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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – AULA 2

A Constituição Federal atribui aos entes públicos uma série de atividades a serem prestadas para a
sociedade, o que demanda uma organização em nível administrativo.
Cada ente irá decidir quais métodos administrativos utilizar para lidar com as questões que lhe forem
concernentes, podendo optar pela administração centralizada (ou Administração Pública Direta) ou pela
administração indireta, por meio de autarquias, fundações, empresas de economia mista.
1.Formas de prestação das atividades administrativas 1.1. centralizada/direta – pessoa política desempenha
funções por seus próprios órgãos (acúmulo de competências). Nesse caso, os órgãos se organizam e
distribuem competências internamente para prestação das atividades.
1.2. Descentralizada – pessoa política desempenha função por meio de pessoas diversas (distribui
competências – externa). Nesse caso, a entidade pública distribui competências externamente a diversos
órgãos, que podem ser autarquias, fundações, empresas de economia mista, etc
A administração direta ou centralizada envolve o conceito de desconcentração, enquanto a descentralização
ocorre no processo de criação de entidades.
Os órgãos se diferenciam por serem centros de atribuições não possuem a chamada “personalidade jurídica”
própria. As entidades, por outro lado, consistem em pessoas jurídicas com personalidade jurídica própria.
A desconcentração funciona a partir da retirada de demandas internas e a redistribuição interna por meio da
criação de outros órgãos.
Os órgãos são centros de competências, mas não possuem capacidade para responder pelos atos, pois não é
sujeito de direitos, como é o caso das entidades. A entidade jurídica responde pelos atos de todos os seus
órgãos. A União, por exemplo, desconcentra uma série de atividades para órgãos como a Presidência da
República, que origina também uma série de órgãos internos em forma dos diversos ministérios.
Os ministérios, por sua vez, ensejam a criação de diversas secretarias, que desconcentram criando
departamentos, como o departamento da PF, que se desconcentra criando a Superintendência da Polícia
Federal, que cria diversas delegacias especializadas da PF. Todas essas subdivisões são órgãos submetidos à
responsabilidade e ao jugo da União.
Quando um particular tiver algum problema com algum dos órgãos e ajuizar uma ação, o ato será contra a
União, e não contra os órgãos. Os órgãos também podem criar autarquias. O Ministério do Trabalho e
Previdência, por exemplo, criou o INSS, que é uma pessoa jurídica com capacidade para responder pelos
seus atos, ainda que seja vinculada à União. Isso significa que o INSS também pode desconcentrar
atividades com a divisão de novos órgãos. No INSS há o setor de perícias, setor de aposentadorias etc. O
particular que se sentir lesado por qualquer órgão do INSS poderá entrar com ação contra o próprio INSS,
que é uma entidade jurídica e possui capacidade jurídica para responder pelos seus atos.
Basicamente, a administração centralizada ou direta presta os seus serviços através de órgãos sem
personalidade jurídica própria, enquanto a administração descentralizada possui a administração pública
indireta – que contém autarquias, fundações públicas, empresas públicas e entidades de economia mista – e
também a descentralização para particulares, por meio de concessão, permissão ou autorização.
As concessões, permissões e autorizações consistem em delegações do Estado para empresas particulares
para a realização de um serviço, muitas vezes com fins lucrativos. A administração direta cria órgãos por
meio de leis. Os autores chamam a descentralização de “descentralização por outorga”; ou de
“descentralização legal”; ou de “descentralização técnica”; ou ainda, de “descentralização funcional”.
A descentralização para particulares não é feita por meio de lei, e sim por intermédio de um contrato ou ato
de autorização; trata-se da “descentralização por delegação” ou “descentralização por colaboração”. Os
certames podem perguntar cada um dos nomes supracitados em diferentes contextos para tentar confundir o
candidato. Cada entidade jurídica da descentralização indireta permanece vinculada a um ministério do
Poder Executivo.
É o caso da FUNAI, vinculada ao Ministério da Justiça; do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal,
vinculados ao Ministério da Fazenda; entre outras entidades. Essas vinculações a ministérios também são
formas de se manter o vínculo com a União, que originou a descentralização de atividades.
Na desconcentração, mantém-se o controle hierárquico, com o controle e a supervisão por parte dos órgãos
superiores com relação aos seus subordinados. No caso da mera vinculação, o “controle é finalístico”; ou
“controle administrativo”; ou “supervisão ministerial”; ou ainda, a “tutela administrativa”. Nesse caso, o
controle não é amplo, e não inclui a revogação ou anulação de atos, como ocorre na desconcentração. A
descentralização possui uma supervisão para que as entidades criadas atuem nos limites que resultaram na
sua criação, o que consiste em tutela por supervisão ministerial.
PARAESTATAIS – 3º SETOR
A expressão “paraestatais”, antigamente, era utilizada para outras designações, isto é, de outras entidades,
porém, atualmente, designa entidades que estão fora da administração pública, mas querem prestar alguma
atividade de caráter social ou auxiliar na prestação de serviços públicos, sem interesse lucrativo.
S.S.A
Serviços Social Autônomos, chamado de “Sistema S”, pois geralmente se inicia com a letra “S”. • Exemplo:
SENAI, Sesc, SENAT, SESI e ApexBrasil. O Sistema S é uma pessoa de direito privado, que não faz parte
da administração direta nem indireta. O Estado cria, mas não faz parte da administração pública.
Geralmente, é criado pela União, pois esta arrecada uma contribuição tributária para manutenção da
entidade. Segundo o TCU, as entidades do Sistema S só precisam observar os princípios licitatórios na
edição dos seus regulamentos internos. Desse modo, não é necessário realizar licitação, mas cada entidade
deve fazer um regulamento interno que disponha sobre suas compras e estabeleça um processo de
competição antes de suas contratações.
Parece uma licitação, mas não é. “As entidades do Sistema S precisam fazer licitação, devem licitar antes
das contratações” – incorreto. “As entidades do Sistema S devem observar os princípios da licitação” –
correto.
Segundo o STF, por não fazer parte da administração pública, o Sistema S não necessita da realização de
concurso, porém deve realizar um processo seletivo objetivo de caráter impessoal que observe os princípios
da administração pública.
OSs (Lei n. 9637/1998 – Publicização) e OSCIPs (Lei n. 9.790/1999).
São criadas por particulares, ou seja, partem de um particular que cria uma associação ou fundação privada
para prestar uma atividade social na saúde, educação, área esportiva, ambiental, pesquisa etc., a fim de estar
paralela ao Estado, mas sem interesse lucrativo. Após realizar um instrumento de vinculação formal com o
poder público, a entidade privada se qualificará e será chamada de organização social (OS) ou organização
social civil de interesse público (OSCIPs). A expressão “publicização”, no direito administrativo, fornece a
ideia de entidades privadas (de particulares) participando da prestação de serviços públicos e atividades de
caráter social que auxiliam o Estado. A qualificação ocorre para possibilitar o estreitamento da relação e
facilitar a recepção de servidores públicos (no caso de OS), de bens públicos em cessão de uso e de verbas
públicas quando há vinculação com o poder público. É possível haver várias organizações não
governamentais (ONGs) que não terão a qualificação de OS e OSCIP, mas continuarão a prestar a atividade
sem dinheiro público ou efetuando parcerias com base na Lei n. 13.019/2014. Há algumas capitais que
possuem parques públicos (bem público) em que o Estado faz um contrato de gestão com uma entidade
privada e, assim, é qualificada como organização social e cuidará do parque. • Exemplo: o Hospital da
Criança, em Brasília, é gerido por uma organização social. A entidade presta o serviço no lugar do Estado,
porém, o grande perigo é a desvirtuação da finalidade das entidades ou, ainda, o desvio de recursos públicos
