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1. NOÇÕES GERAIS
O que se entende por Estado?
o Conceito instituição organizada política, social e juridicamente, dotada de personalidade
jurídica de direito público, formada por um território, uma comunidade humana e um
governo soberano, não subordinado juridicamente a qualquer outro poder, externo ou
interno
Governo elemento formador do Estado,
Sentido subjetivo cúpula diretiva do Estado, responsável pela condução
das atividades estatais
Sentido objetivo ou material atividade diretiva do Estado, confundindo-
se com o complexo de suas funções básicas.
o Estado de Direito concepção de Estado na qual a Administração Pública se submete ao
ordenamento jurídico posto, baseado na tripartição dos poderes, na universalidade da
jurisdição (controle da validade dos atos estatais) e na generalização do princípio da
legalidade
o Poderes do Estado segmentos estruturais em que se divide o poder geral e abstrato
decorrente da soberania, dotados de funções típicas e atípicas
o Quais são os Poderes do Estado?
Poder Legislativo função típica de criação normativa e de fiscalização
Poder Judiciário função típica de solucionar definitivamente conflitos de
interesses mediante a provocação do interessado
Poder Executivo função administrativa típica, consistente na defesa concreta dos
interesses públicos, de ofício ou a requerimento, atuando dentro dos limites da lei.
o Os Poderes do Estado também podem exercer funções atípicas:
As funções atípicas de cada poder devem estar previstas na Constituição
As funções atípicas devem ser interpretadas restritivamente, dado o seu caráter
excepcional
o Celso Antônio Bandeira de Mello Função Política ou de Governo, abrangendo os atos
jurídicos do Estado que não se encaixam nas funções anteriores.
O que se entende por Administração Pública?
o Sentido formal (orgânico ou subjetivo) designa conjunto de órgãos e agentes estatais no
exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam
o Sentido objetivo-material função administrativa, devendo ser entendida como a atividade
administrativa exercida pelo Estado para a defesa concreta do interesse público.
Função externa (extroversa) atividade-fim da Administração Pública, visando a
atender interesses públicos primários em benefício diretos dos cidadãos.
Função interna (introversa) atividade-meio, atendendo às necessidades da
coletividade de forma mediata
o Critério objetivo-formal Administração Pública é analisada a partir do regime jurídico
adotado
o Quais são as atividades abrangidas pela Administração Pública?
Poder de Polícia limitação e condicionamento pelo Estado da liberdade e
propriedade privadas em favor do interesse público
Função prestacional prestação de serviços públicos.
Função regulatória (fomento) incentivo a setores sociais específicos em atividades
exercidas por particulares, estimulando o desenvolvimento da ordem social e
econômica
Função de controle poder-dever atribuído ao Estado de verificar a correção e
legalidade da atuação exercida pelos seus próprios órgãos.
o Qual é a relação órgão/pessoa?
Teoria do mandato agentes seriam mandatários do Estado (teoria do mandato)
Estado é despido de vontade, não podendo outorgar mandato
Teoria da representação agentes são representantes do Estado (teoria da
representação)
Estado estaria sendo considerado uma pessoa incapaz
Se o representante exorbitasse os poderes concedidos, não seria
possível responsabilizar o Estado
Teoria do órgão (Otto Von Gierke) vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída
aos órgãos que a compõem
Princípio da imputação volitiva vontade do órgão público é imputada à
pessoa jurídica a cuja estrutura ele pertence
o Relação externa pessoa jurídica e outras pessoas
o Relação interna órgão e a pessoa jurídica englobante
Há 03 teorias de caracterização do órgão:
o Teoria subjetiva órgãos públicos são o próprio agente público
o Teoria objetiva órgão público é a unidade funcional da
organização administrativa
o Teoria eclética círculo de competência e o agente público
exercente
O que se entende por Direito Administrativo?
o Direito Público objeto principal é a regulação dos interesses da sociedade como um todo,
compondo-se de normas que visam a disciplinar as relações jurídicas em que o Estado
aparece como parte
Desigualdade nas relações jurídicas por ele regidas (verticalidade)
Normas imperativas
o Direito Privado objeto principal é a regulação dos interesses dos particulares
Igualdade jurídica entre as partes (horizontalidade)
Normas supletivas, que podem ser afastadas ou modificadas por acordo das
partes interessadas.
o Há 07 critérios para definição do Direito Administrativo:
Critério legalista (escola exegética) Direito Administrativo se resume no conjunto
da legislação administrativa existente no país.
