurídica (relação social tutelada pelo
direito), externa, interpessoal ou intersubjetiva, entre dois ou mais sujeitos públicos
ou privados (entre particulares e os entes administrativos ou entre sujeitos
administrativos), regulada pelo direito administrativo, de onde resultam posições
jurídicas ativas e passivas.

Este será o primeiro limite material: a exigência de uma relação jurídica administrativa.
As questões que aqui se colocam são, primeiro, se o tribunal administrativo só deve
intervir quando esteja em causa uma relação jurídica administrativa e depois se
sempre que exista uma relação dessa natureza o tribunal administrativo pode intervir
(art 212/3 CRP).

A resposta a estas questões será que o tribunal apenas deverá intervir quando está
em causa uma relação jurídica administrativa que afete direitos e interesses dos
particulares. Nos termos do art. 268, 4 CRP, só é garantida tutela jurisdicional efetiva
aos administrados titulares de direitos ou interesses legalmente protegidos. É, assim,
necessário verificar se os interesses dos particulares foram afetados. Este será o outro
limite material. Temos assim dois pressupostos: a existência de uma relação jurídica
administrativa e a afetação de direitos e interesses dos particulares.

Noção de interesses dos particulares: Cfr art. 266, 1 CRP – “… respeito pelos direitos e
interesses legalmente protegidos dos cidadãos”. Daqui resulta que nem todas as
posições jurídicas dos cidadãos são protegidas. Apenas serão aquelas em que o
cidadão é titular de um direito ou de um interesse legalmente protegido. O cidadão
pode ser titular de um direito subjetivo, de um interesse legítimo ou legalmente
protegido ou de um interesse de facto. Para distinguir estas três situações deverá,
segundo o Professor Gomes Canotilho, recorrer-se à teoria legalista que assenta numa
interpretação do texto legal que valoriza entre outros o elemento teleológico. O
cidadão será titular de um direito subjetivo quando por força da interpretação do
texto legal se pode concluir que o seu principal objetivo é a proteção efetiva de um
bem jurídico próprio do cidadão. Será titular de um interesse legítimo ou legalmente
protegido quando apesar de a principal preocupação do legislador ser o interesse
publico, indireta ou reflexamente, este também se preocupou com o interesse do
cidadão. Quando o texto legal tem como única preocupação o interesse publico, o
cidadão apenas tem um interesse de facto, como é o caso da lei que obriga a que as
estradas estejam em bom estado de conservação.

apenas os direitos subjetivos e os interesses legítimos têm guarida, permitem o recurso aos
tribunais administrativos.

• Desvantagem – Sempre que o cidadão se encontra no lado passivo da relação jurídica. Há


três tipos:
Sujeições – Sempre que a pretensão da AP é inevitável. Casos em que o particular nada
pode fazer: a AP tem um verdadeiro direito potestativo. Por exemplo: Situação fiscal,
situação contraordenacional e expropriações.
Deveres/obrigações – o cidadão está nesta posição sempre que a AP tem o poder de lhe
exigir um comportamento.
Ónus – É um encargo. Os cidadãos têm de fazer algo ou não fazer algo para beneficiar de
um determinado efeito jurídico. Se não for cumprido um determinado comportamento,
não se beneficia de determinado efeito jurídico.

Status – Situação jurídica complexa em que, da mesma situação, temos posições de vantagem e
posições de desvantagem. Por exemplo: concessão da nacionalidade.

Limites funcionais: A função jurisdicional exercida pelos tribunais administrativos é,


devido à sua natureza, condicionada por dois limites funcionais, justificados pelo
princípio da separação de poderes e pela necessidade de manter a autonomia do
poder administrativo:
1. Conceito de fiscalização – contrapõe-se com o de decisão. Quem decide é a
administração pública; é a administração pública que, com o conhecimento completo
da situação de facto e de direito, ponderando entre alternativas, escolhe a solução
que melhor realiza o interesse publico. Os tribunais apenas fiscalizam, limitam-se a
verificar se aquela decisão está em conformidade com a ordem jurídica, não podendo
emitir juízos de valor sobre a oportunidade ou conveniência da decisão – poder
diminuto, basta-se com o teste de juridicidade.
2. Jurisdição limitada – o tribunal ao julgar não pode exercer a função
administrativa, não pode determinar o conteúdo de um ato administrativo concreto,
a menos que se trate de um ato vinculado.
Limites funcionais da justiça administrativa

A atividade exercida pelos tribunais administrativos sofre, em virtude da sua qualidade


substantiva, limitações funcionais na medida que se apresenta como uma atuação que envolve
um juízo sobre a legitimidade do exercício do poder administrativo, imposto pelo princípio da
separação de poderes. Atualmente apesar de um sistema de plena jurisdição da justiça
administrativa sustentar alguma contenção jurisdicional em face da autonomia do poder
administrativo.

Limites relativos ao conteúdo da fiscalização

Retira-se da doutrina da separação de poderes a proibição genérica dos tribunais se substituírem


à atividade da Administração reservada a órgãos independentes com funções fiscalizadores o
julgamento de litígios administrativos. Mas a evolução traduziu-se na conceção do princípio da
separação de poderes como um equilíbrio que promove a colaboração e interdependência entre
os poderes refletindo-se nas limitações próprias de uma atuação judicial concebida como
atividade de fiscalização ou garantia em face de uma atividade administrativa de decisão. Existe
uma distinção funcional entre decidir e fiscalizar sendo fiscalização no sentido estrito entendida
como controlo de competência alheia. Assim o procedimento decisório á mais exigente e
completo, imbuído de responsabilidade. A função de decidir exige um conhecimento completo
de todas as circunstâncias relevantes da situação de facto e de direito, uma ponderação real entre
as alternativas possíveis e respetivos efeitos e a escolha da solução que melhor realize o interesse
publico.

Fiscalizar bem implica que a entidade de controlo, enquanto 2º interprete, órgão inoficioso e
imparcial apenas precisa de elaborar o paradigma normativo até onde este seja determinável na
situação concreta, submeter a decisão a testes de juridicidade fundamentais para detetar o
eventual incumprimento dos princípios que regulam a atividade decisória.

Outro limite, associado ao supracitado, decorre da autocontenção do juiz administrativo perante


a reserva de discricionariedade da Administração. Atualmente toda a atividade administrativa
(mesmo o exercício dos poderes discricionários) está sujeita ao Direito. É jurídica do ponto de
vista funcional (visa a realização do interesse publico), e substancial (sujeita aos princípios da
racionalidade, boa fé, igualdade, imparcialidade, justiça e proporcionalidade) e nessa medida
sujeita a fiscalização jurisdicional. Mas continua a valer a ideia de que no respeito pelo princípio
da separação de poderes, os tribunais administrativos julgam do cumprimento pela
Administração pelas normas e princípios jurídicos que a vinculam e não da conveniência ou
oportunidade de atuação (art 3 CPTA). Não compete aos tribunais administrar, pelo que da sua
jurisdição se excluem os poderes de decisão que englobem questões de mérito, que impliquem
a avaliação da oportunidade e conveniência da atividade administrativa segundo os padrões da
boa administração. Este limite vale quer para a impugnação de atos administrativos, quer para a
condenação da administração na prática de comportamentos ou na prática de decisões de a
autoridade, bem como para os pedidos de modificação de contratos administrativos que
envolvam o exercício de poderes públicos.

Os limites à plena jurisdição do tribunal administrativo

o entendimento atual da juridicidade e da justicialidade administrativa é incompatível com uma


proibição de condenação ou de injunção, nas relações entre o juiz e a administração. Essa
conclusão tornou-se indiscutível e impõe-se ao legislador com o art 268 CRP ou com a adoção de
providencias cautelares administrativas antecipatória necessárias à tutela judicial efetiva das
posições jurídicas dos particulares. O CPTA reforça tal imposição nos art 2 e 3. O que o juiz não
pode é determinar aquilo que a administração há-de fazer num caso concreto, nem se substituir
a ela quando esteja em causa o conteúdo discricionário de um ato de autoridade, devendo
limitar-se a uma condenação genérica ou diretiva.

O juiz também de respeitar a força do caso decidido de um ato administrativo, quando este, ainda
que invalido (desde que não seja nulo), se tenha tornado inimpugnavel pela queda do prazo de
impugnação, salvo eventualmente e incidentalmente para efetivação da responsabilidade civil da
administração. Assim o princípio da separação de poderes não implica uma proibição absoluta
ou regra de o juiz condenar, dirigir injunções, sancionar proibir ou impor comportamentos à
Administração. Implica apenas uma proibição funcional do juiz afetar a essência do sistema de
administração executiva, não pode ofender a autonomia do poder administrativo, o núcleo
essencial da discricionariedade, na medida que a lei confira à administração poderes próprios de
apreciação ou decisão, como tem de respeitar, em regra, a autoridade e força estabilizadoras
características do ato administrativo r a força do caso decidido.

