Você está na página 1de 32

27/02/2023

Perante os mesmos fatos a interpretação jurídica traça caminhos diferentes


O direito evolui em função da evolução do pensamento
Para haver um crime tem de haver uma Acão ou uma omissão. O nosso código penal tipifica os crimes
por ação e poucos estão tipificados por omissão.
No direito contraordenacional os diplomas que dizem o que é que são contraordenações estão a tipificar.
Por isso se diz uma ação típica.
Art132º do CP que tipifica o crime de homicídio…quem matar outra pessoa é punida com uma pena de
prisão de 8 a 16 anos de prisão.
Homicídio simples: todos os crimes têm uma versão básica
Homicídio qualificado conduta agravada circunstâncias do crime agravam
Homicídio privilegiado circunstâncias do crime atenuam a pena
As condutas têm de estar tipificadas antes de serem praticadas. As leis penais são da exclusiva
responsabilidade da AR. Quando a AR autoriza o governo a legislar em matéria penal estabelece as
balizas que o governo tem de respeitar para fazer essas novas leis. E por que é k é da AR?
Porque é o pulsar da sociedade que leva à legislação das matérias que fazem mexer a sociedade. Violência
doméstica, no namoro, assédio…anates não se ouvia falar destas matérias. Houve necessidade de legislar
à medida que foram ganhando relevo na sociedade. Esta definição das condutas que são violadoras da
vontade das sociedades, soa a condutas que atentam contra os meios jurídicos. Sejam um bem jurídico
seja a propriedade.
Diferença entre roubar e furtar
Se furtarem uma caneta estão a ofender um meio jurídico, um direito de propriedade, quando me chamam
nomes estão a ofender a honra e a dignidade.
O CP tem os crimes tipificados. À poucos crimes tipificados fora do CP, mas há. Existem muitos
diplomas de contraordenações. Iremos estudar o regime geral das contraordenações e 2 regimes especiais:
o código da estrada e o RGIT -Regime Geral das Infrações Tributárias.
A entidade administrativa tem de nos informar de tudo. A descrição da conduta, a norma jurídica violada,
a sansão para aquele tipo de conduta. Depois os profissionais da área consultam o resto do diploma, para
avaliar se se pode tirar algo mais.
Para concluirmos que uma ação é típica temos de fazer a imputação objetiva e a imputação subjetiva.
Subir degrau a degrau
1º degrau- a ação -temos uma ação que é humana e que é dominada ou dominável pela vontade?
Uma pessoa sob o efeito de um ataque de epilepsia parte várias peças numa loja. É um crime de dano
porque danificou uma coisa que pertencia a outra pessoa, mas esta ação foi dominada pela vontade? Não,
não estamos no plano criminal, mas sim cível, então temos de subir ao degrau seguinte. Já não estamos no
patamar do crime. Não quer dizer que a pessoa não tenha que indemnizar os prejuízos que causou, mas
não pode ir presa.
Tem de se distinguir as consequências no plano criminal e no plano cível. Pode-se não ter cometido um
crime, mas a conduta levou a causar prejuízos que tem de ser indemnizados.
2º típica o tal preenchimento de uma conduta uma norma que tipifica um crime ou uma contraordenação
Mas para concluirmos que a ação é mesmo típica precisamos de fazer a imputação objetiva e subjetiva
Imputação objetiva: é aquilo que nós conseguimos constatar, ver, é o que as testemunhas fazem, é
objetiva:
Temos de ter um agente, uma conduta, um resultado e o nexo de causalidade
Atirar uma garrafa (conduta) e acertar em alguém (resultado) é um crime de ofensa à integridade física da
pessoa atingida que está tipificado no código.
Nexo de causalidade: conseguir estabelecer um elo de ligação entre aquilo que o agente fez e o resultado
que se produziu
Se conseguirmos estabelecer o nexo de causalidade (ao atirar uma garrafa a alguém é previsível que essa
conduta possa causar uma lesão) termos a imputação objetiva feita.
Estamos a falar daquilo k são a maior parte dos crimes e das contraordenações: as condutas por ação e
que provocam crimes de resultados. Há crimes, chamados de mera atividade, crimes formais em que não
é necessário resultado nenhum, por ex, o crime de injurias. Não é exigido nenhum resultado.
Nexo de causalidade é quando estamos perante crimes e contraordenações que exigem um resultado.
Nem sempre e possível estabelecer o nexo de causalidade. Porque por vezes o meio empregue pelo agente
é idóneo para provocar a morte de alguém. Exemplo do tiro junto aos cavalos. O tiro não acertou o
Carlos, mas assustou os cavalos que passaram por cima do Carlos e matou-o. Estabelecer o nexo de
causalidade ente a conduta e o resultado nem sempre é fácil.
Juízo de prognose objetiva póstumo
Prognose: pré conhecimento
Póstuma: depois de morrer
Colocarmo-nos na posição do agente e ver se era previsível que daquela conduta sairia aquele resultado.
Ex: é previsível que dar um tiro em alguém este possa morrer espezinhado por cavalos?
Teremos de entrar aqui com os elementos subjetivos, ele sabia que estavam lá os cavalos.
Por isso o nosso código penal dá total liberdade aos juízes que decidem de acordo com a sua livre
convicção e com as regras da experiência
Se se concluir que um resultado foi consequência da conduta do agente está o nexo de causalidade
estabelecido e à partida estaremos perante a prática de um crime que está tipificado na lei.
Imputação subjetiva: tentar entrar na cabeça do agente, ver se aconteceu aquilo que o agente representou
Ex: caçador que pensava atirar contra um javali atrás de um arbusto e atingiu uma pessoa ou quando se
atira uma garrafa para alguém e causa uma lesão, deve-se perguntar se quando atirou a garrafa pretendia
atingir aquela pessoa? Ou quis atirar a outra pessoa que lhe pediu água e acertou noutra?
Do ponto de vista objetivo é-lhe imputado o homicídio da pessoa. Deu 2 tiros acertou e matou. Mas ele
quis matar? Ele quando matou representou que estava uma pessoa atrás do arbusto? Às vezes a realidade
engana o agente daí termos de ver como vamos sancionar o agente. Por isso na imputação subjetiva
teremos de distinguir o dolo da negligência. Mas temos de ver como vamos sancionar o agente.
Dolo direto: necessário e eventual
2
Negligencia: não agir com o cuidado devido
A pena por dolo (de 8 a 16 anos) é muito superior à pena por homicídio por negligência (até 2 anos)
Há muitas condutas no domínio das leis penais que só são puníveis se praticadas com dolo. Há condutas
negligentes que não são puníveis. Já não se passa o mesmo com as contraordenações. Nas
contraordenações do código da estrada agir com dolo ou pelo menos com negligencia.
