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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

1. NOÇÕES GERAIS
 O que se entende por Organização Administrativa?
o Conceito  conjunto de normas que regem as competências, relações hierárquicas e as
formas de atuação dos órgãos e pessoas, no exercício da função administrativa
o O que se entende por Administração Pública?
 Sentido formal (orgânico ou subjetivo)  conjunto de órgãos e agentes estatais no
exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam
 Critério objetivo-formal  Administração Pública é analisada a partir do regime
jurídico adotado
 Sentido objetivo-material  função administrativa, devendo ser entendida como a
atividade administrativa exercida pelo Estado para a defesa concreta do interesse
público.
 Sentido material (objetivo)  função administrativa exercida pelo ente público
o José dos Santos Carvalho Filho  função administrativa é a mais ampla dentre as funções
estatais, possuindo caráter residual
 Quais são os princípios regentes da Administração Pública?
o Nível constitucional  princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade e da eficiência
o Nível infraconstitucional  Decreto-Lei 200.1967
 Princípio do planejamento  toda atividade estatal obedecerá a planejamento que
vise promover o desenvolvimento econômico-social do país e a segurança nacional
 Princípio da coordenação  deve haver a estruturação da atividade administrativa,
a fim de evitar a ocorrência de divergências e o desperdício de recursos
 Princípio da descentralização administrativa  atuação administrativa deve ser
pautada na eficiência e especialização das atividades
 Princípio da delegação de competências:
 Princípio do controle
o  O Decreto-Lei 200.1967 foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei
ordinária
o  Os princípios se aplicam a todos os entes da Administração Pública de todas as esferas de
governo
 Como ocorre a prestação da atividade pública?
o Há 02 formas de prestação da atividade pública
 Prestação centralizada  atuação da Administração Direta (Administração
Centralizada)
 Prestação descentralizada  atuação da Administração Pública Indireta
(Administração Descentralizada)
o Há 02 fenômenos jurídicos distintos:
 Desconcentração administrativa  distribuição interna de competências entre
órgãos de uma mesma pessoa jurídica
  Não há criação de novas pessoas jurídicas
  Baseia-se no princípio da hierarquia (relação de subordinação)
  Pode ocorrer pelos critérios de matéria, hierarquia e territorialidade
  A desconcentração pode ocorrer tanto na Administração Direta como na
Administração Indireta
 Descentralização administrativa  prestação de atividade pública de forma
descentralizada, mediante a criação de novas pessoa jurídicas
  Baseia-se no princípio da tutela, pois não há relação de subordinação,
mas de vinculação (controle administrativo finalístico, tutela ou supervisão
ministerial)
  A descentralização pode ocorrer de 03 formas
 Descentralização por outorga  descentralização por serviços,
descentralização funcional ou delegação legal
o  Ocorre mediante lei específica
o  Transfere-se a titularidade e a execução da atividade pública
para a pessoa jurídica
 Descentralização por delegação  descentralização por colaboração ou
delegação negocial
o  Ocorre mediante a celebração de contratos ou por atos
administrativos unilaterais
o  Transfere-se apenas a execução do serviço
 Descentralização geográfica ou territorial  criação de entidade
geograficamente limitada, dotada de personalidade jurídica de direito
público, com capacidade administrativa e possibilidade de execução de
atividades estatais em caráter geral
o  Vide Territórios Federais
o Qual é a abrangência da descentralização por serviços e a descentralização por delegação?
 1ª corrente  Descentralização por serviços só pode ser feita a pessoas jurídicas de
direito público
  Descentralização por meio da criação de pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública seria descentralização por
delegação
  A descentralização por delegação poderia ser feita por meio de lei
 2ª corrente  Descentralização por serviços abrange as pessoas jurídicas de direito
privado que integram a Administração Pública, de modo que a descentralização por
delegação só é feita a particulares
 O que se entende por Administração Pública Direta?
o Conceito  conjunto de órgãos que compõem as pessoas federativas, desempenhando a
atividade administrativa de forma centralizada
o  A Administração Direta abrange todos os órgãos dos Poderes Políticos das pessoas
federativas, cuja competência seja exercer a atividade administrativa
o Qual é a estrutura da Administração Direta na esfera federal?
 Executivo Presidência da República, incluindo a Casa Civil e órgãos de
assessoramento imediato (vide Advocacia-Geral da União) e os Ministérios
 Poder Legislativo e o Tribunal de Contas
 Poder Judiciário e o Ministério Pública
o Como ocorre a relação entre a Administração Pública e suas unidades funcionais?
 Teoria do mandato  agentes seriam mandatários do Estado (teoria do mandato)
  Estado é despido de vontade, não podendo outorgar mandato
 Teoria da representação  agentes são representantes do Estado (teoria da
representação)
  Estado estaria sendo considerado uma pessoa incapaz
  Se o representante exorbitasse os poderes concedidos, não seria
possível responsabilizar o Estado
 Teoria do órgão (Otto Von Gierke)  vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída
aos órgãos que a compõem
 Princípio da imputação volitiva  vontade do órgão público é imputada à
pessoa jurídica a cuja estrutura ele pertence
o Relação externa  pessoa jurídica e outras pessoas
o Relação interna  órgão e a pessoa jurídica englobante
 Há 03 teorias de caracterização do órgão:
o Teoria subjetiva  órgãos públicos são o próprio agente público
o Teoria objetiva  órgão público é a unidade funcional da
organização administrativa
o Teoria eclética  círculo de competência e o agente público
exercente
 Como são criados, organizados e extintos os órgãos?
o  A criação e a extinção dos órgãos jurídicos dependem de lei, de iniciativa do chefe do
Poder Executivo
o  Quanto à organização, admite-se, excepcionalmente, a edição decreto regulamentar pelo
Chefe do Poder Executivo, desde que não enseje a criação ou a extinção de cargos, nem o
aumento de despesas
 Artigo 84, VI, da CF  Compete privativamente ao Presidente da República dispor,
mediante decreto, sobre
 organização e funcionamento da administração federal
o quando não implicar aumento de despesa
o nem criação ou extinção de órgãos públicos
 extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
o Os órgãos públicos possuem personalidade jurídica?
 Regra  Os órgãos são entes despersonalizados que integram as pessoas jurídicas,
não possuindo capacidade processual
 Exceção  teoria da institucionalização, segundo a qual, embora não possuam
personalidade jurídica, alguns órgãos gozam de capacidade processual ativa, em
defesa de sua atuação institucional (personalidade judiciária)
 Súmula 525 do STJ  A Câmara dos Vereadores não possui personalidade
jurídica, somente podendo demandar em juízo para defender seus direitos
institucionais
o O TJ pode atuar em juízo?
 O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria, detém
legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato do
Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional. STF. 1ª Turma. MS
34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848).
 Ex:  mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o
repasse dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário.
o A personalidade judiciária da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa é ampla? Elas
podem atuar em juízo em qualquer caso?
 NÃO. Elas até podem atuar em juízo, mas apenas para defender os seus interesses
estritamente institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão.
o A Câmara dos Vereadores ajuizou ação contra a União pedindo que esta liberasse os
repasses do Fundo de Participação do Município (FPM) que tinham sido retidos. A Câmara
possui legitimidade ativa para essa demanda?
 NÃO. Para se aferir se a Câmara de Vereadores tem legitimação ativa, é necessário
analisar se a pretensão deduzida em juízo está, ou não, relacionada a interesses e
prerrogativas institucionais do órgão. Para o STJ, uma ação pedindo a liberação de
FPM é uma pretensão de interesse apenas patrimonial do Município e que,
portanto, não está relacionado com a defesa de prerrogativa institucional da
Câmara Municipal. STJ. 2ª Turma. REsp 1429322-AL, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 20/2/2014 (Info 537).
 Quais são as espécies de órgãos públicos?
o Quanto à hierarquia
 Independentes  órgãos que não estão hierarquicamente subordinados a nenhum
outro
  Têm origem constitucional e representam cada um dos Poderes do
Estado
  São exercidos por agentes políticos
  Sujeitam-se apenas ao controle estrutural dos demais Poderes do
Estado
 Autônomos  órgãos imediatamente subordinados aos órgãos independentes
  Gozam de ampla autonomia administrativa e financeira (vide Ministérios
e Secretaria)
  São órgãos diretivos, com funções de coordenação e planejamento
 Superiores  possuem apenas o poder de direção e controle sobre assuntos
específicos de sua competência
  Não possuem autonomia ou independência, mas ainda conservam o
poder de decisão
 Subalternos  órgãos com reduzido poder de decisão, destinando-se à execução
das atividades administrativas
o Quanto à situação estrutural:
 Diretivos  possuem funções de comando e direção
 Subordinados incumbidos de funções rotineiras de execução
o Quanto à atuação funcional
 Singular (órgãos unipessoais)  atuam pela manifestação de vontade de um único
agente (SINGUNIP)
 Coletivos  compostos por vários agentes
 Órgãos de representação unitária  exteriorização da vontade do
dirigente do órgão é suficiente para consubstanciar a vontade do órgão
 Órgãos de representação plúrima (colegiado)  exteriorização da vontade
do órgão exige a pluralidade de vontades (colegiados)
o Quanto à estrutura
 Órgãos simples (órgãos unitários)  possuem apenas uma unidade de competência,
sendo irrelevante o número de agentes públicos (SIMPUNIT)
 Órgãos compostos  órgãos com uma pluralidade de unidades de competência
o Quanto às funções
 Ativos  atuam diretamente no exercício da função administrativa
 Consultivos  função de aconselhamento da atuação dos demais órgãos,
 De controle atuam no controle dos demais órgãos
o Quanto ao âmbito de atuação
 Centrais possuem competência em toda a área da pessoa jurídica que integram
 Locais  possuem competência para atuação apenas em determinado ponto do
território daquela pessoa jurídica

2. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
 O que se entende por Administração Indireta?
o Conceito  conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à Administração Direta,
têm o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de forma descentralizada
  Administração Indireta é composta por pessoas jurídicas, que são constituídas a
partir da descentralização da atividade estatal.
o  Há 02 fenômenos distintos
 Descentralização política  pessoa descentralizada possui competência para a
elaboração das próprias leis
 Descentralização administrativa  Criação de entes personalizados com capacidade
de autoadministração e autogestão
o  A criação de pessoas jurídicas (descentralização) pode ocorrer em todos os poderes
estruturais do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário)
o  São características comuns às entidades que compõem a Administração Pública
 Personalidade jurídica própria, de modo que possuem patrimônio e receita
próprios, capacidade de autoadministração e capacidade processual
  A criação de tais entidades depende de lei (princípio da reserva legal)
 Autarquias e às fundações públicas de Direito Público  criação por lei
 Entidades privadas que compõem a Administração Indireta  autorização
legal, de modo que a criação da entidade exige o registro dos atos
constitutivos no órgão competente
 Artigo 37, XIX, da CF  Somente por lei específica poderá ser
o criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública
o de sociedade de economia mista e de fundação
o cabendo à lei complementar, neste último caso
o definir as áreas de sua atuação
 Artigo 37, XX  Depende de autorização legislativa, em cada caso
o a criação de subsidiárias das entidades
o mencionadas no inciso anterior
o assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
  A extinção de tais entidades também depende de lei, conforme o princípio da
simetria das formas
  Possuem finalidades públicas definidas em lei (princípio da especialidade)
  A lei criadora ou autorizadora define a finalidade da entidade, de modo
que não se pode exercer livremente qualquer função, vinculando-se ao
disposto em lei
  Submetem-se ao controle da Administração Direta a qual se vinculam (Princípio
do Controle)
o Decreto pode extinguir colegiado previsto em lei, se ele não explicitar a competência da
entidade?
 É proibida a extinção, por ato unilateralmente editado pelo chefe do Poder
Executivo, de colegiado cuja existência encontre menção em lei em sentido formal,
ainda que ausente a expressa referência “sobre a competência ou a composição”.
STF. Plenário. ADI 6121 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12 e 13/6/2019
(Info 944).
o São indevidos, mediante decreto, o remanejamento dos cargos em comissão destinados
aos peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), a
exoneração de seus ocupantes e a transformação dessa atividade em prestação de serviço
público relevante não remunerado. O Decreto nº 9.831/2019, ao transformar o trabalho dos
membros do MNPTC em serviço não remunerado, exonerando-os dos cargos em comissão
que ocupavam, alterou de forma substancial a forma de execução das atividades voltadas à
prevenção e ao combate à tortura exercidas pelo órgão, que demandam dedicação, tempo e
apoio logístico e que dificilmente serão realizadas em concomitância a outras atividades
remuneradas. Essas medidas esvaziam a estrutura de pessoal técnico do órgão, na medida
em que impossibilitam que o trabalho seja feito com dedicação integral e desestimula
profissionais especializados a integrarem o corpo técnico.
o STF. Plenário. ADPF 607/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/3/2022 (Info 1048).
o Como é realizado o controle sobre as entidades da Administração Indireta?
  O controle exercido sobre as pessoas jurídicas da Administração Pública Indireta
é um controle sobre os resultados (controle finalístico)
  O controle enseja uma relação de vinculação, e não de subordinação (hierarquia)
  O controle é exercido com base em 04 aspectos
 Controle político  indicação e nomeação dos dirigentes das entidades
 Controle institucional  vinculação da atuação com os fins delineados na
lei de criação da entidade
 Controle administrativo  supervisão da atuação dos agentes
 Controle financeiro
  No âmbito federal, o controle é exercido por meio da supervisão ministerial.
(Decreto-Lei 200-1967), de modo que as entidades são vinculadas aos Ministérios
ou Secretarias com competência sobre a área de atuação

