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1. NOÇÕES GERAIS
O que se entende por Organização Administrativa?
o Conceito conjunto de normas que regem as competências, relações hierárquicas e as
formas de atuação dos órgãos e pessoas, no exercício da função administrativa
o O que se entende por Administração Pública?
Sentido formal (orgânico ou subjetivo) conjunto de órgãos e agentes estatais no
exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam
Critério objetivo-formal Administração Pública é analisada a partir do regime
jurídico adotado
Sentido objetivo-material função administrativa, devendo ser entendida como a
atividade administrativa exercida pelo Estado para a defesa concreta do interesse
público.
Sentido material (objetivo) função administrativa exercida pelo ente público
o José dos Santos Carvalho Filho função administrativa é a mais ampla dentre as funções
estatais, possuindo caráter residual
Quais são os princípios regentes da Administração Pública?
o Nível constitucional princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade e da eficiência
o Nível infraconstitucional Decreto-Lei 200.1967
Princípio do planejamento toda atividade estatal obedecerá a planejamento que
vise promover o desenvolvimento econômico-social do país e a segurança nacional
Princípio da coordenação deve haver a estruturação da atividade administrativa,
a fim de evitar a ocorrência de divergências e o desperdício de recursos
Princípio da descentralização administrativa atuação administrativa deve ser
pautada na eficiência e especialização das atividades
Princípio da delegação de competências:
Princípio do controle
o O Decreto-Lei 200.1967 foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei
ordinária
o Os princípios se aplicam a todos os entes da Administração Pública de todas as esferas de
governo
Como ocorre a prestação da atividade pública?
o Há 02 formas de prestação da atividade pública
Prestação centralizada atuação da Administração Direta (Administração
Centralizada)
Prestação descentralizada atuação da Administração Pública Indireta
(Administração Descentralizada)
o Há 02 fenômenos jurídicos distintos:
Desconcentração administrativa distribuição interna de competências entre
órgãos de uma mesma pessoa jurídica
Não há criação de novas pessoas jurídicas
Baseia-se no princípio da hierarquia (relação de subordinação)
Pode ocorrer pelos critérios de matéria, hierarquia e territorialidade
A desconcentração pode ocorrer tanto na Administração Direta como na
Administração Indireta
Descentralização administrativa prestação de atividade pública de forma
descentralizada, mediante a criação de novas pessoa jurídicas
Baseia-se no princípio da tutela, pois não há relação de subordinação,
mas de vinculação (controle administrativo finalístico, tutela ou supervisão
ministerial)
A descentralização pode ocorrer de 03 formas
Descentralização por outorga descentralização por serviços,
descentralização funcional ou delegação legal
o Ocorre mediante lei específica
o Transfere-se a titularidade e a execução da atividade pública
para a pessoa jurídica
Descentralização por delegação descentralização por colaboração ou
delegação negocial
o Ocorre mediante a celebração de contratos ou por atos
administrativos unilaterais
o Transfere-se apenas a execução do serviço
Descentralização geográfica ou territorial criação de entidade
geograficamente limitada, dotada de personalidade jurídica de direito
público, com capacidade administrativa e possibilidade de execução de
atividades estatais em caráter geral
o Vide Territórios Federais
o Qual é a abrangência da descentralização por serviços e a descentralização por delegação?
1ª corrente Descentralização por serviços só pode ser feita a pessoas jurídicas de
direito público
Descentralização por meio da criação de pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública seria descentralização por
delegação
A descentralização por delegação poderia ser feita por meio de lei
2ª corrente Descentralização por serviços abrange as pessoas jurídicas de direito
privado que integram a Administração Pública, de modo que a descentralização por
delegação só é feita a particulares
O que se entende por Administração Pública Direta?
o Conceito conjunto de órgãos que compõem as pessoas federativas, desempenhando a
atividade administrativa de forma centralizada
o A Administração Direta abrange todos os órgãos dos Poderes Políticos das pessoas
federativas, cuja competência seja exercer a atividade administrativa
o Qual é a estrutura da Administração Direta na esfera federal?
Executivo Presidência da República, incluindo a Casa Civil e órgãos de
assessoramento imediato (vide Advocacia-Geral da União) e os Ministérios
Poder Legislativo e o Tribunal de Contas
Poder Judiciário e o Ministério Pública
o Como ocorre a relação entre a Administração Pública e suas unidades funcionais?
Teoria do mandato agentes seriam mandatários do Estado (teoria do mandato)
Estado é despido de vontade, não podendo outorgar mandato
Teoria da representação agentes são representantes do Estado (teoria da
representação)
Estado estaria sendo considerado uma pessoa incapaz
Se o representante exorbitasse os poderes concedidos, não seria
possível responsabilizar o Estado
Teoria do órgão (Otto Von Gierke) vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída
aos órgãos que a compõem
Princípio da imputação volitiva vontade do órgão público é imputada à
pessoa jurídica a cuja estrutura ele pertence
o Relação externa pessoa jurídica e outras pessoas
o Relação interna órgão e a pessoa jurídica englobante
Há 03 teorias de caracterização do órgão:
o Teoria subjetiva órgãos públicos são o próprio agente público
o Teoria objetiva órgão público é a unidade funcional da
organização administrativa
o Teoria eclética círculo de competência e o agente público
exercente
Como são criados, organizados e extintos os órgãos?
o A criação e a extinção dos órgãos jurídicos dependem de lei, de iniciativa do chefe do
Poder Executivo
o Quanto à organização, admite-se, excepcionalmente, a edição decreto regulamentar pelo
Chefe do Poder Executivo, desde que não enseje a criação ou a extinção de cargos, nem o
aumento de despesas
Artigo 84, VI, da CF Compete privativamente ao Presidente da República dispor,
mediante decreto, sobre
organização e funcionamento da administração federal
o quando não implicar aumento de despesa
o nem criação ou extinção de órgãos públicos
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
o Os órgãos públicos possuem personalidade jurídica?
Regra Os órgãos são entes despersonalizados que integram as pessoas jurídicas,
não possuindo capacidade processual
Exceção teoria da institucionalização, segundo a qual, embora não possuam
personalidade jurídica, alguns órgãos gozam de capacidade processual ativa, em
defesa de sua atuação institucional (personalidade judiciária)
Súmula 525 do STJ A Câmara dos Vereadores não possui personalidade
jurídica, somente podendo demandar em juízo para defender seus direitos
institucionais
o O TJ pode atuar em juízo?