O António queria dar um pontapé no Carlos, mas em vez de acertar no Carlos, acertou numa mesa e partiu
os artigos que lá estavam em cima. Houve uma conduta que pode projetar 2 crimes. Projetou a perna para
dar um pontapé no outro. Há aqui uma ofensa á integridade física tentada e ao deitar a mesa abaixo
cometeu um crime de dano. A negligencia, art13CP, eu sei que ele cometeu um crime de dano, mas
também sei que a intenção não era acertar na mesa, mas sim no Carlos, logo este crime de dano não é
doloso porque ele não tinha intenção de acertar na mesa. Art212 e seg., tipifica o crime de dano. Aqui
temos de ver se há alguma coisa que diga que a negligencia é punível, não aparece a expressão a
negligencia é punível, logo não existe. Mas tem que pagar os prejuízos que causou, no plano cível.
Depois de se fazer a analise subjetiva, tentar entrar na cabeça do agente, se se conseguir fazer imputação
subjetiva, concluir que o agente atuou com dolo ou pelo menos com negligência, poderemos subir o
degrau seguinte. E dizer que estamos perante uma ação típica.
3ºdegrau Verificar se é ilícita. Pode-se perguntar, mas se já se verificou que é crime e que está tipificado
na lei. Por princípio todas as ações típicas são ilícitas. Se concluirmos que o agente teve uma conduta que
viola uma norma, que preenche um determinado tipo de crime ou de contraordenação, é obvio, que por
princípio é ilícito ter essas condutas. No patamar da ilicitude, não vamos ver se aquela conduta é ilícita, se
viola a lei. Já partimos desse princípio. O que vamos ver é se as circunstâncias em que o agente atuou
eventualmente são aceites no senso comum pela sociedade. Se há circunstâncias que excluem a ilicitude
da conduta. A figura mais conhecida é a legitima defesa.
Ex: alguém se defende de outro que lhe aponta uma arma ameaçando-o de morte, matando-o temos
legitima defesa. Do ponto de vista objetivo não há dúvidas, temos um agente, temos uma conduta, que é
disparar sobre o Carlos. O Carlos morreu, há o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o
resultado que se produziu. Do ponto de vista da imputação subjetivo a pergunta que se coloca é se o
António quis matar o Carlos? Ele apontou e disparou pelo que se conclui que sim. Ele quis matar quando
atuou. Há aqui do ponto de vista objetivo e subjetivo pode-se dizer que estamos perante uma ação típica,
a prática de um crime de homicídio. Mas é ilícita esta conduta? O António matou o Carlos para não
morrer em legitima defesa. A legitima defesa exclui a ilicitude da conduta. Mas não é só a legitima defesa.
Há outras causas de exclusão da ilicitude. Aquilo que está em causa é a ação que é típica em princípio é
ilícita, mas deixa de o ser por força das circunstâncias em que ocorreu o fato e em que se produziu aquele
resultado.
Temos também a figura do direito de necessidade. Ex: uma casa a arder com uma criança dentro da casa.
Para ajudar a salvar a criança pede uma mangueira ao vizinho que não empresta. Ele entra à força na casa
do vizinho e leva a mangueira. Invadiu o domicílio, apropriou-se de um bem do vizinho. Vão puni-lo
criminalmente? Porque ele atuou para salvar algo mais importante que a casa do vizinho que era a vida de
uma criança. Igual para quem danifica uma viatura para salvar uma criança que se encontre fechada
dentro do carro.
Portanto o que interessa ver na questão da ilicitude é se existem circunstâncias que excluam a ilicitude de
uma conduta
No exemplo de homem que arromba a porta de uma casa porque ouve gritos, julgando que está alguém
em perigo, mas depois verifica que era apenas o som da tv. Arrombou a porta: crime de dano, entrou pela
3
casa dentro: violação de domicílio. Cometeu 2 crimes. Vamos prender o Sr? Do ponto de vista objetivo
tipifica os 2 tipos de crime e do ponto de vista subjetivo? Ele quis arrombar a porta? Sim agiu com dolo.
Há aqui alguma causa de exclusão de ilicitude? Ele salvou alguém se não havia ninguém em perigo? Ele
representou uma situação que se existisse a ilicitude era excluída. Se estivesse realmente uma pessoa em
perigo aquela conduta era aceite. Só que não havia uma pessoa em perigo, mas ele pensava que sim. E
como ele pensava que sim agiu em erro e o erro exclui o dolo.
4ºdegrau – Culposa. Não se pode confundir o dolo com a culpa. Quando se chega ao degrau da culpa é
porque já estabelecemos que a conduta do agente foi dolosa ou pelo menos negligente. Na culpa vê-se se
o agente tinha condições para distinguir entre o bem e o mal e para se determinar a agir em função desse
conhecimento. É preciso que o agente tenha os elementos da culpa. A culpa tem 3 elementos. 2 elementos
positivos: a capacidade de culpa e a consciência da ilicitude. Se a pessoa não souber que o que é
permitido, não censura a sua conduta. Diz-se que a ignorância da lei não desculpa, mas em penal pode
desculpar. Se a pessoa de todo não souber e não tiver obrigação de saber. O código penal diferencia se a
ignorância for censurável ou não. Se tinha obrigação de saber agiu com culpa, se não, não agiu com culpa
Capacidade de culpa: o inimputável (Artº19º CP) não tem capacidade de culpa
3ºelemento da culpa-elemento negativo: não pode há ver causas de desculpa. Estas também estão
tipificadas no código penal.
5ºDEGRAU - Punível: a ação típica, é ilícita, é culposa, não há de ser punível?
O António bateu no Carlos. Não há nada que exclua a ilicitude, não há nada que exclua a culpa, mas pode
não ser punível. Porque pode haver circunstâncias que impedem que se vá punir o agente. Por exemplo a
prescrição (artº17-ISDMOS). Depois de determinado número de anos, prescreve. Se for uma ofensa à
integridade física simples é necessário que a vítima se queixe.
As grandes diferenças entre o direito penal e contraordenacional é as sanções. No direito penal a sanção
principal é a prisão e a multa. No direito contraordenacional é a coima.
Tentativa: verifica-se a figura de tentativa, quando não se produz o resultado pretendido. Nas
contraordenações não há tentativas. A tentativa não é punível nas contraordenações, enquanto nos crimes
é.
Nas contraordenações a negligencia também é punível.
As causa de exclusão de ilicitude e as causas de desculpa que estão no código penal, utilizam-se nas
contraordenações.
No direito penal as decisões têm de ser do juiz, as decisões judiciais é que aplicam as sanções, no direito
contraordenacional quem aplica as sanções, pela primeira vez são as entidades administrativas.