A necessidade de decisão administrativa prévia

Em face do princípio da decisão administrativa prévia o juiz administrativo só podia ser chamado
a intervir em segunda instancia (a reagir). Tal princípio nunca vigorou plenamente no nosso
ordenamento jurídico e perdeu sentido em face do direito fundamental dos cidadãos de acesso
aos tribunais administrativos. Deixou de valer a ideia de que a justiça administrativa se limitava à
impugnação de atos e que as ações só se incluíam no contencioso administrativo por atribuição.
A exigência de prévio requerimento particular da intervenção administrativa só pode ser
condição substancial ou pressuposto processual de uma ação quando essa atuação administrativa
seja por força da lei necessária ao caso. A lei admite mesmo, excecionalmente, a possibilidade de
pedido em ação comum, de condenação à não emissão de um ato administrativo (art 37 nº2 c)
CPTA) que representa uma proteção preventiva.

A delimitação legal do âmbito da jurisdição administrativa

O âmbito da justiça administrativa não se determina apenas com base na Constituição,


dependendo ainda do recorte orgânico, realizada no plano legal, visando concretizar a conteúdo
da clausula geral estabelecida pela CRP, destacando-se os preceitos que implicam a diminuição
(por subtração) do âmbito da jurisdição administrativa, outros que implicam a sua ampliação por
atribuição aos tribunais administrativos que, em princípio, não lhes caberia conhecer.

Âmbito da jurisdição administrativa segundo o ETAF

o ETAF reafirma no art 1º a clausula geral estabelecida pela CRP, mas entendeu determinar a
competência da jurisdição através de enumerações no art 4º, através de uma enumeração
positiva e negativa. Mas subsistem problemas porque as enumerações são exemplificativas e
porque utilizam conceitos que carecem de precisão, bem como não prejudicam a existência de
legislação especial divergente,

entendemos que a enumeração positiva é concretizadora da clausula que deriva da CRP, mas tem
de ser considerada aditiva, quando seja inequívoco que visa atribuir competências que não
caberiam no âmbito definido pela clausula. A enumeração negativa é também concretizadora da
clausula geral, mas contem também disposições que restringem tal âmbito, reconhecendo-lhes
um efeito subtrativo.

A generalidade das alíneas do nº1, exceto de parte das alíneas b), e), g) e h), relativas a matéria
de contratos e de responsabilidade civil, visa apenas a concretização positiva.

Estamos a presumir a assunção de um conceito material de atividade administrativa, quando na


alínea c) inclui os litígios decorrentes das atuações materialmente administrativas de órgãos
estaduais e regionais que não pertençam à APem sentido organizatório. A este conjunto de
matérias, saliente-se que as várias alíneas cumprem um duplo propósito: o de enunciar as
hipóteses mais importantes de litígios decorrentes de relações jurídicas administrativas e o de
tornar clara a competência dos tribunais administrativos a casos que lhes seriam subtraídos (por
exemplo alínea a), l) e n)).
• Material • Funcionais
Limita a matéria a substância que o Limita a própria função do julgador é
contencioso administrativo pode atuar limitada.
Como delimitamos do ponto de vista Com a função de julgar o seu exercício:
material o contencioso administrativo? • Porque julgar, é tarefa dos
• É influenciado por dois tribunais administrativos, é uma atividade que
conceitos. comporta limites, como vai atuar é aqui que se
1. Conceito da relação jurídica coloca os limites funcionais, como vai lidar com
administrativa – artigo 212º nº3 da CRP, o caso concreto sem mais nem menos ou será
porque só se tem contencioso administrativo que tem limites? É obvio que haja limites,
se estiver perante uma relação jurídica porque nós estamos a falar de um exercício de
administrativa do contencioso administrativo, é um poder que é judicial, sobre o poder que é
o conceito de relação administrativa – o que é? administrativo.
É a relação social tutelada pelo direito isto nos • Temos subjacente o princípio da
termos gerais de uma relação jurídica, porém a separação de poderes deve haver respeito.
diferença para o contencioso administrativo, é 1. O primeiro limite, provem
que é tutelada pelo direito administrativo. diretamente do resultado da separação de
Onde é que vamos terminar o poderes, prende-se com a necessidade de o
raciocínio? É no conceito do direito tribunal respeitar o exercício do poder
administrativo – é um ramo de direito público, administrativo, razão pela qual dizemos que
porém este é um ramo de direito. os tribunais administrativos ao contrário dos
Há vários critérios de distinguir a jurídicos não tem poder de jurisdição. Um
diferença do público com o privado: dos modelos não é judicialista – uma das
• Critério do sujeito – é de fundamentações. Também nos actos
direito público sempre que a nossa relação discricionários, se invadir está a interferir,
haja intervenção de um sujeito público, não pode interferir no poder judicial e vice-
sempre que a relação jurídica haja um sujeito versa.
público – que tenha o estatuto de direito 2. Segundo limite – executar e
público – temos direito público. administrar, a função não é decidir a
Porém este critério não merece a função do tribunal é fiscalizar, tem que se
concordância da doutrina – porque em muitas conhecer o caso concreto, e dominar todas
situações o sujeito público intervém mas não é as soluções possíveis, acto de escolher para
uma relação jurídica administrativa, é da forma o caso concreto, significa fazendo o teste
desinteressada sem o poder público, estar lá de juridicidade, não tem de saber as
ou não a milhares de utilizações. Por exemplo,
relação jurídica era na mesma privada e decidiu mal, revoga-se, anula-
não pública. Qualifica como direito público se. Discricionário não pode decidir,
quando deveria ser direito privado.
Por um lado alarga em demasia o poder administrativo é diferente do
conceito. executivo.
2. A noção de relação jurídica
administrativa, onde não está um sujeito
público, mas pode ser um privado, quando
utiliza prerrogativas públicas, essas relações
seriam de direito privado, como por exemplo as
conceções – Brisa, no entanto é considerada
uma relação jurídica pública – há situações que
ficam de fora.
3.
NOTA:
• Ter cuidado ao ver o que são
atos privados e públicos numa entidade.

Nosso critério é uma posição relativa dos


sujeitos.
• O que nos interessa saber é
qual o estatuto da entidade porém não é
relevante a qualificação do sujeito (pouco
relevante), mas sim poderes que utiliza naquela
relação jurídica. Quando temos direitos
públicos com um ou dois sujeitos públicos ou
privados, utiliza prerrogativas e direito publico
e com poderes públicos – temos a ius império –
quando impõe a sua própria vontade.
Usa o poder que tem a força que a ordem
jurídica lhe dá – temos uma relação jurídica
administrativa – só aqui. Como por exemplo:
licença de uma esplanada, está a usar o seu
poder. Senão for é direito privado, tudo começa
com uma relação jurídica administrativa pública,
só quando estiver é que tudo resto pode
acontecer.

Os pressupostos processuais relativos ao Tribunal, às partes e aos processos

São “os elementos de cuja verificação depende, num determinado processo, o poder-dever do
juiz de se pronunciar sobre o fundo da causa, isto é, de apreciar o mérito do pedido formulado e
de sobre ele proferir uma decisão, concedendo ou indeferindo a providência requerida”[1]. Como
podemos ver, a verificação é de facto essencial pois sem esse preenchimento obsta-se a que o
tribunal possa validamente conhecer o mérito da causa e apreciar as matérias de facto e de
direito do caso concreto. E obsta-se nos mesmos termos do Processo Civil, ou seja, através de
uma exceção dilatória de acordo com os artigos 89º do CPTA e 576º/2 e 577º do CPC, que levam
à absolvição do réu da instância.

São requisitos de admissibilidade do julgamento do mérito da causa. Art. 89º do CPTA e 577º do
CPC: contêm exemplos de questões que podem obstar ao conhecimento do mérito da causa,
dando lugar à absolvição da instância. Tratam-se de exceções dilatórias, conduzem a decisões de
mera forma e apenas adquirem força de caso julgado formal no âmbito do processo a que poem
termo, pelo que não impedem a propositura de nova ação, entre as mesmas partes e com o
mesmo objeto. Algumas são comuns ao processo civil (ineptidão da p.i., litispendência, caso
julgado) outras são próprias do processo administrativo.

Podemos distinguir pressupostos positivos, “cuja verificação obriga o juiz a conhecer do mérito
da causa”, e negativos, aqueles cuja verificação o impede de o fazer. Podemos também distinguir
os absolutos, que podem ser conhecidos oficiosamente, dos relativos, que podem/devem ser
invocados pelas partes, mas cuja falta pode ser sanada ou até considerar-se irrelevante. E por
último, fazemos a distinção conforme sejam relativos ao tribunal, às partes ou ao processo em
concreto.

