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Direito Administrativo
Administração Publica
Interesse Publico
O instituto publico é uma pessoa colectiva pública de tipo institucional, criada para
desempenhar funções administrativas pertencentes ao Estado ou a outro ente público. O
instituto publico pertence à Administração estadual indirecta mas pode assumir formas
de Administração autónoma (universidades públicas) ou até de Administração
independente (entidades administrativas independentes). Os institutos publicos
(administração estadual indirecta) são entes criados pelo Estado com atribuições
administrativas específicas, cujos dirigentes são nomeados pelo Governo, gozando, não
obstante, de autonomia jurídica, administrativa, financeira e patrimonial. Os institutos
públicos escapam ao poder de direcção do Governo, ficando apenas subordinados a
meros poderes de superintendência (orientação) e tutela (fiscalização da legalidade):
artigo 199o, d) da CRP. Cada um destes entes reproduz no seu interior a hierarquia que
caracteriza a Administração estadual directa. (ver leg. em baixo)
Lei n.o 3/2004, de 15 de Janeiro (DL n.o 96/2015, de 29/05) LEI QUADRO DOS INSTITUTOS PÚBLICOS
Artigo 2.o
Âmbito de aplicação
1 - Os institutos públicos integram a administração indirecta do Estado e das Regiões Autónomas.
2 - A presente lei é aplicável aos institutos públicos da Administração do Estado e será aplicável aos institutos
públicos das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, com as necessárias adaptações estabelecidas em decreto
legislativo regional.
Artigo 3.o
Tipologia
1 - Para efeitos da presente lei, consideram-se institutos públicos, independentemente da sua designação, os serviços
e fundos das entidades referidas no artigo 2.o, quando dotados de personalidade jurídica.
2 - Quer os serviços personalizados, quer os fundos personalizados, também designados como fundações públicas,
podem organizar-se em um ou mais estabelecimentos, como tal se designando as universalidades compostas por
pessoal, bens, direitos e obrigações e posições contratuais do instituto afectos em determinado local à produção de
bens ou à prestação de serviços no quadro das atribuições do instituto.
3 - Não se consideram abrangidas pela presente lei as entidades públicas empresariais previstas no Decreto- Lei n.o
558/99, de 17 de Dezembro.
4 - As sociedades e as associações criadas como pessoas coletivas de direito privado pelo Estado, Regiões
Autónomas ou autarquias locais não são abrangidas pela presente lei, devendo essa criação ser sempre autorizada por
diploma legal.
As PCP são dirigidas por órgãos. Cabe aos órgãos tomar as decisões em nome daquelas.
Os órgãos são centros institucionalizados de poderes funcionais (artigo 20o CPA), com
titulares ou membros. Poderes funcionais porque são atribuídos em função da
prossecução de fins públicos específicos e pre-determinados. Para que os indivíduos se
tornem titulares dos órgãos é necessário a investidura.
Já os trabalhadores da Administração Publica são indivíduos com uma relação especial
de serviço com os entes administrativos e que desenvolvem, sob a direcção dos titulares
dos órgãos a actividade dos serviços.
As PCP existem para prosseguir fins (atribuições), para o que necessitam de poderes
(competências). Assim sendo, as atribuições são os fins ou interesses que a lei incumbe
às pessoas colectivas publicas prosseguir ou realizar. Actos praticados fora das
atribuições são nulos. Para esse efeito, as PCP precisam de competências.m princípio, as
atribuições referem-se às PCP e as competências aos órgãos. As competências são o
conjunto de poderes funcionais atribuídos aos órgãos. Os actos praticados fora da
competência de cada órgão são anuláveis.
Não basta que o órgão actue no âmbito das atribuições sa PCP a que pertence e no
âmbito das suas competências. É necessário que o órgão tenha legitimação. A
legitimação é a qualificação especifica do órgão para exercer a sua competência numa
situação concreta.
As pessoas colectivas públicas existem para prosseguir determinados fins. Aos fins das
pessoas colectivas públicas chamamos atribuições que são os fins ou interesses públicos
que a lei incumbe as pessoas colectivas de prosseguir e realizar. Para esse efeito, as
pessoas colectivas públicas dispõem de órgãos que necessitam de poderes funcionais.
Ao conjunto de poderes funcionais de cada órgão chamamos competências. Assim, as
competências são o conjunto de poderes funcionais que a lei confere aos órgãos
administrativos da pessoa colectiva pública em que estão inseridos. As atribuições
referem-se às pessoas colectivas públicas enquanto a competência se refere aos órgãos.
CRP e pela lei [artigo 23o da L no 75/2013: 1 - Constituem atribuições do município a promoção e
salvaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, em articulação com as freguesias. 2 - Os municípios
dispõem de atribuições, designadamente, nos seguintes domínios: a) Equipamento rural e urbano; b) Energia; c)
Transportes e comunicações; d) Educação, ensino e formação profissional; e) Património, cultura e ciência; f)
Tempos livres e desporto; g) Saúde; h) Ação social; i) Habitação; j) Proteção civil; k) Ambiente e saneamento básico;
l) Defesa do consumidor; m) Promoção do desenvolvimento; n)
8. Caso prático
Administração
O termo administrar remonta as suas origens às expressões latinas “ad ministrare”
(servir) e “ad manus trahere” (manejar). Administrar seria agir ao serviço de
determinados fins e com vista a realizar certos resultados. Administrar é algo que passa
por estruturar um grupo humano em função dos fins que este se propõe atingir.
Administrar é uma ação humana que consiste em prosseguir certos objetivos através do
funcionamento da organização. Para Freitas do Amaral, administração pública é o
conjunto de necessidades coletivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental
pela coletividade, através de serviços por esta organizados e mantidos. Porém, nem
todos os serviços que funcionam para a satisfação das necessidades coletivas têm a
mesma origem ou a mesma natureza: uns são criados e geridos pelo Estado (polícia,
impostos), outros são entregues a organismos autónomos que se autossustentam
financeiramente (hospitais, portos), outros ainda são entidades tradicionais de origem
religiosa hoje assumidas pelo Estado (Universidades). Todos estes serviços têm a
mesma natureza ou a mesma origem, funcionam para a mesma finalidade: satisfazer as
necessidades coletivas, que podemos reconduzir a três espécies fundamentais:
segurança, cultura e bem-estar (artigos 2.º e 9.º CRP).
O artigo 2o da CRP consagra um principio fundamental. Tal como já decorria do art.
1.º, o Estado assenta em duas bases essenciais: os direitos e as liberdades fundamentais
das pessoas, que correspondem à substância do Estado Constitucional, e o pluralismo
político, que traduz o conjunto das formas mais adequadas à garantia do Estado
Constitucional (o policentrismo e a divisão de poderes).
A democracia é entendida como um processo, no qual os órgãos do poder estão
vinculados aos direitos e liberdades fundamentais (artigos. 2.º, 3.º, 9.º b), 18.º n.º1 e
22.º) e às formas constitucionais (principio da constitucionalidade) e os cidadãos gozam
de autonomia e liberdade, daí que possam resistir contra atos que ofendam esses direitos
e liberdades (art.º 21.º). Quanto ao art. 9o da CRP, o primeiro programa de trabalho
resulta ser o da garantia e da efetivação dos direitos e liberdades fundamentais. Trata-se
de uma tarefa que deve mobilizar todas as funções do Estado e é inseparável da
afirmação do regime político democrático.
Administração Pública
Administração Estadual
A Administração Estadual era ablativa, isto é, uma administração que concentrava a sua
atividade na imposição de sacrifícios aos cidadãos. Desenvolveu-se a Administração
Estadual Prestadora, passando o Estado a responder às mais variadas solicitações dos
cidadãos, prestando-lhes múltiplas utilidades: cuidados de saúde, ensino, prestações de
segurança social, informação, etc.
Administração estadual pode ser direta, indireta ou independente.
Não são administração indireta do estado é muito heterogénea, são órgãos do estado,
exercem funções administrativas, tem orgânica de institutos públicos (formalmente são
os institutos públicos). O governo não é responsável politicamente por eles.
Entidades criadas por lei para a prossecução de interesses estaduais. Quanto aos
Titulares (características): Inamovíveis. Independência funcional. Independentes em
relação às funções que exercem. Regra geral são nomeados pela Assembleia da
República o que lhes confere alguma legitimidade democrática.
A Administração Independente é constituída por autoridades também criadas por lei
para prosseguir interesses estaduais (por isso são também Administração do Estado).
