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Clovis Feitosa
DIREITO ADMINISTRATIVO
Parte 2
Prof. Clovis Feitosa
___________________________________ Prof. Clovis Feitosa
1. INTRODUÇÃO:
2. CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO1
1 O que nós iremos estudar nesse módulo é a centralização/descentralização ADMINISTRATIVA. Não confunda com a
centralização/descentralização POLÍTICA. Esse último tópico é mais ligado intimamente ao Direito Constitucional, pois reflete
as formas como o Estado pode se organizar no nível político. Nesse ponto, em apertadíssima síntese se pode afirmar que
existem o Estado Unitário e o Estado Federado. No Estado Unitário (França, Itália, Portugal) não há descentralização política.
Já no Estado Federado, ao contrário, a Constituição, ao repartir os poderes que entre os entes que lhe integram, estabelece
clara descentralização de competência legislativa. É o caso do Brasil, do México, da Argentina, EUA e da Alemanha.
2 Atualmente não existe faticamente a descentralização territorial no Brasil (os territórios), embora possa existir no futuro,
conforme proclama o art. 18§2° e art.33 da CF. Quando (e se) existirem, a doutrina entende que terão natureza de autarquias
(autarquias territoriais) como competência para prestar serviços genéricos como segurança, saúde, educação fugindo a regra
da especialização das autarquias meramente administrativas que iremos estudar na sequência.
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DESCENTRALIZAÇÃO POR
DESCENTRALIZAÇÃO POR COLABORAÇÃO (ou
SERVIÇOS (funcional, técnica ou
delegação)
outorga)
Feita por lei Feita por contrato ou ato
Cria pessoa jurídica de direito Atribui à pessoa jurídica de direito privado já
público ou autoriza a criação de existente a execução de uma atividade;
pessoa jurídica de direito privado;
Atribui a titularidade e execução Atribui somente a execução da atividade
da atividade administrativa; administrativa (titularidade permanece com o
Poder Público);
Sujeita-se à tutela (controle Controle mais amplo: Possibilidade de alteração
possível se a lei autoriza e nos unilateral das condições de execução, de rescisão
estritos limites da permissão unilateral e de fiscalização com poderes
legislativa); pressupostos, mesmo se não expressos nos
contratos (cláusulas exorbitantes);
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Concessionárias/Permissionárias/Autorizatárias
3. ADMINISTRAÇÃO DIRETA:
E essa divisão acontecerá não só na área educacional. Por via óbvia, em todas as
áreas que o ente político tem obrigações de atuar e que acha interessante prestar
diretamente haverá desconcentração e, mais uma vez, por via reflexa, o aparecimento
de órgãos públicos. Com efeito, essas mencionadas divisões internas ocorrerão em
vários setores, por exemplo, na área de saúde, segurança pública, cultura e etc.
No mais a mais, de acordo com José dos Santos Carvalho Filho, vale lembrar que
Poder Legislativo e Judiciário têm sua estrutura orgânica definida em seus respectivos
atos de organização administrativa, tendo ambos, o poder constitucional de dispor
sobre sua organização e funcionamento, através de seus regimentos internos.
3 Essa afirmação é feita com base na decisão do STF no julgamento cautelar da ADI 2135/2007. Em termos simples, se pode
afirmar, que a partir da mencionada decisão o quadro de pessoal da administração direta, autarquias e também fundações
públicas de direito público deverá observar apenas o regime estatutário, tendo a decisão assim efeito ex nunc. Para maiores
informações, observe o texto na leitura complementar do capítulo Agentes Públicos.
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✓ ÓRGÃOS PÚBLICOS
Como se disse há pouco, o Estado, para prestação de suas atividades, pelas
diversas funções que exerce, tem que distribuir em seu setor interior os encargos de sua
competência com diferentes unidades, exercendo cada qual uma parcela de suas
atribuições. Essas unidades são chamadas órgãos públicos e, em razão de sua
especialização, conseguem desenvolver serviços mais eficientes.
Desse modo, segundo Hely Lopes Meirelles, os órgãos públicos “são centros
especializados de competência instituídos para o desempenho de funções estatais
através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.”