Pressupostos relativos ao Tribunal

Art. 5º ETAF: a competência dos tribunais fixa-se no momento da propositura da ação. Segundo
o princípio da perpetuação do foro a referida competência afere-se no momento da propositura
da ação. Tratando-se de uma ação que deve ser proposta perante a jurisdição administrativa
(competência em razão da jurisdição e em razão da matéria), há que estabelecer o nível
hierárquico do tribunal perante o qual a ação deve ser proposta (competência em razão da
hierarquia).

Competência em razão da jurisdição: em conformidade com o art. 212, nº 3 da CRP, pertence ao


âmbito da jurisdição administrativa e fiscal a apreciação de todos os litígios que versem sobre
matéria jurídica administrativa e fiscal e cuja apreciação não seja atribuída, por norma especial,
à competência dos tribunais judiciais, assim como aqueles que, embora não versem sobre
matéria jurídica administrativa e fiscal, sejam expressamente atribuídos, por norma especial, à
competência desta jurisdição.

Art. 4º, nº 1 do ETAF:

1. Direitos e interesses de natureza jurídico-administrativa – a)

2. Contencioso dos atos administrativos e regulamentos – atos em matéria administrativa:

- alínea b) atos jurídicos emanados pela Administração no exercício de funções,

- alínea c) atos materialmente administrativos praticados por órgãos públicos que não
pertencem à Administração Publica (Presidente da Republica, Presidente da Assembleia
da Republica, Presidentes do TC, STA, TContas, CS de Defesa Nacional, PGR); está
excluída a apreciação dos litígios relativos à fiscalização da legalidade dos atos
materialmente administrativos praticados pelo Presidente do STJ e dos atos do
Conselho Superior da Magistratura e do seu Presidente que é reservada aos tribunais
judiciais- art. 4º, nº 3, d) e c)

- alínea d) atos materialmente administrativos praticados por entidades de outra


natureza, no exercício de poderes públicos (atos unilaterais praticados ao abrigo de
concessão)
3. Contencioso dos contratos – e) pertence ao âmbito da jurisdição administrativa a apreciação
dos litígios relativos a contratos administrativos

4. Contencioso da responsabilidade civil extracontratual: compete à jurisdição administrativa,


entre outras:

- toda e qualquer questão de responsabilidade civil extracontratual emergente da


atuação da Administração Publica: conduta de órgãos, funcionários ou agentes das
pessoas coletivas de direito publico que integrem a Administração Publica; e também
as questões de responsabilidade emergentes de atuações materialmente
administrativas de órgãos públicos que não pertencem à Administração Publica - f)
(excluídas as ações em que a causa de pedir seja um facto ilícito imputado a um juiz dos
tribunais judiciais no exercício da função de julgar por erro judiciário e a atuação do
Presidente do STJ e do CSM e do seu Presidente-art. 4º, nº 3, a), c)e d) ETAF);

- as ações de responsabilidade propostas contra titulares de órgãos, funcionários,


agentes e demais servidores públicos, com a ressalva do art. 4º, nº 3, a) - g);

- e as questões de responsabilidade civil extracontratual de entidades privadas e


respetivos trabalhadores, titulares de órgãos sociais, representantes legais ou auxiliares
que resultem de ações ou omissões adotadas no exercício de prerrogativas de poder
publico ou reguladas pelo Direito Administrativo – h).

5. E ainda:

- litígios dirigidos a promover a prevenção, cessação e reparação de todo o tipo de


violações que resultem da atuação de entidades públicas contra a saúde pública, ambiente,
urbanismo, ordenamento do território, qualidade de vida, património cultural e bens do Estado
(k); litígios relativos a relações jurídico-administrativas entre pessoas coletivas públicas ou entre
órgãos públicos (j); litígios relativos ao contencioso eleitoral de pessoas coletivas de direito
público cuja apreciação não seja atribuída à jurisdição de outros tribunais (m); litígios relativos a
situações constituídas em via de facto, sem titulo que as legitime (i); litígios relativos decisões de
aplicação de coimas por violação de normas em matéria de urbanismo (l);

6. E, por fim, situações não expressamente previstas (o):

- por exemplo, atribuição de indemnizações resultantes da imposição de sacrifícios por


parte dos poderes públicos

Competência em razão da matéria: Por regra, os tribunais administrativos são competentes para
dirimir os litígios cuja resolução exige a aplicação de normas de Direito Administrativo e os
tribunais tributários são competentes para dirimir conflitos cuja resolução exige a aplicação de
normas de Direito Fiscal.

Competência em razão da hierarquia: Os tribunais administrativos e fiscais estão organizados em


três ordens de tribunais, dispostos em plano vertical, em forma de pirâmide: os tribunais de
primeira instância, os tribunais de segunda instância – TCA, e o STA.

STA – 24º e 25º ETAF

TCA – 37º

Tribunais de 1ª instancia/TAC – 44º

Primeiro teremos de ir ao artigo 24º - STA senão couber, iremos para o artigo 37º do TCA, porém
senão couber aqui cabe tudo no 44º no TAC por exclusão de partes – estamos perante uma
distribuição da competência em razão da matéria.

Depois de ver o artigo 24º e senão couber teremos de continuar no 37º e por fim 44º. 26
TAC – é um tribunal com competência residual, cabe tudo o que não couber nos outros dois
tribunais. A intuição não é boa conselheira e o resto fica em causa, por isso teremos sempre de
verificar todos os tribunais.

Competência em razão do território: A ordem dos tribunais administrativos e fiscais é constituída


pelos tribunais de primeira instancia, pelos tribunais de segunda instancia e pelo STA. O tribunal
de segunda instancia são dois: Tribunal Central Administrativo Norte e Tribunal Central
Administrativo Sul, com sede no Porto e em Lisboa. O CPTA estabelece um conjunto de critérios
de repartição das competências em razão do território: 16º-22º CPTA. Uma vez identificado o
local a adotar como ponto de referência, cumpre identificar o tribunal cujo âmbito de jurisdição
abrange o local em causa – art. 1º do DL 325/2003, de 29 de Dezembro. A área de jurisdição de
cada um dos tribunais encontra-se estabelecida no mapa anexo ao DL 325/2003, diploma que
deve ser consultado para identificar concretamente o tribunal competente em razão do
território.

Incompetência em razão da jurisdição e resolução de conflitos:

a) arts 13º e 14º, nºs 2 e 3

As questões de competência dos tribunais são de ordem pública e o seu conhecimento,


oficioso, precede o de qualquer outra matéria. Quando a petição seja dirigida a um tribunal
administrativo mas a questão não deva ser submetida à apreciação da jurisdição administrativa,
o juiz deve declarar-se incompetente e absolver da instância, pondo termo ao processo. O art.
14º, 2 confere ao autor, neste caso, a possibilidade de requerer a remessa dos autos ao tribunal
competente, com indicação do mesmo, no prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado da
decisão que declarou a incompetência, acrescentando o nº 3 que a petição se considera
apresentada na data do primeiro registo de entrada.

b) Tribunal de Conflitos:

Se o tribunal para o qual for remetido o processo vier a declarar-se igualmente incompetente,
configura-se um conflito que deve ser dirimido mediante recurso para o Tribunal de Conflitos,
nos termos do art. 109º do CPC.

Quando o conflito ocorre entre tribunais administrativos e tribunais judiciais, o Tribunal de


Conflitos é constituído por juízes de igual numero do STA e do STJ e presidido pelo Presidente do
STA (DL nº 19243 de 16 de Janeiro de 1931 e DL nº 23185 de 30 de Outubro de 1933); para
conflitos com o Tribunal de Contas, o Tribunal de Conflitos é constituído por 2 juízes do STA e 2
do TC e presidido pelo Presidente do STJ (art. 1º, 3 da Lei nº 98/97 de 26 de Agosto).

Incompetência em razão da matéria e resolução de conflitos: arts 14º, 2 CPTA, 29º ETAF,
135ºss CPTA e 109º CPC

No âmbito da jurisdição administrativa e fiscal, não é necessário distinguir as situações de


incompetência em razão da matéria, das situações de incompetência em razão da hierarquia ou
do território. Aplica-se a todas o nº 1 do art. 14º: remessa oficiosa do processo ao tribunal
competente. Conflitos de competência entre tribunais administrativos e tributários ou entre
secções de contencioso administrativo e de contencioso tributário: Plenário do STA: art. 29º
ETAF.

Incompetência em razão da hierarquia e do território: 14º, 1 CPTA. Em princípio não há


conflitos de competências neste domínio porque, nos termos do art. 105º, 2 CPC, as decisões
transitadas em julgado resolvem definitivamente as questões de competência (cfr. 675º CPC) e o
art. 5º, 2 do ETAF estabelece que existindo, no mesmo processo, decisões divergentes sobre
questões de competência prevalece a do tribunal superior.

Existem três tipos de tribunais administrativos (8º ETAF):

• Supremo Tribunal Administrativo;


• Tribunais Centrais Administrativos;

• Tribunais Administrativos de Círculo.

A competência dos tribunais administrativos não se determina de forma hierárquica, mas sim
atendendo à matéria. Não há distinção entre tribunais de 1ª instância e tribunais de recurso.
Todos os tribunais são de 1ª instância. A competência do STA está prevista no 24º/1 ETAF
(excetuando a alínea g)). Se a ação versar sobre uma matéria descrita naquele preceito, deve
ser proposta no STA. Caso não caiba nessa competência, verificamos se a competência é do
TCA. As matérias deste tribunal estão previstas no 37º, a), c) e d) ETAF. Se não couberem na
competência do TCA, devemos recorrer ao 44º ETAF. São as matérias que são da competência
dos TAC. Daquele preceito resulta a competência residual dos TAC. Este tribunal é competente
para as ações relativamente às quais não seja competente qualquer um dos outros tribunais.

Incompetência:

Absoluta 1º ETAF; 2º CPTA – temos nas situações referias nos nº2 e 3, quando a petição é
dirigida a um tribunal que não pertença á jurisdição administrativa. Consequência: primeiro no
nº2 do 14º - após o trânsito em julgado, considera o tribunal incompetente, o interessado tem
30 dias para requerer a remessa dos autos e o nº3 – ação considera-se proposta na data em
que a petição deu entrada no tribunal incompetente – há direito que procedem como o direito
de reconvenção.

Relativa – 14º nº1 e 3 – quando se dirige a um tribunal incompetente mas o competente está
dentro da jurisdição administrativa do Porto, mas afinal era Penafiel. Ou é o TAC e deveria ser o
27
STA. Consequências: 1º no nº1 – é oficiosamente o processo remetido ao tribunal competente,
se possível por via eletrónica. 2º nº3 – á data da propositura da ação que foi apresentada. Pode
resultar da matéria ou do território. Isto porque os tribunais administrativos dividem-se em razão
daqueles. Quanto à matéria (24º, 37º e 44º ETAF), a competência divide-se entre o STA, TCA, TAC.
Contudo, a competência desses mesmos tribunais também se delimita em razão do território;
onde o STA tem a sua jurisdição alargada a todo o território nacional, mas tanto o STA como o
TAC têm a sua competência determinada pelo território.

Pressupostos relativos às partes:

personalidade judiciária: tal como no processo civil se define como “a suscetibilidade de ser parte
no processo”. Hoje a legitimidade é atribuída às pessoas coletivas a que pertencem esses órgãos.
Ambos no artigo 8ºA do CPTA, atenção ao nº3.
Capacidade judiciária: prevê a “suscetibilidade de uma pessoa estar por si em juízo” e que também
esta se confunde em certa medida com o conceito do direito processual civil. Importa destacar
que no que se refere às entidades públicas, a capacidade “é determinada pela competência do
órgão para representar a pessoa coletiva” e que provém da lei. Já em relação ao Estado, será
representado pelo Ministério Público, enquanto entidade competente para essa representação.
Art 8 A CPTA

Patrocínio judiciário: é em princípio obrigatório de acordo com o artigo 11º/1 do CPTA. No


entanto, em 2015 passou a ser possível que a representação por representante que não seja
advogado ou solicitador, mas “apenas” licenciado em Direito desde que cumpra os deveres
deontológicos exigidos a qualquer representante. há uma desigualdade, não tem as mesmas
competências para representar. O advogado – está submetido ao quadro deontológico e o
licenciado também é o mesmo quadro deontológico e sigilo, não há sanções só civil a
responsabilidade, não é possível igualar a igualdade das partes uma parte fica sempre
prejudicada.

legitimidade das partes: O regime regra da legitimidade está previsto no artigo 9º e 10º CPTA mas
alguns tipos de meios processuais consagram algumas especificidades. Exemplo: 55º CPTA.
temos de distinguir entre ativa e passiva. A primeira implica que o interessado seja efetivamente
o titular do direito que invoca, a segunda será aferida pelo facto de, caso a ação seja procedente,
a parte ser prejudicada por essa circunstância, o que denota uma relação de correspondência
entre si. É hoje definida pela lei a legitimidade ativa direta que considera o autor “como parte
legítima quando alegue ser parte na relação jurídica (material ou substancial) controvertida, em
função da titularidade de um direito ou interesse legalmente protegido”. A legitimidade passiva
pertencerá à parte que é titular do dever correspondente ao direito invocado, em regra, uma
pessoa coletiva pública e também aos terceiros contra-interessados, enquanto prejudicados
diretos com a procedência do pedido.

Aceitação do ato: que consiste na impossibilidade de impugnação judicial de ato pela parte que
anteriormente já o havia aceitado ou com o qual havia concordado. Trata-se, portanto, de um
pressuposto negativo. Importa destacar que no âmbito deste pressuposto há doutrina que
distingue aceitação do ato (ou da pretensão) em termos substantivos da renúncia ao direito de o
impugnar como é o caso do Professor Rui Machete[4], posição com a qual não concorda o
Professor Vieira de Andrade ao defender que a aceitação do ato não vale como declaração
negocial e apenas como “mero ato jurídico” afetando a posição jurídica substantiva e processual
da parte passiva e com o qual devo expressar concordância.
Pressupostos relativos ao processo:

meio processual adequado à sua pretensão e que só por essa via consiga obter a tutela judicial
desejada.

necessidade de tutela judicial: normalmente referida como “interesse processual” e que obriga a
que haja um interesse real e atual do interessado, ou seja, que este retire alguma utilidade da
procedência da ação.

A tempestividade: enquanto pressuposto, implica que exista um prazo contínuo que não provoca
a suspensão fora dos dias úteis ou em férias judiciais como prevê o artigo 58º/2 do CPTA. Neste
âmbito destaca-se a diferença de prazos de impugnação do Ministério Público, que é mais longo
(1 ano) e que segue o regime típico de um prazo de caducidade e a sua decorrência determina a
formação de “caso decidido”, tornando impossível a impugnação do ato. Para os interessados, o
prazo só começa a contar a partir do momento em que o interessado é notificado, em que tem
conhecimento ou no momento da execução. Outra diferença passa também pela não formação
de caso decidido pelo decurso do tempo. Além destes casos, o artigo 58º/3 do CPTA prevê já
casos em que é possível a impugnação para além do prazo de 3 meses. “O prazo de impugnação
do particular constitui, pois, um prazo de caducidade especial, suscetível de suspensão e de
interrupção”.

interpelação administrativa prévia em certos casos. Acontece que muitas vezes a Administração
pratica um ato que apesar de já poder ser impugnado pelos destinatários, ainda não é um ato
definitivo por não consistir na “última palavra da Administração” e como tal, partilhando da
opinião de que não existe qualquer restrição ao direito de acesso à justiça e aos tribunais, há
casos em que previamente deve existir uma impugnação administrativa necessária como são os
casos que a lei prevê de acordo com a 2ª parte do 185º/2 do CPA.

cumulação ilegal de pedidos: que resulta da preterição de alguma das exigências previstas no
artigo 4º do CPTA, ou seja, quando a causa de pedir seja distinta ou não exista qualquer conexão
material entre os diferentes pedidos. Destaque ainda para a litispendência e o caso julgado a
litispendência, que são de conhecimento oficioso, e que impedem o conhecimento do mérito da
ação quando haja uma repetição de uma causa com os mesmos elementos essenciais, quando
seja formulado um pedido idêntico perante outro tribunal nacional e sobre o qual este já esteja
a pronunciar-se ou já tenha havido sentença onde se decidiu o caso concreto.

Valor das ações (31º a 34º CPTA)


O 31º refere a utilidade do valor, sobre o que é que ele vai interferir.

Assim, em contencioso administrativo, para se fixar o valor de uma causa, há que ter em conta
uma equivalência entre a utilidade económica do pedido e o valor. Esta é a regra. Atente-se, no
entanto, aos casos especiais dos 32º a 34º, que nos apresentam circunstâncias diferentes para
identificar o valor da causa. Circunstâncias essas que só se verificam quando não há utilidade
económica do pedido, ou seja, quando não dê para traduzir em dinheiro o pedido.