Em alguns casos nem sequer têm personalidade jurídica própria, mas dispõem de
poderes regulatórios especialmente intensos (normativos, jurisdicionais e
administrativos). O que caracteriza este subnível da Administração estadual é o facto de
não responderem os seus órgãos dirigentes perante o Governo pela sua atividade e pelo
exercício de tais poderes, não estando sujeitos a ordens ou instruções de qualquer
instância superior (nomeadamente governamental), ou sequer a poderes de mera
orientação (superintendência) ou controlo (tutela) do Governo, o que não impede a
expressa previsão constitucional comtemplada no art.º 267.º, n.º 3 CRP, ergue questões
problemáticas quanto à legitimidade democrática. Distinguimos entidades
administrativas e de regulação. Entidades administrativas: Provedor de Justiça artigo
33.º CP; Comissão Nacional de eleições artigo 133.º CP; Comissão Nacional de
proteção de dados artigo 33.ºCP; Entidade Reguladora da Comunicação Social artigo
39.º CP. Entidades de regulação: Comissão de mercados e valores imobiliários;
Autoridade da concorrência autoridade Nacional da Aviação Civil; Entidade Reguladora
da saúde; Autoridade reguladora das comunicações.
A Administração Autónoma
Todos estes entes tal como os institutos públicos, prosseguem não interesses próprios
das respetivas comunidades mas antes fins específicos e de cariz estadual. Mas tal
como as populações das autarquias locais também estas comunidades se
autoadministram, elegendo os respetivos dirigentes. Por esta razão, e também na medida
em que a Constituição (no caso das Universidade Públicas) ou a lei (no caso das
associações públicas) afastam os poderes de superintendência e quase todos os poderes
de controlo do Governo, gozando por isso tais entes de uma autonomia muito próxima
da que a Lei Fundamental garante aos entes autónomos territoriais, acabam eles por
integrar igualmente a Administração Autónoma.
De entre os vários critérios que têm sido utilizados para distinguir as Pessoas Coletivas
Públicas das Privadas, o autor defende dever seguir um critério misto que combine: a
criação, o fim e a capacidade jurídica. As Pessoas Coletivas Públicas são pessoas
coletivas criadas por iniciativa pública para assegurar a prossecução necessária de
interesse público, e por isso dotadas em nome próprio de poderes e deveres públicos. As
pessoas coletivas nascem de uma decisão pública, regida pelo direito público, tomada
pela coletividade nacional, ou por comunidades regionais ou locais autónomas, ou
proveniente de uma ou mais pessoas coletivas públicas já existentes: a iniciativa privada
não pode criar pessoas coletivas públicas. Há pessoas coletivas privadas
(nomeadamente as instituições particulares de interesse público) que também
prosseguem interesses públicos. São 7 as categorias de Pessoas Coletivas Públicas (Art.º
2º nº4 CPA), no Direito português atual (apresentadas da maior para a menor
dependência do Estado): A saber: o Estado; os Institutos Públicos; as Empresas
Públicas, na modalidade de entidades públicas empresariais, as Associações Públicas;as
Autarquias Locais; as Regiões Autónomas; as Entidades Administrativas
Independentes. No fundo reconduzem-se a três tipos de Pessoas Coletivas: De
População e Território (ou tipo territorial) – Estado, Regiões Autónomas e Autarquias
Locais. De Tipo Institucional – Institutos e Empresas Públicas. De Tipo Associativo –
Associações Públicas.
Quanto ao Regime Jurídico: As Pessoas Coletivas Públicas não têm um regime
uniforme, não é igual para todas elas; depende da legislação aplicável. Aspetos
predominantes do seu regime jurídico: Criação e Extinção – Criadas por ato do poder
central ou iniciativa pública local; não têm o direito de se dissolver a elas mesmas e não
estão sujeitas a falência nem insolvência. Capacidade jurídica de direito privado e
património próprio – Todas as pessoas coletivas públicas possuem estas características
cuja importância se salienta no desenvolvimento de atividades de gestão privada.
Capacidade de Direito Público – São titulares de poderes e deveres públicos (especial
relevância dos poderes de autoridade – poder tributário, regulamentar). Autonomia
administrativa e financeira. Isenções fiscais. Direito de celebrar contratos
administrativos. São ou podem ser titulares de bens do domínio público. Funcionários
Públicos – Submissão ao regime da função pública. Sujeição a um regime
administrativo de responsabilidade civil – Pelos prejuízos que causarem a outrem, as
pessoas coletivas respondem nos termos da legislação própria do Direito
Administrativo. Sujeição a tutela administrativa do Estado. Sujeição à fiscalização do
Tribunal de Contas. Foro Administrativo – Questões dirigidas da sua atividade pública
são da competência dos tribunais do contencioso administrativo. Os orrgãos: São
figuras institucionais dotadas de poderes (consultivos, decisórios ou de fiscalização)
capazes de preparar, manifestar ou controlar as manifestações de vontade, isto é, os atos
jurídicos imputáveis ao ente. É o centro institucionalizado de imputação de poderes e
deveres, através da qual é manifestada a vontade da pessoa coletiva, e por isso é que as
pessoas coletivas prosseguem fins públicos que são atribuições. Os órgãos têm meios
que são competências designadas na lei, que são poderes e deveres. As Pessoas
Coletivas são dirigidas por órgãos. Estes manifestam a vontade imputável à pessoa
coletiva. Quanto a natureza dos seus órgãos podemos anotar duas posições: a de
Marcello Caetano que nos diz que são instituições e não indivíduos. São centros
institucionalizados de poderes funcionais exercidos por indivíduos que agem em nome
da pessoa coletiva. O órgão é o centro de poderes funcionais; o titular é o individuo que
exerce esses poderes funcionais em nome da pessoa coletiva. Portanto, o órgão é uma
instituição; o titular do órgão é um indivíduo. A vontade pessoal e institucional são
realidades distintas. A de Afonso Queiró, que nos diz que são indivíduos e não
instituições. O órgão não é o centro de poderes e deveres. O conjunto de poderes
funcionais chama-se competência, não se chama órgão. O órgão é o indivíduo. Freitas
do Amaral propõe uma conjugação das duas posições, afirmando que depende da
perspectiva sobre a qual no colocamos. A teoria geral do Direito Administrativo
compreende três perspetivas: A Organização Administrativa – Aqui os órgãos têm de
ser concebidos como instituições (o individuo é irrelevante). Atividade Administrativa –
Interessa ao direito o órgão como indivíduo (quem decide e comete erros, cumpre ou
viola a lei, são os indivíduos). Quem pratica atos administrativos são os indivíduos. O
órgão da administração é o individuo, não é a instituição. Garantias dos Particulares.
Institutos Públicos
Fundações Públicas
A fundação é uma pessoa coletiva cujo fim fundamental é um conjunto de bens afetados
de forma permanente à realização de determinada finalidade, de natureza altruística. A
fundação pública é uma fundação que reveste natureza de pessoa coletiva pública. São
reguladas pelo direito administrativo; são patrimónios afetados à prossecução de fins
públicos especiais.
Regime Jurídico dos Institutos Públicos: Traços específicos dos institutos públicos
O princípio de separação de poderes em sentido material é uma ideia típica do séc. XIX.
Na verdade esse imperativo vestido de autoridade dos homens das revoluções liberais
visava evidenciar o poder legislativo como o único poder criador do direito. Os três
eram igualmente soberanos, mas, e não ótica de Georges Orwel, o legislativo era «mais
soberano do que os outros», pois pretendia confinar o executivo e o judicial a uma
atividade de pleno cumprimento da lei.
Aqui prevalece a mera ideia da divisão dos serviços dentro da organização estadual,
simples arranjo técnico compatível com um sistema monista, que coloca o parlamento,
em vez do antigo monarca absoluto, no centro da vida política e jurídica do país. Esta
foi a conceção dos revolucionários franceses de 1789, que apenas reconheciam
verdadeira legitimidade ao Parlamento, dada a sua qualidade de assembleia
representativa da nação – e que por essa razão atribuíam sem rodeios uma quase
absoluta primazia ao poder legislativo relativamente aos outros poderes (poder
executivo e poder judicial).
Trouxe uma quarta função do Estado a par das demais: a função política ou
governamental, que se procurou também «distribuir» pelos referidos complexos de
órgãos. Deu-se a evolução do tradicional esquema de separação rígida de poderes para
um sistema de divisão de poderes flexível.
