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RESUMO DE AULA

Turma/Turno: DPF – Preparação Final / Manhã

Data: 18/06/2012

Disciplina: Direito Administrativo

Professor: André Uchoa

Assunto e nº da aula: Organização Administrativa do Estado – Aula 1

Considerações gerais:

Bibliografia indicada: Celso Antônio Bandeira de Mello (CABM) Editora Malheiros ou Maria
Di Pietro, Editora Atlas

Muita atenção para o tema responsabilidade civil do Estado na prova discursiva.


Edital de DPF foi copiado do concurso da AGU. Disciplina com maior conteúdo programático
no edital.

Organização Administrativa do Estado

1 – Administração pública direta


É aquela função estatal de caráter residual desempenhada diretamente pelas
chamadas pessoas políticas: União, Estado, Município e DF. A administração pública é uma
função do estado. Há função administrativa (teoria da residualidade). O Estado estará
administrando sempre que não estiver julgando nem legislando. Função administrativa não é
sinônimo de poder executivo. A função administrativa está presente, também, nos outros
poderes como função atípica. ( concursos públicos, licitação etc.)

2 – Administração pública indireta


È exercido pelas pessoas administrativas: Autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista. Tecnicamente, é possível autarquia no
poder legislativo ou judiciário. Como exemplo a Emerj (fundação autárquica).

Na Bahia havia o IPRAJ , autarquia para realizar pagamentos e licitação. Todavia,


em 2008, o CNJ emitiu parecer considerando inconstitucional por ser atividade meio
(pessoal e licitação). Determinando assim a extinção do IPRAJ.
Administração pública sob aspecto material (objetivo ou funcional): Consiste no
exercício e no desempenho de uma atividade. Atividade esta que será exercida e
desempenhada por órgãos ou agentes públicos. Exemplo: Patrulhamento de via pública,
cirurgia em hospital municipal, aula em universidade federal.

Administração pública sob aspecto formal (subjetivo ou orgânico): Conjunto de órgãos


públicos, agentes públicos ou pessoas jurídicas que exerçam a atividade. Aqui a
Administração Pública deve ser escrita com as inicias maiúsculas.

Teoria do órgão

Procura explicar a relação jurídica entre o agente público e a pessoa jurídica.


Relação entre pessoa jurídica (União, Estado, Município e DF) e pessoa física (agente
público).
Precedida por duas outras teorias não adotadas no direito administrativo Brasileiro:
teoria do mandato (relação contratual) e teoria da representação, dizia que o agente público
seria representante legal da administração. Equiparava o Estado ao incapaz. A Teoria do
órgão,por sua vez, surgiu por meio do alemão “OTTON VON GIERKE”. Na teoria do órgão
fala-se em teoria da PRESENTAÇÃO. Exemplo, a AGU presenta a união em juízo.

Lei 9784/99 – talvez uma das 3 leis mais importantes de direito administrativo. Leitura
obrigatória para o concurso DP, bem como a lei 8987/65 – trata da concessão e permissão.
Lei 11079/2005 – parceria público privada (PPP), Lei 11107/2005 – consórcios públicos. Lei
8666/93 – leitura parcial para a prova, artigos específicos. Lei 8112/90 – também leitura
parcial.

Lei 9784/99 define o que é órgão: unidade de atuação que integra a estrutura da
administração pública direta e indireta.

Entidade – Unidade de atuação que também integra a estrutura da administração,


possuindo personalidade jurídica, diferente do órgão.

Autoridade: É qualquer agente público dotado de poder de decisão. Ex. Delegado, AGU,
promotor.

Segundo a doutrina, órgão é um centro de competências desprovido de


personalidade jurídica própria, criado por lei para desempenhar as mais diversas funções
estatais. Dentro dos órgãos haverá cargos públicos (lugares na administração com nomes e
remunerações próprios definidos em lei) que serão ocupados por agentes públicos, pessoas
físicas, que através de sua conduta irão manifestar a vontade do Estado. Vontade esta que
será imputada à pessoa jurídica a qual o órgão esteja imputado. Teoria da imputação
volitiva, teoria subjetiva ou simplesmente teoria da imputação. Diz que a conduta do agente
é imputada ao ente.
Segundo Celso Antônio, órgão é um PLEXO de competência.
Cargo público será criado ou extinto apenas por lei. Lembrar do Art. 84, VI, b CF –
cargo público vago poderá ser extinto por decreto autônomo ( ato administrativo)

Características do órgão:
1- Não tem pessoa jurídica. Não confundir com CNPJ, posto que o DPF é um órgão,
tem CNPJ mas não tem personalidade jurídica. O CNPJ serve para controle tributário
por administrar riquezas. Deve-se haver um controle na obtenção de valores.

