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DIREITO ADMINISTRATIVO (2023.

2) - RESUMO AULAS

● ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA

● Administração Pública Federal: conjunto de órgãos integrados na estrutura


administrativa do estado, encarregado de exercer as funções determinadas pela
constituição e pelas leis, no interesse da coletividade.

● Desconcentração X Descentralização administrativa


- A atividade administrativa pode ser prestada de duas formas, uma é a centralizada,
pela qual o serviço é prestado pela Administração Direta, e a outra é a descentralizada,
em que a prestação é deslocada para outras Pessoas Jurídicas.
- Assim, descentralização consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou
transferir a prestação do serviço para a Administração a Indireta ou para o particular.
Note-se que, a nova Pessoa Jurídica não ficará subordinada à Administração Direta,
pois não há relação de hierarquia, mas esta manterá o controle e fiscalização sobre o
serviço descentralizado.
- A desconcentração é a distribuição do serviço e das competências de um ente
federativo a seus órgãos internos. Desse modo surge a hierarquia administrativa, ao
passo que os órgãos criados ficam subordinados ao ente criador, podendo este
fiscalizar, revisar ou punir atos praticados por seus órgãos, bem como delegar ou
avocar competências.
➔ Ou seja: Descentralização = criação de entidades (com personalidade
jurídica/Desconcentração = criação de órgãos (hierarquia perante a federação).

1. Órgãos Públicos: Os órgãos públicos são as repartições internas do Estado, criados a


partir da desconcentração administrativa, com a finalidade de desempenhar funções
estatais, sendo despidos de personalidade jurídica (ou seja, não possuem vontade
própria e estão ligados ao ente federativo). - pluripersonalismo: repartição do Estado.

1.2. Classificação quanto à posição estatal (poder decisório):


- 1.2.1 Órgãos independentes: são constitucionais, representativos dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, sem qualquer subordinação hierárquica ou
funcional, só sujeitos aos controles constitucionais de um Poder pelo outro; exercem
as funções outorgadas diretamente pela Constituição.
- 1.2.2 Órgãos autônomos: Os órgãos autônomos são os que se localizam no alto da
estrutura organizacional da administração pública, abaixo dos órgãos independentes e
a eles subordinados. Têm ampla autonomia, administrativa, financeira e técnica, com
função de planejamento, supervisão, coordenação e controle de atividades, por
exemplo, Ministérios, Secretarias estaduais e municipais.
- 1.2.3 Órgãos superiores: Os órgãos superiores são os que detêm poder de direção,
controle e decisão sobre assuntos de competências específicas, atuando sob
subordinação hierárquica, não fluindo de autonomia financeira. Como exemplo, temos
chefias de gabinetes e inspetorias gerais.
- 1.2.4 Órgãos subalternos: sujeitos hierárquica e funcionalmente aos órgãos
superiores, têm como atribuição precípua a execução, não têm autonomia técnica, nem
financeira, não têm nenhum poder de decisão, apenas cumprindo ordens, como
exemplo, temos o almoxarifado da Secretaria do Ministério da Fazenda, portarias dos
prédios públicos.

1.3 Classificação quanto à manifestação de vontade:


- 1.3.1 Órgãos colegiados/coletivos: os coletivos, quando compostos por vários
agentes, é o caso dos órgãos colegiados ou de representação plúrima (como nos
Tribunais, Conselhos) e os de representação unitária, em que a vontade do agente
exterioriza a vontade do próprio órgão (como no caso dos Departamentos,
Coordenadorias).
- 1.3.2 Singulares: formados por um só agente público. Ex: o chefe do Executivo.

1.4 Outros tipos de classificação


- 1.4.1. Órgãos ativos, consultivos e de controle: órgãos "ativos" são aqueles a quem
compete tomar decisões ou executá-las. Órgãos "consultivos" são aqueles cuja função
é esclarecer os órgãos ativos antes de estes tomarem uma decisão, nomeadamente
através da emissão de pareceres. Órgãos "de controle" são aqueles que têm por missão
fiscalizar a regularidade do funcionamento de outros órgãos.
- 1.4.2 Órgãos permanentes e temporários: são órgãos "permanentes" aqueles que
segundo a lei têm duração indefinida; são órgãos "temporários" os que são criados
para atuar apenas durante um certo período.
- 1.4.3. Órgãos primários, secundários e vicários: órgãos "primários" são aqueles que
dispõem de uma competência própria para decidir as matérias que lhes estão
confiadas; órgãos "secundários", são os que apenas dispõem de uma competência
delegada; e órgãos "vicários" ,são aqueles que só exercem competência por
substituição de outros órgãos.

➔ A teoria do órgão, também chamada de teoria da imputação volitiva, estabelece que o


Estado manifesta sua vontade por meio dos órgãos que integram a sua estrutura, de tal
forma que quando os agentes públicos que estão lotados nos órgãos manifestam a sua
vontade, esta é atribuída ao Estado.

2. Administração Direta: A administração direta é constituída pelos órgãos


relacionados aos entes da federação, como a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios, por exemplo. Eles estão subordinados ao chefe do poder ao qual
pertencem. Ex: Presidente da República e Ministros
3. Administração Indireta: A administração indireta pode ser entendida como o
conjunto de órgãos que prestam serviços públicos, ligados à administração direta, com
CNPJ próprio. Ex: Autarquias, Fundações, Sociedades de Economia Mista e Empresas
Públicas.
4. Atividades paraestatais: entidades privadas, que não integram a administração
pública, mas colaboram com o Estado realizando atividades sociais sem fins
lucrativos. Ex: ONG’s.

● Agentes Públicos:

1. Agentes Políticos: compõem o alto escalão do poder público, responsáveis pela


elaboração das diretrizes de atuação governamental. Ex: presidente da República,
secretários e deputados.
2. Agentes administrativos: exercem uma atividade pública de natureza profissional e
remunerada sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico próprio da entidade.
- Servidores públicos: mantém relação funcional com o Estado, sendo titulares de
cargos públicos de provimento efetivo ou de comissão.
- Empregados públicos: mantém relação contratual com o Estado porém com o caráter
contratual trabalhista, sendo regidos pela CLT, contratados para exercer atividades
excepcionais do serviço público.
Ex: analistas do INSS, escriturário do banco do Brasil
3. Agentes honoríficos: cidadãos requisitados ou designados em função de sua honra ou
de sua condição cívica para, transitoriamente, colaborarem com o Estado. Ex:
mesários eleitorais.
4. Agentes delegados: particulares que, por delegação do estado, executam atividade ou
serviço público em nome próprio por conta própria sob fiscalização da administração.
Ex: concessionários e permissionários de serviços públicos.
5. Agentes credenciados: recebem incumbência da administração para representá-la em
determinado local. Ex: representar o Brasil em evento internacional.

● DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

1. Autarquias (art 5º, decreto-lei 200/1967):


- O serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
- Características: criada por lei específica; possui personalidade jurídica de direito
público; trata-se de um serviço público personificado.

2. Fundações públicas (art 5º, decreto-lei 200/1967):


- A entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.
- Características: A lei específica autoriza a criação e a extinção, precisa de registro (art.
37 CF); exercem funções sem fins lucrativos; trata-se de um patrimônio público
personificado; podem ter personalidade jurídica de direito público ou privado
(dependendo da criação).
- Fundação pública: Pessoa jurídica de direito público; criada diretamente por lei;
fundação autárquica.
X
Fundação privada: Pessoa jurídica de direito privado; lei autoriza a criação; fundação
governamental.

3. Empresas públicas (art 5º, decreto-lei 200/1967):


- Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio
e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica
que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência
administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
- Características: Personalidade jurídica de direito privado; lei autoriza a criação e a
extinção; Objeto - exploração da atividade econômica ou prestação de serviço público;
pode ser qualquer forma jurídica (S.A ou outra); o capital é exclusivamente público
(100% do capital é público, sendo possível a participação de outros entes federativos
ou da adm. indireta); regime de pessoal - CLT; Licitação simplificada.

4. Sociedade de economia mista (art 5º, decreto-lei 200/1967):


- Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações
com direito a voto pertencem em sua maioria, à União ou a entidade da Administração
Indireta.
- Características: Personalidade jurídica de direito privado; lei autoriza a criação e a
extinção; Objeto - exploração da atividade econômica ou prestação de serviço público;
sociedade de economia mista só pode ser S.A (sociedade anônima); Sociedade de
economia mista - o capital é majoritariamente público (capital misto sendo parte
público e parte privado 51% Pub 49% Priv); Regime de pessoal - CLT; Licitação
simplificada.
● PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

● Artigo 37 da Constituição

- aplicações

1. Legalidade
- Direito privado: os indivíduos são livres desde que a lei não proíba.
- Adm Pública: o administrador público só pode agir respaldado pela lei; a juridicidade
é a ação perante o Direito (não só a lei, mas sim a aplicação da lei e dos princípios que
regem a atividade administrativa.

2. Impessoalidade
- A atividade administrativa é voltada para o atendimento do interesse público, para que
não haja discriminação e favorecimento de certos indivíduos;
- Um agente público não pode usar de sua função pública como razão para obter
vantagens e promoção pessoal.

3. Publicidade
- A administração pública deve divulgar os seus atos permitindo o conhecimento por
parte dos administrados. Ex: diário oficial.
- Somente em situações excepcionais a publicidade não atuará. Ex: Segurança nacional,
honra dos indivíduos.
- Toda publicidade tem um destinatário: se o destinatário for desconhecido (Ex:
Licitação ou concurso público), deve ser publicado.

4. Moralidade
- Ética na Adm. Pública pelos agentes, honestidade administrativa;
- Qualquer cidadão pode procurar um ato ofensivo contra a moralidade da adm. pública.

5. Eficiência
- Busca por melhores resultados possíveis com o menor custo para a administração
pública e prestação de serviços públicos.
6. Motivação das decisões
- Todo ato administrativo decisório deve ser explicado pela administração (o porquê) às
partes interessadas;
- A falta ou a deficiência da motivação gera a nulidade do ato.

7. Razoabilidade e Proporcionalidade
- A Adm. deve usar critérios lógicos;
- Controle de atos absurdos causados pela discricionariedade administrativa (razões de
conveniência e oportunidade);
- A administração tem que se empenhar em reduzir a margem de discricionariedade a
zero.

8. Indisponibilidade do Interesse público


- O agente público está gerindo um patrimônio que não é dele e, por isso, não pode
dispor de sua vontade na ação de suas atividades;
OBS: Não está mais sob total aceitação: é preciso compreender em cada situação o
que é de interesse público.

9. Supremacia do interesse público (direito público) em relação ao privado


- Mediante confronto, é válido o sacrifício do interesse privado (perante indenização).

10. Autotutela
- Como deve obediência ao princípio da legalidade sempre que um ato ilegal for
identificado, deve ser anulado pela própria Administração;
- É o poder-dever de rever seus atos, respeitando sempre o direito de terceiros de boa-fé.

● PODERES ADMINISTRATIVOS: prerrogativas que a ordem jurídica confere


aos agentes administrativos para executar os objetivos do Estado em atenção do
interesse público. Ou seja, para que sejam realizados os objetivos dos Estados é
necessário fornecer poderes aos agentes estatais.
1. Poder hierárquico: o poder hierárquico atinge aqueles que possuem algum grau de
subordinação com outro agente público ou órgão. Dentre as atividades: dar ordens,
avocar atribuições, aplicar sanções. Condições: Dentro da mesma pessoa jurídica;
Deve haver subordinação (diferente de vinculação).

2. Poder discricionário: o poder é discricionário quando o agente público possui uma


certa margem de liberdade no agir. Contudo, a liberdade deve estar dentro dos limites
legais da razoabilidade e da proporcionalidade. Ex: o gestor pode decidir quando é o
melhor momento para um servidor público subordinado tirar férias.

3. Poder vinculado: O poder vinculado ocorre quando a administração pública não tem
margem de liberdade para o seu exercício. Portanto, quando houver uma situação
discriminada na lei, o agente público deve agir exatamente da forma prevista em lei.
(não há margem de negociação). Ex: aposentadoria compulsória, uma vez cumpridos
os pré-requisitos, o gestor não pode impedir a aposentadoria de seu subordinado.

4. Poder regulamentar ou normativo: é a prerrogativa conferida à Administração


Pública para editar atos gerais para complementar as leis. O poder regulamentar trata
do poder conferido ao chefe do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos)
para a edição de normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução. Ou
seja, o poder regulamentar está inserido no poder normativo. Ex: os decretos, que
especificam e detalham as leis.

5. Poder de polícia (ou poder disciplinar):


- Propriedade e liberdade são direitos fundamentais, mas existe uma limitação do
exercício desses direitos, em nome do interesse público. O Estado tem a função de
regular; Representação do poder punitivo da Adm. Pública;
- Art. 78: Código Tributário Nacional: o poder de polícia é um dos fatos geradores dos
impostos.
- Competência para o exercício: pode ser exercido pelos entes estatais (municípios,
estados e União; dependendo e de acordo com o grau e áreas de atuação);
- Possibilidade de delegação a particulares o exercício do poder de polícia: há
controvérsia e um debate no meio administrativo; o argumento a favor seria, por
exemplo, delegar a fiscalização de um tributo a um particular.
- Através do poder de polícia, a Adm. Pública vai limitar o exercício do particular no
contexto particular.

❖ Formas de manifestação do poder de polícia (Ordem e fiscalização sempre estarão


presentes, já consentimento e sanção, nem sempre):
- Ordem: determinações do poder público para que as pessoas (proprietários) façam ou
deixem de fazer algo por lei baseado no interesse público. Ex: Determinações
relacionadas ao trânsito. (não pode ser delegada a particulares)
- Consentimento: atos de consentimento são atividades privadas que só se podem
exercer perante manifestação favorável da Adm Pública. Ex: Compra de um carro
(requisitos: carteira, IPVA, licenças..), atividade comercial (requisitos: alvará,
licenças…). (pode ser delegada a particulares).
OBS: A garantia do particular é que esses atos, em sua maioria, são
vinculados, ou seja, ao cumprir os pré-requisitos necessários, não há porque
negar o pedido.
- Fiscalização: fiscalização após o consentimento, trata-se da verificação dos atos
perante a adm. pública. Ex: trânsito, construções, fiscalização de profissões. (pode ser
delegado a particulares)
- Sanção: punições aplicadas pelo poder público com fundamento no Poder de Polícia.
Ex: multa de trânsito, demolição de uma construção indevida. (não pode ser delegado
a particulares).

➔ É possível delegar o poder de polícia a particulares? (STF. RE 633.782/MG, Rel. Luiz


Fux. Repercussão Geral. Julgado em 24/10/2020)
- A única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é absolutamente indelegável: a
ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. A competência legislativa é restrita aos
entes públicos previstos na Constituição da República, sendo vedada sua delegação,
fora das hipóteses expressamente autorizadas no tecido constitucional, a pessoas
jurídicas de direito privado. Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de
aplicação de sanções podem ser delegados a estatais que possam ter um regime
jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.
- A Constituição da República, ao autorizar a criação de empresas públicas e sociedades
de economia mista que tenham por objeto exclusivo a prestação de serviços públicos
de atuação típica do Estado, autoriza, consequentemente, a delegação dos meios
necessários à realização do serviço público delegado, sob pena de restar inviabilizada
a atuação dessas entidades na prestação de serviços públicos.
- O fato de a pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta destinatária
da delegação da atividade de polícia administrativa ser constituída sob a roupagem do
regime privado não a impede de exercer a função pública de polícia administrativa.

❖ Características dos atos relativos ao poder de polícia:

1. Imperatividade ou Coercibilidade: o poder público impõe aos administrados a


observância dos atos relativos ao poder de polícia. Ao viver em uma sociedade, os
particulares devem se submeter às normas daquela sociedade em questão.
2. Auto-executoriedade: o Poder Público vai executar os atos relativos ao poder de
polícia sem a necessidade de manifestação prévia de outro poder. Ex: demolição de
uma obra indevida e ilegal sem pedido ao Judiciário.
3. Discricionariedade: margem de algumas atividades do poder de polícia
dependendo do grau de atuação. A adm pode optar onde concentrar a fiscalização,
induzir infrações leves a depender da situação, ou seja, uma maior liberdade.

❖ Princípios do poder de polícia (limitar direitos essenciais em nome do interesse


público):
- Proporcionalidade: a limitação deve ser proporcional ao ato. O ato só se legitima
quando a restrição for proporcional ao interesse público existente. Ex: cometer uma
infração leve no âmbito comercial e o poder público fechar o estabelecimento.

❖ Polícia Judiciária X Polícia administrativa


- Judiciária: Tem seu campo de atuação voltado para as pessoas. Atua para evitar ou
reprimir o ilícito administrativo. Atua contra o ilícito penal. É exercida pelas polícias
civil e federal. Rege-se pelo Direito Processual Penal.
- Administrativa: Atua sobre bens, direitos ou atividades. Atua para evitar ou reprimir
o ilícito administrativo. Exercida por diversos órgãos da Administração. Rege-se pelo
Direito Administrativo.
❖ Exemplos da ação do poder de polícia:
- Polícia de trânsito - O controle e a fiscalização dada a atividade de trânsito. Quem é
competente é o município.
- Poder de polícia em relação a construção no solo urbano - competência: município.
- Poder de polícia em relação aos conselhos profissionais.
- Poder de polícia em relação ao ingresso, permanência e saída de estrangeiros no país -
competência federal
- Poder de polícia em relação a questão ambiental
- Poder de polícia em relação aos costumes - mecanismos de proteção da infância e
juventude.
- Poder de polícia em relação ao comércio
- Poder de polícia em relação a questões sanitárias.

● Abuso do Poder de polícia:


- Excesso de poder: Recai sobre a competência e ocorre sempre que a autoridade
exorbita as suas atribuições legais. O agente público, nesse caso, age além de suas
atribuições. Trata-se de um vício relativo ao sujeito do ato administrativo. Ex:
aplicação de penalidades de maneira exorbitante.
- Desvio de poder: O desvio de finalidade ou desvio de poder ocorre quando o agente
deixa de atingir a finalidade pública ou nunca procurou atingi-la, alcançando fim
diverso do interesse público. Nesses casos, o vício recai sobre o elemento finalidade
do ato administrativo. Assim, o desvio de poder ocorre quando o agente público
pratica o ato visando a outro fim, que não o descrito em lei. Ex: o uso da lei com o
intuito de prejudicar alguém pessoalmente.

● Improbidade administrativa (Lei 8429/92): Pode-se definir a improbidade


administrativa como sendo ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da
Administração Pública, cometido por agente público, durante o exercício de função
pública. Quem, mesmo não sendo agente público, participe ou se beneficie da prática
de ato de improbidade, também está sujeito às penalidades previstas na lei. Os atos de
improbidade podem ser divididos em:
- Os que importam enriquecimento ilícito (art. 9º);
- Os que causam lesão ao patrimônio público (art. 10);
- Os que atentam contra os princípios da Administração Pública
● ATOS ADMINISTRATIVOS

● Fato administrativo: qualquer ocorrido dentro da administração pública,


independentemente da vontade humana, que gere efeitos jurídicos, como a morte de
um servidor;

● Ato administrativo: é qualquer coisa, obrigatoriamente, ligada à vontade humana,


que ocorre dentro da administração pública, igualmente, produzindo efeitos jurídicos.
Toda manifestação unilateral da vontade da administração pública que tenha por fim
adquirir, resguardar, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.

1. Elementos dos atos administrativos (lei 4.717/65):

- 1.1. Competência: é caracterizado como o poder atribuído ao agente para o


desempenho específico de suas funções. As competências são definidas e delimitadas
por lei. Vale ressaltar que a competência é de uso obrigatório (poder-dever de agir),
sendo irrenunciáveis (titular não pode abrir mão), intransferíveis (não pode transferir a
titularidade a terceiro), imodificáveis (não é alterada por vontade do titular) e
imprescritíveis (não se perde com o tempo, mesmo sem o seu uso).
- 1.2. Finalidade: Nesse caso, todo ato administrativo deve ser praticado com o fim
público. Dessa forma, a finalidade divide-se em finalidade geral (sentido amplo) e
finalidade específica (sentido estrito). A primeira é sempre a satisfação do interesse
público, pois é nisso que se pauta toda a atuação da administração pública. Enquanto a
finalidade específica é aquela que a lei elegeu para o ato em específico e, por isso, é
variável.
- 1.3. Forma: forma é o revestimento exteriorizador do ato administrativo. Por
exemplo, o ato pode ser externalizado por meio de um decreto, edital ou licença. Em
regra, o ato é exteriorizado por meio escrito, porém em situações especiais pode ser
feito por meio de sinais ou imagens como símbolos de trânsito.
- 1.4. Motivo: O motivo é o que leva a administração a praticar o ato, é a situação de
direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. Vale
ressaltar que o motivo pode ser tanto vinculado, nos casos em que está previsto em lei,
como discricionário, nos casos em que são deixados a critério do administrador.
- 1.5. Objeto ou Conteúdo: Considerando que a finalidade é o resultado imediato
desejado para o ato, considera-se que o objeto é o fim imediato do ato. Assim sendo,
representa o resultado prático a que determinado ato administrativo conduz.

➔ Teoria dos motivos determinantes: O ato só será válido se os motivos para


determinado fato ocorrerem realmente e forem verídicos. Ou seja, os motivos que
determinam uma ação devem ser VERÍDICOS.

2. Atributos dos atos administrativos:

2.1. Presunção de legitimidade: A presunção de legitimidade significa que os atos foram


realizados em conformidade com a lei. Já a presunção de veracidade significa que os atos, por
serem alegados pela administração, presumem-se verdadeiros. Logo, isso significa que para
gerar celeridade aos processos, os atos produzirão efeitos e são válidos até que se prove o
contrário.
2.2. Imperatividade: traz a possibilidade de os atos administrativos serem impostos a
terceiros independentemente da concordância destes. Mas não são todos os atos
administrativos que são dotados deste atributo.
2.3. Autoexecutoriedade: É o poder da Administração Pública de executar as suas próprias
decisões sem haver necessidade da tutela judicial. Assim, a Administração Pública por si só
cumpre as suas funções com os seus próprios meios.

3. Classificação dos atos administrativos:

3.1. Atos adms vinculados: aqueles nos quais a adm adota um único objeto possível. Ex: se
acontecer tal coisa, a adm vai ter que fazer isso; a adm não permite a liberdade. Se uma
funcionária pública grávida pede licença maternidade, a adm não pode indeferir.
3.1.2. Ato discricionário: a adm pode escolher entre 2 ou mais objetos possíveis. A escolha
será feita através de uma valoração de critérios de conveniência e oportunidade. A avaliação é
própria da adm, o Poder Judiciário não pode interferir na escolha.

➔ OBS: MERITOADMINISTRATIVO: uso correto da discricionariedade adm. Se a


adm comete um abuso, o judiciário pode interferir com o objetivo de controlar os
abusos de discricionariedade da adm.

Ex: o adm público que controla um setor de fiscalização pode escolher onde vai focar a
fiscalização em determinado momento; se ele quiser fiscalizar alguém por motivos pessoais,
com propósito de prejudicar alguém, define-se como abuso.

- O uso correto da discricionariedade não é objeto de controle judiciário;


- O que vai definir se o ato é vinculado ou discricionário são os elementos motivo e
objeto.
- Reserva administrativa: decisões que só podem ser tomadas pela adm, sem
intervenção do judiciário.