Critério do Poder Executivo Direito Administrativo corresponde à atuação do
Poder Executivo
Critério das relações jurídicas Direito Administrativo é disciplina das relações
jurídicas entre a administração pública e o particular.
Critério do serviço público (Escola do Serviço Público, Leon Duguit) Direito
Administrativo tem por objeto a disciplina jurídica dos serviços públicos
Critério teleológico ou finalístico Direito Administrativo deve ser conceituado
como sistema de princípios jurídicos que regula as atividades do Estado para
cumprimento de seus fins.
Critério negativista Direito Administrativo deve ser conceituado por exclusão,
regulando as funções do Estado que não são legislativas ou jurisdicionais.
Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado distinção entre a
atividade jurídica não contenciosa do Estado e a atividade de cunho social, por meio
da qual estrutura seus órgãos e atividades em geral.
o Conceito moderno ramo do Direito Público consistente em um conjunto harmônico de
regras e princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado".
O objeto do Direito Administrativo é a função administrativa, ainda que ela seja
exercida pelo Poder Legislativo ou pelo Poder Judiciário, de forma atípica.
Teleologia realizar de forma concreta, direta e imediata os fins desejados pelo
Estado
o Ciência da Administração ciência de cunho social consistente no estudo de técnicas e
estratégias para melhor planejar, executar e organizar a gestão governamental, definindo
técnicas de gestão.
O que se entende por regime jurídico administrativo?
o Conceito conjunto harmônico de princípios e regra que definem a lógica da atuação da
Administração Pública e dos agentes administrativos em geral, baseando-se nos princípios da
supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público, definindo
prerrogativas a serem estipuladas ao Estado e limitações impostas ao ente estatal na
persecução do interesse público
o O que se entende pela constitucionalização do Direito Administrativo?
Conceito tendência modernização do conceito de legalidade no Direito
Administrativo (e no Direito Público em geral), introduzindo uma parametricidade
que contempla todos os princípios e regras constitucionais (conceito de
juridicidade), ensejando uma ampliação do controle judicial sobre os atos
administrativos, principalmente no que diz respeito à atuação voltada para políticas
públicas
Há uma redução do âmbito de discricionariedade do legislador
Sentido restrito de legalidade princípio da reserva legal determinadas matérias
da atuação administrativa são reservadas à lei.
Sentido amplo de legalidade abrange não somente a lei formalmente
considerada, mas também os atos normativos emanados do Poder Executivo, além
dos princípios expressos e implícitos no texto constitucional.
Como deve ocorrer a interpretação do Direito Administrativo?
o A interpretação das regras do Direito Administrativo está sujeita aos princípios
hermenêuticos gerais
o Hely Lopes Meirelles 03 pressupostos que devem ser observados na interpretação de
normas de Direito Administrativo
Desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados, em virtude da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado
Presunção de legitimidade dos atos da administração
Necessidade de poderes discricionários para a Administração atender ao
interesse
público, haja vista o fato de que o administrador público não atua como mero
interpretador da lei
o Quais são os sistemas de controle da atuação administrativa?
Sistema francês (sistema do contencioso administrativo) sistema da dualidade de
jurisdição proíbe o conhecimento pelo Poder Judiciário, de atos ilícitos praticados
pela Administração Pública, ficando esses atos sujeitos à jurisdição especial do
contencioso administrativo
Jurisdição administrativa Tribunais de natureza administrativa, com
plena jurisdição em matéria administrativa
Jurisdição comum formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com
competência para resolver os demais litígios que não envolvam atuação da
Administração Pública.