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• Não possuem personalidade jurídica própria, ou seja, os atos que praticam são
atribuídos ou imputados à entidade estatal a que pertence;
• Os órgãos também não se confundem com a pessoa jurídica, porque esta representa
o todo em que os órgãos são partes. Tampouco não se confundem com a pessoa
física, porque representam uma reunião de funções a serem exercidas pelos agentes
que compõem o órgão;
• Entre os órgãos existe um vínculo hierárquico. Tal vínculo parte, por exemplo, do
Chefe do Poder Executivo para seus auxiliares diretos e destes, por sua vez, para seus
subordinados, no âmbito dos órgãos que chefiam, e assim por diante;
• Alguns órgãos podem ter representação própria, isto é, ter seus próprios
procuradores, apesar de em regra não ter capacidade para estar em juízo, SALVO em
situações excepcionais em que lhes é atribuída a personalidade judiciária (por
exemplo, impetração de mandado de segurança na defesa de suas prerrogativas);
CLASSIFICAÇÃO:
- Órgãos Independentes
São os originários da Constituição e representativos dos três Poderes do Estado, sem
qualquer subordinação hierárquica ou funcional, e sujeitos apenas aos controles
constitucionais de um sobre o outro (no sistema de freios e contrapesos ou checks and
balances).
Como bem ensina Hely Lopes Meirelles, devem ser incluídos nesta classe o Ministério
Público e os Tribunais de Contas.
- Órgãos Autônomos
São os localizados na cúpula da Administração, imediatamente abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Podem participar das
decisões governamentais.
- Órgãos Superiores
São os que detêm poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua
competência específica, mas sempre sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico
de uma chefia mais alta. Não gozam de autonomia de autonomia administrativa e nem
financeira.
- Órgãos Subalternos
São os que se acham subordinados hierarquicamente a órgãos de decisão, exercendo
principalmente funções de execução.
B) QUANTO À ESTRUTURA
- Órgãos Compostos
São os constituídos por vários outros órgãos. Assim, esses órgãos compreendem vários
outros órgãos até chegar aos órgãos simples como, por exemplo, os hospitais e postos
de saúde frente à Secretaria de Saúde, escolas frente à Secretaria de Educação e etc.
C) QUANTO À COMPOSIÇÃO
4) ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
1) Para que quaisquer dessas entidades administrativas possam ser originadas é preciso
Lei específica (art. 37, XIX da CF). É essa Lei que delineará as atividades e a estruturação
básica da entidade que nascerá. Uma vez criada, essas entidades terão personalidade
jurídica própria, executando e atuando em nome próprio, assumindo o ônus e o bônus
dessa capacidade de auto-administração.
2) É bom lembrar que o elo que une a Administração Direta a Indireta não é o
hierárquico, ou seja, inexiste subordinação hierárquica, por exemplo, entre INSS
(autarquia) e o Ministério da Previdência Social. O que existe é uma relação de
vinculação baseado no CONTROLE FINALÍSTICO. Segundo Reinado Moreira Bruno, o
controle finalístico (ou tutela administrativa ou supervisão ministerial) contrapõe-se à
hierarquia, pois incide somente após a prática dos atos, por meio de verificação
finalística das atividades da entidade. Ademais, a tutela administrativa não se presume,
pelo que só existe quando a Lei expressamente a prevê e nos precisos termos que a lei
estabelecer.
• Segundo a Lei (Decreto-Lei 200/67, art.5º, I), autarquia é o serviço autônomo, criado
por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada;
• Adquirem personalidade jurídica com a edição de lei que as cria. Segundo o já citado
art. 37, XIX da CF, é preciso uma Lei específica (=LEI CRIA);
• São Pessoas Jurídicas de Direito Público, pois exercem atividades típicas dos entes
federativos. Assim, para o desempenho de atividade própria do Estado, prevê-se
personalidade jurídica de direito público;
• Não possuem capacidade política (poder de legislar, como ocorre com os entes
federativos). Possuem apenas capacidade de auto-administração para desempenho
de uma função específica, típica do Estado;
• E o que seriam atividades típicas? Em que pese ser uma expressão extremamente
fluida e variável no tempo e espaço, como bem ensina José dos Santos Carvalho Filho,
a doutrina majoritária entende que são serviços públicos de natureza social e de
atividades administrativas, ficando excluído desse conceito os serviços e atividades
de cunho econômico e mercantil
• Com efeito, gozam de autonomia administrativa e financeira, submetida apenas ao
controle finalístico pela Administração Direta (Não existe o chamado controle
hierárquico);
• Regime de Pessoal: ATUALMENTE Servidores ESTATUTÁRIOS 4;
• Privilégios ou prerrogativas:
- Prerrogativas processuais: as autarquias possuem prazos processuais em dobro;
- Impenhorabilidade de seus bens, pois se os bens são públicos deve incidir o sistema
dos precatórios (art. 100 da CF);
- Imunidade tributária (CF, art. 150, VI, “a” cumulado com o art. 150, §2°).
