Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1)
Direito Administrativo, ramo e aproximação conceitual
O direito administrativo é o ramo do direito público constituído pelo
sistema de normas jurídicas que regulam a organização e o funcionamento da
Administração Pública, bem como as relações por ela estabelecidas com
outros sujeitos do Direito no exercício da atividade administrativa da gestão
pública.
Administração Pública
Representa um conjunto de necessidades coletivas cuja satisfação é
assumida como uma tarefa fundamental pela coletividade, através de serviços
por esta organizados e mantidos.
2)
Espécies de Administração Pública
Para a doutrina, a administração do Estado apresenta-se de maneira
multiforme, desta forma, comporta variadas espécies, como é o exemplo da
administração central, administração local e administração regional.
1) Caráter unitário
O artigo 6º da CRP faz a afirmação do Estado Unitário, esclarecendo
que será respeitada a organização com base na lei.
“1. O Estado é unitário e respeita na sua organização e funcionamento o
regime autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da
autonomia das autarquias locais e da descentralização democrática da
administração pública.
2. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões
autónomas dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de
governo próprio.”
2) Caráter originário
O Estado não será criado pelo poder já constituído, a pessoa do Estado
tem natureza originária, portanto, não derivada. Governo soberano pela
representatividade legal presente nos artigos 1º, 2º e 3º da CRP.
3) Caráter de territorialidade
O Estado, como pessoa coletiva, possui um território, constituído por um
território nacional, somando ainda todas as parcelas territoriais, como
regiões autónomas dos Açores e da Madeira, autarquias, tendo claro
que todos neste território são administrados do Estado-administração.
5) Organização em Ministérios
Os órgãos e serviços do Estado são criados e estruturados de forma
departamental, tecnicamente denominados Ministérios, que
normalmente se organizam por assuntos e matérias, como é o exemplo
da educação, saúde, agricultura.
7) Caráter da instrumentalização
8) Caráter da hierarquia
A administração direta do Estado encontra-se organizada de forma
hierarquizada, ou seja, existe o poder de direção do superior para os
subalternos.
9) Caráter da supremacia
Com fundamentos no caráter unitário, originário e instrumental, o
Estado-administração exerce poderes de supremacia, tanto em relação
aos sujeitos de direito privado, como a outras entidades públicas.
3)
Órgãos Públicos do sistema português
Entidades que têm status de órgãos de Administração Pública
São entidades adjudicantes:
a) O Estado
b) As regiões autónomas
c) As autarquias locais
d) Os institutos públicos
e) As entidades administrativas independentes
f) O banco de Portugal
g) As fundações públicas
h) As associações públicas
*(artigo 2º, número 1 alíneas, a, b, c, d, e, f, g, h do Código dos Contratos
Públicos)
“As associações de que façam parte uma ou várias das pessoas coletivas
referidas nas alíneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas
por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de
administração, de direção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja,
direta ou indiretamente, designada pelas mesmas”. (artigo 2º, número 1 alínea i
Decreto lei n.º 111-B/2017)
São também entidades adjudicantes:
“Os organismos de direito público, considerando-se como tais quaisquer
pessoas coletivas que, independentemente da sua natureza pública ou
privada”. (artigo 2º, número 2 alínea a do código dos contratos públicos)
Contraentes Públicos
Para efeitos do presente código, entende-se por contraentes públicos:
“As entidades referidas no n.º 1 do artigo anterior; b) As entidades adjudicantes
referidas no n.º 2 do artigo anterior sempre que os contratos por si celebrados
sejam, por vontade das partes, qualificados como contratos administrativos ou
submetidos a um regime substantivo de direito público”.
“São também contraentes públicos quaisquer entidades que,
independentemente da sua natureza pública ou privada, celebrem contratos no
exercício de funções materialmente administrativas”.
Institutos Públicos
O instituto público é pessoa coletiva pública, de tipo institucional, criado
para assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de
caráter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva
pública. O instituo público tem sempre personalidade jurídica.
4)
Os princípios como fundamento da ciência jurídica
Os princípios são importantes na ciência jurídica pela sua
transversalidade com relação aos ramos do direito. Da mesma forma, os
princípios podem ultrapassar até mesmo as fronteiras dos ordenamentos
jurídicos. Os princípios de Direito podem conviver harmonicamente entre eles,
até mesmo quando colidam juridicamente, onde um sobressai ao outro sem a
necessidade de retirar a eficácia um do outro.
Uma lei pode identificar uma conjuntura política e económica de um
determinado tempo. Num sistema democrático, duas leis que forem
contraditórias, uma retira a eficácia da outra, ou seja, não podem conviver no
mesmo sistema de forma harmónica como princípios.
Base legal
As regras gerais com relação aos princípios constitucionais da
administração pública estão preceituadas nos artigos 13 e 266, número 2 da
Carta Magna Portuguesa, nos seguintes termos: “Os órgãos e agentes
administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem atuar, no
exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa fé.” Os preceitos
constitucionais tratam da base legal de direito material.
Princípio da Legalidade
Bruna Lário Franco aluna nº 21436 Solicitadoria IPBeja
7
Princípio da Administração
Uma análise do referido dispositivo legal, fica patente que o princípio da
boa administração apresenta uma espécie de subprincípios da eficiência,
economicidade, celeridade descentralização e desburocratização.
*artigo 5º do CPA
Celeridade = qualidade do que é célere; presteza
Princípio da igualdade
*artigo 6º do CPA
“Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública deve reger-se
pelo princípio da igualdade, não podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar,
privar de qualquer direito ou isentar de qualquer dever ninguém em razão de
ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções
Princípio da proporcionalidade
O número 1 do artigo 7º do CPA fala na adequação dos meios para
atingir os fins. O número 2 preceitua que os direitos pessoais, em linhas gerais
estão protegidos, em casos excecionais, um pouco a ideia do custo/benefício.
*artigo 7º do CPA
Princípio da imparcialidade
Este princípio está previsto no artigo 9º do Código de Procedimento
Administrativo.
A imparcialidade exige isenção e equidistância entre quem decide e o
objeto/destinatário da decisão até porque só assim é possível garantir a
prossecução do interesse público que deve ser feita sem atender aos
interesses particulares de quem decide. A atuação da Administração Pública
deve pautar-se por critérios objetivos e não subjetivos, pelo que não deve
decidir em situações nas quais os seus órgãos ou agentes tiverem algum
interesse na causa, sob pena de ilegalidade. A imparcialidade garante-se
através de medidas que passam, por exemplo, pelo órgão que tem interesse na
causa se declarar impedido de decidir, para que outro órgão tome a decisão
mais adequada e de forma objetiva atendendo a critérios imparciais. Se um
órgão não se declarar impedido voluntariamente, pode outro interveniente pedir
a sua suspensão.
Este princípio é constituído por duas vertentes, uma positiva e uma negativa.
Na vertente positiva a imparcialidade determina parâmetros racionais,
objetivos, lógicos e transparentes que devem ser ponderados na tomada da
decisão com vista a excluir interesses subjetivos. Na vertente negativa, a
imparcialidade corresponde à neutralidade administrativa face aos interesses
de particulares que não são tidos em conta, com vista a salvaguardar o
interesse público, a independência e a isenção do decisor através de um
conjunto de impedimentos, incompatibilidades, escusas e suspeições dos
titulares das estruturas administrativas intervenientes.
Princípio da participação
Este princípio está previsto no artigo 12º do Código de Procedimento
Administrativo e no art.267º/1 da Constituição da República Portuguesa.
Princípio da decisão
Este princípio está previsto no artigo 13º do Código de Procedimento
Administrativo.