02/03/2023
Princípio da legalidade: advém e resulta da nossa constituição. A CRP traduz o resultado do pensamento
daqueles que nos representam na AR Em 1976, tendo sido já revista várias vezes ao longo dos anos.
A nossa CRP é que estabelece as balizas dentro das quais o legislador pode e deve legislar
designadamente no âmbito do direito penal=criminal.

4
Art24º CRP – Vida Humana é inviolável e em caso algum haverá pena de morte.
O nosso CP ao tipificar as condutas e associar determinadas sanções, tem como intenção evitar crimes.
Pretende proteger a potencial vítima. Depois do crime cometido já não há nada a fazer.
Artº32, nº2 CRP – “Todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da sentença de
condenação…”
Toda a tramitação processual vai ser balizada por estes princípios. Temos muitas regras às quais temos de
atender.
A grande fonte do direito penal é a lei. A fonte por excelência do direito penal.
Artº25, nº2 CRP
Artº30, nº1, nº2, nº4 CRP, balizas do legislador tem para efeitos de sanções
Artº33º CRP já não tem a redação inicial da constituição. Na versão de 76 não era permitida a extradição
de cidadãos portugueses. A alteração acontece por força dos acórdãos internacionais.
Artº33,nº6 CRP ao abrigo deste artigo, Portugal pode não pode extraditar cidadãos doutro país e caso o
país que solicite, aplique pena de morte, se este não se comprometer a não aplicar a pena de morte.
Artº30, nº3 Na idade média os senhores feudais podiam mandar os seus servos cumprir as penas que lhe
fossem destinadas. Já não é possível, o que não quer dizer que não aconteça. Se alguém pagar a outro para
se dizer culpado e se assumir como agente de uma ação.
Limites legislativos: Artº29, nº1 para uma pessoa ser condenada pela prática de um crime ou
contraordenação é necessário que haja uma lei prévia que tipifique essa conduta e estabeleça a sanção que
lhe é aplicada. No princípio da legalidade, não há crime nem pena sem lei. A primeira coisa que tem de
haver é a lei.
Artº1, nº1 CP
Artº2 IDMOS
Art29, nº3 CRP “expressamente cominadas” quer dizer que no domínio do Direito Penal não podemos
recorrer à analogia para condenar uma pessoa. Tem de haver rigor na elaboração da lei. Não podemos
integrar as lacunas recorrendo à analogia. Não é absolutamente verdade porque no âmbito do DP temos
normas incriminadoras e normas favoráveis, a diferença entre este tipo de normas é muito importante.
Uma norma favorável pode ser aplicada retroativamente e pode ser interpretada por analogia e também
podemos fazer uma interpretação extensiva. Há regras.
Normas incriminadoras são aquelas que tipificam comportamentos e estabelecem a sanção e normas
favoráveis são aquelas que atenuam ou extinguem a responsabilidade criminal ou contraordenacional.
O homicídio privilegiado é uma norma favorável porque quem pratica o homicídio privilegiado está
sujeito a uma pena inferior ao do homicídio simples
Artº29, nº4 CRP a regra é que se aplica a lei em vigor no momento da prática do ato. Hoje a moldura
penal para o crime de homicídio é de 8 a 16 anos.
Amanhã entra em vigor uma lei que aumenta a pena para de 15 a 30 anos. Não produz efeitos. Mas se a
pena passar para 5 a 10 anos, como é favorável aplica-se retroativamente. Se agravar não se aplica
retroativamente, se atenuar aplica-se retroativamente.

