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Introdução

“Direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a


função administrativa, bem como as pessoas e os órgãos que a exercem.”
Definição do professor Celso Antônio Bandeira de Mello.

Evolução do Papel do Estado e do Direito Administrativo


1) Estado Liberal( pré-modernidade)
O Direito Administrativo nasce na ideologia liberal, do Estado mínimo, cujo as
funções não intervém, apenas garante que o sujeito não tenha suas garantias
fundamentais afetadas, o direito administrativo surge como importante instrumento
de contenção dos arbítrios do Estado, dos governantes, sobre os cidadãos.
2) Modernidade (Estado Social)- segunda década do século XX
O estado passa a assumir papéis de garantidor da ordem social e econômica.
A partir da década de 1930, temos um movimento pró-estatização, um movimento
de implementação da burocracia para frear o uso do “jeitinho brasileiro”. Nesse
período surge a administração indireta.
3) Estado Democratico de Direito
4) Pós-modernidade( Estado Subsidiário.)
Discurso da privatização, o papel do Direito Administrativo deixa de ser de
garantir para regular. No Brasil a emenda constitucional 19 de 1998 institui a cultura
do gerencialismo administrativo público. Em 1995 há as emendas 6 e 7 que abrem o
país para capital estrangeiro, e a 5, 8 e 9 flexibilizam os monopólios estatais
4.1) Tendências
- Constitucionalização do Direito Administrativo
- Princípio da legalidade
- Diálogo do Direito Administrativo com outras matérias
- Consensualidade de participação( deve-se buscar consenso)
- Processualização e contratualização na administração pública
- Concorrência na prestação dos serviços
- Princípio da subsidiariedade( Estado não interfere caso particular possa
realizar o serviço.
- Administração pública deixa de ser burocrática e passa a ser gerencial
- Aproximação entre a civil law com a common law

Dicotomia Direito Público X Direito Privado


O direito público também sofre influência do direito privado. O Direito
administrativo já vem incorporando medidas de âmbito privado, embora predominem
normas de Direito Público. Exemplo: agências reguladoras, etc.

Administração Pública e os poderes constitucionais


Cada poder vai exercer funções que lhe é inerente, mas também exercem
funções que lhe são atípicas, que seriam inerentes a outro poder.
1) Legislativo
Art 53§1, CF- exerce função do judiciário, quando processa e julga Presidente
e Ministro do Supremo
Art 51§4 e Art 52§13, CF- Organizar serviços internos, funções
administrativas
2) Judiciário
Art 96, CF -Legisla quando elabora os regimentos internos dos tribunais. E
função administrativa quando organiza seus serviços.
3) Executivo
Art 62, CF- Função legislativa com medida provisório
Súmula 347, STF. Embora exerça função administrativa, o TCU tem
competência para apreciar a constitucionalidade de leis e atos do poder público.

Sentido da expressão 'administração pública':


Objeto do Direito administrativo; Em linhas gerais essa expressão vai portar
dois sentidos: ORGÂNICO (subjetivo, formal) ou FUNCIONAL (objetivo, material)

Administração pública direta: responsável pelo desempenho das atividades


administrativas de maneira centralizada (União, DF, Municípios e seus órgãos; inc I,
Lei 200/67);
Administração pública indireta: A lei transfere a execução da atividade
administrativa às pessoas jurídicas com personalidade de direito público ou privado;
Entidades administrativas que exercem função administrativa vinculadas a entes
federativos (autarquias, sociedade de economia mista, fundações etc; art 37, inc
XIX).
Personalidade Jurídica de Direito Público- lei cria
Personalidade Jurídica de Direito Privado- lei autoriza

Relação do Direito Administrativo com outras disciplinas


A relação mais próxima é com o Constitucional. Ele estabeleceu os
programas de ação e divisão do Estado
Penal-(Arts. 312 a 326, CP) o código prevê os crimes contra a administração
pública. São ilícitos administrativos e penais
Direito do trabalho- Relação contratual na esfera pública é regida pela CLT
Direito eleitoral- (Lei 4737/65) O Direito adminsitrativo que organiza e faz a
gestão
Direito tributário- (art. 145, CF) Quando há o exercício do poder de polícia
Direito Civil- (incide art. 54 da lei 8666/93) ocorre quando a administração
pública celebra os contratos privados da administração
Direito Empresarial- Sociedade de economia mista

Fontes do Direito Administrativo


a) CRFB
Ela estrutura os poderes onde é exercida a função administrativa, estabelece
regras específicas da nossa disciplina (responsabilidade objetiva do Estado - art.37,
§6), estabelece mecanismos de controle da adm pública (art 37, §3);
b) Lei
Tem o papel de estabelecer parâmetro para o legislador público, Elas vão
estabelecer uma espécie de moldura, indicando a finalidade do interesse público a
ser atingido
c) Normas jurídicas administrativas
Atos administrativos, manifestação de vontade unilateral do administrador
público. Se ligam à existência de uma lei, e não da constituição (art. 84, inc. 4)
d) Jurisprudência
Consiste na opinião reiterada de um tribunal sobre determinado assunto.
Foram as decisões do conselho de estado francês que influenciaram o direito
administrativo
e) Doutrina
Opinião dos estudiosos sobre as normas do direito responsável pela análise crítica
dos institutos jurídicos. Essa fonte é considerada secundária no direito
administrativo;
f) Costume
Usos e práticas reiteradas que geram convicção geral de obrigatoriedade e, por isso,
acabam tendo uma força positiva pela repetição das condutas. Os costumes podem
ser divididos em 3 tipos: 1) secundum legem: admitido pela lei; 2) prater legem:
preenche as lacunas normativas com caráter subsidiário (art. 4, LINDB); 3) contra
legem: se opõe à norma legal, mas não se admite práticas reiteradas que vão contra
a lei, então ele é um dos dois anteriores;
g) Princípios Gerais do DIreito
Proposições básicas que se aplicam à integralidade do ordenamento jurídico.
eles são invocados como meio de integração das normas jurídicas junto com a
analogia e a equidade - o legislador não pode prever todas as hipóteses da vida real
e o juiz não pode se eximir de julgar lacunas.

Órgãos Públicos
São os compartimentos na estrutura estatal a que são cometidas funções
determinadas, sendo integrado por agentes que, quando os executam, manifestam a
própria vontade do Estado. Embora tenham uma existência real, não possuem
vontade própria.(ex: Ministérios, Secretarias). O objetivo da criação desses órgãos é
dinamizar as funções administrativas. A desconcentração é interna.A principal
característica dos órgãos públicos é a ausência de personalidade jurídica própria.

Teorias
1) Do mandato: os agentes públicos como mandatários do estado. Essa teoria
não prosperou porque se o estado não tem vontade própria ele não tem como
outorgar o mandato;
2) Da representação: os agentes como representantes do estado por força de
lei, mas sofreu críticas porque o estado é considerado incapaz (precisa de
representação) então os agentes se classificariam como “curadores” no entanto um
incapaz (o estado) não poderia conferir seu próprio representante;
3) Do órgão (a que vingou): estabelece que existe imputação direta dos atos
dos agentes ao Estado. Então, parte de uma analogia entre o Estado e corpo
humano, ou seja, é o Estado que atua por meio de seus órgãos, e a vontade do
agente é a própria vontade do Estado e não de alguém diferente dele. O que o
agente quer/faz, no exercício do seu ofício, é o que o Estado quer/faz, é uma relação
orgânica.

Criação e extinção de órgãos públicos


Ela não se dá pela vontade exclusiva da administração pública. A criação e extinção
de órgãos públicos depende de lei, é matéria sujeita à reserva legal – Art. 48, XI, CF.
A estrutura e atribuição compete ao presidente, por decreto.( art. 84, VI, a, CF)
A criação e extinção de órgãos públicos do Poder Legislativo pode ser via ato
legislativo, pois se entende que o poder de criar e extinguir órgãos públicos é tarefa
inerente do Poder Legislativo – função de organizar seu próprio poder, competência
organizacional (art. 51, IV e 52, XIII, CF).
À Constituição estabelece casos em que a iniciativa para deflagrar esse processo
legislativo é reservada a outros agentes:
Art. 92, II, c e d – STF, tribunais superiores e tribunais de justiça tem competência
para provocar o Legislativo para criar órgãos públicos.
Art. 127, p. 2o – se o MP quiser criar um órgão público, também deve provocar o
Legislativo.

Capacidade Processual
Art 7, CPC- Os órgãos só podem defender suas funções, prerrogativas
violadas. O órgão não pode ir a juízo para representar a pessoa jurídica da qual ele
pertence

Classificação dos órgãos


Pessoa federativa- os órgãos podem ser federais, estaduais e municipais
Situação Estrutural- diretivo( função de comando e direção), subordinado( funções
rotineiras de execução)
Composição- Singulares (um só agente); Coletivos (vários agentes). Os coletivos se
subdividem em: (1) Representação Unitária, a manifestação do dirigente é a vontade
do órgão. (2) Representação plurima, a manifestação de vontade é resultado da
vontade da maioria ou unanimidade.

Princípios
Os princípios passam a ser considerados normas jurídicas e podem ser invocados
para controlar a juridicidade da atuação do estado.A norma jurídica vai se dividir em
duas espécies: princípios e regras. Nessa divisão há dois grandes critérios
classificatórios:
Critério gradualista: (1) Grau de abstração- os princípios são mais fluidos que as
regras (2) Grau de determinabilidade do caso concreto- por serem mais fluidos, os
princípios carecem de mediações concretizadoras (3) Caráter de fundamentalidade
(4) Proximidade com a ideia de direito, os princípios são os pilares (5) natureza
normogenética, os princípios constituem a base das regras
Critério qualitativo: Forte. Regras são mandados definitivos- subsunção. O
princípio tem importância de peso, são mandados de otimização-ponderação. Há a
previsão de um fato, onde a regra será encaixada. Da ponderação de princípios
surge a regra. O que diferencia o princípio da regra não é a ponderação, e sim como
é feita. Princípio e regras são normatização de valores.