O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria, detém
legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato do
Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional. STF. 1ª Turma. MS
34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848).
Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o
repasse dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário.
o A personalidade judiciária da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa é ampla? Elas
podem atuar em juízo em qualquer caso?
NÃO. Elas até podem atuar em juízo, mas apenas para defender os seus interesses
estritamente institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão.
o A Câmara dos Vereadores ajuizou ação contra a União pedindo que esta liberasse os
repasses do Fundo de Participação do Município (FPM) que tinham sido retidos. A Câmara
possui legitimidade ativa para essa demanda?
NÃO. Para se aferir se a Câmara de Vereadores tem legitimação ativa, é necessário
analisar se a pretensão deduzida em juízo está, ou não, relacionada a interesses e
prerrogativas institucionais do órgão. Para o STJ, uma ação pedindo a liberação de
FPM é uma pretensão de interesse apenas patrimonial do Município e que,
portanto, não está relacionado com a defesa de prerrogativa institucional da
Câmara Municipal. STJ. 2ª Turma. REsp 1429322-AL, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 20/2/2014 (Info 537).
Quais são as espécies de órgãos públicos?
o Quanto à hierarquia
Independentes órgãos que não estão hierarquicamente subordinados a nenhum
outro
Têm origem constitucional e representam cada um dos Poderes do
Estado
São exercidos por agentes políticos
Sujeitam-se apenas ao controle estrutural dos demais Poderes do
Estado
Autônomos órgãos imediatamente subordinados aos órgãos independentes
Gozam de ampla autonomia administrativa e financeira (vide Ministérios
e Secretaria)
São órgãos diretivos, com funções de coordenação e planejamento
Superiores possuem apenas o poder de direção e controle sobre assuntos
específicos de sua competência
Não possuem autonomia ou independência, mas ainda conservam o
poder de decisão
Subalternos órgãos com reduzido poder de decisão, destinando-se à execução
das atividades administrativas
o Quanto à situação estrutural:
Diretivos possuem funções de comando e direção
Subordinados incumbidos de funções rotineiras de execução
o Quanto à atuação funcional
Singular (órgãos unipessoais) atuam pela manifestação de vontade de um único
agente (SINGUNIP)
Coletivos compostos por vários agentes
Órgãos de representação unitária exteriorização da vontade do
dirigente do órgão é suficiente para consubstanciar a vontade do órgão
Órgãos de representação plúrima (colegiado) exteriorização da vontade
do órgão exige a pluralidade de vontades (colegiados)
o Quanto à estrutura
Órgãos simples (órgãos unitários) possuem apenas uma unidade de competência,
sendo irrelevante o número de agentes públicos (SIMPUNIT)
Órgãos compostos órgãos com uma pluralidade de unidades de competência
o Quanto às funções
Ativos atuam diretamente no exercício da função administrativa
Consultivos função de aconselhamento da atuação dos demais órgãos,
De controle atuam no controle dos demais órgãos
o Quanto ao âmbito de atuação
Centrais possuem competência em toda a área da pessoa jurídica que integram
Locais possuem competência para atuação apenas em determinado ponto do
território daquela pessoa jurídica
2. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
O que se entende por Administração Indireta?
o Conceito conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à Administração Direta,
têm o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de forma descentralizada
Administração Indireta é composta por pessoas jurídicas, que são constituídas a
partir da descentralização da atividade estatal.
o Há 02 fenômenos distintos
Descentralização política pessoa descentralizada possui competência para a
elaboração das próprias leis
Descentralização administrativa Criação de entes personalizados com capacidade
de autoadministração e autogestão
o A criação de pessoas jurídicas (descentralização) pode ocorrer em todos os poderes
estruturais do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário)
o São características comuns às entidades que compõem a Administração Pública
Personalidade jurídica própria, de modo que possuem patrimônio e receita
próprios, capacidade de autoadministração e capacidade processual
A criação de tais entidades depende de lei (princípio da reserva legal)
Autarquias e às fundações públicas de Direito Público criação por lei
Entidades privadas que compõem a Administração Indireta autorização
legal, de modo que a criação da entidade exige o registro dos atos
constitutivos no órgão competente
Artigo 37, XIX, da CF Somente por lei específica poderá ser
o criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública
o de sociedade de economia mista e de fundação
o cabendo à lei complementar, neste último caso
o definir as áreas de sua atuação
Artigo 37, XX Depende de autorização legislativa, em cada caso
o a criação de subsidiárias das entidades
o mencionadas no inciso anterior
o assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
A extinção de tais entidades também depende de lei, conforme o princípio da
simetria das formas
Possuem finalidades públicas definidas em lei (princípio da especialidade)
A lei criadora ou autorizadora define a finalidade da entidade, de modo
que não se pode exercer livremente qualquer função, vinculando-se ao
disposto em lei
Submetem-se ao controle da Administração Direta a qual se vinculam (Princípio
do Controle)
o Decreto pode extinguir colegiado previsto em lei, se ele não explicitar a competência da
entidade?
É proibida a extinção, por ato unilateralmente editado pelo chefe do Poder
Executivo, de colegiado cuja existência encontre menção em lei em sentido formal,
ainda que ausente a expressa referência “sobre a competência ou a composição”.
STF. Plenário. ADI 6121 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12 e 13/6/2019
(Info 944).
o São indevidos, mediante decreto, o remanejamento dos cargos em comissão destinados
aos peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), a
exoneração de seus ocupantes e a transformação dessa atividade em prestação de serviço
público relevante não remunerado. O Decreto nº 9.831/2019, ao transformar o trabalho dos
membros do MNPTC em serviço não remunerado, exonerando-os dos cargos em comissão
que ocupavam, alterou de forma substancial a forma de execução das atividades voltadas à
prevenção e ao combate à tortura exercidas pelo órgão, que demandam dedicação, tempo e
apoio logístico e que dificilmente serão realizadas em concomitância a outras atividades
remuneradas. Essas medidas esvaziam a estrutura de pessoal técnico do órgão, na medida
em que impossibilitam que o trabalho seja feito com dedicação integral e desestimula
profissionais especializados a integrarem o corpo técnico.
o STF. Plenário. ADPF 607/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/3/2022 (Info 1048).
o Como é realizado o controle sobre as entidades da Administração Indireta?