2- O órgão não possui responsabilidade civil. A conduta praticada pelo agente não lhe
será imputada. Será imputada à pessoa jurídica. Responsabilidade do ente político é
primária.

3- Órgão não possui patrimônio. O patrimônio fica apenas afetado ao órgão que realiza
a prestação de serviço.

4- Órgão não celebra contrato, pois contrato é fonte de direito de obrigação, e órgão
não é pessoa. Excepcionalmente, de acordo com art. 37 parágrafo 8 0 CF – celebra
contrato de gestão : instrumento para que órgãos e entidades da administração
pública direta e indireta possam ampliar sua autonomia gerencial, orçamentária e
financeira. Contrato de gestão é fruto do princípio da eficiência – EC 19/98 –
natureza jurídica de convênio administrativo. No contrato, o interesse das partes é
divergente. No convênio, há bilateralidade, mas os interesses são convergentes.

Natureza jurídica da força nacional de segurança – Convênio Administrativo, com


fundamento no art. 241 CF – federalismo de cooperação. Os entes federados unirão forças.
Este convênio pode se tornar pessoa jurídica; ou seja, ser personificado na forma de
consórcio público.

Art. 142 , X CF/88 – Forças armadas – Abordagem de matéria que envolva órgão somente
através de lei – informativo 615- 09/02/2011 , RE 600805 – trata-se do limite de idade para
ingresso nas forças armadas regulamentado por decreto. STF diz que é matéria de reserva
legal, precisando de lei em sentido estrito. Ou seja, órgão se submete ao princípio da
legalidade estrita.
Por meio do contrato de gestão pode haver premiação pecuniária por cumprimento de
metas. No entanto, aumento de remuneração só por lei.

Agência executiva – espécie de autarquia ou fundação pública que tenha celebrado com a
administração (respectivo ministério ao qual se vincula) o contrato de gestão – Art 37,
parágrafo 80 CF, Dá-se quando possua plano ou programa interno de reestruturação de
seus órgão visando atingimento de metas e desempenho, melhores resultados. Art. 51 lei
9649/97.

I – Possuir programa de reestruturação interna dos órgãos

II – Ter celebrado contrato de gestão

Ex. INMETRO, SUDENE, SUDAM.

Vantagem por ser agência executiva – Art. 24 Pú Lei 8666/93 – licitação dispensável num
limite maior. Ou seja, 20% do convite. R$ 30000,00 para obras de engenharia. R$ 16000,00
para demais compras e serviços.
Capacidade judiciária – capacidade para deduzir em juízo numa pretensão. Ser autor ou
réu. Em regra, de acordo com o art. 7o do CPC, o órgão não tem esta capacidade.
Exceções:
I – Art. 82, III, CDC – há legitimidade para o órgão estar em juízo, ainda que sem
personalidade jurídica própria, para ,em nome próprio, defender direitos de terceiros
(consumidor) , conhecido como substituição processual.

II – Há também os órgãos de envergaduras constitucionais ou conhecidos como


independentes, que poderiam estar em juízo na defesa de suas prerrogativas
constitucionais.
Ex. CPI, Congresso Nacional, MP.

No executivo, os independentes são as chefias do executivo


No legislativo, os independentes são todas as casas legislativas
No judiciário, os independentes são todos os órgãos do art. 92 CF mais MP e tribunais de
contas.

OBS.: Defensoria pública- EC 45/2004 – Art. 134 parágrafo 2 o CF – Autonomia funcional.


Informativo 656/2012 STF, ratifica que a defensoria é órgão independente e, nos Estados,
não pode ser subordinada ao órgão governadoria. E na união, a defensoria, de igual modo,
não poderá estar subordinada à presidência da república.

O departamento de polícia federal (DPF) é classificado como órgão superior, é


subordinado ao ministério da justiça e não tem capacidade processual. Não é plasmado pela
autonomia funcional.

Administração Pública Indireta

Autarquia: pessoa jurídica direito público interno – Art. 41 cc


Criada por lei ordinária específica, Art. 37, XIX, CF. Projeto de lei de iniciativa a depender do
poder ao qual estará vinculada. Em regra, chefe do poder executivo. Se a autarquia estiver
no judiciário, a competência será do presidente do tribunal. Um órgão poderá ser
transformado em autarquia.

Qualquer órgão pode ser transformado em autarquia?


R.: Não, por exemplo o DPF, definido na constituição como órgão permanente.

DNER era órgão , tornou-se autarquia com o nome de DNIT.


A decisão de transformação é de cunho político.

É possível também haver autarquia dentro de autarquia. Exemplo. Hospital Clementino


Fraga Filho vinculado à UFRJ que por sua vez vinculada ao ministério da educação.