3. AUTARQUIAS
 O que são autarquias?
o Conceito  pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta,
criadas por lei, que desempenham funções próprias e típicas do Estado, destituídas de
caráter econômico
 Decreto-Lei 200.1967  Serviço autônomo criado por lei
 Com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios
 Para executar atividades típicas da Administração Pública
 Que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada
 Exemplo  INSS, INCRA, Banco Central, IBAMA
 É constitucional a Lei Complementar nº 179/2021, que definiu os objetivos
e conferiu autonomia ao Banco Central do Brasil, além de ter tratado sobre
a nomeação e a exoneração de seu presidente e de seus diretores. Não
ficou caracterizada qualquer violação ao devido processo legislativo na
tramitação do projeto que deu origem a essa lei, não tendo havido afronta
à iniciativa reservada do Presidente da República. STF. Plenário. ADI
6696/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 26/8/2021 (Info 1027).
o O que se entende por atividade típica da Administração?
 José dos Santos Carvalho Filho  serviços públicos de natureza social e as
atividades administrativas, excluindo-se os serviços e atividades de cunho
econômico e mercantil
 Como ocorre a criação e a extinção das autarquias?
o  A criação e a extinção das autarquias dependem de lei, de iniciativa reservada do Chefe
do Poder Executivo
o  A organização das entidades pode ser feita por meio de decreto, desde que não implique
o aumento de gastos, ou a criação e extinção de cargos públicos
o Quais são as espécies de autarquias?
 Quanto ao tipo de descentralização
 Autarquias territoriais decorrem de desmembramentos geográficos
 Autarquias institucionais  decorrem da criação de pessoas jurídicas
 Quanto ao nível federativo  federais, estaduais, distritais ou municipais
 STF  impossibilidade de criação de autarquias interestaduais mediante a
convergência de diversas unidades federativas
 Lei 11.107.2005  consórcios públicos que adquiram a personalidade
jurídica de direito público passam a integrar a Administração Indireta de
todos os entes federativos consorciados
 Quanto ao objeto
 Autarquias assistenciais  visam dispensar auxílio a regiões menos
desenvolvidas ou a categorias sociais específicas (vide o INCRA)
 Autarquias previdenciárias
 Autarquias culturais
 Autarquias profissionais (corporativas)
 Autarquias de controle (vide as agências reguladoras)
 Autarquias associativas (associações públicas)
 Autarquias administrativas (categoria residual)
o Quanto ao regime
 Autarquias comuns  autarquias de regime comum
 Autarquias especiais  autarquias de regime especial
 Qual é o regime jurídico das autarquias
o Patrimônio  bens pertencentes às autarquias são bens públicos, de modo que possuem as
seguintes características
 Impenhoráveis  impossibilidade de penhora judicial
 Não oneráveis  não se submetem aos direitos reais de garantia)
 Imprescritíveis  não se submetem a usucapião
 Alienabilidade condicionada  necessidade de desafetação
o Regime de Pessoal  regime estatutário
 Redação originária da Constituição Federal  obrigatoriedade de um regime
jurídico único
 Emenda Constitucional 19.1998  abolição do regime jurídico único, admitindo-se
o ingresso de servidores celetistas nas autarquias, de modo que o regime de pessoa
passou a ser misto
 ADI 2135  STF suspendeu a eficácia do dispositivo, ensejando o retorno
da redação anterior
o Controle autarquias são controladas pela Administração Pública Direta a qual se vinculam
(controle finalístico)
 Sujeitam-se ao controle do Tribunal de Contas
  Os atos podem ser impugnados por meio de mandado de segurança?
 STJ  Autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e
personalidade jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão
vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para
figurar como autoridades coatoras em Mandados de Segurança.
o Foro dos Litígios  02 hipóteses
 Autarquias Federais  Justiça Federal
 Obs.:  Excluem-se da competência da JF as causas relativas à falência,
acidente de trabalho e sujeitas à Justiça Eleitoral e do Trabalho
 Súmula 270-STJ  O protesto pela preferência de crédito, apresentado por
ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a
competência para a Justiça Federal.
 Autarquias Estaduais e Municipais  Justiça Estadual
 Relações de Trabalho  Justiça Comum (Estadual ou Federal)
o Atos e Contratos  Os atos e contratos exarados pelas autarquias são submetidos ao regime
de direito público
  Os contratos possuem as cláusulas exorbitantes
  Os atos gozam dos atributos de presunção de veracidade e de legitimidade, bem
como a imperatividade e a exigibilidade
o Responsabilidade Civil  regime de responsabilidade objetiva (regra)
 Atos omissivos  parte da doutrina defende que haverá responsabilidade subjetiva
  Os entes da Administração Direta serão subsidiariamente responsáveis pelos
danos causados pela entidade
o Regime Tributário  gozam de imunidade tributária recíproca
  A imunidade aplica-se apenas aos impostos
  A imunidade é condicionada, somente se aplicando ao patrimônio, renda e
serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às que delas decorram
o Prazo prescricional  prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/1932 e na Lei
9.494.1997
 Código Civil de 1916  o prazo prescricional para as ações de reparação civil era de
10 anos, de modo que as legislações aplicáveis à Fazenda Pública estabeleceram um
benefício em favor dessas entidades
 CC 2002  prescrição trienal para as ações de reparação civil
 1ª corrente  aplicação do prazo previsto no Código Civil
 2ª corrente (majoritária)  manutenção da regra do Decreto 20.910/1932
o Quais são os privilégios Processuais
  As autarquias gozam dos privilégios processuais atribuídos à Fazenda Pública
  Possuem prazo dilatado para manifestações processuais
  O entendimento não se aplica a procedimentos especiais, como o
mandado de segurança e o Habeas Data
  Gozam de garantia do duplo grau de jurisdição obrigatório
  Não estão submetidas à exigência de adiantamento de custas
  O entendimento não se aplica aos honorários periciais
 Súmula 232 do STJ A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica
sujeita à exigência de depósito prévio dos honorários do perito
  A Fazenda Pública, entretanto, deve pagar custas e honorários de
sucumbência
  Os créditos autárquicos devem ser cobrados por meio de execução fiscal
  Os débitos judicias de tais entidades são pagos mediante precatórios

4. AUTARQUIAS PROFISSIONAIS
 O que são autarquias profissionais (conselhos profissionais)
o Conceito  entidades autárquicas que realizam o controle e a fiscalização sobre o exercício
de determinada atividade profissional
o Qual é a natureza de tais entidades?
 Nesse sentido, os Conselhos Profissionais são criados por lei e possuem
personalidade jurídica de direito público, exercendo uma atividade tipicamente
pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional. Os Conselhos são dotados
de poder de polícia e poder arrecadador. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 09/06/2015.
 STJ  Os conselhos de fiscalização profissionais possuem natureza jurídica de
autarquias federais, sujeitando-se, portanto, ao regime jurídico de direito público.
 Qual é o regime jurídico de contratação dos “funcionários” dos Conselhos Profissionais: estatutário ou
celetista?
o Entendimento tradicional  regime estatutário
o Entendimento atual  possibilidade de adoção do Regime celetista
 Os Conselhos Profissionais, enquanto autarquias corporativas criadas por lei com
outorga para o exercício de atividade típica do Estado, tem maior grau de
autonomia administrativa e financeira, constituindo espécie sui generis de pessoa
jurídica de direito público não estatal, a qual não se aplica a obrigatoriedade do
regime jurídico único preconizado pelo art. 39 da CF/88 (regime jurídico único). Em
razão da natureza peculiar dos Conselhos Profissionais, permite-se o afastamento
de algumas das regras ordinárias impostas às pessoas jurídicas de direito público.
STF. Plenário. ADC 36, Rel. Cármen Lúcia, Rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes,
julgado em 08/09/2020.
o Os Conselhos Profissionais precisam realizar concurso público?
 SIM. Como os Conselhos de Fiscalização Profissional têm natureza jurídica de
autarquia, devem ser aplicados aos seus servidores os arts. 41 da CF/88 e 19 do
ADCT, razão pela qual não podem ser demitidos sem a prévia instauração de
processo administrativo. Assim, o servidor de órgão de fiscalização profissional não
pode ser demitido sem a prévia instauração de processo administrativo disciplinar.
STF. 2ª Turma. RE 838648 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 07/04/2015.
o Os Conselhos Profissionais podem cobrar anuidade?
 STJ  Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões
regulamentadas, inclusive no que concerne à cobrança de anuidades e à aplicação
de sanções.
o Qual a natureza das anuidades cobradas por essas entidades?
 STJ  As anuidades devidas aos conselhos profissionais constituem contribuição de
interesse das categorias profissionais, de natureza tributária, sujeita a lançamento
de ofício.
 STJ  A partir da vigência da Lei n. 12.514/2011, o fato gerador para a cobrança de
anuidades de órgão de fiscalização profissional é o registro no conselho e não mais
o efetivo exercício da profissão.
o Qual é o prazo prescricional da cobrança?
 Redação original da Lei 14.195/2021  4 vezes o valor anual
 Art. 8º  Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas referentes a
anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da
pessoa física ou jurídica inadimplente.
 STJ  inaplicabilidade do Art. 8º da Lei 12.514/2011 às ações já em
trâmite, quando da entrada em vigor do referido diploma.
 STJ  O prazo prescricional para cobrança de anuidades pagas aos
conselhos profissionais tem início somente quando o total da dívida inscrita
atingir o valor mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades, conforme
disposto no art. 8º da Lei n. 12.514/2011.
 Redação atual  5 vezes o valor anual
 Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas, de quaisquer
das origens previstas no art. 4º desta Lei, com valor total inferior a 5
(cinco) vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei,
observado o disposto no seu § 1º
 TRF4  arquivamento das execuções fiscais com valor inferior ao fixado
pela Lei 14.195/2021, ainda que ajuizadas anteriormente
o Como deve ser efetuada a cobrança?
 STJ  Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por
Conselho de Fiscalização Profissional.
 Súmula 583-STJ  O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002, dirigido aos débitos inscritos como dívida ativa da União pela
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, não se aplica às
execuções fiscais movidas pelos conselhos de fiscalização profissional ou pelas
autarquias federais.
 STJ  Em execução fiscal ajuizada por conselho de fiscalização profissional, seu
representante judicial possui a prerrogativa de ser pessoalmente intimado.
 Na Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80), existe uma previsão expressa
que determina que qualquer intimação ao representante judicial da
Fazenda Pública será feita pessoalmente:
 Art. 25. Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da
Fazenda Pública será feita pessoalmente. A expressão Fazenda Pública
abrange os entes federativos e suas respectivas autarquias e fundações de
direito público. Os conselhos de fiscalização profissionais possuem
natureza jurídica autárquica. Em razão de os conselhos de fiscalização
profissional terem a natureza jurídica de autarquia, seus representantes
judiciais também possuem a prerrogativa de, em execução fiscal, serem
intimados pessoalmente, conforme impõe o art. 25 da Lei nº 6.830/80. STJ.
1ª Seção. REsp 1330473-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em
12/6/2013 (Recurso Repetitivo - Tema 580) (Info 526).
o É possível a suspensão do exercício profissional em razão da inadimplência das anuidades?
 É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do
exercício laboral de seus inscritos por inadimplência de anuidades, pois a medida
consiste em sanção política em matéria tributária. STF. Plenário. RE 647885, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 732) (Info
978).
o Os conselhos profissionais podem registrar seus veículos como carros oficiais?
 NÃO. Os conselhos de fiscalização profissional não possuem autorização para
registrar os veículos de sua propriedade como oficiais. STJ. 1ª Turma. AREsp
1.029.385-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 05/12/2017 (Info 619).
 STJ  Os conselhos de fiscalização profissionais não podem registrar seus veículos
como oficiais porque compõem a administração pública indireta e o §1º do art. 120
do Código de Trânsito Brasileiro - CTB autoriza apenas o registro de veículos oficiais
da administração direta.
o Os privilégios processuais da Fazenda Pública se aplicam aos conselhos profissionais?
 Regra  SIM
 Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de
autarquias e, dessa forma, possuem as prerrogativas processuais
conferidas à Fazenda Pública. STJ. 2a Turma. AgRg no Ag 1388776/RJ, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 07/06/2011.
 Exceção 01  regime de precatórios
 Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos
Conselhos de Fiscalização não se submetem ao regime de precatórios. STF.
Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).
 Exceção 02  isenção de custas
 Os Conselhos Profissionais, apesar de sua natureza autárquica, não estão
isentos do pagamento de custas judiciais, conforme previsão expressa do
art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 9.289/96. STF. 1ª Turma. RMS 33572 AgR,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/08/2016.
 Exceção 03  legitimidade constitucional
 . Os Conselhos Federais de Fiscalização Profissional (ex: Conselho Federal
de Corretores de Imóveis – COFECI) não podem propor ações de controle
concentrado de constitucionalidade porque não estão no rol do art. 103
da CF/88, que é taxativo. STF. Plenário. ADC 34 AgR, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 05/03/2015.
o Os Conselhos de Fiscalização Profissional podem ajuizar ação civil pública?
 SIM. O art. 5º da Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP) elencou o rol dos legitimados
concorrentes para a propositura de ação civil pública, nos quais se incluem as
autarquias, em cuja categoria estão os Conselhos profissionais. STJ. 2ª Turma. REsp
1388792/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/05/2014.
 Para o exercício de profissão, é necessário que a pessoa se inscreva no respectivo Conselho
Profissional?
o Regra  NÃO
 A atividade de músico prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação
artística protegida pela garantia da liberdade de expressão. Logo, para que o músico
exerça sua profissão não é indispensável a sua prévia inscrição na Ordem dos
Músicos do Brasil. STF. Plenário. RE 414426, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em
01/08/2011.
 O exercício da profissão de técnico ou treinador profissional de futebol não se
restringe aos profissionais graduados em Educação Física, não havendo
obrigatoriedade legal de registro junto ao respectivo Conselho Regional. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.650.759-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/4/2017 (Info
607).
 O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige o registro no
Conselho Regional de Educação Física. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1767702-SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 29/06/2020 (Info 677).
 STJ  Não há comando normativo que obrigue a inscrição de professores e de
mestres de artes marciais, ou mesmo de danças, de capoeira e de ioga, nos
Conselhos de Educação Física, porquanto, à luz do que dispõe o art. 3º da Lei n.
9.696/1998, essas atividades não são próprias dos profissionais de educação física.
 STJ  As empresas de factoring convencional não precisam ser registradas nos
conselhos regionais de administração, visto que suas atividades são de natureza
eminentemente mercantil, ou seja, não envolvem gestões estratégicas, técnicas e
programas de execução voltados a um objetivo e ao desenvolvimento de empresa.
 STJ  Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho Regional de
Medicina Veterinária, nem à contratação de profissionais nele inscritos como
responsáveis técnicos, as pessoas jurídicas que explorem as atividades de
comercialização de animais vivos e de venda de medicamentos veterinários, pois
não são atividades reservadas à atuação privativa de médico veterinário.
 STJ  O registro de restaurantes e de bares no Conselho Regional de Nutrição e a
presença de profissional técnico (nutricionista) não são obrigatórios, pois a
atividade básica desses estabelecimentos não é a fabricação de alimentos
destinados ao consumo humano (art. 18 do Decreto n. 84. 444/1980), nem se
aproxima do conceito de saúde trazido pela legislação específica.
 Súmula 79-STJ  Os bancos comerciais não estão sujeitos a registro nos Conselhos
Regionais de Economia.
 STJ  Não é atividade privativa do médico a função de diagnosticar doenças e
prescrever tratamentos. A correta interpretação sistemática e histórica mostra que
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, sem ingressar no campo médico, podem
fazer diagnóstico e solicitação de exames para tratamento de doenças no escopo de
suas respectivas áreas de atuação
o Exceção  quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em
conselho de fiscalização profissional
o Técnicos em farmácia podem ser responsáveis técnicos em drogarias?
 Segundo o STJ, é facultado aos técnicos de farmácia, regularmente inscritos no
Conselho Regional de Farmácia, a assunção de responsabilidade técnica por
drogaria, independentemente do preenchimento dos requisitos previstos nos arts.
15, § 3º, da Lei n. 5.991/73, c/c o art. 28 do Decreto n. 74.170/74 , entendimento
que deve ser aplicado até a entrada em vigor da Lei n. 13.021/2014. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.243.994-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017 (recurso
repetitivo) (Info 611).
 Súmula 120-STJ  O oficial de farmácia, inscrito no conselho regional de farmácia,
pode ser responsável técnico por drogaria (até a lei 13.021/2014)
 Súmula 275-STJ  O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por
farmácia ou drogaria.
 Mesmo com a inovação trazida pela Lei n. 13.021/2014, é desnecessária a presença
de farmacêutico em dispensário de medicamentos em pequena unidade hospitalar.
Apesar da inovação legislativa, não foi superada a tese firmada no RESP
1.110.906/SP (Tema 483 do STJ - Repetitivo). STJ. 2ª Turma. AREsp 1.985.200; Proc.
2021/0295410-0; SP; Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26/09/2022.
o Ao técnico em contabilidade que tenha concluído o curso após a edição da Lei nº
12.249/2010 é assegurado o direito de se registrar no Conselho de Classe até 1º de junho de
2015, sem que lhe seja exigido o Exame de Suficiência, sendo-lhe, dessa data em diante,
vedado o registro. STJ. 1ª Turma. REsp 1.659.767-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
18/08/2020 (Info 677).
 O exame de suficiência, criado pela Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos
em contabilidade que completarem o curso após sua vigência. Tais profissionais não
estão sujeitos à regra de transição prevista no art. 12, § 2º do referido diploma. STJ.
2ª Turma. AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
19/10/2020.
o Por outro lado, o farmacêutico pode acumular responsabilidade por estabelecimentos
diversos?
 Súmula 413-STJ  O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por
uma farmácia e uma drogaria ou por duas drogarias.
o De quem é a competência para aplicar multas às empresas do ramo farmacêutico que
descumprirem a obrigação legal de manterem profissionais habilitados durante todo o
horário de funcionamento dos estabelecimentos?
 Súmula 561-STJ  Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para
fiscalizar e autuar as farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência
de manter profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período
de funcionamento dos respectivos estabelecimentos.
o É possível a previsão de atividades privativas dos nutricionistas?
 É constitucional a expressão “privativas”, contida no caput do art. 3º da Lei nº
8.234/91, que regulamenta a profissão de nutricionista, respeitado o âmbito de
atuação profissional das demais profissões regulamentadas. STF. Plenário. ADI
803/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/9/2017 (Info 879).
 Qual é a natureza da OAB?
o  A OAB não possui natureza autárquica, funcionando como serviço público independente,
não integrante da Administração Indireta, consistindo em categoria ímpar no elenco das
personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro
o Quais são as peculiaridades do regime jurídico da OAB?
  Não se submetem à exigência de concurso público para a admissão de pessoal
  O regime de pessoal é regido pela CLT
o As anuidades da OAB possuem natureza tributária?
 STJ  NÃO
 Os créditos decorrentes da relação jurídica travada entre a OAB e os
advogados não compõem o erário e, consequentemente, não têm natureza
tributária. STJ. 1ª Turma. REsp 1574642/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 16/02/2016
 STF  SIM
 As anuidades cobradas pelos conselhos profissionais caracterizam-se como
tributos da espécie contribuições de interesse das categorias profissionais,
nos termos do art. 149 da Constituição da República. STF. Plenário. RE
647885, Rel. Edson Fachin, julgado em 27/04/2020.
 STJ  A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, embora possua natureza
jurídica especialíssima, submete-se ao disposto no art. 8º da Lei n.
12.514/2011, que determina que os conselhos de classe somente
executarão dívida de anuidade quando o total do valor inscrito atingir o
montante mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades.
o Qual é o foro dos litígios envolvendo a OAB
  Devem ser propostas perante a Justiça Federal
o É possível que o chefe do Poder Executivo estadual convide, em consenso com a OAB, um
representante da Ordem para integrar órgão da Administração. Isso é válido. No entanto, a
lei não pode impor a presença de representante da OAB (“autarquia federal”) em órgão da
Administração Pública local. STF. Plenário. ADI 4579/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
13/2/2020 (Info 966).

