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A
GENTES
PÚBLICOS
8) Agentes de fato.
“Então, para que tais atribuições (do Estado) se concretizem e ingressem no mundo
natural é necessário o concurso de seres físicos, prepostos à condição de agentes. O
querer e o agir destes sujeitos é que são, pelo Direito, diretamente imputados ao
Estado (manifestando-se por seus órgãos), de tal sorte que, enquanto atuam nesta
qualidade de agentes, seu querer e seu agir são recebidos como o querer e o agir
dos órgãos componentes do Estado; logo, do próprio Estado. Em suma, a vontade
e a ação do Estado (manifestada por seus órgãos, repita-se) são constituídas na e
pela vontade e ação dos agentes; ou seja: Estado e órgãos que o compõem se
exprimem através dos agentes, na medida em que ditas pessoas físicas atuam nesta
posição de veículos de expressão do Estado”.1
“Esta expressão - agentes públicos – é a mais ampla que se pode conceber para
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No dizer de Maria Sylvia Di Pietro, “agente público é toda pessoa física que
presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta”. 3
Em suma, “a noção abarca todos os que desempenhem função pública e, por certo,
enquanto a desempenham, independentemente da existência de vínculo, e se este
existir são irrelevantes a forma de investidura e a natureza da vinculação que os
prende à Administração Pública”.5
Esse sentido amplo de agente público é o utilizado, por exemplo, pela Lei
8.429/92, ao dispor sobre todas as pessoas passíveis de serem
responsabilizadas por ato de improbidade administrativa:
Art. 1o, caput: "Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público,
servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios,
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5 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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Art. 2o: "Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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6 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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“Bem por isto, é natural que seja impetrável segurança contra diretor de Faculdade
particular reconhecida com relação a atos que digam respeito à sua atividade
ordenadora ou decisória de ensino. De igual modo, os titulares de serviços notariais
ou de registro, conquanto conservem sua qualidade de particulares (art. 236 da
Constituição), estranhos, pois, ao conceito de funcionário ou de servidor público,
podem ser sujeitos passivos de mandado de segurança, posto que agem como
delegados de função pública. O dirigente de empresa pública ou sociedade de
economia mista (pessoas qualificadas como de Direito Privado), ainda quando
sejam elas meramente exploradoras de atividade econômica, também pode ser
enquadrado como „autoridade‟ no que concerne a atos expedidos para
cumprimento de normas de Direito Público a que tais entidades estejam obrigadas,
como, exempli gratia, os relativos às licitações públicas que promovam”.6
empregados governamentais.
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, tem uma concepção mais
restrita acerca dos agentes públicos que devem ser classificados como
agentes políticos, considerando como tais somente aqueles que mantêm
vínculo de natureza política com o Estado (e não vínculo de natureza
profissional), daí porque não inclui nesta categoria os membros do Poder
Judiciário e do Ministério Público:
Vereadores”.9
7
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo:
Malheiros.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
9 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
10 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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São “todos aqueles que entretêm com o Estado e suas entidades da Administração
indireta, independentemente de sua natureza pública ou privada (autarquias,
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista) relação de trabalho
de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de dependência”.11
São “todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades
governamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estados, Distrito
Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público. Em
suma: são os que entretêm com o Estado e com as pessoas de Direito Público da
Administração indireta relação de trabalho de natureza profissional e caráter não
eventual sob vínculo de dependência”.12
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aquela “qualificada por sua transitoriedade; a que não é permanente; aquele que
se sabe ter um fim próximo. Em suma, a que é passageira. São exemplos de
necessidade temporária cujo atendimento pode ser conseguido com esses contratos:
a restauração do sistema viário e dos serviços de comunicações destruídos por uma
inundação; a continuidade dos serviços de magistério em razão do afastamento
súbito e prolongado do professor titular; a vacinação emergencial da população em
razão de um surto epidêmico imprevisível; o recenseamento e outros levantamentos
estatísticos; a melhoria do serviço público tornado de baixa qualidade pela falta de
servidores e a sua continuidade em razão de greve. A necessidade a ser atendida,
além de temporária, há de ser de excepcional interesse público”.14
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2.2.2) Militares
"Os militares abrangem as pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas
- Marinha, Exército e Aeronáutica (art. 142, caput, e §3º, da Constituição) - e às
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e
dos Territórios (art. 42), com vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio,
mediante remuneração paga pelos cofres públicos. Até a Emenda Constitucional n.
18/98, eram considerados servidores públicos, conforme o art. 42 da Constituição,
inserido em seção denominada 'servidores públicos militares' (...) A partir da EC
n. 18/98, os militares ficaram excluídos da categoria dos servidores públicos, só lhes
sendo aplicáveis as normas que a estes se referem quando houver previsão expressa
nesse sentido, como a contida no artigo 142,
§3º, inciso VIII. Esse dispositivo manda aplicar aos militares das Forças Armadas
os incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV do artigo 7 o e os incisos XI, XIII, XIV
e XV do artigo 37".15
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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Não se lhes aplica a Lei 9.962/2000, que, como já vimos em tópico anterior,
somente incide em relação aos empregados públicos das entidades
estatais de direito público no âmbito federal.
São aqueles agentes que, apesar de não terem vínculo direto com o
aparelho estatal, exercem função pública, ainda que em caráter provisório,
tal como acontece com os leiloeiros, tradutores, peritos, concessionários
etc.
“Nesta categoria entram as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem
vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Podem fazê-lo sob diversos títulos,
que compreendem: 1. delegação do Poder Público, como se dá com os empregados
das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, os que
exercem serviços notariais e de registro (art.236 da Constituição), os leiloeiros,
tradutores e intérpretes públicos; eles exercem função pública, em seu próprio
nome, sem vínculo empregatício, porém sob fiscalização do Poder Público. A
remuneração que recebem não é paga pelos cofres públicos mas pelos terceiros
usuários do serviço; 2. mediante requisição, nomeação ou designação para o
exercício de funções públicas relevantes; é o que se dá com os jurados, os
convocados para prestação de serviço militar ou eleitoral, os comissários de
menores, os integrantes de comissões, grupos de trabalho etc.; também não têm
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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Outra situação sui generis é a dos recrutados para o serviço militar. Eles
não estão inseridos no quadro funcional da instituição militar, nem
exercem cargos. Apenas são
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São Paulo: Malheiros.