O controle exercido sobre as pessoas jurídicas da Administração Pública Indireta
é um controle sobre os resultados (controle finalístico)
O controle enseja uma relação de vinculação, e não de subordinação (hierarquia)
O controle é exercido com base em 04 aspectos
Controle político indicação e nomeação dos dirigentes das entidades
Controle institucional vinculação da atuação com os fins delineados na
lei de criação da entidade
Controle administrativo supervisão da atuação dos agentes
Controle financeiro
No âmbito federal, o controle é exercido por meio da supervisão ministerial.
(Decreto-Lei 200-1967), de modo que as entidades são vinculadas aos Ministérios
ou Secretarias com competência sobre a área de atuação
3. AUTARQUIAS
O que são autarquias?
o Conceito pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta,
criadas por lei, que desempenham funções próprias e típicas do Estado, destituídas de
caráter econômico
Decreto-Lei 200.1967 Serviço autônomo criado por lei
Com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios
Para executar atividades típicas da Administração Pública
Que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada
Exemplo INSS, INCRA, Banco Central, IBAMA
É constitucional a Lei Complementar nº 179/2021, que definiu os objetivos
e conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil, além de ter tratado sobre
a nomeação e a exoneração de seu presidente e de seus diretores. Não
ficou caracterizada qualquer violação ao devido processo legislativo na
tramitação do projeto que deu origem a essa lei, não tendo havido afronta
à iniciativa reservada do Presidente da República. STF. Plenário. ADI
6696/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 26/8/2021 (Info 1027).
o O que se entende por atividade típica da Administração?
José dos Santos Carvalho Filho serviços públicos de natureza social e as
atividades administrativas, excluindo-se os serviços e atividades de cunho
econômico e mercantil
Como ocorre a criação e a extinção das autarquias?
o A criação e a extinção das autarquias dependem de lei, de iniciativa reservada do Chefe
do Poder Executivo
o A organização das entidades pode ser feita por meio de decreto, desde que não implique
o aumento de gastos, ou a criação e extinção de cargos públicos
o Quais são as espécies de autarquias?
Quanto ao tipo de descentralização
Autarquias territoriais decorrem de desmembramentos geográficos
Autarquias institucionais decorrem da criação de pessoas jurídicas
Quanto ao nível federativo federais, estaduais, distritais ou municipais
STF impossibilidade de criação de autarquias interestaduais mediante a
convergência de diversas unidades federativas
Lei 11.107.2005 consórcios públicos que adquiram a personalidade
jurídica de direito público passam a integrar a Administração Indireta de
todos os entes federativos consorciados
Quanto ao objeto
Autarquias assistenciais visam dispensar auxílio a regiões menos
desenvolvidas ou a categorias sociais específicas (vide o INCRA)
Autarquias previdenciárias
Autarquias culturais
Autarquias profissionais (corporativas)
Autarquias de controle (vide as agências reguladoras)
Autarquias associativas (associações públicas)
Autarquias administrativas (categoria residual)
o Quanto ao regime
Autarquias comuns autarquias de regime comum
Autarquias especiais autarquias de regime especial
Qual é o regime jurídico das autarquias
o Patrimônio bens pertencentes às autarquias são bens públicos, de modo que possuem as
seguintes características
Impenhoráveis impossibilidade de penhora judicial
Não oneráveis não se submetem aos direitos reais de garantia)
Imprescritíveis não se submetem a usucapião
Alienabilidade condicionada necessidade de desafetação
o Regime de Pessoal regime estatutário
Redação originária da Constituição Federal obrigatoriedade de um regime
jurídico único
Emenda Constitucional 19.1998 abolição do regime jurídico único, admitindo-se
o ingresso de servidores celetistas nas autarquias, de modo que o regime de pessoa
passou a ser misto
ADI 2135 STF suspendeu a eficácia do dispositivo, ensejando o retorno
da redação anterior
o Controle autarquias são controladas pela Administração Pública Direta a qual se vinculam
(controle finalístico)
Sujeitam-se ao controle do Tribunal de Contas
Os atos podem ser impugnados por meio de mandado de segurança?
STJ Autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e
personalidade jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão
vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para
figurar como autoridades coatoras em Mandados de Segurança.
o Foro dos Litígios 02 hipóteses
Autarquias Federais Justiça Federal
Obs.: Excluem-se da competência da JF as causas relativas à falência,
acidente de trabalho e sujeitas à Justiça Eleitoral e do Trabalho
Súmula 270-STJ O protesto pela preferência de crédito, apresentado por
ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a
competência para a Justiça Federal.
Autarquias Estaduais e Municipais Justiça Estadual
Relações de Trabalho Justiça Comum (Estadual ou Federal)
o Atos e Contratos Os atos e contratos exarados pelas autarquias são submetidos ao regime
de direito público
Os contratos possuem as cláusulas exorbitantes
Os atos gozam dos atributos de presunção de veracidade e de legitimidade, bem
como a imperatividade e a exigibilidade
o Responsabilidade Civil regime de responsabilidade objetiva (regra)
Atos omissivos parte da doutrina defende que haverá responsabilidade subjetiva
Os entes da Administração Direta serão subsidiariamente responsáveis pelos
danos causados pela entidade
o Regime Tributário gozam de imunidade tributária recíproca
A imunidade aplica-se apenas aos impostos
A imunidade é condicionada, somente se aplicando ao patrimônio, renda e
serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às que delas decorram
o Prazo prescricional prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/1932 e na Lei
9.494.1997
Código Civil de 1916 o prazo prescricional para as ações de reparação civil era de
10 anos, de modo que as legislações aplicáveis à Fazenda Pública estabeleceram um
benefício em favor dessas entidades
CC 2002 prescrição trienal para as ações de reparação civil
1ª corrente aplicação do prazo previsto no Código Civil
2ª corrente (majoritária) manutenção da regra do Decreto 20.910/1932
o Quais são os privilégios Processuais
As autarquias gozam dos privilégios processuais atribuídos à Fazenda Pública
Possuem prazo dilatado para manifestações processuais
O entendimento não se aplica a procedimentos especiais, como o
mandado de segurança e o Habeas Data
Gozam de garantia do duplo grau de jurisdição obrigatório
Não estão submetidas à exigência de adiantamento de custas
O entendimento não se aplica aos honorários periciais
Súmula 232 do STJ A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica
sujeita à exigência de depósito prévio dos honorários do perito
A Fazenda Pública, entretanto, deve pagar custas e honorários de
sucumbência
Os créditos autárquicos devem ser cobrados por meio de execução fiscal
Os débitos judicias de tais entidades são pagos mediante precatórios
4. AUTARQUIAS PROFISSIONAIS
O que são autarquias profissionais (conselhos profissionais)
o Conceito entidades autárquicas que realizam o controle e a fiscalização sobre o exercício
de determinada atividade profissional
o Qual é a natureza de tais entidades?
Nesse sentido, os Conselhos Profissionais são criados por lei e possuem
personalidade jurídica de direito público, exercendo uma atividade tipicamente
pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional. Os Conselhos são dotados
de poder de polícia e poder arrecadador. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 09/06/2015.
STJ Os conselhos de fiscalização profissionais possuem natureza jurídica de
autarquias federais, sujeitando-se, portanto, ao regime jurídico de direito público.
Qual é o regime jurídico de contratação dos “funcionários” dos Conselhos Profissionais: estatutário ou
celetista?
o Entendimento tradicional regime estatutário
o Entendimento atual possibilidade de adoção do Regime celetista
Os Conselhos Profissionais, enquanto autarquias corporativas criadas por lei com
outorga para o exercício de atividade típica do Estado, tem maior grau de
autonomia administrativa e financeira, constituindo espécie sui generis de pessoa
jurídica de direito público não estatal, a qual não se aplica a obrigatoriedade do
regime jurídico único preconizado pelo art. 39 da CF/88 (regime jurídico único). Em
razão da natureza peculiar dos Conselhos Profissionais, permite-se o afastamento
de algumas das regras ordinárias impostas às pessoas jurídicas de direito público.
STF. Plenário. ADC 36, Rel. Cármen Lúcia, Rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes,
julgado em 08/09/2020.
o Os Conselhos Profissionais precisam realizar concurso público?
SIM. Como os Conselhos de Fiscalização Profissional têm natureza jurídica de
autarquia, devem ser aplicados aos seus servidores os arts. 41 da CF/88 e 19 do
ADCT, razão pela qual não podem ser demitidos sem a prévia instauração de
processo administrativo. Assim, o servidor de órgão de fiscalização profissional não
pode ser demitido sem a prévia instauração de processo administrativo disciplinar.
STF. 2ª Turma. RE 838648 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 07/04/2015.
o Os Conselhos Profissionais podem cobrar anuidade?
STJ Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões
regulamentadas, inclusive no que concerne à cobrança de anuidades e à aplicação
de sanções.
o Qual a natureza das anuidades cobradas por essas entidades?
STJ As anuidades devidas aos conselhos profissionais constituem contribuição de
interesse das categorias profissionais, de natureza tributária, sujeita a lançamento
de ofício.
STJ A partir da vigência da Lei n. 12.514/2011, o fato gerador para a cobrança de
anuidades de órgão de fiscalização profissional é o registro no conselho e não mais
o efetivo exercício da profissão.
o Qual é o prazo prescricional da cobrança?
Redação original da Lei 14.195/2021 4 vezes o valor anual
Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas referentes a
anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da
pessoa física ou jurídica inadimplente.
STJ inaplicabilidade do Art. 8º da Lei 12.514/2011 às ações já em
trâmite, quando da entrada em vigor do referido diploma.
STJ O prazo prescricional para cobrança de anuidades pagas aos
conselhos profissionais tem início somente quando o total da dívida inscrita
atingir o valor mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades, conforme
disposto no art. 8º da Lei n. 12.514/2011.
Redação atual 5 vezes o valor anual
Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas, de quaisquer
das origens previstas no art. 4º desta Lei, com valor total inferior a 5
(cinco) vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei,
observado o disposto no seu § 1º
TRF4 arquivamento das execuções fiscais com valor inferior ao fixado
pela Lei 14.195/2021, ainda que ajuizadas anteriormente
o Como deve ser efetuada a cobrança?
STJ Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por
Conselho de Fiscalização Profissional.
Súmula 583-STJ O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002, dirigido aos débitos inscritos como dívida ativa da União pela
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, não se aplica às
execuções fiscais movidas pelos conselhos de fiscalização profissional ou pelas
autarquias federais.
STJ Em execução fiscal ajuizada por conselho de fiscalização profissional, seu
representante judicial possui a prerrogativa de ser pessoalmente intimado.
Na Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80), existe uma previsão expressa
que determina que qualquer intimação ao representante judicial da
Fazenda Pública será feita pessoalmente:
Art. 25. Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da
Fazenda Pública será feita pessoalmente. A expressão Fazenda Pública
abrange os entes federativos e suas respectivas autarquias e fundações de
direito público. Os conselhos de fiscalização profissionais possuem
natureza jurídica autárquica. Em razão de os conselhos de fiscalização
profissional terem a natureza jurídica de autarquia, seus representantes
judiciais também possuem a prerrogativa de, em execução fiscal, serem
intimados pessoalmente, conforme impõe o art. 25 da Lei nº 6.830/80. STJ.
1ª Seção. REsp 1330473-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em
12/6/2013 (Recurso Repetitivo - Tema 580) (Info 526).
o É possível a suspensão do exercício profissional em razão da inadimplência das anuidades?
É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do
exercício laboral de seus inscritos por inadimplência de anuidades, pois a medida
consiste em sanção política em matéria tributária. STF. Plenário. RE 647885, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 732) (Info
978).
o Os conselhos profissionais podem registrar seus veículos como carros oficiais?
NÃO. Os conselhos de fiscalização profissional não possuem autorização para
registrar os veículos de sua propriedade como oficiais. STJ. 1ª Turma. AREsp
1.029.385-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 05/12/2017 (Info 619).
STJ Os conselhos de fiscalização profissionais não podem registrar seus veículos
como oficiais porque compõem a administração pública indireta e o §1º do art. 120
do Código de Trânsito Brasileiro - CTB autoriza apenas o registro de veículos oficiais
da administração direta.
o Os privilégios processuais da Fazenda Pública se aplicam aos conselhos profissionais?
Regra SIM
Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de
autarquias e, dessa forma, possuem as prerrogativas processuais
conferidas à Fazenda Pública. STJ. 2a Turma. AgRg no Ag 1388776/RJ, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 07/06/2011.
Exceção 01 regime de precatórios
Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos
Conselhos de Fiscalização não se submetem ao regime de precatórios. STF.
Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).
Exceção 02 isenção de custas
Os Conselhos Profissionais, apesar de sua natureza autárquica, não estão
isentos do pagamento de custas judiciais, conforme previsão expressa do
art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 9.289/96. STF. 1ª Turma. RMS 33572 AgR,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/08/2016.