5. AGÊNCIAS REGULADORAS
 O que são agências reguladoras?
o Conceito  Entes administrativos independentes, com alto grau de especialização,
integrantes da estrutura formal da Administração Pública Indireta, instituídas como
autarquias sob regime especial (regra), com a função de regular uma atividade econômica ou
um serviço público, devendo atuar com a maior autonomia possível em face do Poder
Público e independência diante das partes interessadas
o Qual é a origem das agências reguladoras?
 Direito estadunidense  independent agencies ou independent regulatory
agencies, que se destinam à regulação econômica e social
 Sistema europeu  processo de desestatização da economia, a partir da década de
1970
o Brasil  a partir da década de 1990, quando se estimulou a diminuição do papel do Estado
na órbita econômica
  O modelo de agências reguladoras no Brasil se aproxima mais do modelo
europeu, sendo decorrência da diminuição do papel do Estado na Economia
  A Constituição não se refere expressamente às agências reguladoras, mas prevê
a criação de órgãos reguladores nos serviços de telecomunicações e no âmbito do
petróleo.
o Quais são as características das agências reguladoras?
  Exercício de função regulatória
  Instrumentos legais de previsão de autonomia
  Indicação dos dirigentes pautada em critérios técnicos
  Mandato com prazo certo dos dirigentes
  Amplo poder normativo no que concerne às áreas de sua competência
  Submissão ao controle judicial e administrativo, nos mesmos termos que os
demais entes da Administração Pública
  Autonomia de gestão e fontes próprias de recursos
  Inexistência de instância revisora de seus atos no âmbito administrativo
 Enunciado 25 do CJF  A ausência de tutela a que se refere o art. 3º,
caput, da Lei 13.848/2019 impede a interposição de recurso hierárquico
impróprio contra decisões finais proferidas pela diretoria colegiada das
agências reguladoras, ressalvados os casos de previsão legal expressa e
assegurada, em todo caso, a apreciação judicial, em atenção ao disposto
no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.
o É constitucional lei que exige a aprovação de dirigente de agência reguladora?
 É CONSTITUCIONAL lei estadual que prevê que os dirigentes de determinada
agência reguladora somente poderão ser nomeados após previamente aprovados
pela Assembleia Legislativa. Por outro lado, é INCONSTITUCIONAL a lei estadual que
estabelece que os dirigentes de agência reguladora somente poderão ser
destituídos de seus cargos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem
qualquer participação do Governador do Estado. Essa previsão viola o princípio da
separação dos poderes (at. 2º da CF/88). STF. Plenário. ADI 1949/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 17/9/2014 (Info 759).
o Quais são as espécies de agências reguladoras?
 Agências que regulam a prestação de serviços públicos  vide ANEEL, ANTT,
ANTAQ, ANATEL, ANA
 Agências que regulam atividades de fomento  ANCINE
 Agências que regulam a exploração de atividades econômicas  ANP e ANM
 Agências que regulam serviços de utilidade pública  ANS e ANVISA
 Como é exercido o poder normativo das agências reguladoras?
o  As agências reguladoras possuem poder normativo técnico, porquanto recebem das leis a
competência para editar normas técnicas complementares
  “regulamentos autorizados” ou “regulamentos delegados”
o Deslegalização  fenômeno por meio do qual é atribuído, mediante lei, poder normativo a
entes administrativos, dada a impossibilidade de o legislador disciplinar todas as questões
necessárias
 Descongelamento do grau hierárquico  matéria que seria regulada por lei passa a
ser tratada por meio de atos infralegais, “descongelando-se”, portanto, o grau
hierárquico.
o Qual o limite da atividade normativa das agências reguladoras?
  A possibilidade de edição deve estar expressamente prevista em lei
  Os regulamentos não se limitam a dar fiel execução à lei, complementando suas
disposições
  As delegações legais devem ser feitas com base em diretrizes claras (delegation
with standards)
  Os atos normativos se submetem ao controle normativo e judicial
o Os atos normativos das agências reguladoras podem dispor sobre matérias submetidas à
reserva de lei complementar?
  Não, porquanto se trata de uma reserva constitucional de competência, não
podendo ser ressalvada por meio de legislação ordinária
o É possível a previsão de multas em resoluções de agências reguladoras?
 Não há violação do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas em
resoluções criadas por agências reguladoras, haja vista que elas foram criadas no
intuito de regular, em sentido amplo, os serviços públicos, havendo previsão na
legislação ordinária delegando à agência reguladora competência para a edição de
normas e regulamentos no seu âmbito de atuação. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
825776/SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016.
o Como ocorre a incidência dos juros de mora?
 (i) Regra  A partir do vencimento
 STJ  A dívida decorrente de multa imposta por agência reguladora deve
ser acrescida de juros de mora, contados a partir do dia seguinte ao
vencimento da obrigação. A interposição de recurso administrativo contra
a punição não é suficiente para afastar a incidência dos encargos legais.
 (ii) Exceção  ANPP
 STJ  Os juros e a multa moratórios incidentes sobre punição imposta pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como
resultado da sua ação fiscalizadora só começam a correr 30 dias depois da
data em que foi proferida a decisão administrativa definitiva.
 Essa diferença é causada pelo fato de o termo inicial da incidência dos juros
e da multa moratória sobre a penalidade imposta pela ANP ser regido por
normal especial: Lei 9.847/1999, que cuida da fiscalização das atividades
relativas ao abastecimento nacional de combustíveis.
o Os atos administrativos das agências reguladoras podem sofrer controle judicial?
 SIM, no que concerne aos aspectos de legalidade dos atos, excepcionando-se:
  aspectos discricionários do ato (Princípio da Insindicabilidade do Mérito
Administrativo)
  atos de governo (objeto do Direito Constitucional e da Ciência Política)
o O que se entende por Doutrina Chenery e por Doutrina Chevron?
 Doutrina Chenery  teoria proveniente do direito anglo-saxão, segundo a qual, no
âmbito de atos administrativos discricionários e atos de governo especialmente
fundamentados em prévias pesquisas técnicas, o Poder Judiciário se encontra
duplamente limitado, em face do déficit democrático
  Vinculação aos fundamentos elencados pela Administração para o
embasamento do ato administrativo discricionário
  Inviabilidade dos aspectos discricionários do ato, em respeito à
autoridade granjeada ao Poder Público para decidi-los, visto que o Poder
Judiciário não possui a expertise necessária para compreender as
consequências econômicas e políticas de tais medidas
 Doutrina Chevron  doutrina foi desenvolvida no âmbito da Suprema Corte dos
EUA
 caso Chevron, U.S.A., Inc. v. NRDC  Suprema Corte dos EUA estabeleceu
um modelo de teste legal com vistas a determinar se deve conferir
deferência à interpretação dada por uma agência governamental
  O teste judicial deve ser feito a partir de 02 etapas
o 1ª fase  verificar se a lei é clara quanto ao assunto em discussão.
 Se a lei é clara  dever de o juiz aplicar a lei e não será
dada deferência
o 2ª fase  Se a lei não for clara, não deve o Tribunal realizar a sua
interpretação da vagueza ou ambiguidade legal, mas avaliar se a
decisão da agencie foi razoável
o O TCU pode exercer controle sobre as agências reguladoras?
 A agência reguladora é tida pela doutrina majoritária enquanto uma entidade
administrativa com alto grau de especialização técnica, instituída sob a forma de
uma autarquia em regime especial, tendo como função precípua o exercício da
regulação de determinado setor de atividade econômica ou algum serviço público.
Para possibilitar o exercício da função regulatória por parte das agências
reguladoras, lhe foi conferido uma maior autonomia financeira, administrativa e
funcional.
 Por se tratar de entidades administrativas que recebem recursos públicos, se
submetem ao controle externo realizado pelo tribunal de contas, o qual poderá
apreciar as contas das agências reguladoras; a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, salvo as nomeações para cargos de provimento em comissão e dos
dirigentes da agência; assinar prazo para que a agência adote providência
necessária ao cumprimento da lei; bem como, representar para o poder
competente sobre irregularidades ou abusos porventura apurados.
 Apesar da submissão das agências reguladoras ao controle do Tribunal de Contas,
tem-se que este controle se dá tão somente sobre aspectos de gestão
administrativa-financeira da entidade, não se estendendo aos atos tipicamente
regulatórios, sob pena de reduzir o grau de autonomia conferido as agências
reguladoras por expressa previsão legal e implicar em um controle de mérito não
atribuído ao Tribunal de Contas pelo texto constitucional.
 A regra é que os atos de natureza regulatória editados pelas agências reguladoras
dentro dos limites legais não se submetam ao controle judicial. Entretanto, se a
norma regulatória editada proteger de forma insuficiente os direitos dos
destinatários do serviço público, o Ministério Público-MP no exercício de sua função
institucional de tutela dos direitos difusos e coletivos públicos poderá questionar o
ato judicialmente via Ação Civil Pública - ACP.
 Ante o exposto, tem-se que diante da autorização de um aumento abusivo de tarifa
de determinado serviço público por parte de uma agência reguladora, o Ministério
Público poderá ajuizar uma Ação Civil Pública para questionar sua validade.
o O que são ordenamentos administrativos setoriais?
 São regimes jurídicos estabelecidos por órgãos independentes, destinados a
regular determinado setor econômico ou profissional, cuja disciplina não se
satisfaz pela concepção tradicional de lei, em razão das necessárias agilidade e
tecnicidade, decorrentes da realidade econômica.
 Suas principais funções são a regulação de atividades empresariais ou profissionais,
que, por apresentarem relevância pública, não podem ser deixadas à livre regulação
privada. Suas principais características são:
 a) A Incidência restrita a determinados indivíduos;

 b) Situarem-se no plano infralegal.

 Podem ser compreendidos como fenômenos correlatos serem derivados de uma
administração policêntrica, havendo doutrinadores que consideram a chamada
delegificação ou deslegalização, mas nesse ponto há divergência doutrinária.

 São exemplos de ordenamentos administrativos setoriais os atos regulatórios
expedidos por Comissão de Valores Mobiliários, conselhos profissionais, Conselho
Administrativo de Defesa Econômica – CADE, agências reguladoras e Conselho
Nacional do Meio Ambiente.
 O que se entende por Captura?
o Conceito  fenômeno no qual há distorção do interesse público em favor do interesse
privado, motivada pela pressão do poder econômico das empresas reguladas e de grupos de
interesses.
o Teoria da Captura (Capture Theory)  busca promover a criação de instrumentos voltados a
evitar as relações promíscuas entre a atuação das agências dos setores econômicos
regulados

6. DISCIPLINA NORMATIVA DAS AGÊNCIAS REGULADORAS


 Qual é a disciplina normativa das agências reguladoras?
o Lei 9.986/2000 dispõe sobre a gestão de recursos humanos das agências reguladoras
o 13.848/2019  disciplina a gestão, a organização, o processo decisório e o controle social
das agências reguladoras, funcionando como uma lei geral de tais entidades
o Qual é a abrangência da Lei 13.84/2019
  A Lei nº 13.848/2019 regula apenas as agências reguladoras em âmbito federal
 Quais são as características legais das Agências Reguladoras?
o Artigo 3º da Lei 13.848.2019  A natureza especial conferida à agência reguladora é
caracterizada pela:
 ausência de tutela ou de subordinação hierárquica;
 autonomia funcional, decisória, administrativa e financeira
 investidura a termo de seus dirigentes e estabilidade durante os mandatos.
o Autonomia decisória  ausência de recurso hierárquico impróprio, salvo disposição legal
o Artigo 3º, §2º  A autonomia administrativa das agências é caracterizada pelas seguintes
competências
 solicitar diretamente ao Ministério da Economia
 autorização para a realização de concursos públicos
 provimento dos cargos, autorizados em lei
o para seu quadro de pessoal
o observada a disponibilidade orçamentária;
 alterações no respectivo quadro de pessoal
o fundamentadas em estudos de dimensionamento
o bem como alterações nos planos de carreira de seus servidores
 conceder diárias e passagens em deslocamentos nacionais e internacionais
 autorizar afastamentos do País a servidores da agência
 celebrar contratos administrativos
 e prorrogar contratos em vigor relativos a atividades de custeio
 independentemente do valor
o §3º  As agências reguladoras devem adotar práticas
 de gestão de risco e de controle interno
 elaborar e divulgar programa de integridade
 com o objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
 destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de fraudes e atos de
corrupção.
 Como ocorre o processo decisório nas agências reguladoras?
o  Princípio da proporcionalidade
 Artigo 4º  A agência reguladora deverá observar, em suas atividades
 a devida adequação entre meios e fins
 vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
 em medida superior àquela necessária ao atendimento do interesse
público.
o  Princípio da motivação
 Artigo 5º  A agência reguladora deverá indicar os pressupostos de fato e de
direito
 que determinarem suas decisões
 inclusive a respeito da edição ou não de atos normativos.
o Como devem ser elaborados os atos normativos?
 Art. 6º  A adoção e as propostas de alteração de atos normativos
 de interesse geral dos agentes econômicos, consumidores
 ou usuários dos serviços prestados serão
 nos termos de regulamento, precedidas da realização
 de Análise de Impacto Regulatório (AIR)
 que conterá informações e dados sobre os possíveis efeitos do ato
normativo.
 Enunciado 38 do CJF  A realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR) por
órgãos e entidades da Administração Pública federal deve contemplar a alternativa
de não regulação estatal ou desregulação, conforme o caso.
 O que se entende por Análise de Impacto Regulatório (AIR), apontando quais são
seus objetivos e sua relevância para o Direito Administrativo. Quais são os quesitos
mínimos da AIR? Aponte e justifique dois princípios da Administração Pública que
estão diretamente envolvidos com a AIR. É possível que o Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT) formalize esse tipo de análise em sua
ambiência administrativa? O MPDFT pode exercer controle sobre AIR realizada por
outro órgão?
 Conceito  procedimento técnico, iniciado a partir da definição de um
problema regulatório, de avaliação prévia à edição dos atos normativos de
interesse geral, que conterá informações e dados sobre os seus prováveis
efeitos, para verificar a razoabilidade do impacto e subsidiar a tomada de
decisão.
  As principais fases do processo de construção da AIR são:
o I – Identificação e análise do problema regulatório;
o II – Identificação e análise das alternativas regulatórias; e
o III – Comparação das alternativas regulatórias.
 (i) Proporcionalidade, legalidade, eficiência, planejamento,
governança...fundamentação especifica para cada - 4 pontos.
 Não, se com justificativa de que não é órgão regulador de mercado em sua
ambiência interna. Exceção, desde que aponte dispositivo autorizador de
índole federal e a hipótese de impacto regulatório efetivo externo (e.g.,
afetar tomadores do serviço) - 4 pontos.
 Sim, com fundamentação expressa na função constitucional do exercício de
controle externo, em especial sobre legalidade; não considerar controle de
mérito -
o Como é o processo de decisão?
 Artigo 7º da Lei  O processo de decisão da agência reguladora referente a
regulação terá caráter colegiado.
 §1º  O conselho diretor ou a diretoria colegiada da agência reguladora
 deliberará por maioria absoluta dos votos de seus membros
 entre eles o diretor-presidente, o diretor-geral ou o presidente
 conforme definido no regimento interno.
 Artigo 8º  As reuniões deliberativas do conselho diretor ou da diretoria colegiada
da agência reguladora serão públicas e gravadas em meio eletrônico.
 §6º  não são públicas as reuniões realizadas para deliberações do conselho
diretor ou da diretoria colegiada em matérias que envolvam:
 documentos classificados como sigilosos;
 matéria de natureza administrativa.
 O que se entende por Consulta Pública?
o Conceito  Instrumento de apoio à tomada de decisão por meio do qual a sociedade é
consultada previamente por meio do envio de críticas, sugestões e contribuições por
quaisquer interessados sobre proposta de norma regulatória aplicável ao setor de atuação
da agência reguladora.
 Artigo 9º, §1º  A consulta pública é o instrumento de apoio à tomada de decisão
 por meio do qual a sociedade é consultada previamente
 por meio do envio de críticas, sugestões e contribuições
 por quaisquer interessados, sobre proposta de norma regulatória
 aplicável ao setor de atuação da agência reguladora.
o O que se entende por Audiência Pública?
 Artigo 10, §1º  A audiência pública é o instrumento de apoio à tomada de decisão
 por meio do qual é facultada a manifestação oral
 por quaisquer interessados em sessão pública
 previamente destinada a debater matéria relevante.