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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I) AGENTES POLÍTICOS:
transitório.
- Exercem cargos eletivos (Presidente, Governador, Prefeito,
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II.1.1) SERVIDORES
ESTATUTÁRIOS:
- Titulares de cargos
públicos
- Regime estatutário
edita a sua
legislação
II) SERVIDORES II.1) SERVIDORES
- No âmbito federal há
ESTATAIS: PÚBLICOS:
a Lei 8.112/90
- Em regra,
- Vínculo de - Ocupam cargos,
ingressam por
natureza empregos ou
concurso público,
profissional e funções nos entes
salvo os detentores
caráter não de Direito Público
de cargo de
eventual. (União, Estados, DF,
confiança.
Municípios,
autarquias e
II.1.2) EMPREGADOS
fundações de
PÚBLICOS:
Direito Público).
Titulares
- de
empregos públicos
- Regime contratual
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pessoas de confiança.
governamentais de
II.1.3)
Direito Privado
CONTRATADOS
TEMPORÁRIOS
- Atendem a
necessidade
temporária de
excepcional
interesse público
(CF/88, art. 37, IX).
- Regime de contrato
administrativo
especial.
- Cada ente político
editará legislação
sobre a matéria.
- No âmbito federal há
a Lei 8.745/93.
- Não ingressam por
concurso público,
mas há casos de
processo seletivo
simplificado.
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(empresas estatais
e fundações estatais
de Direito Privado)
- Regime trabalhista
comum (CLT), com
algumas regras de
Direito Público
previstas na CF/88
(Ex: prévio
concurso).
II.3) MILITARES
- Membros das
Forças Armadas,
das Polícias
Militares e Corpos
de Bombeiros
Militares.
- Sujeitam-se a um
regime estatutário
próprio, distinto do
regime estatutário
dos servidores civis.
Nas Forças Armadas
aplica-se o Estatuto
dos Militares (Lei
6.880/90). Para os
membros das
polícias e corpo de
bombeiros
militares, cada
Estado editará o
respectivo Estatuto.
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Sob este aspecto do regime jurídico, como dito, existem três categorias
de servidores públicos: a) servidores públicos estatutários; b) servidores
públicos trabalhistas (empregados públicos); c) servidores públicos
temporários.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
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José dos Santos Carvalho Filho nos fornece lição esclarecedora sobre o
tema:
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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23
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
24
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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23
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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“Essas regras indicam não só que ficou excluída a hipótese de resilição unilateral
do contrato por parte do Estado-empregador, não sendo assim aplicável nesse
aspecto o art. 479 da CLT, mas também que é vinculada à atividade da União no
que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma hipótese a rescisão
contratual poderá dar-se ao mero alvedrio da Administração Federal, decorrente
da valoração de conveniência e oportunidade. A lei excluiu da observância de tais
exigências a extinção de contratos de servidores firmados com base na regra de
autonomia de gestão, de que trata o art. 37, §8º, da CF. Significa dizer que é mais
frágil o vínculo trabalhista nessa hipótese e que, em relação a tais contratações,
será viável o exercício do direito à resilição unilateral do contrato pela União, ainda
quando o motivo tenha fundamento em razões de natureza discricionária”. 27
27
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
28 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. São Paulo: RT.
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“Não há qualquer dúvida de que algumas carreiras realmente não comportam, por
sua natureza particular, a incidência do regime de emprego público e devem
continuar sujeitas ao regime estatutário, sejam ou não consideradas as respectivas
função como „atividades exclusivas de Estado‟. Citem-se, para exemplificar, as
carreiras de diplomacia, fiscalização, polícia, advocacia pública e a carreira militar
em geral. Por conseguinte, o regime de emprego público será o adequado para os
servidores que executem as funções normais de apoio técnico e administrativo em
geral, os quais, verdade seja dita, formam a maioria esmagadora dentro da
categoria dos servidores públicos”.30
“O regime normal dos servidores públicos teriam mesmo de ser o estatutário, pois
este (ao contrário do regime trabalhista) é o concebido para atender a
peculiaridades de um vínculo no qual não estão em causa tão-só interesses
empregatícios, mas onde avultam interesses públicos básicos, visto que os
servidores públicos são os próprios instrumentos da atuação do Estado. Tal regime,
atributivo de proteções peculiares aos providos em cargo público, almeja, para
benefício de uma ação impessoal do Estado – o que é uma garantia para todos os
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
31 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
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regime estatutário, que, inclusive, tem aplicação subsidiária no que couber. O que
não poderá, obviamente, é fixar outra qualificação que não a contratual. O STJ,
aliás, já teve a oportunidade de decidir, em processo de conflito de competência,
que esse tipo de contratação “não revela qualquer vínculo trabalhista disciplinado
pela CLT”, sendo, pois, da Justiça Federal a competência para dirimir questão de
pagamento de verbas quando for ré a União Federal.46 Nos Estados que adotarem
semelhante regime, portanto, a competência será dos juízos fazendários, os mesmos
que normalmente processam e julgam litígios de servidores estatutários. Em suma:
litígios de servidores sob a égide dos regimes estatutário e especial são processados
e julgados na justiça comum (federal ou estadual), e não na trabalhista. Entretanto,
impõe-se distinguir. A justiça comum só é competente para apreciar tais litígios
quando o ente federativo tiver efetivamente editado a lei específica reguladora do
regime especial, como determina
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
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o art. 37, IX, da CF.48 Se não o tiver feito, sequer pode recrutar servidores pelo
regime especial; caso
o faça, a pretexto de admitir servidores temporários, estará celebrando,
dissimuladamente, mero contrato de trabalho, de modo que futuros conflitos
deverão ser decididos na Justiça do Trabalho. Não obstante, semelhante distinção
parece não ser acolhida por certos setores do Judiciário, o que não se afigura, em
nosso entender, o melhor entendimento" 35.
O rol previsto na lei deve ser tido como meramente exemplificativo, sendo
que muitas das hipóteses nele contempladas são de duvidosa
constitucionalidade, pois em alguns casos chegam a prever contratação
prorrogável por até oito anos, o que não é razoável em se tratando de
contratação temporária. Além disso, a Lei 8.745/93 prevê a realização de
processo seletivo simplificado em alguns casos, o que também tem sido
alvo de críticas pela doutrina, já que a excepcionalidade do interesse
público e a temporariedade da função seriam incompatíveis com a
realização de concurso.