Exceção 03 legitimidade constitucional
. Os Conselhos Federais de Fiscalização Profissional (ex: Conselho Federal
de Corretores de Imóveis – COFECI) não podem propor ações de controle
concentrado de constitucionalidade porque não estão no rol do art. 103
da CF/88, que é taxativo. STF. Plenário. ADC 34 AgR, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 05/03/2015.
o Os Conselhos de Fiscalização Profissional podem ajuizar ação civil pública?
SIM. O art. 5º da Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP) elencou o rol dos legitimados
concorrentes para a propositura de ação civil pública, nos quais se incluem as
autarquias, em cuja categoria estão os Conselhos profissionais. STJ. 2ª Turma. REsp
1388792/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/05/2014.
Para o exercício de profissão, é necessário que a pessoa se inscreva no respectivo Conselho
Profissional?
o Regra NÃO
A atividade de músico prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação
artística protegida pela garantia da liberdade de expressão. Logo, para que o músico
exerça sua profissão não é indispensável a sua prévia inscrição na Ordem dos
Músicos do Brasil. STF. Plenário. RE 414426, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em
01/08/2011.
O exercício da profissão de técnico ou treinador profissional de futebol não se
restringe aos profissionais graduados em Educação Física, não havendo
obrigatoriedade legal de registro junto ao respectivo Conselho Regional. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.650.759-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/4/2017 (Info
607).
O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige o registro no
Conselho Regional de Educação Física. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1767702-SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 29/06/2020 (Info 677).
STJ Não há comando normativo que obrigue a inscrição de professores e de
mestres de artes marciais, ou mesmo de danças, de capoeira e de ioga, nos
Conselhos de Educação Física, porquanto, à luz do que dispõe o art. 3º da Lei n.
9.696/1998, essas atividades não são próprias dos profissionais de educação física.
STJ As empresas de factoring convencional não precisam ser registradas nos
conselhos regionais de administração, visto que suas atividades são de natureza
eminentemente mercantil, ou seja, não envolvem gestões estratégicas, técnicas e
programas de execução voltados a um objetivo e ao desenvolvimento de empresa.
STJ Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho Regional de
Medicina Veterinária, nem à contratação de profissionais nele inscritos como
responsáveis técnicos, as pessoas jurídicas que explorem as atividades de
comercialização de animais vivos e de venda de medicamentos veterinários, pois
não são atividades reservadas à atuação privativa de médico veterinário.
STJ O registro de restaurantes e de bares no Conselho Regional de Nutrição e a
presença de profissional técnico (nutricionista) não são obrigatórios, pois a
atividade básica desses estabelecimentos não é a fabricação de alimentos
destinados ao consumo humano (art. 18 do Decreto n. 84. 444/1980), nem se
aproxima do conceito de saúde trazido pela legislação específica.
Súmula 79-STJ Os bancos comerciais não estão sujeitos a registro nos Conselhos
Regionais de Economia.
STJ Não é atividade privativa do médico a função de diagnosticar doenças e
prescrever tratamentos. A correta interpretação sistemática e histórica mostra que
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, sem ingressar no campo médico, podem
fazer diagnóstico e solicitação de exames para tratamento de doenças no escopo de
suas respectivas áreas de atuação
o Exceção quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em
conselho de fiscalização profissional
o Técnicos em farmácia podem ser responsáveis técnicos em drogarias?
Segundo o STJ, é facultado aos técnicos de farmácia, regularmente inscritos no
Conselho Regional de Farmácia, a assunção de responsabilidade técnica por
drogaria, independentemente do preenchimento dos requisitos previstos nos arts.
15, § 3º, da Lei n. 5.991/73, c/c o art. 28 do Decreto n. 74.170/74 , entendimento
que deve ser aplicado até a entrada em vigor da Lei n. 13.021/2014. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.243.994-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017 (recurso
repetitivo) (Info 611).
Súmula 120-STJ O oficial de farmácia, inscrito no conselho regional de farmácia,
pode ser responsável técnico por drogaria (até a lei 13.021/2014)
Súmula 275-STJ O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por
farmácia ou drogaria.
Mesmo com a inovação trazida pela Lei n. 13.021/2014, é desnecessária a presença
de farmacêutico em dispensário de medicamentos em pequena unidade hospitalar.
Apesar da inovação legislativa, não foi superada a tese firmada no RESP
1.110.906/SP (Tema 483 do STJ - Repetitivo). STJ. 2ª Turma. AREsp 1.985.200; Proc.
2021/0295410-0; SP; Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26/09/2022.
o Ao técnico em contabilidade que tenha concluído o curso após a edição da Lei nº
12.249/2010 é assegurado o direito de se registrar no Conselho de Classe até 1º de junho de
2015, sem que lhe seja exigido o Exame de Suficiência, sendo-lhe, dessa data em diante,
vedado o registro. STJ. 1ª Turma. REsp 1.659.767-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
18/08/2020 (Info 677).
O exame de suficiência, criado pela Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos
em contabilidade que completarem o curso após sua vigência. Tais profissionais não
estão sujeitos à regra de transição prevista no art. 12, § 2º do referido diploma. STJ.
2ª Turma. AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
19/10/2020.
o Por outro lado, o farmacêutico pode acumular responsabilidade por estabelecimentos
diversos?
Súmula 413-STJ O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por
uma farmácia e uma drogaria ou por duas drogarias.
o De quem é a competência para aplicar multas às empresas do ramo farmacêutico que
descumprirem a obrigação legal de manterem profissionais habilitados durante todo o
horário de funcionamento dos estabelecimentos?
Súmula 561-STJ Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para
fiscalizar e autuar as farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência
de manter profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período
de funcionamento dos respectivos estabelecimentos.
o É possível a previsão de atividades privativas dos nutricionistas?
É constitucional a expressão “privativas”, contida no caput do art. 3º da Lei nº
8.234/91, que regulamenta a profissão de nutricionista, respeitado o âmbito de
atuação profissional das demais profissões regulamentadas. STF. Plenário. ADI
803/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/9/2017 (Info 879).
Qual é a natureza da OAB?
o A OAB não possui natureza autárquica, funcionando como serviço público independente,
não integrante da Administração Indireta, consistindo em categoria ímpar no elenco das
personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro
o Quais são as peculiaridades do regime jurídico da OAB?
Não se submetem à exigência de concurso público para a admissão de pessoal
O regime de pessoal é regido pela CLT
o As anuidades da OAB possuem natureza tributária?