• Tipos de Autarquias (baseada na classificação de Fernanda Marinela):
4 Essa afirmação é feita com base na decisão do STF no julgamento cautelar da ADI 2135/2007. Em termos simples, se pode
afirmar, que a partir da mencionada decisão o quadro de pessoal da administração direta, autarquias e também fundações
públicas de direito público deverá observar apenas o regime estatutário, tendo a decisão assim efeito ex nunc. Para maiores
informações, observe o texto na leitura complementar do capítulo Agentes Públicos.
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Observações:
2) OAB e a sua natureza “sui generis”: Segundo o STF, no julgamento da ADI nº 3.026-
DF, a OAB, ao contrário das outras entidades de fiscalização profissional, não possui
natureza autárquica, sendo um serviço público independente, categoria ímpar no elenco
das entidades existentes no direito brasileiro. Resumindo esse ponto, Raquel Melo
Urbano de Carvalho leciona: “(...) tem-se as autarquias associativas dentre as quais se
destacam os Conselhos de Fiscalização Profissional, à exceção da OAB, atualmente
definida pelos Tribunais Superiores como entidade sui generis que não integra a
Administração Pública Direta ou Indireta e não possui natureza autárquica”
- Antes de começar o estudo das Fundações Públicas, é preciso definir o objeto de nosso
estudo. A Fundação pode ser definida como patrimônio personificado, com vinculação
a um fim não-lucrativo e externo a quem criou a Fundação. O elemento humano que as
compõe é mero instrumento para a consecução de suas finalidades.
- E quem pode instituir uma Fundação? Pode ser instituída tanto por particulares
(Fundação Roberto Marinho, Instituto Ayrton Senna e etc.) como pelo Poder Público
(FUNAI, FUNECE e etc.). O grupo que nos interessa são as fundações criadas pelo Poder
Público, as chamadas Fundações Públicas ou Estatais.
- Para a doutrina dominante, a Fundação Pública é gênero sendo constituída por duas
espécies: a Fundação Pública de Direito Público e a Fundação Pública de Direito Privado.
Para ambas, se aplica um mesmo regime jurídico mínimo, a saber: a) vedação de
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- A Constituição menciona que uma Lei Complementar definirá a área de atuação das
Fundações Públicas (art.37, XIX). Repare que para nenhuma outra entidade
administrativa existe a vinculação de uma lei complementar, apenas para as Fundações.
a) SEMELHANÇAS
b) DIFERENÇAS
- É instituída pelo Poder Público sob qualquer forma jurídica admitida no Direito ( Ltda,
S.A, Comandita Simples, etc);
LEITURA COMPLEMENTAR:
O que nos interessa nesse caso é o contrato de gestão interno. É o que se visualiza entre
o Poder Público e órgão ou entidade da Administração Direta e Indireta fixando metas
de desempenho para estes. Perceba que aqui é o Poder público ajustando (contratando)
com estruturas do próprio Poder Público. Existe base constitucional (art. 37§8°).
Se esse contrato de gestão for formalizado entre o Poder Público e entre as Autarquias
e Fundações Públicas, elas receberão uma qualificação especial. Segundo a Lei 9.649,
de 27/5/98, art. 51 e 52, “o Poder Executivo poderá qualificar como AGÊNCIA
EXECUTIVA a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos: ter
um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento e ter celebrado contrato
de gestão com o respectivo Ministério Supervisor, sendo a qualificação concedida pelo
Presidente da República e o contrato com periodicidade mínima de 1 ano.
Assim, agencia executiva nada mais é que uma qualidade ou atributo de pessoa jurídica
de direito público que celebre contrato de gestão, também conhecido como acordo-
programa (art. 37, § 8º, CF/88 e art. 5º, Lei Federal nº 9.637/98), para otimizar recursos,
reduzir custos, aperfeiçoar o serviço público.
E por fim, quais as diferenças principais entre Agência Reguladora e Agência Executiva?
Observe o esquema:
B) CONSÓRCIOS PÚBLICOS:
FUNDAMENTO:
DEFINIÇÃO:
FORMALIZAÇÃO: