O documento discute os conceitos e elementos dos atos administrativos. Resume-se:
1) Ato administrativo é a exteriorização da vontade da administração pública que visa produzir efeitos jurídicos para atender o interesse público.
2) Os principais elementos do ato administrativo são a competência, que é a atribuição legal para praticar o ato, e o motivo, que é a situação de fato ou direito que enseja a prática do ato.
3) A motivação dos atos administrativos é obrigatória segundo a maior
O documento discute os conceitos e elementos dos atos administrativos. Resume-se:
1) Ato administrativo é a exteriorização da vontade da administração pública que visa produzir efeitos jurídicos para atender o interesse público.
2) Os principais elementos do ato administrativo são a competência, que é a atribuição legal para praticar o ato, e o motivo, que é a situação de fato ou direito que enseja a prática do ato.
3) A motivação dos atos administrativos é obrigatória segundo a maior
O documento discute os conceitos e elementos dos atos administrativos. Resume-se:
1) Ato administrativo é a exteriorização da vontade da administração pública que visa produzir efeitos jurídicos para atender o interesse público.
2) Os principais elementos do ato administrativo são a competência, que é a atribuição legal para praticar o ato, e o motivo, que é a situação de fato ou direito que enseja a prática do ato.
3) A motivação dos atos administrativos é obrigatória segundo a maior
O que são atos administrativos? o Fato jurídico (em sentido amplo) fato que compõe o suporte fático de uma norma jurídica Fato Jurídico em sentido estrito fato da natureza Atos jurídicos fatos que decorrem da vontade humana o Fatos administrativos fatos relacionados ao exercício da atividade material da função administrativa A noção de fato administrativo não guarda relação com a de fato jurídico, pois indica qualquer alteração dinâmica na Administração (atividade material no exercício da função administrativa), não levando em conta a produção de efeitos jurídicos Os fatos administrativos podem ser I) Voluntários podem se materializar por atos administrativos (manifestações de vontade) ou por condutas administrativas II) Naturais o Ato da administração todo e qualquer ato derivado dos órgãos que compõem o sistema jurídico administrativo Não se define com base no conteúdo do ato, mas a partir da origem dele São espécies de atos da Administração I) Atos privados contratos privados II) Atos materiais fatos administrativos naturais III) Os atos propriamente administrativos o Ato administrativo exteriorização da vontade da Administração Pública, emanada de seus agentes ou de seus delegatários, que, sob o regime de direito público, vise á produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público Agentes administrativos são todos aqueles que integram a estrutura funcional dos órgãos administrativos, desde que no exercício da função administrativa O silêncio pode configurar um ato administrativo? o Direito Privado o silêncio não importa a anuência, salvo quando a lei não dispensar manifestação expressa, considerados os usos e as circunstâncias o Direito Público silêncio não pode ser considerado como um ato administrativo, configurando um fato jurídico administrativo, que pode produzir efeitos na ordem jurídica o Há 02 hipóteses diversas I) A lei estabelece os efeitos do silêncio Silêncio importa manifestação positiva (anuência tácita) Silêncio implica manifestação denegatória II) A lei não estabelece os efeitos do silêncio administrativo, de modo que a omissão pode produzir efeitos de 02 formas Ausência de manifestação no prazo fixado Demora excessiva o Nas hipóteses em que a lei não prevê o efeito da omissão administrativa, o indivíduo pode combate-la pelas seguintes vias Pela via administrativa (direito de petição) Via judicial, em que o interessado deduzirá uma pretensão mandamental 1ª corrente (Celso Antônio Bandeira de Mello) sendo o ato vinculado, cabe ao Judiciário suprir a própria ausência 2ª corrente (majoritária) não pode o órgão jurisdicional substituir a vontade do órgão administrativo
2. ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Qual é a nomenclatura preferível: elementos ou requisitos? o 1ª corrente elementos o 2ª corrente (Celso Antônio Bandeira de Mello) requisitos A expressão elemento é utilizada para definir o componente do todo, o que não se compatibiliza com alguns dos requisitos legais, que são aspectos exteriores O que se entende por competência? o Conceito atribuição normativa da legitimação para a prática de um ato administrativo âmbito legal de exercício legítimo da atividade pelos agentes públicos o A competência pode ter como fontes: Lei (fonte normal da competência) Competência primária Atos administrativos gerais e abstratos com função de organização competência secundária o São critérios definidores da competência I) Matéria II) Hierarquia III) Lugar IV) tempo o Quais são as características da competência administrativa? A competência administrativa, distintamente do que ocorre no Direito Privado, em que predomina uma faculdade de agir (facultas agendi), configura-se como um poder-dever atribuído ao agente administrativo A competência é imprescritível, não se extinguindo pela inércia do agente A competência é improrrogável, não podendo ser atribuída ao órgão administrativo pelo fato de ter praticado ato para o qual não detinha competência A competência é inderrogável, não se transferindo a outro órgão por acordo entre as partes A competência administrativa é, por fim, irrenunciável o O que se entende por delegação? Conceito extensão, de forma temporária, do exercício de determinadas competências para autoridade diversa daquele prevista em lei A delegação pode ocorrer para agente de mesma hierarquia ou de nível hierárquico inferior O ato de delegação deve I) prever o tempo da delegação II) determinar a matéria a ser delegada, de forma específica III) Ser publicado, a fim de ser conhecido por todos A delegação pode ser revogada a qualquer tempo O ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que continua cumulativamente competente (presunção da cláusula de reserva de competência) Quem é responsável pelo ato pratica pela autoridade delegada? Súmula 510 do STF Praticado o ato por autoridade no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial A delegação é vedada nas seguintes hipóteses I) Competência exclusiva, definida em lei II) Decisão de recurso hierárquico III) Edição de atos normativos o O que se entende por avocação? Conceito ato por meio do qual o agente hierarquicamente superior atrai para sua esfera decisória a prática de ato da competência natural de agente com menor hierarquia Há obrigatoriedade do vínculo hierárquico entre as autoridades O ato de avocação deve ser justificado e público Não é possível a avocação nas hipóteses em que é vedada a delegação I) Competência exclusiva, definida em lei II) Decisão de recurso hierárquico III) Edição de atos normativos O que se entende por motivo do ato administrativo? o Conceito situações de fato ou de direito que dão ensejo à prática do ato Motivo de direito situação de fato eleita pela norma jurídica como ensejadora da exteriorização da vontade Motivo de fato situação de fato ocorrida no mundo empírico, sem descrição na norma legal o O motivo pode ser um elemento discricionário do ato administrativo? Se a situação de fato já está delineada na norma legal ato vinculado Se a lei não delineia a situação fática demanda uma análise acerca da adequação do ato (ato discricionário) o Quais as diferenças entre motivo, móvel e motivação? Motivo circunstância de fato ou de direito que enseja a prática do ato Móvel real intenção do agente público na prática do ato (elemento de cunho subjetivo) Motivação exposição dos motivos do ato A ausência de motivação consiste em vício no elemento forma do ato administrativo Ato praticado com a devida motivação, mas com motivos inexistentes, falsos ou incongruentes, é inquinado por ilegalidade no elemento motivo o A motivação dos atos administrativos é obrigatória? 