5
Artº2, nº1 é o momento da prática do fato que determina qual é a lei que se aplica e não o momento em
que vai ser julgado.
No Direito penal, os crimes, por normas, são sancionados com pena de prisão e/ou multa. O tribunal
quando condena na pena de prisão pode suspender a execução dessa pena de prisão, pode condicionar a
suspensão da pena de prisão ao pagamento de uma indeminização e pode condenar numa pena de multa
(em termos de x/por dia) ou em alternativa x dias de prisão.
Artº3 IDMOS a CRP, o CP, todos estabelecem a mesma regra. A lei aplicável é a lei que está em vigor no
momento em que o agente atua.
Artº29, nº5
Dentro de todas estas balizas e sujeitando-se a todos estes princípios é que a constituição nos termos do
artº165, atribui à AR competência para legislar nesse domínio podendo, no entanto, delegar essa
competência ao governo continuando este submetido às mesmas balizas.
Artº18, nº2, nº3ª a limitação dos nossos direitos, liberdades e garantias tem de se restringir ao mínimo
indispensável. Os juízes quando aplicam uma pena têm de ponderar o montante exato dessa pena. Há
critérios para fixar e determinar as penas. São os critérios de acordo com as exigências de prevenção geral
e as exigências de prevenção especial. São critérios que se aplicam no domínio do direito penal e
contraordenacional. Têm a ver com o impacto que uma conduta tem na sociedade. Atualmente, o crime de
violência doméstica tem grandes exigências de prevenção geral. A sociedade está a ser tão afetada com a
violência doméstica que leva a que a pena concreta a aplicar se aproxime mais da pena máxima aplicável.
Todos os crimes estão tipificados e lei estabelece uma moldura penal e não um número específico para
cada crime. A determinação da pena concreta a aplicar, se houver grandes exigências de prevenção geral,
grande alarme social (homicídio, violência doméstica, violação, tráfico de estupefacientes) é superior.
As exigências de prevenção especial: tem que se saber quem se está a julgar, tem desse conhecer as
características da pessoa que se está a julgar, a personalidade, a sua inserção na sociedade, tem família, é
desempregado, etc. A personalidade do agente influencia na determinação da pena.
Dois indivíduos que em cumplicidade de esforços cometeram um crime, face às exigências de prevenção
geral, à partida levariam a mesma pena, mas face às exigências de prevenção especial (personalidades
diferentes) podem levar a uma diferença significativa da medida da pena.
Artº20, nº1 CRP as penas têm de ser atribuídas pelos tribunais.
Artº27, nº2 CRP ao contrário do que se passa nas contraordenações, (na sua primeira fase é tramitado por
uma autoridade administrativa, que aplica as coimas)
Artº23, nº1 CRP princípio da igualdade
A grande fonte do direito penal é a lei. A fonte por excelência do direito penal.
A jurisprudência tal como a doutrina, no caso do direito penal, são auxiliares na aplicação da lei.
Influenciam, mas não são fonte do direito penal. Não se pode condenar alguém por ter havido uma
decisão do tribunal superior neste sentido. Nem condenar, nem absolver.
O costume: temos consagrado o direito de correção dos pais sobre os filhos. Têm o dever de os proteger,
mas também têm o dever de correção. O costume já não é, mas foi em tempos.

6
09/03/2023
Aplicação da lei no tempo
A regra geral é de que se aplica a lei no momento da prática do fato. Se houver alterações legislativas
favoráveis, aplicam-se retractivamente, se não forem favoráveis, não se aplicam retractivamente. Se
estivermos perante uma lei temporária aplica-se a lei temporária.
Joaquim praticou uma contraordenação no dia 15/03/2022. A coima aplicável nessa data era de
150€ a 300€. Em 10/06/22 a lei foi alterada e aquela conduta pode a ser punível com uma coima
aplicável entre 250€ e 500€. No dia 1/01/2023 há uma nova alteração legislativa e a coima aplicável
aquela conduta passa a ser de 50€ a 150€. Admitindo que o agente vai agora ser julgado, que coima
é que lhe pode ser aplicada.
R: Momento em que o agente atuou: 15/03/2022.
7
A regra geral aplica-se a lei em vigor no momento da prática do facto, sendo que o momento da prática do
facto, nos termos do disposto do artigo 2º do CP ou do artigo 3º e 5º do RGCO, é o momento em que o
agente atua.
Temos a regra da não aplicação retroativa das leis incriminadoras, lei desfavoráveis e temos a regra que
também resulta da constituição quer no CP, quer no RGCD que é a aplicação retroativa das normas
favoráveis.
No presente caso, temos que a 1º alteração à lei em 10/6/2022, agrava a moldura penal, significa isso que
não se aplica. Depois temos uma 2º alteração que entrou em vigor em 01/01/2023 que atenua e a nova
moldura que foi estabelecida é inferior aquela que estava em vigor no momento da prática do facto. Nos
termos do artigo 2º do CP e 3º do RGCO já vamos aplicar a norma favorável.
A sanção aplicável ao agente da infração sendo julgado em 01/01/2023 seria uma coima entre 50€ a 150€.
Se o caso mudasse para: durante o período de um determinado evento que se realizou de 01/01/2022 a
31/03/2022 a sanção aplicável à conduta do Joaquim era de 150 a 300€. Aqui já a sanção aplicável já seria
a de 150€ a 300€, nos termos do artigo 2º, nº3 do CP, e do artigo 3º, nº3 do RGCO.
Sendo uma lei temporária é sempre a que se aplica no momento da prática do facto.
Nota: Todas as sanções sejam em termos de crime sejam de contraordenações tem sempre um mínimo e
um máximo. Depois de haver uma decisão que aplique uma coima passamos a falar de coima aplicada)