7. CONTROLE DAS AGÊNCIAS REGULADORAS E INTERAÇÃO COM OUTROS MICROSSISTEMAS


 Como ocorre o controle externo das agências reguladoras?
o  Exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do TCU
 Artigo 14  O controle externo das agências reguladoras será exercido pelo
Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União.
 Artigo 15  A agência reguladora deverá elaborar relatório anual circunstanciado
de suas atividades
 no qual destacará o cumprimento da política do setor
 definida pelos Poderes Legislativo e Executivo
 e o cumprimento dos seguintes planos:
 plano estratégico vigente, previsto no art. 17 desta Lei;
 plano de gestão anual, previsto no art. 18 desta Lei.
o Em que consiste o plano estratégico?
 Art. 17  A agência reguladora deverá elaborar, para cada período quadrienal,
 plano estratégico que conterá os objetivos, as metas
 e os resultados estratégicos esperados das ações da agência reguladora
 relativos a sua gestão e a suas competências regulatórias
 fiscalizatórias e normativas, bem como a indicação dos fatores externos
 alheios ao controle da agência
 que poderão afetar significativamente o cumprimento do plano.
o Em que consiste o plano anual?
 Artigo 18 da Lei  O plano de gestão anual, alinhado às diretrizes estabelecidas no
plano estratégico
 será o instrumento anual do planejamento consolidado da agência
reguladora
 e contemplará ações, resultados e metas
 relacionados aos processos finalísticos e de gestão.
o O que se entende por plano de comunicação?
 Art. 16  A agência reguladora deverá implementar, em cada exercício, plano de
comunicação
 voltado à divulgação com caráter informativo e educativo
 de suas atividades e dos direitos dos usuários
 perante a agência reguladora e as empresas que compõem o setor
regulado.
o O que se entende por Agenda regulatória?
 Art. 21  A agência reguladora implementará, no respectivo âmbito de atuação
 a agenda regulatória, instrumento de planejamento da atividade
normativa
 que conterá o conjunto dos temas prioritários
 a serem regulamentados pela agência durante sua vigência.
 Como ocorre o controle interno?
o  Sistema de ouvidoria
 Artigo 22. Haverá, em cada agência reguladora, 1 (um) ouvidor
 que atuará sem subordinação hierárquica
 e exercerá suas atribuições sem acumulação com outras funções.
 § 1º  São atribuições do ouvidor:
 zelar pela qualidade e pela tempestividade dos serviços prestados pela
agência;
 acompanhar o processo interno de apuração de denúncias e reclamações
dos interessados contra a atuação da agência;
 elaborar relatório anual de ouvidoria sobre as atividades da agência.
 §2º  O ouvidor terá acesso a todos os processos da agência reguladora.
 § 3º O ouvidor deverá manter em sigilo as informações que tenham caráter
reservado ou confidencial.
o Qual é a eficácia dos relatórios do ouvidor?
 § 4º  Os relatórios do ouvidor deverão ser encaminhados ao conselho diretor ou
à diretoria colegiada da agência reguladora, que poderá se manifestar no prazo de
20 (vinte) dias úteis.
 § 5º  Os relatórios do ouvidor não terão caráter impositivo, cabendo ao conselho
diretor ou à diretoria colegiada deliberar, em última instância, a respeito dos temas
relacionados ao setor de atuação da agência reguladora.
o Como é escolhido o ouvidor?
 Art. 23  O ouvidor será escolhido pelo Presidente da República e por ele
nomeado
 após prévia aprovação do Senado Federal, nos termos da alínea “f” do
inciso III do art. 52 da Constituição Federal
 devendo não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas no
inciso I do caput do art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de
1990
 e ter notório conhecimento em administração pública ou em regulação de
setores econômicos
 ou no campo específico de atuação da agência reguladora.
 § 1º  O ouvidor terá mandato de 3 (três) anos, vedada a recondução
 no curso do qual somente perderá o cargo em caso de renúncia
 condenação judicial transitada em julgado
 ou condenação em processo administrativo disciplinar.
 § 2º  É vedado ao ouvidor ter participação, direta ou indireta, em empresa sob
regulação da respectiva agência reguladora.
 Como ocorre a Interação entre as agências reguladoras e os órgãos de defesa da concorrência?
o  Agências reguladoras deverão atuar em cooperação com os órgãos de defesa da
concorrência
 Artigo 25  Com vistas à promoção da concorrência e à eficácia na implementação
da legislação de defesa da concorrência nos mercados regulados
 as agências reguladoras e os órgãos de defesa da concorrência
 devem atuar em estreita cooperação, privilegiando a troca de
experiências.
o Artigo 26  No exercício de suas atribuições, incumbe às agências reguladoras
 monitorar e acompanhar as práticas de mercado dos agentes dos setores regulados
 de forma a auxiliar os órgãos de defesa da concorrência
 na observância do cumprimento da legislação de defesa da concorrência
 nos termos da Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011 (Lei de Defesa da
Concorrência).
o § 1º  Os órgãos de defesa da concorrência são responsáveis pela aplicação da legislação de
defesa da concorrência nos setores regulados
 incumbindo-lhes a análise de atos de concentração, bem como a instauração e a
instrução de processos administrativos
 para apuração de infrações contra a ordem econômica.
o § 2º  Os órgãos de defesa da concorrência poderão solicitar às agências reguladoras
pareceres técnicos relacionados a seus setores de atuação, os quais serão utilizados como
subsídio à análise de atos de concentração e à instrução de processos administrativos.
o Art. 27  Quando a agência reguladora, no exercício de suas atribuições
 tomar conhecimento de fato que possa configurar infração à ordem econômica
 deverá comunicá-lo imediatamente aos órgãos de defesa da concorrência
 para que esses adotem as providências cabíveis.
o Art. 28  Sem prejuízo de suas competências legais, o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade)
 notificará a agência reguladora do teor da decisão sobre condutas
 potencialmente anticompetitivas cometidas no exercício das atividades reguladas
 bem como das decisões relativas a atos de concentração julgados por aquele órgão
 no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas
 após a publicação do respectivo acórdão, para que sejam adotadas as providências
legais.
 Como ocorre a articulação entre as agências reguladoras?
o Artigo 29  No exercício de suas competências definidas em lei, duas ou mais agências
reguladoras
 poderão editar atos normativos conjuntos
 dispondo sobre matéria cuja disciplina envolva agentes econômicos
 sujeitos a mais de uma regulação setorial.
o § 1º  Os atos normativos conjuntos deverão ser aprovados pelo conselho diretor ou pela
diretoria colegiada de cada agência reguladora envolvida
 por procedimento idêntico ao de aprovação de ato normativo isolado
 observando-se em cada agência as normas aplicáveis
 ao exercício da competência normativa previstas no respectivo regimento interno.
o § 2º  Os atos normativos conjuntos deverão conter regras sobre a fiscalização de sua
execução
 e prever mecanismos de solução de controvérsias decorrentes de sua aplicação
 podendo admitir solução mediante mediação, nos termos da Lei nº 13.140, de 26
de junho de 2015 (Lei da Mediação)
 ou mediante arbitragem por comissão integrada, entre outros
 por representantes de todas as agências reguladoras envolvidas.
 Como ocorre a articulação das agências reguladoras com órgãos de defesa do consumidor e do meio
ambiente?
o Artigo 31  No exercício de suas atribuições, e em articulação com o Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor (SNDC) e com o órgão de defesa do consumidor do Ministério da
Justiça e Segurança Pública
 incumbe às agências reguladoras zelar pelo cumprimento da legislação de defesa do
consumidor
 monitorando e acompanhando as práticas de mercado dos agentes do setor
regulado.
o § 2º  As agências reguladoras poderão firmar convênios e acordos de cooperação com os
órgãos e as entidades integrantes do SNDC para colaboração mútua
 sendo vedada a delegação de competências que tenham sido a elas atribuídas
 por lei específica de proteção e defesa do consumidor no âmbito do setor regulado.
o Artigo 32  Para o cumprimento do disposto nesta Lei, as agências reguladoras são
autorizadas a celebrar
 com força de título executivo extrajudicial, termo de ajustamento de conduta
 com pessoas físicas ou jurídicas sujeitas a sua competência regulatória
 aplicando-se os requisitos do art. 4º-A da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997.
o § 1º  Enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de ajustamento de conduta
 ficará suspensa, em relação aos fatos que deram causa a sua celebração
 a aplicação de sanções administrativas de competência da agência reguladora
 à pessoa física ou jurídica que o houver firmado.
o § 2º  A agência reguladora deverá ser comunicada quando da celebração do termo de
ajustamento de conduta a que se refere o § 6º do art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985, caso o termo tenha por objeto matéria de natureza regulatória de sua competência.
o Art. 33  As agências reguladoras poderão articular-se com os órgãos de defesa do meio
ambiente
 mediante a celebração de convênios e acordos de cooperação
 visando ao intercâmbio de informações, à padronização de exigências e
procedimentos
 à celeridade na emissão de licenças ambientais e à maior eficiência nos processos
de fiscalização.
 Como ocorre a interação operacional das agências reguladoras federais com as demais agências
reguladoras?
o  As agências reguladoras de que trata esta Lei poderão promover a articulação de suas
atividades
 com as de agências reguladoras ou órgãos de regulação dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de competência
 implementando, a seu critério e mediante acordo de cooperação
 a descentralização de suas atividades fiscalizatórias, sancionatórias e arbitrais
 exceto quanto a atividades do Sistema Único de Saúde (SUS), que observarão o
disposto em legislação própria.
o  É vedada a delegação de competências normativas.
o  A descentralização de que trata o caput será instituída desde que a agência reguladora ou
o órgão de regulação da unidade federativa interessada
 possua serviços técnicos e administrativos competentes
 devidamente organizados e aparelhados para a execução das respectivas atividades
 conforme condições estabelecidas em regimento interno da agência reguladora
federal.
o  A execução, por agência reguladora ou órgão de regulação estadual, distrital ou
municipal, das atividades delegadas será permanentemente acompanhada e avaliada pela
agência reguladora federal, nos termos do respectivo acordo.
o  É vedado à agência reguladora ou ao órgão regulador estadual, distrital ou municipal
conveniado, no exercício de competência fiscalizatória delegada, exigir de concessionária ou
permissionária obrigação não prevista previamente em contrato.
o  Além do disposto no § 2º deste artigo, a delegação de competências fiscalizatórias,
sancionatórias e arbitrais somente poderá ser efetivada em favor de agência reguladora ou
órgão de regulação estadual, distrital ou municipal que gozar de autonomia assegurada por
regime jurídico compatível com o disposto nesta Lei.
o  Havendo delegação de competência, a agência reguladora delegante permanecerá como
instância superior e recursal das decisões tomadas no exercício da competência delegada.
o  . No caso da descentralização prevista no caput do art. 34, parte da receita arrecadada
pela agência reguladora federal poderá ser repassada à agência reguladora ou ao órgão de
regulação estadual, distrital ou municipal, para custeio de seus serviços, na forma do
respectivo acordo de cooperação.
 Quais são as questões finais?
o  O mandato dos Diretores de todas as agências reguladoras federais é de 05 anos
  Os mandatos dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada das
agências reguladoras serão não coincidentes
o  É proibida a recondução dos diretores ao final dos mandatos
o  O prazo de quarentena é de 06 meses, a partir da Lei 13.848/2019
o  Há 04 hipóteses de perda do mandato dos diretores
 renúncia;
 condenação judicial transitada em julgado
 condenação em processo administrativo disciplinar;
 por infringência de quaisquer das vedações previstas
8. AGÊNCIAS EXECUTIVAS
 O que são agências executivas?
o Conceito  qualificação concedida a autarquias e fundações públicas que celebram um
contrato de gestão
 Agências Reguladoras  não é uma nova entidade administrativa
  Autarquias sob regime especial
  Denominação utilizada pela doutrina e pelas leis administrativas
  Não há procedimento de desqualificação
  Atuam especificamente na área de regulação
 Agências Executivas  não é uma nova entidade administrativa
  Autarquias ou fundações públicas que celebram um contrato de gestão
  Trata-se de qualificação formal, regulada pela lei 9.649.1998
  Podem ser desqualificadas, caso descumpram as exigências legais
  Não é prevista área específica de atuação
  É possível que uma agência reguladora seja qualificada como agência
executiva
o Quem pode ser qualificado como agência executiva?
  Autarquias e fundações públicas
 Qual é o procedimento de qualificação formal das agências executivas?
o Artigo 51 da Lei 9.649/1998  O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva
 a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:
 ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento;
 ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
o Qual é o conteúdo do plano estratégico?
 Art. 52  Os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento
institucional
 definirão diretrizes, políticas e medidas
 voltadas para a racionalização de estruturas e do quadro de servidores
 a revisão dos processos de trabalho
 o desenvolvimento dos recursos humanos
 e o fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva.
o Como é firmado o contrato?
 Artigo 52, §1º  Os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão celebrados
 com periodicidade mínima de um ano
 e estabelecerão os objetivos, metas
 e respectivos indicadores de desempenho da entidade
 bem como os recursos necessários
 e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.
o Como é feita a qualificação da agência executiva?
 Artigo 51, §1º  A qualificação será feita mediante ato do Presidente da República
 §2º  O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa
específicas, visando assegurar sua autonomia de gestão, bem como a
disponibilidade de recursos
 O que se entende por contrato de desempenho?
o Artigo 37, § 8º da CF/88  A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
 dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
 poderá ser ampliada mediante contrato
 a ser firmado entre seus administradores e o poder público
 que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
 para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre
 o prazo de duração do contrato
 os controles e critérios de avaliação de desempenho
 direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes
 a remuneração do pessoal.
o  A doutrina denominava o ajuste previsto na norma constitucional de “contrato de gestão”
 Contrato de gestão interno ou endógeno  Assinado entre o Poder Público e os
administradores dos órgãos entidades da Administração Pública.
 Contrato de gestão externo ou exógeno)  Assinado entre o Poder Público e a
entidade qualificada como organização social (OS).
o  A doutrina administrativista formula críticas à natureza contratual do ajuste
  Impossibilidade da figura do ‘contrato consigo mesmo’ ou autocontrato
  Inexistência de interesses contrapostos
o O que dispõe a Lei 13.934.2019?
  Disciplina o artigo 37, §8º, da CF no âmbito federal, denominando o referido
ajuste de “contrato de desempenho”.
 Artigo 2º da Lei  Contrato de desempenho é o acordo celebrado entre
 o órgão ou entidade supervisora e o órgão ou entidade supervisionada
 por meio de seus administradores
 para o estabelecimento de metas de desempenho do supervisionado
 com os respectivos prazos de execução e indicadores de qualidade
 tendo como contrapartida a concessão
 de flexibilidades ou autonomias especiais.
 Artigo 3º  O contrato de desempenho constitui, para o supervisor, uma forma de
autovinculação, e, para o supervisionado, uma condição para a fruição das
flexibilidades ou autonomias especiais.
 CJF  O contrato de desempenho previsto na Lei 13.934/2019, quando celebrado
entre órgãos que mantêm entre si relação hierárquica, significa a suspensão da
hierarquia administrativa, por autovinculação do órgão superior, em relação ao
objeto acordado, para substituí-la por uma regulação contratual, nos termos do art.
3º da referida Lei.
o O que é meta de desempenho?
  Meta de desempenho é o nível desejado de atividade ou resultado, estipulada de
forma mensurável e objetiva para determinado período.
o O que é indicador de qualidade?
  Indicador de qualidade é o referencial utilizado para avaliar o desempenho do
supervisionado.
o Quais são as obrigações do administrador do supervisionado?
  Constituem obrigações dos administradores do supervisionado:
 promover a revisão dos processos internos
o para sua adequação ao regime especial de flexibilidades e
autonomias
o com definição de mecanismos de controle interno;
  alcançar as metas e cumprir as obrigações estabelecidas, nos
respectivos prazos.
o Quais são as obrigações do administrador do supervisor?
  estruturar procedimentos internos de gerenciamento
 do contrato de desempenho e acompanhar e avaliar os resultados
 de acordo com os prazos, os indicadores
 e as metas de desempenho pactuados;
  dar orientação técnica ao supervisionado nos processos de prestação de contas.
o O que acontece se as metas não forem cumpridas?
  O não atingimento de metas intermediárias, comprovado objetivamente
 dá ensejo, mediante ato motivado,
 à suspensão do contrato e da fruição das flexibilidades e autonomias
especiais
 enquanto não houver recuperação do desempenho ou repactuação das
metas.
o Como ocorre a rescisão do contrato?
  O contrato poderá ser rescindido por acordo entre as partes
  ou por ato do supervisor nas hipóteses de insuficiência injustificada
  do desempenho do supervisionado ou de descumprimento reiterado das
cláusulas contratuais.