A Administração Pública tem como uma das suas funções decidir sobre os
assuntos que são da sua competência que lhe sejam apresentados. É
necessário que haja uma celeridade na atuação da Administração prevista no
artigo 5º do Código de Procedimento Administrativo, como abordado
anteriormente. Quer isto dizer que a atuação da Administração não deve
circunscrever-se apenas a dar uma resposta ao assunto que lhe for colocado,
mas também de fazê-lo num prazo razoável. É neste âmbito que se estabelece
o prazo máximo de três meses para que a Administração dê uma resposta ao
particular, caso tal não se verifique, o particular pode ir a Tribunal exigir que a
Administração lhe dê essa resposta como forma de reagir contra as omissões
que possam advir das atuações administrativas. Caso haja razões ponderosas,
como dificuldade em decidir a questão, a Administração pode pedir a
prorrogação do prazo. Sempre que as questões forem de simples resolução, a
Administração deve responder o mais breve que lhe for possível.
Caso se trate de um pedido ao qual Administração já respondeu
anteriormente, com os mesmos sujeitos e a mesma causa do pedido/objeto,
esta não é obrigada a responder dentro do decorrer do prazo de dois anos. Tal
justifica-se pelo facto de que só há dever de decisão quando não há decisão
pelo que, uma vez tomada a decisão, o dever de dar resposta ao particular
desaparece. Todavia, este dever emerge de novo quando hajam passados dois
anos.
5)
Os Institutos Públicos
O instituto público é pessoa coletiva pública, de tipo institucional, criada
para assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de
caráter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva
Os serviços personalizados
Os serviços personalizados são os serviços públicos de caráter
administrativo a que a lei atribui personalidade jurídica e autonomia
administrativa e financeira. Os fundamentos da existência de serviços
personalizados está na questão de que estes possam realizar as suas
questões contenciosas, embora sejam considerados verdadeiros
departamentos de ministérios, como é o exemplo da junta de crédito público.
Contencioso = relação conflituosa entre duas ou mais partes
As fundações públicas
As fundações públicas são as fundações que revestem natureza jurídica
de pessoas coletivas públicas. A doutrina fala, por exemplo, do fundo de
abastecimento, que já foi extinto, mas que existiu por muito tempo com fundos
provenientes dos impostos ou taxas dos combustíveis, para subsidiar alguns
dos produtos como o pão, leite, carne.
Estabelecimentos Públicos
Os estabelecimentos públicos são os institutos públicos de caráter
cultural e social, organizados como serviços abertos ao público, e destinados a
efetuar prestações individuais à generalidade dos cidadãos que delas careçam.
Segundo o entendimento doutrinário dominante, o melhor exemplo de
estabelecimento público são as universidades públicas, pelo fundamento de
autonomia universitária.
6)
A Lei 67/2007
Da responsabilidade Extracontratual do Estado e outras
pessoas Coletivas de Direito Público
“A responsabilidade civil extracontratual do Estado e das demais
pessoas coletivas de direito público por danos resultantes do exercício da
função legislativa, jurisdicional e administrativa rege-se pelo disposto na
presente lei, em tudo o que não esteja previsto em lei especial”. (artigo 1º
número 1 da Lei 67/2007)
Jurisprudência
Acórdão STJ de 16-10-2012
“também aplicáveis á responsabilidade civil de pessoas coletivas de direito
privado e respetivos trabalhadores, titulares de órgãos sociais, representantes
legais ou auxiliares, por ações ou omissões que adotem no exercício de
prerrogativas de poder público ou que sejam regulados por disposições ou
princípios de direito administrativo…”
A Culpa do Lesado
“Quando o comportamento culposo do lesado tenha concorrido para a
produção ou agravamento dos danos causados, designadamente por não ter
utilizado a via processual adequada à eliminação do ato jurídico lesivo, cabe ao
tribunal determinar, com base na gravidade das culpas de ambas as partes e
nas consequências que delas tenham resultado, se a indemnização deve ser
totalmente concedida, reduzida ou mesmo excluída.” (artigo 4º da Lei 67/2007)