E acrescenta:
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35
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
36
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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“Os agentes temporários, contratados pelo regime celetista, nas condições do inciso
IX do art. 37 da Constituição Federal, salvo o que lhes for atribuído por lei
específica, cumprem seus contratos junto à Administração Pública, em termos de
direitos e obrigações, consoante dispuser a Consolidação das Leis do Trabalho, e,
no que respeita aos direitos previdenciários, o que dispuserem as leis pertinentes.
A contratação desses agentes temporários, nas condições e para os fins assinalados
no mencionado inciso IX do art. 37 da Constituição Federal, não exige concurso. A
contratação temporária e essa modalidade de seleção de interessados em ingressar
na Administração Pública para prestar seus serviços são absolutamente
incompatíveis. Por isso, Celso Antônio Bandeira de Mello (Regime Constitucional,
cit., p. 61) afirmar „tratar-se de hipótese em que a contratação se faz sem concurso,
dada a anomalia da situação‟ Embora seja assim em termos lógicos e práticos,
algumas leis vêm exigindo, como é o caso da referida Lei federal n. 8.745, de 9 de
dezembro de 1993 (com suas ulteriores alterações), que dispõe sobre a contratação
de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público, a realização de processo seletivo simplificado.
Salvam-se desse processo seletivo e, obviamente do concurso público, os casos em
que a contratação for destinada a atender necessidades decorrentes de calamidade
pública (art. 3o, §1º) e a contratação de pessoal enquadrável nos incisos IV, V e VI,
alíneas a, c, d e e g, do art.2o, formalizada
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
36
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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4) ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
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39
STF. Plenário. RE 1066677, repercussão geral (Tema 551), rel. Marco Aurélio, rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julg. 22/05 /2020.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
direito administrativo. São Paulo: Malheiros. 42
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
direito administrativo. São Paulo: Malheiros. 43
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
direito administrativo. São Paulo: Malheiros.
41
39
STF. Plenário. RE 1066677, repercussão geral (Tema 551), rel. Marco Aurélio, rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julg. 22/05 /2020.
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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titulares são nomeados em função da relação de confiança que existe entre eles e a
autoridade nomeante. Por isso é que na prática alguns os denominam de cargos de
confiança. A natureza desses cargos impede que os titulares adquiram estabilidade.
Por outro lado, assim como a nomeação para ocupá-los dispensa a aprovação
prévia em concurso público, a exoneração do titular é despida de qualquer
formalidade especial e fica a exclusivo critério da autoridade nomeante. Por essa
razão é que são considerados de livre nomeação e exoneração (art. 37, II, CF)”. 45
“(...) leva em consideração a situação dos cargos diante do quadro funcional. Sob
esse aspecto, dividem-se em cargos de carreira e cargos isolados. Os primeiros
permitem a progressão funcional
45
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
46 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
47 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
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dos servidores através de diversas classes até chegar à classe mais elevada. Os
cargos isolados, ao contrário, têm natureza estanque e inviabilizam a
progressão”.48
48
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
49 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
50 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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52 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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“Portanto, perante a Constituição atual, quando se fala em função, tem-se que ter
em vista dois tipos de situações: 1. a função exercida por servidores contratados
temporariamente com base no art. 37, IX, para os quais não se exige,
necessariamente, concurso público, porque, às vezes, a própria urgência da
contratação é incompatível com a demora do procedimento; (...) 2. as funções de
natureza permanente, correspondentes a chefia, direção, assessoramento ou outro
tipo de atividade para a qual o legislador não crie o cargo respectivo; em geral, são
funções de confiança, de livre provimento e exoneração; a elas se refere o art. 37,
V (...). Com isso, fica explicada a razão de ter o constituinte, no art. 37, II, exigido
concurso público só para a investidura em cargo ou emprego. Nos casos de função,
a exigência não existe porque os que a exercem ou são contratados
temporariamente para atender às necessidades emergentes da Administração, ou
são ocupantes de funções de confiança, para as quais não se exige concurso público.
A discussão quanto aos dois tipos de função atualmente existentes é de fundamental
importância, porque há uma série de normas constitucionais que, ao fazerem
referência a cargo, emprego ou função, estão-se referindo às funções de confiança
e não à função temporária exercida com base no art. 37, IX”. 52
O art. 84, VI, b (com a redação dada pela EC 32/2001) confere ao Presidente
da República a competência privativa para dispor, mediante decreto,
sobre extinção das funções ou cargos públicos, quando vagos. Para
alguns, trata-se de uma espécie de regulamento autônomo
excepcionalmente admitido no ordenamento brasileiro.
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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“A criação de cargos auxiliares do Legislativo, a teor dos arts. 51, IV, e 52, XIII, é
de competência privativa da Câmara ou do Senado, conforme o caso; isto é,
independente de participação do Executivo. Faz-se por resolução, e não por lei, já
que na elaboração desta há necessariamente interferência do Executivo, através da
„sanção‟ ou do „veto‟, conquanto este último seja superável por votação da
maioria qualificada do Legislativo. A razão dos dispositivos em questão, pois, seria
e era, até o advento do “Emendão”, assegurar a independência do Legislativo,
propiciando-lhe que se instrumentasse, conforme lhe parecesse adequado, ao
cumprimento de suas funções, já que, a toda evidência, o bom desempenho delas
está relacionado com o apoio de seus serviços auxiliares. Pretendia-se, então, evitar
interferências do Executivo na matéria, para que este não tivesse forma de tentar
amesquinhar os recursos humanos necessários ao Legislativo ou meios de impor
„barganhas‟ quanto a isto. Desde o “Emendão”, contudo, com a mudança da
redação dos preceptivos mencionados, estes se tornaram puramente rituais. É que
a fixação dos vencimentos de tais cargos, condição para que possam de fato existir e
ser preenchidos, depende de lei. Assim, os autores do
„Emendão‟ e os congressistas que docilmente votaram a alteração do art. 51, IV e
52, XIII, eliminaram o único sentido dos versículos referidos, em detrimento da
autonomia do Poder Legislativo e em favor de sua notória e crescente submissão
ao Executivo”.53
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
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regra geral fixada no §2º deste mesmo artigo, segundo a qual são vedadas distinções
entre uns e outros. Em decorrência do disposto no art. 7 o, XXX, ao qual o art. 39,
§3º, faz remissão, em princípio não seriam admissíveis restrições discriminatórias
por motivo de idade ou sexo para admissão em cargos ou empregos; contudo, a
parte final deste último preceptivo ressalva a possibilidade de se instituírem
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. Assim,
tal possibilidade existe, mas apenas em relação a cargos. Isto não apenas pela dicção
da regra, mas também e sobretudo pelo fato de que os que se candidatem a emprego
(na organização central do Estado ou em pessoa de sua Administração indireta)
sujeitar-se-ão basicamente às normas – inclusive as constitucionais – relativas ao
Direito do Trabalho. Ora, o art. 7 o, onde estão arrolados os direitos trabalhistas
fundamentais, em seu inciso XXX, não incluiu ressalva alguma em sua dicção”. 54
A norma legal diz ainda que não se abrirá novo concurso enquanto houver
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
expirado. Na verdade, a melhor interpretação é a de que pode até ser
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O art. 37, §8o, da CF/88, prevê que a lei reservará percentual de vagas para
portadores de deficiência, definindo os critérios de sua admissão. Ou seja,
certo número de vagas somente serão disputadas por deficientes. No
âmbito federal, a Lei 8.112/90 e o Decreto 3.298/99 estabelecem percentual
mínimo de 5% e máximo de 20%.