O 34º apresenta-nos situações limite, são as ações com valor indeterminável, relacionadas com:

• Bens imateriais;
• Todas quantas não se possa identificar um valor por aplicação dos restantes critérios.

Nos termos do 34º/2, estas causas de valor indeterminável consideram-se superiores ao da


alçada do TCA (6º/4 ETAF – superior a 30.000 €). Tenha-se em consideração de que a lei apenas
refere ‘superior a 30001 €’, não diz qual o valor a fixar.

Princípios do contencioso administrativo: dão sustentação normativa garantindo a


fundamentação de determinadas posições/opções processuais. Podem valer por si se bem
invocados, sendo também fonte de direito. Trave mestre pilares – princípio da ordem processual
– são três categorias – princípios relativos:

1. Promoção ou iniciativa processual

2. Âmbito do processo

3. Os relativos à persecução processual

As normas processuais administrativas exprimem um sistema de princípios visando dar-lhes


concretização. Há ainda a não esquecer os princípios da juridicidade substancial que regem o
sistema administrativo explicitados na CRP e CPA como o principio da legalidade, da boa fé, da
imparcialidade, da justiça, da igualdade, da proporcionalidade, da proteção da confiança, da
racionalidade, bem como os princípios estruturantes do Estado de Direito, como o da separação
de poderes, da garantia do acesso ao direito e à justiça e da proteção judicial efetiva dos direitos
dos cidadãos.

Princípios relativos á promoção ou iniciativa processual:

• Princípio da garantia da assistência jurídica: (20º CRP E 11º CPTA) – segundo o qual é
garantido aos cidadãos a proteção no recurso ao tribunal. Do 11º CPTA resulta que é
obrigatória a constituição de advogado. Está excluído o advogado estagiário e o agente
de execução. O nº2 prevê uma exceção: permite que as pessoas coletivas de direito
público sejam assistidas judicialmente no foro por meros licenciados em direito.
• Princípio da necessidade do pedido: decorre de uma característica estrutural-funcional do
poder judicial, em que os tribunais são órgãos indiferentes e inoficiosos. O tribunal não
pode resolver o conflito de interesses que a ação pressupõe sem que a resolução lhe seja
pedida por uma das partes.
• O princípio da promoção alternativa: a iniciativa cabe normalmente aos particulares,
interessados na proposição das ações destinadas a salvaguardar e a promover os seus
direitos e interesses (princípio do dispositivo). Contudo a esta iniciativa particular, soma-
se a iniciativa popular para defesa de determinados valores, bens ou interesses
comunitários, o poder geral de iniciativa do MP encarregue da defesa da legalidade
administrativa (princípio da oficialidade).
Enquadramento no artigo 9º do CPTA, o que está em causa é a legitimidade ativa, de
quem pode demandar em juízo. Significa que a OJ concebe de forma alternativa a um ou
a outro. O nº2 qualquer pessoa pode intentar uma ação contrasta com o processo civil –
quem tiver interesse no demando, aqui qualquer pessoa – há um alargamento enorme
eu pode demandar, no CPC há uma restrição na legitimidade ativa.
o Nos processos iniciados pelos particulares, vale o princípio da liberdade de
iniciativa visto que o direito de ação é um direito disponível. Ainda podemos
falar de um direito fundamental de ação quando esteja em causa a ação popular
para a defesa de valores, bens e interesses comunitários. Já não será assim
quando se trate da iniciativa das pessoas coletivas publicas ou de órgãos
administrativos para defesa dos interesses que lhes cumpra por lei defender,
sendo o exercício do direito de ação integrado nas suas atribuições ou
competências.
o não parece razoável que o MP seja obrigado a promover um processo sempre
que seja levado ao seu conhecimento uma situação em que haja dúvidas sobre a
legalidade de um ato ou de uma norma, sendo que isso depreciaria as normas
que fixam os prazos de impugnação dos particulares e instituiria um
fundamentalismo legalista que poderia levar a uma asfixia da justiça
administrativa. A iniciativa do MP não tem sentido quando estejam em causa
interesses meramente particulares, sendo que a estabilidade deve prevalecer
sobre a legalidade. Mas deve ser utilizado o direito do MP de recurso de
sentenças que violem disposições ou princípios constitucionais ou legais, apesar
de o preceituado no artigo 141 permitir uma interpretação mais larga.
Princípios relativos ao âmbito do processo (qual o perímetro processual- objetiva e
subjetivamente):

• Princípio da vinculação do juiz ao pedido (princípio da congruência entre a decisão e o


pedido): o tribunal não pode ir além daquilo que lhe é pedido/solicitado, com exceção do
95/3º CPTA. Decorre da neutralidade judicial, pretendendo assegurar a correspondência
entre a decisão e o pedido num duplo sentido, o tribunal não pode apreciar senão aquilo
que lhe é solicitado (salvo se a lei impuser o conhecimento oficioso), devendo apreciar
todas as questões pertinentes que as partes submetam à sua apreciação. Uma
compressão a este princípio decorre da possibilidade do juiz, no âmbito de um processo
cautelar não estar adstrito à providencia requerida, podendo decretar outra desde que
satisfaça os interesses do requerente e agrave menos os dos contrapostos. Pode ainda
surgir como exceção a lei permitir ao juiz antecipar a decisão sobre a causa principal no
âmbito do processo cautelar respetivo operando uma convolação processual. Também
se refere o art 45 do CPTA. O juiz em vez de satisfazer o pedido decide reconhecer
genericamente o direito do autor a uma indemnização.
• Princípio da vinculação à causa de pedir (princípio da substanciação): o tribunal não pode
trazer para os autos factos, razões distintas das que foram trazidas pelas partes. O
tribunal só pode basear a sua decisão em factos invocados no processo como
fundamentos concretos do efeito jurídico pretendido. O princípio e a limitação referem-
se aos factos e não à sua qualificação jurídica que se inscreve na liberdade do juiz, por a
este pertencer o conhecimento oficiosos do direito. Este princípio não vale nos processos
administrativos de impugnação em virtude da relevância do interesse público na
fiscalização da legalidade das normas e atos administrativos. Não vale nos processos de
declaração de ilegalidade de normas em que sempre se reconheceu ao juiz tal faculdade.
Mas não vale nos pedidos de impugnação de atos administrativos, pois o tribunal pode
conhecer oficiosamente vicio (ilegalidades) do ato. O art 95/3 CPTA também excecionou,
mas com respeito pelo contraditório.
• Princípio da estabilidade objetiva da instância: manifestação do princípio do dispositivo
segundo o qual o pedido e a causa de pedir são em regra definidos na petição inicial.
Findos os articulados, nenhum outro facto pode ser levado aos autos e, por isso, os
mesmos ficam fixos/estáveis logo que se conclua a fase dos articulados. Também aqui
vigora a exceção do 95º CPTA. Este princípio não é absoluto e conhece limitações:
a) Art 51 nº4 CPTA;
b) Permite-se a ampliação ou substituição do pedido no processo de impugnação
de atos (art 63 e 64 CPTA);
c) Nos casos de condenação à prática de ato devido também se pode alterar a causa
de pedir (art 70 nº1 e 2);
d) Admite-se em geral a alteração da causa de pedir através da arguição de novos
vícios ou outros fundamentos do pedido quando se tragam factos
supervenientes ou de conhecimento superveniente (art 86, 91nº5);
e) Art 85 nº2, 3 e 4);
f) Art 45 e 49;

Princípios relativos à prossecução processual:

• Princípio do dispositivo ou da auto-responsabilidade das partes (contraposto pelo p. da


oficialidade): o processo está na disponibilidade das partes, é um ónus das partes. É uma
tarefa das partes determinarem o que deve constar dos autos, e o âmbito da ação do
tribunal está condicionado pela delimitação que as partes derem aos autos. ‘Quoad non
est in autos, non est in mundo’.
• Princípio da devolução facultativo ou da suficiência discricionária (15º CPTA): sempre que
num tribunal administrativo o juiz é confrontado a título prejudicial ou incidental com
uma questão que não é da competência do tribunal administrativo, fica na disposição
do juiz determinar se deve remeter a apreciação da mesma ou se deve decidi-la. Caso o
tribunal opte por decidir o aspeto que versa sobre matéria que não é da sua competência,
a decisão fará caso julgado formal, pelo que os seus efeitos ficam restritos aos autos.
• Princípio da tutela jurisdicional efetiva (268º/4 CRP + art 2 CPTA) – a cada direito
corresponde uma ação. Ou seja, sempre que um cidadão detenha, na sua esfera jurídica,
um direito subjetivo ou um interesse legítimo, assistir-lhe-á a oportunidade de o fazer
valer me juízo. O direito processual é um instrumento ao serviço do direito substantivo e
não pode o direito processual condicionar o direito substantivo. Nunca o contencioso
administrativo pode ser um entrave ou sequer dificultar o exercício de uma posição
jurídica detida por um cidadão. A substância do direito prevalece sobre a forma. A
ausência de meio processual não pode impedir o exercício do dto.
• Princípio da economia processual: deve ser parco em tempo e meio que realize a justiça
do caso concreto. A morosidade impede a justiça. Há inequivocamente uma intenção do
legislador para diminuir a morosidade processual, mas o tempo médio de pendencia
processual.

