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AA Direito Administrativo – Resumo Completo

 Administração Pública:
→ conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações
jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir;
→ regula as atividades administrativas do estado e as relações em que há a participação do estado
(Adm Pública com o particular);
→ regula as seguintes relações:
(1) Adm Púb Direta x Adm Púb Indireta;
(2) Estado x particulares interessados em licitações públicas;
(3) Estado x coletividade (Poder de Polícia);
->Estrutura da Administração Pública: a Administração Pública se divide em direta e indireta;

 Administração Pública Direta:


→ composta de órgãos (desconcentração) que estão diretamente ligados ao chefe do Poder
Executivo (no caso do Governo Federal, ao Presidente);
→ exemplos: Ministérios, suas secretarias, coordenadorias e departamentos;
→ esses órgãos não possuem personalidade jurídica própria;
→ a Adm Pub Direta é composta pelos entes estatais (união, estados, DF, municípios) MAIS seus
órgãos públicos (criados por e subordinados a esses entes estatais);

 Órgãos Públicos:
→ centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de
agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem;
→ exemplos: Comando do Exército, AMAN, 57º BIMtz, Secretaria da Receita Federal;
→ os Órgãos Públicos NÃO POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA = não
podem demandar ou serem demandados em juízo (não pode ser acionado na justiça) = ou seja =
se um OP causa prejuizo a algo/alguém, quem responde por isso não é o próprio órgão, e sim o ente
estatal (no caso desses OP) a qual esse órgão está subordinado (o ente que o criou) = quem tem
personalidade jurídica são os entes estatais;
→ os OP tambem não têm capacidade contratual = não pode realizar contratos administrativos
→ existem 2 técnicas de organização administrativa = DESCONCENTRAÇÃO (entes estatais e
OP = Adm Pub direta) e DESCENTRALIZAÇÃO (entidades administrativas = Adm Pub indireta);
→ desconcentração: técnica utilizada para a criação dos OP = a criação e extinção dos OP se dão
por lei usando essa técnica = a desconcentração é uma especialização da função estatal sem
criar outra pessoa jurídica (porque pessoa jurídica tem personalidade jurídica);
→ o OP é uma unidade de atuação = é por intermédio dele que os entes estatais vão manifestar
sua vontade = como não tem personalidade jurídica, um OP não pode demandar nem ser
demandado em juízo = exemplo: uma viatura do EB bateu em um carro e causou danos a uma
pessoa; quem vai ser demandado, acionado na justiça, arcar com os prejuizos, é o ente estatal que
criou esse órgão / a que esse órgão esta subordinado; outro exemplo: um militar, na favela, avistou
de longe um homem que parecia estar com uma metralhadora, atirou nele, o matou e depois
descobriu que na verdade o que ele segurava não era uma arma = quem vai ser demandado não é o
OP, pois ele não tem personalidade jurídica = toda ação realizada por intermédio do seu agente
público está manifestando a vontade do ente estatal, logo, a responsabilidade será imputada ao
seu ente estatal;

 Classificação dos Órgãos Públicos (quanto à posição estatal):


(1) OP INDEPENDENTES (órgãos primários):
→ originários da Constituição, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional;
→ chefes dos poderes;
→ exemplos: Congresso Nacional, Presidência da República, Governos dos Estados e do DF,
Prefeituras Municipais, STF, STJ;
→ não se subordinam a nenhum outro órgão;

(2) OP AUTÔNOMOS:
→ se subordinam diretamente aos órgãos independentes;
→ localizados imediatamente abaixo dos órgãos independentes e diretamente subordinados a
seus chefes;
→ têm ampla autonomia técnica, administrativa e financeira; possuem funções de
planejamento, supervisão, coordenação e controle em suas áreas de atuação;
→ exemplos: os Ministérios (MD, MS), as Secretarias de Estado (secretaria de saúde, secretaria de
segurança pública) e de Município e demais órgãos subordinados diretamente aos Chefes de
Poderes;
→ seus dirigentes (ministros), em regra, não são funcionários, mas sim agentes políticos
nomeados em comissão = podem ser exonerados e nomeados a qualquer momento = livre
nomeação e livre exoneração = por exemplo Cmt EB;

(3) OP SUPERIORES:
→ aqueles que detêm poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua
competência específica, mas sempre estão sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de
uma chefia mais alta;
→ exemplos: Gabinetes, Secretárias-gerais, Procuradorias Administrativas, Departamentos,
Comando do Exército;
→ não possuem autonomia administrativa e financeira;

(4) OP SUBALTERNOS:
→ todos aqueles que se acham hierarquizados a órgãos mais elevados, com reduzido poder
decisório e predominância de atribuições de execução;
→ exemplos: Repartições públicas, OM (AMAN, DECEX, DESMIL, COTER, 20 B Log PQDT);
base da piramide adm;
→ apenas um executante = órgãos de execução;
 Administração Pública Indireta:
→ composta por entidades que, por meio de descentralização de competências do governo, foram
criadas para desempenhar papéis nos mais variados setores da sociedade e prestar serviços à
população;
→ essas entidades possuem personalidade jurídica própria e, muitas vezes, recursos próprios,
provenientes de atividades que geram receitas;
→ estrutura: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
públicas = entidades administrativas;
→ as entidades administrativas também podem criar (por desconcentração) órgãos publicos
(!!) = exemplo: Caixa Econômica Federal tem seus órgãos; esses OP serão subordinados à entidade
administrativa que o criou = não terão personalidade jurídica = se um OP da CEF causar algum
prejuízo, quem será demandado é a entidade a qual está subordinado = própria CEF;
→ as entidades administrativas que integram a Adm Pub indireta são criadas por descentralização,
e não se subordinam ao ente estatal = a relação entre eles é de vinculação , ou também chamado
de supervisão ministerial = se uma autarquia é da União, ela está vinculada a um Ministerio da
União (supervisão ministerial) = terão autonomia administrativa, financeira, política, porém
sofrerão controle, por exemplo, da própria União (TCU);

 Autarquias:
→ pessoa jurídica de direito público;
→ regime juridico = quem trabalha são os servidores estatutário;
→ possuem bens públicos, impenhoráveis, não podem ser usucapidos (sofrer usucapião);
→ só pode ser criada por lei específica com patrimônio e receita próprias para executar atividades
típicas de Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada;
→ possui vinculação administrativa com seu ente instituidor;
→ classificação federativa: autarquia da união, estadual, distrital, municipal;
→ presidente define se quer criar, por exemplo, um OP pra exercer tal serviço ou uma entidade
administrativa;
→ descentralização = criação de uma pessoa juridica transferindo para ela a titularidade e a
execução do serviço (na Adm Pub direta o ente estatal mantém a titularidade, não a transfere);
→ competência (acionar/ser acionado na justiça, demandar alguém ou ser demandado em juízo) =
se for uma autarquia federal = pra você acioná-la ou para ela demandar alguém em juizo, deve o
fazer obrigatoriamente pela Justiça Federal; se for uma autarquia estadual, municipal, é pela
Justiça Comum Estadual;
→ as autarquias possuem algumas prerrogativas e benefícios:
(1) Imunidade Tributária:
→ é vedada a cobrança de imposto sobre bens serviços e rendas (carros do INSS, por exemplo,
não precisam pagar IPVA; imóvel utilizado pela ANATEL não paga IPTU);
(2) Imunidade de Caráter Processual:
→ duplo grau de jurisdição = se a autarquia perdeu na justiça, obrigatoriamente a procuradoria vai
recorrer = tem o prazo em dobro pra recorrer;

 Classificação das autarquias quanto ao Regime Jurídico:


(1) Autarquia comum ou ordinária:
→ atividades tradicionais típicas do estado;
→ exemplo: INSS;
(2) Autarquia sob regime especial (agências reguladoras e executivas):
→ agências que possuem prerrogativas específicas e não aplicáveis às demais autarquias;
→ tem estabilidade relativa de seus dirigentes, não podendo ser exonerado, antes do término do
mandato, salvo exceção prevista em lei;
→ podem ser reguladoras ou executivas;
→ agências reguladoras: controlar e fiscalizar o serviço e atividades econômicas praticadas pelos
particulares que são responsáveis pela regulação de determinado setor da economia;
→ as agências executivas (pessoa jurídica de direito público = tem personalidade jurídica):
realizam contrato de gestão entre a autarquia e o ente estatal que a criou = autarquias se
comprometem a atingir certas metas pra adquirir autonomia gerencial, financeira, etc; exemplo:
IBAMA se compromete em reduzir em 50% o desmatamento mas pra isso precisa de orçamento
maior;
(3) Autarquia Fundacional:
→ exemplo: IBGE;
(4) Autarquias associativas:
→exemplo: consórcio público celebrado entre a União, o Estado do RJ e o Município do Rio
para o tratamento das águas da Baía de Guanabara / ou para combater a criminalidade no RJ;

 Empresas Públicas:
→ pessoa jurídica de direito privado;
→ constituída obrigatoriamente por capital exclusivamente público;
→ empregados públicos seletistas;
→ podem exercer 2 tipos de atividades: atividades gerais econômicas (de caráter excepcional)
ou realizar a prestação de serviço público (é a regra), por meio da descentralização da execução
do serviço;
→ a lei autoriza sua criação e sua criação ocorrerá quando os atos constitutivos forem
REGISTRADOS por órgão competente (cartório ou junta comercial) = se for prestação de
serviço publico (registra em cartório); se for atividades econômicas (registra em junta comercial);
→ em regra, o estado 1º setor não exerce atividade econômica = porém, está previsto em lei que
pode exercer por necessidade e garantia de segurança nacional ou relevante interesse coletivo
= quem pode exercer é Empresa Pública (Caixa Econômica Federal) e Sociedade de Economia
Mista (Banco do Brasil, Petrobras);
→ bens próprios e particulares;
→ podem ter seus bens penhorados e usucapidos, com exceção daqueles que estão sendo
utilizados para prestação de serviço público = se estiverem como empresa estatal prestando
serviço público e o bem estiver sendo utilizado, não pode ser penhorado e nem sofrer usucapião (se
for atividade econômica, pode);
→ exemplos: EBCT, CEF, BNDES, Embrapa, Infraero;

 Sociedade de Economia Mista (SEM):


→ pessoa jurídica de direito privado;
→ constituída por capital público e privado (particular);
→ empregados públicos celetistas;
→ sua instituição é autorizada por lei específica, sob a forma jurídica de Sociedade Anônima, cujo
controle acionário pertence ao Poder Público, para que o governo exerça atividades gerais de
caráter econômico ou realize a prestação de serviço público;
→ exemplos: BB, PETROBRAS, Telebras, Eletrobras;
→ Obs: SEM e Empresas Públicas = entidades ou empresas estatais;

 Empresa Pública x SEM :


→ a formação do capital da Empresa Pública é apenas capital estatal (público) = se for uma EP da
união, vai ter capital da união; se EP estatal vai ter capital do estado;
→ já a formação do capital das SEM é de capital público E capital privado, mais um controle
acionario do estado;
→ EP pode adotar qualquer forma societária permitida em lei; já as SEM obrigatoriamente
adota forma societária de SA;
→ SEM sempre vai exigir lucro porque é capital privado;
→ as EP que exercem serviço público possuem algumas prerrogativas, como por exemplo
imunidade tributária (não pode ser cobrado imposto sobre seus bens);
→ regime juridico: ambos empregados públicos celetistas = entra mediante concurso (ex: BB) e
não têm a estabilidade que o estatutário tem;
→ EP, SEM e FP X autarquia: nas primeiras, a lei AUTORIZA (só passam a existir / estão aptas
a funcionar quando são registradas em cartório); na segunda, a lei CRIA (a partir do momento em
que a lei é criada, a autarquia já passa a existir);

Capital Social Forma Jurídica Competência J.


Comum
Empresa - Estadual
Pública 100% público (ainda que Qualquer modalidade
oriundo de entidades da Adm societária -Federal (CEF –EBCT)
Indireta) As EP federais têm foro
na justiça federal
Sociedade de Público Estadual
Economia Sociedade Anônima (ex: Banco do Brasil)
Mista As SEM federais têm
Privado foro na justiça estadual

 Fundações:
→ se dividem em:
(1) fundações privadas: instituídas por pessoas da iniciativa privada; tem finalidade conforme a
vontade do seu criador; exemplo: Fundação Ayrton Senna;
(2) fundações públicas:
- quando o Estado for o instituidor;
- se dividem em: de Direito Público (mesma coisa que Autarquia) e de Direito Privado;

 Fundações Públicas de Direito Privado:


→ entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída em
virtude de autorização legislativa específica, com o objetivo de exercer atividades sociais (saúde,
educação, preservação do meio ambiente);
→ possui autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes = sofre controle do ente
estatal;
→ exemplo: Fundacentro, Fundação Padre Anchieta;
→ atividades desenvolvidas:
(1) assistência social;
(2) assistência médica e hospitalar;
(3) educação e ensino;
(4) pesquisa;
(5) atividades culturais;

 Entidades Paraestatais:
→ são autônomas;
→ atuam ao lado do estado, auxiliam o estado;
→ têm patrimônio próprio;
→ operam em regime de iniciativa particular, na forma de seus estatutos, a fim de exercerem
atividade de interesse social, ficando sujeitas apenas à supervisão do órgão da entidade estatal a
que se encontrem vinculadas;
→ são os entes de cooperação do Estado;
(1) Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”):
→ entes privados, instituidos por lei para desempenhar atividades assistenciais a determinadas
categorias profissionais;
→ são mantidos mediante contribuições pagas pelas empresas sobre a folha de pagamento dos
funcionários;
→ devem prestar contas ao TCU (por receberem e utilizarem recursos públicos);
→ flexibilidade nos processos licitatórios, desde que observem os princípios das licitações;
→ exemplos: SESC, SESI, SENAI, SENAC;

(2) Fundação de Apoio:


→ instituições criadas para dar apoio a projetos de pesquisa, ensino, extensão e de
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico, de interesse das instituições federais de
ensino superior (IFES);
→ devem ser constituídas na forma de fundações de direito privado, sem fins lucrativos;
→ sujeitam-se à fiscalização do Ministério Público;
→ exemplos: FUNRIO da UFRJ, FUMCAMP da UNICAMP;

(3) Organizações Sociais (OS):


→ pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos;
→ instituída por particulares, e que recebe delegação do Poder Público, para desempenhar
atividades relacionadas à saúde, cultura, ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico ou preservação do meio ambiente;
→ recebem incentivo do Estado = transferência de recursos públicos, cessão de servidores e
utilização de bens públicos;
→ exemplos: Santas Casas de Misericórdia, Associações Culturais;

(4) Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip):


→ pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos;
→ instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do
Estado com incentivo e fiscalização pelo Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por
meio de termo de parceria, através de aprovação do Ministério da Justiça;
→ alguns benefícios: possibilidade de receber doações de empresas (dedutíveis);
→ possibilidade de receber bens apreendidos ou abandonados oriundos da Secretaria da Receita
Federal;
→ exemplos: Instituto Cultural do Brasil (ICB), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ);

 Diferença entre ONG e OSCIP:


→ toda OSCIP é uma ONG, mas nem toda ONG é ou poderá ser uma OSCIP;
→ pra uma ONG ser OSCIP: no mínimo 3 anos exercendo atividade, celebrar termo de parceria,
aprovação do Ministério da Justiça;
→ OSCIP = braço operacional do Estado;
→ OSCIP = cumprir requisitos para adquirir o certificado emitido pelo poder público federal;
→benefícios fiscais, flexibilidade nos contratos licitatórios, recebimento de recursos públicos;
 Quadro Comparativo:

Responsabilid Regime de
Pessoa Jurídica Criação Finalidades ade Civil Pessoal
(jurídico)
Autarquia Atividades
Público Lei cria típicas do Objetiva Estatutário
Estado
Fundação Privado Lei autoriza + Sem fins Celetista
Pública registro lucrativos
Público Objetiva
(semelhantes às LC – atuação Estatutário
autarquias)
Empresa Prestadora Sv Objetiva
Pública Público CLT
Privado Lei autoriza + (Dirigentes
registro Explora Estatutários)
Atividades Subjetiva
Econômicas
Sociedade Prestadora Sv Objetiva
de Público CLT
Economia Privado Lei autoriza + (Dirigentes
Mista registro Explora Subjetiva Estatutários)
Atividades
Econômicas

assunto: Agentes Públicos

 Cargo Público:
→ lugar na organização administrativa ocupado pelo servidor, dentro da organização funcional da
Administração Pública;
→ conjunto de atribuições e responsabilidades específicas que possui um agente público, ligando à
Administração;
→ se dividem em cargos de provimento efetivo (concursados) e os de provimento em comissão
(aquele que é nomeado / exonerado conforme a discricionariedade de, por exemplo, presidente,
governador = secretário de estado);
→ onde haverá cargo público? = nas pessoas jurídicas de direito público (entes estatais, OP
criados por descentralização por entes estatais, nas autarquias e nas fundações púbicas de direito
público);

 Função Pública:
→ atividade em si;
→ inúmeras tarefas que constituem o objeto dos serviços prestados pelos servidores públicos;
→ função de apoio, função de direção, função técnica;
→ pode ser exercida sem estar revestida da conotação de cargo = nem toda função pública,
implica exercício de cargo (toda pessoa que ocupar um cargo ou emprego público vai
obrigatoriamente exercer uma função pública, mas nem toda pessoa que exerce uma função pública
ocupa cargo ou emprego público;
→ exemplo: contratos temporários da Administração = mesário (está exercendo uma função
pública sem vínculo empregativo e sem ser remunerado);
 Emprego Público:
→ vínculo contratual entre o servidor celetista e as pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da administração pública indireta = EP, SEM, Fundação Pública de direito público e os
OP por elas criados;
→ quando a função pública é exercida com base num contrato regido pela CLT = contratação de
servidores sob o regime da legislação trabalhista;
→ quem exerce o emprego público é o empregado público = celetista;

 Agentes Públicos:
→ pessoa física / ser humano que ocupa um cargo público ou emprego público desempenhando
uma função pública
→ todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função nas entidades federativas;
→ agente público pode ser de fato ou de direito: de direito = há um vínculo formal com a
administração; de fato = pessoa que de forma transitória, sem vínculo empregadiço, exerce uma
função pública (pode ser putativo ou necessário);
→ classificação: agentes políticos, agentes particulares em colaboração, servidores públicos e
militares;

 Classificação dos Agentes Públicos:


(1) Políticos:
→ são eleitos ou nomeados;
→ presidente, deputados, senadores, ministro de estado, secretário de estado, de município,
magistrados, integrantes do Ministério Público;

(2) Particulares em Colaboração com o Estado:


→ normalmente não têm nenhum vínculo empregadiço com o estado;
→ exercem funções públicas de forma transitória e muitas vezes sem remuneração por parte do
estado;
→ delegados, tradutores oficiais, previdenciários, mesário, soldado recruta;

(3) Servidores Públicos:


→ têm vínculo formal com o estado;
→ recebe remuneração;
→ não é de forma transitória;
→ quem são: os estatutários (tem regime juridico = delegado federal, fiscal da receita federal),
empregados públicos / celetistas e os temporários (irão trabalhar por tempo indeterminado devido
a necessidade de caráter excepcional; acontece muito quando o estado faz o censo com a
população);

(4) Militares:
→ pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas e as Polícias e Corpos de Bombeiros
Militares dos Estados, Distrito Federal;
→ têm vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, mediante remuneração paga pelo
Estado;
→ esse regime é definido por legislação própria, que estabelecem normas de ingresso, estabilidade,
prerrogativas etc;
→ há militares dos Estados e DF (art. 42 e parágrafos, CF), e militares das Forças Armadas,
integrantes da União (art. 142, §3º, CF);
 Poderes e deveres do administrador público:
→ aqueles expressos em lei e pela moral administrativa, além dos exigidos pelo interesse da
coletividade;
→ poderes e deveres do poder executivo;

 Deveres do Administrador Público:


(1) Dever de Probidade:
→ atuação do administrador deve pautar-se sempre pelos princípios da honestidade e moralidade
= agir de forma legal;
→ o contrário de probidade é a improbidade (enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e ofensa
aos princípios da Adm Púb);

(2) Dever de Prestar Contas:


→ intimamente ligado ao dever de probidade;
→ regra universal: quem administra dinheiro público ou administra bens ou interesses da
comunidade deve prestar contas ao órgão competente para a fiscalização;
→ internamente: através dos órgãos escalonados em graus hierárquicos (CGCFEx);
→ externamente: pelo Poder Legislativo, através do TCU (Tribunal de Contas da União);

(3) Dever de Eficiência:


→ dever de executar uma boa administração, com eficiência funcional em termos qualitativos e
quantitativos = fazer muito com pouco;
→ perfeição, celeridade, coordenação, proatividade, técnica (fatores que qualificam a Atv Púb e
produzem mais eficiência no seu desempenho);

(4) Poder-Dever de Agir:


→ o poder tem para o agente público o significado de dever para com a comunidade;
→ esse poder-dever de agir é irrenunciável e obrigatoriamente exercido pelo seu titular = é
ilegítima a inércia do administrador, para com a coletividade;
→ em contrapartida, o administrado tem o direito subjetivo de exigir do administrador omisso a
conduta comissiva imposta na lei;
→ exemplo: se um agente público vê alguém cometendo roubo, tem o dever de agir; se não agir,
está se omitindo = errado;

 Poderes Administrativos:
(1) Poder Discricionário:
→ aquele que o Direito concede à Adm, de modo explícito ou implícito, para a prática de atos
adm com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo = flexibilidade que
o administrador tem;
→ prerrogativa concedida aos agentes administrativos de elegerem, entre várias condutas
possíveis, a que traduz maior conveniência (condições em que vai se conduzir o agente) e
oportunidade (momento em que a atividade deva ser produzida) para o interesse público;
→ o ato discricionário, quando autorizado pelo Direito, é legal e válido = assim não sendo, ele
passa a ser meramente arbitrário, portanto ilegítimo e inválido;
→ exemplo: reengajamento de praça não estabilizada;

(2) Poder Vinculado:


→ aquele que a lei confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência,
determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização;
→ poder que prende o agente público integralmente ao enunciado da lei;
→ nos atos administrativos vinculados a liberdade de ação do administrador é mínima, pois terá
que se ater tão somente ao prescrito na norma = se esse ato deixar de atender a qualquer dado
expresso na lei, ele será nulo;
→ exemplo: fiscal do IBAMA atuando na repressão à exploração ilegal de madeira na Amazônia;

(3) Poder Regulamentar:


→ tentar explicar melhor as leis;
→ a faculdade de que dispõe os Chefes do Executivo (Presidente da República, Governadores e
Prefeitos) de explicar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre
matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei;
→ poder inerente e privativo do Chefe do Executivo e, por isso mesmo, indelegável a qualquer
subordinado;
→ ao editar as leis, o Poder legislativo nem sempre possibilita que sejam elas executadas = cumpre,
então, à Administração, criar os mecanismos de complementação das leis indispensáveis a sua
efetiva aplicabilidade = base do poder regulamentar;
→ prerrogativa conferida à Adm Pub de editar atos gerais para complementar as leis e permitir
a sua efetiva aplicação = pode apenas complementar a lei, não pode alterá-la a pretexto de estar
regulamentando (abuso de poder regulamentar);
→ exemplo: o art. 84, IV, CF, prevê que compete, privativamente, ao Presidente da República
expedir decretos e regulamentos para a fiel execução da lei;

(4) Poder Hierárquico:


→ aquele de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar
e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores
do seu quadro de pessoal;
→ seu objetivo é o de dar ordens, fiscalizar, delegar, avocar e rever as atividades
administrativas de seus subordinados, além de ordenar, coordenar, controlar e corrigir as
atividades administrativas;
→ exemplo: poder conferido ao Cmt OM para escalonar as funções da Unidade;

(5) Poder Disciplinar:


→ aquele que cabe à Administração Pública apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa;
→ o poder disciplinar é discricionário, porém a Administração não tem liberdade de escolha
entre punir e não punir, pois, tendo conhecimento da falta praticada por servidor, tem
necessariamente que instaurar o procedimento adequado para a sua apuração e, se for o caso, aplicar
a pena cabível;
→ exemplo: no caso da transgressão disciplinar, o poder na aplicação da sanção é discricionário,
porém, a Administração Pública não tem a liberdade de escolha entre punir e não punir;

(6) Poder de Polícia:


→ poder conferido à Administração para restringir, frenar, condicionar, limitar o exercício de
direitos e atividades econômicas dos particulares para preservar os interesses da coletividade
(segurança, moral, saúde, meio ambiente, defesa do consumidor, propriedade, patrimônio cultural);

 Uso e Abuso de Poder:


(1) Uso de Poder:
→ é prerrogativa da autoridade, mas o poder há que ser usado normalmente, sem abuso,
segundo as normas legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as exigências do interesse
público, tudo na tentativa de propiciar maior eficiência;

(2) Abuso de Poder:


→ ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de
suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas;
→ ele é gênero, dos quais são espécies o excesso de poder e o desvio de finalidade;
→ excesso de poder: agente público, mesmo sendo competente para praticar o ato, atua além de
sua competência legal (Cmt SU aplica prisão já na primeira punição simples de um subordinado);
→ desvio de finalidade: agente público atua contrariamente ao interesse público, desviando-se
da finalidade pública (exemplo: anular concorrência pública; privilegiar, via classificação, um
concorrente por favoritismo, sem atender aos fins objetivados pela licitação);
→ o abuso de poder invalida o ato administrativo;

 Serviços Públicos:
→ toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito
público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade;

 Formas e meios de prestação de serviços públicos:


→ titularidade: Estado (é obrigado a prestar serviços de, por exemplo, saúde, educação, segurança,
saneamento básico, etc);

→ formas de execução: o estado pode prestar direta e indireta;


(1) execução direta: serviços centralizados, estado mesmo realiza (exemplo: serviço postal,
correio aéreo nacional, segurança pública);
(2) execução indireta: estado descentraliza o serviço, por meio de uma institução que ele cria ou
a qual ele se associa = entidade particular assina contrato com o estado pra prestar o serviço
público, participa de contrato licitatório e vence (exemplo: ensino, assistência social);

→ descentralização:
(1) delegação legal: criação ou autorização de pessoa jurídica, através de lei, para exercer o
serviço; exemplo: EBCT;
(2) delegação negocial: transferência da execução do serviço a particulares, por meio de um
negócio jurídico (concessão e permissão); exemplo: transporte coletivo, fornecimento de energia
elétrica e telefonia;

assunto: princípios legais da Administração Pública

 Princípios do Direito Administrativo:


→ definem as diretrizes, as prerrogativas e os limites ao administrador = as próprias leis que serão
seguidas tanto pela Administração quanto pelos administrados deverão ser elaboradas com base
neles;
→ define valores a serem observados nas condutas;
→ dão sentido lógico e harmonioso às demais normas;
→ não há antinomia entre os princípios = usa-se um em detrimento de outro;
→ possuem eficácia jurídica direta e imediata;
→ exercem a função de diretrizes superiores do sistema, vinculando a atuação dos operadores
jurídicos na aplicação das normas a respeito dos mesmos;
→ são divididos em:
(1) explícitos ou expressos;
(2) infraconstitucionais ou gerais;

 Dupla funcionalidade dos princípios:


(1) Função Hermenêutica:
→ por meio dela, o Agente da Adm que tiver dúvida sobre qual o verdadeiro significado de
determinada norma, pode utilizar o princípio como ferramenta de esclarecimento sobre o
conteúdo do dispositivo analisado;
(2) Função Integrativa:
→ facilita a interpretação de normas;
→ finalidade de suprir lacunas, funcionando como instrumento para preenchimento de vazios
normativos nos caso onde ocorra ausência de expresso regramento sobre determinada matéria;

 Princípios Explícitos = LIMPE:


(1) Legalidade:
→ toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei = não o sendo, é ilícita;
→ tem origem na criação do estado de direito = estado deve respeitar as próprias leis que edita;
→ subordinação completa do administrador à lei = não há liberdade nem vontade pessoal;
→ enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza;
→ o ato discricionário não é ilegal, desde que previsto em lei e pela conveniência e oportunidade,
seja respeitado o princípio da razoabilidade e proporcionalidade;

(2) Impessoalidade:
→ dever de agir de forma impessoal, abstrata e genérica;
→ atuação da Adm deve ser impessoal, não importando a pessoa interessada;
→ ato deve ser praticado a bem do interesse coletivo, ser revestido de finalidade pública;
→ quando o administrador foge ao interesse público = desvio de finalidade (invalida o ato);
→ teoria da imputação volitiva: vontade do agente público se confunde com a da própria pessoa
jurídica estatal = as ações cometidas pelos agentes e servidores públicos são atribuídas à pessoa
jurídica a que ele esteja ligado; como a responsabilidade é do órgão ou ente público, é ele quem
deve sofrer ação caso a conduta do servidor cause prejuízo a alguém;

(3) Moralidade:
→ é proibido a atuação da administração se distanciar da moral, princípios éticos, boa fé e lealdade;
→ ato adm deve atender não só às leis jurídicas, mas também às leis éticas = nem tudo que é
legal é honesto e moral;
→ se faltar moralidade, o ato é inválido, ilegal;

(4) Publicidade:
→ a Administração Pública é obrigada a dar conhecimento ao público, pelos mais variados
meios de comunicação previstos em lei, de todos os seus atos, decisões e atividades, a fim de
permitir não só o controle interno, mas também o externo, de sua obediência aos demais princípios
da Administração;
→ possibilidade de controlar a legitimidade da conduta dos agentes administrativos;
→ dá eficácia ao ato = ato apenas produz efeito após se tornar público, por órgão oficial;

(5) Eficiência:
→ Administração Pública deve funcionar de forma mais proativa, preocupada com seu desempenho
e em alcançar resultados cada vez mais positivos, procurando a busca pela maior produtividade;
→ procura de produtividade e economicidade, exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro
público = execução dos serviços com presteza, perfeição e rendimento profissional = qualidade
e menor gasto possível;
→ tem dois entendimentos possíveis:
(1) diz respeito ao agente público, que não pode atuar amadoristicamente, devendo buscar a
consecução do melhor resultado possível;
(2) também refere-se à forma de organização da Administração Pública, que deve atentar para os
padrões modernos de gestão da administração, vencendo o peso burocrático, atualizando-se e
modernizando-se;

 Princípios Infraconstitucionais:
(1) Razoabilidade:
→ esse princípio atinge a conduta do administrador; tem a finalidade de limitar seu campo de
atuação (pra que ele não “perca a mao” em alguma decisão) = a discricionariedade do
administrador não pode servir para tornar imunes atos absurdos, que vão contra a lei e a
finalidade pública;
→ conduta razoável = se situa dentro de limites aceitáveis;
→ cabe à Administração Pública verificar a adequação entre meios e fins, sendo vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias
ao atendimento do interesse público;
→ exemplo: um fiscal de vigilância sanitária possui competência para a prática de atos que vão
desde a multa aplicada a um estabelecimento comercial até a sua interdição. Entretanto, o fiscal
deve atuar observando alguns parâmetros quanto à sanção que ele pode impor junto ao particular,
como por exemplo, não seria razoável a interdição de um restaurante em função da existência de um
pacote de macarrão com prazo de validade vencido = daí a constatação de que o princípio da
razoabilidade se refere ao poder discricionário;

(2) Proporcionalidade:
→ é um aspecto da razoabilidade;
→ se refere à dosagem = tomar uma atitude proporcional a determinado fato que aconteça =
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público;
→ equilíbrio entre o ato praticado e os fins que se deseja alcançar;
→ divide-se em 3 sub-princípios:
a) adequação: o quê? = a medida adotada é apropriada para garantir os objetivos pretendidos?
b) necessidade: como? = o meio adotado vai implicar nas menores consequências negativas para o
particular?
c) proporcionalidade (em sentido estrito): medida, dosagem = decisão se o meio adotado é ou não
proporcional em relação ao objetivo pretendido;
→ exemplo: julgar uma cama mal arrumada pela primeira vez como licenciamento a bem da
disciplina = desproporcional;

(3) Contraditório:
→ a Adm Pub está obrigada a dar ciência da existência do processo e de seu conteúdo ao
interessado;
→ a plenitude do contraditório não está apenas em intimar a parte para manifestar-se e ouvi-la = é
preciso deixar que a mesma influa no convencimento do julgador;
→ ciência e manifestação de todos os atos do processo;
→ direito à adequada resistência às pretensões adversárias;
→ garantia de que ninguém pode sofrer os efeitos de uma sentença sem ter tido a possibilidade
de ser parte do processo do qual esta provém, ou seja, sem ter tido a possibilidade de uma efetiva
participação na formação da decisão judicial (direito de defesa);
→ direito que uma pessoa tem de se opor àquilo que está sendo imputado a ela;

(4) Ampla Defesa:


→ possibilidade de utilização de qualquer meio de prova, desde que não sejam ilícitas;
→ compreende:
a) defesa técnica (presença de um advogado durante o processo judicial);
b) defesa prévia (direito de ser ouvido antes de ser proferida a decisão pela autoridade
administrativa);
c) duplo grau: possibilidade de recorrer da decisão proferida, reanálise dos atos administrativos;
d) direito à informação: direito à informação geral e acesso ao processo;

(5) Segurança Jurídica:


→ “combinado não sai caro” = tudo que foi acordado vai ser mantido;
→garantir certa estabilidade às relações jurídicas estabelecidas entre Administração Pública e os
administrados;
→ ao administrador é proibido, sem causa legal que o justifique, invalidar atos administrativos,
desfazendo relações ou situações jurídicas já consolidadas;
→ veda a retroatividade da nova interpretação da lei feita pela Administração Pública =
aprendemos que se for pra beneficiar alguém, a lei retroage, porém, nesse caso, não existe isso, pois
tudo já tava combinado e deve ser cumprido;

(6) Motivação:
→ exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas
decisões: a causa, os elementos determinantes da prática do ato administrativo e o dispositivo legal
no qual tem fundamento;
→ tem relação com o princípio do devido processo legal;
→ o que é necessario se justificar de por que se está intimando alguém = pra julgar alguém, não se
pode tirar a liberdade e alguns direitos sem dar motivo ou estar embasado;

(7) Supremacia do Interesse Público:


→ no confronto entre o interesse particular e o interesse público, prevalecerá o segundo =
Estado representa toda a coletividade.
→ é um dos princípios de observância obrigatória pela Administração Pública;
→ atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou
competência, salvo autorização legal;
→ não implica o esquecimento do interesse ao direito do particular, mas garante a prevalência
do interesse público, no qual se concentra o interesse da coletividade;

(8) Autotutela:
→ Adm Pub pode anular seus próprios atos, não dependendo do poder judiciario, quando estes se
tornarem ilegais, errôneos, viciados;
→ ou podem também revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos aquiridos e ressalvada a apreciação judicial;
→ exercício do princípio da legalidade, ou princípio do autocontrole = se eu estou cometendo um
ato ilegal, errado, posso corrigir;

assunto: ato administrativos

 Fato Administrativo:
→ acontecimentos que independem da manifestação de vontade da administração pública, porém,
acabam por produzir efeitos jurídicos / influência / consequências no direito administrativo;
→ exemplo: morte de servidor, queda de árvore sobre repartição pública;

 Ato da Administração:
→ atos praticados pela Adm Pub;
→ incluem atos Adm, atos de Governo, atos Legislativos, contratos Adm;
→ nem todo ato da administração é um ato administrativo, mas todo ato administrativo é um
ato da administração;

 Ato Administrativo:
→ toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade
(supremacia do interesse público), tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si
própria, com a finalidade de atender ao interesse público.
→ exemplo: multas de trânsito, certidões, decretos, regulamentos, portarias, licenças, autorizações,
requisições;
→ é a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos,
com observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e sujeita ao controle pelo
Poder Judiciário;
→ manifestação da vontade da Adm Pub;
→ praticada pela Adm Pub ou pelo preposto;
→ sob o regime do direito público;
→ submissão ao controle judicial;

 Formação e efeitos dos atos administrativos:


→ todo ato administrativo, a princípio, é um ato perfeito;
→ perfeição: ato perfeito é aquele que completou o ciclo necessário a sua formação = um ato
perfeito é um válido (segue as exigências legais) e eficaz (está pronto para cumprir sua
função/obrigação, eficácia imediata);
→ validade: ato válido é aquele expedido em conformidade com as exigências da lei.
→ eficácia: ato eficaz é aquele que está disponível para a produção de seus efeitos próprios;
→ todo ato perfeito é eficaz;

 Requisitos dos atos administrativos (!!!):


→ são elementos obrigatórios e essenciais, necessários à formação do ato adm = todo ato
administrativo tem de cumprir, obrigatoriamente, todos esses requisitos;
→ a falta de qualquer um desses requisitos pode invalidar o ato;
→ são 5: competência, finalidade, forma, motivo (ou causa) e objeto;

(1) Competência (vinculado = previsto em lei):


→poder atribuído a determinado agente para o exercício de suas funções;
→ originário na lei e normas adm (oriunda da lei);
→ é obrigatório, irrenunciável, intransferível e imprescritível;
→ pode ser delegada e avocada (excepcionalidade; avocar é puxar de volta para si), contudo, não
transfere a titularidade, desde que haja previsão normativa;
→ feita por prazo determinado;
→ exemplo: Cmt OM delegar ao Cmt da Base Administrativa as funções de Ordenador de
Despesas;
→ para que o ato administrativo seja válido, tem que haver uma correspondência entre quem o
pratica e a competência estabelecida na lei para a sua prática;

(2) Finalidade (vinculado):


→ a finalidade é sempre o interesse público;
→ sempre balizado pela lei e direcionado ao interesse público;
→ administrador fica vinculado integralmente à vontade do legislador;
→ a alteração da finalidade (interesses ilícitos ou contrários ao interesse público) expressa na lei
ou implícita ao ordenamento da Administração caracteriza desvio de finalidade, implicando na
invalidação do ato;

(3) Forma (vinculado):


→ requisito vinculado e imprescindível à perfeição do ato administrativo;
→ é o modo pelo qual o ato se apresenta; é o revestimento exterior do ato;
→ a regra é a forma escrita (99%);
→ admite a forma verbal e excepcionalmente, em alguns casos, sinais convencionais;
→ os vícios de forma são insanáveis = afetam o ato em seu próprio conteúdo, gerando a sua
invalidação;

(4) Motivo ou causa (discricionário):


→ situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a realização do ato administrativo;
→ motivo de direito: situação de fato eleita pela norma legal como ensejadora da vontade
administrativa;
→ motivo de fato: é a própria situação de fato ocorrida no mundo empírico, sem descrição na
norma legal;
→ justificativa ou enquadramento para a realização de um ato administrativo;
→ sua indicação é obrigatória;
→ motivo: fundamento (pressuposto fático e jurídico) para a realização do Ato Administrativo; é
elemento obrigatório do ato administrativo; são as razões de fato e de direito;
→ motivação: é a exposição dos motivos, ou seja, é a explicação por escrito das razões que
levaram à prática do ato; demonstração fundamentada, por escrito, das mencionadas razões fáticas e
de direito que conduzem à realização do ato; integra o elemento forma;
→ exemplo: desapropriação por utilidade pública = você tem um terreno em uma área pobre,
onde não tem assistência nenhuma; aí chega o prefeito e quer construir um hospital nessa região e a
sua área é excelente pra isso, mas você não quer vender; o que o prefeito pode fazer? =
desapropriação por utilidade pública = o prefeito, por representar o coletivo, motivado por um ato
adm, desapropria sua área e te paga uma indenização (tem que ser por utilidade pública, visando ao
interesse coletivo, caso contrário será anulado);

(5) Objeto (discricionário):


→ é o conteúdo do ato administrativo; exemplo: conteúdo de uma multa de trânsito (objeto é a
própria multa);
→ é a própria manifestação de vontade da Administração;
→ consiste no fim imediato do ato, ou seja, na aquisição, resguardo, transferência, modificação,
extinção ou declaração de direitos;
→ o objeto nos atos discricionários fica na dependência da escolha do poder público (mérito
administrativo);
→ exemplo: é objeto do ato de concessão de uma licença a própria concessão da licença;
 Atributos dos Atos Administrativos:
→ são 5: presunção de legitimidade ou de veracidade, imperatividade ou coercibilidade,
autoexecutoriedade, exigibilidade, e tipicidade;
(1) Presunção de Legitimidade ou de Veracidade:
→ os atos administrativos são tidos como verdadeiros até prova em contrário;
→ presumivelmente estão em conformidade com a lei;
→ enquanto não forem considerados nulos, os atos administrativos são considerados válidos,
mesmo que eivados de vícios;
→ o ônus da prova relativo à ilegalidade recai sobre quem o alega;

(2) Imperatividade:
→ significa que os atos administrativos se impõe a terceiros, independente da concordância destes;
→ não está presente em todos os atos (pareceres, certidões, laudos), mas tão somente naqueles que
impõe obrigações ou restrições ao administrado;
→ exemplo: desapropriação e tombamento de imóvel;

(3) Autoexecutoriedade:
→ admite que o ato seja imediatamente executado e seu objeto imediatamente alcançado,
independente de qualquer outorga do Judiciárioa = a Administração Pública não precisa socorrer-
se do Poder Judiciário para por em execução o ato expedido: ela própria executa
materialmente o ato;
→ para estar presente em um ato, deve ser prevista expressamente em lei, e, ainda, se tratar de
situação de urgência.
→ exemplo: dissolução de uma passeata, interdição de um estabelecimento, apreensão de
medicamentos com prazo de validade vencido, cassação de licença para dirigir;

(4) Exigibilidade:
→ atributo através do qual o Estado, no exercício da função pública, pode exigir do particular o
cumprimento das obrigações que impôs;
→ na exigibilidade se impele a obediência à obrigação através dos meios indiretos de coerção;
→ exemplo: licenciamento de automóvel (indiretamente as multas);

(5) Tipicidade:
→ atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei
como aptas a produzir determinados resultados;
→ Princípio da Legalidade;
→ a tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais;
 Classificação dos atos administrativos quanto ao destinatário:
(1) Atos gerais ou normativos:
→ expedidos sem destinatários determinados;
→ alcançam a todos que se encontrem na mesma situação jurídica;
→ exemplos: regulamentos; instruções normativas; editais de concurso, portarias;
(2) Atos individuais:
→ dirigidos a destinatários certos, individualizados, mesmo coletivamente;
→ podem ser impugnados pelos interessados quanto à legalidade (via administrativa ou judicial);
→ exemplo: licença para construção, demissão, punição, nomeação, designação de comissões;

 Classificação dos atos administrativos quando às prerrogativas:


(1) Atos de Império:
→ caracterizam-se pelo poder de coerção decorrente do poder de império (jus imperi);
→ a Administração pratica-os unilateralmente, usando de sua supremacia sobre o administrado;
→ exemplo: os atos de polícia, apreensão de bens, embargo de obra, multa;

(2) Atos de Gestão:


→atos em que o Estado atua em posição de igualdade ao particular quando se volta para a gestão
da coisa pública (ius gestionis), intervindo frequentemente a vontade de particulares;
→ exemplos: atos negociais, locação de imóvel;

(3) Atos de Expediente:


→ aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições
públicas;
→ atos de rotina interna;
→ exemplo: confecção de contrato de prestação de serviço a ser assinado pela autoridade
competente, numeração dos autos de um processo;

 Classificação dos atos administrativos quanto ao regramento (critério da liberdade de


ação):
(1) Atos Vinculados:
→ são os atos editados sem margem de escolha, pois a lei já predetermina e estabelece os
requisitos e condições para sua realização;
→ as imposições legais absorvem a vontade do administrador = não há mérito administrativo;
→ exemplo: pedido de aposentadoria por tempo de serviço, obtenção de licença para dirigir,
matrícula em escola pública;
→ não cabe ao agente público apreciar a conveniência e oportunidade;
→ seu fundamento constitucional é o princípio da legalidade, que requer à Administração a
obediência estrita aos termos da lei;

(2) Atos Discricionários:


→ a própria lei autoriza o agente a proceder a uma avaliação de conduta, escolhendo o conteúdo,
a conveniência e a oportunidade = há o mérito administrativo;
→ contudo, não significa liberdade absoluta de agir do administrador = deve estar nos limites e em
conformidade com a lei;
→ exemplo: concessão de porte de arma, nomeação para o cargo de Ministro de Estado;
→ observados os princípios da Impessoalidade e Moralidade = valorar a oportunidade e a
conveniência da prática, ou não, do ato;

 Classificação dos atos administrativos quanto à formação (critério da intervenção da


vontade administrativa):
(1) Ato Simples:
→ é o resultante da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado;
→ ato não depende de outros para que seja considerado perfeito;
→ não importa o número de pessoas que participam da formação do ato = o que importa é a
vontade unitária que expressam para dar origem ao ato
→ exemplo: exoneração de um servidor, sentença de um magistrado, despacho de um chefe de
seção, decisão de um conselho de contribuinte;

(2) Ato Complexo:


→ forma-se pela conjugação de vontades de mais de um órgão administrativo;
→ existência do concurso de vontades de órgãos diferentes para a formação de um ato único;
→ exemplo: a investidura de um Ministro do STF pelo PR somente se dá após aprovação do nome
pelo Senado;

(3) Ato Composto:


→ resultante da vontade única de um órgão, mas que depende da verificação por parte do outro
para se tornar exequível;
→ existem 2 atos: um principal e outro acessório;
→ exemplo: uma autorização que dependa do visto de uma autoridade superior, autorização para
compra de material, escala de serviço, nomeação de autoridades;

 Classificação dos atos administrativos quanto ao alcance:


(1) Atos Internos:
→ produzem efeitos dentro da Administração Pública, incidindo, normalmente, sobre os órgãos e
agentes da administração que os expediram;
→ não produzem efeitos em relação a estranhos;
→ exemplos: portaria de remoção de servidor, ordens de serviço em geral;
→ são expedidos através de memorandos e ordens de serviço;

(2) Atos Externos:


→ produzem efeitos fora do âmbito das repartições administrativas;
→ criam direitos e obrigações;
→ somente entram em vigor depois de divulgados pelo órgão oficial, dado o interesse público no
seu conhecimento;
→ exemplo: naturalização de estrangeiros, ocupação, pelo Estado, de bem particular para canteiro
de obra pública, nomeação de candidatos aprovados em concurso público;
→ expedidos através de Decretos e licenças;

 Espécies de atos administrativos:


(1) Atos Normativos:
→ exemplo: Regulamentos, Decretos, Instruções normativas, Regimentos, Resoluções e
Deliberações;
(2) Atos Ordinários:
→ exemplo: Portarias, Instruções, Avisos, Circulares, Ordens de Serviço, Ofícios e Despachos
(3) Atos Negociais:
→ exemplo: licenças (concessão de alvará para a realização de uma obra, funcionamento de um
estabelecimento); autorizações (porte de arma e Permissões - permissão de exploração de serviços
públicos);
(4) Atos Enunciativos:
→ exemplo: certidão, atestado e parecer;
(5) Atos Punitivos:
→ exemplo: Multas, Interdição de atividade ou embargo de obra, destituição de coisas e aplicação
de penas previstas nos estatutos dos servidores de cada ente federativo;

 Mérito Administrativo:
→ o poder discricionário da Administração constitui-se no mérito administrativo;
→ poder conferido, pela lei, ao agente público, para que ele decida sobre a oportunidade e
conveniência de praticar determinado ato discricionário;
→ espécie de ato aplicável;
→ este poder somente se aplica aos atos discricionários;

 Extinção dos Atos Administrativos:


(1) Natural:
→ ocorre pelo cumprimento normal pelos efeitos do ato;
→ exemplo: permissão de uso concedida por dois meses, extinta após isso;

(2) Subjetiva:
→ ocorre com o desaparecimento do sujeito que se beneficiou do ato;
→ exemplo: porte de arma extingue-se com o falecimento do particular;

(3) Objetiva:
→ ocorre quando depois de praticado o ato desaparece seu objeto;
→ exemplo: ato de interdição de estabelecimento é desfeito se este vem a ser fechado;

(4) Caducidade:
→ extinção do ato administrativo por lei superveniente que impede a manutenção do ato
inicialmente válido;
→ exemplo: permissão para uso de um bem público, em face de nova lei que proíbe tal uso por
particular, ato anterior extingue-se;

(5) Renúncia do Interessado:


→ rejeição, por parte do beneficiário, de uma situação jurídica favorável de que desfrutava
em consequência daquele ato;
→ exemplo: servidor público que pede exoneração do cargo;
(6) Anulação:
→ declaração de invalidade de um Ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela Adm Pub ou
pelo Judiciário;
→ baseia-se em razões de legitimidade ou legalidade (diversamente da revogação que se funda em
motivos de conveniência ou de oportunidade e, por isso, é privativa da Administração);
→ a Adm, reconhecendo que praticou um ato contrário à lei, tem o dever de anulá-lo = se não
o fizer, pode o interessado pedir ao Judiciário que declare a sua invalidade, por meio de anulação;
→ apresenta vício de legalidade de ato insanável;
→ o pronunciamento de nulidade opera efeitos ex tunc, retroagindo às origens do ato, desfazendo
todos os vínculos entre as partes e obrigando-as à reposição das coisas ao status quo ante;
→ é dever da administração pública;
→ são preservados efeitos produzidos aos administrados de boa-fé;
→ exemplo: a anulação de ato que indeferiu inscrição em concurso público por ter sido identificada
que a cópia da identidade juntada à documentação foi falsificada;

(7) Revogação:
→ supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz, realizada privativamente pela
Administração, por ter se tornado inconveniente e inoportuno ao interesse público = não atender
mais ao interesse público;
→ é realizada pela Administração (e somente por ela) por não mais lhe convir sua existência;
→ produz efeitos ex nunc = seus efeitos operam a partir do presente, porque desfazem atos
dotados de legalidade;
→ o ato de revogação é irretroativo, pois incide sobre ato legal que produziu efeitos válidos =
revogação não atinge efeitos já produzidos pelo ato revogado, que permanecem no mundo
jurídico, cessando os efeitos deste do momento da revogação para o futuro;
→ atos vinculados não são revogados;

(8) Cassação:
→ atos originalmente legítimos, que se tornaram ilegais na sua execução, podendo ser cassados;
→ é uma sanção ao particular que deixou de cumprir as condições exigidas para a manutenção do
ato;
→ exemplo: cassação de licença para o exercício de uma determinada profissão, quando o
profissional incorre em alguma hipótese em que a lei autoriza a medida;

(9) Contraposição:
→ edição posterior de ato administrativo que esvazia o conteúdo do ato precedente, por se
contrapor a este;
→ existirá sempre que determinado ato administrativo extinguir ato precedente, independentemente
de expressa revogação;
→ exemplo: o ato de exoneração tem efeitos contrapostos ao ato de nomeação;

 Convalidação dos Atos Administrativos:


→ a convalidação é o processo de que se vale a Administração para aproveitar atos
administrativos com vícios superáveis, de forma a confirmá-los no todo ou em parte;
→ procedimento no qual a Administração emana um novo ato corrigindo um anterior praticado
com defeito;
→ ato pode ser convalidado pela autoridade competente, pelo princípio da eficiência;
→ somente poderá ser objeto de convalidação os atos cujos defeitos forem sanáveis, ou seja, se
for um vício que recaia no elemento:
(1) competência (salvo se for exclusiva) ou
(2) forma (quando não essencial).
→ ao ser convalidado, a correção do ato retroage a data de sua elaboração, tendo, assim, efeito ex
tunc;
→ exemplo: oncessão de férias a servidor por autoridade incompetente;
→ requisitos:
a) se for sanável o vício;
b) não pode causar prejuízos a terceiros ou à própria Administração Pública (interesse público);
c) deve ser mais interessante ao interesse público e causar menos prejuízo do que a sua
anulação;

assunto: Sindicância

 Sindicância:
→ procedimento formal, apresentado por escrito, que tem por objetivo a apuração de fatos de
interesse da administração militar, quando julgado necessário pela autoridade competente, ou de
situações que envolvam direitos;

 Características e Situações Específicas:


(1) Caráter investigatório da sindicância:
→ quando não for possível a identificação da pessoa diretamente envolvida no fato a ser
esclarecido= caso seja identificado retorna ao caráter processual (Art. 2º, § 1º);
(2) Caráter geral e obrigatório:
→ caso não haja procedimento específico previsto em outras legislações a sindicância será
obrigatória (Art. 2º, § 2º);
(3) Denúncia apócrifa:
→ a denúncia “anônima” não é documento hábil para abertura de sindicância (Art. 2º, § 3º)
(medidas sumárias);
(4) Dispensa da sindicância:
→ quando houver comprovação sumária por prova documental idônea (Art .2º, § 4º);

 Competência (Art 4º):


→ em regra, será instaurada mediante portaria, publicada em Boletim Interno da OM no âmbito do
comando em que foi verificada a ocorrência;

 Tipos de Sindicância:
(1) Investigativa:
→ quando não há a figura do sindicado, mas apenas do fato a ser apurado;
→ torna-se desnecessária a concessão do prazo para o oferecimento de defesa prévia e para a
apresentação de alegações finais;

(2) Processual:
→ quando, no contexto da apuração de um fato, emergirem indícios de cometimento de
transgressão disciplinar ou situação ampliativa ou restritiva de direitos de qualquer pessoa;
→ o sindicante certificará o seu entendimento nos autos procedendo a respectiva notificação do
interessado para interrogatório já na condição de sindicado, e para, nessa condição, apresentar
defesa prévia e requerer o que julgar de direito, devendo-se, no prosseguimento dos trabalhos, ser
observado o rito nestas IG para assegurar o direito ao contraditório e ampla defesa;

resumindo: investigativa não tem sindicado; processual tem;

 Procedimentos:
(1) TERMO DE ABERTURA: lavrar o termo de abertura da sindicância;
(2) Juntar aos autos os documentos por ordem cronológica, numerando e rubricando as folhas no
canto superior direito, a partir do termo de abertura;
(3) Indicar na capa dos autos, além da Numeração Única do Processo (NUP), seus dados de
identificação, os do sindicado, se houver, e o objeto da sindicância;
(4) DESPACHOS: regular as ações a serem desenvolvidas no contexto da sindicância através de
despachos (elencar todos os documentos que vai produzir, procedimentos que vai tomar; cada item
do despacho é um documento que o sindicante vai produzir; ex: DIEx 001 = notificar cmt cia);
(5) NOTIFICAÇÃO PRÉVIA: promover a notificação do sindicado, se houver, para
conhecimento do fato, que lhe é imputado, acompanhamento do feito, ciência da data de sua
inquirição, possibilidade de defesa prévia e de requerer a produção e juntada de provas;
(6) fazer constar, nos pedidos de informações e nas requisições de documentos, referências
expressas ao fim de que se destinam e à prioridade na tramitação (normal, urgente ou
urgentíssima);
(7) juntar, mediante termo ou despacho na própria peça ou carimbo de “JUNTE-SE”, todos os
documentos recebidos; os documentos produzidos pelo sindicante serão anexados aos autos em
ordem cronológica de produção;
(8) realizar ou determinar, de ofício ou a pedido, a produção ou a juntada de todas as provas que
entender pertinentes ao fato a ser esclarecido;
(9) TERMO DE ENCERRAMENTO DE INSTRUÇÃO: encerrar a instrução do feito com o
respectivo termo, notificando o sindicado, quando houver, para vista dos autos e apresentação das
alegações finais;
(10) RELATÓRIO: encerrar a apuração com um relatório completo e objetivo, contendo o seu
parecer conclusivo sobre a elucidação do fato, o qual deverá ser apresentado em quatro partes:
introdução, diligências realizadas, parte expositiva e parte conclusiva (mais importante);
(11) TERMO DE ENCERRAMENTO: elaborar o termo de encerramento dos trabalhos atinentes
ao feito;
(12) DIEX DE REMESSA: remeter os autos à autoridade instauradora (ofício de remessa);
(13) a observância dos procedimentos estabelecidos neste artigo não obsta a adoção de outras
medidas específicas que sejam necessárias em razão das peculiaridades do objeto da sindicância
(Parecer Técnico);
(14) quando se tratar de apuração de acidentes com viatura, material bélico, material de
comunicações e outros, deverão ser observadas as normas específicas de cada órgão de apoio;

 Sequência das ações:


(1) recebe a Portaria de Instauração;
(2) Termo de Abertura;
(3) Juntada;
(4) Despacho;
(5) Notificação Prévia;
(6) Termo de Inquirição de Testemunha;
(7) Termo de Inquirição do Sindicado;
(8) Certidão pós Inquirição;
(9) Termo de Encerramento de Instrução;
(10) Despacho;
(11) Alegações Finais;
(12) Certidão do prazo de Alegações Finais;
(13) Relatório;
(14) Termo de Encerramento;
(15) DIEx de Remessa;
(16) Solução ou Diligências Complementares;

→ caso seja determinada a realização de diligências complementares:


(17) Nova Notificação Prévia;
(18) Realização das Diligências;
(19) Nova Notificação para Alegações Finais;
(20) Certidão;
(21) Relatório Complementar;
(22) Termo de Encerramento;
(23) DIEx de Remessa;
(24) Solução;

obs.: pode ter outros despachos, juntadas, etc = dependendo dos documentos da sindicância;

 Prazos – Art. 9º a 14 (!!!):