9. CONSÓRCIOS PÚBLICOS
 O que são consórcios públicos?
o Conceito  negócios jurídicos plurilaterais de direito público com o conteúdo de
cooperação mútua entre os pactuantes
 Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por
meio de lei
 os consórcios públicos e os convênios de cooperação
 entre os entes federados, autorizando a gestão associada
 de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos
 serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.
o  O dispositivo constitucional é regulamentado pela Lei 11.107/2005, que possui caráter
nacional
 Art. 1º  Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de
objetivos de interesse comum e dá outras providências.
  Os demais entes federativos podem complementar a legislação federal
 Como ocorre a formalização dos consórcios públicos?
o  Os consórcios Públicos se aproximam dos Convênios, porquanto ambos possuem como
conteúdo a cooperação mútua entre os entes federativos, mas se distanciam porque a
formalização dos Consórcios enseja a criação de uma Pessoa Jurídica
 §1º  O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de
direito privado.
 § 3º  Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios,
diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde – SUS.
 § 4º  Aplicam-se aos convênios de cooperação, no que couber, as disposições
desta Lei relativas aos consórcios públicos.
o  Quando assumir a forma de associação pública, o consórcio público terá personalidade
jurídica de direito público e integrará a Administração Indireta das pessoas federativas
consorciadas
 Artigo 6º, §1º  O consórcio público com personalidade jurídica de direito público
integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.
o  Caso se institua como pessoa jurídica de direito privado, não será considerada entidade
administrativa
o Há dois requisitos formais prévios à formação do consórcio:
  Prévia subscrição de protocolo de intenções
  Ratificação do protocolo mediante lei
  celebração de contrato
 Art. 3º  O consórcio público será constituído por contrato cuja
celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.
 Art. 5º  O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação,
mediante lei, do protocolo de intenções.
 É possível a celebração do contrato apenas por parte dos subscritores? E a
ratificação com reservas?
 § 1º  O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula
o pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela
o dos entes da Federação que subscreveram o protocolo de
intenções.
 § 2º  A ratificação pode ser realizada com reserva que
o aceita pelos demais entes subscritores
o implicará consorciamento parcial ou condicional.
 § 3º  A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de
intenções dependerá de homologação da assembléia geral do consórcio público.
 § 4º  É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo
 o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções
 disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.
o Quando a União pode participar dos consórcios?
 Artigo 1º, §2º  União somente participará de consórcios públicos em que também
façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados
 Doutrina  regra de constitucionalidade duvidosa, porquanto condiciona a
participação dos Municípios em consórcios com a União à presença dos entes
estaduais, ensejando uma possível violação à autonomia federativa
 Quando ocorre o início da existência dos consórcios públicos?
o Art. 6º  O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
 de direito público, no caso de constituir associação pública
 mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
 de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.
o Se as leis tiverem datas diversas?
 1ª corrente  surgimento da personalidade jurídica em momentos diversos para
cada ente federado
 2ª corrente  a tese anterior não se compatibiliza com o sistema da unidade da
personalidade jurídica, que deverá se iniciar apenas com a vigência da última lei
ratificadora
 Qual é o regime jurídico dos consórcios?
o Disciplina externa  legislação reguladoras das associações civis (basicamente o Código Civil)
e lei 11.1072005
 Art. 15  No que não contrariar esta Lei, a organização e funcionamento dos
consórcios públicos serão disciplinados pela legislação que rege as associações
civis.
o Disciplina interna  estatuto
 Art. 7º  Os estatutos disporão sobre a organização e o funcionamento de cada um
dos órgãos constitutivos do consórcio público.
o Os consórcios públicos estão obrigados a cumprir as exigências da administração pública
relacionadas com licitação, contratos e prestação de contas?
  O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a
administração pública e, portanto, está submetida a todas as regras aplicáveis às
demais entidades.
  O consórcio público com personalidade jurídica de direito privado, apesar de não
integrar a administração pública, também está submetida às regras de licitação
segundo previsão expressa do § 2º do art. 6º da Lei nº 11.107/2005.
o Qual o regime de pessoal dos consórcios?
  Regime celetista, independentemente da natureza
 Artigo 6º, § 2º  O consórcio público, com personalidade jurídica de direito público
ou privado
 observará as normas de direito público
 no que concerne à realização de licitação, à celebração de contratos
 à prestação de contas e à admissão de pessoal
 que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
 aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
o Como ocorre o controle financeiro dos consórcios?
 Artigo 9º  A execução das receitas e despesas do consórcio público
 deverá obedecer às normas de direito financeiro
 aplicáveis às entidades públicas.
 Parágrafo único  O consórcio público está sujeito à fiscalização
 contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas
 competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo
 representante legal do consórcio
o A União pode se recusar a firmar convênio com consórcio administrativo sob o argumento de
que alguns de seus membros se encontram incluídos em cadastros restritivos?
 Antes da Lei nº 13.821/2019  divergência, mas prevalecia que não
 Lei nº 13.821/2019  positivação do entendimento
 Artigo 14, parágrafo único  Para a celebração dos convênios de que trata
o caput deste artigo
o as exigências legais de regularidade aplicar-se-ão
o ao próprio consórcio público envolvido
o e não aos entes federativos nele consorciados
 Quais são as competências dos consórcios?
o Artigo 2º  Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes da
Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.
o § 1º  Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:
 firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza
 receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas
 de outras entidades e órgãos do governo;
 nos termos do contrato de consórcio de direito público
 promover desapropriações e instituir servidões
 nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública
 ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e
 ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação
consorciados, dispensada a licitação.
o § 2º  Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança
 e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos
 pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso
 de bens públicos por eles administrados
 ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.
o § 3º  Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização
 de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista
 no contrato de consórcio público
 que deverá indicar de forma específica o objeto
 da concessão, permissão ou autorização
 e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas gerais em
vigor.
 O que se entende por contrato de programa?
o Conceito  mecanismo que regula as obrigações que um ente da Federação constituir para
com outro ente da Federação ou para com consórcio público, no âmbito de gestão associada
 Art. 13 da Lei 11.107/2005 Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de
programa
 como condição de sua validade
 as obrigações que um ente da Federação constituir
 para com outro ente da Federação ou para com consórcio público
 no âmbito de gestão associada em que haja
 a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial
 de encargos, serviços, pessoal
 ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.
  O contrato de programa é condição de validade da constituição e regulação das
obrigações assumidas
o Quais são os limites do contrato de programa?
  É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao contratado o
exercício dos poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços por
ele próprio prestados.
  O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o consórcio
público ou o convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de serviços
públicos.
 O que se entende por contrato de rateio?
o Conceito  negócio jurídico plurilateral de direito público que figura como pressuposto para
que os entes consorciados transfiram recursos para o consórcio público
 Art. 8º  Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público
mediante contrato de rateio.
o Qual é a periodicidade do contrato de rateio?
 § 1º  O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro
 e seu prazo de vigência não será superior ao das dotações que o suportam
 com exceção dos contratos que tenham por objeto
 exclusivamente projetos consistentes em programas e ações
 contemplados em plano plurianual
o Quais são as vedações à entrega de recursos?
  É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para
o atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de
crédito.
  Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o consórcio público,
 são partes legítimas para exigir o cumprimento
 das obrigações previstas no contrato de rateio.
  Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão
 o ente consorciado que não consignar
 em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais
 as dotações suficientes para suportar
 as despesas assumidas por meio de contrato de rateio.
 Como ocorre a extinção e a alteração dos consórcios?
o  A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato formal de seu
representante na assembleia geral
  Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira
 somente serão revertidos ou retrocedidos
 no caso de expressa previsão no contrato de consórcio público
 ou no instrumento de transferência ou de alienação
  A retirada ou a extinção de consórcio público ou convênio de cooperação
 não prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os contratos
 cuja extinção dependerá do pagamento
 das indenizações eventualmente devidas.
o  A alteração ou a extinção de contrato de consórcio público dependerá de instrumento
aprovado pela assembleia geral, ratificação mediante lei por todos os entes consorciados.
  Até que haja decisão que indique os responsáveis por cada obrigação
 os entes consorciados responderão solidariamente
 pelas obrigações remanescentes, garantindo o direito de regresso
 em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.

10. FUNDAÇÕES PÚBLICAS


 O que são Fundações Públicas?
o Fundação  pessoa jurídica constituída mediante a afetação de um patrimônio à realização
de um fim
 Fundações privadas  instituídas por pessoas da iniciativa privada
 Fundações públicas  instituídas pelo Estado
o Fundações públicas pessoas jurídicas compostas por um patrimônio especializado, cuja
criação foi autorizada por lei, que prestam atividades não lucrativas e atípicas do Poder
Público, mas de interesse coletivo
o Qual a natureza jurídica das fundações públicas?
 Decreto-Lei 200/1967  personalidade jurídica de direito privado
 1ª corrente  apenas podem ser constituídas com personalidade jurídica de direito
público (Celso Antônio Bandeira de Melo)
 2ª corrente sempre possuem natureza de direito privado (Helly Lopes Meirelles)
  É uma contradictio in terminis considerar tais entidade dotadas de
personalidade jurídica de direito público, porquanto uma entidade não
pode ser simultaneamente fundação e autarquia
 3ª corrente fundações públicas podem ser de direito público ou de direito
privado
  A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao
regime público ou privado depende:
o do estatuto de sua criação ou autorização
o das atividades por ela prestadas.
 As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando
definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou
mantida pelo poder público, podem se submeter ao regime jurídico de
direito privado. STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946).
 Como ocorre a criação e a extinção das fundações públicas?
o  A criação e a extinção de tais entidade depende de lei
 Fundações públicas de direito público  lei confere personalidade jurídica à
entidade
 Fundações públicas de direito privado  lei apenas a autoriza a criação, que deve
ser concretizada pelo registro dos atos constitutivo
 Obs.:  lei complementar deve definir as suas áreas de atuação
 Qual é o regime jurídico das fundações públicas?
o Fundações públicas de direito público  regime jurídico é idêntico àquele previsto para as
autarquias.
o Fundações públicas de direito privado  submissão a um regime jurídico híbrido
o Qual é a natureza do Patrimônio
 Fundações Públicas de direito público  bens públicos
  Impenhorabilidade
 Não onerabilidade
  Imprescritibilidade
  Alienabilidade condicionada
 Fundações Públicas de Direito Privado  bens privados, mas se submetem à
exigência de licitações e ao controle dos Tribunais de Contas
o Qual é o regime de pessoal?
 Fundações Públicas de direito público regime jurídico único
 Fundações Públicas de Direito Privado  regime trabalhista, mas devem se
submeter à exigência do concurso público
 É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico
celetista incide sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de
fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado,
destinadas à prestação de serviços de saúde. STF. Plenário. ADI 4247/RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info 997).
o Qual é o regime jurídico dos atos e contratos?
 Fundações Públicas de direito público  atos administrativos e contratos
administrativos (regime público)
 Fundações Públicas de Direito Privado  02 hipóteses
 Atos  regime de direito privado, salvo no exercício de função delegada
 Contratos  Lei 8.666.1993 e a Lei 14.133/2021 impõem sua incidência em
relação a todas as fundações públicas, sem fazer distinção, razão pela qual
é exigível a realização de licitações e a incidência das cláusulas
exorbitantes
o Quais são as prerrogativas Processuais?
 Fundações Públicas de direito público  gozam dos privilégios processuais
atribuídos à Fazenda Pública
  Possuem prazo dilatado para manifestações processuais
  Gozam de garantia do duplo grau de jurisdição obrigatório
  Não estão submetidas à exigência de adiantamento de custas
  Os créditos autárquicos devem ser cobrados por meio de execução fiscal
  Os débitos judicias de tais entidades são pagos mediante precatórios
 Fundações Públicas de direito privado  não gozam dos privilégios processuais da
Fazenda Pública
 As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas
processuais. A isenção das custas processuais somente se aplica para as
entidades com personalidade de direito público. Dessa forma, para as
Fundações Públicas receberem tratamento semelhante ao conferido aos
entes da Administração Direta é necessário que tenham natureza jurídica
de direito público, que se adquire no momento de sua criação, decorrente
da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 676).
o Quais são os privilégios Tributários?
 Fundações Públicas de direito público  gozam da imunidade tributária
 Fundações Públicas de Direito Privado  gozam de imunidade tributária
  O artigo 150, VI, a, da Constituição Federal concedeu imunidade
tributária recíproca às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
de modo que se entende que a previsão se aplica às entidades de direito
privado
o Qual é o regime de responsabilidade Civil?
 Fundações Públicas de direito público  regime de responsabilidade objetiva
 Fundações Públicas de Direito Privado  responsabilização objetiva, pois são
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público
o Qual é o prazo prescricional?
 Fundações Públicas de direito público  prazo quinquenal
 Fundações Públicas de Direito Privado  prazo quinquenal
 STJ  Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/32 às
empresas públicas e às sociedades de economia mista responsáveis pela
prestação de serviços públicos próprios do Estado e que não exploram
atividade econômica.
o Qual é o foro dos litígios?
 Fundações Públicas de direito público  02 hipóteses
 Federais  justiça federal
 Estaduais e municipais  justiça estadual
 Fundações Públicas de direito privado
 Federais  Justiça Estadual
 Estaduais e municipais  Justiça Estadual
o Como ocorre o controle das Fundações?
 Todas as Fundações Públicas se submetem a um controle em 03 dimensões
 Controle político  indicação e nomeação dos dirigentes das entidades
 Controle administrativo  supervisão da atuação dos agentes
 Controle financeiro  exercido pelos Tribunais de Contas
 Fundações públicas de direito privado  devem se submeter ao controle pelo
Ministério Público dos Estados