Isso não significa que todo e qualquer concurso deverá ter vagas para
deficientes.
“Em geral, se, com a incidência do percentual legal, o resultado não for um número
inteiro, deverá haver aplicação do primeiro número interior subseqüente,
obedecido o limite máximo fixado (Decreto 3.298/1999). Assim, segundo já decidiu
o STF, em havendo tão somente duas vagas, descabida a pretensão de reserva, vez
que violaria o princípio da isonomia, a reserva de 50% das vagas para os
candidatos portadores de deficiência (MS 26.310/DF, DJ 31/20/2007)”.57
Logo, “se o edital anunciar menos de cinco vagas a serem preenchidas, fica vedada
a reserva de vagas aos portadores de deficiência. Isso porque, havendo somente
uma, duas, três ou quatro vagas, a aplicação do percentual de 20% resultará em
fração inferior a uma vaga”.58
57
PRADO, Leandro C.; TEIXEIRA, Patrícia Carla de Farias. 1001 questões
comentadas de Direito Administrativo. São Paulo: Método.
58 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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31
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Assim, por exemplo, a Súmula 683 do STF orienta que “o limite de idade
para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º,
XXV, da Constituição, quando possa
59
Notícias do STF, de 08/06/2017. Disponível em:
http://stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=346140.
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60
STF. Plenário. RE 560900/DF, repercussão geral (Tema 22), rel. Min.
Roberto Barroso, julg. 6/2/2020.
61 PRADO, Leandro C.; TEIXEIRA, Patrícia Carla de Farias. 1001 questões
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Constituição Federal”.
67
STF. Plenário. RE 611874/DF, Repercussão Geral (Tema 386), rel. orig.
Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julg. 26/11/2020.
68
PRADO, Leandro C.; TEIXEIRA, Patrícia Carla de Farias. 1001 questões
comentadas de Direito Administrativo. São Paulo: Método.
69 STF, ADI 1240/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julg. 28/02/2019.
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Por outro lado, o STF ressalvou que a proibição de que trata a Súmula
Vinculante n. 13 não se aplica às nomeações para cargos de natureza
política tais como os de Ministro de Estado e Secretário de Governo, seja
em âmbito federal, estadual ou municipal. Vejamos como se deu o
posicionamento da Corte:
Isso não significa que a nomeação para cargo político esteja imune a
qualquer tipo de controle de legalidade. Ou seja, apesar de não se aplicar
a Súmula Vinculante n. 13 no tocante a cargos políticos, se ficar
comprovado algum desvio de finalidade (tal como a "troca de favores") o
ato de nomeação é passível de invalidação. O STF já reconheceu essa
possibilidade, apesar de nem sempre ser fácil a caracterização do desvio
de finalidade. Confira-se o teor do seguinte trecho de ementa de
julgamento:
Enunciado 23 – O art. 9º, II, c/c art. 10 da Lei n. 8.112 estabelece a nomeação de
servidor em comissão para cargos de confiança vagos. A existência de processo
seletivo por competências para escolha de servidor para cargos de confiança vagos
não equipara as regras deste processo seletivo às de concurso público, nem o regime
jurídico de servidor em comissão ao de servidor em caráter efetivo, quando se
tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira.
70
STF, Rcl 7590 /PR, rel. Min. Dias Toffoli, julg. 30/09/2014.
71
STF, Rcl 23131 AgR/SC, rel. Min. Luiz Fux, DJ de 18/04/2017.
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“Na realidade, não devem ser poucas as dificuldades que o legislador federal
enfrentará para regulamentar a greve do servidor público; não é especialmente por
se tratar de serviço público, cuja continuidade fica rompida com a paralisação; se
fosse essa a dificuldade, poderia ser contornada da mesma forma por que o foi nos
artigos 10 a 13 da Lei 7.783/89, que cuida dos serviços considerados essenciais (a
maior parte deles sendo serviços públicos) e estabelece normas que asseguram a
sua continuidade em períodos de greve. A dificuldade está no fato de que, tanto o
direito de sindicalização como o direito de greve, cuja importância para os
trabalhadores em geral diz respeito a assuntos relacionados com pretensões
salariais, não poderão ter esse alcance em relação aos servidores públicos, ressalva
feita aos das empresas estatais. Com esse objetivo, o exercício do direito de greve
poderá, quando muito, atuar como pressão sobre o Poder Público, mas não poderá
levar os servidores a negociações coletivas, com ou sem participação dos sindicatos,
com o fim de obter aumento de remuneração. (...) Não poderia o servidor de uma
categoria participar de negociação coletiva que lhe assegurasse vencimentos
superiores aos definidos em lei e que ainda contrariasse as normas do art. 37. Quer
dizer que o direito de greve, com a possibilidade de participar de negociação
coletiva, por meio de sindicato, dificilmente poderá alterar a remuneração ou
qualquer direito do servidor público que seja definido em lei. Mesmo que a União,
Estados e Municípios optem pelo regime da CLT para seus servidores, ele terá que
ser adotado com todas as derrogações previstas no artigo 37 e seguintes da
Constituição. O STF, na ADIN n. 492-1, do Distrito Federal, julgou
inconstitucionais as alíneas d e e do art. 240 da Lei 8112/90 (que instituiu o regime
único dos servidores da União), que versam sobre o direito dos servidores à
negociação coletiva e ao ajuizamento, na Justiça do Trabalho, de dissídios
41
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Em seguida, no art. 37, XVII, a Carta Magna estabelece que esta proibição
de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
Poder Público.