Área de atuação: Art. 5, I DL 200/67 – Atividade típica de administração pública – conceito


criado pela lei, mas não justificado.
Segundo doutrina:
1- Prestação de serviço público – Hospital do Fundão - UFRJ
2- Desempenho do poder de polícia – ANTT, ANAC
3- Intervenção no domínio econômico – SUSEP, CADE, BACEN, CVM
4- Domínio social – INSS
5- Autarquias de fomento – SUDAM, SUDENE

Prerrogativas da autarquia – Art. 150, VI, “a” CF c/c com o Art. 150 parágrafo 2 o.
Imunidade tributária recíproca, não incidência constitucional. Há extensão desta
imunidade às autarquias, mas esta não incidência é apenas para impostos.Taxa, por
exemplo, é normalmente paga pela autarquia.

Imunidade plena ou condicionada??


R.:Segundo Carvalinho, a imunidade é condicionada ao desempenho da atividade
fim, mas de acordo com os tribunais superiores esta imunidade é plena. Se a
autarquia desempenhasse a atividade econômica perderia a imunidade, Art. 150
parágrafo 3o CF. Pois teria “espírito” de empresa pública ou sociedade de economia
mista.

Prerrogativa de natureza processual


Art. 475 (reexame necessário) e art. 188 (prazos diferenciados) do CPC

Lei 9467/97 art. 10 prejudica a súmula 620 STF , aplicando-se reexame necessário
às autarquias e fundações.

Bens das autarquias são públicos – Inalienáveis, irrenunciáveis e imprescritíveis. Art.


99, II, CC

Regime Jurídico das autarquias


Necessariamente o estatutário – regime jurídico único – RJU. Ler ADIN 2135-4 e
informativo 474 STF

Obrigatoriedade do concurso público. Pode prever psicotécnico?


R.: Sim , é possível psicotécnico desde que previsto na lei que rege o cargo. Súmula
686 STF. Ou seja, não é possível se estiver previsto apenas no edital. E de todo
modo, os critérios devem ser objetivos e públicos.
MS – 30822 05/06/2012 STF – informativo 668

Súmula 683 STF – critério de idade – É possível limitação ao livre acesso por conta
da idade se houver relação objetiva com a demanda exigida pelo cargo. Deve ser
verificar adequação, princípio da razoabilidade.

Princípio da obrigatoriedade da licitação


Art. 37, XXI CF, Aplica-se para serviços, alienação, compra e obra (SACO).

Na lei 8666/93 – Para serviços, alienação, compra , obra e locação (SACOL).

Agência reguladora: Espécie de autarquia, chamada de autarquia em regime


especial. Surge para regular determinados setores da economia. Atividade que no
passado era explorada pelo estado. Ex. Serviço de energia elétrica.
Lei 9491/97 – Programa nacional de desestatização (PND) – transferir à iniciativa
privada o que era até então explorada pelo Estado. Ex. ANEEL, ANATEL, ANP.
Surgem com propósito de normatizar, regulamentar e fiscalizar, em regra, serviços
públicos. ANCINE, por exemplo, é interesse público.

Características dessas agências: Lei 9472/97 Art. 80 parágrafo 20 –

1 - Mandato fixo dos seus dirigente. Não são titulares de cargo em comissão. São
titulares de mandato fixo, visando proteção a ingerências políticas;
Lei 9986/2000 – trata-se do regime de pessoas das agências reguladoras. O art. 1 0
foi declarado inconstitucional por dizer que o regime seria celetista. O STF, na ADIN,
2310 diz ser regime estatutário.
Princípio da não coincidência do mandato art. 70 desta mesma lei – não pode
coincidir com o mandato do chefe do executivo. CABM diz que tal princípio seria
inconstitucional. Por lesar o princípio republicano. Já o prof. Marcos Souto diz que
não há problemas na medida em que seria um instrumento de reforço na
legitimidade política da agência. Para prova de primeira fase segue-se a letra de lei;
ou seja, não pode coincidir.

Art. 52, III CF – serão investidos por ato administrativo complexo.


Só perdem o cargo em 3 hipóteses:
A- Por ação judicial que tenha transitado em julgado
B- Condenação em processo administrativo disciplinar (PAD) – lei 8112/90, Art. 168
MS 24619 – 11/10/2011 informativo 644 STF – A autoridade julgadora pode
contrariar o relatório da comissão desde que satisfatoriamente fundamentada.

C- Também só poderá perder se renunciar.

Rol meramente exemplificativo, a lei pode trazer nova hipótese não prevista na lei
geral. Números apertos.
Após o vínculo com a agência reguladora, o dirigente não pode participar no
mercado sob pena de o Estado ser capturado pelo regulado. É um impedimento para
se evitar a teoria da captura. É conhecido como quarentena, onde fica afastado
recebendo.
O TRF 5 anulou a designação de dois presidentes de concessionárias que
compunham o conselho de administração da ANATEL, com base na teoria da
captura (Richard Poswer- EUA)

2 - Independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica e autonomia


financeira.

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