No caso do ato discricionário, a entidade que pretende se qualificar deve preencher todas as condições que a
Lei requer, e a autoridade competente irá avaliar se faz ou não a qualificação.
No ato vinculado, se a entidade privada que pretende se qualificar preencher todas as condições, terá o
direito de receber a qualificação, pois é ato vinculado, ou seja, não há juízo de conveniência e oportunidade.
Se no concurso do candidato não houver expressamente a leitura da Lei, não é necessário, porém, se houver
no edital as duas leis, é preciso realizar a leitura. Na Lei das OSs, a área de atuação é mais restrita, pois é de
saúde, pesquisa, meio ambiente, tecnologia; já a área de uma entidade que pode se qualificar como OSCIP é
mais abrangente.
Nas OSs, há um conselho de administração paritário que irá realizar a gestão da entidade, com membros do
poder público indicados e membros da sociedade civil. Ambas as entidades visam auxiliar o Estado na
prestação de atividades de interesse social. Além disso, ambas são do governo FHC, que almejava a
diminuição do tamanho da administração pública. A Lei das OSs possui uma tabela que extingue órgãos,
autarquias e fundações públicas e, na mesma Lei, qualifica entidades privadas para substituir e prestar
aquela atividade. As OSCIPs não têm essa intenção, pois o propósito é auxiliar órgãos e entidades públicas
na prestação de serviços à sociedade.
OSC – Lei n. 13.019/2014 – MROSC
• MROSC – Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
Essa Lei regulamenta parcerias do poder público com entidades sem fins lucrativos. Até 2014, não havia Lei
que relatasse essas ações, porém o Estado sempre realizou parcerias com entidades privadas, e, em 2014, a
lei regulamentou o sistema dessas parcerias ao expressar como será a escolha de quem será o parceiro,
dispõe sobre os instrumentos que firmam parcerias, o termo de fomento, de colaboração e o acordo de
cooperação.
FORMAS DE DESCENTRALIZAÇÃO
• Outorga – mediante Lei – administração indireta. – “Descentralização por outorga”; “descentralização
legal”; “técnica”; ou “funcional”.
• Delegação (ou “colaboração”) – mediante ato/contrato.
• Territorial/Geográfica – quando são criados territórios no Brasil. – No Brasil, atualmente, não existem
territórios, porém, se um for criado pela União, é uma descentralização territorial, isto é, uma autarquia
territorial. – Autarquia – serviço público e material que virou pessoa jurídica. – Se for criado um território no
Brasil, é uma porção do território que vira pessoa jurídica. – Em nível federal, são criados os territórios; em
nível municipal, são criados os distritos. – Distrito é uma porção do município, que será administrada por
um administrador, porém uma porção do território dentro do município que prestará serviço a quem está no
local. É uma forma de se aproximar da sociedade, geralmente, quando o município é muito grande.
Acerca da descentralização por outorga, que se faz mediante Lei, quando dá origem a uma entidade da
administração indireta, recebe a titularidade e execução da atividade, ou seja, é a “dona” da atividade, desse
modo, tem autonomia. A descentralização por colaboração ou delegação só recebe a execução, pois fica
sujeita ao poder concedente.
Teorias do Órgão
As teorias do órgão tentam explicar as relações do Estado – que é uma pessoa jurídica – e as atividades
desempenhadas pelos seus agentes – que precisam ter as suas funções atribuídas pelo Estado. No passado,
defendia-se a ideia de que o agente era um mandatário, ou seja, um procurador do Estado, devendo agir por
meio de uma procuração fictícia em nome do Estado. Na teoria de representação ocorre uma mudança,
buscando no Direito Civil a relação entre Estado e agente. Nessa teoria, entende-se que o mandato não
existe, e sim uma representação do Estado por parte do agente. A diferença é de que, no Direito Civil, o
representado é um incapaz, enquanto na administração o Estado não é um incapaz. Por fim, a teoria do órgão
ou teoria da imputação explica que o Estado possui órgãos que não possuem capacidade jurídica própria
para responder pelos seus atos, mas servem para cumprir diversas funções delegadas pelo Estado. Aquilo
que os agentes fazem nos órgãos é imputado ao órgão, que não responde pelo ato, sendo o mesmo imputado
ao Estado.
Criação e Extinção
Somente lei pode criar ou extinguir órgãos. Nenhum decreto pode criar ou extinguir uma lei. A criação ou
extinção mediante medida provisória, por outro lado, é permitida. Tudo o que lei ordinária pode fazer, a
medida provisória também pode fazer. A organização interna de órgãos, desde que não provoque aumento de
despesas e não provoque criação ou extinção de outros órgãos, pode ocorrer mediante decreto, de acordo
com o art. 84, inciso VI, da CF.
Características dos Órgãos Públicos
Não possuem:
A) Personalidade Jurídica: não possui capacidade de responder legalmente pelos seus atos, ainda que possua
CNPJ.
B) Patrimônio Próprio: todos os bens móveis ou imóveis de um ministério não pertencem a ele, mas à
União.
C) Capacidade Processual: não é possível ajuizar ação contra um órgão, mas, quando considerado um órgão
independente e autônomo, poderá ter capacidade processual; contudo, apenas quando a responsabilidade for
atribuída institucionalmente e por ordem constitucional. Súmula n. 525: “A Câmara de vereadores não
possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para
defender os seus direitos institucionais.” STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/04/2015, DJe 27/4/2015. Portanto,
alguns órgãos, como o Ministério Público, dispõem de capacidade processual porquanto possuem
personalidade judiciária.
Recurso hierárquico próprio: é aquele dentro da mesma pessoa jurídica, sendo o mais natural dentro da
Administração, ocorrendo nas situações em que há relação de hierarquia, pois, como decorrência da relação
hierarquizada, tem-se a possibilidade de coordenação e revisão dos atos dos órgãos subordinados. Na
hierarquia, ocorre a autotutela e, como decorrência natural, existe a possibilidade de recorrer ao órgão mais
elevado. Com essa previsão, não necessita de lei para recorrer dentro da mesma hierarquia.
Recurso hierárquico impróprio: ocorre entre entidades que não possuem hierarquia. Resulta de recurso de
um ente para outro, entes que não possuem relação de subordinação um para com o outro. O recurso é
interposto perante pessoa jurídica diversa não subordinada hierarquicamente. A possibilidade de recurso
hierárquico impróprio depende de lei expressa que admita a possibilidade.
Somente mediante lei específica são criadas as autarquias e é autorizada a criação das empresas de economia
mista e das fundações, para estas devendo uma lei complementar definir as áreas de atuação. As leis
específicas são destinadas exclusivamente para um único fim e que não permite a aprovação de qualquer
outra medida. A extinção também deve ocorrer pela mesma forma que foi utilizada na criação das
autarquias. Portanto, as autarquias também devem ser extintas por meio de lei específica. Basta que as leis
sejam promulgadas e entrem em vigência para que a autarquia passe a existir sem que haja necessidade de
qualquer outro registro ou medida.
As empresas privadas, por outro lado, dependem de registro em órgão competente para que comecem a
existir no mundo jurídico. Existem atos que demandam uma série de etapas para criação, mas não é o caso
da criação em si das autarquias. As fundações necessitam de uma lei complementar que defina as suas áreas
de atuação. Tal lei permanece pendente de elaboração.
O art. 37, XX, da CF trata das subsidiárias de empresas estatais. As subsidiárias são novas empresas criadas
pelas empresas principais, ou seja, pelas holdings. As subsidiárias da Petrobras, por exemplo, são empresas
jurídicas criadas pela Petrobras. De acordo com o art. 37, inciso XIX, da CF, a criação de subsidiárias de
qualquer entidade depende de lei específica.
A Petrobras, no entanto, criou diversas subsidiárias no exterior sem que a promulgação de nenhuma lei que
autorizasse tal medida. Com isso, o STF decidiu que não é preciso de lei para cada caso se houver lei que
autorize a entidade de forma geral. Vale ressaltar que as entidades da administração indireta podem ser
criadas por todos os três Poderes, de acordo com o art. 37, caput, da CF.