Aplicação da lei no espaço - Artigo 4º do CP


A lei aplica-se a fatos ocorridos em território português incluindo os navios e as aeronaves.
No Direito contraordenacional o artigo 4º do RGCO diz a mesma coisa. A única diferença é que em
termos internacionais não é por ser português que se andar em excesso de velocidade em território
espanhol não serei abrangido pela legislação portuguesa, mas sim pela legislação espanhola.
No direito penal é diferente. Há determinadas condutas que são de tal modo consideradas graves que
independentemente do local em que o agente tenha atuado, poderemos aplicar a lei portuguesa. E há
outras condutas que tem a mais a haver com as características do agente do que com o crime cometido.
Poderia o Renato Seabra ser julgado em Portugal de acordo com a lei portuguesa? Poderia, se se
verificassem determinadas circunstâncias. Diz o artigo 5º do CP
O Renato Seabra é português, atuou contra um português e residia em Portugal. Precisava de ser
apanhado em Portugal para ser julgado em Portugal de acordo com a lei portuguesa.
Um caso: português vivia em Paris, teve um prolema com um francês, matou-o e fugiu para Portugal.
Apresentou-se às autoridades em Portugal
1º Fator psicológico: é diferente ser julgado em Portugal, um português que matou um francês em frança,
do que de ser julgado em frança pelo mesmo crime. Seria substancialmente diferente. A moldura Portugal
era mais elevada em França do que em Portugal. Foi numa altura em que se não se podia extraditar
portugueses para fora do país
Eu escrevo uma carta para Alemanha em que insulto o destinatário da Carta.
Comete-se o crime de injuria. Qual é a lei aplicável? É a portuguesa ou alemã. É o sítio onde se escreveu
a carta ou o sítio onde se leu a carta? Tanto num lugar como outro. Porque a lei portuguesa é aplicável.

8
O António é português e na zona da fronteira quando se prepara para entrar em Portugal foi abordado por
um polícia espanhol. Deu um tiro e matou o polícia, mas o polícia quando é atingido estava em território
português. Qual é a lei aplicável?
A lei portuguesa no seu artigo 5º diz que aplica quando ocorrem factos praticados em território português.
Esta é a regra geral.
Onde foi cometido o crime?
O tiro foi disparado em Espanha.
Artigo 7º nº1
O lugar da prática do facto
O facto considera-se praticado tanto no lugar em que o agente atuou como naquele em que o resultado se
produziu, ou seja, o facto considera-se praticado tanto em Espanha como em Portugal. Vai depender de
quem o apanhar. A lei portuguesa aplica-se porque se considera o lugar da prática do facto foi em Portugal
uma vez que o resultado se produziu em Portugal
Quando dá o tiro aplica-se a moldura penal para homicídio de 8 a 16 anos de prisão. Mas o polícia esteve
em coma e só morreu 6 meses depois. Houve uma alteração legislativa que alterou a moldura penal.
Em princípio aplica-se o momento em que o agente atuou nos termos do artigo 3º do CP. Se o polícia
morreu passados 6 meses é aplicável a lei da data do facto, a menos que haja uma lei favorável.

Quando estamos em águas internacionais não há nenhum ordenamento jurídico


2 indivíduos vão num navio português. Começam a lutar e caem ao mar e uma mata o outro.
Como não há punição em águas internacionais, se for cometido por um português ou por um estrangeiro
contra um português já é aplicável a lei portuguesa (apesar de não haver punição em águas
internacionais). Se os indivíduos que caiem ao mar forem estrangeiros já não se aplica a lei portuguesa.
Um cidadão português que preenche o IRS quando está de férias em Espanha. Presta falsas declarações e
quer o reembolso. fez tudo e me Espanha e recebe o reembolso em Portugal. É aplicada a lei portuguesa?
Atuou em Espanha, o resultado produziu-se em Portugal. A AT é que tratou dos dados e fez o reembolso,
por isso é aplicável a lei portuguesa.
No artigo 32º da RGCO manda aplicar subsidiariamente o CP. Quando houver alguma questão que não
seja resolvida pelo RGCO, vamos ao CP.
Neste momento a extradição já é possível desde que não seja aplicável a legislação portuguesa. A
extradição para um país que aplique a pena de morte ou a prisão perpetua, é possível desde que garantam
que não a vão aplicar. Artigo 33º, nº4.

TEORIA DO FACTO PUNÍVEL


Degraus: Um crime é uma ação, típica, ilícita culposa e punível
É a partir deste percurso da definição de crime que vamos fazer a subsunção progressiva para chegar á
conclusão, depois de percorrer todos os degraus de que estamos perante um crime. Quando falta algum
dos elementos a nossa procura acaba.