→ regra: exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do vencimento (!!!);
→ os prazos se iniciam e vencem em dia com expediente na OM (!!!);
→ dia de início da sindicância (!!!) = dia em que o sindicante recebe a portaria de instauração;
→ prazo de CONCLUSÃO: 30 dias corridos (!!!);
→ PRORROGAÇÃO fundamentada: 20 dias corridos (!!!);
→ prorrogações sucessivas (exceção): até 20 dias corridos cada, nos casos de força maior, situação
de complexidade, extrema dificuldade ou para conclusão de perícia;
→ SOLICITAÇÃO DE PRORROGAÇÃO(!!!): mínimo 48 horas antes do término do prazo
inicialmente previsto;
→ a concessão de prorrogação do prazo deverá ser publicada em BI da OM, anexando-se cópia do
boletim aos autos da sindicância;
→ NOTIFICAÇÃO PRÉVIA: 3 dias úteis (!!!) = o sindicado deverá ser notificado, com a
antecedência mínima de 3 dias úteis das diligências de instrução da sindicância (inquirições,
acareações, perícias, expedição de cartas precatórias, etc), para que, caso queira, possa acompanhá-
las ou requerer o que julgar de direito;
→ a primeira notificação ao sindicado pertencente à mesma OM que o sindicante deve ser
comunicada ao seu comandante ou chefe imediato; as demais notificações ao sindicado, no
decorrer do procedimento, serão feitas sem a necessidade da mencionada comunicação ao
respectivo comandante;
→ se o sindicado pertencer a OM distinta da do sindicante, a notificação deve ser efetuada em todos
os casos por intermédio do Cmt, chefe ou diretor daquela OM;
→ DEFESA PRÉVIA: 3 dias úteis (!!!) = ao sindicado será facultado, no prazo de 3 dias úteis,
contados de sua inquirição, oferecer defesa prévia, arrolar testemunhas, juntar documentos e
requerer o que julgar de direito; sindicado será informado desse direito quando da notificação
para sua inquirição;
→ ALEGAÇÕES FINAIS: 5 dias corridos = o sindicado será notificado do término da instrução
para, vista dos autos e para, querendo, oferecer alegações finais no prazo de 5 dias corridos,
contados do recebimento da notificação;
→ esgotado o prazo, apresentadas ou não alegações, o sindicante, respeitado o prazo para o término
da sindicância, deverá elaborar seu RELATÓRIO circunstanciado, com parecer conclusivo,
remetendo os autos à autoridade instauradora;
→ recebidos os autos, a autoridade instauradora, no prazo de 10 dias úteis, dará SOLUÇÃO à
sindicância ou determinará que sejam feitas DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES, fixando
novo prazo, de até 20 dias corridos, prorrogáveis, mediante decisão fundamentada, pelo prazo
necessário para o cumprimento da diligência;
→ no caso de ser determinada a realização de diligências complementares, o sindicado deverá ser
notificado para acompanhar as respectivas averiguações (NOVA NOTIFICAÇÃO PRÉVIA);
→ cumpridas as diligências complementares, o sindicado deverá ser notificado para querendo,
oferecer NOVAS ALEGAÇÕES FINAIS em 5 dias corridos, contados do recebimento da
notificação;
→ após a diligência, o sindicante deverá confeccionar o RELATÓRIO COMPLEMENTAR,
ratificando ou alterando o parecer anterior.
→ o relatório complementar será enviado à autoridade instauradora para, no prazo 10 dias úteis, dar
a SOLUÇÃO à sindicância.

 Prazos resumidos:
→ conclusão: 30 dias corridos;
→ notificação prévia: 3 dias úteis;
→ defesa prévia: 3 dias úteis;
→ alegações finais: 5 dias corridos;
→ solução: 10 dias úteis;
→ solicitação de prorrogação: até 48h antes do último dia do prazo de conclusão;
→ prorrogação: até 20 dias;

 Contraditório e Ampla Defesa:


→ a sindicância obedecerá aos princípios do contraditório e da ampla defesa;
→ ampla defesa: para o exercício do direito de defesa será aceita qualquer espécie de prova
admitida em direito, desde que não atente contra a moral, a saúde, ou a segurança individual
ou coletiva, ou contra a hierarquia, ou contra a disciplina, casos em que o sindicante poderá
indeferir, mediante despacho fundamentado, pedido do sindicado;
→ também poderá ser indeferido quando o seu objeto for ilícito, impertinente, desnecessário,
protelatório ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos;
→ contraditório: será assegurado ao sindicado o direito de acompanhar o processo: apresentar
defesa prévia e alegações finais, arrolar testemunhas, assistir aos depoimentos, solicitar
reinquirições, requerer perícias, juntar documentos, obter cópias de peças dos autos, formular
quesitos em carta precatória e em prova pericial e requerer o que entender necessário ao exercício
de seu direito de defesa;
→ contraditório: direito de se opor àquilo que lhe está sendo imputado;
→ sindicado pode realizar a sua própria defesa, sendo-lhe facultado constituir advogado para
assisti-lo;

 Participantes:
→ Autoridade nomeante: militar competente instaurador da sindicância;
→ Sindicante: encarregado da sindicância, que será oficial, subtenente ou sargento aperfeiçoado de
maior precedência hierárquica que o sindicado;
→ Sindicado: pessoa envolvida no fato a ser esclarecido, cujo desfecho poderá vir a afetar seus
direitos;
→ Testemunha: pessoa que presta esclarecimentos acerca do fato;
→ Técnico ou pessoa habilitada: aquele que for indicado para proceder exame ou emitir parecer;
→ Denunciante ou ofendido: aquele que, mediante apresentação de documento hábil ou
declaração reduzida a termo, provoca a ação da Administração Militar;
→ Escrivão: auxiliar do sindicante, nos casos de maior complexidade que será designado, a critério
da autoridade nomeante;

 Disposições Gerais:
→ o denunciante ou ofendido deverá ser ouvido em primeiro lugar, sendo-lhe informado sobre
as consequências do seu ato;
→ o denunciante ou ofendido poderá apresentar ou oferecer subsídios para o esclarecimento do
fato, indicando testemunhas, requerendo a juntada de documentos ou indicando as fontes onde
podem ser obtidos;
→ caso a presença do sindicado cause constrangimento ao denunciante ou ofendido ou à
testemunha, o sindicante poderá proceder a inquirição em separado, dando ciência ao sindicado do
teor das declarações, tão logo seja possível;
→ a ausência do sindicado no seu interrogatório não obsta o prosseguimento dos trabalhos, porém
deve o fato ser certificado nos autos e, se militar, informado ao seu comandante para as medidas
disciplinares cabíveis;
→ o não atendimento da notificação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a
renúncia a direito pelo sindicado;
→ quando a testemunha deixar de comparecer para depor, semjusto motivo, ou, comparecendo, se
recusar a depor, o sindicante lavrará termo circunstanciado, mencionará tal fato no relatório e, em se
tratando de militar ou servidor público, providenciará a informação dessa situação à autoridade
militar ou civil competente;
→ a testemunha, após qualificada, prestará, na forma da lei, o compromisso de dizer a
verdade sobre o que souber e lhe for perguntado;
→ quando a residência das partes estiver situada em localidade diferente daquela em que foi
instaurada a sindicância, no país ou no exterior, a inquirição poderá ser realizada por meio de
carta precatória, expedida pelo sindicante;
→ no caso de expedição de carta precatória, o sindicado deverá ser notificado para, querendo,
apresentar, no prazo de 3 dias úteis, os quesitos que julgar necessários ao esclarecimento do fato
objeto da sindicância;
→ as testemunhas serão ouvidas, individualmente, de modo que uma não conheça o teor do
depoimento da outra;
→ o depoente não será inquirido por mais de 4 horas contínuas, sendo-lhe facultado descanso de
trinta minutos, sempre que tiver que prestar declarações além daquele tempo;
→ o depoimento não concluído até às 18 horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em
hora indicada pelo sindicante, salvo casos excepcionais inadiáveis;
→ se não houver expediente no dia seguinte, a inquirição será adiada para o primeiro dia em que
houver;
→ o denunciante ou ofendido e o sindicado poderão indicar cada um, até três testemunhas,
podendo o sindicante, se julgar necessário à instrução do procedimento, ouvir outras testemunhas;
→ nas inquirições em geral, o sindicante poderá, quando as circunstâncias assim o indicarem,
providenciar a presença de duas testemunhas instrumentárias para assistirem ao ato, as quais
prestarão compromisso de guardar sigilo sobre o que for dito na audiência;
→ as testemunhas do denunciante ou ofendido serão ouvidas antes das testemunhas do
sindicado;
→ será admitida a realização de acareação sempre que houver divergência em declarações
prestadas sobre o fato;
→ se menor de 18 anos, o sindicado deverá ser acompanhado por seus pais ou responsáveis;
→ o sindicado e o denunciante ou ofendido, se houver, devem ser notificados da solução da
sindicância, juntando-se tal notificação aos autos;

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