Princípios do Direito Administrativo


Art. 37, CF- São o norte de atuação do administrador público
L egalidade
I mpessoalidade
M oralidade
P ublicidade
E ficiencia

Princípios expressos( art 37, CF):


1) Legalidade
Um dos maiores pilares da disciplina. Ele é subordinado a lei. Na administração
pública não existe liberdade nem vontade pessoal.
2) Impessoalidade
Impede que o administrador público atue com favoritismo. Dois prismas (1)
impessoalidade entre a administração e seus administrados. O administrador público deve
sempre buscar o interesse público, ideia de finalidade pública (2) (teoria do órgão) A
impessoalidade da administração pública com seus próprios agentes. Se o agente atua
exprimindo a sua vontade, ela será imputada ao Estado.
3) Moralidade
Exige do administrador público atuação ética, boa fé, honesta e de lealdade.
4) Publicidade
É a regra porque se entende que a administração pública tem que prestar conta, o
sigilo é exceção (art 5°, XXXIII, CF). Art 5°, XXX, a, b, CF- direitos de certidão e de
permissão
5) Eficácia
Adicionado pela EC 19/98. Apresentava um discurso de desregulamentação e
desburocratização. Trouxe a chamada administração pública gerencial, ao invés da
administração pública burocrática. Busca-se qualidade do serviço prestado.

Princípios Reconhecidos
Não estão na CF, mas grande parte está na legislação infraconstitucional (Lei
9784/99, art 2°)
1) Princípio da Razoabilidade/Proporcionalidade
Padrão do justo (equilíbrio). Existem duas grandes matrizes desse princípio, a matriz
inglesa, que vai deixar de lado o caráter procedimental para incluir a versão substantiva
(proteção de liberdade) e torna-se um dos maiores instrumentos para proteção dos direitos
fundamentais; e a matriz europeia (proporcionalidade), que alcança o desenvolvimento
pleno do princípio. Adota-se mais o termo razoabilidade.
A medida só é considerada válida quando passa pelos 3 subprincípios:
Adequação- Relação de pertinência entre a medida adotada(lei, ato administrativo) e
a finalidade que se pretende alcançar. Adequação entre meios e fins. O exame de
adequação é o 1° passo para ver se a medida é razoável.
Necessidade- Possui duas dimensões:(1) menor violação possivel aos direitos
fundamentais (2) buscar o menor prejuízo possível ao poder publico
Proporcionalidade- O que se ganha com a medida deve ser mais do que o que se
perde
2) Principio da autotutela
A própria administração pode rever os seus erros e consertá-los, não pode ficar
inerte quanto a erros percebidos. A autotutela envolve dois aspectos: o de (1) legalidade se
o administrador estiver diante de um vício de legalidade, poderá anular o ato administrativo.
(2) mérito, a adm. pública, por razões de conveniência ou oportunidade, pode revogar um
ato administrativo.
3) Princípio da indisponibilidade do interesse público
Art 1°, CF. Administradores Públicos são meros gestores do interesse de terceiros.
Cabe a ele zelar pelo interesse público, pois em última análise eles não são de propriedade
da administração pública. Esse princípio é a supremacia do interesse público, um dos pilares
da administração pública.
4) Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado
O interesse público e o bem comum são a razão de ser do Estado e das relações
jurídicas que o envolvem, Na formação do Estado as pessoas abrem mão de seus
interesses particulares em prol do interesse maior. Interesse público não é,
necessariamente, o interesse da maioria( art 5°, CF)
5) Princípio da motivação
Motivo é a situação de fato ou de direito que dá ensejo a manifestação de
vontade da adm. pública. Todo ato administrativo que não tem motivo é nulo. A
motivação é a divulgação dos motivos. A motivação deve existir para todo ato
administrativo, pois constitui um princípio geral do Direito Administrativo
contemporâneo. A motivação aliunde está fora do ato administrativo, é encontrada
em pareceres, processos anteriores e etc.
6) Principio da segurança jurídica
Busca-se estabilidade mesmo diante de atos administrativos que nascem com
algum vício legal. Em alguns casos, a segurança jurídica sobrepõe o próprio
princípio da legalidade. Não é permitido interpretação retroativa a situações jurídicas
já estabelecidas quando alguma lei mudasse( art 2°, lei 9784/99)
a) Vertente objetiva- relaciona-se com a ideia de estabilidade. Leva em consideração
a noção de estabilidade e aspectos objetivos e materiais do ordenamento jurídico
b) Vertente subjetiva- Princípio da confiança legítima. Necessidade de tutelar a
boa-fé do cidadão. Aplicação concreta: (1) manutenção dos atos administrativos
invalidos (2) manutenção dos atos praticados pelo agente de fato (3) fixação de um
prazo para anulação dos atos admisntrativps com vício( art 54, lei lei 9784/99) (4)
Regulação dos efeitos já produzidos por ato ilegal (art 27, lei 9784/99) (5) regulação
dos efeitos da súmula vinculante
7) Princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade
Duas vertentes:
a) Presunção da certeza: significa que quando a administração pública reage,
presume-se que seus atos são verdadeiros, que há certeza em seu atuar.
b) Presunção da legalidade- ideia de que a atuação pública é permeada pela
legalidade.
Essas presunções são iuris tantum(relativa, e pode ceder diante de provas
contrárias.
8) Princípio da continuidade das atividades administrativas
As atividades administrativas não podem ser interrompidas a qualquer
momento. O objetivo é que a atividade seja prestada de forma contínua, ininterrupta.
Exceção são as concepções e as permissões de serviços, em hipótese de
inadimplemento poderá haver interrupção do serviço público. A lei de greve do setor
privado será usada no público, devido a omissão do legislador.
9) Princípio da precaução( prudência ou cautela)
Relaciona-se a Direito Ambiental, saúde pública e etc. Se o risco for
conhecido, é prevenção, se ele não for conhecido, é precaução.
O princípio da precaução adota todos os cuidados para diminuir o risco ao
máximo.

Atos Administrativo
Conceito
É a manifestação unilateral de vontade impessoal de agente da administração
pública e seus delegados no exercício da função administrativa que tem por fim criar,
modificar ou extinguir direitos, com a finalidade de atender o interesse público.
A manifestação da vontade da Administração Pública será sempre unilateral,
impessoal e impositiva da administração pública. Três elementos fundamentais:
i) a vontade precisa emanar de um agente da Adm. Pública;
ii) o conteúdo tem que propiciar finalidade pública;
iii) os atos devem ser julgados pelo direito público.
O ato administrativo necessáriamente modificará a esfera jurídica do
administrado.( ex: convocar para serviços militar; conceder férias)
Os atos administrativos nem sempre são restritivos. Nem todo ato
administrativo é gravoso ao particular (ex: autorização para fazer festa junina em
determinada rua)
Ato Administrativo X Ato jurídico em sentido estrito
Tanto o ato administrativo quanto o ato jurídico em sentido estrito são uma
manifestação unilateral de vontade destinada a produzir efeitos jurídicos (criação,
modificação e extinção de direitos e obrigações.
A diferença está na qualificação do sujeito e do objeto. No ato administrativo
sujeito é alguém investido de poder público, portanto é qualificado. O objeto também
é qualificado, pois o conteúdo do ato administrativo deve ser um conteúdo
preordenado a uma finalidade pública. Não são os interesses do administrador, são
os interesses públicos.
No ato jurídico em sentido estrito o negócio é uma manifestação de vontade
na qual o sujeito busca determinada finalidade e quer persegui-la. O administrador
público não deve concordar ou não, apenas praticá-lo se assim tiver que.

Ato adminsitrativo X Fato administrativo


Fato administrativo normalmente é consequencia do ato administrativo , não
envolve propriamente uma manifestação de vontade. O fato, em si, não tem
manifestação de vontade. Em regra é consequência do ato. Mas em algumas
situações o fato é realizado antes do ato. (ex: fiscal fiscaliza estabelecimento com
alimentos vencidos, ele aprende os alimentos e os destrói)

Quem pode praticar


Primeiro grupo: agentes administrativos, integrantes da estrutura funcional
dos órgãos administrativos das pessoas federativas de cada um dos entes
federativos e os agentes que integram os órgãos da administração indireta
Segundo grupo: Pessoas jurídicas de direito privado. Prática nos casos
excepcionais em que recebem delegação,
A administração pública pode praticar atos privados também. Necessário
utilizar suas prerrogativas, por exemplo, supremacia. Se a Administração se iguala
ao particular, por exemplo, celebrando negócio jurídico privado, ela age sem
nenhuma prerrogativa inerente à Administração Pública.

