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ORGANIZAÇÃO DA

ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
SUMÁRIO

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA����������������������������������������������������������� 3


ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA��������������������������������������������������������������������������� 3
ÓRGÃOS PÚBLICOS������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 5
AS RELAÇÕES DO ESTADO COM OS AGENTES PÚBLICOS E SUAS TEORIAS������������������������������������������������������������������5
CLASSIFICAÇÃO DOS ORGÃOS PÚBLICOS������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
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ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA


A base da divisão administrativa no Brasil está no Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de
1967, que dispõe sobre a organização da administração pública federal e as diretrizes da reforma
administrativa em conjunção com a Constituição Federal de 1988.
Em relação à Administração Pública Direta, é pertinente saber que ela se divide em razão de
uma descentralização política, estudo inclusive pertencente ao direito constitucional. Segundo os
constitucionalistas, nossa descentralização política é conhecida como centrífuga, ou seja, de den-
tro para fora, diferentemente da descentralização que houve nos Estados Unidos, de centralização
centrípeta, ou seja, de fora para dentro.

Constituição Federal De 1988


Art. 37. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

decreto-lei nº 200/1967
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I – A ADMINISTRAÇÃO DIRETA, que se constitui dos serviços integrados na estrutura admi-
nistrativa da Presidência da República e dos Ministérios.
É importante destacar também que, dentro da União e dos estados, tem-se a atuação dos
poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, mas nos municípios apenas a do Legislativo e do Executivo.
No tocante à função administrativa, deve-se ter em mente que ela não é exclusiva do Poder
Executivo; embora exercida principalmente por esse poder, será utilizada pelo Legislativo e pelo Judi-
ciário em suas funções atípicas, assunto estudado na “Introdução ao Direito Administrativo”. Resu-
mindo: quando falamos em Administração Pública Direta, estamos diante dos órgãos que compõem
a União, o estado, o Distrito Federal e o município que desempenham a atividade administrativa.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro


“A Administração Pública abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e
agentes incumbidos de atender concretamente às necessidades coletivas; corresponde à
função administrativa, atribuída preferencialmente aos órgãos do Poder Executivo.”
(DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Forense, 2019. p. 190.)
Em relação aos órgãos que compõem a Administração Pública Direta, vale citar que, na União,
os ministérios atuam como órgãos auxiliares diretos da Presidência. Nos estados, no Distrito Federal
e nos municípios, os órgãos auxiliares diretos são conhecidos como secretarias.

decreto-lei nº 200/1967
Art. 1º O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros
de Estado.
É preciso ressaltar as características pertinentes às pessoas que compõem a Administração
Pública Direta. São elas:
ͫ São independentes entre si, ou seja, não há hierarquia entre elas.
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ͫ Devem prestar contas dos seus gastos.


ͫ Apresentam autonomia “política”, pois têm a capacidade de se autolegislar; na União,
temos o Congresso Nacional; nos estados, a Assembleia Legislativa; nos municípios, as
Câmaras de Vereadores; e, no Distrito Federal, a Câmara Legislativa.
ͫ Fique atento, uma vez que essa é uma das características mais cobradas em concursos
públicos.
ͫ A Administração Pública Indireta não desfruta desse independência porque os integrantes
não têm a capacidade de se autolegislar, pois lhes falta um local apropriado para exercer
a função legiferante.
É muito importante destacar que os ministérios, as secretarias, os departamentos e as sub-
prefeituras são órgãos e, como tais, não têm personalidade jurídica.

Lei nº 9.784/99
Art. 1o § 2oPara os fins desta Lei, consideram-se:
I – Órgão – a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
estrutura da Administração indireta;
A União, os estados, o Distrito Federal e os município são pessoas jurídicas de direito público
interno, partes dos entes políticos, visto que possuem personalidade jurídica, inclusive de direito
público nos termos do Código Civil, em seu art. 41.

LEI nº 10.406/2002 (código civil)


Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I – A União;
II – Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III – os Municípios;

ÓRGÃOS PÚBLICOS
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Órgãos públicos são unidades de atuação destituídas de personalidade jurídica, cuja existência
decorre do poder hierárquico que se verifica dentro de uma mesma pessoa jurídica. Enunciados
corriqueiros de concurso público costumam afirmar que órgãos públicos apresentam personalidade
jurídica. Então, muita atenção para não cair nessa “pegadinha”.

Lei nº 9.784/99
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
I – ÓRGÃO – a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
estrutura da Administração indireta;

Hely Lopes Meirelles


“Os órgãos públicos são centros de competência, instituídos para o desempenho de funções
estatais, por meio de seus agentes, cuja autuação é imputada à pessoa jurídica a que perten-
cem. São unidades de ação com atribuições específicas na organização estatal.”
(Meirelles, H. L. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros. 2012. p. 72.)

