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PESSOAS COLECTIVAS DE

DIREITO PÚBLICO

Guilherme F. Gabriel
Preliminares

As pessoas colectivas do direito


publico correspondem às pessoas
colectivas públicas e, como tal,
diferem-se das pessoas colectivas do
direito privado pelos critérios de
criação, fim e capacidade jurídica.
Cont.
Desta forma, dizem-se pessoas coelctivas de
direito público os entes colectivos criados
por iniciativa publica para assegurar, em
nome colectivo, a prossecução necessária de
interesse públicos, dispondo para tal, de
poderes públicos e submetidas a deveres
públicos. Portanto, a pessoa colectiva
pública é um dos sujeitos na relação
jurídico-administrativa.
Cont.

As pessoas coelctivas participam, de forma


imediata e necessária, por direito próprio,
no exercício da função administrativa do
Estado-colectividade. Na verdade, as
pessoas colectivas de direito público
abrangem um substrato de privilegio
social ou grupo humano (por ex: as
autarquias locais);
Cont.

Ou uma organização para administração em


beneficio de terceiros de uma massa
patrimonial (fundações), a uma direcção
de um estabelecimento público e a uma
associação de pessoas físicas ou
colectivas, dotadas de capacidade jurídica
(corporação).
Classificação das Pessoas Colectivas
Públicas
As pessoas colectivas de direito publico
classificam-se em:
 Estado-Administração, que é uma pessoas
colectiva de tipo territorial e populacional;
 Pessoas colectivas de natureza institucional
(institutos públicos);
 Pessoas colectivas de natureza empresarial
(empresas publicas);
Cont.

 Pessoas colectivas públicas do tipo


associativo (corporações e associações
públicas);
 Pessoas colectivas públicas de população
e território, nomeadamente, as autarquias
locais, no caso moçambicano e regiões
autónomas, no caso Português (Madeira e
Açores).
Regime Jurídico

O regime jurídico das pessoas colectivas


públicas varia conforme o tipo de pessoas
colectiva (isto é, é multiforme não sendo
igual para todas as pessoas colectivas),
cabendo a sua formatação ao legislador
de cada país ao criador a pessoa
colectiva.
Cont.

Desta forma, o regime jurídico das pessoas


colectivas compreende o que a seguir se
segue:
Criação e extinção das pessoas colectivas
públicas
As pessoas colectivas de direito público são
criadas por lei, ou iniciativa pública local,
nunca por acto administrativo, “ingressa no
campo do direito, sem se confundir com a
pessoa jurídica de direito privado”.
Cont.

A criação de pessoas colectivas pelo Estado-


Administração resulta do facto de este não
conseguir atingir com as suas actividades os
fins a que se propõe na plenitude.
Portanto, o Estado constitui ou reconhece as
pessoas jurídicas menores, como suficientes,
por si, para a missão que se destinam, visto
que é o próprio Estado quem cria e estrutura
de entidades já constituídas de facto,
Cont.

, espontaneamente, com formação


histórica, reconhecendo-os como
sujeitos de direito (ultimo caso,
estamos a falar de autarquias
locais).
Cont.

, espontaneamente, com formação histórica,


reconhecendo-os como sujeitos de direito,
neste ultimo caso, estamos a falar de
autarquias locais.
Qual é a razão de ser do Estado-
Administração que cria ou reconhece
as outras pessoas colectivas de direito
público?
Cont.

Tudo reside no que o Estado Administração


exerce, por direito próprio, a função
administrativa do Estado-colectividade,
que deriva necessariamente do poder
soberano (as atribuições e serviços são
determinados pelo poder legislativo), e é
o cerne da Administração Publica.
Cont.

Tudo reside no que o Estado -Administração


exerce, por direito próprio, a função
administrativa do Estado-clectividade, que
deriva necessariamente do poder soberano
(as suas atribuições e serviços são
determinados pelo poder legislativo).
Cont…

Quanto à extinção, as pessoas colectivas


são extintas por lei ou decisão pública
local, não se sujeitando ao regime
aplicável às pessoas colectivas privadas,
nomeadamente, a dissolução, a falência
ou insolvência.
Capacidade Jurídica de direito público e
privado

Fala-se da capacidade jurídica para exprimir a


aptidão para ser titular de um acervo de
direitos e obrigações. Logo, a capacidade
jurídica é gémea da personalidade jurídica.
Neste contexto, “toda a pessoa colectiva pode
ter capacidade de direito público ou de
direito privado” e património próprio.
Cont.