Acaba de se aludir às dificuldades que se deparam nos nossos dias a qualquer tentativa
de distinguir a função administrativa da função legislativa. É que a Administração
também emite regras jurídicas, os chamados regulamentos administrativos, que como as
leis são normas gerais e abstratas, dotadas de ius imperium e coercivas, sendo que os
regulamentos praeter legem partilham com as leis o atributo da inovação (fixação de
novos direitos e deveres). Por seu turno, também o legislador adota como a
Administração medidas concretas e individualizadas – e também ele pode proceder (se
assim o entender), e para além disso, à regulamentação de aspetos de pormenor nas
matérias a conformar (pelo menos no nosso sistema jurídico, pois nele inexiste, e
diferentemente do que acontece noutros sistemas, como o francês, qualquer «reserva de
regulamento», enquanto reserva do poder executivo). Como é que se pode distinguir
então com alguma segurança estas duas funções do Estado? Não obstante a
admissibilidade dos regulamentos praeter legem, e a possibilidade de, por seu turno, as
leis «ocuparem» o espaço à partida destinado a regulamentos executivos, a verdade é
que, em regra, continua a caber ao legislador o papel de definir e regular primariamente
e de forma inovadora uma relação da vida social. Ou seja, é ao legislador que compete,
por regra, introduzir uma primeira regulação jurídica da vida. Os outros poderes são, de
acordo com a missão que também em princípio lhes está destinada, poderes derivados
ou secundários: não é pois em regra ao juiz, nem à Administração, que cabe regular
primariamente relações da vida. Por outro lado, a lei-medida ou a lei-individual
provinda do próprio legislador ordinário que, em resposta às exigências próprias da
sociedade técnica dos nossos dias, se vê obrigado a utilizar a lei para prosseguir escopos
concretos, na medida em que consubstancie a tomada de opções fundamentais da vida
comunitária, considera-se traduzir ainda um modo de exercício da função legislativa
(ainda que excecional: a nossa Constituição, por exemplo, no seu art.o 18.o só admite
leis restritivas de direitos, liberdades e garantias com carácter geral e abstrato).
Resumindo e concluindo, por contraponto à atuação geral-abstrata que é emblemática
do Parlamento, a atuação individual e concreta caracteriza as intervenções da
Administração, sendo esta destrinça complementada pela ideia de essencialidade ou de
novidade que diferencia também em regra a lei do regulamento administrativo.
A função administrativa abrange toda a atividade pública subordinada à lei que, não
consistindo a título principal na resolução de «questões de direito», nem se traduzindo
na realização de escolhas fundamentais da comunidade política, vise a criação de
condições concretas de realização dos ideais de Paz, Justiça e Desenvolvimento
definidos pelos órgãos superiores da comunidade.
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Todos os poderes têm de ser atribuídos por lei. Os fins estão nos pressupostos.
Administração pública é uma autoridade. Por ex. o poder de expropriar, se a
Administração entende que há um interesse público por determinada estrada o particular
tem que ceder. Aqui temos a prevalência do interesse público sobre um interesse
particular. Os particulares estão numa situação de sujeição mas nunca totalmente
sacrificados, pois a Administração deve respeitar o mais possível os interesses dos
particulares (Princípio da personalidade). Se o particular tem um direito significa que
tem um poder vinculado. Quem primeiro o garante é o legislador.
O interesse público primário ou bem comum, corresponde aos valores básicos que
orientam uma comunidade política, cuja escolha, definição e satisfação está entregue
aos seus órgãos político-legislativos, essencialmente através do exercício da função
legislativa – aqui se compreendendo, desde logo, o próprio poder constituinte.
A realização do interesse público primário ou bem comum traduz-se na criação de
condições de paz, segurança, justiça e desenvolvimento necessárias ao bem- estar
material e mesmo espiritual da sociedade. São objetivos últimos de qualquer
comunidade politicamente organizada ainda que difíceis de alcançar e nunca realizáveis
plenamente, cuja realização imediata é solicitada aos órgãos político-legislativos da
comunidade.
Todos os poderes têm de ser atribuídos por lei. Os fins estão nos pressupostos. O poder
administrativo ou executivo é um poder de execução que prossegue os interesses
definidos pelo legislador e é só pelo legislador a quem cabe por isso a definição das
opções políticas da mesma comunidade.
A Administração Pública não tem liberdades propriamente ditas, isto significa que de
modo diferente do que acontece com os particulares, ela não dispõe de espaços onde
possa atuar fora do direito, em função de fins por si que sejam livremente escolhidos. A
Administração está assim sujeita, ou vinculada à satisfação de necessidades, interesses
ou fins que lhe são fixados de fora (pelo legislador), os quais ela tem obrigatoriamente
que prosseguir. Se muitas vezes a lei lhe condece poderes discricionários, ilimitados,
estes poderes são quando muito uma escolha de meios, e não de fins. Assim a
Administração Pública nunca escolhe por conseguinte os seus fins. Não pode usar os
poderes que o legislador lhe atribui para prosseguir outros fins que não aqueles que cada
lei lhes fixa especificadamente. Os poderes públicos que integram a competência de
cada órgão são poderes funcionais. São poderes atribuídos em função exclusivamente da
prossecução de fins públicos específicos e predeterminados. Não pode um órgão da
administração, exercer um poder que a lei lhe outorga para a prossecução de um outro
fim público que não o/os que presida(m) por força da mesma lei a esse poder.
Administração Pública em sentido subjetivo, é esta uma organização complexa e plural
que agrega um lato conjunto de entidades, órgãos e serviços articulados entre si,
compostos e preenchidos por pessoas individuais ou físicas, que são os titulares de
cargos e os funcionários com vínculo de emprego público – a quem cabe executar
tarefas preordenadas à satisfação de interesses ou fins públicos.
Os fins são a razão de ser da Administração Pública, foi criada precisamente e apenas
para servir a comunidade, para prosseguir o interesse público que a lei lhe fixa (cfr. art.o
26.º, nº 1, e 269.º, nº 1 da CRP e artº 4° e art.o 3° do CPA). Dada a necessidade da
prévia fixação por lei do interesse público, importa referir que o mesmo legislador
outorga a cada órgão administrativo –, o princípio da prossecução do interesse público
constitui uma decorrência do princípio da legalidade da Administração (Art.º 266º, nº 2
CRP e Artº 3º, nº CPA). A Administração só pode fazer aquilo que lhe é
especificamente permitido por lei prévia.
Subsunção
Cabe pois ao legislador decidir quais os interesses públicos que, e uma vez verificados
determinados pressupostos, devem desencadear uma intervenção da Administração
Pública. O legislador define uma situação da vida real e indica uma solução para o caso
e a Administração, por sua vez, convoca e aplica à situação concreta as regras que o
legislador definiu. Estamos perante a operação subsunção.
Na última década do séc. XX e nos primeiros anos do séc. XXI, com o advento do
primeiro Código de Procedimento Administrativo, de 1991, com as revisões
constitucionais de 1989 e de 1997, e com a grande reforma do contencioso
administrativo de 2002, assistiu-se em Portugal a um reforço dos direitos e interesses
legalmente protegidos dos particulares, sem que todavia a Constituição e a lei tenham
posto em causa a premissa da situação de sujeição geral destes perante a Administração
que caracteriza os sistemas de administração executiva vigentes na Europa continental,
entre os quais se conta também o nosso sistema administrativo.
Notas
Administração Estadual
Administração autónoma
A Administração Autónoma territorial é formada por entes autónomos com uma base
geográfica que coincide com determinada parcela do território do Estado. É o caso das
autarquias locais (das freguesias, dos municípios e das regiões administrativas) e das
Regiões Autónomas. Estas estão dotadas de mais do que de uma mera autonomia
administrativa, também e sobretudo de uma lata autonomia política e legislativa.
Juridicamente são pessoas coletivas que têm por substrato um conjunto de pessoas que
por habitarem numa determinada área contígua, têm entre eles vínculos de vizinhança
que geram interesses comuns vários. Prosseguem por isso, do mesmo modo que o
Estado, um grande numero de fins, e que se autoadministram, elegendo os residentes em
cada uma dessas partes do território nacional, os titulares dos órgãos de topo dos
respetivos entes (assembleias municipais e de freguesia, câmaras e juntas de freguesia).
O território, a população e o autogoverno (autoadministração) são pois elementos
essenciais destas figuras: nisso elas mimetizam o Estado (também composto como é
sabido por um povo, um território e por um poder político soberano emanado do dito
povo), tendo em comum com o mesmo Estado o serem também pessoas coletivas de
população e território. As autarquias locais estão sujeitas apenas a uma tutela de
legalidade por parte do Governo – e que a nossa lei reduz ao mínimo, a saber, à
modalidade de tutela inspetiva.
A Administração Pública em sentido formal traduz-se nos atos principais através dos
quais a Administração em sentido subjetivo, atua juridicamente, e que são os mais fortes
e significativos meios próprios utilizados para a prossecução do interesse público. Tais
atos consubstanciam o modo de agir próprio e típico da Administração Pública enquanto
poder executivo, desempenhando um papel idêntico ao que a lei e a sentença
desempenham enquanto atos próprios e típicos, respetivamente, do poder legislativo e
do poder judicial. A atividade administrativa é levada a cabo, nos seus pontos
culminantes, através de três atos jurídicos típicos, a saber: Através da produção de
normas jurídicas próprias que concorrem com a lei propriamente dita, e que se designam
regulamentos administrativos; Através de decisões concretas, ou seja, de atos
administrativos; Através da celebração de contratos de direito público com o particular
(o mesmo é dizer, de contratos administrativos). Os regulamentos são normas jurídicas
emitidas pela Administração.
Os atos administrativos são atos sem carácter normativo, pois existem para um caso
concreto e único, neste se esgotando os respetivos efeitos jurídicos; trata-se de decisões
administrativas unilaterais que se impõem aos seus destinatários, os quais são
individualizados ou individualizáveis, circunscrevendo-se os seus efeitos a situações
concretas. Dois tipos de atos administrativo, atos discricionários e os atos não
discricionários. (Ex atribuição de nacionalidade não há discricionalidade). Nos atos
discricionários administração pública é obrigada.
Acaba de se aludir às dificuldades que se deparam nos nossos dias a qualquer tentativa
de distinguir a função administrativa da função legislativa. É que a Administração
também emite regras jurídicas, os chamados regulamentos administrativos, que como as
leis são normas gerais e abstratas, dotadas de ius imperium e coercivas, sendo que os
regulamentos praeter legem partilham com as leis o atributo da inovação (fixação de
novos direitos e deveres).
Por seu turno, também o legislador adota como a Administração medidas concretas e
individualizadas – e também ele pode proceder (se assim o entender), e para além disso,
à regulamentação de aspetos de pormenor nas matérias a conformar (pelo menos no
nosso sistema jurídico, pois nele inexiste, e diferentemente do que acontece noutros
sistemas, como o francês, qualquer «reserva de regulamento», enquanto reserva do
poder executivo).
Como é que se pode distinguir então com alguma segurança estas duas funções do
Estado?
Ou seja, é ao legislador que compete, por regra, introduzir uma primeira regulação
jurídica da vida. Os outros poderes são, de acordo com a missão que também em
princípio lhes está destinada, poderes derivados ou secundários: não é pois em regra ao
juiz, nem à Administração, que cabe regular primariamente relações da vida.
Não obstante, o ato jurisdicional é um ato praticado por autoridades do Estado que são
por definição imparciais, neutras e independentes. Os juízes estão apenas subordinados
à lei: cada juiz constitui um órgão de soberania subtraído a qualquer relação hierárquica
– não é subordinado sequer dos juízes dos tribunais superiores ou dos respetivos órgãos
de autogoverno. Cabe-lhe resolver de acordo com o direito uma questão jurídica,
entendendo-se por tal um conflito de interesses entre duas ou mais pessoas, ou pelo
menos uma controvérsia entre a verificação ou não em concreto de uma ofensa ou
violação da ordem jurídica.
O juiz não está implicado com qualquer dos interesses em jogo que lhe cabe arbitrar:
nem mesmo o juiz administrativo (diferentemente do que acontece com o
administrador) está de qualquer modo comprometido mais comprometido com o
interesse público do que com os legítimos interesses particulares com aquele
conflituantes: a sua posição é de perfeita equidistância relativamente às partes em
conflito (incluindo à Administração pública enquanto parte nas controvérsias sujeitas à
jurisdição dos tribunais administrativos) e aos interesses representados por elas
(incluindo o interesse público protagonizado pela Administração).
A Administração tem pois interesses a prosseguir que a levam a entrar em colisão com
os titulares de outros interesses contrapostos àqueles. Ela não é imparcial nem
indiferente ao caso que lhe cabe solucionar: a postura de imparcialidade a que está
obrigada circunscreve-se tão só aos vários interesses privados contrapostos
eventualmente envolvidos, que o princípio da imparcialidade manda atender «por igual»
na sua vertente positiva, ou a desatender (no sentido de não poderem ser privilegiados
por motivos irrelevantes, como a amizade, cor política, afinidades clubísticas, etc.).
Por outro lado, sendo a lei também pressuposto e fim da atividade administrativa, e
sendo para além disso hoje um dado adquirido a existência de espaços de criação
jurisprudencial, reside o cerne da distinção em ser a função jurisdicional uma função
passiva, que tem como conteúdo e fim a atuação e a conservação da ordem jurídica,
através da resolução autoritária de «questões de direito» (Afonso Queiró).
Ambas as funções estão, por conseguinte, subordinadas ao direito; mas há diferenças
substanciais de posicionamento, pois enquanto a Administração enfrenta as situações da
vida numa posição ativa – isto porque ela tem como função atuar sobre essas situações
num sentido conformador ou transformador –, o juiz ocupa à partida
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uma posição passiva relativamente à realidade que se lhe depara, esperando que lhe
levem um conflito para resolver.
São atos políticos por excelência os atos constitucionais (cfr. atos da competência do
PR: nomeação do Governo, dissolução da Assembleia da República).
Mas a função política pode manifestar-se ainda na gestão corrente dos negócios
públicos quando esteja em causa a soberania do Estado nas relações internacionais,
(aproximando-se aqui na aparência – no que respeita às características externas dos atos
– da função administrativa). Isso acontece nomeadamente no âmbito das «pastas» da
defesa (ex.: decisão de envio de um contingente militar para operações de «manutenção
da paz»), dos negócios estrangeiros (ex.: expulsão de um diplomata de um país
estrangeiro por «atividades incompatíveis com o seu estatuto») e da administração
interna (serviços de informação e contrainformação).
As pessoas coletivas públicas são dirigidas por órgãos. E compete a esses órgãos tomar
as decisões em nome daquelas. Os órgãos são centros institucionalizados de poderes
funcionais (artigo 20.º CPA), com titulares ou membros. São figuras institucionais
dotadas de poderes (consultivos, decisórios ou de fiscalização) capazes de preparar,
manifestar ou controlar as manifestações de vontade, isto é, os atos jurídicos imputáveis
ao ente. É o centro institucionalizado de imputação de poderes e deveres, através da
qual é manifestada a vontade da pessoa coletiva, e por isso é que as pessoas coletivas
prosseguem fins públicos que são atribuições. Os órgãos têm meios que são
competências designadas na lei, que são poderes e deveres. As Pessoas Coletivas são
dirigidas por órgãos. Estes manifestam a vontade imputável à pessoa coletiva.
Atribuições e Competências
As atribuições são fins ou interesses que a lei incumbe as Pessoas Coletivas Públicas de
prosseguir e realizar (pessoas coletivas de fins múltiplos e pessoas coletivas de fins
especializados). As competências são o conjunto de poderes funcionais que a lei confere
para a prossecução das atribuições as pessoas coletivas públicas (Art. 29o do CPA).
Em princípio, as atribuições referem-se à pessoa coletiva em si mesma, enquanto as
competências se referem aos seus órgãos. A atuação dos órgãos da Administração está
limitada pelas competências como pelas atribuições da pessoa coletiva a que pertencem.
A distinção entre atribuições e competências tem maior importância para se
compreender a diferença que existe entre os fins que se prosseguem e os meios jurídicos
que se usam para prosseguir esses fins, e também porque a lei estabelece uma sanção
diferente para o caso de os órgãos da Administração praticarem atos estranhos às
atribuições das pessoas coletivas públicas ou atos fora da competência confiada a cada
órgão: enquanto os atos praticados fora das atribuições são atos nulos (Art. 161o no2 al.
b) do CPA), os praticados apenas fora da competência do órgão que os pratica são atos
anuláveis (Artigo 163.º n.º1 do CPA).
Podemos considerar o instituto publico como uma pessoa colectiva pública de tipo
institucional, que desempenha funções administrativas que pertencem ao Estado ou a
outro ente público. Ainda que pertença à Administração estadual indirecta, o instituto
publico mas pode assumir formas de Administração autónoma (universidades públicas)
ou ainda de Administração independente (entidades administrativas independentes).
Os institutos publicos (administração estadual indirecta) são entes criados pelo Estado
com atribuições administrativas específicas, e na qual os dirigentes são nomeados pelo
Governo, (têm autonomia jurídica, administrativa, financeira e patrimonial). Os
institutos públicos estão isentos ao poder de direcção do Governo, sendo apenas
submetidos a meros poderes de superintendência (orientação) e tutela (fiscalização da
legalidade), conforme artigo 199.º, d) da CRP. Cada um destes entes reproduz no seu
interior a hierarquia que caracteriza a Administração estadual directa.
Na ótica de Freitas do Amaral, instituto público é "uma pessoa coletiva pública, de tipo
institucional criada para assegurar o desempenho de determinadas funções
administrativas de caráter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa
coletiva pública". Analisando: “Pessoa coletiva” (caracteriza-se por ser sempre dotado
de personalidade jurídica); “De tipo institucional” (o substrato é uma instituição, nāo
uma associação: assenta sobre uma organização de caráter material e não sobre um
agrupamento de pessoas);“Criada para assegurar o desempenho de funções
administrativas determinadas de caráter nāo empresarial”; (as funções dos institutos
públicos hão-de ser de caráter não empresarial, distinguindo-se deste modo das
desempenhadas por empresas públicas).
Existem três espécies de institutos públicos a considerar: Os Serviços personalizados,
serviços públicos de caráter administrativo, a que a lei atribui personalidade jurídica e
autonomia administrativa e financeira, para poderem funcionar como se fossem
verdadeiras instituições independentes, embora nāo o sejam (ex: Laboratório Nacional
de Engenharia Civil); As Fundações públicas- fundações que revestem natureza de
pessoa coletiva pública. Trata-se de patrimónios que sāo afetados à prossecuçāo de fins
públicos especiais (ex:seviços sociais dos vários ministérios); Os Establecimentos
públicos, Institutos Públicos de caráter cultural ou social, organizados como serviços
abertos ao público, e destinados a efetuar prestações à generalidade dos cidadãos que
delas necessitam (ex: universidade públicas e hospitais do Estado). A Lei nº3/2004, de
15 de Janeiro, estabelece os princípios e regras dos Institutos Públicos.
Porém, nāo obstante Freitas do Amaral, importa referir que quanto à natureza das
universidades públicas, nem todos os autores concordam com esta classificação. Alguns
autores defendem que as universidades integram a administração autónoma e como tal,
estão sujeitas apenas ao poder da tutela do Estado. O argumento é precisamente, o de
que nāo se afigura correta a sujeição das universidades a um poder tão forte como o de
superintendência.
A administração desempenhada pelo instituto público tem caráter indireto, inserida na
administração indireta, ou seja, as funções que lhe sāo confiadas não lhe pertencem
como funções próprias, mas como funções que de essência pertencem a outra entidade
pública (Estado, autarquias locais, regiões autónomas).
A missão de qualquer instituto público é assegurar o desempenho de funções
administrativas, o desempenho de uma atividade pública administrativa.
De referir que não há institutos públicos para o exercício de funções privadas, nem para
o desempenho de funções públicas não administrativas.
Desempenha também funções determinadas e isto é um aspeto de relevo, ou seja, as
suas atribuições nāo podem abranger um grande número genérico de fins. Os institutos
públicos só podem tratar das matérias que especificamente lhes sejam confiadas por lei.
Estamos perante entidades de fins singulares e têm vocação especial.
Regime Jurídico
Os institutos públicos não são regulados por nenhuma lei genérica no Direito Português
que de forma sistemática e unitária estabeleça o seu estatuto jurídico. Os aspetos
essenciais do regime jurídico têm de ser retirados particularmente dos diplomas que
aprovam as leis orgânicas de cada um desses institutos.
Aspetos fundamentais do regime jurídico dos institutos públicos
Existem pois diferentes opiniões a respeito da natureza dos institutos públicos: Instituto
público como subtrato institucional autónomo, para esta conceção, os institutos
públicos sāo entidades juridicamente distintas do Estado, criadas pela ordem jurídica
com base num serviço, património ou establecimento. Os seus orgãos dirigentes são, em
princípio, orgãos do instituto público e não orgãos do Estado; o seu pessoal é também
privativo do instituto público, não é funcionalismo do Estado.
Outra opinião apresenta-nos o instituto público como orgão com personalidade
jurídica, segundo estes autores, os institutos públicos são orgãos personalizados (do
Estado, município, freguesia), orgãos com personalidade jurídica apenas para efeitos de
direito privado, nomeadamente patrimoniais. Na mesma linha de análise, os seus orgãos
são orgãos do Estado, o seu pessoal e as suas finanças são também estaduais, o seu
património é um património do Estado, ainda que autónomo.
No que concerne a esta distinção, Freitas do Amaral dá primazia à primeira orientação,
embora não tenha dificuldade em aceitar a segunda, reconhece que na maioria dos
casos, a lei não personaliza orgãos, mas substratos autónomos do tipo do serviço,
fundaçāo ou establecimento, a que reconhece, até certo ponto, a titularidade de
interesses públicos próprios, eventualmente oponíveis ao Estado em juízo. Ainda de
referir que a Constituição também parece voltar-se para a primeira orientação.
O problema dos institutos públicos é questão de debate há vários anos, no contexto
político, visando a reforma da Administração.
Lei n.o 3/2004 - Diário da República n.o 12/2004, Série I-A de 2004-01-15
Artigo 1.o
Objecto
Artigo 2.o
Âmbito de aplicação
Artigo 3.o
Tipologia
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 5.o do/a Lei n.o 24/2012 - Diário da República n.o 131/2012, Série I de 2012-07-09, em
vigor a partir de 2012-07-14 Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o
12/2012, Série I de 2012-01-17, em vigor a partir de 2012-01-18
Título II
Princípios fundamentais
Artigo 4.o
Conceito
Artigo 5.o
Princípios de gestão
Artigo 6.o
Regime jurídico
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 30.o do/a Lei n.o 64-A/2008 - Diário da República n.o 252/2008, 1o Suplemento, Série I de
2008-12-31, em vigor a partir de 2009-01-01
Artigo 7.o
Ministério da tutela
Artigo 8.o
Fins
3 - Cada instituto público só pode prosseguir os fins específicos que justificaram a
sua criação.
Artigo 9.o
Formas de criação
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Alterado pelo/a Artigo 30.o do/a Lei n.o 64-A/2008 - Diário da República n.o 252/2008, 1o Suplemento, Série I de
2008-12-31, em vigor a partir de 2009-01-01 Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da
República n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 10.o
Artigo 11.o
Avaliação
Artigo 12.o
Estatutos
1 - As disposições relativas à organização interna dos institutos públicos constam
dos seus estatutos, aprovados por portaria dos membros do Governo responsáveis
pelas áreas das finanças, da Administração Pública e da tutela, e, em tudo o mais
que, face ao disposto na lei, possa assim ser regulado, de regulamentos internos,
aprovados pelos órgãos do instituto.
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Alterado pelo/a Artigo 30.o do/a Lei n.o 64-A/2008 - Diário da República n.o 252/2008, 1o Suplemento, Série I de
2008-12-31, em vigor a partir de 2009-01-01 Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da
República n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 13.o
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 14.o
Princípio da especialidade
Organização territorial
Artigo 16.o
b) Quando tenham sido alcançados os fins para os quais tenham sido criados, ou se
tenha tornado impossível a sua prossecução;
c) Quando se verifique não subsistirem as razões que ditaram a personificação do
serviço ou fundo em causa;
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 21.o do/a Decreto-Lei n.o 200/2006 - Diário da República n.o 206/2006, Série I de 2006-
10-25, em vigor a partir de 2006-10-26
Título III
Regime comum
Capítulo I
Organização
Secção I
Órgãos
Artigo 17.o
Órgãos
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18 Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República
n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-04
Secção II
Conselho directivo
Artigo 18.o
Função
Artigo 19.o
Composição e designação
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 20.o
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18 Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República
n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 21.o
Competência
Artigo 22.o
Funcionamento
1 - O conselho directivo reúne uma vez por semana e extraordinariamente sempre que
o presidente o convoque, por sua iniciativa ou a solicitação da maioria dos seus
membros.
2 - Nas votações não há abstenções, mas podem ser proferidas declarações de voto.