Regime Jurídico administrativo


O que caracteriza a autonomia de uma disciplina é o fato de ela possuir um
conjunto próprio e articulado de regras e princípios que lhe são próprias. Esse
conjunto articulado de normas é chamado pela doutrina de regime jurídico de Direito
Público, um Regime Jurídico administrativo.
Para Bandeira de Melo, o Regime Jurídico de Direito Público trabalha com
duas pedras angulares, dois vetores: um deles é o princípio da supremacia do
interesse público sobre o privado e o outro é o da indisponibilidade do interesse
público.
Di Pietro trabalha com a ideia de que o que caracteriza o regime jurídico
administrativo é o binômio prerrogativas da administração pública/ submissão às
sujeições da administração pública. A autora ressalta que esse binômio paradoxal
(poderes e restrições) é fundamental, caracteriza a administração pública.
Nem sempre quando a Administração Pública atua o regime jurídico utilizado
é o de Direito Público. Exemplo: Banco Brasil – regime jurídico de direito privado
com algumas derrogações pontuais de regras de direito público (regime jurídico
híbrido).
Silêncio Administrativo
Em regra, o silêncio da administração pública não produz efeitos jurídicos,
salvo nos casos em que a lei expressamente estabelece efeitos jurídicos para tal
silêncio.
Como o silêncio pode ser atacado juridicamente? Através de um pedido de
caráter mandamental. Exemplo: mandando de injunção. Ele pode, se deferido,
compelir a administração a agir no âmbito do seu poder-dever.
O silêncio da administração não gera efeitos, via de regra, salvo quando a lei
expressamente estabelecer.
A Administração tem um atuar reiterado no sentido de não responder às
demandas, de ser omissa. O legislador se antecipou e estabeleceu casos nos quais
o silêncio da administração pública pode ser lido como um deferimento do pedido.
Aprovação tácita ou efeitos positivos do silêncio
Elementos dos atos administrativos
Basta a ausência de um deles para que o ato seja inválido, ilegal. Esses
elementos/pressupostos estão no art. 2o da Lei n. 4717/65. Eles constituem a
infraestrutura do ato administrativo. Os cinco elementos dos atos administrativos
constituem pressupostos, condições de validade dos atos administrativos. Isso
significa que os atos administrativos sem um desses requisitos é passível de
invalidação.
São 5:
1) Competência
A competência está ligada à ideia de capacidade. Consiste na aptidão do
sujeito de ser titular de direitos e obrigações. Não basta que o agente seja capaz, ele
também precisa ser competente.A competência é sempre inderrogável, isto é, não
muda pela vontade do agente. Não há mudança discricionária de competência.
Sendo requisito de ordem pública, a competência não pode ser transferida por
ordem de vontade. Além de inderrogável, a competência é improrrogável. A
incompetência não se transmuda em incompetência, exceto quando a norma
definidora for alterado
2) Finalidade
A finalidade do ato administrativo é a meta a ser alcançada, que é o interesse
público. Não conseguimos conceber o ato administrativo sem o respaldo do
interesse público.Quando o agente se desvia do interesse público, comete o abuso
de poder na modalidade desvio de finalidade. Nem sempre é fácil provar a conduta
desviada. Por isso a doutrina aceita hoje a existência de meros indícios para que se
caracterize o ato eivado de desvio de finalidade.
3) Forma
Meio de exteriorização da vontade da administração pública, do poder
público. Todo ato administrativo tem que ter uma forma: decreto, resolução,
instrução normativa, ofício, etc. Alguma forma deve ser assumida. Não basta a mera
exteriorização de vontade do agente. Essa forma deve estar de além conformidade
com o que a lei prevê. No Direito privado, a regra é a liberdade de formas. No Direito
Público, a regra é a solenidade de formas. A própria lei do processo administrativo
federal (9784/99, art. 22, p. 1o) determina que todo ato administrativo deve ser
solene, escrito. Os atos verbais são exceções A forma nunca deve ser analisada
com muito rigor. Devemos ter sempre uma razoabilidade. Quando há um vício de
forma, mas ele não afeta o conteúdo do ato, não afeta a órbita jurídica do outro, ele
não é passível de anulação/invalidação, mas apenas de correção
4) Motivo
O motivo é a situação de fato/direito que dá ensejo à manifestação de
vontade ou prática do ato administrativo pelo Poder Público. O ato deve ter respaldo,
alguma razão de direito para existir. O motivo é sempre obrigatório. Ele precisa ser
legal. Ele precisa ser estabelecido em lei. O motivo pode estar integralmente
previsto na lei ou não. Podemos ter um motivo vinculado ou discricionário.
Teoria dos motivos determinantes: Para a teoria dos motivos determinantes,
se se expuser os motivos pelos quais, por exemplo, eu exonerei meu funcionário, o
agente administrativo que explicitou os fatos ficará vinculado à veracidade dos fatos
expostos. Se você não praticou ato de corrupção, pode questionar as afirmações.
Independente da motivação obrigatória ou não, se você motiva, passa estar
vinculado às afirmações.
5) Objeto
Consiste no conteúdo do ato administrativo. Alteração, modifica-o no mundo
jurídico que o ato administrativo presente produzir. O objeto pode ser aquisição,
alteração, modificação de direito, etc. O objeto do ato pode ser vinculado ou
discricionário. Pode estar integralmente previsto na lei ou não. Pode haver margem
para a discricionariedade do objeto. O objeto precisa ser lícito, possível e
determinado.

Características/Atributos dos Atos administrativos


1) Imperatividade ou coercibilidade
A grande característica dos atos administrativos é a unilateralidade impositiva.
Ele é cogente, imperativo. Ele vincula o particular, que deve se sujeitar aos efeitos
do ato administrativo independentemente de sua vontade. Não existem atos
administrativos facultativos, via de regra. A Administração pode coagir os
administrados a cumprir a sua vontade, pode executar o ato de ofício, posto que ele
possui autoexecutoriedade como característica básica.
Como regra da coercibilidade do ato administrativo há o exemplo do ato de
desapropriação. Mesmo que você não queira perder o seu bem, você perderá. O
fundamento desse atributo é a ideia de supremacia do interesse público sobre o
particular.
Esse atributo tem base na ideia de supremacia do interesse público sobre o
privado. Exceção a esse atributo: atos de consentimento (conceder autorização,
permissão, etc). Esses atos não são dotados de imperatividade/coercibilidade.
Nesse caso, a pretensão do particular coincide com a pretensão da Administração
Pública. Nesse ato de consentimento não haveria atributo da coercibilidade ou
imperatividade.
2) Presunção de legitimidade/legalidade
As ideias de presunção de legalidade (vinculação à lei em sentido estrito) e
legitimidade (conceito valorado de legalidade, quase com aquela ideia ampliada de
juridicidade) trazem sustento à tese de que o ato administrativo, ao ser editado, é
presumidamente legítimo, legal (de acordo com o ordenamento jurídico como um
todo).
Essa presunção de legalidade/legitimidade existe porque o ato administrativo
emana de uma autoridade investida nas prerrogativas de direito público. Tal
presunção é relativa, cedendo diante de prova em contrário (iuris tantum, não iuris et
de iuri).
Consequências da presunção de legalidade/legitimidade: (i) presunção de
autoexecutoriedade; (ii) quem alega que o ato é ilegítimo/ilegal tem que provar.
3) Autoexecutoriedade
Esse atributo da autoexecutoriedade determina que o ato administrativo,
após editado, pode ser imediatamente executado sem anuência dos demais
poderes. Por trás da ideia de autoexecutoriedade está a tese de execução de ofício
dos atos administrativos pelo Estado-Administração. O fundamento da prerrogativa
da autoexecutoriedade é a necessidade de celeridade no resguardo do interesse
público.
A autoexecutoriedade pode trazer danos irreversíveis. Por tal motivo, a
jurisprudência tem admitido de forma paulatina a medida liminar para evitar danos
irreversíveis gerados pelo atributo da autoexecutoriedade. Nesse caso, fala-se muito
em inafastabilidade da apreciação do Poder Judiciário (art. 5o, XXXV, CF).

Vinculação e discricionariedade dos atos administrativos


A dicotomia entre atos administrativos vinculado e discricionário está, apesar de
clássica, em vias de desaparecimento, posto que vinculação e discricionariedade
não são mais aplicados na forma do “tudo ou nada”. Podemos falar, hoje, em graus
de vinculação ou discricionariedade, matizes de predominância
1) Ato administrativo vinculado
O ato administrativo vinculado é aquele no qual a Lei vai regular uma
determinada matéria de tal forma objetiva, determinada, que só vai sobrar para o
Administrador Público uma única alternativa. A Lei restringe a atuação do
Administrador Público. A grande peculiaridade do ato administrativo é a existência
do direito subjetivo do particular que, cumprindo o que está na lei, terá o direito
subjetivo, por exemplo, a licença para dirigir. A norma nunca é algo pronto e
acabado. Ela sempre é produto da interpretação do texto e esse processo não é
mecânico.
2) Ato administrativo discricionário
Aqui, a lei faz remanescer um espaço para que o Administrador Público faça
um juízo de conveniência e oportunidade no caso concreto com base num leque
subjetivo aberto pela própria lei. O juízo de conveniência e oportunidade visa
alcançar o interesse público. No ato administrativo discricionário, há um leque
subjetivo de opções dentro dos parâmetros legais. A Lei deixa uma margem de ação
para o Administrador Público.
Onde é possível localizar-se a discricionariedade? (I) momento da prática do
ato – o legislador não tem como mapear precisamente o momento da prática do ato
pelo Administrador Público. Então no momento da prática do ato se manifesta a
discricionariedade. O máximo que a administração pública pode fazer é estabelecer
um prazo máximo dentro do qual o administrador pode agir, atuar, praticar ato
administrativo; (II) escolha entre o agir e o não agir – se é facultado ao administrador
público a possibilidade de valoração do agir e do não agir, há discricionariedade; (III)
elementos dos atos administrativos – a doutrina mais moderna consegue vislumbrar
traços de discricionariedade de todos os elementos dos atos administrativos.
Segundo Hely, competência, finalidade e forma são sempre vinculados, mas outros
vão mitigar isso. Em relação ao motivo e objeto, podem ser discricionários ou
vinculados.

Conceitos jurídicos indeterminados X discricionariedade


É difícil precisar esses conceitos: interesse público, utilidade pública, função social
da propriedade, etc. Correntes brasileiras:
a) Eros Roberto Grau – conceitos jurídicos indeterminados não vão gerar
discricionariedade. Eles geram apenas uma tarefa de interpretação, posto que
diante dele cabe apenas à interpretação para chegar a uma única resposta
certa. Corrente minoritária.
b) O conceito jurídico indeterminado pode gerar vinculação ou
discricionariedade. Exemplo: art. 101, CF (escolha dos ministros do Supremo:
Barroso ou Tiririca – vinculação – Barroso ou Facchin – discricionariedade).
Para Di Pietro, os conceitos jurídicos indeterminados geram
discricionariedade ou vinculação quando vinculados a conceitos de valor.
Todavia, para ela, nos conceitos de experiência (estabelecidos com base em
critérios objetivos. Exemplo: definição de jogos de azar, caso fortuito, força
maior) ou técnicos (são aqueles que dependem de algum tipo de juízo
técnico. Exemplo: concessão de aposentadoria por invalidez. Para dizer quais
são os casos de invalidez, é preciso haver um juízo técnico, uma única
solução, uma resposta) não haveria discricionariedade, somente uma única
resposta possível.
A abstração do texto pode não estar presente no exemplo prático.

Discricionariedade, mérito, controle judicial da discricionariedade.


Conceito de mérito: aspecto do ato administrativo relativo à conveniência e a
oportunidade diante do interesse público que se quer atingir.
Quando se tende para ideia de legalidade, o conceito de mérito, de
discricionariedade, vai ser cada vez mais restringido.
Teoria dos motivos determinantes – se o administrador expõe sua motivação,
ele passa a estar vinculado a ele.
Teoria dos conceitos jurídicos indeterminados: controle da densidade mínima
dos conceitos jurídicos indeterminados.
Teoria dos princípios: quase a última fronteira do controle do judiciário.
O conceito de mérito ficou cada vez menor.
A cognição do juiz é ampla em relação ao exame da discricionariedade: o
administrador agiu dentro da legalidade ou extrapolou? O juiz não pode invalidar,
substituir o juízo do administrador pelo seu.

