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1)
Direito Administrativo, ramo e aproximação conceitual
O direito administrativo é o ramo do direito público constituído pelo
sistema de normas jurídicas que regulam a organização e o funcionamento da
Administração Pública, bem como as relações por ela estabelecidas com
outros sujeitos do Direito no exercício da atividade administrativa da gestão
pública.

Administração Pública
Representa um conjunto de necessidades coletivas cuja satisfação é
assumida como uma tarefa fundamental pela coletividade, através de serviços
por esta organizados e mantidos.

Sentido orgânico da Administração Pública


Dizer sentido orgânico é o mesmo que dizer sentido subjetivo. É um
sistema de serviços, organismos e entidades, são os órgãos do Estado
propriamente ditos.

Sentido material da Administração Pública


Dizer sentido material é o mesmo que dizer sentido objetivo. É a atuação
material de satisfação das necessidades coletivas, ou seja, são o conjunto de
serviços prestados pela administração aos administrados.

As atuações da Administração Pública Interna e Externa


Plano Interno: quando o Estado mantém os chamados serviços
essenciais da saúde, segurança e transportes, defesa dos seus cidadãos e
património.
Plano Externo: criação e manutenção das forças armadas, para a
defesa contra inimigos externos, as relações exteriores num campo
diplomático.

A subordinação da Administração Pública a Lei fundamentada


na Constituição
A matéria está revestida de tal importância que a Carta Magna
Portuguesa dedica o título IX denominado Administração Pública.
“A Administração Pública visa a prossecução do interesse público,
no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos”. (artigo 266º, número 1 da CRP)

As necessidades da realização da justiça


Existe uma necessidade coletiva da realização da Justiça. Esta tarefa
será desempenhada fora da esfera da administração pública (que desempenha
o poder executivo) e passa a ser desempenhada pelo Poder Judicial.

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“As decisões dos tribunais são obrigatórias para todas as


entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer outras
autoridades.” (artigo 205º da CRP)

2)
Espécies de Administração Pública
Para a doutrina, a administração do Estado apresenta-se de maneira
multiforme, desta forma, comporta variadas espécies, como é o exemplo da
administração central, administração local e administração regional.

Diferença entre Administração local do Estado e outro tipo de


administração local
Existe a administração local do Estado e outro tipo de administração
local que não estará diretamente vinculada com o Estado. Temos o exemplo
das esquadras da PSP, que são órgãos locais do Estado e, por outro lado, os
presidentes das Câmaras que, por sua vez, não são órgãos locais, mas
representam a população de uma determinada área.

A Administração Direta do Estado


Os elementos que caraterizam a administração direta do Estado são:
1) Unicidade
2) Caráter originário
3) Territorialidade
4) Multiplicidade de atribuições
5) Pluralismo de órgãos e serviços
6) Organizações em ministérios
7) Personalidade jurídica una
8) Instrumentalidade
9) Estrutura hierárquica
10) Supremacia

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1) Caráter unitário
O artigo 6º da CRP faz a afirmação do Estado Unitário, esclarecendo
que será respeitada a organização com base na lei.
“1. O Estado é unitário e respeita na sua organização e funcionamento o
regime autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da
autonomia das autarquias locais e da descentralização democrática da
administração pública.
2. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões
autónomas dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de
governo próprio.”

2) Caráter originário
O Estado não será criado pelo poder já constituído, a pessoa do Estado
tem natureza originária, portanto, não derivada. Governo soberano pela
representatividade legal presente nos artigos 1º, 2º e 3º da CRP.

3) Caráter de territorialidade
O Estado, como pessoa coletiva, possui um território, constituído por um
território nacional, somando ainda todas as parcelas territoriais, como
regiões autónomas dos Açores e da Madeira, autarquias, tendo claro
que todos neste território são administrados do Estado-administração.

4) Caráter da multiplicidade de atribuições


Neste aspeto, apenas o Estado Central tem essa caraterística, porque
as suas atribuições e atividades são variadas, podendo prosseguir fins
vários, criar órgãos e realizar serviços através dos seus organismos
próprios.