Da ação administrativa – 37º CPTA


Disposições gerais

Desde que se inscrevam no âmbito da jurisdição administrativa (art. 4º ETAF e 2º CPTA), todos os
tipos de pretensões podem ser deduzidos perante os tribunais administrativos. Nos termos do nº
1 do art. 2º do CPTA, todas as pretensões regularmente deduzidas em juízo encontram a via
processual que lhes permitirá obter decisão judicial que as aprecie. Os artigos 2º, nº 2 e 37º, nº
1 têm caracter exemplificativo. O CPTA introduziu no processo administrativo o princípio da livre
cumulabilidade de pedidos que está previsto no art. 4º. Significa que, nos termos do nº 1 desse
artigo, diferentes tipos de pretensões podem ser deduzidos em conjunto, no âmbito de um só
processo, se for essa a vontade do interessado.

Tipologia das ações:

Meios processuais:

• Ações

o Ação administrativa – artigo 37º a 96º


o Processos urgentes
• Providências cautelares
• Execuções
• Recursos

Impugnação de atos administrativos (art. 50º, nº 1 do CPTA)

A pretensão impugnatória emerge perante um ato administrativo de conteúdo positivo que se


praticado sem determinado requisito de validade, é inválido e pode ser contestado perante a
Administração e perante os tribunais. A invalidade do ato administrativo pode assumir a forma
de nulidade ou de anulabilidade. A nulidade é excecional. Os atos administrativos só são nulos
quando a lei expressamente o determine. Por regra, os atos administrativos inválidos são
anuláveis. As duas modalidades de impugnação têm por objeto a declaração de nulidade ou a
anulação dos atos administrativos (art. 50º, nº 1).

a) A declaração de nulidade é uma sentença meramente declarativa ou de simples


apreciação que se limita a reconhecer que o ato impugnado é nulo, pelo que nunca
produziu efeitos jurídicos. (161º CPA). Por regra, a nulidade pode ser invocada a todo o
tempo, a título principal ou incidental, e por qualquer interessado.

A anulabilidade dos atos administrativos pode ser invocada por um amplo conjunto de entidades
e por qualquer interessado que possa retirar uma vantagem da anulação. O prazo de impugnação
aqui é de um ano para o Ministério Publico e de 3 meses para os eventuais interessados (art. 58º
CPTA). A sentença de anulação é uma sentença constitutiva, que tem o alcance de destruir
retroactivamente o ato anulado, constituindo a Administração no dever de restabelecer uma
situação que, tanto quanto possível, se aproxime daquela que deveria existir se o ato nunca
tivesse sido praticado (173º).

Condenação à prática do ato devido

Em cumprimento do art. 268º, nº 4 da CRP, o CPTA confere aos tribunais administrativos o poder
de procederem à condenação à prática de atos administrativos legalmente devidos. Nos termos
do art. 66º, nº 1, não está apenas em causa a condenação da Administração à prática de atos
administrativos, mas também a fixação de um prazo para a prática dos mesmos, podendo chegar-
se ao ponto de fixar uma sanção pecuniária compulsória (art. 3º, nº 2, 95º, nº 4 e 169º, nº 1). A
pretensão condenatória surge num contexto em que a Administração não satisfaz pretensões
dirigidas à prática de atos administrativos, seja porque se recusa a satisfazer um requerimento
dirigido à emissão de um ato administrativo ou se abstém, permanecendo omissa, de praticar um
ato administrativo que alegadamente deveria praticar, seja porque não dá integral satisfação a
pretensões que nesse sentido lhe foram dirigidas. Por regra, a condenação à prática de ato devido
dirige-se à prática de um ato administrativo ilegalmente recusado ou omitido. Também é possível
a condenação da Administração à prática de atos administrativos de conteúdo discricionário,
desde que a emissão desses atos seja devida (art. 71º). Quando não possa condenar a
Administração à prática de atos administrativos com um conteúdo determinado, o tribunal deve,
na medida do possível explicitar as vinculações a observar pela Administração na emissão do ato
devido (art. 71º, nº 2). O ónus de demonstrar o bem fundado da sua pretensão, o preenchimento
dos respetivos elementos constitutivos, recai sobre o interessado, cabendo à Administração a
demonstração de factos impeditivos ou extintivos que lhe possam ser oponíveis.

O tribunal não pode, no entanto, intrometer-se no espaço próprio que corresponde ao exercício
de poderes discricionários por parte da Administração. Só deste modo se assegura o respeito pelo
princípio da separação e interdependência de poderes, por força do qual aos tribunais
administrativos só cumpre dizer e aplicar o Direito, tal como ele resulta das normas e princípios
que vinculam a Administração (art. 3º, nº 1).

Impugnação de normas

Estão em causa litígios relacionados com as normas emanadas no exercício da função


administrativa, designadas normas regulamentares, o que compreende toda e qualquer norma
cuja emissão se processa no exercício de poderes conferidos pelo Direito Administrativo.

a) Desaplicação incidental de normas regulamentares – 73º, nº 3


b) Declaração de ilegalidade de normas regulamentares sem força obrigatória geral (ex.
horários de funcionamento de estabelecimentos comerciais, tabelas de preços) – 73º, nº
2 (casos abrangidos pela restrição do 72º, nº 2).

c) Declaração da ilegalidade de normas regulamentares com força obrigatória geral – 73º,


nº 1

74º - Prazos

76º Efeitos

Condenação à emissão de normas

As pronúncias jurisdicionais proferidas ao abrigo do 77º reconhecem a existência de deveres e


impõem o respetivo cumprimento, estabelecendo um prazo para o efeito; a eventual
inobservância desse prazo constitui um ato de desobediência em relação à sentença, que habilita
o beneficiário da mesma a desencadear os mecanismos de execução adequados, i. é, a fixação de
um prazo limite, com imposição de uma sanção pecuniária compulsória aos responsáveis pela
persistência na omissão (arts 164º, nº 4, d), 168º e 169º).

Ações relativas à validade e execução de contratos – arts 4º, nº 1, e) do ETAF e 37º, nº 1, l) do CPTA

Estas pretensões podem dirigir-se, tanto a exigir o cumprimento do contrato, como fazer valer a
responsabilidade contratual decorrente do seu incumprimento. No âmbito das relações
contratuais administrativas, estas ações tendem a ser propostas por contraentes privados.

Ações relativas a responsabilidade civil extracontratual - arts 4º, nº 1, f) do ETAF e 37º, nº 1, k) do


CPTA

Ação administrativa urgente


Contencioso eleitoral – 98º

Estão em causa litígios relativos aos processos eleitorais que legislação especial não submeta à
apreciação do Tribunal Constitucional ou dos tribunais judiciais (art. 4º, nº 1, m) ETAF): litígios
relacionados com a eleição de titulares de órgãos que se realizam no seio de entidades
administrativas como as instituições públicas de ensino superior, os hospitais, etc… Estão
excluídos todos os litígios relativos a todas as eleições que se realizam em Portugal por sufrágio
direto e universal dos cidadãos eleitores, para órgãos de soberania e autarquias locais.

Estes processos não são meramente cassatórios, mas de plena jurisdição, o que significa que o
tribunal não possui apenas poderes de anulação, mas também de condenação.

Contencioso dos processos de massa – 99º

Visa assegurar que são intentados, dentro do mesmo prazo, mais curto, de um mês, no mesmo
tribunal, o da sede da entidade demandada, e submetidos a uma tramitação de urgência, os
múltiplos processos a que podem dar origem procedimentos relativos a concursos de pessoal,
realização de provas e recrutamento que, por envolverem mais de 50 pessoas, o CPTA qualifica
como procedimentos de massa. Para além da celeridade acrescida que se visa imprimir nestes
casos, a utilidade de os diferentes processos em causa serem intentados dentro do mesmo prazo,
mais curto, e no mesmo tribunal reside na possibilidade da sua apensação, quando se preencham
os correspondentes pressupostos de admissibilidade.

Também aqui o tribunal não possui apenas poderes de anulação, mas também de condenação.

Contencioso pré contratual – 100º a 103-B

Esta forma de processo apenas corresponde aos litígios relativos a atos administrativos praticados
no âmbito do procedimento de formação de determinados tipos de contratos: contratos de
empreitada de obras públicas, de concessão de obras públicas, de concessão de serviços públicos,
de aquisição ou locação de bens móveis e de aquisição de serviços.