Esta conclusão deriva, necessariamente, das


formas jurídicas da actividade
administrativa, nomeadamente, a capacidade
jurídica de direito público corresponde à
gestão pública e a capacidade jurídica do
direito privado e património próprio
derivam da gestão privada.
Cont.

Destacamos a capacidade jurídica de direito


público. A pessoa colectiva pública tem
poderes públicos, nomeadamente, poderes
de autoridade sobre os particulares, poderes
de lançar taxas, de fazer regulamentos,
confiscar, de autonomia administrativa e
financeira, celebração de contratos
administrativos,
Cont.

Como também, pode assinalar-se um


conjunto de deveres, como o de
responsabilidade civil. (art. 58° da CRM,
Conjugado com art. 500° e 501 do CC).
Autonomia administrativa e financeira

Diz-se autonomia administrativa, o poder


conferido aos órgãos de uma pessoas
colectiva de direito público de praticar actos
administrativos definitivos, que serão
executórios desde que obedeçam a todos os
requisitos para tal exigidos por lei.
Cont.

Há autonomia financeira quando os


rendimentos do património da pessoa
colectiva e os outros que a lei lhe permite
cobrar sejam considerados receita própria,
aplicável livremente, segundo o orçamento
privativo, às despesas ordenadas por
exclusiva autoridade dos seus órgãos.
Direito de celebrar contratos
administrativos

As pessoas colectivas têm capacidade


jurídica de celebrar os contratos
administrativos, submetidos ao
regime do direito administrativo,
excepto as empresas públicas.
Bens do domínio público

As pessoas colectivas podem deter


bens submetidos ao regime público,
como também, ao regime privado.
Pessoal

O pessoal que presta a actividade para as


pessoas colectivas públicas está submetido
ao regime da função pública, excepto os
trabalhadores das empresas públicas que se
regem pela lei geral (lei do trabalho), não
obstante o facto de esta lei funcionar como
lei geral, e, portanto, capaz de preencher as
lacunas do regime da função pública
(Albano Macie, p. 196)
Sujeição ao regime administrativo de
responsabilidade civil
As pessoas colectivas públicas que
causarem danos a terceiros, no âmbito da
prossecução do interesse público,
respondem civilmente, nos termos do
regime administrativo aplicável, excepto
as empresas públicas, pois, respondem
nos termos gerais.
Sujeição à tutela administrativa

A lei permite que uma certa pessoas


colectiva pública possa intervir na
gestão de outra pessoa colectiva, com
vista a assegurar a legalidade ou o
mérito da sua actuação.
Sujeição à fiscalização e controlo externo dos
tribunais administrativos
As contas das pessoas colectivas públicas
estão sujeitas à fiscalização da Terceira
Secção do Tribunal Administrativo,
incluindo as empresas públicas e
sociedades com capitais maioritariamente
públicos (art. 14° da Lei n.° 8/2015 de 6
de outubro).
Fórum administrativo

Os litígios surgidos no âmbito das suas


actividades, as pessoas colectivas respondem
perante o Tribunal Administrativo, excepto
quanto às empresas públicas.
Chama-se atenção ao facto de que a excepção,
quanto às empresas públicas, não vale,
quando se tratar de controlo financeiro.
Atribuições e missões das pessoas colectivas
públicas: fins

As atribuições ou fins da pessoa colectiva


pública corresponde (m) a certa necessidade
colectiva ou certa zona da vida social, e o
Estado-Administracao há-de criar as pessoas
colectivas públicas especialmente para
aqueles fins dos quais a personalidade lhes
foi reconhecida: tal é o principio da
especialidade das pessoas colectivas.
Órgãos das pessoas colectivas públicas
Para perceber o termo órgão vamos analisar em
três perspectivas:
Na perspectiva da organizacao administrativa
(AP no sentido subjectivo), os órgãos devem
ser tidos como instituicoes; é, por isso, que,
nesta perspectiva, encontramos os modos de
designação dos titulares dos órgãos, isto é,
como é que as pessoas físicas chegam a
ocupar os seus cargos ou mandatos.
Cont.

Na perspectiva da actividade administrativa,


o conceito de órgão deve ser tomado no
sentido de individuo, ou pessoa física que
encarnou a instituição, poi interessa quem
tomou uma determinada decisão, uma vez
que a vontade funcional é manifestada, em
termos práticos, por indivíduos.
Cont.

Por ultimo, os órgãos são os centros de


imputação dos poderes funcionais e
manifestam a vontade funcional que
a lei imputou às pessoas colectivas
públicas.
Classificação dos órgãos

Critério do numero de titulares: podemos


falar de i) órgãos singulares, ii) órgãos
colegiais, quer se trate de um titular ou mais
de um titular respectivamente;
Logo, sendo órgão singular, este decide e, sendo
órgão colegial, delibera, e para as suas
reuniões ou sessões, requere o preenchimento
de quórum para reunir e deliberar
validamente;
Cont.

Como também, a sua composição tem, em


regra, de ser em números impares, às
vezes, quando seja número par, confere-
se, ao presidente do órgão, o voto de
qualidade para casos de desempates na
obtenção das deliberações.
Cont.
Para o órgão colegial reunir, é preciso qua haja
convocatória para o efeito. As sessões do
órgão podem ser ordinárias e
extraordinárias. As formas de deliberação
vão desde a maioria relativa, isto é, havendo
quórum de deliberação, a deliberação será
expressa pelos votantes que se pronunciaram
em numero maior;
Cont.

A maioria absoluta em que a deliberação se


obtém por mais de metade dos votos,
tendo em referencia a composição do
órgão (50% +1); maioria qualificada, que
pode ser de dois terços, três quartos; e
unanimidade que requer a totalidade de
votos favoráveis.
Critério do tipo de funções exercidas

Critério da forma de designação: i)


representativos, que são eleitos e ii) não
representativos, que são designados por via de
outros processos, como nomeação e cooptação.
Órgãos centrais e locais: conforme exercem os
seus poderes a nível do território nacional
(Ministério); ou local (autarquias, província,
distrito, posto administrativo, povoado,
localidade..)
Cont.
Órgãos primários, secundários e vicários:
os primários dispõem de uma competência
própria para decidir; os secundários,
dispõem de competência delegada, quer
forma originaria ou derivada e vicários, que
exercem competências por substituição dos
seus titulares em caso de impedimento ou
ausências (ex: os vice-presidentes).
Cont.

Órgãos permanentes e temporários:


quer tenham duração indefinida e
quer actuem por um período
determinado por lei, respectivamente.
Cont.
Órgãos simples e complexos: quer tenham uma
estrutura unitária, logo simples, ou mesmo
colegiais, desde que os seus titulares só
possam actuar colectivamente quando
reunidos; e quer tenham estrutura
diferenciada, isto é, constituídos por titulares
que exercem, também, competências
próprias, tal é o caso de Conselho de
Ministros, em que cada ministro detém
competência própria.
Competências dos órgãos das pessoas
colectivas públicas

O complexo de poderes funcionais


conferidos por lei a cada órgão para o
desempenho das atribuições da
pessoa colectiva em que esteja
integrado constitui o que se chama
competência desse órgão.
Cont.

Neste sentido, atribuições dizem


respeito às pessoas colectivas e a
competência aos órgãos. Desta
conjugação resultam consequências
importantes, a saber:
Cont.
 Que qualquer órgão da pessoa colectiva
pública, no âmbito da prossecução do
interesse público, está limitado pela sua
própria competência, não sendo de tolerar
que invada competências de outros órgãos
da mesma pessoa colectiva publica, sob
pena de incompetência em razão da matéria,
embora relativa, o que conduz à
anulabilidade da decisão.
Cont.
 Que o órgão da pessoa colectiva, para
além delimitação anterior, encontra-
se limitado pelas atribuições da
pessoa colectiva em cujo nome actua,
sendo-lhe proibido praticar quaisquer
actos sobre matéria estranha aos fins
da pessoa colectiva, sob pena de
praticar actos ilegais, nulos de
nenhum efeito.
Cont.

As atribuições da pessoa colectiva e as


competências dos seus órgãos limitam-se,
reciprocamente, uma às outras: nenhum
órgão administrativo pode prosseguir
atribuições da pessoa colectiva a que
pertence por meio de competências que não
sejam as suas, nem tão-pouco pode exercer a
sua competência fora das atribuições da
pessoa colectiva em que se integra.
Delimitação da competência

A delimitação da competência segue o


principio da legalidade. Isto é, a lei é que
confere e delimita a competência dos órgãos
das pessoas colectivas publicas. Logo, os
órgãos das pessoas colectivas só podem
fazer aquilo que a lei permite,
contrariamente aos particulares que podem
fazer tudo o que a lei não proíbe.
Cont.
 É imodificável, isto é, ninguém pode alterar
o conteúdo ou a divisão da competência
feita por lei, se não ela mesma, através da
sua alteração pelo órgão competente.
 É irrenunciável e inalienável: excepto os
casos de delegação de poderes para órgãos
subalternos e de concessão a outras
entidades privadas,
Cont.

, nos casos previstos na lei, os órgãos da AP


não podem, em caso algum, praticar actos
pelos quais recusem ou transmitam os seus
poderes para outros órgãos da AP ou mesmo
entidades privadas.
Sobre irrenunciabilidade, caro estudante veja
o art. 36° da lei 14/2011, de 10 de agosto.
Critério de delimitação de competência

A competência pode ser delimitada ou


fixada em razão da matéria, do grau
hierárquico, do lugar e do tempo. Há
que acresce a razão do valor.
Cont.
 Competência em razão da matéria: diz
respeito ao conteúdo em que certo órgão da
AP vai actuar.
 Competência em razão da hierarquia:
haverá numa pessoa colectiva publica um
conjunto de órgãos escalonados de forma a
constituir uma hierarquia. Ex: podemos ter
num Ministério, Ministro, Secretario Perante;
Director nacional; chefe do departamento
central… de forma vertical.
Cont.
 Competência em razão do território: a
competência é repartida conforme as
circunscrições territoriais, nomeadamente,
órgão central, é exercida ao nível nacional,
órgão local, a competência é exercida na
província, distrito ou posto administrativo.
Art. 277°, conjugado com art. 281°, ambos
da CRM.
Cont.

 Competência em razão do tempo: a


competência diz respeito, regra geral, ao
momento presente, portanto, arrepia ao
direito, no geral, a produção de actos
retroativos ou diferidos pelos órgãos da
AP.
Cont.

 Competência em razão do valor: esta


delimitação depende do valor quantitativo
atribuído à causa (ex: a lei de terra o
poder de o Governador autorizar o direito
de uso e aproveitamento da terra até
limite máximo de 1000 hectares).
Classificação da Competência

Quanto ao modo de atribuição: a


competência pode ser própria e delegada. É
própria quando fixada pela lei e delegada,
quando resulta de manifestação da vontade
de um outro órgão administrativo atreves do
processo de delegação de poderes,
normalmente, superior hierárquico.
Cont.

Quanto à inserção da competência nas


relações inter-orgânicas: é comum
quando a competência do superior
hierárquico engloba a dos subordinados,
nos casos necessários para prevenir a
jurisdição, ou casos de escusas do
subordinado em decidir, o superior tomar a
decisão no lugar deste, se estiverem
integrados na mesma hierarquia.
Cont.

Exclusiva/reservada: quando esta


pertence unicamente aos
subordinados, não se incluindo na
dos superiores. Neste caso, o
subordinado toma decisões
definitivas e executórias que cabem
recurso contencioso.
Cont.

Não sendo o subordinado órgão


independente, apesar de gozar de uma
competência exclusiva, pode receber
ordens superiores para alterar ou revogar
as decisões que tenha tomado, em
homenagem aos poderes do superior
hierárquico.
Cont.

Quanto ao numero de órgãos titulares: é


singular quando pertence a um único órgão;
conjunta quando pertence a dois ou mais
órgãos administrativos diferentes de forma
simultânea devendo ser exercida por todos
num único acto. É o caso dos despachos
interministeriais ou conjuntos.
Cont.

Quanto à substancia: a competência é


dispositiva, quando é conferida ao órgão
para tomar decisão sobre um certo
assunto; e revogatória quando extingue
ou faz cessar os efeitos de uma decisão
anteriormente tomada.
Cont.

Competência separada: em que o


subalterno pode praticar actos
administrativos executórios e não
definitivos e, pois cabem recurso
hierárquico necessário.

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