STJ NÃO
Os créditos decorrentes da relação jurídica travada entre a OAB e os
advogados não compõem o erário e, consequentemente, não têm natureza
tributária. STJ. 1ª Turma. REsp 1574642/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 16/02/2016
STF SIM
As anuidades cobradas pelos conselhos profissionais caracterizam-se como
tributos da espécie contribuições de interesse das categorias profissionais,
nos termos do art. 149 da Constituição da República. STF. Plenário. RE
647885, Rel. Edson Fachin, julgado em 27/04/2020.
STJ A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, embora possua natureza
jurídica especialíssima, submete-se ao disposto no art. 8º da Lei n.
12.514/2011, que determina que os conselhos de classe somente
executarão dívida de anuidade quando o total do valor inscrito atingir o
montante mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades.
o Qual é o foro dos litígios envolvendo a OAB
Devem ser propostas perante a Justiça Federal
o É possível que o chefe do Poder Executivo estadual convide, em consenso com a OAB, um
representante da Ordem para integrar órgão da Administração. Isso é válido. No entanto, a
lei não pode impor a presença de representante da OAB (“autarquia federal”) em órgão da
Administração Pública local. STF. Plenário. ADI 4579/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
13/2/2020 (Info 966).
5. AGÊNCIAS REGULADORAS
O que são agências reguladoras?
o Conceito Entes administrativos independentes, com alto grau de especialização,
integrantes da estrutura formal da Administração Pública Indireta, instituídas como
autarquias sob regime especial (regra), com a função de regular uma atividade econômica ou
um serviço público, devendo atuar com a maior autonomia possível em face do Poder
Público e independência diante das partes interessadas
o Qual é a origem das agências reguladoras?
Direito estadunidense independent agencies ou independent regulatory
agencies, que se destinam à regulação econômica e social
Sistema europeu processo de desestatização da economia, a partir da década de
1970
o Brasil a partir da década de 1990, quando se estimulou a diminuição do papel do Estado
na órbita econômica
O modelo de agências reguladoras no Brasil se aproxima mais do modelo
europeu, sendo decorrência da diminuição do papel do Estado na Economia
A Constituição não se refere expressamente às agências reguladoras, mas prevê
a criação de órgãos reguladores nos serviços de telecomunicações e no âmbito do
petróleo.
o Quais são as características das agências reguladoras?
Exercício de função regulatória
Instrumentos legais de previsão de autonomia
Indicação dos dirigentes pautada em critérios técnicos
Mandato com prazo certo dos dirigentes
Amplo poder normativo no que concerne às áreas de sua competência
Submissão ao controle judicial e administrativo, nos mesmos termos que os
demais entes da Administração Pública
Autonomia de gestão e fontes próprias de recursos
Inexistência de instância revisora de seus atos no âmbito administrativo
Enunciado 25 do CJF A ausência de tutela a que se refere o art. 3º,
caput, da Lei 13.848/2019 impede a interposição de recurso hierárquico
impróprio contra decisões finais proferidas pela diretoria colegiada das
agências reguladoras, ressalvados os casos de previsão legal expressa e
assegurada, em todo caso, a apreciação judicial, em atenção ao disposto
no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.
o É constitucional lei que exige a aprovação de dirigente de agência reguladora?
É CONSTITUCIONAL lei estadual que prevê que os dirigentes de determinada
agência reguladora somente poderão ser nomeados após previamente aprovados
pela Assembleia Legislativa. Por outro lado, é INCONSTITUCIONAL a lei estadual que
estabelece que os dirigentes de agência reguladora somente poderão ser
destituídos de seus cargos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem
qualquer participação do Governador do Estado. Essa previsão viola o princípio da
separação dos poderes (at. 2º da CF/88). STF. Plenário. ADI 1949/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 17/9/2014 (Info 759).
o Quais são as espécies de agências reguladoras?
Agências que regulam a prestação de serviços públicos vide ANEEL, ANTT,
ANTAQ, ANATEL, ANA
Agências que regulam atividades de fomento ANCINE
Agências que regulam a exploração de atividades econômicas ANP e ANM
Agências que regulam serviços de utilidade pública ANS e ANVISA
Como é exercido o poder normativo das agências reguladoras?
o As agências reguladoras possuem poder normativo técnico, porquanto recebem das leis a
competência para editar normas técnicas complementares
“regulamentos autorizados” ou “regulamentos delegados”
o Deslegalização fenômeno por meio do qual é atribuído, mediante lei, poder normativo a
entes administrativos, dada a impossibilidade de o legislador disciplinar todas as questões
necessárias
Descongelamento do grau hierárquico matéria que seria regulada por lei passa a
ser tratada por meio de atos infralegais, “descongelando-se”, portanto, o grau
hierárquico.
o Qual o limite da atividade normativa das agências reguladoras?
A possibilidade de edição deve estar expressamente prevista em lei
Os regulamentos não se limitam a dar fiel execução à lei, complementando suas
disposições
As delegações legais devem ser feitas com base em diretrizes claras (delegation
with standards)
Os atos normativos se submetem ao controle normativo e judicial
o Os atos normativos das agências reguladoras podem dispor sobre matérias submetidas à
reserva de lei complementar?
Não, porquanto se trata de uma reserva constitucional de competência, não
podendo ser ressalvada por meio de legislação ordinária
o É possível a previsão de multas em resoluções de agências reguladoras?
Não há violação do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas em
resoluções criadas por agências reguladoras, haja vista que elas foram criadas no
intuito de regular, em sentido amplo, os serviços públicos, havendo previsão na
legislação ordinária delegando à agência reguladora competência para a edição de
normas e regulamentos no seu âmbito de atuação. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
825776/SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016.
o Como ocorre a incidência dos juros de mora?
(i) Regra A partir do vencimento
STJ A dívida decorrente de multa imposta por agência reguladora deve
ser acrescida de juros de mora, contados a partir do dia seguinte ao
vencimento da obrigação. A interposição de recurso administrativo contra
a punição não é suficiente para afastar a incidência dos encargos legais.
(ii) Exceção ANPP
STJ Os juros e a multa moratórios incidentes sobre punição imposta pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como
resultado da sua ação fiscalizadora só começam a correr 30 dias depois da
data em que foi proferida a decisão administrativa definitiva.