Analisa a separação de poderes de forma absoluta
Sistema inglês (sistema de jurisdição única) aquele no qual todos os litígios
podem ser levados à justiça comum
O sistema de unicidade de jurisdição não obsta a realização do controle
de legalidade dos atos administrativos pela própria Administração Pública.
o Qual é o sistema adotado no Brasil?
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema inglês, conforme o princípio
da inafastabilidade da jurisdição ou da unicidade
A formação de coisa julgada administrativa não impede ou obstaculiza a decisão
judicial acerca da matéria, desde que seja provocado a atuar.
A possibilidade de recorrer ao judiciário não depende do esgotamento das
instâncias administrativas.
Exceção ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva
5. PODERES ADMINISTRATIVOS
O que se entende por Poderes Administrativos?
o Conceito conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica atribui aos
órgãos e entidades administrativas para que executem suas tarefas e cumprem suas funções
Instrumentalidade concedidos ao ente estatal para que ele consiga alcançar o fim
público que almeja.
Irrenunciabilidade administrador não pode dispor deles livremente
Obrigatoriedade devem ser obrigatoriamente exercidos pelos titulares (Poderes-
deveres)
o O que se entende por abuso de poder?
Conceito situações nas quais a autoridade pública pratica o ato extrapolando a
competência legal ou visando uma finalidade diversa daquela estipulada pela
legislação.
Excesso de poder autoridade pública atua fora dos limites de sua competência
Desvio de poder quando o agente do Estado praticar visando a alcançar outra
finalidade que não aquela prevista em lei.
O agente público pratica um ato visando interesses individuais,
A autoridade pública pratica o ato respeitando a busca pelo interesse
público, mas não respeitando a finalidade especificada por lei para aquele
determinado ato.
o Quais são as espécies de poderes administrativos quanto aos limites legais?
Poder Vinculado hipóteses em que a previsão legal estabelece de forma
apriorística todos os elementos do ato administrativo, sem que a autoridade pública
possa exercer um juízo de valor sobre a consequência da conduta, quando houver
preenchimento do suporte fático da norma jurídica
Hely Lopes Meirelles poder vinculado ou regrado é aquele que
estabelece único comportamento possível a ser tomado pelo administrador
diante de casos concretos, sem nenhuma liberdade para juízo de
conveniência e oportunidade."
Poder Discricionário hipóteses em que a previsão legal confere margem de
apreciação ao administrador, a quem incumbe a escolha da solução mais adequada
em face do caso concreto, segundo critérios de oportunidade e conveniência (mérito
administrativo)
A atuação discricionária encontra limites no ordenamento jurídico, não
configurando um poder arbitrário
7. PODERES ADMINISTRATIVOS
Quais são os poderes administrativos?
o Poder Normativo ou Poder Regulamentar poder conferido à Administração Pública de
expedir atos administrativos de natureza normativa, com efeitos gerais e abstratos
Não se trata de poder para a edição de leis, mas apenas um mecanismo para a
edição de normas complementares à lei.
Regulamentos ato normativo privativo do chefe do Poder Executivo, exarado
mediante decreto (forma)
1ª corrente Poder Regulamentar é sinônimo de Poder Normativo.
2ª corrente Poder normativo abrange a edição de regulamentos (poder
regulamentar), bem como de autos atos normativos
Quais são as espécies de regulamentos?
Regulamentos executivos aqueles editados para a fiel execução da lei,
não podendo inovar no ordenamento jurídico
Regulamentos autônomos atuam em substituição à lei, podendo inovar o
ordenamento jurídico
Admitem-se regulamentos autônomos no ordenamento jurídico brasileiro?
1ª corrente NÃO
2ª corrente SIM, vide o artigo 84, VI, da CF
o organização e funcionamento da administração federal, quando
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos;
o extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
O que se entende por regulamentação técnica?