Nos termos do art. 100º, nº 1, tanto podem ser deduzidas pretensões impugnatórias, dirigidas
contra atos administrativos de conteúdo positivo, como pretensões de condenação à prática de
atos administrativos, em situações de omissão ou recusa da prática de tais atos. O art. 103º
submete ao regime do contencioso pré-contratual a impugnação dos programas dos
procedimentos, dos cadernos de encargos e outros documentos conformadores dos
procedimentos pré-contratuais. Nos termos do 103º-A, a impugnação de atos de adjudicação no
âmbito do contencioso pré-contratual urgente faz suspender automaticamente os efeitos do ato
impugnado. Faz suspender, igualmente, a execução do contrato, se este já estiver celebrado.

Intimações
Intimação para a prestação de informações, consulta de processos ou passagem de certidões
Nos arts. 104º-108º, o CPTA institui esta forma específica de processo urgente que visa dar
resposta mais célere às questões que possam surgir no domínio particularmente sensível do
exercício dos direitos dos cidadãos à informação e de acesso aos documentos administrativos,
que se encontram consagrados nos nºs 1 e 2 do art. 268º da CRP como direitos de natureza
análoga aos direitos, liberdades e garantias. A prestação de informações e do acesso a
documentos e a passagem de certidões são prestações cuja realização se consubstancia em
meras atuações administrativas. Artigo 106º - estabelece efeito interruptivo – diferente
suspensão.

Suspensão – suspende o prazo, o prazo pára e quando retoma a contagem e conta o resto do
prazo não é contado de início, por exemplo o prazo são 20 dias, ao 13 dia é suspenso – e retoma
passado 1 mês o prazo é contado do 13 a 20 só falta 7 dias não volta ao 1º dia – retoma a
contagem.
Interrupção – o prazo pára num determinado momento, e quando retoma, a contagem será feita
de início, não retoma a contagem como na suspensão

Intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias

Os arts 109º-111º CPTA instituem a intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias
que pode ser requerida quando a célere emissão de uma decisão de mérito que imponha a
adoção de uma conduta positiva ou negativa se revele indispensável para assegurar o exercício,
em tempo útil, de um direito, liberdade ou garantia, por não ser possível ou suficiente, nas
circunstâncias do caso, o decretamento provisório de uma providência cautelar, segundo o
disposto no art. 131º (109º, nº 1). Tem sido utilizada no domínio dos direitos sociais, como o
ensino superior, a saúde ou a segurança social. Trata-se de obter, em tempo útil e com caracter
de urgência, uma decisão definitiva sobre o mérito da causa, que não se compadece com uma
providência cautelar, de caracter precário e provisório (por ex. autorização para realização de
uma manifestação). O processo tanto pode ser intentado contra a Administração como contra
particulares, designadamente concessionários (art. 109º, nº 2).

E última – artigo 109º e 111º - parte dos DLG – só se aplica em casos muito pontuais, extremos –
não há nenhum caso, isto porque são situações muito reduzidas.
Artigo 110ºA – ainda mais difícil de aplicar – transforma se numa procidência cautelar.

Providências cautelares – 112º a 134º CPTA

Estes meios processuais não são ações – não apreciam o mérito (fundo) da causa. São apenas
decisões provisórias, e não definitivas

Vivem sempre na dependência de ações principais


Há sempre 2 requisitos essenciais ao decretamento de uma PC:

• fumus boni iuris

• periculum in mora

112º a 127º - disposições comuns. Aplicam-se a todas as PC no contencioso administrativo 128º


a 134º - disposições particulares
112º - PC podem ser antecipatórias ou conservatórias

• Antecipatórias – O direito ainda não está na esfera jurídica

• Conservatórias – impedem a perda do direito. Uso a PC para o preservas

113º - relação entre a ação principal e a PC. Há sempre uma relação de dependência. A PC pode
ser instaurada antes, durante ou após a ação principal

114º - regras quanto ao requerimento cautelar

116º - há efeitos da PC que ocorrem só porque estas estão pendentes. Apreciação liminar da PC
pelo juiz
118º/2 – Semelhante à revelia operante

121º - a lei permite que a decisão da PC seja também a decisão da ação principal. São julgadas as
duas ao mesmo tempo. Contudo, não é muito comum

124º - Provisoriedade das PC. Pode haver uma decisão cautelar que depois de ter transitado em
julgado pode ser modificada

126º - uso abusivo da PC

As ações podem ser:


• Ação administrativa comum;
• Ação administrativa especial;

• Processos urgentes.

Há uma lógica de especialização: 1º vamos aos processos urgentes, depois à ação especial e só
depois à ação comum. Sendo que a mais particular/específica é o processo urgente.

Ação administrativa comum (37º a 45º CPTA): Estas ações aplicam-se a dois tipos de situações:

• Casos para que são especificamente vocacionadas (37º/2);

• Forma considerada residual a todos aqueles casos para os quais não seja aplicada
qualquer outra ação prevista (37º/1).
40º - Vem especificar o 9º, apresenta algumas especialidades.

41º/1 – regra para os prazos: as ações podem ser intentadas a todo o tempo. 41º/2 – exceção
para os prazos: 6 meses para anulação de contratos.
42º - segue os termos do processo de declaração do CPC. Remissão expressa. 43º - segue a
tramitação da ação declarativa do processo civil.
43º/2 deve ser interpretado conjuntamente com o nº3 (sumaríssimo). Ou seja, o processo
ordinário é para quando o valor é superior a 30.000 €. Os que o valor seja menos de 5.000 € e
situações do nº3 é sumaríssimo. Em todos os outros casos, o processo é sumário.

Ação administrativa especial- Esta ação tem dois tipos de regimes:

• Regime comum (46º a 49º e 78º a 96º) – regras que disciplinam todas as ações administrativas
especiais. Aplicam-se a todas as ações especiais indistintamente;

• Regime específico – regras que são particulares, específicas de cada ação especial.

São quatro as ações administrativas especiais (regime específico):

• Impugnação de atos administrativos;


• Condenação à prática de ato administrativo legalmente devido;
• Impugnação de normas;
• Declaração de ilegalidade por omissão.

Regime geral que é comum aos 4 tipos que vimos anteriormente:


Artigo 37º a 49º - para todas as ações administrativas.
Artigo 37º nº1 – as alíneas, diz quais são os objetos passiveis de ações administrativas, são
subsumíveis nas ações que falamos anteriormente, em alguma das quatro ações subsume-se,
indício que vão caber numa das quatro ações.
Artigo 78º a 96º - marcha do processo – regime comum e geral – aplica-se a qualquer uma das
quatro ações, o que está em causa é a tramitação do processo, está desdobrado em fases.
1. Articulados 78º a 86º
2. Saneamento 87º a 91ºA
3. Julgamento 92º a 96º
Articulados –colocar por artigos, expressar-se de forma metódica, cada circunstância ser tratada
em cada momento diferente. Porque são articulados, para serem percetíveis por causa da prova.
Que articulados temos CA?
• Petição inicial
• Contestação
• Replica
• Triplica
• Supervenientes