10) discricionariedade administrativa

11) discricionariedade x arbitrariedade

Classificação dos atos administrativos


1) Quanto aos destinatários
Os atos administrativos podem ser:
(i) gerais – atos que possuem como destinatários uma generalidade de
indivíduos que se encontrem numa mesma situação jurídica. Exemplos: decretos de
execução, decretos regulamentares, resoluções, portarias etc;
(ii) individuais – aqueles que possuem destinatários específicos, pessoas
determinadas. Exemplo: autorização, demissão, tombamento.
2) Quanto à formação de vontade
Os administrativos podem ser:
(i) simples – que emana de um único órgão. Não importa que esse órgão
seja um órgão simples ou colegiado, ou seja, não importa quantas pessoas
participaram para formar a vontade desse órgão. Exemplo: despacho proferido pelo
chefe de uma repartição, decisão proferida pelo conselho de contribuintes;
(ii) complexo – são aqueles que dependem da conjugação de vontade de
vários órgãos administrativos. Dependem, portanto, da conjugação de vontade de
mais de um órgão. Essas vontades devem se fundir e resultar em uma única
vontade, um único ato. Exemplo: investidura em cargo público (ela envolve
manifestação de vários órgãos – nomeação pelo chefe do executivo + posse +
exercício. As duas últimas dadas pelo chefe da repartição). A investidura não tem
vida autônoma se subdividida nesses três pontos. No procedimento administrativo
cada ato é autônomo, assim como o ato final é. Na investidura não. Só a investidura
completa tem existência autônoma;
(iii) compostos – atos que resultam da vontade única do um órgão que
precisa da ratificação por parte de um outro órgão para que seja exequível.
Exemplo: se se quer obtenção da patente de determinado medicamento junto ao
INPI. Essa manifestação do INPI vai precisar da anuência, da ratificação da ANVISA
(agência reguladora) para que seja exequível.
3) Quanto à capacidade de produção dos efeitos jurídicos
O ato pode ser
(i) perfeito – percorre todo o seu ciclo normal de criação. Exemplo: ato editado por
agente competente, devidamente motivado, escrito etc. Está perfeito;
(ii) imperfeito – ato que não cumpriu todas as etapas do seu ciclo de formação.
Exemplo: ato administrativo composto que está esperando a ratificação;
(iii) pendente – aquele ato que está sujeito a condição( pato futuro incerto) ou termo
(plano futuro certo);
(iv) consumados - atos que exauriram por completo seus efeitos;
(v) ablativos – que retiram algum tipo de condição ou vantagem concedida ao
administrado. Exemplo: ato de cassação de licença, desapropriação.

Espécies atos administrativos


1) Negociais
Essas espécies envolvem declaração de vontade do poder público será coincidente
com a vontade do particular, o particular quer celebrar negócio jurídico de direito
público e a sua pretensão vai coincidir com a do poder público. Não há porque haver
caráter imperativo. O ato administrativo negocial não é uma negócio jurídico, pois a
finalidade do ato administrativo está prevista em lei.
Autorização - tem por fundamento a ideia de poder de polícia, ou seja, a ideia de
limitar interesses individuais em prol do interesse público. Existem três sentidos
possíveis de autorização:
1. Ato administrativo unilateral discricionário e precário – precário quer dizer que
pode ser revogado a qualquer tempo, O poder público pode dar ao requerendo o
direito de exercer atividade ou permitir que pratique ato administrativo que seria
negado caso o poder público não desse o consentimentoExemplo: autorização para
o porte de armas. O DL 3688/41 se utiliza do vocábulo licença de forma errada. É
autorização;
2. Ato administrativo discricionário, unilateral, precário, mediante o qual o poder
público vai facultar ao particular o uso privativo de um determinado bem público.
Essa é a chamada autorização de uso. Exemplo: quando o poder público concede
autorização para fechar a rua para fazer festa junina.
3. Ato administrativo unilateral discricionário e precário mediante o qual o poder
público delega ao particular a exploração de um serviço público. Art. 21, XI e XII, CF
– a lei geral de telecomunicações 9472/97 diz que esse ato é ato administrativo
vinculado. Isso está errado, é discricionário. Na autorização, mesmo que o
requerente satisfaça todas as exigências, a autorização pode ser negada, pois ela
está adstrita ao juízo de conveniência e oportunidade do administrador público. O
administrador público pode revogar a autorização de acordo com seu juízo de
conveniência e oportunidade.
Licença – ato administrativo unilateral vinculado e detém pretensão de
definitividade. É ato pelo qual o poder público permite que o interessado, que
atendeu todas as exigências legais, desempenhe ato ou atividade que lhe seria
negada. Envolve direito, direito subjetivo, pois é ato vinculado. Preenchendo os
requisitos legais, surge para o solicitante um direito subjetivo. Exemplos: licença
para dirigir, advogar, construir.
Permissão – O sentido clássico de permissão tem dois objetos: 1. Utilização
privativa de um bem público pelo particular; 2. Execução de um serviço público. O
problema é que a permissão foi sendo objeto de mitigações: 1. Permissão
condicionada – pode ser que a administração estabeleça um prazo para a
permissão. Se ela faz isso, ela mitiga a precariedade da permissão e da
discricionariedade. Pois se ela estabeleceu um prazo, a Administração não pode
revogar o prazo antes dele. Se o fizer, tem que pagar multa. 2. Quanto aos dois
objetos dos sentidos clássicos – permissão como ato administrativo de serviço
público, praticamente desapareceu do nosso arrendamento. Art. 175, p.u., I, CF:
atribui a concessão e permissão à natureza de contrato. A permissão clássica tem
natureza de ato. Além disso, deve haver licitação, não há precariedade.
Diferença entre autorização e permissão: segundo a doutrina, vai ser
autorização quando o interesse predominante é do particular; quando for
predominante o interesse da administração pública, será predominante a permissão.
Esse critério não é absoluto. Critica: E a instalação de banca de jornal? A doutrina
diz que isso é permissão, mas para a professora parece autorização, pois parece
que é autorização.
Aprovação – ato administrativo discricionário unilateral precário no qual a
administração faz análise da conveniência e oportunidade do ato administrativo. O
controle pode se dar a posteriori ou a priori da conveniência ou oportunidade do ato
administrativo. É discricionário porque vai examinar a conveniência e oportunidade
do ato administrativo.
Homologação – ato administrativo vinculado, unilateral. Mediante o qual
autoridade superior examina a legalidade do ato administrativo. Diferenças em
relação à aprovação: é vinculado e controla apenas a posteriori. Examina apenas a
legalidade do ato.
2) Normativos
São atos que contém deliberações de caráter geral necessários à atuação
administrativa. Exemplos: decretos ou regulamentos de execução, resoluções,
portarias.
Decretos – decretos são atos de competência exclusiva do chefe do poder
executivo. Podem deter caráter geral ou caráter individual. O decreto geral é aquele
que tem as mesmas normatividades de uma lei, ou seja, estabelece normas de
caráter geral e abstrato. Exemplo desse tipo de decreto: decreto ou regulamento de
execução (art. 84, IV, CF), decretos autônomos, independentes (art. 84, VI, CF). Os
decretos individuais são dirigidos a um grupo específico de indivíduos, são decretos
de efeitos concretos. Exemplo: decreto de nomeação, de tombamento, de
desapropriação.
Resoluções / portarias – são espécies de forma externa. Revestem
externamente atos administrativos de caráter geral ou individual (exemplo: concede
férias a um servidor) que emanem de autoridades que não sejam a chefia do Poder
Executivo.
Circulares – instrumentos utilizados pelas autoridades administrativas para
transmitir ordens internas aos seus servidores, uniformizando o atuar dos servidores.
3) Enunciativos
São aqueles que atestam alguma situação preexistente. Costuma-se dizer
que eles são atos administrativos em sentido formal , e não em material, posto que
eles não contém propriamente uma manifestação de vontade. Materialmente eles
não contém uma manifestação de vontade. Exemplos: certidões, atestados,
pareceres.
Pareceres – são manifestações de órgãos técnicos e de caráter meramente
opinativo, ou seja, seus motivos e motivações não vinculam a administração pública
nem os particulares. A regra é o caráter opinativo, mas o STF entendeu que em se
tratando de pareceres que tenham caráter vinculante para a Administração Pública
proferidos com má-fé ou culpa, é possível falar em responsabilidade dos consultores
jurídicos. Mandado de segurança 24.631/DF. Os consultores jurídicos da União são
a Advocacia pública (Arts. 131 e 132).
Parecer vinculante art. 38, p.u. da Lei 8666/93 – obrigatoriedade do parecer.
4) Ordinatórios
São aqueles que vão orientar a atividade administrativa interna. São atos
dirigidos aos servidores públicos para orientá-los no exercício de suas atividades.
Exemplos: instruções, portarias, avisos.
5) Punitivos
São aqueles que contêm algum tipo de sanção que será aplicada aos
servidores públicos ou aos particulares que de alguma forma estão submetidos à
disciplina da Administração Pública. Exemplos: interdição de estabelecimento,
aplicação de uma multa.
Perfeição, validade e eficácia.
Plano da perfeição: Três planos que os atos administrativos precisam
obedecer. O ato administrativo perfeito é aquele que atravessou todas as etapas do
seu ciclo de formação. É um ato perfeito, existente. Exemplo: ato que cumpriu todas
as fases e foi publicado. Os imperfeitos são aqueles que não completaram o seu
ciclo de formação. Os pendentes estão sujeitos a alguma condição ou termo.
Plano da validade – ato administrativo válido está em conformidade com o
que prescreve a lei. Exemplo: dever de motivar o ato. Se a motivação é verdadeira,
verídica, esse ato é válido (teoria dos motivos determinantes).
Plano da eficácia – aptidão para a produção de efeitos jurídicos. Classificação
do do Barroso – ideia de efetividade (eficácia social).
Convalidação dos atos administrativos
É o instrumento do qual a Administração Pública pode salvar atos
administrativos que contenham vícios sanáveis. Implica a adoção do sistema
dualista( art 55, lei 9784/99). Os efeitos são ex tunc, retroativos à data da pratica do
ato
Para Celso Antônio, convalidação é restaurar um ato; sendo um dever.
Só é permitido em: competência, forma e objeto pluri. Já o motivo, a
finalidade e o objeto uni são irreversíveis.
A convalidação do objeto gera a conversão.
a) Convalidação voluntária: Atos administrativos meramente irregulares- vícios
que não causam prejuízo a ninguém
1- Ratificação: Ocorre em relação a competência e a forma. A competência
deve ocorrer na mesma hierarquia, devendo envolver um superior hierárquico
e seus subordinados diretos
2- Reforma: É um mecanismo de aproveitamento que permite que o ato novo
suprima a parte anterior invalidade do ato. Mantém a parte válida e suprime a
invalida.
3- Conversão- Diz respeito ao objeto do ato administrativo
b) Convalidação involuntária: Se dá pelo decurso do tempo. A administração
pública perde o direito de anular, em virtude do decurso do tempo.