9
Artigo212º
O António está a ver a montra de uma loja. Vem um individuo a correr, bate contra ele, empurra-o ele vai
contra o vidro da montra da loja e parte-a. Estaremos, à partida, perante a prática de um crime de dano,
previstos e punido no artigo 212º do CP
O primeiro degrau é verificar se é uma ação: a ação tem de ser humana e dominada ou dominável pela
vontade.
O António não dominou o movimento que o fez partir o vidro. Foi empurrado.
É responsável pelo pagamento do vidro que partiu havendo lugar a responsabilidade civil.
O António poderia ocorrer no crime de dano, previsto e punido no CP no artigo 212, contudo como a ação
não foi dominada pela vontade, uma vez que foi empurrado, o António não seria punido pelo crime de
dano.
O António rapta o filho do Carlos, e diz-lhe que se ele não matar o Manuel, mata-lhe o filho. O Carlos
mata o Manuel. A conduta do Carlos ao matar o Manuel é dominada pela vontade?
As condutas só são puníveis que consistirem em ações? Não é verdade. Temos condutas puníveis que
consistem em omissões.
Deve-se dizer ação ou omissão típica, ilícita, culposa e punível. Os crimes tal como as contraordenações
podem ser praticados por ação ou omissão.
Quem não apresentar a declaração de IRS no período destinado para o efeito incorre na prática de
contraordenação. O agente fez alguma coisa? Não fez, quando deveria ter feito.
Podemos falar em omissões puras e impuras.
As omissões puras estão tipificas, descritas na lei como o não fazer. O exemplo típico que temos no CP é
o artigo 200º-omissão de auxílio. É uma conduta que está tipificada como um não fazer.
As omissões impuras são todos os crimes que estão tipificados como sendo um fazer, mas que
preenchemos esse tipo de crime por não os fazer.
Exemplo: é crime matar, mas também é crime deixar morrer.
Matar preenche o crime de homicídio no artigo 131º, deixar morrer preenche o crime de homicídio nos
termos do artigo 131º e artigo 10º, nº1.
Se uma pessoa estiver a afogar-se e eu souber nadar, eu tenho a obrigação de o ajudar. Se não for, estou a
cometer o crime de homicídio por omissão. Porque não fiz o que devia ter feito. Na descrição da norma
(artigo 131º-pena de prisão de 8 a 16 anos) só está referida a prática do crime por fazer. Atenção ao nº2,
do artigo 10º.
Um pai vendo 2 filhos no mar a afogarem-se. O pai só consegue salvar um. Poderá ocorrer num crime de
homicídio qualificado (artigo 132º- homicídio qualificado) por omissão porque atendendo ao nº2, do
artigo 10 tem um dever jurídico, sendo pai, de o salvar. Quem estivesse em redor, não fazendo nada
poderia ocorrer no crime de omissão de auxílio (artigo 200º-pena de prisão de até 1 ano ou pena de multa
até 120dias). O mesmo se passa com os nadadores-salvadores, os bombeiros, têm o dever jurídico de não
deixar morrer.
2ºDEGRAU-TIPICIDADE
Determinar o tipo de crime com o qual nos confrontamos.

10
Ex. no artigo 131º na primeira parte da norma descreve-se a conduta, na 2º parte temos os elementos
normativos.
Em todos os tipos de crimes temos sempre a parte descritiva, que é a conduta e a parte normativa que é
normalmente as consequências da conduta.
Para dizermos que está preenchido um determinado tipo de crime precisamos de fazer coincidir a conduta
com os elementos descritivos da norma.
Elementos objetivos para determinar a tipicidade: agente, conduta, resultado e o nexo de causalidade.
Juízo de prognose
Quando estamos a estabelecer o nexo de causalidade temos de fazer o juízo de prognose objetiva póstuma
que é pormo-nos no lugar do homem médio e ver se era previsível que daquela conduta surgisse o
resultado que se produziu
Há crimes que não exigem a produção de um resultado.
o homicídio é um crime de resultado, que é a morte.
O António disparou um tiro sobre o Carlos e este morreu
Agente: o António
Conduta: disparou um tiro
Resultado: o Carlos morreu
Nexo de causalidade entre o que o agente fez e o resultado que se produziu: verifica-se

O António decidiu matar o Carlos, empurrando-o de uma ravina com a intenção de que ele morresse com
a queda. No meio da queda o Carlos bateu com a cabeça numa rocha mais saliente e morreu com a
pancada na cabeça e não da queda propriamente dita. Consegue-se estabelecer um nexo de causalidade
entre a conduta do António e a morte do Carlos?
Era previsível que ao empurrar uma pessoa de uma ravina, ela no percurso da queda possa bater com
cabeça na descida. Sim.
O António sabendo que o Carlos não sabe nadar, atira-o do cimo da ponte sobre o tejo. Mas quando caiu
passou um barco e o Carlos caiu em cima do barco morrendo do impacto e não de afogamento.
Existe aqui um desvio do processo causal. Este desvio é relevante? Não
O António queria matar o Carlos e para isso convidou-o para jantar e pôs-lhe veneno na bebida que iria
fazer efeito no prazo de 1h. O Carlos quando ia para casa foi atropelado e morreu. Aqui a conduta do
agente não foi determinante para a ocorrência do resultado.
O António tinha decidido matar a sogra num determinado dia à noite. Durante a tarde estava no escritório
a limpar a arma, quando a sogra entra no escritório e a arma disparou-se e a sogra morreu.

11
13/03/2023
1º fase de qualquer fase criminal é o inquérito. O ministério publico abre o inquérito e é coadjuvados
pelas policias (PSP, GNR, polícia judiciaria) que determina ou delega a investigação. Durante a
investigação são feitas diligencias para encontrar provas da prática de um crime. Essas provas estão
comtempladas no código de processo penal, porque já estamos no processo.
Sabemos se temos um crime pelo código penal. Se temos, vamos avançar para o processo e
consequentemente para o código de processo penal.
No domínio das contraordenações temos o Regime Geral das Contraordenações (DL 433/82 de 27/10)
que está dividido em 2 partes. Uma parte com lei substantiva, ou seja, as contraordenações, como são
colhidas, etc, e uma 2º parte, parte processual, de como decorre o processo de contraordenação,
Com os regimes especial e geral que têm as suas próprias regras, embora todos os regimes digam que se
aplica subsidiariamente o regime geral das contraordenações.
IMPUTAÇÃO SUBJECTIVA
Há determinados crimes que contem em si mesmo, as chamadas, especiais intenções. Por ex, o crime de
furto (artigo 203º), exige-se que o agente tenha a intenção de apropriação da coisa.