Apesar disso, o Legislativo e o Judiciário jamais criaram empresas públicas de economia mista. O STF
concedeu parcialmente a medida cautelar para conferir ao art. 29, XVIII, da Lei n. 13.303/2016,
interpretação conforme à Constituição Federal, assentando as seguintes conclusões sobre esse dispositivo:
1) a alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização
legislativa e licitação;
2) a exigência de autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do controle de suas subsidiárias e
controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de licitação, desde que siga
procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da CF/1988,
respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info 943).
As participações do Estado em empresas públicas passaram a diminuir com a venda de ações para
particulares, e as medidas supracitadas visam impedir que isso ocorra de forma abusiva. Não obstante, a
liberdade para compra de ações de forma controlada é muito positiva para o mercado.
A) Autarquias
Far-se-á necessária a criação de autarquias para o exercício das seguintes atividades: a.1) Pratica
atividade típica de Estado: atividades de fiscalização, poder de polícia, regulação, etc. Tratam-se de
atividades que um particular não pode prestar. Lembrando que as autarquias não podem exercer
atividades econômicas ou comerciais, pois não atividades são típicas do Estado.
Obs.: o STF entende que a OAB não é uma autarquia ou consiste em uma autarquia sui generis, pois
não exige concurso para contratação, não presta contas a Tribunal de Contas, etc.
a.3) Personalidade de direito público: a autarquia é uma pessoa de direito público de prerrogativa de
sujeições e obrigações.
a.4) Pessoal: o presidente da autarquia, por exemplo, ocupa cargo em comissão, que é de livre
nomeação e de livre exoneração. A grande parte dos servidores ocupam cargos efetivos mediante
concurso e estabilidade.
a.5) Patrimônio: todos os seus bens são considerados como públicos.
a.6) Responsabilidade objetiva do Estado na forma do art. 37, § 6º da CF.
Obs 2.: apesar disso, o STF entende que as ações da OAB devem tramitar na justiça federal por ter
natureza de autarquia, o que pode parecer aparentemente contraditório.
As autarquias corporativas exercem atividades descentralizadas que devem ser realizadas de forma
especializada.

Prerrogativas Autárquicas
a) imunidade tributária: o art. 150, § 2º da CF veda a instituição de impostos sobre patrimônio, renda
e serviços das autarquias, desde que vinculados as suas finalidades essenciais ou que delas decorram.
b) Impenhorabilidade de seus bens e suas rendas: os pagamentos devem ser feitos por precatórios
judiciais (art. 100 CF) e a execução obedece a regras próprias da lei processual.

Por conta disso, veda-se a penhora de um bem público por conta de comprometimento de função. O
sistema de pagamento no caso de condenação judicial de uma pessoa pública é o sistema de
precatórios, de acordo com o art. 100 da CF. Se o ofício for encaminhado à autarquia até o meio do
ano, o pagamento deverá ser feito até o final do ano subsequente. Se o encaminhamento do ofício
ocorrer na segunda metade do ano, o pagamento pode ocorrer até o final de dois exercícios de
subsequentes. Com isso, o precatório apresentado até a metade de 2024 poderá ser pago até o final de
2025, enquanto o precatório apresentado na segunda metade de 2024 poderá ser pago até o final de
2026.

c) Imprescritibilidade de seus bens: não estão sujeitos à usucapião. A usucapião ocorre quando a
posse de um bem é mantida por algum tempo para que depois a propriedade do bem seja adquirida
por meio de uma ação judicial, dependendo de uma sentença que habilite o registro de posse em
cartório.

d) Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5


anos. Decreto n. 20.910/1932.