Soluções Dialogadas
Lei 13.655/2018- art 26
Buscará grau de consensualidade administrativa. Solução justa e
proporcional. Consenso entre administração pública e administrado

Revogação
Retirada pela administração pública do ordenamento jurídico por razões de
conveniência e oportunidade. O que fundamenta a oportunidade de revogação é a
conveniência e oportunidade. A revogação está prevista no art. 53 da Lei 9784/99,
ressalvados direitos adquiridos. A administração pública e o poder judiciário podem
anular ato administrativo. Os efeitos não possuem retroatividade.

Limitação ao poder de revogar


Revogação é um reflexo do poder discricionário da Administração Pública.
Esse poder vai comportar limites. Eles são vinculados, elementos estão
completamente previstos em lei. Não cabe juízo de conveniência e oportunidade do
administrador público. Não cabe, portanto, revogação do ato vinculado. Não cabe
revogação de licença, posto que é ato administrativo vinculado. Cabe revogação de
permissão de uso de bem público, pois é ato discricionário.
Segunda limitação: Atos geradores de direitos adquiridos. Mesmo um ato
administrativo discricionário gera um direito adquirido. O direito adquirido está
resguardado pela Constituição
Terceira limitação: Atos consumados. São aqueles que exauriram os seus
efeitos. O exaurimento dos efeitos dos atos administrativos gera sua extinção. Não
cabe revogação de um ato administrativo instintivo.
Quarta limitação: Coisa julgada administrativa. É uma preclusão de efeitos
internos, que é a perda da possibilidade de recorrer a instância administrativa. A
coisa julgada administrativa só gera estabilidade entre as partes, ela não tem a
mesma força da preclusão no âmbito judicial (unidade de jurisdição)
Quinta limitação: Atos de procedimento administrativo em virtude de
preclusão. Procedimento administrativo é um conjunto concatenado de atos que
visa a pratica de um ato administrativo final. A licitação é um procedimento
administrativo. Ele tem várias fases, a última é a adjudicação, que consiste na
entrega do objeto ao licitante vencedor.
Sexta limitação: Atos administrativos enunciativos: parecer, certidão, etc.
Se a revogação se der dentro dos limites falados, é válida. Só caberá
indenização se forem constatados prejuízos materiais.

Revogação da revogação
Em regra não pode, de acordo com a LINDB

Intervenção do Estado na Ordem econômica


Estado e ordem econômica: Estado Liberal, Social e Regulador

1- Estado Liberal: Mínimo; funções reduzidas; garantia da liberdade. Onde surge o


direito administrativo. Evitava intervir na ordem econômica; mão invisível do
mercado.
2- Estado Social: Marcado pela acentuada intervenção estatal na economia,
encontrado, principalmente, na segunda metade do século XX
3- Estado Regulador: Estado Democratico de Direito. Intervenção indireta.
Desregulamentação- Redução de normas que restringem determinada
atividade econômica. (ex: setor super alcoólico; educação privada)
Privatização- Aliena o controle societário de uma empresa estatal à iniciativa
privada.
Concessão/ Permissão- Transfere a execução de serviços à iniciativa
privada, por meio de contrato.
Terceirização: Administração Pública contratando empresas privadas para
determinadas atividades, por licitação

Fundamento e princípios da ordem econômica ( art 170, CF)


Fundamentos:
(1)Valorização do trabalho humano (2) Livre iniciativa. Buscando sempre a
ideia de justiça social que é o maior objetivo da intervenção do Estado na economia.
A intervenção do Estado, como produtor de bens e serviços, pode ser direta (art.
173) ou indireta (imposição de normas, regulação, fiscalização)
Princípios:
(1) Soberania nacional, a ordem econômica não pode conflitar
(2) propriedade privada
(3) função social da propriedade
(4) livre concorrencia
(5) defesa do consumidor
(6) defesa do meio ambiente
(7) redução das desigualdades regionais e sociais
(8) busca do pleno emprego
(9) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Espécies de intervenção do Estado na Ordem Econômica


a) Intervenção Direta
O próprio Estado, diretamente, executando atividades econômicas( art 173,
CF). Atuação por intermédio das empresas estatais. Atuação excepcional, só pode
ocorrer nas hipóteses do art. 173, CF. (Ex: empresas estatais: Caixa Econômica
Federal)
b) Intervenção Indireta
Quando ocorre regulação. A figura do Estado como fiscal do sistema
econômico. (Ex: Agências Reguladoras)

Principais meios de intervenção estatal na


a) Conceito
O Estado tem o dever de planejar previamente a sua intervenção na ordem
econômica e administrar suas atividades administrativas. Isso existe devido ao
direito fundamental a boa administração. Os recursos são escassos e a demanda é
grande, para que haja racionalidade, ele deve previamente fazer o planejamento
para atender ao interesse público.
Planejamento Público é a programação que tem por finalidade selecionar
objetivos, indicar meios e definir metas para a administração.
Planejamento é determinante(= obrigatório ) no sistema público (entidades da
administração pública direta e indireta, como as empresas a quem o público delega
função) e indicativo para setor privado. As estatais econômicas (art. 173, §1, CF)
estão sob o planejamento indicativo.
Duas etapas: (1) Diagnóstico: leitura social que o mercado e a sociedade
precisam. (2) Prognóstico: Planejar as medidas necessárias.
b) Planejamento
- Fundamentos e previsões normativas
Art 174, CF. Estado atuando como regulador. É o princípio da eficiência, ideia
de que o Estado deve garantir os Direitos fundamentais e lidar com a escassez de
recursos. Busca atingir os objetivos elencados na constituição de forma mais célere
e racional.
Art 21, IX, CF- Planejamento
Art 29, XII,CF- municípios
Art 84, XI, XXIII, CF- Presidente da República
Art 214, CF- Plano Nacional de Educação
Infraconstitucional; Lei de Responsabilidade Fiscal; Decreto-lei 200:
planejamento da administração federal
- Instrumentos
Art 84, §11- Plano geral- instrui as prioridades do governo.
Programas gerais- Desenvolvimento nacional (art. 3°, II) (art. 165, §4)
Duração plurianual
Orçamento programa anual
Legislação orçamentária
Programação financeira de desembolso
De maneira geral, o planejamento se efetivará por meio dos planos gerais,
regionais e setoriais.
Art. 85, VII- O não cumprimento desses planos está sujeito a crime de
responsabilidade
c) Fomento público
Conceito:
Os incentivos estatais positivos ou negativos, que induzem ou condicionam a
prática de atividades desenvolvidas em determinados setores econômicos ou sociais
com o objetivo de satisfazer o desejo público.

Características:
1- Consensual- o poder público incentivará comportamentos privados, mas
os particulares não são obrigados a aderir
2- Setorial- direcionado a determinados setores identificados no
planejamento estatal
3- Justificativa- Necessário demonstrar o porque foi necessário aquele
estímulo
4- Impessoalidade- buscar critérios objetivos para justificar
5- Transitório- menos no caso de microempresas e empresas de pequeno
porte, para incentivá-las (art 179, CF)

Limites
1- Legalidade- limite por excelência, mas pode ser relativizado pela
Constituição
2- Transparência
3- Principio da impessoalidade
d) Regulação
Conceito:
É um instituto oriundo da economia mas que cada vez mais adquire sede
jurídica e constitucional( ex: art 21, art 172, CF). A relação do Estado com a
economia deve ser uma relação dinâmica, mutável, que varia de acordo com as
circunstâncias ideológicas, políticas e econômicas. Há uma relação de mútua
ingerência e limitação, o direito tem possibilidade de limitar e direcionar as atividades
econômicas, e as atividades econômicas influenciam as normas jurídicas, não só a
edição como a aplicação.
O termo regulação é um termo polissêmico e admite três sentidos diferentes:
(1) Regulação em sentido amplo: toda a forma de intervenção estatal,
conceito genérico de intervenção do estado na economia, engloba tanto a atuação
direta do Estado, como o estabelecimento de condições para o exercício de
atividades econômicas.
(2) Regulação em sentido intermediário( o usado): condicionamento,
coordenação que disciplina a atividade privada. Fica de fora desse sentido a atuação
direta do Estado na economia.
(3) Regulação em sentido restrito: A regulação seria somente o
condicionamento da atividade econômica por lei ou por ato normativo.
Três atribuições inerentes à atividade regulatória: (1) Possibilidade de editar
normas (2) Possibilidade de implementar concretamente essas normas (3)
Possibilidade de fiscalizar o cumprimento das normas e punir as infrações

Formas de regulação:
Em seu sentido amplo vai compreender 4 possibilidades:
(1) Regulação Estatal: exercida pela administração direta( União, Estado,
DF, Município e os órgãos que compõem os entes federativos), mas também por
entidades da administração indireta, como as agências reguladoras, que são
autarquias sob regime especial(ex: ANCINE);
(2) Regulação pública não estatal ou Auto regulação não regulada:
Exercida por entidades privadas da sociedade( entidades sociais), mas por
delegação ou incorporação das suas normas, há ordenamentos jurídico estatal. Elas
assumem a função de regulação, sem serem transformadas em órgãos do Estado,
mas o Estados vai emprestar autoridade por via legislativa ou Constitucional.( Ex:
Entidades desportivas; Universidades)
(3) Auto Regulação: Não possui delegação ou chancela do Estado. (Ex:
CONAR)
(4) Desregulação: Os agentes ficam sujeitos a mão invisível do mercado.