5) Organização em Ministérios
Os órgãos e serviços do Estado são criados e estruturados de forma
departamental, tecnicamente denominados Ministérios, que
normalmente se organizam por assuntos e matérias, como é o exemplo
da educação, saúde, agricultura.

6) Personalidade Jurídica Una


Neste aspeto, faz-se necessário que todos os órgãos de Estado
pertençam a um único sujeito de direito. Assim, fundamenta-se o
princípio da responsabilidade de Estado, presente no artigo 22º da
CRP.

7) Caráter da instrumentalização

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Significa dizer que a Administração do Estado estará sempre


subordinada a controlo, ou seja, que não é independente, terá formas de
controlo das várias atividades, por instrumentos políticos e
jurisdicionados.

8) Caráter da hierarquia
A administração direta do Estado encontra-se organizada de forma
hierarquizada, ou seja, existe o poder de direção do superior para os
subalternos.

9) Caráter da supremacia
Com fundamentos no caráter unitário, originário e instrumental, o
Estado-administração exerce poderes de supremacia, tanto em relação
aos sujeitos de direito privado, como a outras entidades públicas.

3)
Órgãos Públicos do sistema português
Entidades que têm status de órgãos de Administração Pública
São entidades adjudicantes:
a) O Estado
b) As regiões autónomas
c) As autarquias locais
d) Os institutos públicos
e) As entidades administrativas independentes
f) O banco de Portugal
g) As fundações públicas
h) As associações públicas
*(artigo 2º, número 1 alíneas, a, b, c, d, e, f, g, h do Código dos Contratos
Públicos)
“As associações de que façam parte uma ou várias das pessoas coletivas
referidas nas alíneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas
por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de
administração, de direção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja,
direta ou indiretamente, designada pelas mesmas”. (artigo 2º, número 1 alínea i
Decreto lei n.º 111-B/2017)
São também entidades adjudicantes:
“Os organismos de direito público, considerando-se como tais quaisquer
pessoas coletivas que, independentemente da sua natureza pública ou
privada”. (artigo 2º, número 2 alínea a do código dos contratos públicos)

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Contraentes Públicos
Para efeitos do presente código, entende-se por contraentes públicos:
“As entidades referidas no n.º 1 do artigo anterior; b) As entidades adjudicantes
referidas no n.º 2 do artigo anterior sempre que os contratos por si celebrados
sejam, por vontade das partes, qualificados como contratos administrativos ou
submetidos a um regime substantivo de direito público”.
“São também contraentes públicos quaisquer entidades que,
independentemente da sua natureza pública ou privada, celebrem contratos no
exercício de funções materialmente administrativas”.

Diferença entre órgãos públicos e órgãos de administração


pública
Existem organismos que são públicos, ou seja, são órgãos do Estado,
mas não estão integrados abaixo do mando da administração. É o exemplo
da Assembleia Legislativa das regiões autónomas, a Assembleia da República,
ou os Tribunais. Os órgãos da administração pública, devem ser entendidos
como aqueles que de forma direta ou indireta devem prestar os serviços de
Estado ao conjunto da sociedade, como por exemplo a polícia, o Ministério de
Educação, que o faz através dos colégios e instituições de ensino.

Órgãos Públicos de Soberania


À luz dos artigos 110º e 111º da CRP, existem ainda órgãos públicos
dotados de soberania, ou seja, aqueles que embora estejam diretamente
vinculados ao Estado, são órgãos públicos que gozam de prerrogativas
especiais, com fundamento na teoria da separação das funções básicas do
Estado e, portanto, são denominados órgãos públicos soberanos.

Administração Indireta do Estado


São serviços do Estado, mas que não dependem diretamente das
ordens do governo, pois têm os seus próprios órgãos de direção ou de
gestão. Portanto, ainda que desempenhem tarefas do Estado, constituem
órgãos próprios de gestão, como é o exemplo das escolas secundárias
públicas.

Conceito Objetivo Material


A administração estadual indireta é uma atividade administrativa do
Estado, realizada para prossecução dos fins deste, por entidades públicas
dotadas de personalidade jurídica própria e de autonomia administrativa
financeira.