11. NOÇÕES GERAIS SOBRE EMPRESAS ESTATAIS


 O que são empresas estatais?
o Conceito  entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, integrantes da
Administração Pública Indireta, constituídas para a exploração de atividade econômica ou
para prestação de serviço público
  Empresas públicas
  Sociedades de Economia Mista
o Empresa pública  entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei, dotada de patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente
detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios
 Art. 3º da Lei 13.303/2016  Empresa pública é a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado
 com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio
 cujo capital social é integralmente detido
 pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
 Parágrafo único  Desde que a maioria do capital votante permaneça
 em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município
 será admitida, no capital da empresa pública
 a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno
 bem como de entidades da administração indireta
 da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
o Sociedade de economia mista  entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos
Municípios
 Art. 4º  Sociedade de economia mista é a entidade dotada
 de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei
 sob a forma de sociedade anônima
 cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria
 à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios
 ou a entidade da administração indireta.
  É possível a participação de entes da Administração Pública Indireta no capital
social da empresa estatal, ainda que possuam personalidade jurídica de direito
privado.
  É possível a participação de outras pessoas de direito público interno e de
entidades da administração indireta das pessoas federativas
  A maioria do capital social deve pertencer ao ente da Administração Pública
Direta instituidora
  É constitucional lei estadual que veda a participação acionária de outros entes
nas empresas públicas e sociedades de economia mista
o Quais são as diferenças entre as entidades
  Empresas Públicas
 I) Capital inteiramente público
 II) constituídas sob qualquer forma admitida em direito
o  A doutrina considera que tais entidades, ao menos no âmbito
da União (competência para legislar sobre Direito Civil e Direito
Comercial) podem ser constituídas com base em novas formas
jurídicas
o Âmbito federal  empresas públicas serão preferencialmente
constituídas com a forma de sociedade anônima
 III) Foro processual  Justiça Federal ou Justiça Estadual
 Sociedade de Economia Mista
 I) Capital é formado pela conjugação de recursos públicos com recursos
privados, desde que a maioria das ações com direito a voto pertença à
Administração Pública
 II) Forma de Sociedade Anônima
 III) Foro Processual: Justiça Estadual
o As entidades podem emitir valores mobiliários?
 Art. 11  A empresa pública não poderá:
 lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, conversíveis em
ações;
 emitir partes beneficiárias.
 Como ocorre a criação das empresas estatais?
o Regra  Criação autorizada em lei
 Artigo 2º, §1º  A constituição de empresa pública ou de sociedade de economia
mista
 dependerá de prévia autorização legal que indique
 de forma clara, relevante interesse coletivo
 ou imperativo de segurança nacional
 nos termos do caput do art. 173 da Constituição Federal
 CJF  A demonstração da existência de relevante interesse coletivo ou de
imperativo de segurança nacional, descrita no § 1º do art. 2º da Lei 13.303/2016,
será atendida por meio do envio ao órgão legislativo competente de
estudos/documentos com dados objetivos que justifiquem a decisão pela criação
de empresa pública ou de sociedade de economia mista
  O procedimento de criação apenas se encerra com o registro dos estatutos ou
atos constitutivos junto à autoridade competente
o Mitigação  subsidiárias
 Conceito  pessoas jurídicas cujas atividades se sujeitam a gestão e controle de
uma empresa pública ou de uma sociedade de economia mista
  Possuem personalidade jurídica própria (de direito privado), não se confundindo
com a entidade controladora, mas se submetem ao seu controle e gestão
  Empresas subsidiárias não integram a Administração Pública Indireta
  São empresas de segundo grau, controladas diretamente pelas
empresas estatais (empresas de primeiro grau)
  A instituição das subsidiárias também deve obedecer a necessidade de
autorização legislativa, mas de forma mitigada
  A autorização legislativa não precisa ser específica, bastando a previsão
na lei autorizadora da constituição da empresa pública ou da sociedade de
economia mista da futura instituição das subsidiárias
 Como ocorre a extinção das entidades
o Regra  exige autorização legislativa para tanto
 Entendimento Inicial  A alienação do controle acionário de empresas públicas e
sociedades de economia mista exige autorização legislativa e licitação. STF.
Plenário.ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e
6/6/2019 (Info 943).
 Segundo a ementa, o STF disse que a alienação do controle acionário de
empresas públicas e sociedades de economia mista exige:
o (1) autorização legislativa; e
o (2) licitação pública.
 Ocorre que, posteriormente, no julgamento da medida cautelar na ADI 5841, a
maioria dos Ministros entendeu que a ementa da ADI 5624, acima explicada, não
retratou com exatidão aquilo que ali foi decidido. No julgamento da medida cautelar
na ADI 5841, o STF disse que o entendimento da Corte é o seguinte:
 (1) a alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de
economia mista exige autorização legislativa;
 (2) por outro lado, a alienação do controle acionário de empresas públicas
e sociedades de economia mista não exige licitação pública, bastando, para
tanto, a adoção de procedimento público competitivo, tal qual o
estabelecido no Decreto 9.188/2017.
 No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.624/DF-MC, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, que seria dispensável a realização
de processo de licitação pública para alienação de controle de empresas estatais,
bastando, para tanto, a adoção de procedimento público competitivo. STF.
Plenário. ADI 5841 MC, Relator(a) p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
21/12/2020.
o Exceção  subsidiárias
 A exigência de autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do controle
de suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a
necessidade de licitação desde que siga procedimentos que observem os princípios
da administração pública inscritos no art. 37 da CF/88 respeitada, sempre, a
exigência de necessária competitividade. STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info 943).
 O que são sociedades de mera participação?
o Conceito  pessoas jurídicas nas quais o Estado figura em sua composição, mas sem deter o
controle da entidade
o Quais os requisitos para a participação?
 § 2º  Depende de autorização legislativa a criação de subsidiárias de empresa
pública e de sociedade de economia mista, assim como a participação de qualquer
delas em empresa privada cujo objeto social deve estar relacionado ao da
investidora nos termos do inciso XX do art. 37 da Constituição Federal
 A autorização para participação em outras empresas pode ser genérica?
  Lei que autorize a criação de sociedade de economia mista controlada
pela União pode conter cláusula genérica que permita àquela sociedade
adquirir participação em outras empresas.
 Quando não se aplica a necessidade de autorização?
 § 3º  A autorização para participação em empresa privada prevista no §
2º não se aplica a operações de tesouraria, adjudicação de ações em
garantia e participações autorizadas pelo Conselho de Administração, em
linha com o plano de negócios da empresa pública da sociedade de
economia mista e de suas respectivas subsidiárias.
o Qual é o regime jurídico das sociedades de mera participação?
   Em relação às sociedades de mera participação acionária do Estado (sem
controle estatal), não se aplicam as normas constitucionais relativas à
Administração, salvo expressa referência normativa em sentido contrário 
o O que são empresas público-privadas?
 As "empresas público-privadas", como a doutrina vem se referindo, são empresas
privadas com participação acionária minoritária por parte do poder público, em
geral através das estatais. Possuem fundamento constitucional no Art. 37, XX, parte
final, da CF, e dependem de autrização legislativa para o seu aperfeiçoamento. Não
se confundem com as sociedades de economia mista porque não há controle
acionário pelo Estado. Diversos motivos podem ensejar o seu surgimento, tais como
o fomento a determinada atividade de interesse coletivo, auxílio financeiro ao ente
privado, tentativa de influenciar no direcionamento das atividades de
concessionárias de serviço público, etc. Estas entidades não perdem o caráter
privado, razão pela qual o regime jurídico de seus empregados é aquele comum às
empresas privadas, sendo desnecessária a realização de concurso público. Não se
submetem, igualmente, ao dever de licitar compras, obras e serviços. Não há
submissão ao controle exercido pelos Tribunais de Contas, salvo naquelas situações
em que, tradicionalmente, empresas privadas são submetidas a tal controle, como
quando celebram contratos com o poder público. Exige-se a tomada de
determinados cuidados na realização destas operações, tais como a observância do
interesse público, princípio que sempre pautará a atividade do Estado, e o respeito à
isonomia e à livre concorrência. Neste contexto, o CADE e a CVM devem exercer
normalmente suas atividades de controle sobre as empresas público-privadas e as
operações pos estas realizadas, sem que a participação do Estado produza qualquer
interferência. Por fim, tendo em vista que a empresas público-privadas são
reguladas pelo regime privado, sujeitam-se normalmente a Lei de Falências e
Recuperação Judicial.
 Qual é o objeto das empresas estatais
o  Destinam-se à exploração das atividades econômicas em sentido amplo, englobando os
serviços públicos e as atividades econômicas em sentido estrito
o Qual é a natureza da atribuição de serviço público a uma empresa estatal?
 1ª corrente  sempre há delegação contratual (Di Pietro)
 2ª corrente  02 hipóteses
 Empresa estatal criada com recursos integralmente pertencentes a um
ente federativo  delegação legal
 Empresa estatal criada com recursos de diferentes origens  a delegação
ocorre pela via contratual
  Em ambos os casos, a pessoa jurídica de direito privado não é titular do serviço
público prestado, sendo responsável apenas pela execução da atividade
 Qual é o regime jurídico de tais entidades?
o  O regime jurídico das empresas públicas e sociedades jurídicas é marcada por hibridismo
normativo, no qual se apresenta o influxo de normas de direito público e de direito privado
 Prestadoras de serviços públicos  regime híbrido é mais aproximado de um
regime publicístico
 Exploração de atividades econômicas  regidas pelo direito público apenas em
caráter excepcional
o Qual é o regime de bens das Empresas Estatais?
  Os bens das empresas estatais são bens privados
  No que concerne àqueles bens atrelados à prestação de serviços,
gozam de algumas das prerrogativas inerentes aos bens públicos, como a
imprescritibilidade e a impenhorabilidade
  O entendimento não se aplica às estatais exploradoras de atividades
econômicas
 O regime de precatórios se aplica às empresas estatais?
 Se for uma empresa estatal prestadora de serviços públicos  SIM.
 Se for uma empresa estatal que desenvolva atividade econômica sem
monopólio e com finalidade de lucro  NÃO.´
o O Metrô-DF é sociedade de economia mista prestadora de serviço
público essencial, atividade desenvolvida em regime de
exclusividade (não concorrencial) e sem intuito lucrativo. Por essa
razão, os seus débitos devem se submeter ao regime de
precatórios (art. 100 da CF/88).
o STF. Plenário. ADPF 524 MC-Ref, Rel. Min. Edson Fachin, Relator p/
Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020.
o É inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição
de bens de sociedade de economia mista prestadora de serviços
públicos em regime não concorrencial, para fins de pagamento de
débitos trabalhistas. Sociedade de economia mista prestadora de
serviço público não concorrencial está sujeita ao regime de
precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de
sofrer constrição judicial de seus bens, rendas e serviços, em
respeito ao princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da
CF/88) e da separação funcional dos poderes (art. 2º c/c art. 60, §
4º, III).
o Qual é o regime de Pessoal?
  O pessoal das empresas estatais se submete ao regime trabalhista comum, cujos
princípios e normas se encontram na CLT
  A admissão dos empregados públicos exige prévia aprovação em concurso
público, salvo as hipóteses de contratação excepcional para serviços temporários
  Não gozam da garantia de estabilidade conferida para os servidores estatutários
  A dispensa do empregado público exige adequada motivação
 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem o dever jurídico de
motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados. STF. Plenário. RE
589998 ED/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/10/2018
(repercussão geral) (Info 919).
  O teto de remuneração previsto no artigo 37, XI, da Constituição Federal se
aplica aos empregados públicos, desde que se trate de empresa estatal dependente
  Aplica-se a vedação de acumulação de cargos e empregos públicos, ressalvadas
as exceções constitucionais
 Norma de Constituição Estadual pode exigir a aprovação da ALE para a nomeação
de dirigentes das entidades da Administração Indireta e o Procurador Geral?
 É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição
e aprovação da Assembleia Legislativa para que o Governador do Estado
nomeie os dirigentes das autarquias e fundações públicas, os presidentes
das empresas de economia mista e assemelhados, os interventores de
Municípios, bem como os titulares da Defensoria Pública e da
Procuradoria-Geral do Estado STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min.
Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
3/6/2020 (Info 980).
 Outrossim, é inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades
da administração indireta forneçam à ALE a declaração atualizada de seus
bens e de suas ocupações para serem fiscalizados pelo Parlamento. Tal
situação viola a separação de poderes. STF. Plenário. ADI 2225/SC, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 21/8/2014 (Info 755).
o Qual é o regime tributário?
  As empresas estatais devem se sujeitar ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
tributários
  Não podem gozar de privilégios fiscais não extensíveis às empresas do setor
privado
  No entanto, os Tribunais Superiores consideram que, no caso das empresas
estatais prestadoras de serviços públicos não concorrenciais, deve ocorrer a
extensão da regra imunizante
o As empresas estatais possuem privilégios processuais?
  As empresas estatais não gozam dos privilégios processuais conferidos à Fazenda
Pública
o Qual é a responsabilidade civil de tais entidades?
 Empresas estatais prestadoras de serviços públicos  responsabilidade civil
objetiva, incluindo usuários e dos não-usuários
 Empresas estatais exploradoras de atividades econômicas  responsabilidade civil
subjetiva
o Atos Administrativos  regime híbrido
 Regra  atos privados, equiparando-se às pessoas de direito privado
 Exceção  quando exercem atividades estatais delegadas
o Qual é o controle exercido sobre tais entidades?
  São submetidas a um controle finalístico da Administração Pública Direta a qual
se vinculam
  são submetidas à fiscalização contábil, financeira e orçamentária do Tribunal de
Contas
 CJF  As empresas estatais são organizações públicas pela sua finalidade, portanto,
submetem-se à aplicabilidade da Lei 12.527/2011 “Lei de Acesso à Informação “, de
acordo com o art. 1º, parágrafo único, inc. II, não cabendo a decretos e outras
normas infralegais estabelecer outras restrições de acesso a informações não
previstas na Lei.
o Qual é o prazo de prescrição?
  Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/32 às empresas públicas
e às sociedades de economia mista responsáveis pela prestação de serviços públicos
próprios do Estado e que não exploram atividade econômica.

12. REGRAMENTO INFRACONSTITUCIONAL DAS EMPRESAS ESTATAIS


 Qual é a abrangência da Lei 13.303.2016?
o Abrangência quanto aos entes federativos  lei nacional
o Abrangência quanto à natureza das entidades  prestadoras de serviços públicos e
exploradoras de atividades econômicas
 Art. 1º  Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública
 da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias
 abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia
mista
 da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
 que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens
 ou de prestação de serviços
 ainda que a atividade econômica esteja sujeita
 ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços
públicos.
 § 1º O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 11,
12 e 27
 não se aplica à empresa pública e à sociedade de economia mista
 que tiver, em conjunto com suas respectivas subsidiárias
 no exercício social anterior, receita operacional bruta inferior a R$
90.000.000,00 (noventa milhões de reais).
 § 2º  O disposto nos Capítulos I e II do Título II desta Lei aplica-se inclusive à
empresa pública dependente
 definida nos termos do inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 101, de
4 de maio de 2000
 que explore atividade econômica, ainda que a atividade econômica
 esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de
serviços públicos.
 § 5º  Submetem-se ao regime previsto nesta Lei a empresa pública e a sociedade
de economia mista que participem de consórcio, conforme disposto no art. 279 da
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, na condição de operadora.
 § 6º  Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, inclusive a de
propósito específico, que seja controlada por empresa pública ou sociedade de
economia mista abrangidas no caput
 A lei 6.404/1976 se aplica a tais entidades?
o Sociedades anônimas  regras acerca do acionista controlador
 Artigo 4º, §1º  § 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista
 tem os deveres e as responsabilidades do acionista controlador
 estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976
 e deverá exercer o poder de controle no interesse da companhia
 respeitado o interesse público que justificou sua criação.
 § 2º  Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia mista
 com registro na Comissão de Valores Mobiliários
 sujeita-se às disposições da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976
o Sociedade de economia mista de capital fechado e empresas públicas  regras de
escrituração
 Art. 7º  Aplicam-se a todas as empresas públicas, as sociedades de economia
mista
 de capital fechado e as suas subsidiárias
 as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976
 e as normas da Comissão de Valores Mobiliários
 sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras
 inclusive a obrigatoriedade de auditoria independente
 por auditor registrado nesse órgão.
o A Lei Anticorrupção se aplica a tais entidades?
 SIM, vide o Art. 94  Aplicam-se à empresa pública, à sociedade de economia
mista e às suas subsidiárias as sanções previstas na Lei nº 12.846, de 1º de agosto
de 2013, salvo as previstas nos incisos II, III e IV do caput do art. 19 da referida Lei .
  Suspensão ou interdição parcial de atividades
  Dissolução compulsória
  Proibição de receber incentivos, subsídios e outras benesses de órgãos públicos
pelo prazo entre 01 a 05 anos
 Qual é o regime estatutário de tais entidades?
o Regra  A lei autorizadora da empresa estatal deve dispor sobre as diretrizes e restrições a
serem consideradas no Estatuto da Companhia
o Exceção  A Lei 13.303.2016 autorizou o Poder Executivo dos entes públicos a editar atos
estatutários com as devidas regras de governança, observadas as diretrizes do Estatuto
 Artigo 1º, § 3º  Os Poderes Executivos poderão editar atos
 que estabeleçam regras de governança destinadas
 às suas respectivas empresas públicas e sociedades de economia mista
 que se enquadrem na hipótese do § 1º
 observadas as diretrizes gerais desta Lei.
 § 4º  A não edição dos atos de que trata o § 3º no prazo
 de 180 (cento e oitenta) dias a partir da publicação desta Lei
 submete as respectivas empresas públicas e sociedades de economia mista
 às regras de governança previstas no Título I desta Lei.
 Como ocorre o cumprimento da função social por tais entidades?
o Art. 27  A empresa pública e a sociedade de economia mista terão a função social
 de realização do interesse coletivo
 ou de atendimento a imperativo da segurança nacional
 expressa no instrumento de autorização legal para a sua criação.
o § 1º  A realização do interesse coletivo de que trata este artigo
 deverá ser orientada para o alcance do bem-estar econômico
 e para a alocação socialmente eficiente dos recursos
 geridos pela empresa pública e pela sociedade de economia mista
 bem como para o seguinte:
 ampliação economicamente sustentada
 do acesso de consumidores aos produtos e serviços
 da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
 desenvolvimento ou emprego de tecnologia brasileira
 para produção e oferta de produtos e serviços
 da empresa pública ou da sociedade de economia mista
 sempre de maneira economicamente justificada.
o § 2º  A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão, nos termos da lei
 adotar práticas de sustentabilidade ambiental
 e de responsabilidade social corporativa compatíveis com o mercado em que
atuam.
o Enunciado 08 do CJF  O exercício da função social das empresas estatais é condicionado
ao atendimento da sua finalidade pública específica e deve levar em conta os padrões de
eficiência exigidos das sociedades empresárias atuantes no mercado, conforme
delimitações e orientações dos §§ 1º a 3º do art. 27 da Lei 13.303/2016