Conceito processo de transferência da competência para regular
determinadas matérias para outras fontes normativas (migração do
domaine de la loi para o domaine de l´ordonnance) deslegalização ou
descongelamento hierárquico
A delegação não é total, sujeitando-se a limites (delegação com
parâmetros ou delegation with standards)
o Poder Hierárquico poder de estruturação interna da atividade pública, abrangendo as
prerrogativas de organizar, distribuir e escalonar as funções dos órgãos administrativos
Hierarquia escalonamento no plano vertical dos órgãos e agentes da
Administração que tem como objetivo a organização da função administrativa
Não existe manifestação de hierarquia externa, somente se manifestando dentro
de uma mesma Pessoa Jurídica
O controle exercido entre pessoas jurídicas diferentes não decorre do
Poder Hierárquico nem retiram dele seu fundamento, mas de uma
vinculação (controle de finalidade ou tutela administrativa)
o Poder Disciplinar atribuição do poder de aplicação de sanções decorrente de um vínculo
especial, apurando infrações dos servidores ou outros que são submetidos à disciplina da
Administração
O Poder Disciplinar pode decorrer do Poder Hierárquico, haja vista tratar-se a
hierarquia de uma espécie de vinculação especial, mas também pode decorrer dos
contratos celebrados pela Administração Pública, sejam regidos pelo direito público
ou pelo direito privado.
O Poder Disciplinar pode ser exercido em face de servidores aposentados (vide a
cassação da aposentadoria)
O Poder Disciplinar consiste em um sistema punitivo interno e por isso não se
pode confundir com o sistema punitivo exercido pela justiça penal muito menos com
o exercício do Poder de Polícia, cujos destinatários não possuem um vínculo especial
com a Administração Pública.
O Poder disciplinar não influencia na responsabilização em outras esferas
Súmula 651-STJ Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor
público a pena de demissão em razão da prática de improbidade
administrativa, independentemente de prévia condenação, por autoridade
judicial, à perda da função pública.
Qual é a natureza dos atos praticados no exercício do poder disciplinar?
Os atos decorrentes do Poder Disciplinar são praticados no exercício de
competência discricionária.
A discricionariedade não contempla opção entre sancionar ou não o
agente infrator.
A discricionariedade fica limitada ao tipo de sanção e à extensão da
sanção, desde que haja margem legal de discricionariedade
o Súmula 650-STJ A autoridade administrativa não dispõe de
discricionariedade para aplicar ao servidor pena diversa de
demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132
da Lei nº 8.112/90.
o Poder de Polícia
O que se entende por delegação?
o Conceito extensão da competência, de forma temporária, de um agente competente para
outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial
Artigo 12 da Lei 9.784/1999 Um órgão administrativo e seu titular poderão
se não houver impedimento legal
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
o Quais são as características do ato de delegação?
Ato discricionário, podendo ser revogado a qualquer tempo
Artigo 14, §2º, da LPAF O ato de delegação é revogável a qualquer
tempo pela autoridade delegante.
Ato público, devendo ser de conhecimento de todos
Artigo 14 da LPAF O ato de delegação e sua revogação deverão ser
publicados no meio oficial.
O ato de delegação não pode ser genérico, devendo prever a matéria a ser
delegada de forma específica, sob pena de nulidade
Artigo 14, §1º, da LPAF O ato de delegação especificará
o as matérias e poderes transferidos
o os limites da atuação do delegado
o a duração e os objetivos da delegação
o e o recurso cabível
o podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
Ato praticado mediante reserva de poderes, visto que a autoridade delegante
continua cumulativamente competente
Destinatário da delegação pode ocorrer para agente de mesma hierarquia ou de
nível hierárquico inferior
o Quem é responsável pelo ato pratica pela autoridade delegada?
Artigo 14, §3º, da LPAF As decisões adotadas por delegação
devem mencionar explicitamente esta qualidade
e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Súmula 510 do STF Praticado o ato por autoridade no exercício de competência
delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial
o Quais são as hipóteses impeditivas de delegação?