3 - A acta das reuniões deve ser aprovada e assinada por todos os membros
presentes, mas os membros discordantes do teor da acta poderão nela exarar as
respectivas declarações de voto.
Artigo 23.o
Competência do presidente
Artigo 23.o-A
Artigo 25.o
Secção II-A
Presidente
Aditado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República n.o 66/2007, Série I de 2007-04-
03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 25.o-A
1 - Aos presidentes e vice-presidentes dos institutos públicos que optem pelo modelo
de órgãos de direcção previsto na alínea b) do n.o 1 do artigo 17.o é aplicável o
Estatuto do Pessoal Dirigente da Administração Pública.
2 - Os presidentes dos institutos públicos dotados de autonomia administrativa e
financeira dispõem das competências previstas no presente diploma para os
conselhos directivos.
Alterações
Revogado pelo/a Artigo 5.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18 Aditado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República
n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-04
Secção III
Órgão de fiscalização
Artigo 26.o
Função
Artigo 27.o
2 - O mandato tem a duração de cinco anos e é renovável uma única vez mediante
despacho dos membros do Governo referidos no número anterior.
3 - No caso de cessação do mandato, o fiscal único mantém-se no exercício de
funções até à efectiva substituição ou à declaração ministerial de cessação de
funções.
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 123/2012 - Diário da República n.o 118/2012, Série I de 2012-06-
20, em vigor a partir de 2012-06-21 Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República
n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17, em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 28.o
Competências
i) Propor aos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da tutela
ou ao conselho directivo a promoção de auditorias externas a realizar por sociedades
de revisores oficiais de contas registadas como Auditores junto da Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários, quando isso se revelar necessário ou conveniente;
j) Pronunciar-se sobre os assuntos que lhe sejam submetidos pelo conselho directivo,
pelo Tribunal de Contas e pelas entidades que integram o controlo estratégico do
sistema de controlo interno da administração financeira do Estado.
Secção IV
Conselho consultivo
Artigo 29.o
Função
Artigo 30.o
Composição
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18 Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República
n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 31.o
Competência
Artigo 32.o
Funcionamento
1 - O conselho consultivo reúne ordinariamente pelo menos duas vezes por ano e
extraordinariamente sempre que convocado pelo seu presidente, por sua iniciativa,
ou por solicitação do conselho directivo, ou a pedido de um terço dos seus membros.
2 - Podem participar nas reuniões, sem direito a voto, por convocação do respectivo
presidente, mediante proposta do conselho directivo, quaisquer pessoas ou entidades
cuja presença seja considerada necessária para esclarecimento dos assuntos em
apreciação.
Capítulo II
Serviços
Alterado pelo/a Artigo 3.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 33.o
Serviços
1 - Os institutos públicos dispõem dos serviços indispensáveis à prossecução das
suas atribuições.
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República n.o 66/2007, Série I de 2007-04-
03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 34.o
Pessoal
Alterações
Revogado pelo/a Artigo 30.o do/a Lei n.o 64-A/2008 - Diário da República n.o 252/2008, 1o Suplemento, Série I
de 2008-12-31, em vigor a partir de 2009-01-01
Artigo 34.o-A
Capítulo III
Artigo 35.o
Artigo 36.o
Património
7 - (Revogado).
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 168.o do/a Lei n.o 66-B/2012 - Diário da República n.o 252/2012, 1o Suplemento, Série I
de 2012-12-31, em vigor a partir de 2013-01-01 Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário
da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17, em vigor a partir de 2012-01-18
Alterado pelo/a Artigo 22.o do/a Decreto-Lei n.o 200/2006 - Diário da República n.o 206/2006, Série I de 2006-
10-25, em vigor a partir de 2006-10-26
Artigo 37.o
Receitas
Artigo 38.o
Despesas
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Reposto em Vigor pelo/a Resolução da Assembleia da República n.o 86/2011 - Diário da República n.o 71/2011,
Série I de 2011-04-11, em vigor a partir de 2011-04-16
Alterado pelo/a Artigo 14.o do/a Decreto-Lei n.o 40/2011 - Diário da República n.o 57/2011, Série I de 2011-03-
22, em vigor a partir de 2011-04-01
Artigo 39.o
Artigo 40.o
Capítulo IV
Artigo 41.o
Tutela
Artigo 42.o
Superintendência
Artigo 43.o
Responsabilidade
Artigo 44.o
Página electrónica
e) O mapa de pessoal.
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Título IV
Regimes especiais
Artigo 45.o
Alterações
Revogado pelo/a Artigo 6.o do/a Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República n.o 66/2007, Série I de 2007-04-
03, em vigor a partir de 2007-04-04
Artigo 46.o
Alterações
Revogado pelo/a Artigo 30.o do/a Lei n.o 64-A/2008 - Diário da República n.o 252/2008, 1o Suplemento, Série I
de 2008-12-31, em vigor a partir de 2009-01-01
Artigo 47.o
Artigo 48.o
Normas especiais
2 - Cada uma destas categorias de institutos públicos pode ser regulada por uma lei
específica.
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 19.o do/a Decreto-Lei n.o 96/2015 - Diário da República n.o 104/2015, Série I de 2015-05-
29, em vigor a partir de 2015-06-01 Alterado pelo/a Artigo 8.o do/a Decreto-Lei n.o 40/2015 - Diário da
República n.o 52/2015, Série I de 2015-03-16, em vigor a partir de 2015-04-01 Alterado pelo/a Artigo 31.o do/a
Decreto-Lei n.o 102/2013 - Diário da República n.o 142/2013, Série I de 2013-07-25, em vigor a partir de 2013-
07-30 Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 123/2012 - Diário da República n.o 118/2012, Série I de
2012-06-20, em vigor a partir de 2012-06-21 Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da
República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17, em vigor a partir de 2012-01-18 Alterado pelo/a Artigo 1.o do/a
Decreto-Lei n.o 105/2007 - Diário da República n.o 66/2007, Série I de 2007-04-03, em vigor a partir de 2007-04-
04
Título V
Disposições finais e transitórias
Artigo 49.o
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18 Revogado pelo/a Artigo 13.o do/a Lei n.o 57/2011 - Diário da República n.o
228/2011, Série I de 2011-11-28, em vigor a partir de 2011-11-29
Artigo 50.o
1 - A presente lei aplica-se apenas para o futuro, com excepção do disposto nos
artigos 20.o, 24.o, 41.o, 42.o, 43.o, 44.o, 46.o, n.o 2, e 52.o a 54.o, que se aplicam a
partir da data da sua entrada em vigor.
2 - Todos os institutos existentes à data da entrada em vigor da presente lei serão
objecto de uma análise à luz dos requisitos nela estabelecidos, para efeitos de
eventual reestruturação, fusão ou extinção.
3 - Para efeitos do disposto no número anterior será incumbida uma comissão, que
funcionará na dependência do Ministro das Finanças e do membro do Governo que
tiver a seu cargo a Administração Pública, constituída do seguinte modo:
a) Dois representantes do Ministro das Finanças e do membro do Governo que tiver a
seu cargo a Administração Pública, para as áreas orçamental e financeira e de
administração pública;
Alterações
Revogado pelo/a Artigo 5.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 51.o
Artigo 52.o
Estabelecimentos
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 53.o
Concessões
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 54.o
Alterações
Alterado pelo/a Artigo 2.o do/a Decreto-Lei n.o 5/2012 - Diário da República n.o 12/2012, Série I de 2012-01-17,
em vigor a partir de 2012-01-18
Artigo 55.o
Entrada em vigor
São órgãos singulares aqueles que têm apenas um titular; são órgãos colegiais os órgãos
compostos por dois ou mais titulares (Art. 20o no2 CPA).
Atribuições e Competências
Discricionariedade
Controlo da discricionariedade
Caso prático
Quer as atribuições das pessoas coletivas, quer as competências dos seus órgãos, são,
num sentido muito amplo, poderes administrativos, constituindo atributos dos respetivos
sujeitos ou titulares. Já a legitimação designa o conjunto de condições ou requisitos,
também relativas ao sujeito público (ao titular da competência), que se têm de verificar
ou preencher, em cada situação concreta, para que o órgão administrativo possa exercer
validamente a sua competência. As atribuições das pessoas coletivas são as tarefas ou
fins que estas têm que obrigatoriamente desempenhar e prosseguir, uma vez que lhe são
conferidas pelo legislador. Elas (atribuições) respeitam à pessoa coletiva e não aos seus
órgãos, pois estes últimos apenas dispõem, em regra, de competências. Em regra,
sublinhe-se, porquanto ao nível do Estado e das Regiões Autónomas as atribuições
destes entes públicos maiores estão repartidas, respetivamente, pelos vários ministérios
e secretarias regionais.