13. ESTRUTURA INTERNA DAS EMPRESAS ESTATAIS


 Qual é a responsabilidade do acionista controlador?
o Art. 14  O acionista controlador da empresa pública e da sociedade de economia mista
deverá:
 fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável à alta administração
 a vedação à divulgação, sem autorização do órgão competente
 da empresa pública ou da sociedade de economia mista
 de informação que possa causar impacto na cotação
 dos títulos da empresa pública ou da sociedade de economia mista
 e em suas relações com o mercado ou com consumidores e fornecedores;
 preservar a independência do Conselho de Administração no exercício de suas
funções;
 observar a política de indicação na escolha dos administradores e membros do
Conselho Fiscal.
o Art. 15  O acionista controlador da empresa pública e da sociedade de economia mista
responderá pelos atos praticados com abuso de poder, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976
o § 1º  A ação de reparação poderá ser proposta pela sociedade
 nos termos do art. 246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976
 pelo terceiro prejudicado ou pelos demais sócios
 independentemente de autorização da assembleia-geral de acionistas.
o § 2º  Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da prática do ato abusivo, a ação a que
se refere o § 1º.
 Quais são os administradores das empresas estatais?
o  Os membros do Conselho de Administração e os membros da Diretoria
 Art. 16  Sem prejuízo do disposto nesta Lei
 o administrador de empresa pública e de sociedade de economia mista
 é submetido às normas previstas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
1976
 Parágrafo único  Consideram-se administradores da empresa pública e da
sociedade de economia mista os membros do Conselho de Administração e da
diretoria.
o Quais são os requisitos para atuação como administrador?
 Art. 17  Os membros do Conselho de Administração e os indicados para os cargos
de diretor
 inclusive presidente, diretor-geral e diretor-presidente
 serão escolhidos entre cidadãos de reputação ilibada
 e de notório conhecimento, devendo ser atendidos
 alternativamente, um dos requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I
 e, cumulativamente, os requisitos dos incisos II e III:
 ter experiência profissional de, no mínimo:
 10 (dez) anos
o no setor público ou privado
o na área de atuação da empresa pública
o ou da sociedade de economia mista
o ou em área conexa àquela para a qual
o forem indicados em função de direção superior; ou
 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:
o cargo de direção ou de chefia superior
 em empresa de porte ou objeto social
 semelhante ao da empresa pública
 ou da sociedade de economia mista
 entendendo-se como cargo de chefia superior
 aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos
 não estatutários mais altos da empresa;
o cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou
superior, no setor público;
o cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da
empresa pública ou da sociedade de economia mista;
 4 (quatro) anos de experiência como profissional liberal
o em atividade direta ou indiretamente vinculada
o à área de atuação da empresa pública ou sociedade de economia
mista;
 ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado; e
 não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas nas alíneas do inciso I
do caput do art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990 , com as
alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010.
o Quais são as vedações?
 §2º  É vedada a indicação, para o Conselho de Administração e para a diretoria:
 de representante do órgão regulador ao qual a empresa pública
o ou a sociedade de economia mista está sujeita
o de Ministro de Estado, de Secretário de Estado, de Secretário
Municipal
o de titular de cargo, sem vínculo permanente com o serviço
público
o de natureza especial ou de direção e assessoramento superior na
administração pública
o de dirigente estatutário de partido político
o e de titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente da
federação
o ainda que licenciados do cargo;
 de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses
o como participante de estrutura decisória de partido político
o ou em trabalho vinculado a organização
o estruturação e realização de campanha eleitoral;
 de pessoa que exerça cargo em organização sindical;
 de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria
o como fornecedor ou comprador, demandante ou ofertante
o de bens ou serviços de qualquer natureza
o com a pessoa político-administrativa controladora
o da empresa pública ou da sociedade de economia mista
o ou com a própria empresa ou sociedade
o em período inferior a 3 (três) anos antes da data de nomeação;
 de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse
o com a pessoa político-administrativa controladora
o da empresa pública ou da sociedade de economia mista
o ou com a própria empresa ou sociedade.
 § 3º  A vedação prevista no inciso I do § 2º estende-se também aos parentes
consanguíneos ou afins até o terceiro grau das pessoas nele mencionadas.
 É constitucional dispositivo legal que veda a indicação de pessoa que exerça cargo
em organização sindical ou que seja membro de conselho ou diretoria de associação
patronal ou trabalhista para a alta direção das agências reguladoras. STF. Plenário.
ADI 6276/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).
 O que se entende por Conselho de Administração?
o Conceito  órgão superior de direção das empresas públicas e sociedades de economia
mista, com número mínimo de 7 (sete) e o número máximo de 11 (onze) membros
o Qual é a composição da entidade?
 Art. 19  É garantida a participação, no Conselho de Administração, de
representante dos empregados e dos acionistas minoritários.
 Art. 20  É vedada a participação remunerada de membros
 da administração pública, direta ou indireta
 em mais de 2 (dois) conselhos, de administração ou fiscal
 de empresa pública, de sociedade de economia mista ou de suas
subsidiárias.
 Art. 22 da Lei  O Conselho de Administração deve ser composto
 no mínimo, por 25% (vinte e cinco por cento) de membros independentes
 ou por pelo menos 1 (um)
 caso haja decisão pelo exercício da faculdade do voto múltiplo
 pelos acionistas minoritários, nos termos do art. 141 da Lei nº 6.404, de 15
de dezembro de 1976
o O que se entende por membro independente?
 § 1º  O conselheiro independente caracteriza-se por:
 não ter qualquer vínculo com a empresa pública ou a sociedade de
economia mista, exceto participação de capital;
 não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim
o até o terceiro grau ou por adoção
o de chefe do Poder Executivo, de Ministro de Estado
o de Secretário de Estado ou Município
o ou de administrador da empresa pública ou da sociedade de
economia mista;
 não ter mantido, nos últimos 3 (três) anos
o vínculo de qualquer natureza com a empresa pública
o a sociedade de economia mista ou seus controladores
o que possa vir a comprometer sua independência;
 não ser ou não ter sido, nos últimos 3 (três) anos
o empregado ou diretor da empresa pública
o da sociedade de economia mista ou de sociedade controlada
o coligada ou subsidiária da empresa pública
o ou da sociedade de economia mista
o exceto se o vínculo for exclusivamente com instituições públicas
de ensino ou pesquisa;
 não ser fornecedor ou comprador, direto ou indireto
o de serviços ou produtos da empresa pública ou da sociedade de
economia mista
o de modo a implicar perda de independência;
 não ser funcionário ou administrador de sociedade ou entidade
o que esteja oferecendo ou demandando serviços ou produtos
o à empresa pública ou à sociedade de economia mista
o de modo a implicar perda de independência;
 não receber outra remuneração da empresa pública ou da sociedade de
economia mista
o além daquela relativa ao cargo de conselheiro
o à exceção de proventos em dinheiro oriundos de participação no
capital.
 O que se entende por diretoria?
o Conceito  órgão ao qual incumbe operar os negócios da empresa
 Art. 23  É condição para investidura em cargo de diretoria da empresa pública e
da sociedade de economia mista
 a assunção de compromisso com metas e resultados específicos
 a serem alcançados
 que deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração
 a quem incumbe fiscalizar seu cumprimento.
  Haverá o número mínimo de 03 diretores
 O que se entende por Comitê de Auditoria Estatutário?
o  órgão auxiliar do Conselho de Administração, com competência para supervisionar o
controle interno da entidade
o Art. 25  O Comitê de Auditoria Estatutário será integrado por, no mínimo, 3 (três) e, no
máximo, 5 (cinco) membros, em sua maioria independentes.
 O que se entende por Conselho Fiscal
o  Órgão responsável pelo controle das operações fiscais da entidade?
o  Aplicam-se as normas previstas na 6.404/1976
o Quem pode ser conselheiro fiscal?
 1º  Podem ser membros do Conselho Fiscal pessoas naturais, residentes no País
 com formação acadêmica compatível com o exercício da função
 e que tenham exercido, por prazo mínimo de 3 (três) anos
 cargo de direção ou assessoramento na administração pública
 ou cargo de conselheiro fiscal ou administrador em empresa.
 § 2º  O Conselho Fiscal contará com pelo menos 1 (um) membro indicado pelo
ente controlador, que deverá ser servidor público com vínculo permanente com a
administração pública.
14. GOVERNANÇA CORPORATIVA E CONTROLE DAS EMPRESAS ESTATAIS
 O que se entende por governança corporativa?
o Conceito  conjunto de processos, políticas e leis que disciplinam a forma pela qual a
empresa é dirigida ou controlada
 Artigo 6º da Lei  O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia mista
e de suas subsidiárias
 deverá observar regras de governança corporativa
 de transparência e de estruturas
 práticas de gestão de riscos e de controle interno
 composição da administração e, havendo acionistas
 mecanismos para sua proteção, todos constantes desta Lei.
o  O artigo 8º da Lei 13.303.2016 fixa os requisitos mínimos de transparência de tais
entidades
 § 2º  Quaisquer obrigações e responsabilidades
 que a empresa pública e a sociedade de economia mista
 que explorem atividade econômica
 assumam em condições distintas às de qualquer outra empresa
 do setor privado em que atuam deverão:
 estar claramente definidas em lei ou regulamento
o bem como previstas em contrato, convênio ou ajuste
o celebrado com o ente público competente para estabelecê-las
o observada a ampla publicidade desses instrumentos;
 ter seu custo e suas receitas discriminados e divulgados de forma
transparente, inclusive no plano contábil.
 § 3º  Além das obrigações contidas neste artigo, as sociedades de economia mista
 com registro na Comissão de Valores Mobiliários
 sujeitam-se ao regime informacional estabelecido por essa autarquia
 e devem divulgar as informações previstas neste artigo
 na forma fixada em suas normas.
 Como ocorre o controle das empresas estatais?
o Controle interno  exercido pelos órgãos da entidade
  Vide os mecanismos de auditoria interna
o Controle externo  controle político-institucional
 Art. 85  Os órgãos de controle externo e interno das 3 (três) esferas de governo
 fiscalizarão as empresas públicas e as sociedades de economia mista a elas
relacionadas
 inclusive aquelas domiciliadas no exterior
 quanto à legitimidade, à economicidade e à eficácia
 da aplicação de seus recursos, sob o ponto de vista contábil
 financeiro, operacional e patrimonial.
 § 1º  Para a realização da atividade fiscalizatória de que trata o caput
 os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito
 aos documentos e às informações necessários à realização dos trabalhos
 inclusive aqueles classificados como sigilosos
 pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista
 nos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
 Art. 89  O exercício da supervisão por vinculação da empresa pública
 ou da sociedade de economia mista, pelo órgão a que se vincula
 não pode ensejar a redução ou a supressão da autonomia
 conferida pela lei específica que autorizou
 a criação da entidade supervisionada
 ou da autonomia inerente a sua natureza
 nem autoriza a ingerência do supervisor
 em sua administração e funcionamento
 devendo a supervisão ser exercida nos limites da legislação aplicável.

