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Professor: Moisés Góes

DIREITO ADMINISTRATIVO
- ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

1.INTRODUÇÃO:
Toda a atividade administrativa do Estado se desenvolve, direta ou
indiretamente, por meio da atuação de órgãos, entidades públicas e seus
respectivos agentes.
Entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica.
Órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura
da Administração indireta.

Para o desempenho de suas atribuições, a Administração Pública organiza seus


órgãos e entidades com base em três princípios fundamentais: centralização,
descentralização e desconcentração.

Define as pessoas que fazem parte da máquina do estado. Devemos


conhecer as pessoas que compõem a maquina do estado, elas juntam compõem o
Estado.
Alguns serviços são prestados diretamente pelos entes federativos: Ex:
Saúde, Segurança Pública. Essas prestadas diretamente são as chamadas entidades
da Administração Direta ou Centralizada. Eles não delegam a ninguém essas
atividades.
O Estado deve ser eficiente, e por isso ele deve especializar suas
atividades. Por isso, ele especializa-se em algumas coisas para prestar algo de
maneira melhor, porque ele se especializa em algo. Ex: INSS se especializa em
questões previdenciárias.
Nesse caso, o Estado transfere certas questões, como forma de garantir
uma maior especialização, sendo mais eficiente, assim o estado transfere a prestação
de serviços a outras pessoas jurídicas, para que ela pratique diretamente certas
atividades. É a chamada DESCENTRALIZAÇÃO.
A DESCENTRALIZAÇÃO pode ser para particulares (estudaremos depois
– ex: contratos de concessão e permissão) e para as chamadas Administrações
Indiretas (Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedade de
Economia Mista).
2.ADMINISTRAÇÃO DIRETA:
Mesmo ela prestando o serviço diretamente, ela tem que ser eficiente, ela
tem que se especializar. É a chamada DIVISÃO INTERNA DE COMPETÊNCIA (entre
órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica), será chamada de
DESCONCENTRAÇÃO.
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DESCONCENTRAÇÃO: Internamente se criam órgãos especializados
dentro da administração direta.
Órgãos Públicos não tem Personalidade Jurídica. Significa dizer que ele
não tem patrimônio próprio, ele não é titular de direitos e obrigações, não tem
responsabilidade por seus atos, não tem patrimônio. Ele simplesmente integra a
estrutura de uma Pessoa Jurídica. Ex: Você não entra com a ação com a prefeitura, e
sim contra o município.
Alguns órgãos Públicos gozam de Capacidade Processual Ativa, mesmo
não tendo pessoa jurídica. Ex: MP pode ajuizar ação civil pública. Nesse caso é a lei
que o autoriza. Mesmo não tendo personalidade jurídica, mas terá capacidade
processual ativa. Essa capacidade só pode ser transferida a órgãos independentes e
autônomos (só quando a lei lhes der essa capacidade).
3.ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:
REGRAS GERAIS:
- 4 regras básicas que são aplicáveis a todas as entidades da administração
indireta:
- PRIMEIRA: Tem Personalidade Jurídica própria (Patrimônio, receita,
autonomia administrativa). São Pessoas Jurídicas. É uma nova pessoa jurídica, com
personalidade, pessoas, patrimônio etc. Ex: se for entrar com ação contra uma
autarquia, é contra ela mesmo que se deve entrar.
- SEGUNDA: a criação / extinção dessas entidades -> Depende de LEI
ESPECÍFICA.
Lei específica CRIA as AUTARQUIAS.
Já as Fundações Públicas, Empresas Públicas e SEM, a lei específica
somente AUTORIZA sua criação.
Quando a Lei cria, não precisa registrar, publicou a lei está criada a
entidade. Já as demais, ela só é criada efetivamente quando ocorre seu registra em
cartório.
A própria Lei Específica, já vai dizer qual a FINALIDADE dessa pessoa
jurídica que está sendo criada (Obs: no caso das fundações, cada ente federativo vai
dizer até onde vai sua atuação, através de uma lei complementar que vai dizer em
que campo podem ser criadas as fundações).
- TERCEIRA: FINALIDADE PÚBLICA (NÃO LUCRATIVA): Isso não
significa que os entes não poderão ter lucros. Mas, eles não são criados com
finalidade de lucro, eles são criados com finalidade social.
- QUARTA: ELES SE SUJEITAM A UM CONTROLE QUE OS ENTES DA
ADMINISTRAÇÃO DIRETA, EXERCEM SOBRE A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. É
O CONTROLE FINALISTICO. É umcontrole de legalidade, analisando se essa
entidade está cumprindo a finalidade para qual foi criada. Ex: Quem controle o IBAMA
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é o Ministério do Meio Ambiente. Quem controla o INSS é o Ministério da Previdência.
Será chamado de TUTELA ADMINSTRATIVO, VINCULAÇÃO.
OBS: Não pode se confundir isso com Hierarquia/ Subordinação. São
expressões erradas quando se trata de controle exercido entre pessoas da
administração direta e indireta, porque o poder hierárquico é exercido entre pessoas
jurídicas diferentes. Como Indireta possuem personalidade própria não se submetem
hierarquicamente a direta.
Ex: Vai ao INSS. O Analista de lá nega o seu pedido. Você recorre ao
dirigente do próprio INSS -> Esse recurso é Hierárquico. Porque nesse caso você tem
uma hierarquia dentro da própria pessoa jurídica. Será chamado de Recurso
Hierárquico Próprio.
Se pudesse recorrer da decisão do Dirigente do INSS para a União, para o
Ministro da Previdência -> Nesse caso não é um recurso hierárquico. Mas a lei
também chama de recurso hierárquico. Então para diferenciar será chamado de
Recurso Hierárquico Impróprio.
Obs: O dirigente da Administração Indireta é nomeado diretamente pela
entidade da administração direta (cargo comissionado).

3.1 – AUTARQUIAS:
Exercem atividades típicas de Estado. Ex: Prestação de serviço público,
Exercício do Poder de Polícia.
Ela é uma Pessoa Jurídica de Direito Público.
Ela só exerce atividade que o estado exerce diretamente / tipicamente.
Elas têm regime de Fazenda Pública. Gozam de todas as prerrogativas e
se submetem a todas as limitações que as entidades da administração direta se
submetem.
Ex: Imunidade Tributária (Imunidade Recíproca – A União, Estados e
Municípios não cobram tributos entre si e nem de suas autarquias – art. 150, parágrafo
segundo da CF).
Ex: Privilégios Processuais (Prazos dilatados em juízo – quadruplo para
contestar e dobro para recorrer; remessa necessária – sumula 620, STF está
superada – logo eles tem esse benefício; execução fiscal de seus débitos)
Ex: Bens das autarquias (são bens públicos, logo não podem ser
penhorados).
Ex: Ela paga seus débitos judiciais, por meio da ordem cronológica do
pagamento de precatórios. Regra do art. 100, CF. cuidado: Ela terá sua fila de
precatório próprio (INSS tem sua fila de precatório próprio que não se confunde com
a da União).
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Ex: PRESCRIÇÃO. Com relação a Fazenda Pública, que se aplica também
a União, prescrevem em 5 anos – prescrição quinquenal.
EX: PESSOAL. Seu regime é estatutário.
Ex: SEUS ATOS. Com todos os elementos e requisitos de ATOS
ADMINISTRATIVOS.
Ex: Seus Contratos. Os mesmos dos CONTRATOS ADMINISTRATIVOS.
Ex: Responsabilidade Civil. A mesma da Administração Direta, a chamada
Responsabilidade Objetiva.
Ex: controle. Se submetem aos controles em geral. Como o Mandado de
Segurança, Ação civil Pública.
Logo: Tudo que se aplica a ADMINISTRAÇÃO DIRETA – SE APLICA AS
AUTARQUIAS.
- ESPÉCIES DE AUTARQUIAS:
A) AUTARQUIAS DE CONTROLE ou AUTARQUIAS PROFISSIONAIS: ou
ARTARQUIAS COOPERATIVAS: São os Conselhos de Classe (Com exceção da
OAB que possui estatuto próprio). Estão previstos na Lei 9649, são particulares que
prestam serviço público por delegação. A ADI 1717 estabeleceu que a atividade
primária desses conselhos é o poder de polícia, afinal o que eles fazem é restringir a
sua liberdade profissional para adequá-la aos interesses sociais.
Eles gozam da para fiscalidade -> Capacidade de cobrar tributos. Quando
cobram de seus associados a anuidade.
B) AUTARQUIAS DE REGIME ESPECIAL: Possuem tudo que a autarquia
normal possui. O que precisamos ver o que elas tem de especial. Elas se dividem em
dois grupos:
B.1 – UNIVERSIDADES PÚBLICAS: Elas possuem a chamada autonomia
pedagógica. Isso lhe dá mais liberdade que as autarquias comuns. Na escolha dos
seus métodos de ensino ela tem uma liberdade maior. Ex: Escolha dos Dirigentes nas
Autarquias em geral ele é um comissionado escolhido livremente pelos líderes da
administração direta. Já nas Universidades eles são escolhidos pelos próprios
membros da Universidade. Depois de indicado, ele é nomeado pela administração.
Mas não poderá ser exonerado a qualquer tempo pelo Ministério, ele terá um Mandato
fixo (não há exoneração ad nutum).
B.2 –AGÊNCIA REGULADORA: São autarquias criadas para regular a
prestação de serviços públicos que estão nas mãos de particulares. Ex: ANEEL,
ANATEL, ANCINE etc.
Mas o que a torna especial?
1 – O Seu Poder Normativo: Ela tem o Poder de expedir normas gerais e
abstratas dentro dos limites da Lei. Essas normas obrigam os prestadores de serviço
público. Isso ocorre para evitar de que ele corra atrás do lucro e esqueça do interesse
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público. Elas fazem isso através de Resolução. Suas resoluções não se aplicam aos
usuários de serviço público, elas se aplicam aos prestadores.
2 – O Dirigente da Agencia é nomeado pelo Presidente da República com
aprovação do Senado Federal. Ele será nomeado para cumprir um Mandato de acordo
com a lei específica de cada agência (isso lhe dá mais liberdade, porque ele não será
exonerado a qualquer momento). Depois que ele sai do mandato ele cumprirá a
quarentena, que em regra é quatro meses, mas pode variar de acordo com a agencia;
durante esse período, ele não pode prestar nenhum serviço em nenhuma empresa
que seja vinculada a agencia que ele era dirigente. Como ele possui essa restrição,
ele continua recebendo o valor integral do que recebia enquanto dirigente.
3 – PESSOAL: Possui o mesmo regime de qualquer agencia – estatutário.
B.3 – AGÊNCIA EXECUTIVA: Ela é criada por lei específica como uma
autarquia comum. Ela é igual e presta serviço público normalmente. Ocorre que ela
estando ineficiente é chamada pela entidade da administração direta cria-se um
controle de gestão para que possa voltar a ser eficiente, ela apresentará um PLANO
ESTRATÉGICO DE REESTRUTURAÇÃO, em troca ela vai ganhar um status de
agencia executiva. É temporário, porque ela ganha isso enquanto durar o contrato de
gestão. Com isso ela ganha mais autonomia financeira, mais orçamento e isso dá a
ela mais autonomia administrativa.
Logo: Não há lei especial a criando. Ela é criada comum como qualquer
autarquia. O status é contratual. Após a celebração do contrato de gestão ela pode se
qualificar como agencia executiva através de um decreto. Sendo assim, extingue-se
o status através de decreto também, não precisa de lei (cuidado pra criar a autarquia
é criada por lei, a mudança de status que não é).
Muito criticada, porque você está premiando o ineficiente.
Ela tem base constitucional no art. 37, parágrafo oitavo, CF e no art. 51 da
Lei 9649.

3.2 – FUNDAÇÕES PÚBLICAS:


FUNDAÇÃO: É uma fundação porque é uma pessoa jurídica destinada a
destinar patrimônios. Essas são fundações privadas. Ex: Fundação Viva Cazuza. É
matéria de Direito civil.
Já a FUNDAÇÃO PÚBLICA: É uma pessoa jurídica criada para destinação
de patrimônio público. Ex: FUNAI, FUNASA etc.
A ideia é de uma pessoa jurídica responsável para receber patrimônio
público para um fim específico. É matéria de Direito Administrativo.
Doutrina majoritária entende que ela pode ser criada tanto como pessoa
jurídica de direito público ou de direito privado.
Se for de direito público – Será chamada de Autarquia Fundacional: Porque
se aplicam a elas tudo que se aplicou as Autarquias.
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Se for de direito privado – Segue um regime hibrido ou misto. É similar ao
das estatais. Ela não goza de prerrogativas públicas, mas se submetem aos princípios
de direito público que são aplicados a ela.
Os entes federativos deverão através de LEI COMPLEMENTAR dizer em
quais áreas de atuação poderão ser criadas Fundações.
Depois Lei Específica (ordinária) vai definir suas regras específicas.
3.3 – EMPRESAS ESTATAIS:
Ela embarca as duas Empresas do Estado: Empresas Públicas (CEF, ECT)
e Sociedade de Economia Mista (BB, PETROBRAS).
O Regime das duas é o mesmo – Ambas são de Direito Privado.
DIFERENÇAS ENTRE ELAS:
1ª CAPITAL: Na EP o capital é 100% público, enquanto na SEM o capital é
Misto, mas a maioria do capital deve pertencer ao Poder Público.
2ª FORMA SOCIETÁRIA: A EP pode ser constituída sob qualquer forma
societária. Já a SEM sempre será constituída sob a forma de Sociedade Anônima.
3ª DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA: A EP deslocam sua
competência na Justiça Federal. Já em relação a SEM sua competência na Justiça
Estadual (em razão da pessoa).
SE APLICAM AS DUAS:
SÃO PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: Logo não gozam de
nenhuma prerrogativa pública.
Elas não podem ter privilégios, se não quebrariam as demais. Logo elas
seguem o mesmo regime das empresas privadas, ex: não tem imunidade. Ela não
goza de nenhum privilégio fiscal que não seja extensível ao setor privado. Elas não
gozam de privilégios trabalhistas, seus servidores são celetistas. Também tem as
mesmas questões civis e comerciais, também seguem os mesmos regimes quanto as
regras processuais.
Mas não esquecer que elas fazem parte da administração pública, mesmo
que indireta. Sendo assim, mesmo ela não gozando de nenhuma prerrogativa pública.
Mas, elas possuem todas as limitações do estado. Ex: Seus contratos não podem
contar cláusulas exorbitantes, mas se submetem a licitação. Ex2: Seus empregados
são celetistas, mas dependem de concurso.
Elas se submetem a um regime hibrido, porque ela mescla sua natureza
privada, mas se submetem a restrições do direito público em prol do serviço público.
Elas se submetem ao controle da administração direta.
É necessário que tenha uma lei que autorize sua criação, essa lei
estabelece o seguinte:
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1 – ELA SERÁ CRIADA PARA PRESTAR SERVIÇO PÚBLICO (nesse caso
ela se aproxima do direito público).
2 – ELA SERÁ CRIADA PARA EXPLORAR ATIVIDADE ECONÔMICA
(nesse caso ela se aproxima do direito privado).
Nos dois casos ela será criada com finalidade pública, não é finalidade de
ter lucro. Isso não significa que ela não poderá ter lucro, pois ao longo de sua atividade
ela pode passar a ter lucros.
Pois a própria CF, em seu art. 173 diz que o Estado só pode explorar a
atividade econômica diretamente em dois casos: 1 – Motivo de Relevante interesse
coletivo ou; 2 – Pelos imperativos da segurança nacional.
OBS: A EBCT (Empresa Brasileira de correios e telegráficos) –por prestar
um serviço público exclusivo de estado e indelegável. Por isso ela tem regime de
Fazenda Pública. Tudo que se aplica as Autarquias, se aplicarão a ela. (jurisprudência
do STF).
É Empresa Pública, de direito privado, mas com prerrogativas de fazenda
pública das autarquias (imunidade tributária).
IMPORTANTE:
Em 2016, entrou em vigor a Lei 13.303/16, que dispõe sobre o estatuto
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias,
no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Tal lei, que já está sendo chamada de “Lei da Responsabilidade das
Estatais” ou simplesmente de “Lei das Estatais”, veio disciplinar a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado por intermédio de suas empresas
públicas e sociedades de economia mista, conforme previsto no art. 173 da
Constituição Federal.
Certamente, trata-se de uma norma que irá DESPENCAR nas provas
de concurso!
Em especial, a Lei das Estatais confere uma identidade ao regime jurídico
das empresas públicas e das sociedades de economia mista, mesclando institutos de
direito privado e de direito público.
Ela estabelece uma série de mecanismos
de transparência e governança a serem observados pelas estatais, como regras
para divulgação de informações, práticas de gestão de risco, códigos de
conduta, formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade, constituição e
funcionamento dos conselhos, assim como requisitos mínimos para nomeação de
dirigentes.
Outro ponto de destaque da Lei são as normas
de licitações e contratos específicas para empresas públicas e sociedades de
economia mista.
Detalhe é que as estatais possuem um prazo de 24 meses para se
adequarem às novas regras estatuídas pela Lei 13303.
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CONCEITOS: arts. 3º e 4º
A Lei 13303 apresenta as definições de empresa pública e sociedade de economia
mista, da seguinte forma:

 EMPRESA PÚBLICA: entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo
capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios (admite a participação de outras
PJ de direito público interno bem como de entidades da Adm. indireta)

 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma
de sociedade anônima, cujas ações com direito a votopertençam em
sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou
aentidade da administração indireta.

Como se nota, a Lei confirma os conceitos até então adotados pela


doutrina, inclusive admitindo a participação de mais de uma entidade – desde que seja
integrante da Administração – no capital das empresas públicas. Detalhe é que, neste
último caso, a maioria do capital votante deve permanecer em propriedade da União,
do Estado, do Distrito Federal ou do Município.
ABRANGÊNCIA: art. 1º
A Lei das Estatais é uma lei nacional, ou seja, ela vale tanto para a União
como para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Suas normas se aplicam a toda e qualquer empresa
pública e sociedade de economia mista, de qualquer ente da Federação, que
explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de
monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos.
A Lei 13303, portanto, não faz distinção em relação a estatais exploradoras
de atividade econômica (ex: Petrobras e Banco do Brasil) e prestadoras de serviços
públicos (ex: Infraero e Correios): todas, indistintamente, devem observar os
ditames da lei.
Também estão sujeitas à Lei das Estatais as empresas públicas e as
sociedades de economia mista que participem de consórcio, bem como a sociedade,
inclusive a de propósito específico (SPE), que seja controlada por empresa pública
ou sociedade de economia mista.
Especificamente, as regras de licitações e contratos aplicam-se inclusive
à empresa pública dependente que explore atividade econômica, ainda que a
atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de
prestação de serviços públicos (ex: Serpro).
Por outro lado, determinadas regras de governança previstas na Lei das
Estatais (como práticas de gestão de risco e controles internos, regras para indicação
de administradores, dentre outras), a princípio, não se aplicam às empresas públicas
e sociedades de economia mista, incluindo subsidiárias, com receita operacional
bruta inferior a R$ 90 milhões no exercício anterior.
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Digo “a princípio” porque a Lei estabelece um prazo de 180 dias para que
o Poder Executivo de cada ente estabeleça regras de governança próprias
destinadas a suas estatais com receita inferior ao limite. Se o Poder Executivo não
editar essas regras no prazo estabelecido, suas estatais ficarão submetidas às
diretrizes da Lei 13303.
REQUISITOS PARA ESCOLHA DOS ADMINISTRADORES (art. 17):
Consideram-se administradores da empresa pública e da sociedade de
economia mista os membros do Conselho de Administração e da diretoria.
A escolha dos administradores das estatais deve recair
sobre cidadãos de reputação ilibada e notório conhecimento que
preencham, cumulativamente, os seguintes requisitos:

 Tempo mínimo de experiência profissional, conforme alguma das


alternativas apresentadas a seguir;

 Formação acadêmica compatível;

 Não ser inelegível.

Quanto ao tempo mínimo de experiência profissional, a pessoa escolhida


deve preencher, alternativamente, um dos seguintes requisitos:

 10 anos, no setor público ou privado, na área de atuação da EP ou da


SEM ou em área conexaàquela para a qual forem indicados em função de direção
superior;

 4 anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:

 cargo de direção ou de chefia superior em empresa de


porte ou objeto social semelhante ao da EP ou da SEM, entendendo-se como cargo
de chefia superior aquele situado nos 2 níveis hierárquicos não estatutários mais
altos da empresa;

 cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou


superior, no setor público;

 cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da EP ou


da SEM;

 4 anos de experiência como profissional liberal em


atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da EP ou SEM.

A Lei das Estatais dispõe, ainda, que os requisitos de tempo de experiência


profissional podem ser dispensados no caso de indicação de empregado que
preencha os seguintes requisitos:

 tenha ingressado na EP ou SEM por meio de concurso público;


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 tenha mais de 10 anos de trabalho efetivo na EP ou SEM;

 ocupado cargo na gestão superior da EP ou SEM, comprovando sua


capacidade para assumir as responsabilidades dos cargos.

A Lei 13303, ademais, veda a indicação para o Conselho de Administração


e para a diretoria:

 de representante do órgão regulador ao qual a estatal está sujeita,


de Ministro de Estado, deSecretário de Estado, de Secretário Municipal, de titular
de cargo, sem vínculo permanente com o serviço público, de natureza
especial ou de DAS na Administração, ainda que licenciados do cargo;

de dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato


no Poder Legislativo de qualquer ente da federação, ainda que licenciados do
cargo;

 de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de


estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização,
estruturação e realização de campanha eleitoral;

 de pessoa que exerça cargo em organização sindical;

 de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria,


como fornecedor ou comprador, demandanteou ofertante, de bens ou serviços de
qualquer natureza, com a pessoa político-administrativa controladora da estatal
ou com a própria empresa ou sociedade em período inferior a 3 anos antes da
data de nomeação;

 de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de


interesse com a pessoa político-administrativa controladora da estatal ou com
a própria empresa ou sociedade.

Importante ressaltar que a vedação prevista nos dois primeiros itens acima
(autoridades do Governo, dirigente de partido político e membro do Legislativo)
estende-se também aos parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau das
pessoas nele mencionadas.
LICITAÇÕES E CONTRATOS: arts. 28 a 84
A Lei das Estatais passou a disciplinar a realização
de licitações e contratos no âmbito das empresas públicas e sociedades de
economia mista, independentemente da natureza da atividade
desempenhada (prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).
Consequentemente, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas
entidades, salvo nos casos expressamente descritos na própria Lei 13303 (normas
penais e parte dos critérios de desempate).
Por outro lado, o pregão, conforme disciplinado na Lei 10.520/2002, será
adotado preferencialmente, nas empresas públicas e sociedades de economia
mista, para aquisição de bens e serviços comuns.
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Portanto, agora, as estatais não vão mais utilizar as modalidades de
licitação previstas na Lei 8.666/93 (convite, concorrência, tomada de preços, concurso
e leilão), e sim os procedimentos previstos na Lei 13303, sendo que, para a aquisição
de bens e serviços comuns, elas devem adotar preferencialmente o pregão.
Outros aspectos importantes sobre licitações e contratos previstos na Lei
13303 são:

 Hipóteses específicas de licitação dispensada (art. 28,


§3º), dispensável (art. 29) e inexigível (art. 30);

 Princípios a serem observados (art. 31);

Orçamento com estimativa de preços em regra deve ser sigiloso,


somente podendo ser divulgado mediante justificativa ou quando o julgamento for por
maior desconto (art. 34);


Prazos para divulgação do edital conforme o critério de julgamento
empregado (art. 39);

 Inversão das fases de julgamento e habilitação (art. 51);

 Modos de disputa aberto, com possibilidade de apresentação de lances,


ou fechado, sem lances (art. 52);

 Critérios de julgamento: menor preço, maior desconto, melhor


combinação de técnica e preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, maior
oferta de preço, maior retorno econômico e melhor destinação de bens alienados (art.
54);

 Negociação com o primeiro colocado para obtenção de condições


mais vantajosas, podendo ser extensível aos demais licitantes quando o preço do
primeiro colocado, mesmo após a negociação, permanecer acima do orçamento
estimado (art. 57);

 Fase recursal única, como regra (art. 59);

 Duração dos contratos, como regra, de cinco anos, admitidas


determinadas exceções (art. 71);

 Alteração dos contratos apenas por acordo entre as partes, ou seja,


não pode haver alteração unilateral pela estatal (art. 72);

O contratado pode (não é obrigado) aceitar alterações dos


quantitativos, como regra, até 25% para acréscimos ou supressões (art. 81);

 Regimes de contratação integrada ou semi-integrada (art. 42).

Interessante notar que a Lei 13303 incorporou muitos procedimentos


do Regime Diferenciado de Contratações (RDC).
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Ademais, vale destacar que, como hipótese de licitação dispensável, a
Lei 13303 estabelece limites de R$ 100 mil para obras e serviços de engenharia e
de R$ 50 mil para as demais compras e serviços.
A Lei ainda permite que esses limites de dispensa sejam alterados, para
refletir a variação de custos, por deliberação do Conselho de Administração da
empresa pública ou sociedade de economia mista, admitindo-se valores
diferenciados para cada sociedade (art. 29, §3º). E não há limites definidos para
essa alteração. Ou seja, é possível que o Conselho de Administração da Petrobras,
por exemplo, estabeleça que a entidade possa firmar contratos por dispensa de
valores até R$ 1 milhão, desde que tal limite reflita a sua variação de custos.
Lembrando que as estatais possuem um prazo de 24 meses para se
adequarem às novas regras estatuídas pela Lei 13303, de modo que os
procedimentos licitatórios e os contratos iniciados ou celebrados nesses 24 meses
permanecem regidos pela Lei 8.666/93 (art. 91).

SÚMULAS APLICÁVEIS AO ASSUNTO


SUMULA Nº 516, STF: O SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA (SESI) ESTÁ SUJEITO À
JURISDIÇÃO DA JUSTIÇA ESTADUAL.

SUMULA Nº 517, STF: AS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA SÓ TÊM FORO NA JUSTIÇA


FEDERAL, QUANDO A UNIÃO INTERVÉM COMO ASSISTENTE OU OPOENTE.
SUMULA Nº 556, STF: É COMPETENTE A JUSTIÇA COMUM PARA JULGAR AS CAUSAS EM QUE
É PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
SUMULA Nº 42, STJ: COMPETE À JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AS
CAUSAS CÍVEIS EM QUE É PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E OS CRIMES
PRATICADOS EM SEU DETRIMENTO.

QUESTÕES FGV
01 – (2018 – ASSISTENTE LEGISLATIVO – CAMARA DE SALVADOR/BA) A Administração Pública
Indireta decorre da descentralização de serviços e consiste na instituição, pelo Estado, por meio de lei,
de uma pessoa jurídica a quem se atribui a titularidade e execução de determinado serviço público,
como é o caso de uma:
A - concessionária que presta serviço público essencial para um município;
B - fundação privada que tem por objeto a capacitação e a atualização de profissionais na área da
educação;
C - empresa pública que tem personalidade jurídica de direito público;
D - Câmara Municipal que tem função precípua de produzir legislação em nível municipal;
E - sociedade de economia mista que tem personalidade jurídica de direito privado.

02 – (2018 – ANALISTA LEGISLATIVO – CAMARA DE SALVADOR/BA)Observe os conceitos


trazidos pela doutrina de Direito Administrativo para as seguintes entidades que integram a
Administração indireta: (A) Pessoa jurídica de direito público que desenvolve atividade típica de Estado,
com liberdade para agir nos limites da lei específica que a criou; (B) Pessoa jurídica de direito privado,
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criada por autorização legal, sob a forma de sociedade anônima, cujo controle acionário pertença ao
Poder Público, tendo por objetivo, como regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico
e, em algumas ocasiões, a prestação de serviços públicos.

As definições expostas tratam, respectivamente, de:


A - fundação pública e empresa pública;
B - sociedade de economia mista e empresa pública;
C - concessionária e empresa pública;
D - autarquia e sociedade de economia mista;
E - fundação pública e autarquia.

03 – (2018 – TÉCNICO TRIBUTÁRIO – SEFIN/RO)João, advogado de um grande escritório, foi


incumbido de identificar a natureza jurídica de determinado ente da Administração Pública indireta.
Após amplas pesquisas, constatou que a lei autorizou a instituição desse ente, cujo capital somente
pode pertencer ao ente federativo instituidor e a outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem
como a entidades da Administração indireta.
À luz da ordem jurídica brasileira, constitucional e infraconstitucional, é correto afirmar que esse ente
tem a natureza jurídica de
A - autarquia.
B - sociedade de economia mista.
C - fundação pública.
D - empresa pública.
E - sociedade de mera participação do Estado.

04 – (2018 – CONTADOR – SEFIN/RO)A administração direta e a administração indireta são partes


integrantes da Administração Pública e são compostas por diferentes categorias de entidades.
A respeito das características das autarquias, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a
afirmativa verdadeira e (F) para a falsa.
1. As autarquias são criadas por lei.
2. As autarquias não possuem personalidade jurídica.
3. As autarquias estão subordinadas hierarquicamente.
4. As autarquias são parte integrante da administração direta.
Observada a ordem apresentada, as afirmativas são, respectivamente,
A - V – V – V – V.
B - F – F – F – F.
C - V – F – F – F.
D - V – F – V – F.
E - F – V – F – V.

05 – (2017 - SEPOG) Quando o Estado recorre à edição de uma lei, no intuito de criar uma entidade e
transferir determinado serviço público para esta entidade, ocorrerá:
(A) descentralização por delegação.
(B) descentralização por outorga.
(C) desconcentração.
(D) controle finalístico.
(E) divergência administrativa.

06– (2017 - SEPOG) Na Administração Publica federal brasileira encontra-se a existência de entidades
denominadas autarquias.
Quanto às autarquias, assinale a afirmativa incorreta.
(A) Devem ser criadas por lei.
(B) Possuem personalidade jurídica própria.
(C) Estão subordinadas hierarquicamente ao seu órgão supervisor.
(D) Compõem a Administração Publica indireta.
(E) Têm patrimônio próprio.

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