1ª corrente (José dos Santos Carvalho Filho) NÃO, dada a ausência de previsão legal ou constitucional 2ª corrente SIM Fundamento direito fundamental à informação, sendo um dever implícito à Constituição Federal e à lei 9.784/1999 o súmula 684 do STF É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público o CJF A decisão administrativa robótica deve ser suficientemente motivada, sendo a sua opacidade motivo de invalidação. 3ª corrente motivação dos atos seria necessária apenas nos atos vinculados o O que se entende por motivação contextual e motivação per relationem (aliunde) Motivação contextual aquela situa no bojo do próprio ato administrativo Motivação aliunde aquela em que se remete a motivação aos fundamentos de ato administrativo anterior o O que se entende por Teoria dos Motivos Determinantes? Conceito teoria desenvolvida no direito francês segundo o qual a Administração Pública, ao justificar o ato administrativo, fica vinculada às razões expostas Ainda que a lei não preveja a obrigatoriedade da motivação, uma vez apresentados os motivos, eles passam a integrar a conduta praticada, de modo que os efeitos jurídicos pretendidos só se consumarão, se a fundamentação corresponder à realidade o O que se entende pela necessidade de congruência dos atos administrativos? Necessidade de correlação entre o motivo e o resultado do ato (objeto e finalidade), de modo que os primeiros devem consistir em premissas de onde se extraem logicamente os últimos motivo “juridicamente inadequado ao resultado obtido” (lei 4.717, artigo 2º, “d”), em oposição àquele “materialmente inexistente”. O motivo existe, mas é inadequado ao resultado pretendido O que se entende por objeto (conteúdo) do ato administrativo? o Conceito modificação do mundo jurídico que o ato jurídico se propõe a processar 1ª corrente (majoritária) objeto e conteúdo são sinônimos 2ª corrente conteúdo é a disposição do ato, enquanto o objeto é o bem ou a relação jurídica sobre o qual o ato administrativo incide o O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável o O objeto do ato administrativo pode ser discricionário ou vinculado O que se entende por finalidade? o Conceito aquilo que se busca proteger/promover com a prática do ato administrativo I) Finalidade genérica atendimento ao interesse público II) Finalidade específica prevista em lei, sendo específica para cada ato individualmente conceito o O que se entende por abuso de poder? Conceito situações nas quais a autoridade pública pratica o ato extrapolando a competência legal ou visando uma finalidade diversa daquela estipulada pela legislação. Excesso de poder autoridade pública atua fora dos limites de sua competência Desvio de poder quando o agente do Estado praticar visando a alcançar outra finalidade que não aquela prevista em lei. o O agente público pratica um ato visando interesses individuais, o A autoridade pública pratica o ato respeitando a busca pelo interesse público, mas não respeitando a finalidade especificada por lei para aquele determinado ato. Se o agente visa ao interesse público, mas viola a finalidade específica, haverá desvio de finalidade? SIM, pois há finalidade diversa da prevista em lei o O desvio de finalidade é um vício objetivo ou subjetivo? 1ª corrente vício objetivo, sendo irrelevante a intenção do agente 2ª corrente vício subjetivo, porquanto o desvio pressupõe o animus do agente o Quais são as diferenças entre finalidade e objeto? Objeto fim imediato do ato administrativo Finalidade fim mediato do ato administrativo O que se entende pela forma do ato administrativa? o Conceito meio pelo qual o ato volitivo se exterioriza no mundo jurídico o Quais são os efeitos da ausência de forma ou da inobservância das formalidades prescritas em lei? A ausência de forma implica a inexistência do ato A inobservância das formalidades prescritas em lei pode implicar a invalidade do ato o Como devem ser observadas as formalidades dos atos administrativos? No Direito Público, vigora o princípio da Solenidade, e não o da liberdade de formas, de modo que os atos administrativos devem ser escritos, salvo situações excepcionais (ex.: guardas de trânsito) A análise da adequação da forma legal exige a incidência do princípio da razoabilidade, de modo que, se o vício de forma constituir irregularidade sanável, sem afetar a órbita jurídica de terceiros, poderá ocorrer a correção da irregularidade (princípio da instrumentalidade das formas) O vício de forma é sanável, desde que não gere prejuízos a terceiros ou ao interesse público Qual é a caracterização dos componentes do ato administrativo proposta por Celso Antônio Bandeira de Mello? o Elementos componentes intrínsecos ao ato administrativo A ausência dos elementos implica na inexistência do ato São elementos do ato administrativo Conteúdo disposição do ato (consequência imediata) Forma meio de exteriorização da vontade o Pressupostos componentes extrínsecos do ato Pressupostos de Existência aqueles sem os quais a conduta não se efetiva) I) Objeto coisa ou relação jurídica sobre o(a) qual o ato incidirá II) Pertinência da função administrativa Pressupostos de Validade referentes à adequação no suporte fático I) pressuposto subjetivo sujeito competente II) pressuposto objetivo motivo III) Causa correlação lógica entre o motivo e o resultado do ato administrativo IV) pressuposto teleológico finalidade V) pressuposto formalístico formalização, consistente na condição formal para a expedição do ato (formalidades) VI) Requisitos procedimentais necessidade de existência de procedimentos anteriores
3. DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
Quais são as espécies de poderes administrativos quanto aos limites legais? o Poder Vinculado (regrado) hipóteses em que a previsão legal estabelece de forma apriorística todos os elementos do ato administrativo, sem que a autoridade pública possa exercer um juízo de valor sobre a consequência da conduta, quando houver preenchimento do suporte fático da norma jurídica o Poder Discricionário hipóteses em que a previsão legal confere margem de apreciação ao administrador, a quem incumbe a escolha da solução mais adequada em face do caso concreto, segundo critérios de oportunidade e conveniência (mérito administrativo) O que se entende por discricionariedade? o Competência discricionária aquela que incide quando inexistente disposição normativa específica sobre a atuação administrativa, de modo que o agente se encontra livre para optar pela solução que melhor atenda ao interesse público, em razão de critérios de oportunidade e conveniência, o Discricionariedade espaço de liberdade de decidir outorgado pela lei ou regulamento ao administrador Configura uma liberdade meramente aparente, pois a Administração Pública se encontra sujeita ao princípio da juridicidade, não se confundindo com a arbitrariedade Celso Antônio Bandeira de Mello Discricionariedade atua como uma competência funcional, visto que consiste em situação jurídica na qual se projeta um dever de atuar para a realização de uma finalidade o Quais são os fundamentos da discricionariedade? Necessidade conferir margem de maleabilidade à Administração em face das mudanças fáticas (vide o escalonamento vertical de Kelsen) o Quais são os traços característicos da discricionariedade? A discricionariedade se encontra conexa as chamadas normas de fim (regras ou princípios), as quais indicam àqueles incumbidos de aplicá-las uma finalidade a ser atingida, abstendo-se de determinar previamente a conduta a ser seguida para tanto. A discricionariedade pode resultar da hipótese da norma (maneira imprecisa mediante a qual a lei descreve o motivo autorizador da decisão), do comando normativo (alternativa de condutas) ou da finalidade da norma o O que são conceitos jurídicos indeterminados? Conceitos jurídicos indeterminados enunciados normativos em que conteúdo é, numa certa medida, dotado de incerteza zonas de certeza positiva e de certeza negativa zonas de penumbra Os conceitos jurídicos indeterminados conferem discricionariedade? 