12
Se um colega de turma, pega na caneta do colega por engano, se levanta e se vai embora, do ponto de
vista objetivo preenche o tipo de crime de furto. Mas do ponto de vista subjetivo o agente não quis fazer
sua a caneta. Existe dolo, fez porque o queria fazer, mas não quis foi ficar dono da caneta.
Nesta parte da imputação subjetiva, para além do dono, tem de se distinguir o dolo das especiais
intenções. Há determinados crimes que impõem para este efeito, que haja as especiais intenções
Por ex. no crime de burla (artigo 217º) alem de se enganar a pessoa é necessário que haja a intenção de
obter enriquecimento para si ou para terceiros. O agente dolosamente quis criar aquela situação, mas não
teve a intenção de enriquecer a ele próprio ou a terceiro, sabendo que empobreceu o enganado. Aqui
temos e especial intenção de enriquecimento.
Artigo 14º, nº1 do CP é o dolo direto, a partir daqui conseguimos verificar que o dolo tem uma estrutura
bipartida (conhecer e querer) e estes dois elementos tem de se verificar:
1. Representar um facto que preencha um tipo de crime. A pessoa tem de conhecer tem de saber que
vai praticar um crime.
2. Tem de querer praticar esse crime.
Se faltar algum destes elementos não temos dolo.
Ex. Eu sei que matar uma pessoa é crime. Se, inadvertidamente puxar o gatilho e matar uma pessoa não
tendo intenção de matar. Cometo um crime, mas sem dolo. Não agi dolosamente, já se vai para a
negligência porque não procedi com o cuidado devido.
Na imputação subjetiva, vamos tratar de dolo nas suas vertentes, o artigo 14º tem 3 tipos de dolo. Em
termos práticos, a diferença entre os 3 tipos de dolo não é significativa. Como diz o artigo 13º só é punível
o facto praticado com dolo, não há nunca em lado nenhum a distinção entre ter sido praticado com dolo
direto, dolo necessário ou com dolo eventual. A distinção não é importante, o que é importante é sabermos
que não há só o dolo direto.
Dolo necessário: artigo 14, nº2 – o António não gosta do vizinho e decide matá-lo. Ele sabe que o vizinho
sai todos domingos às 8h da manhã com a mulher para ir à missa e decide pôr uma bomba no carro. Ele só
quer matar o vizinho, mas ele sabe que ao pôr a bomba no varro vai matar o vizinho e a mulher. Ele
relativamente ao vizinho atuou com dolo direto, foi aquilo que ele quis fazer e em relativamente à mulher
atuou com dolo necessário porque ele para matar o vizinho naquelas condições, necessariamente ia matar a
mulher do vizinho.
Dolo eventual: artigo 14, nº3 – o António no dia de inverno com muita chuva decide andar em alta
velocidade pelas ruas de Leiria. É ou não provável dadas as condições, que andar em alta velocidade, se
despiste e possa matar alguém? Estamos a representar essa possibilidade. Como é que o legislador nos diz
que estamos perante dolo ou negligencia. Negligencia é quando não atuamos com o cuidado devido. Há
dolo se o agente atuar conformando-se com aquela realização. Perante a possibilidade de atropelar uma
pessoa e matá-la o que é que se pensou. A distinção entre dolo eventual e negligencia é que se o agente
dizer que é tão bom condutor e o carro tem tantas condições que não vai acontecer nada, ou seja, auto
tranquiliza-se não há dolo. Se ele dizer que é perigoso, mas que seja o que deus quiser, é dolo. Se ele se
conformar como resultado, se ele representando a possibilidade de ter um acidente e pensar que se lixe, é
dolo, se pensar que não acontece nada porque sou muito com condutor, é negligencia.
Tudo isto no patamar do subjetivo e é aqui que vamos fazer o juízo de prognose subjetiva póstuma, ou seja,
vamos nos colocar na posição do homem médio, e tentar descobrir o que o agente pensou e o que é que
decidiu.
A estrutura do dolo é bipartida, um elemento intelectual, o conhecer, o saber e o elemento volitivo, o
querer. Temos de respeitar sempre a estrutura do dolo.
Tendo o agente tido uma conduta, temos que distinguir, porque há condutas que são assumidas pelo agente
que não alcançam o resultado por ele desejado por diversos motivos:
-Porque ele foi incompetente, na perspetiva do que ia fazer