Evolução da regulação e o papel do Estado Regulador:


Influência de duas linhas principais de pensamento:
(1) Escola do interesse público, década de 70, sustenta que a regulação
deve ser intensificada e justificada pela necessidade de satisfação do interesse
público ou do bem comum. A intervenção do Estado se justifica para corrigir as
imperfeições do mercado, ou como uma forma de estimular ou aprimorar seu
funcionamento, a fim de concretizar os valores sociais.
(2) Escola de Chicago, década de 50, defendem a diminuição da intervenção
do Estado na economia, sustentando que a eficiência econômica seria alcançada
pela mão invisível do mercado. Liberalismo econômico não se confunde com
liberalismo político. A regulação teria por objetivo garantir o adequado
funcionamento do mercado, corrigindo as falhas do mesmo, que seriam:
(1)monopólio/poder de mercado,
(2)externalidades, ocorrem quando os custos e benefícios gerados pelo
desempenho de uma atividade econômica não é absorvida inteiramente pelos
agentes econômicos( produtores e consumidores) nem por terceiros. Existem as
externalidades negativas, quando o desempenho regular da atividade acarreta um
custo social; externalidades positivas, quando há benefícios a pessoas estranhas às
transações econômicas.
(3) bens coletivos, de acordo com o conceito econômico, os bens públicos
seriam chamados de bens não rivais, em que o consumo por um indivíduo não
impede outro de consumi-lo(ex: ar) e também bens não exclusivos, pessoas que não
pagam por eles também irão usufruir.
(4) assimetria de informações: desequilíbrio de informação entre as partes
em uma determinada transação, que acaba fomentando condutas oportunistas.

Falhas de governo poderiam acarretar alguns problemas, como:


(1)o paternalismo estatal, onde ocorreria uma redução significativa da
autonomia dos indivíduos
(2) a teoria da captura, quando há a captura da regulação pelos regulados,
com a satisfação de interesse de grupos econômicos regulados em detrimentos dos
consumidores,
(3) asfixia regulatória, ocorre quando há a inviabilidade do exercício de
atividades econômicas devido ao excesso de restrições estatais.

Análise de impacto Regulatório( AIR):


Processo que envolve a avaliação dos efeitos atuais e futuros da regulação,
por meio do planejamento e da participação social. A intenção é conferir maior
legitimidade para as políticas regulatórias. É um instrumento para definir a
intensidade e a qualidade da regulação estatal. Principais fundamentos da AIR:
(1) princípio da eficiência
(2) pragmatismo: ponderação das consequências do ordenamento e as que
devem ser implementadas via regulação
(3) análise econômica do direito, influência mútua entre o direito e a
economia
(4) legitimidade democrática.
O processo de implementação da análise de impacto regulatório vai passar por 3
fases:
(1) fase inicial, expositiva, na qual são definidos os objetivos e as
consequências da ação regulatória proposta ou já existente
(2) fase intermediária, onde há o debate e a ponderação, com a
participação dos regulados, empresários, consumidores e usuários, para se definir
os critérios de escolha da melhor decisão.
(3) fase final, fase decisória, na qual se dá a implementação ou revisão da
regulação.

e) Repressão ao abuso do poder econômico


Conceito:
O poder econômico é proveniente do acúmulo de riqueza, e pode provocar
certas distorções no plano econômico, que podem vir a prejudicar setores mais
desfavorecidos. Nesses casos, o uso do poder pode se transformar em abuso do
poder econômico, e por isso precisa ser combatido pelo Estado regulador
interventivo.
Esse abuso pode ser cometido pela iniciativa privada ou pelo próprio estado,
principalmente quando ele atua pelas entidades paraestatais( ONGS, OS). A
repressão seria o conjunto de estratégias, que são adotadas pelo Estado, que
mediante intervenção na ordem econômica, tem o objetivo de neutralizar os
comportamentos causadores de distorção nas condições normais de mercado, em
decorrência do acúmulo de riquezas.

Formas de abuso do poder econômico:


Estão previstas no art 173, §4. São elas: (1) Dominação dos mercados (2)
Eliminação da concorrência, deriva do domínio do mercado,(3) aumento arbitrário
dos lucros, cabe ao Estado reprimir essa conduta, por ela ser abusiva e ilegal

Espécies de domínio abusivo dos mercados:


As principais são chamadas de truste, uma grande empresa domina o
mercado e afasta os seus concorrentes, cartel, conjugação de interesse de grandes
empresas com o intuito de eliminar a concorrência e aumentar de forma arbitrária
seus lucros, e dumping, abuso de caráter internacional.

Normas e meios repressivos:


O Estado tem editado leis que visam combater condutas abusivas na
economia, estabelecendo sanções. A lei 12.529/2011, estruturou o sistema brasileiro
de defesa da concorrência, o SBDC, esse sistema é composto por dois órgãos
básicos: Conselho administrativo de defesa econômica( CADE), possui natureza
jurídica de autarquia, vinculada ao ministério da justiça, com sede e foro no DF,
constituído por um tribunal administrativo de defesa econômica, superintende geral,
departamento de estudos econômicos, ele conta com uma procuradoria federal
especializada com atribuição para prestar consultoria e assessoramento jurídico a
autarquia, e a secretaria de acompanhamento econômico da fazenda( SEAE).

e) Exploração direta da atividade econômica( estado empresário)- Art 173, CF


Primeiro requisito: Pode exercer tal atividade nos casos expressamente
previstos na constituição ou demonstrativo de segurança nacional ou relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Segundo requisito: A intervenção ocorrerá por meio das instituições
chamadas de empresas públicas ou sociedade de economia mista.
A intervenção direta do Estado na economia tem como fundamento o principio da
subsidiariedade. Esse princípio justifica a atuação empresarial do estado apenas nos
casos em que a iniciativa privada não for capaz de satisfazer por completo os
interesses públicos envolvidos.

Regulação X Regulamentação
Regulação é uma forma de intervenção indireta do Estado na economia, não
se confunde com a atuação empresarial do Estado, que é atuação direta. O Estado
tem que ter uma postura ativa na imposição de comportamento aos mercados que
serão regulados. A regulação prevista no art. 174, CF, não se confunde com a
chamada regulamentação, que está no art 84,§4, CF. Enquanto a regulação
representa uma função administrativa, complexa, processualizada, que abarca tanto
o exercício da função normativa, quanto da executiva e judiciária, a regulamentação
é muita mais uma função política, inerente ao chefe do poder executivo, que envolve
a edição dos atos normativos, complementares à lei.

Regulação Estatal X Autorregulação


Quando falamos de regulação estatal, entende-se como heterorganização,
uma vez que é exercida por órgão ou entidade estatal sob os agentes econômicos.
Já a autorregulação ocorre quando os próprios agentes regulados exercem o papel
de reguladores da atividade econômica, representa uma forma de regulação
coletiva, fora do âmbito do Estado. A autorregulação pode ser privada, quando a
regulação estabelecida pelos particulares sem a influência do estado, ou pública,
formalizada por particulares mas possui a chancela do Estado.

Poderes e Deveres dos administrados públicos


Regime Jurídico- Administrativo (direito público)
Conjunto de regras e princípios (traços distintos). Não há esse regime na
esfera privada.
Se caracteriza prerrogativas e sujeições do poder público ao conceito de
legalidade
Nem toda atividade administrativa vai estar submetida ao regime
jurídico-administrativo( ex: quando o Estado ativam diretamente na economia →
Estado empresário, aplica-se o regime jurídico privado)

Poder e Deveres da Administração Pública (dever>poder)


Poderes= prerrogativa especial do Direito Público outorgado aos agentes do
Estado para permitir a concepção de seus fins, do interesse público
Uso do poder- Utilização legal do poder. Em regra os poderes são
irrenunciáveis e devem obrigatoriamente ser exercido por seu titular
Abuso de poder- Quando se utiliza prerrogativas (poderes), fora da lei. São 2
formas
1- Excesso de poder- Se dá quando o agente age fora dos limites da sua
competência (invade a de igual ou lhe confere sozinho)
2- Desvio de poder ou de finalidade- atua dentro da sua competência, mas
se afasta da ideia de interesse público, é mais comum achar desvio de poder em
atos administrativos discricionários.
Efeitos do abuso de Poder
A conduta do agente fica sob revisão, tanto pela Administração Pública(
autotutela), quanto pelo poder judiciário. Pode ser punido na esfera administrativa e
na esfera penal

Poder Regulamentar( é uma expressão do poder normativo)


Poder Normativo (poder geral)
É aquele em função do qual a Administração Pública edita ato com efeitos
gerais e destrato, com o objetivo de complementar a lei e fazer cumprir seu objetivo
(ex: decretos, portarias)
Poder regulamentar
É o poder que cabe ao chefe do Poder Executivo de editar normas
complementares a lei, para ter uma uniformização na aplicação das leis
Poder regulamentar e o princípio da legalidade
Art. 5°, II, CF. O poder regulamentar existe para garantir (regra geral) a fiel
execução das leis, sem invadir a propriedade
Caso os atos administrativos exorbitem essa função, o Congresso Nacional
pode sustentar tal ato.
Formalização
Poder Regulamentar se formaliza por meio de decretos e regulamentos

A problemática do poder regulamentar autônomo


O STF entendeu que o regulamento autônomo é legítimo.Mas com a EC
32/2001 entendeu-se que a resolução tiraria seu fundamento da Constituição,
aceitando a edição de decretos e regulamentos autônomos.
Sendo assim, entendeu-se que o legislador chancelou a existência dos
decretos autônomos. Para os entusiastas da tese do regulamento autônomo, a
redação do art. 84, VI, a, teria chancelado a possibilidade de edição de decretos e
regulamentos autônomos.

Controle dos atos de regulamentação


Controle feito pelo Poder Legislativo. Quando o Poder Executivo exorbitar a
sua competência regulamentar, o Legislativo pode controlar, subordinado ao que diz
a lei.
Controle feito pelo judiciário: Pode ser que o exercício da competência
regulamentar extrapole ou viole a lei. Há um controle da legalidade: confronto entre
ato regulamentar e lei. No caso dos atos regulamentares de caráter independente,
que criam direitos e obrigações, cabe controle de constitucionalidade, via Ação
direta de inconstitucionalidade. O ato administrativo deve ser normativo e autônomo
para que possa ocorrer controle de constitucionalidade. Decreto e regulamentos
autônomos são primários.
Via ADPF é possível controlar decretos e regulamentos, ou seja, normas de
segundo grau, caso haja violação à CF. Isso gerou ampliação do controle
concentrado de inconstitucionalidade.

Controle da omissão: Poder executivo deve regular essa lei. Faltar com o
dever de regulamentar é descumprir o dever de regulamentar, por omissão.
Podemos pensar na utilização de remédios constitucionais para controlar omissão (
ADIN por omissão e mandado por injunção)
Fases do mandado de injunção:
1)Jurisprudencia tímida. O judiciário reconheceu a omissão e comunicou ao
judiciário.
2)O Poder judiciário reconheceu a omissão, comunicou ao legislativo e
estabeleceu um prazo para que ele pudesse legislar.
3)( Posição concretista) Julgamento de 3 mandados de injunção(n. 670/ES,
708/DF e 712/PB). Art. 37, VII. Relativo aos direitos de greve. Lei 7.783/89 aplicou
por analogia a Lei de Greve para o serviço público e atribuiu eficácia erga omnes.

Regulamentação Técnica( agência reguladora)


Art 2°, CF, estabeleceu o princípio da separação de poderes. Sendo assim, o
Legislativo não pode transferir todo o seu poder legiferante para outro poder. Mas
ele pode delegar aos Órgãos da Administração Pública a competência para regular
determinadas matérias. Transfere matéria de âmbito regulamentar. Sai do Legislativo
para os órgãos da Administração Pública. O fundamento está na impossibilidade de
legislador regular material de alta complexidade técnica. As limitações são de ordem
fática, material e, em razão delas, há transferência.
Essa delegação nunca foi integral. O legislador transfere a regulamentação
técnica mediante os parâmetros enunciados na Lei. Transfere a discricionariedade
técnica. Como as autarquias, regulada por uma Lei específica. A maior parte dessas
leis conferiu amplo poder normativo a essas figuras. Essas agências podem tratar
matérias técnicas.
Poder de Polícia
Conceito
Se relaciona a toda atividade da administração pública que tende a organizar,
limitar, restringir os interesses individuais em prol do interesse público. O atuar de
um sujeito tem consequência para todos os demais
Prerrogativa do Estado de limitar o exercício de direitos e liberdades em prol
do interesse público.
Fundamento geral: ideia de soberania que o Estado exerce sobre tpdas as
coisas e pessoas.
Celso Antônio Bandeira de Melo dá dois conceitos: amparo- abarca as
atividades da administração pública e também do Poder Legislativo - e sentido
estrito- atividade da administração de limitar e restringir as atividades da
administração pública
O Poder de Polícia hoje não consiste mais em regular obrigações de não
fazer. Hoje fala-se em obrigação de fazer (obrigações positivas)
Fundamento
1- Legalidade e
Para ser legítimo precisa estar amparado pela lei, respeitando os preceitos
constitucionais
2- Interesse Público
Afinada a ideia de bem comum. Se realiza quando o Estado alcança seus
fins.
Evolução Histórica
No âmbito do acúmulo de garantir ordem pública e domestica, o Poder de
Polícia era o Poder soberano ilimitado do Rei. Essa ideia muda no Estado liberal,
que buscava garantir os direitos de matriz liberal. Nesse contexto, o poder de polícia
estava vinculado à garantia da ordem pública, da integridade das pessoas, etc. Os
elementos do Poder de Polícia visavam proteger a ordem pública.
No Estado Social, o Estado assume caráter distributivista. O poder de Polícia
passa a ser instrumento de atenuação das desigualdades sociais. As obrigações do
Poder de Polícia dão positivas.
No Estado Democrativo de Direito, o Poder de Polícia passa a ter um campo
de incidência ampliado, passa a intervir na Ordem Pública, no meio ambiente, no
patrimônio público, etc. Tem o surgimento das polícias especializadas. Não existe
uma lei geral que regula o poder de polícia.
Na pós-modernidade surge o Poder de Polícia regulamentar

Principais Críticas
Crítica Histórica: origem autoritária, o que seria suficiente para justificar a
sua extinção
Crítica terminológica: ligada ao rótulo. Defende a troca do nome. O Estado
precisa dessa atividade, e o nome associa-se a algo negativo
Crítica institucional: ele não deve ser um instituto autônomo. Não faz
sentido mantê-lo, pois seus atos já estão presentes em outras instituições

Disciplina Normativa
Art. 145, II, CF → cobrança de taxas em razão do Poder de Policia (ex: taxa
de incendio)
Taxas- tributo vinculado, derivado da lei, Arrecadação tem função especifica.
Imposto- tributo não vinculado. Não tem destinação especifica.
Tarifas são tributos de natureza contratual.
Serviço de policia específico e divisível é aquele que se consegue mensurar o
quanto do serviço foi de fato prestado e quem foram os destinatários exatos, podem
gerar cobrança de taxa. Cobrança de taxa de luz é inconstitucional
O Poder de Polícia tem que ser fundamentado na Lei. Por isso não há
cobrança de tarifas

Classificações
Polícia como corporação frequentemente vai executar a função
administrativa, mas essa função não se esgota aqui.
Diferença da polícia judiciária e administrativa:
1) Funcional
A polícia administrativa é preventiva, para evitar danos. Já a judiciária tem
função repressiva, sancionando efeitos que já aconteceram
2) Orgânico
Diz respeito ao órgão. A polícia judiciária é privativa de corporação
especializada. A polícia administrativa será mais abrangente, atribuída a um leque
maior de corporações administrativas.
3) Material
Diz respeito ao regime. A Polícia Judiciária apura os ilícitos penais; possui
regime jurídico de penal e processo penal. A Policia Administrativa cuida dos ilícitos
administrativos, estará sujeita ao regime de Direito Público.
O limite é o ilícito penal.

Atributos
1) Discricionariedade e vinculação
A maior parte das doutrinas vão dizer que o Poder de Polícia é discricionário.
Só que essa afirmação merece um pouco de cuidado. Vinculação e
discricionariedade não compõem um paradoxo. Essa é uma posição superada. Hoje
pensamos em graus de vinculação. Matrizes de predominância. O que vai distinguir
um ato discricionário ou vinculado será a predominância ou não a exclusividade
Vinculados: licença para construir
Discricionário: administrador pode ponderar
2) Autoexecutoriedade
Toda vez que a Administração Pública praticar um ato administrativo, a
Administração Pública poderá botar aquele ato em execução sem pedir autorização
a nenhum outro Poder. Isso não impede que o particular que se sinta lesado pelo ato
administrativo ingresse em juízo para questionar a legalidade ou a validade do ato.
Via o atributo da autoexecutoriedade, a Administração Pública pode se valer
da força para obrigar o administrado a executar o ato. Exemplo: interdita
estabelecimento,destrói mercadoria, veda uma reunião ilegal.
A regra é a autoexecutoriedade, mas existem atos administrativos de polícia
que não possuem esse atributo. Exemplo: cobrança de multa. Esse não é um ato
autoexecutório. A multa pode ser imposta, mas para ela ser cobrada, deve haver um
processo de execução, deve haver inscrição em dívida ativa.
A autoexecutoriedade não se confunde com a punição sumária, isto é, sem
ampla defesa e contraditório. Esses direitos são cedidos em sede administrativa,
mas se admitem algumas exceções: se houver urgência, flagrante delito etc, há
direito à autoexecutoriedade e depois será dado direito à ampla defesa e
contraditório. Exemplo: caso dos camelôs. O Estado sempre vai responder por sua
arbitrariedade no exercício do Poder de Polícia. Tanto o Estado quanto o agente da
Administração que tenha agido com dolo ou culpa pode ter que responder.

Ciclo de policia
Ele experimenta 4 fases distintas:
1- Ordem, estabelecimento da norma, é a forma primária que esse ato de
polícia vai regular
2- Consentimento, anuência do Estado para que o particular desenvolva,
pratique uma atividade, etc. Se caracteriza pela licença e pela autorização.
3- Fiscalização , verificação do cumprimento pelo particular pelo
consentimento do ato de polícia
4- Sanção, aplicação de punição ao particular que descumpriu a ordem de
polícia.

Objeto
É o condicionamento do exercício de direitos e liberdades dos indivíduos.
Pode albergar salubridade, higiene, saúde, segurança etc.

Limites do Poder de Polícia


Toda prerrogativa da Administração Pública é sempre instrumental. Esses
limites, em regra, são provenientes de princípios seja no princípio da
proporcionalidade, do interesse público, da processualidade ou dos direitos
fundamentais. Podem ser limitados, mas não abolidos.

Competência
É do ente ou da pessoa federativa a qual a Constituição atribuiu competência
para regular determinada matéria.- nos casos em que não houver previsão, deve ser
utilizado o critério de predominância de interesse( critério auxiliar):
predominantemente nacional ( competência da União); predominantemente regional
( competencia do Estado); predominantemente local (competência municipal)
obs: os critérios não são absolutos. Podemos falar em poder de polícia
concorrente. Os entes da federação podem firmar convênios, consórcios públicos
para fazer a gestão associada.

Delegação do Poder de Polícia


As entidades administrativas indiretas de bem público seriam os agentes
legítimos do poder de polícia.
Regra de ouro: Há a impossibilidade da delegação do Poder de Polícia a
particulares, por não terem vínculo com o poder público.
Porém, não significa que não possa haver transferência, por meio de contrato,
dos atos materiais preparatórios ou sucessivos ao poder de polícia

Poder Hierárquico
Conceito
Escalonamento, plano vertical entre agentes e órgãos da administração
pública, cuja finalidade é melhorar/aprimorar a organização administrativa. Toda vez
que se fala em Poder Hierárquico, haverá a ideia de subordinação no âmbito da
Administração Pública, o Poder Executivo. Ele gera:
1- Poder de Comando, o superior hierárquico pode comandar seus
subordinados
2- Poder de fiscalizador, superior hierárquico pode fiscalizar seus
subordinados
3- Poder de revisão dos atos dos subordinados quando há vício de legalidade
(ideia da autotutela)
4- Dever de obediência aos mandos do superior hierárquico.