1ª corrente (majoritária) SIM 2ª corrente NÃO o José dos Santos Carvalho Filho conceito jurídico indeterminado está situado no plano de previsão da norma (antecedente), enquanto a discricionariedade se aloja na estatuição da norma (consequente) A apreciação dos conceitos jurídicos indeterminados pela Administração Pública pode sofrer controle judicial? Entendimento tradicional conceitos jurídicos indeterminados seriam de verificação por parte dos órgãos administrativos e dos governos, estando a salvo de revisão judicial. Entendimento após a 2ª Guerra Mundial conceitos jurídicos indeterminados não consistem em atribuição de juízo discricionário absoluto em favor da Administração. o Desenvolvimento da teoria da margem de apreciação (Alemanha), segundo a qual os conceitos jurídicos indeterminados podem habilitar a Administração para proferir decisões variadas, as quais somente limitadamente poderiam ser revisadas pelos tribunais. Entendimento atual majoritário há uma liberdade de escolha na apreciação dos conceitos jurídicos indeterminados, mas limitada pelo ordenamento jurídico o O Poder Judiciário não deve substituir a decisão do administrador, julgando o mérito de um ato administrativo discricionário o Poder Judiciário somente pode analisar os atos administrativos no que tange aos aspectos da legalidade. o Há uma ampliação do bloco de controle de legalidade dos atos administrativos, sobretudo a partir da constitucionalização do Direito Administrativo (vide proporcionalidade e razoabilidade) O controle de legalidade exercido pelo Poder Judiciário sobre os atos administrativos diz respeito ao seu amplo aspecto de obediência aos postulados formais e materiais presentes na Carta Magna, sem, contudo, adentrar o mérito administrativo. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 49202/PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 02/05/2017. A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de 24 horas em Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso de poder, tampouco extrapola o controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário. STJ. 1ª Turma. REsp 1612931-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/6/2017 (Info 609). As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de domínio do Estado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT e ACO 366/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 16/8/2017 (Info 873). O compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de telefonia celular por prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo caracteriza servidão administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador da área utilizada para instalação dos equipamentos. O direito de uso previsto no art. 73 da Lei nº 9.472/97 constitui-se como servidão administrativa instituída pela lei em benefício das prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo, constituindo-se direito real, de natureza pública, a ser exercido sobre bem de propriedade alheia, para fins de utilidade pública, instituído com base em lei específica. Ex: João possui um terreno na beira da estrada. Ele celebrou contrato de locação com a Embratel permitindo que a empresa instalasse, em seu imóvel, uma torre e uma antena de telecomunicações. Alguns meses depois, a Embratel permitiu que a TIM compartilhasse de sua infraestrutura. João ajuizou ação de indenização alegando que o contrato de locação proíbe que a locatária faça a sublocação do imóvel para outra empresa. Ele não terá direito à indenização. STJ. 4ª Turma.REsp 1309158-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/09/2017 (Info 614). O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações individualizadas que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova em quaisquer outros procedimentos administrativos. STJ. 1ª Turma.REsp 1353602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 30/11/2017 (Info 617). o Há discricionariedade no exercício de atividades técnicas pela Administração? Giannini diferenciação de 02 aspectos discricionariedade se refere a um poder que implica um juízo e uma vontade Discricionariedade técnica se reporta a um momento cognitivo e, por isso, acarreta somente um juízo, podendo, posteriormente, envolver ou não uma separada apreciação discricionária o Juízos técnicos valorativos separação entre o juízo técnico e a decisão administrativa o Juízos técnicos de existência inseparabilidade do juízo técnico e a decisão Eva Desdentado Daroca 03 situações distintas Discricionariedade técnico-jurídica hipótese em que a norma atribui à Administração a possibilidade de escolher o modo de agir para a consecução do interesse público o técnica identifica mais de uma opção eficaz para a finalidade pretendida, cabendo a sua escolha ao administrador Incerteza técnica hipóteses científicas que não podem ainda ser objeto de confirmação, em face do estado não avançado da ciência, deferindo-se à Administração a possibilidade de escolher a solução 3ª hipótese Hipóteses em que o exercício da atividade administrativa exige a análise da relevância especial de critérios técnicos que não se encontrem em relação com a discricionariedade administrativa (discricionariedade fraca) Doutrina Brasileira 02 hipóteses 1ª hipótese critério técnico se encontra em conexão com o administrativo, vindo a ser absorvido por este (há discricionariedade) o elementos técnicos constituem pressupostos da ação administrativa, não impedindo que a Administração atue com certa liberdade 2ª hipótese Critério técnico não se liga ao administrativo, de maneira que a sua apreciação independe de qualquer decisão administrativa. o Como ocorre o controle jurisdicional da atividade técnica.? Regra geral O desempenho da função administrativa mediante critérios técnicos não implica em discricionariedade. Exceção Haverá discricionariedade se for conferido à Administração a possibilidade de decidir ou não, ou ainda de, ao decidir, adotar uma ou mais providências possíveis. o E se o auxílio fornecido pela técnica reputar de forma satisfatória o emprego de mais de um método? NÃO há discricionariedade, pois a investigação técnica consiste em uma aferição de certeza quanto a determinadas circunstâncias que possam ser qualificadas como motivo para a prática ou não de uma decisão administrativa com base no estado atual da ciência) A dificuldade técnica, por si só, não consiste em impedimento constitucional à competência de revisão por parte do Judiciário, que tem a faculdade de acorrer a especialistas O controle jurisdicional se desdobra em 02 fases: Exame procedimental constatação dos conhecimentos especializados daqueles incumbidos de expressar o posicionamento técnico Exame do acerto da Administração indagação acerca da presença e da adequação do motivo que o sistema jurídico acolhe como justificador da ação administrativa o exame da existência do motivo o exame da correspondência do fato com a situação jurídica da norma A revisão judicial haverá de se direcionar à demonstração de equívoco – não necessariamente manifesto – na verificação da existência e da correspondência do motivo, o que se insere no âmbito do controle de legalidade; E se não houver prevalência de qualquer vertente científica? Deve-se atribuir em favor da Administração uma deferência, desde que as suas conclusões se apresentem com motivação razoável (presunção de legitimidade dos atos administrativos) Não implica em se deferir uma competência discricionária ao administrador, pois não há liberdade de escolha quanto ao motivo do ato, mas ao momento de deliberação Quais são os elementos discricionários e vinculados do ato administrativo? o Atos vinculados todos os elementos são regrados o Atos discricionários 02 espécies de elementos Elementos não discricionários do ato administrativo competência, forma e finalidade do ato administrativo A forma do ato administrativo admite uma margem de escolha sempre que não houver forma definida em lei A finalidade do ato administrativo também pode ser ponderada, quando observada em sua dimensão genérica Elementos discricionários