FUNDAÇÕES

O Estado busca prestar assistência social à sociedade de maneira descentralizada e, para tanto,
cria fundações. As fundações servem a determinadas atividades sociais, assistenciais, educacionais,
ambientais e afins. As fundações criadas pelo Estado são semelhantes às fundações criadas pela
sociedade civil. As fundações do direito civil são criadas como patrimônios personalizados em forma
de pessoa jurídica.
Quando determinada pessoa física transforma parte de seu patrimônio em uma pessoa jurídica
para atuar em um segmento social, tem-se a separação entre pessoa física e entidade jurídica com
finalidade de assistência social, ou seja, fundacional. O Estado passou a fazer o mesmo com o seu
patrimônio para a prestação de serviços sociais, ambientais, educacionais etc. É o caso do Jardim
Botânico de Brasília, que deixou de ser um órgão, que possuía subordinação com patrimônio sob
controle de uma secretaria e passou a ser uma fundação, com autonomia de seu patrimônio para atuar
como uma entidade possuidora de capacidade jurídica, autonomia administrativa, autonomia
financeira, destinação de verba própria etc.
A inserção do conceito de fundações no Direito brasileiro foi bastante confuso.
Primeiramente, o Estado começou a criar fundações sem que o Decreto Lei n. 200/1967 que organiza
a Administração Pública Federal as mencionasse. O referido decreto mencionava apenas as
autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista. Com isso, surgiu a dúvida da sujeição
de tais fundações ao direito público ou ao direito privado. O decreto foi então alterado em 1987 para
incluir as fundações dentro da Administração Pública como parte da administração indireta.
No entanto, a alteração pecou ao não definir a natureza das fundações, o que causou a dúvida
a respeito da sujeição ou não a todas as regras do direito público. No art. 37, inciso XIX, da
Constituição Federal de 1988, estabeleceu-se que apenas as leis específicas podem criar as autarquias
e autorizada a criação de empresas públicas de economia mista e de fundações.
A jurisprudência entendia que as fundações deveriam seguir o direito privado. No entanto, a
alteração foi alterada para definir as fundações como públicas. Quando o Estado cria uma fundação,
realiza a determinação do regime de direito que irá adotar para a mesma. Trata-se da teoria acolhida
pelo STF e que prevalece até os dias atuais. Natureza das fundações: a tese atualmente dominante
defende a existência de dois tipos de fundações públicas: as fundações de direito público e as de
direito privado, aquelas sustentando personalidade jurídica de direito público e estas de direito
privado.
Características
b.1) Pratica atividade de caráter social (saúde, educação, cultural, pesquisa etc.).
Obs.: a atuação em atividades atípicas não significa que se trata de atividades que não são próprias do
Estado, e sim que tais atividades não são realizadas por autarquias, pois estas realizam atividades típicas e
exclusivas de Estado.
Obs 2.: as atividades atípicas realizadas pelas fundações não são exclusivas do Estado.
b.2) Natureza/Personalidade jurídica: aceita-se a criação de fundação pública de direito público, sendo para
todos os fins equipara a uma autarquia (é o caso da FUNAI); ou ainda, podem-se criar fundações públicas de
direito privado, sendo equiparadas às fundações da sociedade civil (é o caso da FUNPRESP). A fundação
pública de direito público é criada mediante lei, enquanto a criação da fundação pública de direito privado é
autorizada por meio de lei.
b.3) Possuem autonomia administrativa e financeira.
b.4) Incidem as normas de contratação e licitação da Lei 8.666/1993.
b.5) As duas modalidades de fundações instituídas pelo Poder Público fazem jus à imunidade tributária do
art. 150, § 2º da CF.
b.6) Regime de pessoal: trata-se de regime estatutário no caso de fundação pública de direito público; já nas
fundações públicas de direito privado, a sujeição é ao regime CLT. Obs.: em ambos os casos o ingresso se dá
mediante concurso público.
b.7) controle financeiro exercido pelo Tribunal de Contas O controle financeiro é previsto pelo art. 70 a 75
da CF.
Não se aplica o disposto no art. 66 do Código Civil, que exige fiscalização do Ministério Público. A
exigência prevista na Lei Civil é útil para que o MP fiscalize se a fundação está atendendo à destinação
estipulada pelo instituidor.
EMPRESA ESTATAL E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
A fundamentação para a criação de uma empresa estatal, que é uma pessoa de direito privado, está no art.
173, da CF/1988. Quando o Estado cria uma empresa estatal, ela tem a função de explorar atividade
econômica, concorrendo com o particular. Essa deveria ser sua única função, mas, no Brasil, começou-se a
criar estatais para prestação de serviço público. Portanto, para esse assunto, deve-se estudar o art. 173, da
CF/1988 e a Lei n. 13.303/2016 (Lei das Estatais). Uma vez que essas empresas foram criadas, fez-se
necessário um regime jurídico próprio, uma vez que a concorrência seria desleal se o estado mantivesse os
privilégios que o poder público possui.
Obs.: A leitura da lei das estatais só é necessária se estiver no edital, mas convém saber que ela existe.
C.1) TRAÇOS COMUNS:
Personalidade jurídica: Direito PRIVADO (regime misto ou HÍBRIDO).
- ambas estão nesse regime.
- tratando-se de empresa estatal, por mais que seja de regime privado, é um privado híbrido, pois é
impossível que ela siga, EXCLUSIVAMENTE, as regras de direito privado. Exemplos: - Concursos
públicos + regime CLT, no caso das EPs; - Licitações com regras especiais.
c.1.2) Finalidade: serviço público OU atividade econômica Convém dizer que o Estado não tem liberdade
para criar empresas por qualquer coisa. É necessário que se tenha segurança nacional ou relevante interesse
coletivo. Um exemplo disso é a IMBEL. Ela é uma estatal que fabrica armas. Por questão de segurança,
entende-se que a atividade não pode ficar exclusivamente com o particular. Destaca-se também as atividades
bancárias, que são de relevante interesse coletivo. Além disso, a CF estabeleceu que essas empresas se
sujeitarão ao mesmo regime “CCTT”
Civil • Comercial • Trabalhista • Tributário
Obs.: Não é possível estender às empresas estatais benefícios tributários que não são dados as demais
empresas privadas.
Se o benefício é dado a todo o setor de petróleo, por exemplo, a Petrobras poderá recebe-lo. No entanto, se
não for, ela não poderá recebê-lo sozinha. Em regra, a empresa estatal só deve existir para exercer atividade
econômica. Porém, quando surgir a necessidade de estatal prestadora de serviço público, espera-se que ela
possa fazer algo diferenciado. Por exemplo, os Correios atendem locais que os particulares poderiam não
adentrar. Exemplo real: os Correios perderam uma causa judicial, na qual se pedia a penhora de bens. A
empresa entrou no STF pedindo a não realização da sanção, alegando ser estatal e que essa penhora seria
prejudicial aos particulares. A partir disso, o STF decretou a impenhorabilidade dos bens das estatais que
prestam serviço público. Os débitos são pagos mediante precatórios. O STF também deu imunidade
tributária aos correios, uma vez que ele não tem concorrentes e essa imunidade não prejudicaria ninguém.
Com o tempo, a empresa começou a explorar atividade econômica, na entrega de encomendas (além das
correspondências), na venda de selos, chips de celular etc. Isso foi questionado. O STF entendeu que os
Correios revertem o lucro para a atividade principal, portanto, têm imunidade nas duas atividades. Convém
dizer que o STF entende, atualmente, que só poderá ter imunidade se tiver o lucro e não o repartir com
acionista minoritário.
c.1.3) Pessoal - Regime jurídico é CLT, mas ingressa por concurso público. - Demissão sem justa causa:
SIM, mas deve ter a devida MOTIVAÇÃO. - Não tem estabilidade. - Teto Remuneratório? Depende. Existe,
mas pode ser ultrapassado se não receberem recursos públicos para o custo.
c.1.4) Sujeição ao controle do Tribunal de Contas: MS 25092 e o MS 25.181, STF. - Todas as estatais
sujeitam-se à prestação de contas e à fiscalização do Tribunal de Contas correspondente.
c.1.5) Falência - Não é permitida a falência às empresas estatais.
DIFERENÇAS
c.1.3) Pessoal Complementando o que foi visto até aqui, o Presidente e os diretores se sujeitam a um regime
especial (sem lei própria). Além destes, os membros de conselho fiscal e de conselho administrativo também
se enquadram em regime diferenciado. Em geral, o estatuto da empresa define essas coisas. Os membros do
conselho são ainda mais diferenciados, pois eles se reúnem, por vezes, uma vez por mês. Caso um
funcionário se eleja diretor, suspende-se o vínculo CLT e ele se regerá pelo regime diferenciado. Acabando o
período de diretoria, ele retorna para o sistema CLT.