Conceito Subjetivo Orgânico


A administração estadual indireta define-se como o conjunto das
entidades públicas que desenvolvem, com personalidade jurídica própria e
autonomia administrativa e financeira, uma atividade administrativa destinada a
realização de fins do Estado.
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Fundamentos da administração indireta do Estado


Com o crescimento das funções do Estado, faz-se necessário a
descentralização de algumas atividades, seria muito complicado e burocrático
que todas as atividades tivessem que ser resolvidas com a administração
pública.

Institutos Públicos
O instituto público é pessoa coletiva pública, de tipo institucional, criado
para assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de
caráter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva
pública. O instituo público tem sempre personalidade jurídica.

4)
Os princípios como fundamento da ciência jurídica
Os princípios são importantes na ciência jurídica pela sua
transversalidade com relação aos ramos do direito. Da mesma forma, os
princípios podem ultrapassar até mesmo as fronteiras dos ordenamentos
jurídicos. Os princípios de Direito podem conviver harmonicamente entre eles,
até mesmo quando colidam juridicamente, onde um sobressai ao outro sem a
necessidade de retirar a eficácia um do outro.
Uma lei pode identificar uma conjuntura política e económica de um
determinado tempo. Num sistema democrático, duas leis que forem
contraditórias, uma retira a eficácia da outra, ou seja, não podem conviver no
mesmo sistema de forma harmónica como princípios.

Base legal
As regras gerais com relação aos princípios constitucionais da
administração pública estão preceituadas nos artigos 13 e 266, número 2 da
Carta Magna Portuguesa, nos seguintes termos: “Os órgãos e agentes
administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem atuar, no
exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa fé.” Os preceitos
constitucionais tratam da base legal de direito material.

O Código de Procedimento Administrativo


No Código de Procedimento Administrativo, encontramos as vias de
aplicabilidade do direito materializado na Carta Magna. O Legislador inseriu no
capítulo II do CPA os princípios gerais da atividade administrativa, definidos em
19 dispositivos.

Princípio da Legalidade
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Uma leitura ao dispositivo, permite a elaboração de duas ideias básicas:


1º que atuar dentro da legalidade é uma exigência que deve pautar toda a
atividade da Administração Pública, mas também de todos os sujeitos de direito
numa sociedade organizada.
2º que o princípio da legalidade é o fundamento e o limite da atividade
administrativa.
*artigo 3º, número 1 do CPA

Excecionalidade do Princípio da Legalidade


Nota-se que, mesmo a Administração atuando na busca do interesse
coletivo, e em situação devidamente fundamentada por um estado de
necessidade, existem a garantia dos direitos legalmente protegidos dos
cidadãos.
*artigo 3º, número 2 do CPA

Princípio da prossecução do interesse público e da proteção


dos direitos e interesses dos cidadãos
Na sua atividade a administração pública representa os interesses do
conjunto da sociedade, ou seja, o administrador atua em nome dos
administrados. Porém existe a limitação legal dos interesses e direitos
garantidos no ordenamento jurídico.
*artigo 4º do CPA

Princípio da Administração
Uma análise do referido dispositivo legal, fica patente que o princípio da
boa administração apresenta uma espécie de subprincípios da eficiência,
economicidade, celeridade descentralização e desburocratização.
*artigo 5º do CPA
Celeridade = qualidade do que é célere; presteza

Princípio da igualdade
*artigo 6º do CPA
“Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública deve reger-se
pelo princípio da igualdade, não podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar,
privar de qualquer direito ou isentar de qualquer dever ninguém em razão de
ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções

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políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou


orientação sexual”.