- Avocação: chamar para si atribuições do seu subordinado. Há uma


transferência da competência do subordinado pela competência do superior
hierárquico. A avocação tem sempre caráter excepcional ainda mais forte do que a
delegação.

SubordinaçãoXVinculação
Subordinação tem um caráter interno e decorre da noção de hierarquia.
Ligada ao âmbito da Administração Pública.
A Vinculação tem caráter externo. Quando se trata do vínculo dos entes da
administração direta e as entidades da Administração Pública Indireta. Pessoas
jurídicas diferentes.
A consequência é que nas situações de hierarquia, se o subordinado estiver
insatisfeito com o teor da decisão administrativa, poderá interpor recurso hierárquico.
Na vinculação, só é cabível o recurso hierárquico impróprio, e precisa estar presente
na lei.

Poder disciplinar
Conceito e características
Poder atribuído às autoridades administrativas com o objetivo de apurar e
punir faltas funcionais e aplicar penalidade aos seus servidores e demais sujeitos a
disciplina de seus órgãos e serviços. Ele está vinculado aos próprios agentes. É
possível a existência desse tipo de poder entre particulares que possuem relação
com a Administração Pública. Relação Funcional. Discricionariedade na pena.
Tipicidade aberta, diferente do Direito Penal
Serviço Público
Introdução
É variável no tempo e no espaço. Todas as mudanças afetam sobre quais
atividades, ou não, deixam de ser prestados pelo Estado
Submissão do regime público a concorrência(monopólio e exclusividade são
excepcionais)
Redução das hipóteses de titularidade exclusiva do Estado e incremento de
serviços compartilhados.
Fragmentação dos serviços públicos( dissociação das etapas)
Liberalização parcial, por meio da lei ordinária, diferente no previsto na
Constituição (ex: luz)

Conceito
Toda atividade material que a lei atribui a um Estado para que a exerça
diretamente, ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer,
completamente as necessidades coletivas, sob um regime total ou parcialmente
público.
Espécie de atividades econômicas em sentido amplo. A lei atribui ela ao
Estado. Quatro concepções:
1- Amplíssima, serviço público é todo e qualquer atividade exercida pelo
Estado
2- Ampla, toda atividade prestacional voltada ao cidadão, independente(
Adotada no Brasil
3- Restrita, abrange as atividades do Estado, prestando aos cidadãos de
forma individualizada e com fruição qualificada
4- Restreitíssima, atividade de titularidade do Estado prestada mediante
concessão ou permissão, remunerada por taxa ou tarifa
Três elementos:
1- Subjetivo/Orgânico: Possui relação com quem presta o serviço público e
seus delegatários(art 175, CF)
2- Material: No sentido de que o que é o serviço público, perspectiva de
atender a coletividade, necessário que a lei atribua a função
3- Formal: Diz respeito ao regime jurídico, que será estabelecido pela lei

Criação de Serviço Público(Publicatio)


É uma tarefa atribuída pela lei e constituição. É uma decisão estatal tornar um
serviço público. Tira atividade do ambiente da iniciativa privada para o público, a
prestação por particulares só será possível por delegação ou concessão.

Princípios informadores do serviço público


Os serviços públicos estão sujeitos a todos os princípios dos atos
administrativos.
1- Adequação: Serviço adequado é aquele que satisfaz as condições de
regularidade, continuidade, etc. Segundo esse princípio, o serviço público deve ser
prestado de acordo com a lei.
2- Continuação: Impõe que a prestação desses serviços deve ser
ininterrupta. Não significa que deva ser prestado em tempo integral. Necessidade
absoluta (ex: hospital, água) não pode parar, a necessidade relativa( quadra
esportiva; museu) não precisa estar disponível integralmente todos os dias. As
questões mais complicadas da continuidade: (1) hipótese que não configura
descontinuidade (emergência; aviso de interrupção) (2) possibilidade de aplicar a lei
que trata da greve que regula os funcionários em regime de CLT, mas pode ser
aplicada aos servidores públicos (3) possibilidade de invocar a interrupção do
contrato, mas o particular é obrigado a continuar prestando o serviço por, pelo
menos, mais 90 dias.
3- Igualdade/Uniformidade/Neutralidade- Impessoalidade que rege toda a
administração pública. O serviço deve ser prestado a todos, de forma mais igualitária
possível.
4- Mutabilidade/Atualidade: Leva em consideração o fato de que os serviços
públicos devem se adaptar às necessidades do tempo. Autoriza a mudança na
execução do serviço
5- Modicidade das tarifas: O valor cobrado ao usuário deve ser o mínimo
possível.

Critério de classificação dos serviços públicos


Destinatário:
1- coletivos/gerais/uti universi → prestados a destinatários indeterminados(
ex: iluminação pública, asfalto, esgoto). Prestado com a receita de impostos. Esse
serviço pode dar ensejo ao tributo de contribuição de melhoria.
2- singulares/individuais/uti singuli → tem destinatários especiais, são
aqueles que as atividades são prestadas a usuários específicos, remunerados por
taxa de tributo( quando não há opção.ex: coleta de lixo) ou tarifa( quando há
liberdade de escolha, ex: iluminação)
Titularidade federativa:
1- Federados: União- transporte rodoviário interestadual e internacional
2- Estaduais: Estado- transporte intermunicipal
3- Distritais: DF- Congrega as competências estaduais e municipais
4- Municipais: Municípios- Organizar serviços de interesse público
5- Comuns: art 23, CF
Objeto:
1- Administrativo: Visam atender as necessidades internas de organizações
do Estado
2- Económicos ou industriais: Geram renda para seus prestadores,
excluindo os fornecidos pelo Estado( ex: transporte público e energia elétrica)
3- Sociais: Realizados sem retorno financeiro executados pelo Estado, por
meio dos impostos, ou por particulares (ex: saúde, educação, assistência). A
peculiaridade é que não há ideia de exclusividade. São serviços não exclusivos,
garantidos pela Constituição.
Essenciais
1- Essenciais/ necessidade pública: Indispensáveis à coletividade. A
execução, como regra, é privada ao Estado.
2- Não essenciais/utilidade pública: Aqueles que podem ser prestados por
particulares( ex: serviço funerário)
É um critério falho, rejeitado por parte da doutrina. Pois a delegação de
serviços públicos não depende da essencialidade e a própria Constituição qualifica
como essenciais serviços que podem ser delegados.
Titularidade
1- Proprios: Titularidade exclusiva do poder público como execução direta(
pelo Estado) ou indireta (por concessão ou permissão)
2- Impróprios ou virtuais: Executados por particulares que atendem as
necessidades da coletividade, mas não são serviços públicos propriamente ditos.
Titularidade do serviço público→ A administração pode prestar seus
serviços de forma direta, se for por meio da lei, ou indireta, a partir de concessão ou
permissão à iniciativa privada, por licitação.

Serviços Públicos e o CDC


A legislação diz que a prestação de serviços públicos está submissa ao CDC.
A doutrina e a jurisprudência discutem a amplitude nos serviços públicos. Prevalece
a tese mais restritiva.

Administração Pública Direta e Indireta


Introdução
Há uma demanda para que a organização do Estado se torne mais complexa
para satisfazer uma enorme gama de interesse. Investe-se mais na ideia de
multiplicar os centros de competência.
Administração pública e seus sentidos objetivos e subjetivos
Objetivo → Função administrativa, é o que ela faz( poder de polícia; serviços
públicos)
Subjetivo → Todo o universo de órgãos, pessoas e entidades que prestam
atividade administrativa. Engloba a administração pública direta e a indireta.
Estrutura da Administração Pública no Brasil
Estabelece divisão vertical, não significa que há hierarquia entre os níveis. 3
níveis: Federal, Estadual e Municipal.
Controle, tutela ou vinculação
O controle pode ser : (1) político, os dirigentes das entidades administrativas
indiretas serão escolhidos e nomeados livremente pela autoridade competente da
administração direta, exoneração ad nutum. Para agências reguladoras o processo é
diferente, blindadas politicamente, com caráter técnico (2) administrativo ou
finalista, as entidades da administração indireta devem atender a finalidade pela
qual foram criadas, e a administração direta pode fiscalizar para garantir o
cumprimento (3) controle financeiro, feito pelo tribunal de contas.
É uma relação que não é de hierarquia. Três diferenças básicas de hierarquia
e tutela: (1) a tutela depende de previsão legal, já a hierarquia é inerente à
administração pública, não precisa de lei (2) a tutela pressupõe a existência de duas
pessoas jurídicas diferentes( administração direta e indireta), já a hierarquia
acontece dentro da mesma pessoa jurídica (3) a tutela é condicionada pela lei, já a
hierarquia não precisa( recurso hierárquico próprio)

Autarquia
Autarquia é a pessoa jurídica de direito público criada por lei, com capacidade
de autoadministração para o desempenho de serviço público descentralizado,
mediante controle administrativo exercido no limite da lei.
Características:
São criadas por lei; personalidade jurídica própria; autoadministração; sujeitas
a controle e tutela
Objeto:
São as atividades típicas do Estado

Podem ser federais, estaduais ou municipais. Será oriunda do ente que a cria. Não
se admite que a mesma autarquia seja vinculada a mais de um ente federado. Só
será permitido em consórcio ou convênio.
Regime de pessoal:
Regime estatutário, chamado de regime jurídico único.
Patrimônio
Bens públicos, sujeitos a regime jurídico geral dos bens públicos.
Alienabilidade condicionada pela lei (depende de desafetação, motivação, avaliação,
prévia licitação). Impenhorabilidade, não são passíveis de penhora judicial;
Imprescritíveis, vedado o usucapião de bens públicos; não onerosidade, não podem
ser dados em garantia

Exemplos:
Agência reguladora- exercem controle sobre entidades que prestam serviços
públicos ou atuam em atividade econômica por força de concessão ou permissão de
serviços públicos. São autarquias sob regime jurídico especial. Possuem autonomia
reforçada em relação ao ente federal.
Autarquia assistenciais: objetivo diminuir desigualdade (ex: SUDAM)
Autarquia previdenciária
Autarquias culturais: voltada ao ensino
Autarquia corporativa: regular determinadas profissões. Quem elege são os
próprios profissionais.

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