Artigo 13 da LPAF Não podem ser objeto de delegação:
a edição de atos de caráter normativo;
a decisão de recursos administrativos;
as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
O que se entende por avocação?
o Conceito ato por meio do qual o agente público, em situações excepcionais, devidamente
justificadas, toma para si, de forma temporária, a competência de agente subordinado
Artigo 15 da LPAF Será permitida em caráter excepcional
e por motivos relevantes devidamente justificados
a avocação temporária de competência
atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
o Quais são as características do ato de avocação
Ato discricionário, pode ser revogado a qualquer momento
Pressupõe o vínculo hierárquico entre os agentes públicos
Ato justificado e excepcional, dada a irrenunciabilidade da competência
o Quais são as vedações?
Não é possível a avocação nas hipóteses em que é vedada a delegação
8. PODER DE POLÍCIA
O que se entende por Poder de Polícia?
o Conceito prerrogativa de direito público, calcada na lei, que autoriza a Administração
Pública a restringir ou condicionar o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do
interesse coletivo
Art. 78 do CTN Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade
regula a prática de ato ou abstenção de fato
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado
ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público
à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.
Poder de Polícia no sentido amplo qualquer atuação restritiva do Poder Público,
abrangendo atos gerais ou concretos
Poder de Polícia em sentido estrito. atuação concreta da Administração Pública
de condicionamento de direitos (Polícia Administrativa)
o Quais são as formas de expressão do Poder de Polícia?
Preventiva disposições genéricas e abstratas que visam prevenir lesões ao
interesse público
Repressiva atos concretos visando à obediência à lei e aos regulamentos
Fiscalizadora
o Quais as diferenças entre Polícia administrativa e Polícia judiciária?
Polícia judiciária atuação administrativa que visa à prevenção e à repressão à
prática de ilícitos criminais
Incide sobre pessoas, de forma ostensiva ou investigativa
Exercida pelas Polícias Civil e Federal
Polícia Administrativa condicionamento dos direitos ou da liberdade, com vistas à
consecução do interesse público
Atua sobre bens, direitos ou atividades.
Atua para evitar ou reprimir o ilícito administrativo.
Exercida por diversos órgãos da Administração.
Quais são os atributos do Poder de Polícia
o Imperatividade possibilidade de impor obrigações aos particulares independentemente de
sua concordância
o Autoexecutoridade A Administração Pública pode executar seus atos e decisões
independentemente de prévia autorização judicial, utilizando-se de seus próprios meios,
desde que haja previsão legal ou se trate de uma situação de urgência
A Administração Pública tem interesse de agir?
STJ A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo
atos em que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia, em razão
da inafastabilidade do controle jurisdicional.
o Coercibilidade os atos determinados pela Administração são obrigatórios, podendo haver
a utilização de meios indiretos de coerção
o Discricionariedade Administração Pública tem a liberdade de definir a medida mais
adequada ao interesse público, conforme a oportunidade e conveniência da prática dos atos
de poder de polícia.
STJ A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio ambiente concede
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa,
ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o
licenciamento seja do município ou do estado.
STJ Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da
licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, já
que não se confunde a competência para licenciar com a competência para
fiscalizar.
STJ O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON detém poder de
polícia para impor sanções administrativas relacionadas à transgressão dos preceitos
ditados pelo Código de Defesa do Consumidor - art. 57 da Lei n. 8.078/90.
STJ O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal -
CEF por infração às normas do Código de Defesa do Consumidor,
independentemente da atuação do Banco Central do Brasil.
o O Poder de Polícia é discricionário?
1ª corrente (entendimento tradicional, vide Hely Lopes Meirelles) Poder de
Polícia é marcado pela discricionariedade, podendo o agente público definir a
melhor atuação nos limites e contornos autorizados pela lei.
2ª corrente NÃO é possível afirmar que o poder de polícia seja sempre
discricionário, haja vista a possibilidade de previsão legal de atos vinculados
decorrentes do exercício do poder de polícia (vide licenças)
o Qual é a natureza dos atos de polícia?
