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Administração Pública
Abuso do poder
4.1) Se o administrador praticando ato discricionário buscar outro objetivo que não
o interesse público, incidirá em ilegalidade, por desvio de finalidade, que poderá
ser reconhecido e declarado pela Administração ou pelo Judiciário.
Poderes administrativos
Daí resulta que toda condenação criminal por delito funcional acarreta a punição
disciplinar, mas nem toda falta administrativa exige sanção penal.
5) Poder regulamentar ou normativo: é faculdade de que dispõem os Chefes do
Executivo de explicar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos
autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei. É um
poder inerente e privativo (CF, art. 84, IV), e, por isso mesmo, indelegável a
qualquer subordinado.
5.1) Todavia, não pode regulamentar matéria só disciplinável por lei (princípio da
legalidade), notadamente matéria que regula liberdade e propriedade. A EC 32/01
permitiu ao Chefe do Executivo a expedição de decreto autônomo que dispõe
sobre a organização e funcionamento da administração, quando não implicar em
aumento de despesa nem criação ou extinção de cargos públicos, salvo quanto a
estes últimos na hipótese de estarem vagos.
5.2) O CN tem competência para sustar atos normativos do Executivo que
exorbitem do poder regulamentar (CF, art. 49, V).
5.3) As leis que trazem a recomendação de serem regulamentadas não são
exeqüíveis antes da expedição do decreto regulamentar, porque esse ato é
conditio juris da atuação normativa da lei, operando o regulamento como condição
suspensiva. Passado o prazo fixado em lei, se o regulamento não for expedido, e
sendo este indispensável, o beneficiário da norma poderá utilizar-se do mandado
de injunção para obter a norma regulamentadora.
5.4) Não pode o CN delegar ao Executivo, mediante lei, fora do procedimento
regular, para através de decreto inovar na ordem jurídica.
6) Poder de polícia (polícia administrativa): é a atividade da Administração que
impõe limites ao exercício de direitos e liberdades. É o conjunto de atribuições de
que dispõe a Administração para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado
(art. 78 do CTN).
6.1) Poder de polícia originário: ele nasce com a entidade que o exerce e é pleno
no seu exercício.
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Atos administrativos
15.1) Havendo empate de propostas será decidido por sorteio, salvo a preferência
dada a bens ou serviços produzidos no País.
15.2) Quando todas as propostas forem desclassificadas, a Administração poderá
fixar aos licitantes o prazo de 8 dias úteis para a apresentação de outras
propostas, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para 3 dias úteis.
16) Após a classificação das propostas, deve a Comissão enviar o resultado à
autoridade superior, para homologação e adjudicação do objeto da licitação ao
vencedor, convocando-o para assinar o contrato.
17) Homologação: é o ato de controle pelo qual a autoridade competente, não
participante da comissão de licitação, a quem incumbir a deliberação final sobre o
julgamento, confirma a classificação das propostas (aprovando o certame) e
adjudica o objeto da licitação ao proponente vencedor.
17.1) A autoridade pode nessa etapa: homologar o resultado; ordenar a retificação
da classificação, se verificar irregularidade corrigível no julgamento; anular o
certame; revogar o certame; sanar os vícios ou irregularidades que não
contaminem o resultado da licitação.
18) Adjudicação: é o ato pelo qual se atribui ao vencedor o objeto da licitação para
subseqüente efetivação do contrato. A Administração deverá obedecer
estritamente à ordem de classificação das propostas, sendo vedado desatendê-la
ou celebrar o contrato com terceiros estranhos ao processo licitatório, sob pena de
nulidade. Se o licitante vencedor for preterido, terá direito à indenização, inclusive
por lucros cessantes. São efeitos jurídicos da adjudicação: a) a aquisição de
direito de contratar com a Administração nos termos em que o adjudicatário
venceu a licitação (trata-se de mera expectativa de direito, já que é incerta a
formalização do contrato ou direito se a contratação efetivamente se realizar); b) a
vinculação do adjudicatário a todos os encargos estabelecidos no edital e aos
prometidos na proposta; c) a sujeição do adjudicatário às penalidades previstas no
edital e normas legais pertinentes se não assinar o contrato no prazo e condições
estabelecidas; d) o impedimento de a Administração contratar o objeto licitado
com outrem; e) liberação dos licitantes vencidos de todos os encargos da licitação
e o direito de retirarem os documentos e levantarem as garantias oferecidas.
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Contratos administrativos
Serviços Públicos
1) É todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas
e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade ou simples conveniências do Estado.
2) Classificação: a) propriamente ditos (visam a satisfazer necessidades gerais e
essenciais da sociedade), são os que a Administração presta diretamente à
comunidade, sem possibilidade de delegação a terceiros. Ex: defesa nacional, os
de polícia, os de preservação da saúde pública; b) de utilidade pública (visam a
facilitar a vida do indivíduo na coletividade), é prestado diretamente pela
Administração ou por terceiros (concessionários, permissionários ou
autorizatários), nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta
e risco dos prestadores. Ex: transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone; c)
próprios do Estado, só podem ser prestados pelo Poder Público, pois ele usa da
sua supremacia sobre os administrados (segurança, polícia, higiene e saúde
públicas etc.); d) impróprios do Estado, são os que não afetam substancialmente
as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus
membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus
órgãos ou entidades descentralizadas, ou delega sua prestação; e)
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7) Autorização: são aqueles que o Poder Público, por ato unilateral, precário e
discricionário, consente na sua execução por particular para atender a interesses
coletivos instáveis ou emergência transitória.
7.1) A modalidade de serviços autorizados é adequada para todos aqueles que
não exigem execução pela própria Administração, nem pedem especialização na
sua prestação ao público. Ex: serviços de táxi, de despachantes, de guarda
particular.
7.2) O executor de serviço autorizado não é agente público, e não pratica ato
administrativo.
8) Parceria público-privada (Lei 11.079/04): é uma nova espécie de concessão de
serviço ou obra pública, apresentando-se como norma geral de licitação e
contratos, aplicável à União, Estados e Municípios.
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8.10) Em Santa Catarina, as PPP’s são regidas pela Lei Estadual 12.930/04,
sendo esta regulamentada pelo Decreto 1.934/04.
Servidores públicos
4.7.1) Teoria do funcionário de fato: é aquele cuja investidura foi irregular, mas
cuja situação tem a aparência de legalidade. Em nome do princípio da aparência,
da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da presunção de
legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por ele praticados,
se por outra razão não forem viciados.
4.8) “A habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigida no momento da
posse. No caso, a recorrente, aprovada em primeiro lugar no concurso público,
somente não possuía a plena habilitação, no momento do encerramento das
inscrições, tendo em vista a situação de fato ocorrida no âmbito da Universidade,
habilitação plena obtida, entretanto, no correr do concurso: diploma e registro no
Conselho Regional. Atendimento, destarte, do requisito inscrito em lei, no caso.
CF, artigo 37, I” (STF, RE 184425, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 12/06/98). No
mesmo sentido: Súmula 266 STJ: “O diploma ou habilitação legal para o exercício
do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público”.
4.9) A qualquer tempo, a Administração pode revogar ou anular o concurso, desde
que concorra ou o interesse público ou qualquer ilegalidade na sua realização.
Antes da posse, a Administração é livre para revogar ou anular o concurso.
Depois, ou seja, quando o servidor já estiver integrado ao serviço público,
somente se admitirá a invalidação do concurso mediante regular processo
administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa. Súmula vinculante nº
5 a falta de defesa técnica por advogado não gera nulidade, desde que tenha sido
oportunizado a escolha de defesa técnica
4.9.1) “A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da
posse” (Súmula 17 STF).
4.9.2) “Concurso público. Irregularidades. Anulação do concurso anterior à posse
dos candidatos nomeados. Necessidade de prévio processo administrativo.
Observância do contraditório e da ampla defesa” (STF, RE 351489).
4.10) Se o servidor é nomeado, mas não toma posse, poderá dar ensejo a
exoneração.
4.11) Exceções ao concurso público: a) cargo em comissão; b) contratação
temporária, quando há excepcional interesse público, temporariedade da
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5.3) A dispensa ocorre em relação ao admitido pelo regime da CLT quando não há
justa causa.
6) Acumulação de cargos, empregos e funções: a proibição é a regra geral.
Exceção: a) dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro,
técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
de saúde, com profissões regulamentadas (CF, art. 37, XVI); d) cargo de juiz e
outro de magistério (CF, art. 95, parágrafo único, I); e) cargo de promotor e outro
de magistério (CF, art. 128, II, “d”); f) cargo de agente público e vereador, havendo
compatibilidade de horários (CF, art. 38, III).
6.1) Ao servidor aposentado também se aplica a mesma regra.
6.2) “A acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida quando se
tratar de cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade, na forma
permitida pela Constituição Federal, artigo 37, XVI e XVII, art. 95, parágrafo único,
I” (STF, RE 198190, rel. Min. Carlos Velloso).
7) Estabilidade: é a garantia constitucional de permanência no serviço outorgado
ao servidor que, nomeado para cargo de provimento efetivo, em virtude concurso
público, tenha transposto o estágio probatório de 3 anos, após ser submetido a
avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade
(CF, art. 41). A estabilidade do servidor não se refere ao cargo e sim ao serviço
público.
7.1) Estabilidade excepcional: “Estabilidade Excepcional. O preceito do art. 19 do
ADCT-CF/88 deferiu a estabilidade aos servidores que não foram admitidos no
serviço público na forma do art. 37, II da Carta Federal, mas a estabilidade
somente se adquire se observado o lapso temporal de 5 (cinco) anos continuados
de prestação de serviço público” (STF, AI 465746-AgR).
7.1.1) A estabilidade excepcional não implica efetividade no cargo, para a qual é
imprescindível o concurso público (STF, RE 181883).
7.2) Não se aplica ao servidor regido pela CLT. Nesse sentido, já decidiu o STF:
"Decisão agravada está em conformidade com entendimento firmado por ambas
as Turmas desta Corte, no sentido de que não se aplica a empregado de
sociedade de economia mista, regido pela CLT, o disposto no art. 41 da
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16) Improbidade administrativa: atos que importam enriquecimento ilícito; atos que
causam prejuízo ao erário; atos que atentam contra os princípios da Administração
Pública; adquirir, para si ou para outrem, bens de qualquer natureza cujo valor
seja desproporcional à evolução do patrimônio ou renda o agente, cabe a este o
ônus da prova.
16.1) A aplicação das penalidades previstas na Lei 8.429/92 não incumbe à
Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a prática de atos
de improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério
Público para ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de
demissão (STF, RMS 24699/DF).
Bens públicos
1) Classificação:
1.1) Bens de uso comum: são aqueles abertos à utilização pública, de uso coletivo
(uti universi). Eles permanecem sob a administração e vigilância do Poder Público,
e todo dano ao usuário, imputável a falta de conservação ou a obras e serviços
públicos que envolvam esses bens, é da responsabilidade do Estado, desde que a
vítima não tenha agido com culpa. Ex: mares, praias, rios, estradas, ruas e praças.
1.2) Bens de uso especial: são os que se destinam à execução dos serviços
públicos e, por isso, são considerados instrumentos desses serviços. São bens
patrimoniais indisponíveis. Ex: edifícios das repartições, os veículos.
1.3) Bens dominiais: são aqueles que podem ser utilizados para qualquer fim ou
mesmo alienado pela Administração.
2) Utilização dos bens públicos:
2.1) Uso especial: é todo aquele que, por um título individual, a Administração
atribui a determinada pessoa para fruir de um bem público com exclusividade,
mediante autorização de uso, permissão de uso, cessão de uso, concessão de
uso, concessão especial de uso, concessão de direito real de uso e enfiteuse ou
aforamento.
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Intervenção na propriedade
1) Entende-se por todo ato do Poder Público que compulsoriamente retira ou
restringe direitos dominiais privados ou sujeita o uso de bens particulares a uma
destinação de interesse público.
2) A intervenção na propriedade particular pode ter fundamento na necessidade
ou na utilidade pública, ou no interesse social, mas esse fundamento há de vir
expresso em lei federal para autorizar o ato interventivo, que tanto pode ser
praticado pela União como pelos Estados-membros e Municípios.
3) Restrições ao direito de propriedade: limitação administrativa, ocupação
temporária, tombamento, requisição, servidão administrativa e a desapropriação,
esta a única a operar a transferência da propriedade e, por isso, a mais gravosa.
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a registro no Cartório de Imóveis. Podem ser impostas por lei, como as que se
destinam a permitir o transporte e distribuição de energia elétrica, realização de
obras hidráulicas, instalação e funcionamento de aquedutos, e passagem nas
margens dos rios. A Administração apenas indenizará se comprovada a
ocorrência de danos ou prejuízos, porquanto dele não se retira o domínio ou a
posse.
8.1) Características: ônus real, bem particular, utilização pública.
8.2) Diferenças: a servidão civil é direito real de um prédio particular sobre outro,
com finalidade de serventia privada uti singuli; a servidão administrativa é ônus
real do Poder Público sobre a propriedade particular, com finalidade de serventia
pública – publicae utilitalis. A limitação administrativa é uma restrição pessoal,
geral e gratuita, imposta genericamente pelo Poder Público ao exercício dos
direitos individuais, em benefício da coletividade; a servidão administrativa é um
ônus real de uso, imposto especificamente pela Administração a determinados
imóveis particulares, para possibilitar a realização de obras e serviços públicos.
Assim, a restrição à edificação além de certa altura é uma limitação administrativa
ao direito de construir, ao passo que a obrigação de suportar a passagem de fios
de energia elétrica sobre determinadas propriedades privadas, como serviço
público, é uma servidão administrativa. A limitação administrativa, em geral, impõe
uma obrigação de não fazer, enquanto que a servidão administrativa impõe um
ônus de suportar que se faça. Aquela incide sobre o proprietário (obrigação
pessoal); esta incide sobre a propriedade (ônus real).
8.3) A instituição da servidão administrativa ou pública faz-se por acordo
administrativo ou por sentença judicial, precedida sempre de ato declaratório da
servidão, à semelhança do decreto de utilidade pública para desapropriação.
9) Desapropriação: é a transferência compulsória da propriedade particular (ou
pública de entidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus
delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social,
mediante prévia e justa indenização em dinheiro (CF, art. 5º, XXIV), salvo as
exceções constitucionais de pagamento em títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, no caso de área urbana não
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edificada, subutilizada ou não utilizada (CF, art. 182, § 4º, III), e de pagamento em
títulos da dívida agrária, no caso de reforma agrária, por interesse social (CF, art.
184), por estarem em desacordo com a função social.
9.1) Características: a) é forma originária de aquisição da propriedade (sendo
insuscetível de reivindicação); b) é procedimento administrativo bifásico (toda
desapropriação deve ser precedida de declaração expropriatória regular).
9.2) Todo e qualquer bem de valor econômico pode ser expropriado (posse,
ações, quotas ou direitos), inclusive o subsolo, carecendo sempre de declaração
regular, que aponte e descreva o bem a ser objeto da desapropriação, bem como
o fundamento fático e jurídico desta. A pessoa jurídica em si não pode ser
desapropriada.
9.3) A União pode desapropriar os bens dos Estados, DF, e Municípios. Os
Estados dos Municípios. Os Municípios não podem desapropriar bens das outras
entidades. Em qualquer caso, o ato deverá preceder de autorização legislativa.
9.4) Os bens de autarquias, de fundações públicas, empresas estatais,
concessionários e demais delegados do serviço público são expropriáveis,
independentemente de autorização legislativa. Mas a desapropriação de bens
vinculados a serviço público, pelo princípio da continuidade do próprio serviço,
dependerá sempre de autorização da entidade superior que os instituiu e delegou,
porque sem essa condição a atividade dos entes maiores seria tolhida, e até
mesmo suprimida, pelos menores, por via expropriatória.
9.5) Os destinatários dos bens expropriados são, em princípio, o Poder Público e
seus delegados, como detentores do interesse público justificador da
desapropriação. Mas casos há em que os bens desapropriados podem ser
transpassados a particulares, por ter sido essa, precisamente, a finalidade
expropriatória, como ocorre na desapropriação por zona, na desapropriação para
urbanização e nas desapropriações por interesse social, em que se visa à
distribuição da propriedade com o adequado condicionamento para melhor
desempenho de sua função social, erigida em princípio constitucional propulsor da
ordem econômica, do desenvolvimento nacional e da justiça social (CF, arts. 5º,
XXIII e 170, III).
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na desapropriação. Nessas hipóteses, a lei permite que a parte, que foi despojada
do seu direito de propriedade, possa reivindicá-lo e, diante da impossibilidade de
fazê-lo (ad impossibilia nemo tenetur), subjaz-lhe a ação de perdas e danos.
3 - A retrocessão é um direito real do ex-proprietário de reaver o bem expropriado,
mas não preposto a finalidade pública (Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de
Direito Administrativo, 17ª edição, pg. 784).
4 - A jurisprudência desta Corte considera a retrocessão uma ação de natureza
real (STJ: REsp nº 570.483/MG, rel. Min. Franciulli Netto, DJU 30/06/2004).
5 - Outrossim, o STF também assentou a natureza real da retrocessão:
"DESAPROPRIAÇÃO - Retrocessão - Prescrição - Direito de natureza real -
Aplicação do prazo previsto no art. 177 do CC e não do qüinqüenal do De.
20.910/32 - Termo inicial - Fluência a partir da data da transferência do imóvel ao
domínio particular, e não da desistência pelo Poder expropriante." (STF, ERE
104.591/RS, Rel. Min. Djaci Falcão, DJU 10/04/87)
6 - Consagrado no Código Civil, o direito de vindicar a coisa, ou as conseqüentes
perdas e danos, forçoso concluir que a lei civil considera esse direito real, tendo
em vista que é um sucedâneo do direito à reivindicação em razão da subtração da
propriedade e do desvio de finalidade na ação expropriatória” (REsp 623511/RJ).
10.2) Para Hely L. Meirelles trata-se de obrigação pessoal, razão por que é devida
ao antigo proprietário, mas não a seus herdeiros, sucessores e cessionários.
10.3) Se o bem foi aplicado a uma finalidade pública, mas, ulteriormente, foi dela
desligado, não cabe o ex-proprietário o direito de readquiri-lo.
11) Tresdestinação: corresponde ao desvio de finalidade havido na
desapropriação. É evidenciada pelo não-uso do bem ou porque a destinação
ulterior não corresponde à indicada no ato expropriatório.
“Veículo registrado pelo Detran, mas que veio a ser apreendido pela polícia por
ser objeto de furto. Não se pode impor ao Estado o dever de ressarcir o prejuízo,
conferindo-se ao certificado de registro de veículo, que é apenas título de
propriedade, o efeito legitimador da transação, e dispensando-se o adquirente de
diligenciar, quando da sua aquisição, quanto à legitimidade do título do vendedor.
Fora dos parâmetros da causalidade não é possível impor ao Poder Público o
dever de indenizar sob o argumento de falha no sistema de registro” (RE 215987).
“O princípio da responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos do
Poder Judiciário, salvo os casos expressamente declarados em lei. Orientação
assentada na jurisprudência do STF” (RE 219117, rel. Min. Ilmar Galvão).