Princípio da proporcionalidade
O número 1 do artigo 7º do CPA fala na adequação dos meios para
atingir os fins. O número 2 preceitua que os direitos pessoais, em linhas gerais
estão protegidos, em casos excecionais, um pouco a ideia do custo/benefício.
*artigo 7º do CPA

Princípio da justiça e da razoabilidade


“A Administração Pública deve tratar de forma justa todos aqueles que
com ela entrem em relação, e rejeitar as soluções manifestamente
desrazoáveis ou incompatíveis com a ideia de Direito, nomeadamente em
matéria de interpretação das normas jurídicas e das valorações próprias do
exercício da função administrativa”.
*artigo 8º do CPA

Princípio da imparcialidade
Este princípio está previsto no artigo 9º do Código de Procedimento
Administrativo.
A imparcialidade exige isenção e equidistância entre quem decide e o
objeto/destinatário da decisão até porque só assim é possível garantir a
prossecução do interesse público que deve ser feita sem atender aos
interesses particulares de quem decide. A atuação da Administração Pública
deve pautar-se por critérios objetivos e não subjetivos, pelo que não deve
decidir em situações nas quais os seus órgãos ou agentes tiverem algum
interesse na causa, sob pena de ilegalidade. A imparcialidade garante-se
através de medidas que passam, por exemplo, pelo órgão que tem interesse na
causa se declarar impedido de decidir, para que outro órgão tome a decisão
mais adequada e de forma objetiva atendendo a critérios imparciais. Se um
órgão não se declarar impedido voluntariamente, pode outro interveniente pedir
a sua suspensão.
Este princípio é constituído por duas vertentes, uma positiva e uma negativa.
Na vertente positiva a imparcialidade determina parâmetros racionais,
objetivos, lógicos e transparentes que devem ser ponderados na tomada da
decisão com vista a excluir interesses subjetivos. Na vertente negativa, a
imparcialidade corresponde à neutralidade administrativa face aos interesses
de particulares que não são tidos em conta, com vista a salvaguardar o
interesse público, a independência e a isenção do decisor através de um
conjunto de impedimentos, incompatibilidades, escusas e suspeições dos
titulares das estruturas administrativas intervenientes.

Princípio da participação
Este princípio está previsto no artigo 12º do Código de Procedimento
Administrativo e no art.267º/1 da Constituição da República Portuguesa.

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Os órgãos administrativos e a sua estrutura devem visar a participação dos


interessados, tentando sempre que possível ouvir as suas opiniões acerca de
medidas que os afetaram indiretamente ou diretamente. Tal como refere o
Professor Freitas do Amaral “(…) os cidadãos não devem intervir na vida da
Administração apenas através da eleição dos respetivos órgãos”, ou seja, os
cidadãos não devem incidir a sua participação apenas num acontecimento,
como a eleição de órgãos, mas sim em todas as vertentes da Administração
Pública. Neste sentido, o Professor distingue dois pontos de vista: por um lado,
do ponto de vista estrutural, toda a organização deve estar estruturada de
modo que os particulares possam intervir e até tomar medidas nalguns casos;
por outro lado, do ponto de vista funcional extrai-se a “necessidade de
colaboração com os particulares” prevista no artigo 11º/1 do Código de
Procedimento Administrativo.

Princípio da decisão
Este princípio está previsto no artigo 13º do Código de Procedimento
Administrativo.
A Administração Pública tem como uma das suas funções decidir sobre os
assuntos que são da sua competência que lhe sejam apresentados. É
necessário que haja uma celeridade na atuação da Administração prevista no
artigo 5º do Código de Procedimento Administrativo, como abordado
anteriormente. Quer isto dizer que a atuação da Administração não deve
circunscrever-se apenas a dar uma resposta ao assunto que lhe for colocado,
mas também de fazê-lo num prazo razoável. É neste âmbito que se estabelece
o prazo máximo de três meses para que a Administração dê uma resposta ao
particular, caso tal não se verifique, o particular pode ir a Tribunal exigir que a
Administração lhe dê essa resposta como forma de reagir contra as omissões
que possam advir das atuações administrativas. Caso haja razões ponderosas,
como dificuldade em decidir a questão, a Administração pode pedir a
prorrogação do prazo. Sempre que as questões forem de simples resolução, a
Administração deve responder o mais breve que lhe for possível.
Caso se trate de um pedido ao qual Administração já respondeu
anteriormente, com os mesmos sujeitos e a mesma causa do pedido/objeto,
esta não é obrigada a responder dentro do decorrer do prazo de dois anos. Tal
justifica-se pelo facto de que só há dever de decisão quando não há decisão
pelo que, uma vez tomada a decisão, o dever de dar resposta ao particular
desaparece. Todavia, este dever emerge de novo quando hajam passados dois
anos.

5)
Os Institutos Públicos
O instituto público é pessoa coletiva pública, de tipo institucional, criada
para assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de
caráter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva

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pública. Uma das caraterísticas básicas do Instituto Público está na questão de


ter sempre uma personalidade jurídica.

Funções dos Institutos Públicos


O instituto público tem por função principal o desempenho de tarefas
administrativas, ou seja, a atividade pública do Estado. Os institutos não
desempenham funções jurisdicionais ou legislativas.
A atuação dos institutos públicos está definida por leis (estatutos) de
finalidade especial.

Modalidades de institutos públicos


Segundo a doutrina, numa análise dos institutos públicos, podemos
detetar modalidades de institutos no ordenamento jurídico de Portugal.
1) Os serviços personalizados
2) As fundações públicas
3) Os estabelecimentos públicos

Os serviços personalizados
Os serviços personalizados são os serviços públicos de caráter
administrativo a que a lei atribui personalidade jurídica e autonomia
administrativa e financeira. Os fundamentos da existência de serviços
personalizados está na questão de que estes possam realizar as suas
questões contenciosas, embora sejam considerados verdadeiros
departamentos de ministérios, como é o exemplo da junta de crédito público.
Contencioso = relação conflituosa entre duas ou mais partes

As fundações públicas
As fundações públicas são as fundações que revestem natureza jurídica
de pessoas coletivas públicas. A doutrina fala, por exemplo, do fundo de
abastecimento, que já foi extinto, mas que existiu por muito tempo com fundos
provenientes dos impostos ou taxas dos combustíveis, para subsidiar alguns
dos produtos como o pão, leite, carne.

Estabelecimentos Públicos
Os estabelecimentos públicos são os institutos públicos de caráter
cultural e social, organizados como serviços abertos ao público, e destinados a
efetuar prestações individuais à generalidade dos cidadãos que delas careçam.
Segundo o entendimento doutrinário dominante, o melhor exemplo de
estabelecimento público são as universidades públicas, pelo fundamento de
autonomia universitária.

Regime jurídico dos institutos públicos em Portugal

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No ordenamento jurídico de Portugal, o diploma que regula a criação e


funcionamento dos institutos públicos é a lei 3 de 15 de janeiro de 2004.
O primeiro diploma mencionado diz que são aplicáveis ainda o CPA,
assim como os respetivos estatutos dos Institutos e regulamentos internos.
*artigo 6 da lei 3/2004

Regime jurídico na lei 3/2004


Os institutos públicos regem-se pelas normas constantes da presente lei
e demais legislação aplicável às pessoas coletivas públicas, em geral, e aos
institutos públicos, em especial, bem como pelos respetivos estatutos e
regulamentos internos.

Traços específicos dos institutos públicos


a) Os institutos públicos são pessoas coletivas públicas
b) Beneficiam em grau maior ou menor de autonomia administrativa
c) Podem dispor de autonomia financeira
d) São obrigatoriamente criados, modificados e extintos mediante ato
legislativo (artigo 9 da lei 3/2004)
e) Possuem órgãos próprios, dos quais o principal é, em regra, uma
comissão, junta ou conselho administrativo
f) Os respetivos presidentes são, simultaneamente, órgão dirigente do
instituto público e órgão de Estado
g) Os seus serviços administrados podem ser centrais ou locais
h) A intervenção do governo nesses institutos é bastante apertada
i) O regime jurídico é um regime de direito público, na forma de produção
de regulamentos, os contratos por estes celebrados são administrativos,
cobram impostos, têm poder de polícia