15. QUESTÕES FINAIS


 As empresas estatais se submetem ao regime falimentar?
o Redação original da Lei 6.404.1976  exclusão das sociedades de economia mista
  O dispositivo foi revogado pela Lei 10.303.2001
  A revogação ensejou a interpretação de que o legislador passara a admitir a
falência de tais entidades, salvo aquelas que prestavam serviços públicos,
o Empresas públicas  Lei 6.404.1976 sempre foi omissa sobre o tema, de modo que havia
interpretações divergentes sobre o tema
 1ª corrente  cabimento, exceto nas empresas públicas prestadoras de serviços
públicos
 2ª corrente  cabimento irrestrito
 3ª corrente  impossibilidade
o Lei 11.101.2005  restou consignado que o regime falimentar não se aplica a empresas
públicas e sociedades de economia mista
  O artigo 2º, I, da Lei e Falências não faz qualquer ressalva quanto à espécie de
entidade que fica excluída do âmbito normativo
 1ª corrente  inaplicabilidade do regime falimentar a todas as empresas estatais
  responsabilidade subsidiária da Administração Direta
  violação à regra constitucional que pressupõe autorização legal para a
extinção de tais entidades
 2ª corrente  impossibilidade se aplica apenas às entidades que prestam serviço
público
  Constituição Federal estabelece que as empresas estatais que exploram
atividade econômica devem se submeter ao mesmo regime das entidades
privadas, no que concerne às obrigações civis e comerciais
 Quais são os modelos de Administração Pública
o Administração Pública Patrimonialista  confusão patrimonial entre os bens do Estado e os
bens do governante
  Há o favorecimento de poucos em detrimento dos interesses da sociedade
  Contraditio in adjecto
o Administração Burocrática  separação entre o patrimônio público e o patrimônio privado
  Marcada por procedimentos rígidos e pelo excessivo formalismo
o Administração Pública Gerencial  foco na eficiência da atividade administrativa
  Descentralização político-administrativa
 Administração Pública Policêntrica (ou Pluricêntrica)
  Organizações com poucos níveis hierárquicos, em substituição a uma estrutura
piramidal
  Controle de resultados
  Administração voltada para o cidadão, ao invés de autorreferida
o O que se entende por Administração Pública Dialógica e Administração Pública Policêntrica?
 Administração Pública Monológica  modelo de Administração Pública refratário à
utilização de instrumentos de consensualidade
 Administração Pública Dialógica  concepção pela qual atuação administrativa
deve estar pautada pela realização de efetivo diálogo com todos aqueles que terão
as suas esferas de direitos atingidas pela atuação estatal
 Administração Pública Policêntrica (ou Pluricêntrica)  modelo administrativo
pautado na pluralidade de centros de tomada de decisão
  O modelo clássico de Estado é marcado pelo perfil unitário, com rígida
separação em relação à sociedade
  O pluralismo e a complexidade da sociedade contemporânea exigem
uma mitigação dos aparatos centralizados de poder e uma necessária
flexibilização dos instrumentos
o Qual é a extensão da consensualidade administrativa?
  A partir do Estado Democrático de Direito e o advento da Constituição Federal de
1988, a criação de um sistema de direitos fundamentais da pessoa humana e a
opção pela democracia como sistema político, faz surgir a denominada
Administração Pública dialógica, pautada no princípio da consensualidade
administrativa, em que as decisões são tomadas após o debate com os destinatários
das políticas públicas.
  Insta ponderar que a Administração deve observância ao princípio da legalidade,
nada podendo fazer que não esteja previsto em lei (artigo 37, “caput” da CF), além
de dever observância o princípio da indisponibilidade do interesse público, pois o
Administrador, como mero gestor da coisa pública, não tem disponibilidade sobre
os interesses confiados à sua guarda e realização.
  Desse modo, para que acordos administrativos sejam feitos, é necessário que
haja lei.
 Além disso, o artigo 26 da Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro
representaram um marco à consensualidade administrativa, pois é um efetivo
permissivo genérico para que a Administração Pública celebre acordos.
  Por fim, como exemplos de instrumentos consensuais da Administração Pública
podemos citar os termos de ajustamento de conduta celebrados pelo Ministério
Público e por outros órgãos e entidades públicas, audiências e consultas públicas,
termos de transação, compromissos arbitrais
 O que se entende por Administração Pública Extroversa e Administração Pública Introversa?
o Administração Pública Extroversa  atividade administrativa que atende a interesse público
primário (atividade-fim)
  Incide para fora do núcleo estatal, atingindo os administrados/cidadãos
  Benefício direto aos cidadãos
o Administração Pública Introversa  Atende a interesse público secundário (atividade-meio)
  Incide dentro do núcleo estatal, não atingindo diretamente os cidadãos
  Benefício indireto aos cidadãos
 Exige-se lei específica para inclusão de estatal em plano de desestatização?
o O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição de uma lei específica para se
autorizar a instituição de uma sociedade de economia mista ou uma empresa pública. Para
que ocorra a desestatização da empresa estatal também necessária lei específica ou basta
uma autorização genérica prevista em lei que veicule programa de desestatização? A Lei nº
9.491/97 tratou sobre o Programa Nacional de Desestatização e autorizou a desestatização
de empresas estatais. Essa lei genérica é suficiente? Em regra, sim. É desnecessária, em
regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa pública
em programa de desestatização. Não se aplica o princípio do paralelismo das formas.
Exceção: em alguns casos a lei que autorizou a criação da empresa estatal afirmou
expressamente que seria necessária lei específica para sua extinção ou privatização.
Nesses casos, obviamente, não é suficiente uma lei genérica (não basta a Lei nº 9.491/97),
sendo necessária lei específica. STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 6/2/2021 (Info 1004).
 Análise de alguns princípios jurídicos?
o (i) Solidariedade Intergeracional. 0,140 ponto.
 (a) Descrição. Encontra destaque tanto no Direito Ambiental e possui, inclusive,
matriz constitucional no art. 225 da CF. Ele se caracteriza pela necessária
solidariedade entre as gerações futuras e presentes no sentido de preservar o meio
ambiente, atuando de forma sustentável a fim de que as próximas gerações possam
continuar usufruindo dos recursos naturais. Também encontra espaço no direito
previdenciário, estabelecendo que toda a sociedade economicamente ativa e o
Estado devem contribuir para o pagamento dos inativos de hoje. 0,080 ponto.
 (b) Doutrina. O princípio reconhece uma responsabilidade de preservação do meio
ambiente em condições adequadas para as futuras gerações (LEMOS), por exemplo.
0,030
 (c) Jurisprudência. O STJ (REsp 1775867), ao analisar questões relativas à supressão
de vegetação, já reconheceu que esse princípio estabelece responsabilidades morais
e jurídicas para as gerações humanas presentes em vista da ideia de justiça
intergeracional, ou seja, justiça e equidade entre gerações humanas distintas, por
exemplo. No aspecto previdenciário, o STJ, quando da análise de questões
envolvendo reajuste de plano de saúde em virtude da mudança de faixa etária
(REsp 1568244), também faz menção expressa a este princípio, por exemplo. 0,030
ponto.
o
o 2 - Continuidade ou Permanência. 0,140 ponto.
o
o 2.1 - Descrição. Encontra destaque no direito administrativo, principalmente no campo da
prestação dos serviços públicos. Está inserido no art. 175, parágrafo único, inciso IV, da CF e
também, de forma mais direta, no artigo 22 do CDC, razão pela qual alguns até defendem se
tratar de princípio de direito do consumidor. Entende-se, por este princípio, que os serviços
públicos devem ser prestados de maneira contínua, ou seja, sem parar. Isso porque é
justamente pelos serviços públicos que o Estado desempenha suas funções essenciais ou
necessárias à coletividade. A consequência lógica desse fato é a de que não podem os
serviços públicos ser interrompidos, devendo, ao contrário, ter normal continuidade. 0,080
ponto.
o
o 2.2 - Doutrina. A prestação de serviços públicos não deve sofrer interrupções, de forma a
evitar colapso nas atividades particulares. A continuidade deve estimular o Estado ao
aperfeiçoamento e à extensão do serviço, recorrendo à tecnologia moderna, de forma a
adaptar-se a atividade às novas exigências sociais (CARVALHO FILHO), por exemplo. 0,030
ponto.
o
o 2.3 - Jurisprudência. Ao tratar de questão relativa a remoções de ofício de servidores
públicos, o STJ adotou o referido princípio (AgInt no RMS 55226), por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 3 - Conformidade Funcional. 0,140 ponto.
o
o 3.1 - Descrição. Encontra destaque no direito constitucional e caracteriza-se por atuar no
sentido de impedir que os órgãos encarregados da interpretação da Constituição, sobretudo
o STF, cheguem a um resultado contrário ao esquema organizatório-funcional estabelecido
por ela. Também denominado de exatidão funcional ou justeza, o princípio da conformidade
funcional é um dos princípios interpretativos das normas constitucionais. 0,080 ponto.
o
o 3.2 - Doutrina. Visa impedir, em sede de concretização da Constituição, a alteração de
repartição de funções constitucionalmente estabelecidas (CANOTILHO), por exemplo. 0,030
ponto.
o
o 3.3 - Jurisprudência. O STF (MS33340) reconhece expressamente o referido princípio quando
assevera que o princípio da conformidade funcional a que se refere Canotilho, também,
reforça a conclusão de que os órgãos criados pela Constituição da República, tal como o TCU,
devem se manter no quadro normativo de suas competências, sem que tenham autonomia
para abrir mão daquilo que o constituinte lhe entregou em termos de competências, por
exemplo. 0,030 ponto.
o
o 4 - Socialidade. 0,140 ponto.
o
o 4.1 - Descrição. Encontra destaque e é norteador do próprio Direito Civil - princípio
infraconstitucional. Ele permeia as relações privadas por força dos conceitos do abuso de
direito (arts. 187 e 1.228, § 2º, do CC), da função social da propriedade (art. 1228, § 1º, do
CC) e do contrato (art. 421 do CC). Ao estatuir que o contrato e a propriedade não são
direitos absolutos, mas sim apenas reconhecidos como direito subjetivo ou exercício legítimo
da autonomia privada enquanto conciliados com os seus fins econômicos ou sociais, alinha,
este princípio alinha o Código Civil ao texto constitucional. 0,080 ponto.
o
o 4.2 - Doutrina. O princípio da socialidade faz superar o caráter individualista do Código Civil
de 1916, estabelecendo o predomínio do social sobre o individual (REALE), por exemplo.
0,030 ponto.
o
o 4.3 - Jurisprudência. O STJ (Resp 1148631) ao decidir questões relativas à comprovação da
posse, asseverou que esta pode ser efetuada com base no justo título, o qual deve ser
compreendido segundo os princípios da socialidade, eticidade e operabilidade, por exemplo.
0.030 ponto.
o
o 5 - Uniformidade Geográfica 0,140 ponto.
o
o 5.1 - Descrição. Encontra destaque no Direito Tributário, inclusive no âmbito constitucional,
quando, no inciso I do art. 151, a Constituição Federal veda, de forma expressa, a União de
instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País. 0,080
ponto.
o
o 5.2 - Doutrina. Este princípio proíbe que a União institua tributo não uniforme em todo o
país, ou dê preferência a Estado, Município ou ao Distrito Federal em detrimento de outro
ente federativo (JESUS), por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 5.3 - Jurisprudência. O STF, ao tratar da questão relativa ao IPI sobre o açúcar, já decidiu (AI
729667) que a utilização do IPI como instrumento de promoção do desenvolvimento
nacional e de superação das desigualdades regionais não caracteriza desvio de finalidade e
não ofende o princípio da uniformidade geográfica, por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 6 - Adstrição 0,140 ponto.
o
o 6.1 - Descrição. Encontra destaque no âmbito do direito processual. Inserido no art. 492 do
CPC -princípio infraconstitucional-, veda a possibilidade de se proferir decisão de natureza
diversa da pedida ou condenar a parte em quantidade superior ou objeto diverso do que lhe
foi demandado. 0,080 ponto.
o
o 6.2 - Doutrina. Este princípio decorre do princípio da demanda deve o juiz, ao proferir a
sentença, decidir o mérito nos limites propostos pelas partes, não podendo proferir de
natureza diversa da pedida e nem condenar em quantidade superior ou objeto diverso do
demandado (MEDINA), por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 6.3 - Jurisprudência. O STJ já firmou tese de que não configura julgamento ultra ou extra
petita, com violação ao princípio da adstrição, o provimento exarado nos limites do pedido, o
qual deve ser interpretado a partir de toda a petição inicial (AGInt no REsp 1761218), por
exemplo. 0,030 ponto.
o
o 7 - Intranscendência Subjetiva 0,140 ponto.
o
o 7.1 - Descrição. Encontra destaque no Direito Administrativo e estabelece proibição de
aplicação de sanção administrativa que ultrapasse a pessoa do infrator. Exemplo deste
princípio pode ser extraído da Súmula 615 do STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a
inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão
anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos
danos eventualmente cometidos. 0,080 ponto.
o
o 7.2 - Doutrina. Por este princípio não podem ser impostas sanções e restrições que superem
a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as
causadoras do dano (CAVALCANTE), por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 7.3 - Jurisprudência. O STF (ACO 2795) reconheceu o referido princípio ao decidir que ele
inibe a aplicação de severas sanções às administrações por ato de gestão anterior à assunção
dos deveres públicos, por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 8 - Operabilidade 0,140 ponto.
o
o 8.1 Descrição. O princípio da operabilidade encontra destaque no Direito Civil - princípio
infraconstitucional - e visa simplificar a compreensão e a aplicação do direito e a alcançar
uma maior efetividade desta aplicação. 0,080 ponto.
o
o 8.2 - Doutrina. Por este princípio procura-se a superação de divergências teoréticas e
formais, acerca de institutos de direito, pela sua capacidade de ser executado (GODOY), por
exemplo. 0,030 ponto.
o
o 8.3 - Jurisprudência. O STJ (REsp 1148631) ao decidir questões relativas à comprovação da
posse, asseverou que esta pode ser efetuada com base no justo título, o qual deve ser
compreendido segundo os princípios da socialidade, eticidade e operabilidade, por exemplo.
0,030 ponto.
o
o 9 - Não Afetação. 0,140 ponto.
o
o 9.1 - Descrição. Destaca-se no âmbito do Direito Constitucional, Tributário e Financeiro e
pode ser observado no art. 167, IV, da CF. Esse princípio veda a vinculação de receita de
impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo algumas exceções inseridas no corpo da
Constituição que vem sendo ampliadas por meio de emendas constitucionais. Dessa forma,
estão alheios à vedação a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se
referem os arts. 158 e 159; a destinação de recursos para as ações e serviços de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para a realização de atividades da administração
tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2°, 212 e 37, XXII, e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8°, bem como o disposto no § 4° do art. 167. 0,080 ponto.
o
o 9.2 - Doutrina. Este princípio enuncia a vedação constitucional, dirigida ao legislador, de
vincular receita de imposto a órgão, fundo ou despesa, mas vem perdendo relevância em
virtude das inúmeras exceções criadas por sucessivas emendas constitucionais (TORRES), por
exemplo. 0,030 ponto.
o
o 9.3 - Jurisprudência. O STF (ARE 665921) ao analisar lei municipal que afetava receitas de
ICMS a Fundo Municipal, declarou, com base nesse princípio, sua inconstitucionalidade, por
exemplo. 0,030 ponto.
o
o 10 - Juízo Imediato. 0,140 ponto.
o
o 10.1 - Descrição. Destaca-se na área do direito processual afeto à proteção da criança e do
adolescente e se encontra positivado no artigo 147, incisos I e II, do ECA – princípio
infraconstitucional. Por intermédio dele se estabelece a competência do juízo do local onde
os pais ou os responsáveis pela criança ou o adolescente possuem seu domicílio. Em razão
deste princípio, a competência territorial estabelecida pelo ECA ganha contornos de
absoluta, pois necessário assegurar ao infante a convivência familiar e comunitária, bem
como lhe ofertar a prestação jurisdicional de forma prioritária. 0,080 ponto.
o
o 10.2 - Doutrina. O referido princípio estabelece que a competência para apreciar e julgar
medidas, ações e procedimentos que tutelam interesses, direitos e garantias positivados no
ECA é determinado pelo lugar onde a criança ou o adolescente exerce, com regularidade, seu
direito a convivência familiar ou comunitária (CAVALCANTE), por exemplo. 0,030 ponto.
o
o 10.3 - Jurisprudência. O STJ já editou a Súmula 383, que resguarda a competência do foro do
domicílio do detentor da guarda em ações conexas de interesse de menor e também já
decidiu (CC 157473) que o princípio do juízo imediato fixado nos incisos I e II do art. 147 do
ECA excepciona as regras gerais de competência estabelecida no CPC, garantindo uma tutela
jurisdicional mais eficaz e segura ao menor, por exemplo. 0,030 ponto
 O que são sujeições especiais?
o A administração pública está submetida ao princípio da legalidade, de forma que somente
pode exercer suas competências para restringir liberdade, propriedade e demais direitos dos
indivíduos com base em permissão legislativa.
o
o Tal é o regime de sujeição geral. Há casos, no entanto, em que os indivíduos estabelecem
vínculos especiais com a administração, como os servidores públicos, o concessionário de
serviços públicos e contratados pelo Estado.
o
o Esse tipo de relação permitiria que o Estado criasse obrigações ou restringisse direitos por
meio de atos administrativos, a partir de atos de consentimento do particular. Portanto,
haveria aí casos de sujeição especial, em que os particulares não poderiam invocar o
princípio da legalidade.
o
o Critica-se o instituto porque a Constituição não contempla exceções ao princípio da
legalidade. Assim, as competências da administração são criadas por lei, e eventuais
regulações concretizadas em atos administrativos consubstanciam apenas o exercício de
competências discricionárias, negando-se a existência de competência autônoma para
criação e restrição de obrigações.
 Quais são as teses do princípio da igualdade?
o  Ao legislador é defeso tratar: (a) o igual desigualmente; e (b) o substancialmente igual
desigualmente.
 (i) primeira fase  deve-se verificar a existência de um tratamento desigual e uma
igualdade fática parcial que sirva de fundamento para o exame da igualdade
 (ii) segunda etapa  sindicar se essa igualdade é substancial, a ponto de reputar
como arbitrário o trato desigual.
o  O enunciado da igualdade é violado se não é possível encontrar um fundamento razoável,
que decorra da natureza das coisas, ou uma razão objetivamente evidente para
diferenciação ou para tratamento igual feitos pela lei; em resumo, se a disposição examinada
tiver que ser classificado como arbitrária.
o  Não é tarefa do aplicador do Direito examinar se o legislador se decidiu pela disciplina
jurídica mais justa ou oportuna, mas apenas se os limites extremos (traçada pela zona de
certeza positiva definida pelo conceito de arbitrariedade) foram respeitados.
  O sentido forte do enunciado de igualdade o aproxima da solução mais justa e
adequada. Nos termos dessa concepção, dois casos seriam substancialmente iguais
e, por conseguinte, deveriam ser tratados igualmente se esse tratamento igual
satisfizer postulados como os da justiça ou adequação em maior medida que um
tratamento desigual”.
  Essa concepção, se adotada pelo aplicador do Direito, esvaziaria toda e
qualquer liberdade de conformação outorgada ao legislador, razão por que
esse não pode ser o sentido do enunciado da igualdade.
  Possível é apenas uma concepção fraca do enunciado da igualdade, cujo objetivo
é a manutenção dos limites da liberdade de conformação do legislador, definidos
por meio do conceito de arbítrio; ela não diz respeito, portanto, a uma igualdade
valorativa em um sentido ideal, mas a uma igualdade em sentido estrito.

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