Entendimento tradicional poder de polícia constitui um poder negativo, haja
vista o fato de que os atos decorrentes dessa atividade encerram a exigência de
abstenções a particulares (obrigações de não fazer)
Entendimento atual São admitidos atos positivos decorrentes do exercício do
poder de polícia (vide a obrigação de edificação)
É possível a delegação dos atos de polícia?
o Há 04 fases do ciclo de polícia:
Ordem de polícia (restrição de polícia) fase do ciclo de polícia em que a
Administração Pública estabelece os limites e condições necessárias para o exercício
da atividade ou uso dos bens por parte dos particulares.
Consentimento de Polícia fase na qual a Administração exara o consentimento
para que o particular pratique determinada atividade ou para que utilize o bem
segundo a ordem de polícia em vigor.
Fiscalização de Polícia fase na qual a Administração verifica se o particular está
cumprindo as regras estabelecidas na ordem de polícia.
Sanção de Polícia fase na qual a Administração procede à aplicação das
penalidades administrativas para aquele que descumpriu a ordem de polícia.
o As fases da ordem de polícia e de fiscalização de polícia estão presentes em todo e
qualquer ato de poder de polícia, enquanto as fases de consentimento de polícia e de sanção
de polícia podem ocorrer ou não.
o Atividades de Polícia Administrativa são indelegáveis aos particulares, sendo delegáveis
apenas atividades de apoio ao poder de polícia (ex.: instalação de radares)
STJ A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da
delegação do poder de polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo,
não podendo ser considerada relação de trabalho e, por consequência, não está
incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista.
o É possível a delegação para pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública?
Entendimento tradicional possibilidade de delegação apenas das fases de
consentimento de polícia e de fiscalização de polícia, porque estariam ligados ao
Poder de Gestão da Administração Pública
STJ Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de
economia mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório.
Entendimento atual SIM
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de
capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).
Qual é a prescrição das sanções de polícia
o Artigo 1º da Lei 9.873/99 Prescreve em cinco anos a ação punitiva
da Administração Pública Federal, direta e indireta
no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor
contados da data da prática do ato
ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado
o STJ Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.
o E se não houver legislação local?
STJ O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas
por Estados e Municípios, quando não existir legislação local específica, é
quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo
inaplicáveis as disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à
Administração Pública Federal Direta e Indireta.
o E se o fato constituir crime?
Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir
crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
o Quais são as hipóteses de interrupção do prazo prescricional?
Artigo 2º Interrompe-se a prescrição da ação punitiva
pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de
edital
por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;
pela decisão condenatória recorrível.
por qualquer ato inequívoco que importe
o em manifestação expressa de tentativa
o de solução conciliatória no âmbito interno da administração
pública federa
Artigo 2º-A Interrompe-se o prazo prescricional da ação executória
pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
pelo protesto judicial
por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor
por qualquer ato inequívoco
o ainda que extrajudicial
o que importe em reconhecimento do débito pelo devedor;
por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa
o de tentativa de solução conciliatória
o no âmbito interno da administração pública federal.
o Há incidência de prescrição intercorrente?
Artigo. 1 °, §1 ° Incide a prescrição no procedimento administrativo
paralisado por mais de três anos
pendente de julgamento ou despacho
cujos autos serão arquivados de oficio
ou mediante requerimento da parte interessada
sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da
paralisação, se for o caso".
Quais são as demais teses firmadas pelo STJ sobre o Poder de Polícia?
o É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização e funcionamento quando
notório o exercício do poder de polícia pelo aparato administrativo do ente municipal, sendo
dispensável a comprovação do exercício efetivo de fiscalização.
o Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas intrinsecamente ao serviço
prestado pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos,
decorrente do poder de polícia do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e
Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a regularidade desses equipamentos.
STJ O uso de balança no interior da empresa sem qualquer relação com a
comercialização de produtos não acarreta pagamento de taxa de serviços
metrológicos
o É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores
Mobiliários decorrente do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliários -
CVM, visto que os efeitos da Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata e se prolongam
enquanto perdurar o enquadramento da empresa na categoria de beneficiária de
incentivos fiscais.
o Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de Desenvolvimento e
Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa,
tendo em vista que o seu pagamento é compulsório e decorre do exercício regular de poder
de polícia.