Essa diferença é causada pelo fato de o termo inicial da incidência dos juros
e da multa moratória sobre a penalidade imposta pela ANP ser regido por
normal especial: Lei 9.847/1999, que cuida da fiscalização das atividades
relativas ao abastecimento nacional de combustíveis.
o Os atos administrativos das agências reguladoras podem sofrer controle judicial?
SIM, no que concerne aos aspectos de legalidade dos atos, excepcionando-se:
aspectos discricionários do ato (Princípio da Insindicabilidade do Mérito
Administrativo)
atos de governo (objeto do Direito Constitucional e da Ciência Política)
o O que se entende por Doutrina Chenery e por Doutrina Chevron?
Doutrina Chenery teoria proveniente do direito anglo-saxão, segundo a qual, no
âmbito de atos administrativos discricionários e atos de governo especialmente
fundamentados em prévias pesquisas técnicas, o Poder Judiciário se encontra
duplamente limitado, em face do déficit democrático
Vinculação aos fundamentos elencados pela Administração para o
embasamento do ato administrativo discricionário
Inviabilidade dos aspectos discricionários do ato, em respeito à
autoridade granjeada ao Poder Público para decidi-los, visto que o Poder
Judiciário não possui a expertise necessária para compreender as
consequências econômicas e políticas de tais medidas
Doutrina Chevron doutrina foi desenvolvida no âmbito da Suprema Corte dos
EUA
caso Chevron, U.S.A., Inc. v. NRDC Suprema Corte dos EUA estabeleceu
um modelo de teste legal com vistas a determinar se deve conferir
deferência à interpretação dada por uma agência governamental
O teste judicial deve ser feito a partir de 02 etapas
o 1ª fase verificar se a lei é clara quanto ao assunto em discussão.
Se a lei é clara dever de o juiz aplicar a lei e não será
dada deferência
o 2ª fase Se a lei não for clara, não deve o Tribunal realizar a sua
interpretação da vagueza ou ambiguidade legal, mas avaliar se a
decisão da agencie foi razoável
o O TCU pode exercer controle sobre as agências reguladoras?
A agência reguladora é tida pela doutrina majoritária enquanto uma entidade
administrativa com alto grau de especialização técnica, instituída sob a forma de
uma autarquia em regime especial, tendo como função precípua o exercício da
regulação de determinado setor de atividade econômica ou algum serviço público.
Para possibilitar o exercício da função regulatória por parte das agências
reguladoras, lhe foi conferido uma maior autonomia financeira, administrativa e
funcional.
Por se tratar de entidades administrativas que recebem recursos públicos, se
submetem ao controle externo realizado pelo tribunal de contas, o qual poderá
apreciar as contas das agências reguladoras; a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, salvo as nomeações para cargos de provimento em comissão e dos
dirigentes da agência; assinar prazo para que a agência adote providência
necessária ao cumprimento da lei; bem como, representar para o poder
competente sobre irregularidades ou abusos porventura apurados.
Apesar da submissão das agências reguladoras ao controle do Tribunal de Contas,
tem-se que este controle se dá tão somente sobre aspectos de gestão
administrativa-financeira da entidade, não se estendendo aos atos tipicamente
regulatórios, sob pena de reduzir o grau de autonomia conferido as agências
reguladoras por expressa previsão legal e implicar em um controle de mérito não
atribuído ao Tribunal de Contas pelo texto constitucional.
A regra é que os atos de natureza regulatória editados pelas agências reguladoras
dentro dos limites legais não se submetam ao controle judicial. Entretanto, se a
norma regulatória editada proteger de forma insuficiente os direitos dos
destinatários do serviço público, o Ministério Público-MP no exercício de sua função
institucional de tutela dos direitos difusos e coletivos públicos poderá questionar o
ato judicialmente via Ação Civil Pública - ACP.
Ante o exposto, tem-se que diante da autorização de um aumento abusivo de tarifa
de determinado serviço público por parte de uma agência reguladora, o Ministério
Público poderá ajuizar uma Ação Civil Pública para questionar sua validade.
o O que são ordenamentos administrativos setoriais?
São regimes jurídicos estabelecidos por órgãos independentes, destinados a
regular determinado setor econômico ou profissional, cuja disciplina não se
satisfaz pela concepção tradicional de lei, em razão das necessárias agilidade e
tecnicidade, decorrentes da realidade econômica.
Suas principais funções são a regulação de atividades empresariais ou profissionais,
que, por apresentarem relevância pública, não podem ser deixadas à livre regulação
privada. Suas principais características são:
a) A Incidência restrita a determinados indivíduos;
b) Situarem-se no plano infralegal.
Podem ser compreendidos como fenômenos correlatos serem derivados de uma
administração policêntrica, havendo doutrinadores que consideram a chamada
delegificação ou deslegalização, mas nesse ponto há divergência doutrinária.
São exemplos de ordenamentos administrativos setoriais os atos regulatórios
expedidos por Comissão de Valores Mobiliários, conselhos profissionais, Conselho
Administrativo de Defesa Econômica – CADE, agências reguladoras e Conselho
Nacional do Meio Ambiente.
O que se entende por Captura?
o Conceito fenômeno no qual há distorção do interesse público em favor do interesse
privado, motivada pela pressão do poder econômico das empresas reguladas e de grupos de
interesses.
o Teoria da Captura (Capture Theory) busca promover a criação de instrumentos voltados a
evitar as relações promíscuas entre a atuação das agências dos setores econômicos
regulados
9. CONSÓRCIOS PÚBLICOS
O que são consórcios públicos?
o Conceito negócios jurídicos plurilaterais de direito público com o conteúdo de
cooperação mútua entre os pactuantes
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por
meio de lei
os consórcios públicos e os convênios de cooperação
entre os entes federados, autorizando a gestão associada
de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.
o O dispositivo constitucional é regulamentado pela Lei 11.107/2005, que possui caráter
nacional
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de
objetivos de interesse comum e dá outras providências.
Os demais entes federativos podem complementar a legislação federal
Como ocorre a formalização dos consórcios públicos?
o Os consórcios Públicos se aproximam dos Convênios, porquanto ambos possuem como
conteúdo a cooperação mútua entre os entes federativos, mas se distanciam porque a
formalização dos Consórcios enseja a criação de uma Pessoa Jurídica
§1º O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de
direito privado.
§ 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios,
diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde – SUS.