do ato administrativo Motivo e Objeto O que se entende por mérito administrativo? o Conceito conteúdo das considerações discricionárias da Administração quanto à oportunidade e conveniência de praticá-lo o O que se entende por Doutrina Chenery e por Doutrina Chevron? Doutrina Chenery teoria proveniente do direito anglo-saxão, segundo a qual, no âmbito de atos administrativos discricionários e atos de governo especialmente fundamentados em prévias pesquisas técnicas, o Poder Judiciário se encontra duplamente limitado, em face do déficit democrático Vinculação aos fundamentos elencados pela Administração para o embasamento do ato administrativo discricionário Inviabilidade dos aspectos discricionários do ato, em respeito à autoridade granjeada ao Poder Público para decidi-los, visto que o Poder Judiciário não possui a expertise necessária para compreender as consequências econômicas e políticas de tais medidas Doutrina Chevron doutrina foi desenvolvida no âmbito da Suprema Corte dos EUA caso Chevron, U.S.A., Inc. v. NRDC Suprema Corte dos EUA estabeleceu um modelo de teste legal com vistas a determinar se deve conferir deferência à interpretação dada por uma agência governamental O teste judicial deve ser feito a partir de 02 etapas o 1ª fase verificar se a lei é clara quanto ao assunto em discussão. Se a lei é clara dever de o juiz aplicar a lei e não será dada deferência o 2ª fase Se a lei não for clara, não deve o Tribunal realizar a sua interpretação da vagueza ou ambiguidade legal, mas avaliar se a decisão da agencie foi razoável
4. ATRIBUTOS E CLASSIFICAÇÕES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Quais são as características (atributos dos atos administrativos)? o Tipicidade atos administrativos devem ter previsão legal (princípio da legalidade) o Presunção de veracidade presunção relativa (juris tantum) de que todos os atos administrativos expressam uma situação de fato real, salvo prova em contrário Efeito prático a inversão do ônus da prova dos fatos alegados no ato administrativo Marçal Justen Filho Não existe presunção quanto à ocorrência de fatos se a Administração Pública não seguiu o devido processo legal o Presunção de Legitimidade presunção relativa pela qual os atos administrativos consideram-se editados em conformidade com as normas legais, salvo prova em contrário Efeito prático atos administrativos produzem efeito desde a sua publicação até que haja configuração da existência de um ao ilícito o Imperatividade atos administrativos que impõem obrigações aos particulares (atos restritivos) são cogentes, devendo ser cumpridos independentemente da vontade do particular Poder extroverso da Administração Pública atividade administrativa impõe condutas aos administrados por meio de seus próprios atos A imperatividade não está presente nos atos que definem direitos e vantagens ou naqueles enunciativos o Autoexecutoriedade (executoriedade) A Administração Pública pode executar seus atos e decisões independentemente de prévia autorização judicial, utilizando-se de seus próprios meios, desde que haja previsão legal ou se trate de uma situação de urgência A Administração Pública tem interesse de agir nesses casos? STJ A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia, em razão da inafastabilidade do controle jurisdicional O Poder Público se utiliza de meios diretos de execução do ato administrativo o Exigibilidade (coercibilidade) se a obrigação não for cumprida, o Poder Público deverá executar o ato, valendo-se de meios indiretos de coerção (meios coercitivos) A execução dos atos administrativos não dispensa o respeito ao devido processo legal Súmula 312 do STJ No processo administrativo para a imposição da multa de trânsito, são necessárias notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração Quais são as classificações dos atos administrativos? o I) Quanto aos destinatários Atos gerais (normativos) regulam uma quantidade indeterminada de pessoas que se encontram na mesma situação jurídica Atos individuais (concretos) regulam relações jurídicas concretas, com destinatários individualizados o II) Quanto às prerrogativas do ato (ou quanto ao objeto) Atos de império 03 características I) Caracterizados pelo poder de coerção decorrente do ius imperium, pois o Poder Público atua com suas prerrogativas (verticalidade) II) irrelevância da vontade dos administrados III) regidos pelo Direito Público e pelo princípio da supremacia do interesse público Atos de gestão 03 características I) Praticados pelo Poder Público sem as prerrogativas do Estado (ius gestionis) Ii) atividade é regida predominantemente pelo Direito Privado (situação de igualdade) III) Há possibilidade de intervenção da vontade dos particulares Atos de expediente atos praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa, sem configurar uma manifestação de vontade do Estado o III) Quanto ao critério de liberdade de ação Vinculados possuem todos os elementos legalmente regrados Discricionários possuem elementos discricionários o IV) Quanto à formação Simples ato emana da vontade de um só órgão ou agente administrativo Quanto à formação da vontade, a deliberação de um conselho constitui exemplo de ato administrativo simples. Compostos há vontades múltiplas na formação do ato, mas elas não são autônomas, pois há uma vontade principal e outra que lhe é acessória Complexos atos cuja formação exige a manifestação de vontade de órgãos ou entidades diversos, que gozam, entre si, de autonomia A aposentadoria de servidor público consiste em um ato complexo, pois exige a aprovação do Tribunal de Contas da União. Súmula vinculante 03 Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial da aposentadoria, reforma ou pensão o V) quanto à fase de formação do ato administrativo (a) Quanto à conclusão das etapas de formação (I) Atos perfeitos aqueles que concluíram todas as etapas de formação (II) Atos imperfeitos aqueles que não concluíram todas as etapas de formação (b) Quanto à validade (I) Atos válidos (II) Atos inválidos (c) Quanto à eficácia (I) Atos eficazes idoneidade do ato administrativo para produzir seus efeitos (II) Atos ineficazes/pendente ato sujeito a termo ou condição São possíveis as seguintes hipóteses: (a) Ato perfeito, válido e eficaz (b) Ato perfeito, inválido e eficaz (c) Ato perfeito, válido e ineficaz (d) Ato perfeito, inválido e ineficaz (e) Ato consumado aquele que produziu todos os seus efeitos Qual é a crítica à classificação? O termo e a condição não descaracterizam a eficácia do ato administrativo, configurando-se óbices à operatividade Há uma diferença eficácia da exequibilidade, que consiste na efetiva disponibilidade que tem a Administração Público para dar operatividade ao ato o I) Atos exequíveis o II) Atos inexequíveis Quais são as espécies de efeitos produzidos pelos atos administrativos? I) Efeitos próprios aqueles típicos do ato, consistindo no objeto da conduta estatal II) Efeitos impróprios aqueles que decorrem de forma indireta do ato administrativo o Efeito reflexo efeitos que atingem uma relação jurídica não tratada no bojo da conduta estatal v.g.: desapropriação de imóvel locado e efeitos sobre a relação locatícia) o Efeito prodrômico (efeito preliminar) efeito por meio do qual uma atuação administrativa anterior impõe uma atuação administrativa subsequente (quebra da inércia administrativa) o VI) Quanto à natureza dos efeitos Constitutivos alteram uma relação jurídica, criando, modificando ou extinguindo direito Declaratórios declaram uma situação preexistente Enunciativos expressam juízos de valor o VII) Quanto aos resultados na esfera jurídica I) Ampliativos atribuem direitos e vantagens II) Restritivos impõem obrigações ou aplicam penalidades o VIII) Quanto ao alcance dos efeitos I) Internos produzem efeitos dentro da estrutura da Administração Pública II) Externos produzem efeitos em relação aos administrados, dependendo de publicação em órgão oficial o IX) Quanto à retratabilidade I) Revogáveis II) Irrevogáveis o X) Quanto à executoriedade, os atos podem ser I) Autoexecutórios II) Não autoexecutórios
5. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
Quais são as espécies de atos administrativos? o Atos normativos aqueles que estabelecem um comando normativo o Atos ordenatórios atos de organização interna que decorrem do poder hierárquico, sendo marcados por 02 características I) Somente produzem efeitos no âmbito da Administração Pública II) Não geram direitos adquiridos, podendo ser revogados a qualquer tempo o Atos negociais atos administrativos ampliativos, por meio dos quais a Administração Pública concede direitos pleiteados pelo particular Não são contrato administrativos, porquanto o conteúdo jurídico emana da vontade unilateral do Poder Público Os atos negociais são formalizados por meio de alvará, que consiste na forma do ato de consentimento o Atos enunciativos aqueles declaram a existência de certo fato jurídico (certidões, atestados e declarações) ou expressam conclusões do administrador (pareceres) o Atos punitivos aqueles que contêm uma sanção aplicada a infratores de normas administrativas Sanções Internas aplicadas aos servidores públicos Sanções Externas decorrem da relação da Administração Pública com os administrados As sanções de natureza administrativa, decorrentes do exercício do poder de polícia, somente encontram legitimidade quando o ato praticado pelo administrado estiver previamente definido pela lei como infração administrativa Quais são as espécies de atos normativos? o Decretos Atos normativos que provêm da manifestação de vontade privativa dos chefes do Poder Executivo I) quanto à amplitude Gerais possuem caráter normativo Individuais (destinatários específicos) II) quanto à autonomia Decretos regulamentares (ou de execução) voltados para complementação e detalhamento das leis Decretos autônomos (independentes) atuam substituindo a lei, com a possibilidade de inovar no ordenamento jurídico o Extinção de cargo público vago o dispor sobre a Administração Pública, quando não implique em aumento de gastos ou a criação de órgãos públicos o Regulamentos atos normativos de cunho geral que dependem de outro ato para aprovação Os decretos têm força jurígena própria (vigoram por si mesmos, pois são atos independentes), enquanto os regulamentos são atos dependentes (não têm força própria) São espécies de regulamentos: (a) regulamentares/executivos; (b) autônomos; (c) autorizados o Resoluções 02 significados 1ª corrente atos normativos ou individuais emanados de autoridade de elevado escalão administrativo Ex.: Ministros, Secretários 2ª corrente atos normativos dos órgãos colegiados e das agências reguladoras o Avisos Atos normativos exarados por autoridades de elevado escalão administrativo o Deliberações atos oriundos de órgãos colegiados o Regimentos Atos normativos que disciplinam a organização e funcionamento de órgãos colegiados o Instruções Normativas normas expedidas para regulamentação das atividades de um órgão público Quais são as espécies de atos ordinatórios? o Portaria ato ordenatório de cunho individual, estipulando ordens e determinações internas a indivíduos específicos Ex.: Portaria de admissão/remoção o Circular ato ordinatório expedido com normas uniformes a todos os servidores de um determinado órgão Ex.: circular de horário de funcionamento de repartição pública o Ordem de serviço ato ordinatório destinado a distribuir e ordenar o serviço interno do órgão o Memorando ato de comunicação interna com o objetivo de melhor executar a atividade pública o Ofícios atos de comunicação externa entre autoridades públicas de órgãos diversos, ou entre elas e os particulares o Despacho ato administrativo por meio do qual a autoridade administrativa profere decisões no bojo de um procedimento administrativo Quais são as espécies de atos negociais? o Licença ato de polícia, de natureza vinculada por meio do qual a Administração confere ao interessado o consentimento para o desempenho de certa atividade sujeita à fiscalização do Estado Não pode ser outorgado de ofício pelo Poder Público Trata-se de ato declaratório, porque o direito preexiste à licença, mas só pode ser desempenhado após a licença A licença pode ser revogada? Regra NÃO, porquanto se trata de ato vinculado e definitivo Exceção 01 licença para construir pode ser revogada, desde que justificada por razões de interesse público superveniente Exceção 02 licença ambiental o Permissão ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público Há duas modalidades de permissão no ordenamento jurídico Permissão de uso de bens públicos ato administrativo unilateral, discricionário e precário Permissão de serviços públicos contrato administrativo A permissão (ato unilateral) pode ser I) condicionada (contratual) quando o próprio Poder Público cria autolimitações II) simples (incondicionada) quanto não há autolimitações, de modo que a discricionariedade e a precariedade são mais amplas o Autorização ato discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o particular exerça atividade ou utilize bem público no seu próprio interesse Há dois tipos de autorização Autorização de uso de bem público utilização anormal ou privada de bem público Autorização de polícia ato necessário para que o particular possa exercer atividades fiscalizadas pelo Estado Quais as diferenças entre permissão e autorização? A autorização é mais adequada para o uso de bens públicos em situações mais transitórias, enquanto a permissão possui caráter mais permanente A autorização é concedida no interesse do particular, enquanto a permissão é concedida no interesse público o Admissão ato administrativo vinculado pelo qual se confere ao indivíduo, desde que preenchidos os requisitos legais, o direito de usufruir de determinado serviço público o Aprovação ato de confirmação discricionário por meio do qual se aprecia a legalidade e o mérito (conveniência e oportunidade) de outro ato administrativo, incidindo prévia ou posteriormente à formação o Homologação ato de confirmação vinculado por meio do qual se aprecia a legalidade de outro ato administrativo, incidindo apenas posteriormente à formação o Visto ato de confirmação que se limita à verificação da legitimidade formal de outro ato ou à ciência do seu conteúdo Quais são os atos enunciativos? o Atestado ato em que se comprova a existência de uma situação analisada pela Administração Pública, sem prévia documentação pela Administração o Certidão ato por meio do qual a Administração Pública certifica a existência de determinado fato, conforme prévia documentação administrativa o Apostila (ou averbação) ato administrativo pelo qual o ente estatal acrescenta informações constantes em um registro público o Parecer ato administrativo pelo qual se emite opinião de um órgão consultivo do Poder Público I) Facultativo quando não há obrigatoriedade de sua emissão para a prática do ato administrativo II) Obrigatórios quando há obrigatoriedade de sua emissão para a prática do ato, mas a opinião exarada não vincula o administrador Vinculante quando, além de ser de emissão obrigatória, a conclusão do parecer se impõe o Qual é a responsabilidade do parecerista? Pareceres facultativos ou obrigatórios Somente é responsável quando houver dolo ou erro grosseiro Pareceres vinculantes há uma partilha da atividade decisória, impondo-se uma responsabilidade solidária o O que são pareceres normativos? Conceito manifestação opinativa da autoridade administrativa que adquire caráter de orientação geral para os órgãos administrativos 6. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Como ocorre a extinção dos atos administrativos? o I) Extinção natural do ato administrativo Cumprimento dos efeitos jurídicos do ato administrativo Advento do termo final ou da condição resolutiva Esgotamento do conteúdo jurídico (férias já gozadas pelo servidor público) o II) Extinção subjetiva hipóteses em que há o desaparecimento do sujeito que se beneficia do ato, sendo ele intransferível (intuitu personae) o III) Extinção objetiva desaparecimento do objeto do ato administrativo o IV) renúncia ato unilateral pelo qual o beneficiado abdica do direito que lhe é concedido, incidindo apenas nos atos administrativos ampliativos o (v) Retirada gênero de extinção do ato administrativo, que ocorre quando o Poder Público emite ato concreto subsequente com efeito extintivo dos efeitos do anterior. III) Cassação Forma extintiva que se aplica quando o beneficiário de determinado ato descumpre as condições que permitem a manutenção do ato e de seus efeitos São características o (a) ato vinculado, porquanto a cassação só pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei o (b) possui natureza sancionatória Exemplo cassação de alvará se há desvirtuamento da finalidade do estabelecimento. (II) Contraposição (ou derrubada) extinção em face da superveniência ato administrativo baseado em competência diversa daquela utilizada para a prática do antecedente, cujos efeitos são contrapostos a este. Exemplo exoneração do servidor, que extingue os efeitos da nomeação. (I) Caducidade extinção do ato administrativo em face do advento de nova legislação que impede a permanência de situação anteriormente concedida Exemplo retirada de permissão para exploração de parque de diversões em local que, por conta de nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível com esse uso. o (v) Autotutela controle de legalidade ou de mérito dos atos Administrativos pela própria Administração Quais são as formas de autotutela? o IV) Revogação forma de desfazimento volitivo do ato pelo qual a Administração Pública promove a retirada do ato por razões de oportunidade e conveniência Fundamento poder discricionário da Administração Pública, de modo que há uma correlação entre a discricionariedade do ato e a sua revogação A revogação é atividade exclusiva da Administração Pública, não podendo ser realizada pelo Poder Judiciário Os efeitos da revogação são ex nunc, de modo que se projetam apenas para o futuro A revogação não pode ocorrer nas seguintes hipóteses I) Atos que exauriram seus efeitos (atos consumados) II) Atos irrevogáveis, assim declarados em lei III) Atos vinculados IV) Atos que geraram direitos adquiridos, ante o princípio da irretroatividade do ato administrativo revogador V) Atos integrativos de um procedimento administrativo, porquanto a prática do ato sucessivo enseja a preclusão do ato anterior VI) Os atos enunciativos VII) Atos complexos (não podem ser revogados pela vontade de apenas uma das vontades exteriorizadas) VIII) Atos de controle, porquanto não são praticados na função administrativa propriamente dita A revogação de um ato revogador possui efeitos repristinatórios (revogação da revogação)? Regra NÃO, ante a incidência do disposto no artigo 2º, §3º, da LINDB Exceção É possível que, ao revogar o ato revogador, a Administração Pública se manifeste expressamente no sentido da prática de um outro ato com o mesmo objeto do ato originário (que havia sido revogado pelo ato revogado) o V) Invalidação (Anulação) forma de desfazimento do ato administrativo em virtude da existência de vício de legalidade Direito Privado teoria das nulidades obedece a um sistema dicotômico, composto por nulidades e anulabilidades, que se distinguem porque Nulidades podem ser reconhecidas de ofício e não admitem a convalidação Anulabilidades não podem ser conhecidas de ofício e admitem a convalidação Direito Administrativo há divergência doutrinária sobre a aplicação do sistema dicotômico Teoria monista É inaplicável o sistema dicotômico ao Direito Administrativo Teoria dualista doutrina majoritária Teoria quaternária subdivide os atos administrativos, quanto aos possíveis vícios que os acometem, em quatros diferentes categorias (Celso Antônio Bandeira de Mello) o Atos inexistentes são aqueles que correspondem a condutas criminosas ofensivas a direitos fundamentais da pessoa humana. o Atos nulos são os que apresentam vícios insuscetíveis de convalidação o Atos anuláveis contêm vícios passíveis de convalidação. o Atos irregulares são aqueles que padecem de vícios materiais irrelevantes, reconhecíveis de plano. Quais são as espécies de vícios que geram a invalidação? Os vícios podem recair em todos os elementos do ato administrativo o I) vícios de competência inadequação entre a conduta e as atribuições do agente o II) vício de finalidade prática de ato direcionada a fins privados ou diversos dos previstos em lei o III) vício de forma ato que não observa o meio de exteriorização exigido para o ato o IV) vício de motivo Inexistência de fundamento para o ato, fundamento incompatível com a realidade ou fundamento incongruente com o objetivo o V) vício de objeto prática de ato com conteúdo diverso do autorizado pela lei Quem pode invalidar o ato administrativo? Os atos administrativos podem ser invalidados pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário o Quanto a Administração Pública procede à anulação de seus próprios atos, ocorre o exercício da prerrogativa da autotutela o Súmula 473-STF A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Quando a anulação do ato administrativo repercute no campo dos interesses individuais, exige-se a instauração de processo administrativo que assegure a ampla defesa e o contraditório Quais atos podem ser invalidados? Podem ser invalidados os atos vinculados, bem como os discricionários, no que concerne aos vícios de legalidade Quais são os efeitos da anulação do ato jurídico? A invalidação opera efeitos ex tunc, de modo que são desfeitas todas as relações jurídicas que se originaram do ato Há um dever de invalidar os atos administrativos inquinados com vício de legalidade? Há parcela doutrinária que considera que há obrigatoriedade de fazê-lo, enquanto outra considera que existe uma faculdade jurídica O mais adequado é considerar, em regra, o ato deverá ser invalidado, salvo algumas circunstâncias especiais Podem ser citadas como limitações ao dever de invalidação o I) O decurso do tempo o II) Consolidação dos efeitos produzidos (prevalência do princípio da segurança jurídica sobre o da legalidade estrita) Ex.: teoria da aparência, segundo a qual a nomeação de servidor público sem concurso é nula, mas são válidos os atos praticados (teoria do funcionário de fato) o III) modulação dos efeitos da invalidação, em aplicação de entendimento analógica daquele haurido da lei 9.868.1999, determinando que a anulação só produza efeitos a partir de determinado termo A estabilização dos efeitos do ato administrativo não se confunde com a teoria do fato consumado I) Na primeira hipótese, a manutenção dos efeitos do ato se justifica porque sua retirada implicaria a violação a outros princípios jurídicos. II) Na segunda hipótese, a manutenção do ato deriva simplesmente do fato de a situação concreta já ter sido praticada O que é a convalidação do ato administrativo (aperfeiçoamento ou sanatória)? o Conceito processo de que se vale a Administração para aproveitar atos administrativos inquinados com vícios superáveis, de forma a corrigi-lo no todo ou em parte o Há 03 requisitos para a convalidação: I) que o vício seja sanável II) atendimento ao interesse público III) não cause prejuízos a terceiros o Quais são os vícios sanáveis? Regra A doutrina considera que os vícios de competência e de forma são normalmente sanáveis, mas há que se atentar aos demais requisitos da convalidação o Quais são os efeitos da convalidação? O ato de convalidação tem efeitos ex tunc, uma vez que retroage ao momento da prática do ato originário o A convalidação admite as seguintes espécies Ratificação ato administrativo pelo qual o órgão administrativo sana ato inválido anteriormente praticado por ele mesma Confirmação ato administrativo que consiste na convalidação efetivada por outra autoridade Reforma modalidade de convalidação em que se pratica ato novo que suprime a parte inválida do ato, mantendo sua parte válida incólume (v.g.: ato anterior que concedia licença e férias a servidor, que só fazia jus às férias) Conversão convalidação de ato administrativo inquinado com vício de forma, sendo transformado em outro mais simples, para o qual ele cumpre os requisitos definidos em lei O INMETRO pode fiscalizar as balanças de farmácia? o O Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO) não é competente para fiscalizar as balanças de pesagem corporal disponibilizadas gratuitamente aos clientes nas farmácias. STJ. 1ª Turma. REsp 1.384.205-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/3/2015 (Info 557). o STJ Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas intrinsecamente ao serviço prestado pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a regularidade desses equipamentos. o 7. JURISPRUDÊNCIA RELEVANTE Quais são os entendimentos relevantes? o Na equipe que compõe as Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e as Unidades de Suporte Básico de Vida Terrestre (USB) do SAMU não é necessária a presença de enfermeiro, bastando um técnico ou auxiliar de enfermagem A composição da tripulação das Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e das Unidades de Suporte Básico de Vida Terrestre (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU sem a presença de enfermeiro não ofende, mas sim concretiza, o que dispõem os artigos 11, 12, 13 e 15 da Lei n.