74
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
75
STF, RE 1176440/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julg. 09/04/2019.
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No caso dos Estados e do DF, cada Poder terá seu teto: no Executivo, o
subsídio mensal do Governador; no Legislativo: o subsídio dos
deputados estaduais ou distritais; para o Judiciário, Ministério Público,
Procuradores e Defensores Públicos, o teto é o subsídio dos
desembargadores. Em relação a este subsídio, o STF declarou
inconstitucional o limite de 90,25% do teto nacional, considerando o
caráter nacional e unitário do Poder Judiciário76. Portanto, o teto para os
juízes e desembargadores estaduais é o mesmo teto da magistratura da
União, isto é, o subsídio de ministro do STF.
36
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78
Teto constitucional incide em cada cargo nos casos em que é permitida
a acumulação, decide STF. Notícias STF, de 27/04/2017. Disponível no site
do STF.
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“Os litígios referentes à greve de servidores estatutários devem ser resolvidos pela
Justiça Comum (estadual ou federal). Segundo o STF, se a paralisação for de
âmbito nacional ou abranger mais de uma região da Justiça Federal, ou ainda,
compreender mais de uma unidade da federação, a competência para o dissídio de
39
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79
STF, RE 609381 /GO, rel. Min. Teori Zavascki, julg. 02/10/2014.
80
STF, RE 606358 /SP, rel. Min. Rosa Weber, julg. 18/11/2015.
81 PRADO, Leandro C.; TEIXEIRA, Patrícia Carla de Farias. 1001 questões
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Veremos mais à frente que o provimento pode ocorrer por sete formas:
nomeação, promoção, readaptação, reversão, aproveitamento,
reintegração e recondução.
Mas “só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação”
(art.13, §4º).
Significa dizer, que o servidor que vem a ser nomeado para um cargo, só
estará nele completamente investido após tomar posse (art. 7o). A posse
deverá ocorrer no prazo de
42
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82
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual
de direito administrativo. São Paulo: Atlas. 83
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. São Paulo: Atlas. 84
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. São Paulo: Atlas. 85 A Lei
9.527/97 extinguiu as figuras da “transferência” e
da “ascensão”.
86
Vide ADI 231, rel. Min. Moreira Alves e MS 22148, rel. Min. Carlos Veloso.
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87
ADI 231/RJ, rel. Min. Moreira Alves, julg. 05/08/1992, DJ de 13/11/92.
88
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
89 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
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50
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Assim, o art. 41, §3º, da Carta Magna estabelece que, uma vez extinto o
cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
seu adequado aproveitamento em outro cargo.
99
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
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“O servidor público estável, e somente ele, pode ser colocado em disponibilidade, nos
termos dos
§§2º e 3º do art. 41 da Constituição Federal. Finda a disponibilidade, o servidor
público estável retorna ao serviço na entidade que o colocara nessa situação de
inatividade. É o aproveitamento. Os Estatutos regulam essa forma de provimento
derivado. O aproveitamento, sempre que se apresentar essa oportunidade, é
obrigatório. Não é, pois, faculdade para a Administração Pública nem pode ser
contestado pelo aproveitando, que deve tomar posse e entrar no exercício do cargo
nos prazos legais, sob pena de ser tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
disponibilidade (art. 38, §5º, do Estatuto paulista). O aproveitamento dar-se-á,
quando possível, no mesmo cargo; caso contrário, em outro que lhe corresponda
em termos de atribuições e vencimentos. À falta de lei disciplinando essa forma de
provimento, não pode o servidor em disponibilidade exigir seu aproveitamento,
conforme Súmula 39 do STF”.103
54
102
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
103
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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prejuízos que lhe advieram do ato jurídico que o atingira. Tal reconhecimento
tanto pode vir de decisão administrativa como judicial. No Estado de São Paulo só
pode provir de decisão judicial”.104
“O servidor estável retornará ao cargo que ocupava quando foi desprovido do cargo
que ocupa devido à reintegração do seu então titular. É a recondução. Para essa
espécie de provimento é desnecessário o concurso público. Não ocorre a
recondução quando o servidor é inabilitado no estágio probatório que cumpria em
razão da nomeação em outro cargo, dado que para a investidura neste cargo teve
de exonerar-se do que anteriormente ocupava, sob pena de acumulação ilegal. Se
o afastamento do cargo primitivo é decorrência de uma licença, o retorno se dá
pela extinção desta, não por força da recondução”. 106
55
106
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
107
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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6.2) ESTABILIDADE
56
106
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
107
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
UFBA - DIREITO ADMINISTRATIVO
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57
106
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
107
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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58
106
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
107
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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servidor ocupante de cargo efetivo não pode ser adquirida pelo mero
decurso do tempo, sendo sempre necessária a avaliação do seu
desempenho durante o estágio probatório:
Além disso, o art. 169, §4º, da Carta Magna, com a redação dada pela EC
19/98, previu a possibilidade de exoneração de servidor estável em
observância ao limite de gasto orçamentário com pessoal, quando não
forem suficientes outras medidas de redução de despesas previstas no
§3º (I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos
em comissão e funções de confiança; II - exoneração dos servidores não
estáveis).
59
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“Verifica-se, portanto, que a estabilidade tem novo perfil, porque poderá ser, como
é tão a gosto dos autores do projeto da Emenda, flexibilizada. Todavia, há
necessidade, para que se possa dar validamente tal flexibilização, do atendimento
de alguns parâmetros, a seguir enumerados: 1) que as medidas adotadas para a
compatibilização, como a redução em 20% dos cargos em comissão, a exoneração
dos servidores não estáveis, não tenham sido suficientes; 2) que lei federal disponha
112 STJ, ROMS 859, rel. Min. José Jesus Filho, RDA 191/135, 1992.
113 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. São Paulo: RT.
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sobre as normas gerais a serem obedecidas diante de tais situações; 3) que haja ato
normativo motivado de cada um dos poderes especificando a atividade funcional,
o órgão ou unidade administrativa objeto da redução. Portanto, podemos verificar
que ficou substancialmente alterado o perfil da estabilidade por força da
possibilidade de flexibilização”.114
de
remuneração e o sistema de subsídios.