Petição inicial – artigo 78º a 81º - é no artigo 78º - é onde o autor deduz, a ação – requisitos da
petição inicial. Artigo 78ºA – contra-interessados, quando o autor não conhece o outro
demandado, ou seja, contra-interessado é contrário ao autor, mas não são demandados diretos.
Artigo 79º - o que deve acompanhar o pedido – taxa de justiça – cuidado com o nº3 – prescreveu
por razão de prova – deve ser carreado para os autos com a petição inicial, os documentos.
Cuidado com o nº7 – remissão direta para o CPC.
Artigo 80º - recusa da petição – quando a secretaria pode recursar.
Artigo 81º - não há despacho de citação – subida ao juiz para mandar citar, hoje em dia é a
secretaria que promove, havendo exceções.
Artigo 82º - contestação – 30 dias a contar da citação, cuidado com o nº4 – concebe ao ministério
público – se assim o entender pode prorrogar o prazo, não superior a 30 dias.
Artigo 83º - nº4 – só nestas o que significa – situações clássicas, é uma exceção o facto da
contestação, os factos arrolados pelo autor, são dados como provados, isto acontece quando o
acusado não põe em causa nem ataca, é silent, falta de impugnação não específica, consideram-
se os factos provados. Direitos indisponíveis – a não impugnação específica não é admissão por
acordo. Se a AP não responder, silenciar-se, não é impugnar diretamente. É trazer um efeito útil
prejudicial para a AP. São os administrados e toca-nos a nós, coerência administrativa.
Artigo 83ºA – reconvenção – o demandado reconvir, é inserido na contestação, mas é uma ação
independente – os papéis invertem-se.
Artigo 84º a 86º - atenção envio do processo administrativo – é obrigado ao envio do processo
administrativo – no fundo é um procedimento e não um processo. É o prazo da contestação, tem
que se juntar o processo administrativo – ao processo judicial.
Artigo 84º nº5 – sanções pecuniárias compulsórias – quando pratica, é em dinheiro, serve para
compelir ao cumprimento, levar o demandado a cumprir. Pode ser um montante diário, por hora,
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por mês pelo caso concreto, senão cumprir temos um processo disciplinar ou criminal, crime de
desobediência, infrações disciplinares. Cuidado como nº5. Nº6, o processo administrativo não foi
entregue, prova impossível ou de considerável dificuldade. Tem uma função ás vezes difícil
demonstrar a veracidade dos factos. Não é do facto automático – o tribunal é que tem de dizer
qual o efeito – no caso concreto.
Artigo 85º - intervenção do MP em quase todos ou mesmo todos os processos.
Artigo 85ºA – replica – quando há reconvenção, contestação por reconvenção, ou quando houver
exceção invocadas pelo MP. O nº3 prazo – 20 ou 30 dias. Nº6 treplica – é possível quando o
demandado é chamado para responder ás exceções da reconvenção. O demandante exceciona e
ai á treplica – 20 dias.
Artigo 86º - são supervenientes – acontece depois, pode ser objetivo (é anterior á ação mas só
conhece posteriormente cumprimento ou o não cumprimento) e subjetiva (acontece antes e só
conhece depois) ver em processo civil. Senão o direito préclude o direito. O nº3 estabelece as
provas e prazos.

Saneamento – nesta fase pode acontecer muita coisa. Artigo 87º - é concluso ao juiz – só aqui
chega á mao do juiz o processo, o nç1 – sendo caso disse profere o despacho saneador, supre as
exceções dilatórias, aperfeiçoamento dos articulados. O nº3 – podem convidar as partes a suprir
as insuficiências.
Cuidado com o nº6 – não há recurso do despacho não é passível de recurso. Á lugar a absolvição
da instancia o nº7, em regra quando há irregularidade convida a corrigir, e não faz a absolvição
da instancia. Como diz o artigo no nº8, tem 15 dias para retomar os autos tempestividade da
ação.
Artigo 87ºA – audiência prévia – vários objetivos. 87ºB – a audiência prévia só se realiza se o
processo prosseguir – obrigatório com a exceção deste artigo.
Alegações – significa argumentar, justificações para uma determinada decisão.
Artigo 87º - pré-saneador – 1ª fase que o processo é levado a juízo – só aqui. Sendo caso disso
significa que é uma fase eventual, não caracteriza todos os processos. Quando existe, verifica-se
as circunstâncias no referido artigo.
Artigo 87ºA – concluídas as diligências u caso haja um despacho pré-saneador, a audiência prévia
será nos 30 dias subsequentes, renova uma chamada de atenção no nº4 (falta de mandatário) e
6 (alterado o probatório – aditar uma testemunha, substituir).
Artigo 87ºB – quando não se realiza, a audiência prévia – deve findar no despacho saneador –
alem desses casos podem dispensar quando se verificar uma circunstância.
Artigo 87ºC – foi criada propositadamente para evidenciar a conciliação. A audiência prévia ou
despacho saneador pode existir ou não.
Artigo 88º - serve para conhecer do mérito da causa total ou parcial, pôr fim as autos, estabelece
a força jurídica de decisão.
Artigo 88º nº1 b) – saneador de sentença, quando previstos faz caso julgado formal, não se
pronunciou sobre um pedido de ilegitimidade, pode pronunciar-se na sentença? Não, porque o
saneador fez caso julgado formal, em relação a esta matéria. O que não foi apreciado não pode
ser mais apreciado, senão concordar só pode recorrer. O mesmo é objeto de recurso – definitivo
das questões advertidas é possível de recurso. Senão houver recurso, faz caso julgado formal e
não pode pedir a reapreciação.
88º nº5 – atenção – remete para o CPC, nas situações que aqui não está regulada. Remissivo –
aplica- se subsidiariamente.
Exceção do 89º - defender por impugnação ou por exceção. Defender por exceção:
• O nº1 diz nos quais são: as dilatória e/ou perentórias,
• No nº2 – Conhecimento oficioso absolvição da instância ou remessa para o
tribunal competente.
• No nº3 – é de conhecimento oficioso, absolvição d pedido, invocação dos
factos do autor, a absolvição pode ser total ou parcial. São ais graves do ponto
de vista dos efeitos, não pode ser pedido outra vez, a mesma causa de pedir, só
se for diferente.
• No nº4 – diz quais são do nº2.

Instrução
89ºA – quando a ação deve prosseguir – só começa se houver processo, se prossegue senão
terminar, produz-se a subfase seguinte – elaboração dos quesitos. Nº5 – cuidado, por causa do
rol de testemunhas, contraditória de 5 dias.
90º - Instrução – são controvertidas. Nº2 – remete para o CPC e o nº3 – dá ao tribunal de
promover as diligências necessárias, indicar o meio de prova, diferente pode indeferir um meio
de prova que ache inadequada.
91º/91ºA – alegações produzem-se na audiência final, que não é o julgamento, julgar é
pronunciar-se sobre, senão era audiência de julgamento, nº3 – conciliação faz referência.
91º - Atenções á alínea e) Alegações orais – são o último momento da audiência, expõe as
alegações e pode ser uma vez cada advogado. Cuidado com o nº5 – alegações escritas – no prazo
de 20 dias.
91º/A – regime das alegações quando não há audiência final, notificados para alegar em 20 dias
– notificados, prerrogativa de produzirem alegações.
• Saneamento – ou um despacho pré-saneador – etc.., fazem o saneamento do
processo. Vão retirar do processo o que não faz falta, e versam-se sobre os meios
de prova.
• Instrução – instrução – tempo / espaço de tempo que as provas, irão ser
produzidas.
• Alegações – na audiência final – alegam apenas matéria de facto, um alega
contra e outro alega a favor. Dialética das alegações.
Última fase – do julgamento (3º fase) – vai do artigo 92º a 96º
É feito pelo tribunal, o prazo é meramente indicativo – isto porque não há atos silent – prazo de
30 dias para proferir a sentença, resulta de atos disciplinares. Como deve produzir a sentença, do
artigo 94º n3 e 4. Deve pronunciar-se – não omissão segundo o artigo 95º nº1. O que não está
no processo não existe – o juiz só se pode pronunciar o com base no que está no processo. O
artigo 95º/3 – é a identificar as causas de invalidade e outros vícios de ilegitimidade. Não está no
processo não existe, só se detetar uma causa de invalidade, diferente do que foi invocado, com
base em motivos distintos do que está no processo judicial, condenar.
Os artigos 95º/5 + 71º/2 – relação próxima, que avaliam a valoração de atos próximos –
discricionariedade – legalmente possível. O tribunal não pode condenar, só pode enunciar.

Suspensão da eficácia do ao administrativo


128º/1 - quando for recebido um requerimento, não pode iniciar-se um novo, ou prosseguir, a
execução do ato administrativo. Esta é uma consequência legal, que não depende do juiz
128º/2 – reconhecimento pela AP. QUANDO POE EM CAUSA O INTERESSE público (ex: abater
animais para não por em perigo a saúde pública
131º - igual ao 116º/5

Recursos – 140º a 156º Podem ser


• Ordinários
• Extraordinários
142º - decisões que admitem recurso 142º/1 – regra
142º/3 – exceções. É sempre admissível recurso, independentemente do valor da causa e da
sucumbência. Não é possível recurso de decisões tomadas em 2º grau de jurisdição – só há 1
recurso possível Efeitos dos recursos - A regra são os efeitos suspensivos.
144 º - prazo de 30 dias para interpor recurso

Processos executivos – 157º a 179º


Disposições comuns a todos os processos executivos– 157º a 161º
Tipos de processo executivo
• Execução para prestação de factos ou de coisas – 162º a 169º
• 162º/1 – têm que ser cumpridas no prazo de 90 dias. Há 2 tipos de causas
• Impossibilidade absoluta –não é possivel executar a sentença
• Excecional prejuízo – dá discricionariedade à ação administrativa
• 165º - oposição à execução
• 166º - existência de causa legítima
• Execução para pagamento de quantia certa 170º a 172º
• 170º/1 – o prazo para o cumprimento espontâneo são 30 dias
• 170º/2 – prazo de caducidade de 1 ano para executar a decisão. A inércia tem
que ter consequências
• 171º - oposição à execução

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