º 7.498/86, que regulamenta o exercício da enfermagem. STJ. 1ª Seção. REsp 1828993-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/08/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1024) (Info 677). o A pessoa jurídica de direito público terá direito à indenização por danos morais sob a alegação de que sofreu violação da sua honra ou imagem? o NÃO. Em regra, pessoa jurídica de direito público não pode pleitear, contra particular, indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem. Nesse sentido: REsp 1.258.389/PB, REsp 1.505.923/PR e AgInt no REsp 1.653.783/SP. o Suponha, contudo, que uma autarquia foi vítima de grande esquema criminoso que desviou vultosa quantia e gerou grande repercussão na imprensa, acarretando descrédito em sua credibilidade institucional. Neste caso, os particulares envolvidos poderiam ser condenados a pagar indenização por danos morais à autarquia? o SIM. Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os demais jurisdicionados em geral for evidente. o Nos três julgados acima mencionados nos quais o STJ negou direito à indenização, o que estava em jogo era a livre manifestação do pensamento, a liberdade de crítica dos cidadãos ou o uso indevido de bem imaterial do ente público. No caso concreto é diferente. A indenização está sendo pleiteada em razão da violação à credibilidade institucional da autarquia que foi fortemente agredida em razão de crimes praticados contra ela. o STJ. 2ª Turma. REsp 1722423-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2020 (Info 684). o No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. Tais notificações, se feitas por remessa postal, não precisam ser acompanhadas de aviso de recebimento (AR). Não há essa exigência no Código de Trânsito Brasileiro nem nas Resoluções do CONTRAN. o STJ. 1ª Seção. PUIL 372-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 11/03/2020 (Info 668). Como é fixada a complementação da UNIÃO no FUNDEB? o O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. o A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. o O tema acima foi definido pelo STJ (no REsp 1101015/BA) e pelo STF nas ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, jugadas em 6/9/2017. o Diante disso, é possível que o Ministro do STF, Relator de ações com pedidos semelhantes, decida monocraticamente e julgue procedente os pedidos formulados por outros Estados- membros contra a União. Não haverá, neste caso, violação ao princípio da colegialidade. o STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2019 (Info 964). o É inconstitucional o pagamento de honorários advocatícios contratuais com recursos destinados ao FUNDEB, o que representaria indevido desvio de verbas constitucionalmente vinculadas à educação. o STF. Plenário. ADPF 528/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2022 (Info 1047). o o Por outro lado, é admissível o pagamento de honorários advocatícios contratuais com verbas provenientes dos juros moratórios incidentes sobre o valor do precatório devido pela União. Os juros moratórios decorrem do descumprimento de uma obrigação, no caso, a mora da União em cumprir devidamente as obrigações de repasse de verba referente ao FUNDEB aos Municípios. o O STF tem entendimento sobre a natureza indenizatória dos juros de mora, considerando que a referida verba não aumenta o patrimônio do credor e, com especial relevância para o tema ora em debate, que “os juros de mora legais têm natureza jurídica autônoma em relação à natureza jurídica da verba em atraso”. o A vinculação constitucional em questão restringe a aplicação do montante principal apurado nas execuções dos títulos judiciais obtidos pelos municípios, mas não sobre os encargos moratórios que, liquidados em favor desses entes, podem servir ao pagamento de honorários contratuais eventualmente ajustados com os profissionais ou escritórios de advocacia que patrocinaram a discussão em juízo sobre o valor dos repasses. Como se observa a questão da permissão para dirigir? o A pessoa que foi aprovada nos exames do DETRAN para condução de veículos recebe inicialmente uma “permissão para dirigir”, com validade de 1 ano. Somente ao final deste período, ela irá receber a Carteira Nacional de Habilitação, desde que não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração média. É o que prevê o § 3º do art. 148 do CTB. o o Ocorre que o STJ decidiu que o art. 148, § 3º, do Código de Trânsito Brasileiro é parcialmente inconstitucional, excluindo de sua aplicação a hipótese de infração (grave ou gravíssima) meramente administrativa, ou seja, não cometida na condução de veículo automotor. o Para as infrações cometidas na condução de veículo automotor: deve-se aplicar literalmente o § 3º do art. 148 do CTB e a CNH não será concedida. Isso porque se a infração é cometida na condução de veículo automotor, isso gera efetivo risco à segurança do trânsito. o Por outro lado, se a infração cometida foi meramente administrativa, não se deve aplicar o § 3º do art. 148 do CTB e a CNH pode ser concedida. Isso porque se a infração é meramente administrativa ela não tem o condão de gerar risco à segurança do trânsito. o STJ. Corte Especial. AI no AREsp 641185-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/02/2021 (Info 685). o A transferência de propriedade de veículo automotor usado implica, obrigatoriamente, na expedição de novo Certificado de Registro de Veículo - CRV, conforme dispõe o art. 123, I, do CTB, ainda quando a aquisição ocorra para fins de posterior revenda. Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando: I - for transferida a propriedade; STJ. 1ª Turma. REsp 1429799/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 02/03/2021 (Info 687). o O termo inicial do prazo prescricional para a cobrança da multa prevista no § 2º do art. 116 do Decreto-Lei nº 9.760/46 é a data em que a União tem ciência efetiva da ausência de transferência das obrigações enfitêuticas. o E quando a União tem essa ciência efetiva? Quando ocorre a comunicação à SPU. A comunicação à Secretaria de Patrimônio da União - SPU é o momento em que a União toma conhecimento da alienação, sendo irrelevante a data em que emitida a Declaração de Operação Imobiliária (DOI). STJ. 2ª Turma. REsp 1765707-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/08/2019 (Info 658). O que os Municípios devem fazer no âmbito de loteamentos clandestinos? o Existe o poder-dever do Município de regularizar loteamentos clandestinos ou irregulares. Esse poder-dever, contudo, fica restrito à realização das obras essenciais a serem implantadas em conformidade com a legislação urbanística local (art. 40, caput e § 5º, da Lei nº 6.766/79). Após fazer a regularização, o Município tem também o poder-dever de cobrar dos responsáveis (ex: loteador) os custos que teve para realizar a sua atuação saneadora. STJ. 1ª Seção. REsp 1164893-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 23/11/2016 (Info 