Um particular (sozinho) não pode ter capital em EP. No entanto, uma SEM pode, e ela poderia ter capital
particular em sua composição.
Se a EP for estadual, do DF ou municipal, vai para a justiça estadual. Se a ação for trabalhista, vai para a
ação do trabalho, não para a justiça federal (em ambos os casos).
Agências
Agências executivas: é o resultado de uma qualificação dada a uma autarquia ou fundação, que celebra
contrato de desempenho (gestão), com o Ministério Supervisor. A Lei n. 13.934/2019 regulamentou esse tipo
de contrato. Com fundamento no art. 37, §8º, CF, durante o Governo FHC, pode uma autarquia ou fundação
celebrar contrato com Ministério Supervisor para aumentar a sua autonomia gerencial, orçamentária e
financeira. Entendia-se, na época, que as autarquias e fundações estavam sendo tratadas como órgãos, com
muita subordinação, regra, fiscalização. Por isso, as que queriam ser mais autônomas e eficientes tiveram
que fazer um plano estratégico de reestruturação para apresentar ao Ministério Supervisor, que analisa o
plano, fixa metas e faz o contrato de desempenho, com um decreto qualificando como agência executiva.
Uma vez qualificada, aumenta a autonomia gerencial, orçamentária e financeira. Anualmente, as metas são
fiscalizadas e, caso não alcançadas, pode-se perder a qualificação, por decreto, e volta a ser uma autarquia
ou fundação comum.
A Lei n. 14.133/2021 estabelece que uma entidade qualificada como agência executiva terá um limite maior
para fazer dispensa de licitação nas compras e serviços de pequeno valor. Nesse caso, é dispensável a
licitação, porque não é comprado algo de valor expressivo, nos termos da lei. Quando a entidade se qualifica
como agência executiva, dobram-se os valores de dispensa. O Inmetro é uma agência executiva. O art. 37,
§8º, da CF, dispõe que órgãos e entidades podem fazer o contrato. No entanto, a legislação somente dispôs
que autarquias e fundações podem se qualificar como agências executivas. Outros órgãos podem fazer o
contrato com o Ministério Supervisor, mas isso não os fazem uma agência executiva.
b) Agências reguladoras: no Brasil, foram criadas na forma de autarquias em regime especial. As
universidades e o Banco Central são autarquias em regime especial, por exemplo. Tudo que se aplica a uma
autarquia, é aplicado a uma agência reguladora.
• Investidura dos Dirigentes: os dirigentes têm que ter aprovação do poder legislativo, conforme cada nível.
No âmbito federal, o Presidente faz a indicação e o Senado Federal precisa aprovar.
• Dirigente ocupa mandato: tempo certo na função. O prazo é de 5 anos, conforme unificação na lei.
• Agências com previsão na CF: ANATEL (art. 21, XI, CF) e ANP (art. 177, CF), ANAC, ANTAQ, ANTT,
ANVISA, ANS, ADASA.

Obs.: quando a agência faz uma resolução, há um colegiado composto pelos diretores.

Obs.: essa quarentena acontece para que o diretor não saia do órgão e vá para uma empresa particular do
mesmo ramo.
Consórcios públicos
Consórcios públicos são a união entre entes da federação para prestar, por meio da gestão associada, uma
atividade comum de interesse de todos os entes. Cada ente tem um conjunto de atividades que deve prestar à
sociedade: serviços públicos, atividades gerais administrativas. Essa divisão estará na Constituição. Quando
for assunto de interesse local, é do município. Assunto de interesse regional é dos estados. Assunto de
interesse nacional é para a União. No entanto, o Brasil tem um federalismo cooperativo. Por isso, os entes
podem se associar, quando tiverem interesse, para prestar o serviço de forma associada a uma atividade
comum aos entes.

Obs.: a lei exigida é a Lei n. 11.107/2005, que regulamenta a formação de consórcios no Brasil. É possível
pegar serviços de saúde, que são de interesse local, e formar um consórcio para prestá-los.
Ex.: vários municípios se unem, colocam recursos e fazem um hospital que presta um serviço de melhor
qualidade para todas as cidades.
Cada ente que participa do consórcio, primeiro, precisa ter lei local autorizando a sua participação em
consórcios ou no consórcio específico. Os entes devem fazer, posteriormente, um protocolo de intenções,
que é o primeiro passo para formar o consórcio, dizendo tanto o seu interesse em participar como o que irá
entregar para o consórcio. Esse protocolo de intenções forma o contrato de consórcios para nascer o
consórcio. O contrato de rateio envolve dinheiro, ou seja, o que cada ente se obriga a entregar
financeiramente. O contrato de programa é o que cada ente irá cuidar de atividade administrativa do
consórcio.
Somente podem participar entes federativos na formação de consórcio. Autarquias e empresas estatais não
podem participar. Lei n. 11.107/2005
Terceiro Setor
Obs.: O terceiro setor também é conhecido como entidades paraestatais, pois estão do lado do Estado,
paralelas ao Estado e querem colaborar com alguma atividade que é de interesse coletivo, público.
Lembrando que o terceiro setor não integra a administração, nem direta e nem indireta, estão do lado de fora
e querem colaborar com o estado em atividades que são de interesse coletivo, como na saúde, na educação,
na pesquisa, auxiliando categorias profissionais, dentre outros. Todas as entidades paraestatais não têm
finalidade lucrativa. Elas podem até ter lucro, mas esse lucro deverá ser reutilizado na própria entidade, pois
não pode ser dividido entre seus diretores, presidente ou quem quer que seja.
Conceito: São pessoas de direito privado, sem fins lucrativos, que colaboram com o Estado em atividades de
interesse público
Serviços Sociais Autônomos – Entidades do Sistema “S” Obs.: os Serviços Sociais Autônomos (S.S.A’s)
prestam apoio a categorias profissionais. Exemplos: Sesi – Serviço Social da Indústria, Sesc – Serviço
Social do Comércio, Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industria, ApexBrasil. Quem faz a criação
das entidades do sistema “S” geralmente é a união, pois essas entidades sobrevivem com recurso que é uma
contribuição social, que é o imposto, e a empresa do segmento paga aquele tributo, que é destinado para a
manutenção dessas entidades. Isso em nada impede que os estados ou municípios também possam criá-las,
mas devemos nos lembrar que a contribuição é federal, na qual a União arrecada e repassa para as entidades.
A) Licitação As entidades do sistema “S” não são obrigadas a fazerem licitação, mas, segundo o TCU, elas
devem observar os princípios da licitação. Cada entidade deverá ter um regulamento interno que estabeleça
um processo competitivo antes das contratações, e esse regulamento deverá observar os princípios
licitatórios, mas não é necessário seguir à risca a licitação.
B) Competência: Súmula 516 do STF: “O Serviço Social da Indústria – SESI – está sujeito à jurisdição da
Justiça Estadual.” Obs.: apesar de serem criadas pela União, quem julga as ações contra essas entidades é a
Justiça Estadual, conforme prevê a Súmula 516 do Supremo Tribunal Federal.
C) Concurso: O STF entendeu que, por possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a
Administração Pública, não estão sujeitos à observância da regra de concurso público (CF, art. 37, II) para
contratação de seu pessoal. Informativo n. 759 STF. Repercussão geral. RE 789874/DF, rel. Min. Teori
Zavascki, 17.9.2014.
Obs.: é realizado um processo seletivo de caráter objetivo, que parece concurso, mas não é. É um processo
de competição no qual muitas vezes até banca de concurso é contratada, como se fosse um concurso, mas
não é. Não é exigido pelo STF, ou TCU, ou pela Constituição que se faça um concurso público, podendo até
ser processo seletivo simplificado, como análise curricular, por exemplo.
Obs.: as OS’S e as OSCIP’S surgiram nos anos 90, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso
tentou promover uma atualização da Administrativa Pública Federal e Estadual de modo geral. Dentre
muitas alterações que foram feitas na Constituição Federal, a Emenda 19/98 instituiu a Reforma
Administrativa. Como o presidente Fernando Henrique Cardoso não conseguiu fazer todas as alterações na
Administração Pública pretendidas, então ele criou as OS’S e as OSCIP’S.
Organizações Sociais (OS’S)
Obs.: a OS’S vai qualificar uma entidade privada que irá atuar nas seguintes áreas:
• Área de Atuação: ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde.
• Conselho de Administração composto por representantes do Poder Público – art. 3º
Organizações Sociais Civis de Interesse Público (OSCIP’S)
Obs.: as OSCIP’S são reguladas pela Lei n. 9.790/1999 e são entidades privadas, sem fins lucrativos, criadas
por particulares, e que atuam em áreas sociais. Elas são classificadas como OSCIP’S para se aproximarem
um pouco mais do Estado e quem vai regulamentar esse processo de regulamentação é a Lei n. 9.790/1999.
Obs.: a seguir temos um importante julgado do STF sobre as OS’S e que pautou pontos importantes para
concurso:
Lei n. 9.637/1998 e ADI n. 1923
i) o procedimento de qualificação das entidades como organizações sociais deveria ser conduzido
de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da
CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei n.
9.637/1998;
ii) ii) a entidade qualificada como OS não precisa fazer licitação quando for contratar com terceiros.
Porém, o processo de contratação deve ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF; i
iii) ii) são válidas as outorgas de permissão de uso de bem público para as entidades qualificadas
como OS. Porém, o procedimento deve ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF;
iv) iv) as entidades qualificadas como OS não precisam fazer concurso. Porém, a seleção de pessoal
pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com
observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser
editado por cada entidade;
v) v) as entidades qualificadas como OS estão sujeitas à fiscalização do MP e do TCU. Para o STF
qualquer interpretação que restringisse o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de
Contas da União, da aplicação de verbas públicas deveria ser afastada.
Obs.: a seguir temos as diferenças entre as OS’S e as OSCIP’S:

Obs.: um dos pontos mais importantes é sobre a discricionariedade na qualificação das OS’S, pois a
entidade deve preencher uma série de condições, mas o órgão é que vai decidir. Não é porque a entidade
preencheu as condições necessárias que ela será qualificada, uma vez que é juízo de conveniência e
oportunidade do órgão que vai fazer essa análise. Outro ponto de destaque é que as OS’S celebram
Contrato de Gestão.
Já na OSCIP, a qualificação é um ato vinculado, ou seja, se entidade preencher todas as condições, ela
terá o direito a receber a qualificação. Além disso, as OSCIP’S celebram Termo de Parceria entre o
Poder Público e a entidade privada.
Obs.: quando falamos de organizações sociais, devemos nos lembrar que as OS’S vieram para substituir
órgãos, autarquias e fundações que prestavam atividades de caráter social e evitar que novas fossem
criadas. Já as OSCIP’S foram criadas no intuito de auxiliar na prestação da atividade, de prestar
colaboração sem ter o caráter de substituir um órgão, uma autarquia ou uma fundação.
Obs.: a Lei n. 13.019, de 31 de julho de 2014, é o marco regulatório das organizações da sociedade civil
(OSC’s). Até 2014 não havia uma lei regulamentando como o Estado fazia parcerias com entidades
privadas. Como temos na sociedade inúmeras entidades privadas que querem fazer parceria com o Poder
Público mesmo não querendo se classificar como OS ou OSCIP, esse marco regulatório regulamentou
todas essas questões. Devemos no atentar aos instrumentos para poder formar a parceria que são o termo
de colaboração, o termo de fomento e o acordo de cooperação.
VII – termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas
pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de
interesse público e recíproco propostas pela administração pública que envolvam a transferência de
recursos financeiros; (Redação dada pela Lei n. 13.204, de 2015)
VIII – termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência de
recursos financeiros; (Redação dada pela Lei n. 13.204, de 2015)
VIII – A - acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco que NÃO envolvam a transferência de recursos financeiros;
(Incluído pela Lei n. 13.204, de 2015)
Obs.: no termo de colaboração, quem propõe é a administração, as entidades fazem a parceria e haverá
transferência de dinheiro. Já no termo de fomento, quem propõe é a OSC e, se houver parceria, haverá
transferência de dinheiro. No acordo de cooperação, a parceria pode ser proposta de qualquer um dos
lados e não haverá transferência de dinheiro.
DECRETO LEI N. 200/1967
1.FORMAS DE PRESTAÇÃO DAS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS

1.1. CENTRALIZADA – pessoa política desempenha funções por seus próprios órgãos (ACÚMULO DE
COMPETÊNCIAS).

1.2. DESCENTRALIZADA – pessoa política desempenha função por meio de pessoas diversas (DISTRIBUI
COMPETÊNCIAS – EXTERNA).

A União faz uma desconcentração e cria o primeiro centro de comando, que é a Presidência da República, órgão
que por sua vez desconcentra e cria os Ministérios (ex.: Ministério da Justiça, Ministério do Trabalho etc.). Tais
órgãos internos vão se desconcentrando e, por exemplo, o Ministério da Fazenda cria a Secretaria do Tesouro
Nacional e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Receita Federal cria as superintendências, que por sua vez
também se desconcentram e criam as delegacias da receita. Todos os ministérios se desconcentram
internamente em outros órgãos.

A desconcentração é a União, por meio dos seus órgãos, prestando diretamente atividades à sociedade.

Descentralizar é tirar do centro, transferindo uma atividade para outra pessoa jurídica. Por exemplo, o Ministério
dos Transportes pode fazer uma licitação e transferir mediante concessão uma atividade para uma empresa
privada, a exemplo da concessão de linhas aéreas, ou de telefonias, no caso das telecomunicações. Também é
possível descentralizar criando novas pessoas jurídicas, a exemplo de autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista.

O 3º setor/paraestatais é formado pelos serviços sociais autônomos (Sistema S), organizações sociais e as
organizações sociais de interesse público. A Lei n. 13.019/2014 é a Lei do marco regulatório das organizações da
sociedade civil.

Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá
outras providências. O decreto-lei é um instrumento que atualmente é similar às medidas provisórias, visto que
estas têm força de lei ordinária. Mas enquanto a medida provisória é feita pelo chefe do executivo e precisa ser
aprovada pelo congresso, o decreto-lei era feito somente pelo poder executivo. Com a CF/88 os decretos-lei
foram recepcionados com força de lei ordinária. Anteriormente, havia muita centralização do poder na
administração pública do Brasil, fruto da grande estrutura trazida pela Coroa Portuguesa e da posterior
administração paternalista. Por isso, o decreto-lei pregou a descentralização. Especialmente a partir do 2º
governo Vargas, houve muita centralização de poder em suas mãos, centralizando muitas competência da União
e não distribuindo para os estados. No governo militar, uma das mudanças trazidas foi a reforma administrativa,
por isso o decreto-lei tem como princípios o planejamento, a organização e a descentralização de atividades. O
decreto-lei chama a administração centralizada de administração direta, e as entidades ficam sendo chamadas de
administração indireta. Também trata da concessão de serviços a particulares e da formação de convênios com
os estados.

Art. 1º O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 2º O Presidente da República e os Ministros de Estado exercem as atribuições de sua competência


constitucional, legal e regulamentar com o auxílio dos órgãos que compõem a Administração Federal.

Art. 4º A Administração Federal compreende:

I – A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da
República e dos Ministérios.

II – A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade


jurídica própria:

a) Autarquias;

b) Empresas Públicas;

c) Sociedades de Economia Mista.

d) fundações públicas. (Incluído pela Lei n. 7.596, de 1987)

O órgão não tem personalidade jurídica nem capacidade de responder por seus atos. Portanto, quem responde
pelo que os órgãos fazem é a União. As entidades são figuras com capacidade jurídica própria, têm CNPJ e
respondem por seus atos.

Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área
de competência estiver enquadrada sua principal atividade. (Renumerado pela Lei n. 7.596, de 1987)

Por exemplo, o Banco Central é uma autarquia do Ministério da Fazenda. Logo, o Banco Central é vinculado à União e
ao Ministério. Do mesmo modo, o INSS é vinculado à União por meio do Ministério do Trabalho. Tais entidades são
vinculadas, não subordinadas. Tais entidades têm liberdade em suas atividades em troca de serem mais eficientes.

Art. 5º – Para os fins desta lei, considera-se: I –Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade
jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

A constituição de uma autarquia envolve a troca de um serviço prestado diretamente, por uma prestação via pessoa
jurídica. Por exemplo, dentro do Ministério da Previdência já houve a Secretaria de Previdência, que cuidava da
concessão de benefícios de forma centralizada em relação ao Ministério, essa secretaria foi transformada em uma
autarquia, descentralizada (com patrimônio próprio e receita própria), com a mesma finalidade, o INSS. As atividades
típicas do Estado não envolvem as atividades comerciais e econômicas, para esse tipo de atividade o Estado deve
criar uma empresa pública ou de economia mista. São atividades típicas, serviços públicos, poder de polícia,
conselhos de fiscalização, agências reguladoras etc.

II –Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e
capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a
exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas
admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei n. 900, de 1969)
A empresa pública é de direito privado, uma vez que se trata do Estado praticando um papel comercial. Observa-se
que o Decreto Lei prevê “patrimônio próprio e capital exclusivo da União”, é necessário ponderar que em termos de
lei tal previsão continua em vigência, mas não tem sido praticada, hoje, na composição de empresas públicas federais
há presença de capital de Estados e Municípios, por exemplo. Ainda, segundo o texto do Decreto Lei as empresas
públicas são entidades “criadas por lei”, porém, segundo o texto Constitucional, essas são apenas autorizadas por lei.
As empresas públicas atuam, geralmente, em setores onde o mercado privado não possui interesse na exploração
daquela atividade econômica, ou quando essa é muito dispendiosa para o setor privado, mas o Estado precisa
explorá-la. Por exemplo, a mineração. Ou seja, as empresas públicas eram criadas por contingencia ou conveniência
administrativa. Hoje, as empresas públicas são criadas nas questões de segurança ou de relevante interesse coletivo,
segundo o artigo 173 da CF.

À época do Decreto Lei o Estado possuía liberdade para que a empresa pública pudesse “revestir-se de qualquer das
formas admitidas em direito”, ou seja, sociedade limitada, sociedade anônima etc. Hoje, o conceito de empresa
pública segue o disposto na Lei n. 13303/16:

Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por
lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios. Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da
União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação
de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: III –Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
(Redação dada pelo Decreto-Lei n. 900, de 1969)

Dessa forma, a sociedade de economia mista de diferencia da empresa pública por conta de seu capital misto, mas
ambas possuem como finalidade a exploração de atividade econômica ou comercial. A economia mista admite a
participação de capital particular, sendo uma S.A. que deve apenas ter o controle acionário (maior parte do capital)
da União, diferentemente da empresa pública.

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. § 1º - No caso do
inciso III, quando a atividade for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à
União, em caráter permanente.

IV –Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em
virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei n. 7.596, de 1987)

§ 3º - As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura
pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do
Código Civil concernentes às fundações. (Incluído pela Lei n. 7.596, de 1987)

As fundações públicas não estavam inclusas no decreto original, ainda que o Estado já as criasse. A inclusão
regulamentou a criação das fundações públicas. Uma autarquia é um serviço público que adquiriu personalidade
jurídica, tornou- -se uma entidade. A fundação é um patrimônio que adquiriu personalidade jurídica, ganhando
autonomia administrativa e patrimônio próprio para cuidar de suas atividades. As fundações geralmente tratam de
funções atípicas do Estado, ligadas à cultura e educação e que podem ser desempenhadas, também, por particulares.

Art. 6. As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: I – Planejamento.
II – Coordenação. III – Descentralização. IV – Delegação de Competência. V – Controle.
Art. 7. A ação governamental obedecerá a planejamento que vise (OBJETIVO) a promover o desenvolvimento
econômico-social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados, na forma do
Título III, e compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:

a) plano geral de governo;

b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual (dura mais do que 1 ano);

c) orçamento-programa anual;

d) programação financeira de desembolso

Art. 8. As atividades da Administração Federal e, especialmente, a execução dos planos e programas de governo,
serão objeto de permanente coordenação.

§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da administração, mediante a atuação das chefias individuais, a
realização sistemática de reuniões com a participação das chefias subordinadas e a instituição e funcionamento de
comissões de coordenação em cada nível administrativo (como vai ser feita a coordenação).

§ 2º No nível superior da Administração Federal, a coordenação será assegurada através de reuniões do Ministério,
reuniões de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de incumbência coordenadora a um dos
Ministros de Estado (Art. 36), funcionamento das Secretarias Gerais (Art. 23, § 1º) e coordenação central dos
sistemas de atividades auxiliares (Art. 31).

§ 3º Quando submetidos ao Presidente da República (deve-se realizar reuniões antes), os assuntos deverão ter sido
previamente coordenados com todos os setores neles interessados, inclusive no que respeita aos aspectos
administrativos pertinentes, através de consultas e entendimentos, de modo a sempre compreenderem soluções
integradas e que se harmonizem com a política geral e setorial do Governo. Idêntico procedimento será adotado nos
demais níveis da Administração Federal, antes da submissão dos assuntos à decisão da autoridade competente.

Quando se tem um assunto que vai para o presidente, antes deve-se realizar coordenação com todos os setores
interessados, para ver os aspectos administrativos. Todo o procedimento, nesse caso, será feito quando for para o
ministro.

Art. 9. Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão submetidos à coordenação com o objetivo de
assegurar a programação e execução integrada dos serviços federais.

Parágrafo único. Quando ficar demonstrada a inviabilidade de celebração de convênio (alínea b do § 1º do Art. 10)
com os órgãos estaduais e municipais que exerçam atividades idênticas, os órgãos federais buscarão com eles
coordenar-se, para evitar dispersão de esforços e de investimentos na mesma área geográfica.

O decreto-lei fez a previsão de muitos convênios de cooperação com estados e municípios. Um exemplo de aplicação
disso seria a fiscalização de uma rodovia federal que passa por estados e municípios.

Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada (atenção: o
termo utilizado é “amplamente” – qualquer outro estaria errado).

§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais (eixos):

a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção do de execução
(deve-se distinguir claramente quem vai executar);

b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante
convênio (deve-se fazer o convênio);

c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões (concessão é uma espécie de
contrato. Há a previsão, dessa forma, de retirar do Estado e atribuir para particular. Nessa época, não tratava de
licitação, o que hoje é um comando da Constituição).

§ 2° Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que compõem a estrutura central de direção devem
permanecer liberados das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de atos administrativos, para que
possam concentrar-se nas atividades de planejamento, supervisão, coordenação e controle (os órgãos centrais
diretivos não devem ficar presos a tarefas de rotina).