Caso Pratico 2
- Tal como há uma legislação própria para os institutos públicos também há uma
legislação para as associações, que é a Lei 2/2013 de 10 de janeiro (Estabelece o regime
jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas
profissionais). Este caso pratico resolve-se com uma mera referencia a esta Lei 2/2013
de 10 de janeiro sob a criação, organização e funcionamento das associações públicas
profissionais que é o que esta aqui em causa e com a Constituição.
Tem razão, nos termos do artigo 267, nº4, “As associações públicas só podem ser
constituídas para a satisfação de necessidades específicas, neste caso regulamentação e
disciplinar o exercício da atividade profissional da enfermagem, não podem exercer
funções próprias das associações sindicais. Ela não pode exercer funções sindicais,
nisso a ministra tem razão, está-lhe vedado. Artigo 5º nº 2 da Lei 2/2013, no fundo é a
especificação da regra Constitucional.
DELEGAÇÃO DE PODERES
Artigo 44º, nº1, pode haver dois tipos de delegação: Delegação de Poderes
“1 - Os órgãos administrativos normalmente competentes para decidir em determinada
matéria podem, sempre que para tal estejam habilitados por lei, permitir, através de um
ato de delegação de poderes, que outro órgão ou agente da mesma pessoa coletiva ou
outro órgão de diferente pessoa coletiva pratique atos administrativos sobre a mesma
matéria. “
Primeiro, a delegação de poderes do órgão de uma pessoa coletiva pública a outro órgão
ou agente da mesma pessoa coletiva e essa sim é a verdadeira delegação de
competências e depois a parte que é nova no artigo é a possibilidade de haver a
delegação de um órgão de uma pessoa coletiva a outro órgão de uma pessoa coletiva
diferente. A verdadeira delegação de poderes é entre órgãos da mesma pessoa coletiva
ou agentes. Delegação de atribuições já não é verdadeira delegação de poderes.
Natureza Jurídica da Delegação de Poderes
Tese da autorização
Entende-se que o delegado já tem por lei uma competência condicional, o que é só pode
exerce-la quando delegante o autorizar a tal. Esta tese é de descartar, porque a
competência não existe no delegado, é uma competência alheia, não própria, ou seja,
quem está a exercer uma delegação de competências, não está a praticar uma
competência que lhe pertence, mas uma competência que pertence ao órgão delegante.
E isto tanto é assim que o órgão delegante quando quiser pode chamar a si outra vez a
competência, portanto não há aqui nenhuma competência própria do delegado.
A tese da autorização dizia que a delegação de poderes é uma mera autorização, ou seja
por lei o delegado já tinha aquela competência só que estava condicionado à autorização
do delegante, não é verdade que a competência não é nunca do delegado, a competência
é sempre do delegante, e tanto é assim que ele pode a qualquer momento nos termos do
artigo 50º anula-la, revoga-la, por exemplo, se os titulares dos órgãos foram substituídos
caduca a delegação, portanto a delegação nunca é delegado.
Nesta situação entende-se que a titularidade dos poderes que pertenciam ao delegante
passa para o delegado. Também não é correta porque nos termos do artigo 36º CPA a
competência é irrenunciável e inalienável, logo não há transferências de titularidades de
poderes, há delegação de competências e essa delegação pode ser avocada, anulada ou
revogada.
Por fim uma competência delegada pode ser subdelegada. Para este efeito não precisa
de haver autorização legal, a subdelegação não pode ser proibida (Artigo 46º CPA
subdelegação de poderes). O delegante tem de autorizar o delegado a subdelegar (Artigo
46º). E por seu turno o subdelegado pode ainda subdelegar desde que a lei não o impeça
e desde que o delegado e subdelegado não tenham estabelecido que não possa haver
subdelegação. Para a segunda subdelegação já não é preciso Lei Habilitante.
Ou seja, pode haver delegações e subdelegações sucessivas. O delegado de uma vai ser
o subdelegante da outra, porque a primeira relação é uma relação delegatória e a
segunda é subdelegatória, a partir daí são todas subdelegatórias. Portanto a partir do
momento que é o subdelegado a subdelegar passa ele a ser subdelegante e os outros
subdelegados e por aí fora, à medida que se sucedem as delegações e subdelegações.
O delegante é sempre o primeiro, é o que emite o ato de delegação ou de subdelegação
no caso de ser um ato já posterior.
A relação que se estabelece entre o delegante e o delegado é uma relação nova e se
porventura existisse previamente uma relação de hierarquia entre eles essa relação fica
suspensa, enquanto que durar a relação delegatória. Por outro lado, a delegação cria para
o delegado o poder de ver, de exercer a competência delegada, e o delegante mantém
poderes de supervisão e de superintendência dos atos praticados pelo delegado. De
supervisão na medida em que pode exercer controle sucessivo dos atos praticados pelo
delegado (não vem expresso, mas resulta implicitamente do artigo 49º, nº2). De
superintendência porque pode emitir diretivas ou instruções vinculativas. Orientações
sobre o modo como devem ser exercidos os poderes delegados ou subdelegados (Artigo
49º, nº1).
Para alem disso, o delegante pode revogar, anular ou substituir os atos do delegado
nos termos do artigo 49º, nº2 e o artigo 169, nº4 e pode ainda, anular ou revogar a
delegação nos termos do artigo 50º, alínea a), se pode extinguir por caducidade, nos
termos da alínea b) do artigo 50º que é o que se passa com a delegação quando são
destituídos os titulares dos órgãos. Por fim o delegante pode avocar a si a competência
delegada nos termos do artigo 49º, nº2.
Por questão de salvaguarda dos interessados, deve ser notificada aos interessados.
a) Que o ato de delegação de competências é nulo, uma vez que não se conhece
que tenha existido qualquer lei de habilitação. E o mesmo acontece com a
subdelegação visto que o presidente da camara não autorizou a transmissão
sucessiva daquela competência.
b) Que o ato que ordena demolição padece do vicio de incompetência já que o ato
de delegação de competências do presidente da camara em benefício do variador
do urbanismo nunca foi publicado.
d) Que não quer recorrer hierarquicamente ao presidente da camara uma vez que o
ato praticado pelo subdelegado tem o mesmo valor que teria se fosse praticado por
aquela entidade. E alem disso seria duvidoso que tal ato vier a ser recusado tendo
presidente pois o diretor do departamento é da sua inteira confiança.
a) Artigo 44º, nº1. Artigo 47º, nº1. Tem de fazer referencia lei habilitante.
Artigo 46º, nº1, subdelegação.
A subdelegaçao não precisa de lei habilitante mas necessita de autorização do delegante.
Caso
Qual o direito?
Artigo 44, nº3. Despedir alguém não será ato de administração ordinária. Gestão
ordinária ou corrente são coisas que sejam necessárias ao dia a dia. Isto encaixa-se.
Primeiro, não pode delegar genericamente o poder disciplinar. Ainda que pudesse, quais
são as situações em que estamos perante poderes indelegáveis?
O que é necessário para haver delegação de competência é uma lei habilitante (artigo
44º) que tem de ter o mesmo valor da norma que atribui a competência. Dessa lei
habilitante tem de constar: A permissão para o ato de delegação, identificar o órgão
delegante, identificar o órgão delegado, identificar os poderes delegáveis (isto nos
termos do artigo 44º, nº1).
Para alem disso, o próprio ato de delegação (que é considerado um ato administrativo
nos termos do artigo 148º), tem que ter a descrição pormenorizada dos poderes
delegados (artigo 47º) especificadamente, e tem de fazer referencia à lei habilitante e
tem de ser publicado, nos termos do artigo 47º, nº2, sob pena de ineficácia. Senão é
ineficaz e havendo ineficácia os atos praticados no âmbito da delegação ficam sem
substrato, a entidade que os pratica não tem competência para o efeito.
Por seu turno uma competência delegada, pode ser subdelegada não precisa de lei
habilitante ou autorização legal, não pode ser proibida e o delegante tem de autorizar o
delegado a subdelegar (artigo 46º, nº1).
Caso Pratico
- Tal como há uma legislação própria para os institutos públicos também há uma
legislação para as associações, que é a Lei 2/2013 de 10 de janeiro (Estabelece o regime
jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas
profissionais). Este caso pratico resolve-se com uma mera referencia a esta Lei 2/2013
de 10 de janeiro sob a criação, organização e funcionamento das associações públicas
profissionais que é o que esta aqui em causa e com a Constituição.