3.2. Simples: exige uma única manifestação de vontade de um agente público para que seja
considerado perfeito.
3.2.2. Complexo: exige mais de uma manifestação de vontades de agentes públicos sem que
uma delas seja considerada principal em relação a outra para que assim seja considerado
perfeito.
3.2.3. Composto: exige mais de uma manifestação de vontade, sendo uma principal e uma
acessória.

3.3. Atos de império (art 5 inciso 25): a adm usa da sua supremacia em relação ao particular.
Ex: requisição de um bem - o policial para perseguir um bandido pega um carro de um
particular.
3.3.1. Atos de gestão: a adm não precisa usar da sua supremacia em relação ao particular. Ex:
licença para construir - formulação do pedido e com o check-list dos requisitos, será deferido.
3.3.2. Atos de Expediente: atos usados pelo Poder público para impulsionar requerimentos
que tramitam no âmbito da adm.
3.4 Atos internos: atos que vão produzir efeitos internamente, não vinculando os
administrados. Ex: ordem de serviço que regulamenta o funcionamento interno.
3.4.1. Atos externos: aqueles que produzem efeitos junto aos administrados.

3.5. Ato explícito X implícito: De modo geral, os atos administrativos são explícitos. Os atos
são praticados com formalidade e a adm. pública deve deixar claro seu propósito.

4. Espécies de atos administrativos: (agrupamento de atos que tenham


características similares): NONEP

4.1. Atos normativos: são aqueles que têm a característica de generalidade e abstração
própria. Isso significa que tais atos não atingem situações concretas específicas, mas se
destinam a normatizar situações futuras.
- Ex: regulamento (art 84 inciso 4), através dele os chefes do poder executivo
viabilizam a aplicação de uma lei que não traz os elementos necessários para a
produção dos efeitos desejados pelo legislador (uma lei criou um tributo, através disso
o chefe que dita quando vai ser pago, o modelo e etc. O regulamento de como isso será
aplicado tem que ser de acordo com a lei, não pode ultrapassá-la, o parâmetro de
controle do mesmo é a própria lei).
OBS: O regulamento de uma lei é um ato normativo secundário porque não pode ser
confrontado diretamente com a constituição.
- Ex2: o regimento interno é um ato normativo que serve para disciplinar o
funcionamento de órgãos colegiados. (regimento interno de um tribunal) - quem o
interpreta é o próprio órgão (internacorporis).
- Ex3: Resoluções: atos de conteúdo normativo que tratam de matérias de competência
de órgãos colegiados. (resolução do banco central).

4.2. Atos ordinatórios: servem para disciplinar o funcionamento interno da adm e a conduta
dos seus agentes. Eles produzem efeitos internos no âmbito da adm. pública.
- Ex: avisos, portarias, ordens de serviço.
4.3. Atos negociais: aqueles nos quais a adm manifesta a sua concordância com o
desempenho de particulares em atividades sujeitas à seu controle. Na vida em sociedade há
dezenas de atividades que você só pode fazer se houver manifestação da adm.
- Ex: construir algo em propriedade privada (precisa de licença)
dirigir (precisa de carteira e de automóvel licenciado).

➔ A garantia maior que a sociedade tem é que a maioria desses atos são vinculados: se
um indivíduo preencher os requisitos por lei, o pedido não pode ser indeferido.

4.4. Atos enunciativos: são os atos pelos quais a Administração declara um fato preexistente,
profere uma opinião ou emite um juízo de valor, sem que, por si só, produza consequências
jurídicas. Ex: Certidões , Atestados, Pareceres.

4.5. Atos punitivos: são atos que têm o objetivo de punir ou reprimir a prática de infrações
administrativas. Podemos dividi-los em duas grandes categorias: sanções internas e sanções
externas. As sanções internas são aplicáveis em virtude do regime funcional dos servidores.
As sanções externas, por sua vez, tratam da relação entre a Administração e o administrado e
ocorrem quando o destinatário infringe alguma norma administrativa. Ex: multa, interdição de
atividade.

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