§ 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de casos individuais, compete, em princípio, ao nível de
execução, especialmente aos serviços de natureza local, que estão em contato com os fatos e com o público (decisão
de caso individual).

§ 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento das normas, critérios, programas e princípios, que os
serviços responsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução dos casos individuais e no desempenho de
suas atribuições (sempre vão fazer as normas e critérios para a solução dos casos individuais).

§ 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou inconveniência, a execução de programas federais de


caráter nitidamente local deverá ser delegada (delegação), no todo ou em parte, mediante convênio, aos órgãos
estaduais ou municipais incumbidos de serviços correspondentes (apenas quando for de manifesta impraticabilidade
ou inconveniência é que não se vai delegar).

§ 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conservarão a autoridade normativa e exercerão controle e
fiscalização indispensáveis sobre a execução local, condicionando-se a liberação dos recursos ao fiel cumprimento
dos programas e convênios (mantém a autoridade normativa).

§ 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle e com o objetivo
de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da
realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante contrato,
desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos
de execução (traz um fundamento importante que hoje está na Lei de Licitações. Execução direta é quando o próprio
Estado faz, e indireta é quando ele faz um contrato e repassa para alguém – um exemplo são as obras).

§ 8º A aplicação desse critério está condicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse público e às
conveniências da segurança nacional.

Art. 11. A delegação de competência será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, com o
objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou
problemas a atender.

Art. 12. É facultado ao Presidente da República, aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades da Administração
Federal delegar competência para a prática de atos administrativos, conforme se dispuser em regulamento.

Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e as
atribuições objeto de delegação.

Hoje tem-se na Lei n. 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo Federal) a ideia de que delegar é dividir atribuições
e avocar é chamar para si. Na delegação, divide-se atribuições.

Art. 13. O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os
órgãos, compreendendo, particularmente:

a) o controle, pela chefia competente, da execução dos programas e da observância das normas que governam a
atividade específica do órgão controlado;

b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas gerais que regulam o exercício das
atividades auxiliares;

c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de
contabilidade e auditoria.

Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de processos e supressão de controles
que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco.
Art. 15. A ação administrativa do Poder Executivo obedecerá a programas gerais, setoriais e regionais de duração
plurianual, elaborados através dos órgãos de planejamento, sob a orientação e a coordenação superiores do
Presidente da República.

§ 1º Cabe a cada Ministro de Estado orientar e dirigir a elaboração do programa setorial e regional correspondente a
seu Ministério e ao Ministro de Estado, Chefe da Secretaria de Planejamento, auxiliar diretamente o Presidente da
República na coordenação, revisão e consolidação dos programas setoriais e regionais e na elaboração da
programação geral do Governo. (Redação dada pela Lei n. 6.036, de 1974)

Art. 19. Todo e qualquer órgão da Administração Federal, direta ou indireta, está sujeito à supervisão do Ministro de
Estado competente, excetuados unicamente os órgãos mencionados no Art. 32, que estão submetidos à supervisão
direta do Presidente da República.

Art. 20 O. Ministro de Estado é responsável, perante o Presidente da República, pela supervisão dos órgãos da
Administração Federal enquadrados em sua área de competência. Parágrafo único. A supervisão ministerial exercer-
se-á através da orientação, coordenação e controle das atividades dos órgãos subordinados ou vinculados ao
Ministério, nos termos desta lei.

Art. 25. A supervisão ministerial tem por principal objetivo, na área de competência do Ministro de Estado:

I – Assegurar a observância da legislação federal.

II – Promover a execução dos programas do Governo.

III – Fazer observar os princípios fundamentais enunciados no Título II.

IV – Coordenar as atividades dos órgãos supervisionados e harmonizar sua atuação com a dos demais Ministérios.

V – Avaliar o comportamento administrativo dos órgãos supervisionados e diligenciar no sentido de que estejam
confiados a dirigentes capacitados.

VI – Proteger a administração dos órgãos supervisionados contra interferências e pressões ilegítimas.

VII – Fortalecer o sistema do mérito.

VIII – Fiscalizar a aplicação e utilização de dinheiros, valores e bens públicos.

IX – Acompanhar os custos globais dos programas setoriais do Governo, a fim de alcançar uma prestação econômica
de serviços.

X – Fornecer ao órgão próprio do Ministério da Fazenda os elementos necessários à prestação de contas do exercício
financeiro.

XI – Transmitir ao Tribunal de Contas, sem prejuízo da fiscalização deste, informes relativos à administração financeira
e patrimonial dos órgãos do Ministério.

Art. 26. No que se refere à Administração Indireta, a supervisão ministerial visará a assegurar, essencialmente:

I – A realização dos objetivos fixados nos atos de constituição da entidade (deve-se focar no objetivo que resultou a
criação).

II – A harmonia com a política e a programação do Governo no setor de atuação da entidade.

III – A eficiência administrativa.

IV – A autonomia administrativa, operacional e financeira da entidade. Parágrafo único. A supervisão exercer-se-á


mediante adoção das seguintes medidas, além de outras estabelecidas em regulamento:

a) indicação ou nomeação pelo Ministro ou, se for o caso, eleição dos dirigentes da entidade, conforme sua natureza
jurídica;

b) designação, pelo Ministro dos representantes do Governo Federal nas Assembleias Gerais e órgãos de
administração ou controle da entidade;
c) recebimento sistemático de relatórios, boletins, balancetes, balanços e informações que permitam ao Ministro
acompanhar as atividades da entidade e a execução do orçamento-programa e da programação financeira aprovados
pelo Governo;

d) aprovação anual da proposta de orçamento-programa e da programação financeira da entidade, no caso de


autarquia;

e) aprovação de contas, relatórios e balanços, diretamente ou através dos representantes ministeriais nas
Assembleias e órgãos de administração ou controle;

f) fixação, em níveis compatíveis com os critérios de operação econômica, das despesas de pessoal e de
administração; g) fixação de critérios para gastos de publicidade, divulgação e relações públicas;

h) realização de auditoria e avaliação periódica de rendimento e produtividade; i) intervenção, por motivo de


interesse público (não é aplicável hoje).

Art. 28. A entidade da Administração Indireta deverá estar habilitada a:

I – Prestar contas da sua gestão, pela forma e nos prazos estipulados em cada caso.

II – Prestar a qualquer momento, por intermédio do Ministro de Estado, as informações solicitadas pelo Congresso
Nacional.

III – Evidenciar os resultados positivos ou negativos de seus trabalhos, indicando suas causas e justificando as
medidas postas em prática ou cuja adoção se impuser, no interesse do Serviço Público. Art. 170 O. Presidente da
República, por motivo relevante de interesse público, poderá avocar e decidir qualquer assunto na esfera da
Administração Federal (ou seja, o presidente tem todo esse poder).

Art. 173. Os atos de provimento de cargos públicos ou que determinarem sua vacância, assim como os referentes a
pensões, aposentadorias e reformas, serão assinados pelo Presidente da República ou, mediante delegação deste,
pelos Ministros de Estado, conforme se dispuser em regulamento (é do presidente, mas ele pode delegar).

Os Arts. 5, que fala das entidades, e o 6, que fala dos princípios, são os que mais caem em provas. Boa parte do
decreto-lei não tem mais aplicação, pois já foram alterados por outras leis.

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