AS RELAÇÕES DO ESTADO COM OS AGENTES PÚBLICOS E SUAS TEORIAS


Com a evolução do Direito Administrativo ao longo do tempo, os pensadores do Direito ten-
taram classificar a forma segundo a qual o Estado se relacionava com os seus agentes. Surgiram
então estas quatro teorias:
ͫ TEORIA DA IDENTIDADE
» Essa teoria tinha como base a afirmação de que o órgão público era o próprio
agente. Com o passar do tempo, percebeu-se que o equívoco nessa teoria estava
em concluir que, quando o agente público morresse, o órgão também seria extinto.
ͫ TEORIA DA REPRESENTAÇÃO
» Baseada no Código Civil, a teoria da representação defendia que o Estado era inca-
paz. Assim, quando o agente público atuasse, estaria exercendo uma espécie de
curatela nos interesses do Estado por conta dessa incapacidade. Essa teoria também
foi superada porque o Estado, sendo incapaz, não teria como ele mesmo nomear
seu representante.
ͫ TEORIA DO MANDATO
» O fundamento dessa teoria está na afirmação de que o agente público celebraria
um contrato de representação com o Estado, razão pela qual seria mandatário das
vontades do próprio Estado. Essa teoria também caiu por terra principalmente por
não conseguir apontar qual é o momento e quem seria o autor do mandato.
ͫ TEORIA DA IMPUTAÇÃO VOLITIVA OU TEORIA DO ÓRGÃO
» Teoria esquematizada pelo famoso jurista alemão Otto Friedrich von Gierke (1841-
1921). A visão do notável jurista foi comparar o Estado ao corpo humano: o Estado,
como uma pessoa, tem uma personalidade própria, e os órgãos que o integram
seriam partes integrantes dessa pessoa estatal.
» A base da teoria da imputação está na afirmação de que a pessoa jurídica se mani-
festa por intermédio dos seus órgãos, de modo que os atos praticados pelos agentes
públicos não são deles, mas sim da pessoa jurídica a qual eles estão vinculados.
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» Por exemplo, quando um policial federal atua, ele o faz em nome do Estado. Quando
o médico opera em um hospital público, é o Estado que opera por intermédio do
médico. Quando o professor ensina numa escola pública, o Estado ensina por meio
da atuação dele.
» Essa teoria, inclusive, pauta responsabilidade civil objetiva do Estado, estampada
na Constituição Federal, em seu art. 37, § 6º, em que se lê:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públi-
cos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Como consequência da aplicação dessa teoria no Brasil, é possível citar como exemplos o
impedimento da propositura da ação indenizatória diretamente contra a pessoa física do agente e
também a impossibilidade de responsabilidade civil do Estado, se o dano tiver sido causado pelo
agente fora do exercício público, como o policial na qualidade de particular que atinge o vizinho
fora do seu serviço.
ESQUEMA DAS CARACTERÍSTICAS DO ÓRGÃO PÚBLICOS

ͫ Unidades integrantes da Administração Direta e Indireta.


ͫ Não apresentam personalidade jurídica.
ͫ Possuem cargos, agentes e funções.
ͫ Em regra, não têm capacidade processual por não terem personalidade jurídica. A exceção
fica por conta dos órgãos do alto escalão do governo (Senado).

CLASSIFICAÇÃO DOS ORGÃOS PÚBLICOS


A doutrina classifica os órgãos públicos de várias maneiras, mas as questões mais cobradas
em provas adotam a classificação de Hely Lopes Meirelles. Abordaremos aqui a doutrina desse
respeitoso e saudoso mestre. Ele classifica os vários órgãos públicos com base em três critérios
diferentes: quanto à posição hierárquica, à estrutura e à atuação funcional.
ͫ POSIÇÃO ESTATAL
» Órgãos independentes: são órgãos representativos dos poderes do Estado e que
possuem competências constitucionais, não estando subordinados a nenhum outro
órgão.
» Exemplos: Câmara dos Deputados; Presidência da República, tribunais, Tribunal de
Contas da União (TCU) e Ministério Público (MP).
» Órgãos autônomos: têm autonomia administrativa e financeira, mas estão subor-
dinados à chefia de órgão independente na sua linha de hierarquia.
» Exemplos: ministérios estaduais, secretarias estaduais e municipais.
» Órgãos superiores: não têm autonomia administrativa nem financeira, mas contam
com poder de decisão e comando de órgãos inferiores. Estão sujeitos ao controle
hierárquico de uma chefia mais alta.
» Exemplos: departamentos, coordenadorias, divisões, gabinetes.
» Órgãos subalternos: não desfrutam de autonomia nem de poder decisório. Existem
apenas para o desempenho de atribuições de execução.
» Exemplos: seção de almoxarifado, expediente etc.
ͫ ESTRUTURA
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» Órgãos simples (unitários): possuem um único centro de competência.


» Órgãos compostos: apresentam vários centros de competência.
ͫ ATUAÇÃO FUNCIONAL
» Órgãos singulares (unipessoais): são aqueles cujo poder de decisão compete a um
único agente.
» Exemplo: Presidência da República.
» Órgãos colegiados (pluripessoais): são aqueles cujo poder de decisão compete a
uma maioria de agentes.
» Exemplos: Câmara dos Deputados e Superior Tribunal Federal (STF).

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