“Os cargos notariais são criados por lei, providos mediante concurso público e os
atos de seus agentes, sujeitos à fiscalização estatal, são dotados de fé pública,
prerrogativa esta inerente à idéia de poder delegado pelo Estado. Legitimidade
passiva ad causam do Estado. Princípio da responsabilidade. Aplicação. Ato
praticado pelo agente delegado. Legitimidade passiva do Estado na relação
jurídica processual, em face da responsabilidade objetiva da Administração” (RE
212724, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 06/08/99).
“Agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da corporação militar:
incidência da responsabilidade objetiva do Estado, mesmo porque, não obstante
fora do serviço, foi na condição de policial-militar que o soldado foi corrigir as
pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da
CF, não exige que o agente público tenha agido no exercício de suas funções,
mas na qualidade de agente público” (RE 160401, rel. Min. Carlos Velloso).
“Responsabilidade civil objetiva do estado (CF, art. 37, § 6º). Policial Militar, que,
em seu período de folga e em trajes civis, efetua disparo com arma de fogo
pertencente à sua corporação, causando a morte de pessoa inocente.
Reconhecimento, na espécie, de que o uso e o porte de arma de fogo pertencente
à Polícia Militar eram vedados aos seus integrantes nos períodos de folga.
Configuração, mesmo assim, da responsabilidade civil objetiva do poder público.
Precedente (RTJ 170/631) (...)” (RE 291035/SP).
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Controle da Administração
Improbidade administrativa
Processo administrativo
1) O juiz natural do processo administrativo será aquele para quem tenha sido
deferido o poder disciplinar. Assim, se o agente público acha-se afastado de seu
cargo de origem, exercendo funções em outro órgão público, na ocorrência de
ilícito funcional, ao órgão de origem competirá o julgamento do processo
administrativo disciplinar. A vinculação hierárquica acompanha o servidor onde
quer que esteja; a disciplinar, porém, sempre estará vinculada à sua origem.
2) Princípios: legalidade objetiva, oficialidade, informalismo, verdade material e
garantia de defesa.
2.1) Legalidade objetiva: exige que o processo administrativo seja instaurado com
base e para preservação da lei.
2.2) Oficialidade ou impulsão: atribui sempre a movimentação do processo
administrativo à Administração, ainda que instaurado por provocação do particular;
uma vez iniciado, passa a pertencer ao Poder Público, a quem compete seu
impulsionamento, até a decisão final.
2.3) Informalismo: dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processo
administrativo, principalmente para os atos a cargo do particular. Bastam as
formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídica e à
segurança procedimental.
2.4) Verdade material: autoriza a Administração a valer-se de qualquer prova lícita
de que a autoridade processante ou julgadora tenha conhecimento, desde que a
faça trasladar para o processo.
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7.2) Sempre que a falta disciplinar for cometida pelo servidor e dela testemunhar o
superior hierárquico, ou tomar conhecimento inequívoco, e desde que venha a
ensejar sanção mais grave admitem alguns estatutos a imposição de sanção pela
verdade sabida. Essa não se coaduna com os princípios da CF.
7.3) Termo de declarações: é meio sumário de imposição de sanção, onde o
servidor, confessando a falta, aceita a sanção aplicável, desde que esta não exija
o processo administrativo disciplinar. Também não se coaduna com os princípios
da CF.
8) Demissão de estáveis: em virtude sentença judicial transitada em julgado;
mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei
complementar, assegurada ampla defesa (art. 41, § 1º, da CF).
8.1) A demissão de empregados regidos pela CLT não pode ser desmotivada,
carecendo da realização de processo administrativo que aponte a justificativa e a
convergência do interesse público.
9) Revisão: é o pedido de reexame da decisão, formulado por servidor que
recebeu penalidade administrativa, quando surgem fatos novos ou circunstâncias
suscetíveis de justificar a inocência ou inadequação da pena aplicada.
10) Obrigatoriedade de instauração do processo administrativo: sempre que
houver provocação do interessado, via direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV, “a”);
quando houver privação da liberdade ou de bens; restrição de direitos; aplicação
de sanções, concurso público e licitação.
Controle legislativo
Controle judiciário