651). o O Poder Judiciário não pode fazer a revisão judicial do mérito da decisão administrativa proferida pelo CADE. o A expertise técnica e a capacidade institucional do CADE em questões de regulação econômica exige que o Poder Judiciário tenha uma postura deferente (postura de respeito) ao mérito das decisões proferidas pela Autarquia. o A análise jurisdicional deve se limitar ao exame da legalidade ou abusividade do ato administrativo. O CADE é quem detém competência legalmente outorgada para verificar se a conduta de agentes econômicos gera efetivo prejuízo à livre concorrência. As sanções antitruste, aplicadas pelo CADE por força de ilicitude da conduta empresarial, dependem das consequências ou repercussões negativas no mercado analisado, sendo certo que a identificação de tais efeitos anticompetitivos reclama acentuada expertise. STF. 1ª Turma.RE 1083955/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/5/2019 (Info 942). o É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados por unidade federativa e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos já foram empenhados. A requisição administrativa não pode se voltar contra bem ou serviço de outro ente federativo. Isso para que não haja indevida interferência na autonomia de um sobre outro. STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021 (Info 1008). o O CTB prevê que só poderá ser expedido novo certificado de registro de veículo e novo certificado de licenciamento anual se ficar comprovado o pagamento dos débitos relativos a tributos, encargos e multas vinculadas ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas (arts. 124, VIII, 128, e 131, § 2º). Tais dispositivos são constitucionais e não limitam o direito de propriedade. Além disso, não se constituem em sanções políticas. STF. Plenário. ADI 2998/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/04/2019 (Info 937). O STF conferiu interpretação conforme a Constituição, para declarar inconstitucional a possibilidade do estabelecimento de sanção por parte do CONTRAN, como se órgão legislativo fosse, visto que as penalidades têm de estar previstas em lei em sentido formal e material. Além disso, o Tribunal declarou a nulidade da expressão “ou das Resoluções do Contran” presente neste artigo STF. Plenário. ADI 2998/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/04/2019 (Info 937). Há desvio de finalidade na transformação de secretaria em Ministério? o Não é inconstitucional medida provisória que, ao tratar sobre os órgãos vinculados à Presidência da República, confere status de Ministro de Estado ao chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, ainda que seu titular a ser nomeado, venha a ter foro por prerrogativa de função no STF. Não há desvio de finalidade na edição deste ato. o A norma, ao estabelecer a organização básica dos Ministérios e demais órgãos ligados à Presidência da República, é matéria que está no âmbito decisório do chefe do Poder Executivo da União. o Não se sustenta, do ponto de vista jurídico, o argumento de que a criação da Secretaria-Geral com status de Ministério de Estado implicaria burla aos postulados constitucionais de moralidade e probidade na Administração, porque a criação ou extinção de ministérios e órgãos da Presidência também está no campo de decisão do chefe do Poder Executivo. o o A nomeação de determinada pessoa para o cargo de Ministro de Estado é um ato subsequente e que, em princípio, está na alçada político-administrativa do Presidente da República (art. 84), desde que presentes os requisitos do art. 87 da CF/88. o o STF. Plenário. ADI 5717/DF, ADI 5709/DF, ADI 5716/DF e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 27/3/2019 (Info 935). Quais são os entendimentos sobre o pagamento aos anistiados? o Não é necessário o ajuizamento de ação autônoma para o pagamento dos consectários legais inerentes à reparação econômica devida a anistiado político e reconhecida por meio de Portaria do Ministro da Justiça, a teor do disposto no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e no art. 6º, § 6º, da Lei 10.559/2002. STF. 1ª Turma. RMS 36182/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/5/2019 (Info 940). É devida a incidência de correção monetária e juros moratórios em ação mandamental para pagamento de retroativos devidos àqueles declarados anistiados políticos, independentemente de decisão expressa nesse sentido. STJ. 1ª Seção. AgInt no MS 24212-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 652) Os juros de mora e a correção monetária constituem consectários legais da condenação, de modo que incidem independentemente de expresso pronunciamento judicial. STF. Plenário. RE 553710 ED, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 01/08/201 o No tocante ao valor da reparação mensal devida aos anistiados políticos, a fixação do quantum indenizatório por pesquisa de mercado deve ser supletiva, utilizada apenas quando não há, por outros meios, como se estipular o valor da prestação mensal, permanente e continuada. o Ex: João era Fiscal do IAPC. Em razão de perseguição política ocorrida durante o regime militar, ele foi obrigado a abandonar o cargo, fugindo para o Paraguai. Se a União reconhecer a condição de anistiado político de João, deverá fixar a reparação mensal em valor igual à remuneração de Auditor Fiscal da Receita Federal, considerando que Fiscal do IAPC foi transformado neste outro cargo. Não se deve utilizar aqui o critério da pesquisa de mercado. o STJ. 1ª Seção. MS 24508/DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 12/05/2021 (Info 696). o Súmula 624-STJ: É possível cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei nº 10.559/2002 (Lei da Anistia Política). Segundo entendeu o Tribunal, o art. 16 é um comando dirigido, antes e unicamente, à Administração Pública, e não à jurisdição. Em outras palavras, esse dispositivo proíbe que o Poder Público pague, administrativamente, a reparação econômica cumulada com outros pagamentos, benefícios ou indenização. o 1 - Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento de requisição ou determinação de providências por parte da União, por intermédio do órgão competente, no prazo previsto nos artigos 12, parágrafo 4º, e 18, caput, parágrafo único, da Lei 10.559 de 2002, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e certo. o 2 - Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos anistiados políticos, e não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União há de promover o pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias. o 3 - Na ausência ou na insuficiência de disponibilidade orçamentária no exercício em curso, cumpre à União promover sua previsão no projeto de lei orçamentária imediatamente seguinte. o STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Repercussão Geral - Tema 394) (Info 847). o STF. 1ª Turma. RMS 28201/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/9/2018 (Info 917). Como ocorre a atualização do FGTS? o A remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice. o STJ. 1ª Seção. REsp 1614874-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 625). o o Vale ressaltar que o tema acima ainda poderá sofrer mudança. Isso porque existe uma ADI no STF na qual se alega a inconstitucionalidade de trecho do art. 13, caput, da Lei nº 8.036/90 e do art. 17, caput, da Lei nº 8.177/91, ao argumento de que viola o direito de propriedade, o direito dos trabalhadores ao FGTS e o princípio da moralidade administrativa a utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de correção monetária dos depósitos vinculados ao FGTS. o Assim, o Supremo é quem dará a palavra final sobre o assunto. o Importante mencionar, inclusive, que, em 06/09/2019, o Min. Roberto Barroso proferiu decisão cautelar para determinar a suspensão de todos os feitos que versem sobre a matéria, até julgamento do mérito pelo Supremo Tribunal Federal.
O Veto Presidencial À Transitoriedade Da Lei 13.491-2017 Que Alterou o Código Penal Militar - Um Arranjo Político Frente Ao Princípio Da Separação Dos Poderes