§ 4º Aplicam-se aos convênios de cooperação, no que couber, as disposições
desta Lei relativas aos consórcios públicos.
o Quando assumir a forma de associação pública, o consórcio público terá personalidade
jurídica de direito público e integrará a Administração Indireta das pessoas federativas
consorciadas
Artigo 6º, §1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito público
integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.
o Caso se institua como pessoa jurídica de direito privado, não será considerada entidade
administrativa
o Há dois requisitos formais prévios à formação do consórcio:
Prévia subscrição de protocolo de intenções
Ratificação do protocolo mediante lei
celebração de contrato
Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato cuja
celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.
Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação,
mediante lei, do protocolo de intenções.
É possível a celebração do contrato apenas por parte dos subscritores? E a
ratificação com reservas?
§ 1º O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula
o pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela
o dos entes da Federação que subscreveram o protocolo de
intenções.
§ 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que
o aceita pelos demais entes subscritores
o implicará consorciamento parcial ou condicional.
§ 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de
intenções dependerá de homologação da assembléia geral do consórcio público.
§ 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo
o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções
disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.
o Quando a União pode participar dos consórcios?
Artigo 1º, §2º União somente participará de consórcios públicos em que também
façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados
Doutrina regra de constitucionalidade duvidosa, porquanto condiciona a
participação dos Municípios em consórcios com a União à presença dos entes
estaduais, ensejando uma possível violação à autonomia federativa
Quando ocorre o início da existência dos consórcios públicos?
o Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
de direito público, no caso de constituir associação pública
mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.
o Se as leis tiverem datas diversas?
1ª corrente surgimento da personalidade jurídica em momentos diversos para
cada ente federado
2ª corrente a tese anterior não se compatibiliza com o sistema da unidade da
personalidade jurídica, que deverá se iniciar apenas com a vigência da última lei
ratificadora
Qual é o regime jurídico dos consórcios?
o Disciplina externa legislação reguladoras das associações civis (basicamente o Código Civil)
e lei 11.1072005
Art. 15 No que não contrariar esta Lei, a organização e funcionamento dos
consórcios públicos serão disciplinados pela legislação que rege as associações
civis.
o Disciplina interna estatuto
Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o funcionamento de cada um
dos órgãos constitutivos do consórcio público.
o Os consórcios públicos estão obrigados a cumprir as exigências da administração pública
relacionadas com licitação, contratos e prestação de contas?
O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a
administração pública e, portanto, está submetida a todas as regras aplicáveis às
demais entidades.
O consórcio público com personalidade jurídica de direito privado, apesar de não
integrar a administração pública, também está submetida às regras de licitação
segundo previsão expressa do § 2º do art. 6º da Lei nº 11.107/2005.
o Qual o regime de pessoal dos consórcios?
Regime celetista, independentemente da natureza
Artigo 6º, § 2º O consórcio público, com personalidade jurídica de direito público
ou privado
observará as normas de direito público
no que concerne à realização de licitação, à celebração de contratos
à prestação de contas e à admissão de pessoal
que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
o Como ocorre o controle financeiro dos consórcios?
Artigo 9º A execução das receitas e despesas do consórcio público
deverá obedecer às normas de direito financeiro
aplicáveis às entidades públicas.
Parágrafo único O consórcio público está sujeito à fiscalização
contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas
competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo
representante legal do consórcio
o A União pode se recusar a firmar convênio com consórcio administrativo sob o argumento de
que alguns de seus membros se encontram incluídos em cadastros restritivos?
Antes da Lei nº 13.821/2019 divergência, mas prevalecia que não
Lei nº 13.821/2019 positivação do entendimento
Artigo 14, parágrafo único Para a celebração dos convênios de que trata
o caput deste artigo
o as exigências legais de regularidade aplicar-se-ão
o ao próprio consórcio público envolvido
o e não aos entes federativos nele consorciados
Quais são as competências dos consórcios?
o Artigo 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes da
Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.
o § 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:
firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza
receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas
de outras entidades e órgãos do governo;
nos termos do contrato de consórcio de direito público
promover desapropriações e instituir servidões
nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública
ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e
ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação
consorciados, dispensada a licitação.
o § 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança
e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos
pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso
de bens públicos por eles administrados
ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.
o § 3º Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização
de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista
no contrato de consórcio público
que deverá indicar de forma específica o objeto
da concessão, permissão ou autorização
e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas gerais em
vigor.
O que se entende por contrato de programa?
o Conceito mecanismo que regula as obrigações que um ente da Federação constituir para
com outro ente da Federação ou para com consórcio público, no âmbito de gestão associada
Art. 13 da Lei 11.107/2005 Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de
programa
como condição de sua validade
as obrigações que um ente da Federação constituir
para com outro ente da Federação ou para com consórcio público
no âmbito de gestão associada em que haja
a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial
de encargos, serviços, pessoal
ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.
O contrato de programa é condição de validade da constituição e regulação das
obrigações assumidas
o Quais são os limites do contrato de programa?
É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao contratado o
exercício dos poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços por
ele próprio prestados.
O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o consórcio
público ou o convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de serviços
públicos.
O que se entende por contrato de rateio?
o Conceito negócio jurídico plurilateral de direito público que figura como pressuposto para
que os entes consorciados transfiram recursos para o consórcio público
Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público
mediante contrato de rateio.
o Qual é a periodicidade do contrato de rateio?
§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro
e seu prazo de vigência não será superior ao das dotações que o suportam
com exceção dos contratos que tenham por objeto
exclusivamente projetos consistentes em programas e ações
contemplados em plano plurianual
o Quais são as vedações à entrega de recursos?
É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para
o atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de
crédito.
Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o consórcio público,
são partes legítimas para exigir o cumprimento
das obrigações previstas no contrato de rateio.
Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão
o ente consorciado que não consignar
em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais
as dotações suficientes para suportar
as despesas assumidas por meio de contrato de rateio.
Como ocorre a extinção e a alteração dos consórcios?
o A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato formal de seu
representante na assembleia geral
Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira
somente serão revertidos ou retrocedidos
no caso de expressa previsão no contrato de consórcio público
ou no instrumento de transferência ou de alienação
A retirada ou a extinção de consórcio público ou convênio de cooperação
não prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os contratos
cuja extinção dependerá do pagamento
das indenizações eventualmente devidas.
o A alteração ou a extinção de contrato de consórcio público dependerá de instrumento
aprovado pela assembleia geral, ratificação mediante lei por todos os entes consorciados.
Até que haja decisão que indique os responsáveis por cada obrigação
os entes consorciados responderão solidariamente
pelas obrigações remanescentes, garantindo o direito de regresso
em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.