Regime de responsabilidade dos institutos públicos e seus


dirigentes
1 - Os titulares dos órgãos dos institutos públicos e os seus funcionários,
agentes e trabalhadores respondem civil, criminal, disciplinar e
financeiramente pelos atos e omissões que pratiquem no exercício das
suas funções, nos termos da Constituição e demais legislação aplicável.
(ver artigo 22 da CRP)
2 - A responsabilidade financeira é efetivada pelo Tribunal de Contas, nos
termos da respetiva legislação. (artigo 43 lei 3/2004)
Com relação à responsabilidade, à luz do diploma regulador, a necessidade
de indemnizar alguém por ação, omissão ou compromisso assumido pelo
instituto, pode ser uma das formas de extinção do mesmo, conforme
preceitua o artigo 16 alínea d.

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Administração Direta do Estado


Base legal lei 4/2004 de 15 de janeiro
Aproximação conceitual: a administração pública direta é aquela que,
pela natureza das suas competências e funções, devam estar sujeitos ao poder
de direção do respetivo membro de Governo (artigo 2 do diploma jurídico
supracitado).
É importante salientar que as caraterísticas da administração pública
estudadas na administração indireta, aqui são ainda mais destacadas e
visíveis, como é o exemplo da unicidade, estrutura hierarquizada ou
organização em ministérios.

Quais são estes serviços definidos como administração direta


do Estado?
Integram a administração direta do Estado os serviços centrais e
periféricos que, pela natureza das suas competências e funções, devam estar
sujeitos ao poder de direção do respetivo membro do Governo.
Incluem-se ainda na administração pública os serviços de cujas
atribuições decorra, designadamente, o exercício de poderes de soberania,
autoridade e representação política do Estado ou o estudo e conceção,
coordenação, apoio e controlo ou fiscalização de outros serviços
administrativos.

Definição das atribuições da administração direta


“A lei orgânica de cada ministério define as respetivas atribuições, bem
como a estrutura orgânica necessária ao seu funcionamento, distinguindo os
serviços e organismos que pertencem à administração direta dos da
administração indireta”. (artigo 4º da lei 4/2004 lei-quadro da administração
direta)

Tipologia dos serviços do Estado


Os serviços de administração direta do Estado são definidos, de acordo
com a sua função dominante, em:
a) Serviços executivos
b) Serviços de controlo, auditoria e fiscalização
c) Serviços de coordenação
*artigo 11º número 2 alíneas a, b, c da lei-quadro

Serviços executivos da administração direta


Os serviços executivos da administração direta do Estado garantem a
prossecução das políticas públicas da responsabilidade de cada ministério,
prestando serviços no âmbito das suas atribuições ou exercendo funções de
apoio técnico aos respetivos membros do Governo, nos seguintes domínios:
a) Concretização das políticas públicas definidas pelo Governo
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b) Estudos e conceção ou planeamento


c) Gestão de recursos organizacionais
d) Relações com a União Europeia
e) Relações internacionais
*artigo 13º da lei-quadro

Serviços de controlo, auditoria e fiscalização


Os serviços de controlo, auditoria e fiscalização exercem funções
permanentes de acompanhamento e de avaliação da execução de políticas
públicas, podendo integrar funções inspetivas ou de auditoria.
Como exemplo dessa modalidade de órgão da administração direta do
Estado podemos apontar o Tribunal de Contas.
*artigo 15º da lei-quadro

Serviços centrais e periféricos


São serviços centrais os que exercem competência extensiva a todo o
território nacional, independentemente de possuírem, ou não, unidades
orgânicas geograficamente desconcentradas.
São serviços periféricos os que dispõem de competência limitada a uma
área territorial restrita, funcionando sob a direção do membro do Governo
competente. (artigo 11ª número 4 alíneas a, b da lei-quadro da administração
publica direta do Estado).

Serviços periféricos externos


Os serviços periféricos externos exercem os seus poderes fora do
território nacional, podendo a sua estrutura interna ser definida de acordo com
as suas especificidades, sem prejuízo dos princípios gerais contidos na
presente lei.
Como exemplo aqui podemos apontar as repartições Consulares e
Embaixadas de Portugal em outros Estados.

Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e


demais Entidades Públicas (LEI 67/2007 de 31 dezembro)
Aspetos Relevantes da Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil pode ser subdividida de acordo com seu fato
gerador, podendo ser contratual ou extracontratual.
1-A responsabilidade contratual está estritamente ligada a uma
obrigação jurídica preexistente firmada entre o autor e a vítima do dano, esta
obrigação pode ser derivada da lei, de um contrato ou mesmo um preceito
geral de Direito. Dessa forma, o autor de um dano será responsável quando
violar norma contratual, ou seja, a responsabilidade será gerada pelo
inadimplemento da obrigação estabelecida em um contrato, lembrando que o

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ônus da prova caberá ao devedor que deverá provar se houve alguma


excludente de ilicitude ou se agiu ou não com culpa.”
2-Responsabilidade extracontratual: De outra forma, quando ocorre
lesão a direito subjetivo sem que haja a existência de vínculo contratual ou
qualquer outra relação jurídica entre vítima e autor do dano, surge a
responsabilidade extracontratual ou aquiliana. “Haverá por seu turno,
responsabilidade extracontratual se o dever jurídico violado não estiver previsto
no contrato, mas sim na lei ou na ordem jurídica.”

A Lei 67/2007
Da responsabilidade Extracontratual do Estado e outras
pessoas Coletivas de Direito Público
“A responsabilidade civil extracontratual do Estado e das demais
pessoas coletivas de direito público por danos resultantes do exercício da
função legislativa, jurisdicional e administrativa rege-se pelo disposto na
presente lei, em tudo o que não esteja previsto em lei especial”. (artigo 1º
número 1 da Lei 67/2007)

Definição de Exercício da Função Administrativa


Para os efeitos do disposto no número anterior, correspondem ao
exercício da função administrativa as ações e omissões adotadas no exercício
de prerrogativas de poder público ou reguladas por disposições ou princípios
de direito administrativo. (artigo 1º número 2 da lei 67/2007)

Jurisprudência
Acórdão STJ de 16-10-2012
“também aplicáveis á responsabilidade civil de pessoas coletivas de direito
privado e respetivos trabalhadores, titulares de órgãos sociais, representantes
legais ou auxiliares, por ações ou omissões que adotem no exercício de
prerrogativas de poder público ou que sejam regulados por disposições ou
princípios de direito administrativo…”

Da obrigação de indemnizar nos termos da lei


“Quem esteja obrigado a reparar um dano, segundo o disposto na presente lei,
deve reconstituir a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento
que obriga à reparação.”
FORMAS DE INDEMNIZAÇÃO
“A indemnização é fixada em dinheiro quando a reconstituição natural
não seja possível, não repare integralmente os danos, ou seja, excessivamente
onerosa”. (artigo 3º números 1 e 2 da Lei 67/2007)

Da possibilidade de Indemnização dos danos futuros causados


pela Administração Pública

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“A responsabilidade prevista na presente lei compreende os danos patrimoniais


e não patrimoniais, bem como os danos já produzidos e os danos futuros, nos
termos gerais de direito”. (artigo 3º número 3 da lei67/2007)

A Culpa do Lesado
“Quando o comportamento culposo do lesado tenha concorrido para a
produção ou agravamento dos danos causados, designadamente por não ter
utilizado a via processual adequada à eliminação do ato jurídico lesivo, cabe ao
tribunal determinar, com base na gravidade das culpas de ambas as partes e
nas consequências que delas tenham resultado, se a indemnização deve ser
totalmente concedida, reduzida ou mesmo excluída.” (artigo 4º da Lei 67/2007)

Da possibilidade do direito de regresso


“O exercício do direito de regresso, nos casos em que este se encontra
previsto na presente lei, é obrigatório, sem prejuízo do procedimento disciplinar
a que haja lugar.”
“Para os efeitos do disposto no número anterior, a secretaria do tribunal que
tenha condenado a pessoa coletiva remete certidão da sentença, logo após o
trânsito em julgado, à entidade ou às entidades competentes para o exercício
do direito de regresso.” (artigo 6º da lei 67/2007)

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