Tem razão, nos termos do artigo 267, nº4, “As associações públicas só podem ser
constituídas para a satisfação de necessidades específicas, neste caso regulamentação e
disciplinar o exercício da atividade profissional da enfermagem, não podem exercer
funções próprias das associações sindicais. Ela não pode exercer funções sindicais,
nisso a ministra tem razão, está-lhe vedado. Artigo 5º nº 2 da Lei 2/2013, no fundo é a
especificação da regra Constitucional.
Deverá ser tratada a noção de órgão qual é a utilidade e para que serve.
Quanto à noção de órgãos e partindo da definição que temos no CPA, no artigo 20º:
(Órgãos): Nº1 – “São órgãos da Administração Pública os centros institucionalizados
titulares de poderes e deveres para efeitos da prática de atos jurídicos imputáveis à
pessoa coletiva.” Orgãos são então centros institucionalizados de poderes funcionais
(designados por competências), titulares de poderes e deveres para efeitos da prática dos
atos jurídicos que lhes permitem expressar a vontade da pessoa coletiva publica.
Órgãos são figuras institucionais dotadas de poderes (consultivos, decisórios ou de
fiscalização) capazes de preparar, manifestar ou controlar as manifestações de vontade,
isto é, os atos jurídicos imputáveis ao ente. É o centro institucionalizado de imputação
de poderes e deveres, através da qual é manifestada a vontade da pessoa coletiva, e por
isso é que as pessoas coletivas prosseguem fins públicos que são atribuições. Os órgãos
têm meios que são competências designadas na lei, que são poderes e deveres. As
Pessoas Coletivas são dirigidas por órgãos. Estes manifestam a vontade imputável à
pessoa coletiva.
Quanto à utilidade dos órgãos, os órgãos representam as pessoas coletivas publicas.
As pessoas coletivas não têm existência física, são ficções, representam-se e fazem-se
representar, através dos órgãos que tomam decisões em nome daquelas. Estamos no
âmbito da organização administrativa, nesta sequência, temos um órgão que há-de
representar uma pessoa coletiva publica e exerce os seus poderes funcionais e as suas
competências para prossecução das atribuições daquela. As pessoas coletivas são então
dirigidas por órgãos e a estes cumpre tomar decisões em nome da pessoa coletiva ou
manifestar a vontade imputável aquela.
Quanto à classificação dos órgãos estes podem ser singulares órgãos singulares ou
coletivos (21º-35º CPA). Singulares (aqueles que só têm um titular) e colegiais (aqueles
que têm três ou mais titulares); órgãos centrais (aqueles que tem competência sobre todo
o território nacional) e órgãos locais (aqueles que têm a sua competência limitada a uma
circunscrição administrativa), fazendo portanto corresponder à competência delimitada
ou não territorialmente.
Existem ainda órgãos primários (competência própria), secundários (competência
delegada) e vicários (competência por substituição); órgãos representativos ou não
representativos (designados por eleição ou não); órgãos activos (tomar decisões e
executá-las), consultivos (emitir pareceres e esclarecer os órgãos primários) e de
controlo (fiscalizar a regularidade do funcionamento dos outros órgãos) e órgãos
permanentes (camara municipal) e temporários (júri de um concurso).
Que tipo de órgão é este? É um órgão colegial (artigo 20º n2): “Os órgãos são, nos
termos das normas que os instituem ou preveem a sua instituição, singulares ou
colegiais e permanentes ou temporários.” O artigo 21º (Presidente e secretário), nº1,
refere-nos: “Sempre que a lei não disponha de forma diferente, cada órgão colegial da
Administração Pública tem um presidente e um secretário, a eleger pelos membros que
o compõem.”
A organização administrativa que é entendida como o conjunto de unidades
organizatórias que desempenham, a título principal, a função administrativa, tem como
elementos básicos as pessoas colectivas de direito publico e estas manifestam-se através
de órgãos administrativos que por sua vez têm na sua dependência serviços públicos e
nisto consiste a articulação dos órgãos com a pessoa coletiva pública.
Referindo a noção de pessoa colectiva publica (o Estado, regiões autónomas e
autarquias, por natureza, e institutos públicos, entidades publicas empresariais,
associações publicas, entidades administrativas independentes): pessoas colectivas
criadas por iniciativa publica (critério iniciativa), dotadas de prerrogativas de direito
publico (critério poderes), para assegurar a prossecução de interesses públicos (critério
fim/finalidade). As pessoas coletivas públicas são dirigidas por órgãos e é aos órgãos
que cabe tomar as decisões em nome daquelas. Os órgãos são centros
institucionalizados de poderes funcionais (conforme artigo 20º CPA), com titulares ou
membros. Poderes funcionais porque são atribuídos em função da prossecução de fins
públicos específicos e pre-determinados. Para que os indivíduos se tornem titulares dos
órgãos é necessário a investidura.
As pessoas coletivas públicas existem para prosseguir fins (atribuições), para o que
necessitam de poderes (competências). As atribuições são os fins ou interesses que a
lei incumbe às pessoas colectivas publicas prosseguir ou realizar. Actos praticados fora
das atribuições consideram-se nulos. Para esse efeito, as pessoas coletivas públicas
precisam de competências. As atribuições referem-se às pessoas coletivas públicas e as
competências aos órgãos. As atribuições são fins ou interesses que a lei incumbe as
Pessoas Coletivas Públicas de prosseguir e realizar (pessoas coletivas de fins múltiplos e
pessoas coletivas de fins especializados). As competências são o conjunto de poderes
funcionais atribuídos aos órgãos que a lei confere para a prossecução das atribuições das
pessoas coletivas públicas (artigo 29º CPA). Os actos praticados fora da competência de
cada órgão carecem de validade, são anuláveis. Em princípio, as atribuições referem-se
à pessoa coletiva em si mesma, enquanto as competências se referem aos seus órgãos. A
atuação dos órgãos da Administração está limitada pelas competências como pelas
atribuições da pessoa coletiva a que pertencem. A distinção entre atribuições e
competências tem maior importância para se compreender a diferença que existe entre
os fins que se prosseguem e os meios jurídicos que se usam para prosseguir esses fins, e
também porque a lei estabelece uma sanção diferente para o caso de os órgãos da
Administração praticarem atos estranhos às atribuições das pessoas coletivas públicas
ou atos fora da competência confiada a cada órgão: enquanto os atos praticados fora das
atribuições são atos nulos (Art. 161º nº2 al. b) do CPA), os praticados apenas fora da
competência do órgão que os pratica são atos anuláveis (Art. 163º nº1 do CPA).
Mas não chega que o órgão actue no âmbito das atribuições das pessoas coletivas
públicas a que pertence e no âmbito das suas competências, é necessário que o órgão
tenha legitimação (qualificação especifica do órgão para exercer a sua competência
numa situação concreta).
Por fim, nesta primeira analise cumpre referir o conceito de Interesse Publico, que
mais não é que o fim prosseguido pela Administração Pública para a satisfação de
necessidades de uma sociedade politicamente organizada e que o legislador qualifica
como sendo indispensáveis. Podem ser interesses gerais ou colectivos identificados
pelos órgãos politico-legislativos (Assembleia da República, Governo, Presidente da
República), essencialmente através da função legislativa (Constituição da República
Portuguesa também) e pelos órgãos administrativos da comunidade, definido por lei.
O princípio da prossecução do interesse público encontra-se nos artigos 266ºn 1 e 269º,
nº1 da CRP e 4º do CPA. O interesse público tem de ser prosseguido pela Assembeleia
da República. Se não existir interesse publico então não é necessário Administração
Pública. É definido por lei. Cumpre a Administração pública apenas poder escolher os
meios, não escolhe os fins. Princípio da legalidade: artigo 266º, nº 2 da CRP e 3º CPA.
Na prossecução do interesse publico, a AP deve respeitar os direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos: artigo 266º, nº 1 CRP e 4º do CPA.
O Interesse publico primário: bem comum, bem estar material e espiritual da
comunidade. Conceito muito abstracto. Artigos 1º-3º, 9º, 20º, 80º e 81º da CRP . O
Interesse publico secundário ou instrumental: meios necessários para a
prossecução do interesse publico primário – SS, saúde, justiça, transportes,
ambiente, educação,... Estritamente vinculado, terreno da AP. Sempre que é
atribuído poder a um órgão, este está afecto a um interesse publico secundário.