114
FIGUEIREDO, Lúcia Valle Figueiredo. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
115 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo:
Atlas.
116 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo:
Atlas.
117 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
62
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O art. 37, X, da CF/88 prevê a revisão geral anual dos vencimentos dos
servidores públicos. Não obstante, o STF decidiu que o não
encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos
servidores públicos não gera direito subjetivo a indenização. Deve o
Poder Executivo, no entanto, pronunciar-se, de forma fundamentada,
acerca das razões pelas quais não propôs a revisão120.
118
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. São Paulo: Atlas. STF, RE 565089 /SP, repercussão
geral (Tema 19), rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julg. 25/09/2019.
119 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
120 STF, RE 565089 /SP, repercussão geral (Tema 19), rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julg. 25/09/2019.
121 PRADO, Leandro C.; TEIXEIRA, Patrícia Carla de Farias. 1001 questões
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Saliente-se que o art. 39, §9º, da CF/88, na redação que lhe conferiu a EC
103/2019, dispõe que é vedada a incorporação de vantagens de caráter
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo
em comissão à remuneração do cargo efetivo. Essa incorporação há
muito já foi extinta no âmbito federal, pois o dispositivo da Lei 8.112/90
que a previa foi revogado. Subsistia, porém, em âmbito estadual e
municipal, nos casos em que prevista nos respectivos estatutos de
servidores. Agora, a própria Carta Magna passou a vedar a incorporação,
de modo que eventuais leis estaduais ou municipais prevendo tal
vantagem perderam a sua validade nesse particular, ressalvados os
direitos adquiridos dos servidores que já haviam incorporado a vantagem
antes da emenda.
122
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
66
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Cabe registrar, ainda, que o art. 39, §8º, da Carta Magna dispõe que a
remuneração dos servidores públicos organizados em carreira também
poderá também ser fixada em subsídios.
68
UFBA - DIREITO ADMINISTRATIVO
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"O afastamento tem grande semelhança com a licença, no sentido inclusive de estar
condicionado à emissão de ato administrativo formalizador de seu deferimento.
Mas a diferença fundamental reside em que o agente continua a desempenhar
alguma atividade de interesse público, na pendência do afastamento. Há, portanto,
uma distinção relevante no tocante ao interesse a que os dois institutos se destinam
a atender. Assim, a Lei n. 8.112 prevê os casos de afastamento para servir a outro
órgão ou entidade (art. 93), afastamento para exercício de mandato eletivo (art. 94)
e afastamento para estudo ou missão no exterior (art. 95). Essa ponderação não
afasta a possibilidade de a lei qualificar como afastamento uma hipótese em que a
suspensão temporária do exercício das atribuições se faz no interesse do servidor.
Nessa linha, o art. 102 se vale da expressão afastamento para indicar casos em que
há nítida preponderância do interesse do próprio servidor, fazendo referência
inclusive à hipóteses de licenças. Deve-se entender que o referido art. 102 utilizou
o vocábulo 'afastamento' como um gênero, abrangente de diversas espécies
(inclusive os afastamentos em sentido técnico e as licenças). Veja-se que o
afastamento para exercício de mandato eletivo se constitui em direito líquido e
certo do servidor, contrariamente às outras duas hipóteses. A disciplina
correspondente aos pressupostos e às condições de remuneração depende de
regulamentação".124
69
125
CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
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124
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. Belo Horizonte:
Fórum.
70
125
CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
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"A remoção sempre retrata um ato unilateral, mas pode ser resultado de um pleito
do particular. Em alguns casos, pode até se caracterizar um direito do particular à
126
125
CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
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remoção. Tal se passa, por exemplo, na hipótese prevista no art. 36, parágrafo
único, III, 'a', da Lei n. 8112, que determina que o servidor público federal será
removido a pedido quando o cônjuge ou companheiro, também servidor público,
tiver sido o removido no interesse da Administração. Mas a remoção também pode
ser imposta no interesse da Administração, sem que a tanto se possa opor o servidor
- a não ser que o servidor seja beneficiado pela garantia de inamovibilidade, que é
reservada constitucionalmente para os magistrados e algumas carreiras similares.
Nada impede, no entanto, que a Administração submeta a remoção à avaliação de
conveniência dos servidores, tomando em vista o princípio de que o melhor
desempenho funcional dependerá da satisfação pessoal do servidor. Assim, diante
da necessidade de remoção de algum servidor para determinado local, a
Administração consulta os diversos servidores para verificar qual deles se dispõe a
'aceitar' a remoção. Obviamente, não se trata propriamente de um consenso de
vontades, mas de identificar o voluntário para certo encargo que deverá ser
executado de modo necessário".126
127
125
CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
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129
125
CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
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55
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56
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O art. 116 da Lei 8.112/90 prevê que são deveres do servidor: I - exercer
com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições
a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir
as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender
com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de
certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; VI - levar ao
conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver
ciência em razão do cargo; VII - zelar pela economia do material e a
conservação do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da
repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com
urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
abuso de poder.
“O servidor público, por seus atos e omissões, responde em três níveis diferentes.
O primeiro deles é o administrativo em que vai ser apurada a possível prática de
infrações disciplinares, o segundo é o
58
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A autoridade superior, por sua vez, tendo ciência dos fatos, é obrigada a
tomar providências no sentido de apurar a eventual irregularidade na
atuação do seu subordinado.
O art. 143 da Lei 8.112/90 estabelece que a autoridade que tiver ciência de
irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar,
assegurada ao acusado ampla defesa.
128
OLIVEIRA, Cláudio Brandão de. Manual de direito administrativo. Rio de
Janeiro: Impetus.
129
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
130
STJ, MS 20.857-DF, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, rel.do acórdão
Min. Og Fernandes, julg. 22/05/2019.
60
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131
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. São Paulo: RT.
132
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo.
Rio de Janeiro: Forense.
62
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Em relação aos agentes políticos, além dos crimes comuns, existem ainda
tipos penais especiais definidos como crimes de responsabilidade de
natureza política, também objeto de leis específicas, como, v.g., a Lei
1.079/50 (Presidente da República, Ministros de Estado, Ministros do STF,
Procurador-Geral da República); a Lei 7.106/83 (Governadores e
Secretários de Estado) e o Decreto-lei 201/67 (Prefeitos e Vereadores).
Atlas.
64
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Não obstante, a Lei 8.112/90 fornece alguns critérios que devem nortear o
administrador na aplicação da penalidade adequada.
136
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
66
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O art. 129 trata dos casos em que é cabível a advertência por escrito. O
art. 130 trata dos casos em que é cabível a suspensão pelo prazo máximo
de noventa dias. O art. 132 trata dos casos em que é cabível a demissão.
O art. 134 trata dos casos em que é cabível a cassação de aposentadoria
ou a disponibilidade do inativo. O art. 135 trata dos casos em que é cabível
a destituição de cargo em comissão.
Como assinala José dos Santos Carvalho Filho, “o sistema punitivo na esfera
administrativa é bem diferente do que existe no plano criminal. Neste, as condutas
são tipificadas, de modo que a lei cominará uma sanção específica para a conduta
que a ela estiver vinculada. Assim, o crime de lesões corporais simples enseja uma
sanção específica: a de detenção de três meses a um ano (art. 129, CP). Na esfera
administrativa, o regime é diverso, pois que as condutas não têm a precisa definição
que ocorre no campo penal”.137
“Não há, com relação ao ilícito administrativo, a mesma tipicidade que caracteriza
o ilícito penal. A maior parte das infrações não é definida com precisão, limitando-
se a lei, em regra, a falar em falta de cumprimento dos deveres, falta de exação no
cumprimento do dever, insubordinação grave, procedimento irregular,
incontinência pública; poucas são as infrações definidas, como o abandono de
cargo ou os ilícitos que correspondem a crimes ou contravenções. Isto significa que
a Administração dispõe de discricionariedade no enquadramento da falta dentre
os ilícitos previstos na lei, o que ainda mais se amplia pelo fato de a lei (art.128 da
Lei Federal e 256 do Estatuto Paulista) determinar que na aplicação das penas
disciplinares serão consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos
que dela provierem para o serviço público. É precisamente essa discricionariedade
que exige a precisa motivação da penalidade imposta, para demonstrar a
adequação entre a infração e a pena escolhida e impedir o arbítrio da
Administração. Normalmente essa motivação consta do relatório da comissão ou
servidor que realizou o procedimento; outras vezes, consta de pareceres proferidos
por órgãos jurídicos preopinantes aos quais se remete a autoridade julgadora; se
esta não acatar as manifestações anteriores, deverá expressamente motivar a sua
decisão”.138
“A aplicação dessas penas não está vinculada à lei, no que concerne à definição da
infração e à respectiva sanção, nem ao fato de que se tem de começar pela menos
rigorosa para ir, num crescendo, alcançar a de maior rigor punitivo, à medida que
o servidor ao longo de sua carreira pratica infrações. O comportamento da
entidade é, nesse particular, discricionário, sendo inaplicável o princípio que
vigora para o Direito Penal da pena específica (não existe infração sem prévia lei
67
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que a defina e a apene), que os romanos expressavam pelo brocardo nullum crimen,
sulla poena sine lege. A autoridade competente, em razão da gravidade do fato
determinante da punição, escolhe, dentre essas penas, a que melhor atenda ao
interesse público e que melhor puna a infração praticada. Com efeito, essa
autoridade, para aplicar a pena, deve levar em conta, conforme exigem os
estatutos, a natureza e a gravidade da infração e os danos que possa ter causado ao
serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
funcionais (art. 128 do Estatuto federal). Ademais, deve explicitar os fundamentos
de sua decisão, sob pena de invalidade”. 139
137
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
138 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo:
Atlas.
139 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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disciplinar”.143
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"Em se tratando de decisão penal condenatória por crime funcional, terá que haver
sempre reflexo na esfera da Administração. Se o juiz reconheceu que o servidor
praticou crime e este é conexo à função pública, a Administração não tem outra
alternativa senão a de considerar a conduta como ilícito também administrativo.
Exemplo: se o servidor é condenado pelo crime de corrupção passiva (art.
317. CP), terá implicitamente praticado um ilícito administrativo. No caso da Lei
n. 8.112/90, o servidor terá violado o art. 117, XII, que o proíbe de receber propina
ou vantagem de qualquer espécie em razão de suas atribuições. A instância penal,
então, obriga a instância administrativa" 145.
63
145 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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144
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
63
146 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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“a) se a privação de liberdade for por tempo inferior a quatro anos, o servidor
ficará afastado de seu cargo ou função, prevendo o estatuto federal nesse caso o
benefício de auxílio-reclusão, pago à sua família (art.229); b) se a privação de
liberdade é superior a quatro anos, incide o art.92, I, “b”, do CP (com a redação
dada pela Lei 9268, de 1/4/1996), pelo qual a condenação, nessa hipótese, acarreta
a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo”. 146
“Isso permite concluir que: (a) o ato de improbidade, em si, não constitui crime,
mas pode corresponder também a um crime definido em lei; (b) as sanções
indicadas no artigo 37, §4º, da Constituição não têm a natureza de sanções penais,
porque, se tivessem, não se justificaria a ressalva contida na parte final do
dispositivo, quando admite a aplicação das medidas sancionatórias nele indicadas
„sem prejuízo da ação penal cabível‟; (c) se o ato de improbidade corresponder
também a um crime, a apuração da improbidade pela ação cabível será
concomitante com o processo criminal. Além disso, o ato de improbidade
administrativa, quando praticado por servidor público, corresponde também a um
ilícito administrativo já previsto na legislação estatutária de cada ente da
federação, o que obriga a autoridade administrativa competente a instaurar o
procedimento adequado para apuração de responsabilidade. (...) A natureza das
medidas previstas no dispositivo constitucional está a indicar que a improbidade
administrativa, embora possa ter conseqüências na esfera criminal,
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146
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas.
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65
150
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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147
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo:
Atlas.
148
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Atlas.
149 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo.
Rio de Janeiro: Forense.
65
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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65
150
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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151
FIGUEIREDO, Lúcia Valle Figueiredo. Curso de direito administrativo.
São Paulo: Malheiros.
152
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
153 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo:
Atlas.
65
150
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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155
GASPARINI, Diógenes. Direito
administrativo. São Paulo: Saraiva.
156 GASPARINI, Diógenes. Direito
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De acordo com o art. 40, §1º, da CF, no RPPS existem três modalidades de
aposentadorias a que faz jus o servidor estatutário ocupante de cargo
efetivo: I) por invalidez permanente; II) compulsória; III) voluntária.
estabelecido por lei complementar, a qual, por sua vez, já foi editada: é a
LC 152/2015.
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exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo
com a Administração"158.
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Exatamente para essas situações (em que não haja ainda direito
adquirido) é que são instituídas as regras de transição, prevendo critérios
mais flexíveis a fim de resguardar justas expectativas diante da brusca
mudança do ordenamento e diminuindo, com isso, o impacto para
servidores que, mesmo sem direito adquirido, já estavam a caminho da
aposentadoria (alguns, inclusive, faltando poucos meses). Busca-se,
assim, “harmonizar a passagem do servidor de um para outro sistema”. 160 Esta
foi, registre-se, a razão política das aludidas regras de transição.
emenda.
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GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
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O §§ 4º-B e 4º-C também permitem que cada ente federativo possa editar
lei complementar estabelecendo requisitos de idade e tempo de
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Este dispositivo citado na Súmula está de acordo com a redação dada pela
EC 41/2003. Na redação atual, dada pela EC 103/2019, a aposentadoria
especial observará adicionalmente as condições e os requisitos
estabelecidos para o RGPS, naquilo em que não conflitarem com as regras
específicas aplicáveis ao regime próprio de previdência social da União,
vedada a conversão de tempo especial em comum.
Por fim, na redação dada pela EC 103/2019, o §5º do art. 40 da CF/88 dispõe
que os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em
5 anos, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado
em lei complementar do respectivo ente federativo. Na área federal, a EC
103/2019 já deixou estabelecido que, enquanto não for editada lei federal
tratando do tema, a aposentadoria voluntária do professor ocorre aos 60
anos de idade, se homem, aos 57 anos, se mulher, com 25 anos de
contribuição exclusivamente em efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, 10 anos
de efetivo exercício de serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que
for concedida a aposentadoria, para ambos os sexos. Todos estes
requisitos são cumulativos.
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No âmbito federal, tal lei é a Lei 6.680/80 (Estatuto dos Agentes Militares
Federais), com algumas alterações legislativas posteriores.
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8) AGENTES DE FATO
Portanto, os agentes de fato são aqueles que, apesar de não terem sido
regularmente investidos em função pública, vieram a praticar atos em
nome do Estado. Tal pode ocorrer em duas hipóteses:
“Os servidores que desempenha funções públicas para as quais foram regularmente
investidos, seja por um regime estatutário, seja sob regime contratual, são
servidores (ou agentes, quando atuam decisoriamente) de direito. Existem, todavia,
servidores que desempenham funções públicas sem regular investidura,
caracterizando-se como servidores (ou agentes) de fato. Desde logo, não se deve
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“São os que assumem validamente (RDA, 123:170) a gestão dos negócios públicos
em momentos de emergência, de forma instantânea (prisão de um criminoso) ou
duradoura (casos de guerra, em que as autoridades constituídas ou os agentes
regulares abandonaram suas funções ou foram mortos ou presos pelo inimigo),
para a salvaguarda dos interesses coletivos. São chamados pela doutrina de
funcionários de fato. A assunção diz-se sponte propria. Os serviços de distribuição
de água domiciliar, os de saúde pública e os de segurança, por exemplo, são
essenciais e, como tal, não podem sofrer solução de continuidade. Podem, pois,
render, em casos de guerra, calamidade pública ou rebelião, ensejo a que alguém
os assuma e os administre em prol da comunidade, em razão da ausência da
autoridade competente. Tais agentes normalmente nada recebem pela colaboração
que prestam. Entre esses agentes e a Administração Pública não há qualquer
vínculo formal. Por essas razões tem-se entendido que o tempo de prestação desse
serviço não é computado para qualquer efeito (RDA 130:294). Respondem pelos
seus atos, e, para fins penais, são considerados funcionários públicos”.167
“Como regra, pode dizer-se que os atos de agentes necessários são confirmados pelo
Poder Público, entendendo-se que a excepcionalidade da situação e o interesse
público a que se dirigiu o agente têm idoneidade para suprir os requisitos de
direito”.168
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“Em relação aos agentes putativos, podem ser questionados alguns atos praticados
internamente na Administração, mas externamente devem ser convalidados, para
evitar que terceiros de boa-fé sejam prejudicados pela falta de investidura legítima.
Fala-se aqui na aplicação da teoria da aparência, significando que para o terceiro
há uma fundada suposição de que o agente é de direito. (...) Como exemplo, cite-se
a hipótese de um servidor que, sem investidura legítima, tenha recebido valores de
tributos pagos por contribuintes e tenha firmado sua quitação. Os contribuintes
são terceiros de boa- fé e fizeram os pagamentos a alguém que tinha efetivamente
a aparência de servidor legitimamente investido. Sendo assim, são válidas as
quitações e convalidados os atos do agente putativo”. 171
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Rio de Janeiro: Forense.
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ministérios (artigo 88); das Forças Armadas (artigo 142); do Orçamento da União
(artigo 165); da Previdência Social (artigo 201); e de outras disposições gerais
(artigo 247).
Em uma segunda parte, a PEC traz regras transitórias e prevê a eventual atuação
dos entes federativos na regulamentação, já que alguns dispositivos – como
exigência da criação de novos regimes jurídicos específicos para servidores –, se
aprovados, dependerão de regulamentação posterior à promulgação das mudanças
pelo Congresso Nacional.
A PEC veda uma série de benefícios e vantagens que, extintos para os atuais
ocupantes de cargos na esfera federal, estão vigentes em alguns entes federativos.
Ainda na parte sobre remunerações, o texto prevê que lei complementar futura
definirá os critérios básicos para definição dos salários, prevendo normas
subsidiárias nos entes federativos.
Outros dois tópicos com vigência imediata relacionam-se aos contratos de gestão,
a fim de estimular regras para desempenho e resultados, e à cooperação entre as
diferentes esferas de governo, incentivando um maior compartilhamento de
recursos estruturais e de pessoal.
Além disso, entre outros pontos, a PEC trata ainda da acumulação de cargos
públicos por militares; da aposentadoria compulsória aos 75 anos para empregados
de consórcios públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista; e proíbe
que medidas do governo venham a favorecer estatais em detrimento da livre
concorrência no mercado.
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Agência Câmara de Notícias. Publicado em 04/09/2020.
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