13
-Porque desistiu de prosseguir com a conduta

Se o António decidir matar o Carlos e disparar sobre o Carlos, não lhe acertando, terá consequências
criminais? Ele fez o que idealizou para alcançar um determinado resultado e esse resultado era crime.
A tentativa pode ser crime, artigo 22º
O artigo 23º, nº1 diz-nos que a tentativa só é punível se ao crime consumado respetivo corresponder pena
superior a 3 anos de prisão.
O artigo 131º diz-nos o homicídio é punível com uma pena de prisão de 8 a 16 anos. Logo a tentativa de
homicídio é punível.
Relativamente ao furto, no artigo 203º diz-nos que é punível com a pena de prisão até 3 anos. O nº2 diz-nos
que a tentativa é punível.
A tentativa do crime de dano é punível? Artigo 212º diz-nos que é punível
Em cada crime temos de verificar a norma que tipifica o crime. Se a pena aplicável é superior a 3 anos a
tentativa é punível, se a pena aplicável for inferior a 3 anos, só será, se expressamente, a norma disser que a
tentativa é punível.
A punibilidade da tentativa. Não confundir com a punibilidade da negligencia.
Regra relativamente à tentativa: só é punível se ao crime consumado equivaler uma pena superior a
3 anos ou se a norma expressamente disser que a tentativa é punível.
Há tentativa quando o agente praticar atos de execução e o crime que decidiu cometer sem que este chegue
a consumar-se artigo 22, nº2.
O António decidiu matar o Carlos dando-lhe um tiro. Foi comprar uma pistola fez uma espera ao Carlos e
quando o Carlos se vem a aproximar, o António pega na pistola aponta em direção ao Carlos e não puxa o
gatilho. Estaremos perante uma tentativa de homicídio?
O artigo 22º, nº1 diz-nos que há tentativa quando o agente praticar atos de execução. O nº2 define atos de
execução. Na alínea a) diz que são atos de execução os que preencherem um elemento constitutivo de um
tipo de crime. O que o António fez preenche os elementos de um tipo de crime uma vez que comprou a
pistola para matar o Carlos e fez uma espera? Qual o tipo de crime? Homicídio. Para preencher o tipo de
crime de homicídio é necessário matar efetivamente. Assim não praticou o crime de homicídio. Não
estamos perante atos de execução nos termos da alínea a) do nº2 do artigo 22º.
Alínea B) apontar uma pistola a uma pessoa é adequado para produzir a morte dela? Não. Também não
preenche a alínea b)
Alínea C) era ou não expectável que quando se vê alguém a apontar uma pistola a outro que vá apanhar um
tiro? Sim. Esta conduta preenche a tentativa de homicídio porque foram praticados atos de execução na
perspetiva da alínea c).
Quando falamos da punibilidade da tentativa nos temos do artigo 23º, temos sempre de ir ver se estamos
perante uma tentativa.
Se o António acertasse numa perna, não havia dúvidas que era tentativa.
O António ao dar um tiro no Carlos para o matar só comete o crime de homicídio? Também preenche o
crime de ofensa à integridade física. Temos duas normas a concurso. Qual é norma que vamos aplicar?
Relação de consunção.
O artigo 21º diz-nos que os atos preparatórios não são puníveis, salvo disposições em contrário, concluímos
então que quando estamos a falar de uma tentativa temos que distinguir o que são atos preparatórios do que
são atos de execução.
14
Quando o António vai comprar a arma estamos perante atos preparatórios. A 2ª parte da norma diz-nos
“salvo disposição em contrário” pretende salvaguardar, no âmbito do homicídio, a compra da pistola não é
um ato de execução. Não é por ele comprar a pistola que o vamos acusar de tentativa de homicídio. A
compra da pistola constitui crime se não tiver licença de uso e porte de arma.
Sendo a compra da pistola um ato preparatório de um crime de homicídio, não é punível enquanto tal,
constitui esse mesmo ato um crime. Ele pode ser julgado pelo crime de uso de arma proibida, mas não tem
nada a haver com homicídio.
Se o António decidir que vai matar o Carlos atropelando-o, a compra do carro não é crime, é legitimo.
A forma como exteriorizamos a conduta é o que mais releva para estabelecimento das consequências.
O António para matar o Carlos comprou uma pistola que tem um alcance de 50m, mas ele disparou a 55m.
Estamos perante um crime consumado? Não porque não temos resultado. Estamos perante uma tentativa?
Sim porque praticou atos de execução para o crime que decidiu cometer. O António deve ser punido? A
intenção era de matar e assumiu a conduta adequada, na sua ótica para alcançar o resultado.
Artigo 23º, nº3 se a conduta não é idónea para produzir resultados, esta tentativa não é punível.
Se se levar uma pistola de brincar para uma discoteca incorre-se na prática de um crime.
Se o António atira no Carlos e acertar na perna não o matando, temos tentativa de homicídio ou ofensa à
integridade física consumado? Do ponto de vista objetivo constatamos uma ofensa à integridade física, mas
o que o António queria era matar. O Juiz tem de decidir. Quando se mete a parte subjetiva da questão,
aquilo que o agente quer fazer, é uma chatice. O arguido vai sempre assumir o crime mais leve, cabe ao
juiz acreditar ou não.
Artigo 23º, nº2 norma favorável. Remissão para o artigo 72º e 73º (materializa o artigo 72º)
Artigo 73º se estivermos a falar de um crime consumado, punido com pena de prisão de 5 a 15 anos. Se for
uma tentativa, qual é a pena em que incorre o agente?
A alínea a) diz que o limite máximo da pena é reduzido de 1/3: de 15 passa a 10 anos
A alínea b) diz que o limite mínimo da pena é reduzido a 1/5 se for igual ou superior a 3 anos e ao mínimo
legal se for inferior: passa de 5 a 1 ano
Artigo 24º, nº1 importa saber se a desistência é voluntaria ou involuntária. A desistência tem de ser
voluntaria e não é punível.
Artigo 24º, nº2 O António deu uma tareia ao Carlos e apercebendo-se de que o Carlos ficou mal e lhe ia
provocar a morte, mas chamou auxílio no sentido de lhe evitar a morte, estamos perante uma desistência
relevante, mas não é em relação ao crime que ele decidiu praticar, mas é em relação ao crime que ia surgir.
Quando a consumação ou a verificação do resultado forem impedidas por facto independente da conduta
do desistente a tentativa não é punível se este se esforçar seriamente por evitar uma e outra. Praticou atos
de execução, o resultado está em vias de se produzir, acaba por não se produzir, mas seja por motivo alheio
à vontade dele.
A tentativa está no artigo 12º do RGCO.
O António quer matar o Carlos, sabe que ele está acampado numa mata. Dirige-se à mata e dá 2 tiros
quando ele estava deitado na tenda. Posteriormente veio-se a saber que o Carlos já estava morto. O António
deve ser punido. Estamos perante uma tentativa de homicídio. Agiu com intenção de o matar. Praticou atos
de execução. E a tentativa era possível? Não, porque ele já estava morto. A consequência da tentativa
impossível é a não punibilidade nos termos do artigo 23º, nº3.

15
Nota: Um crime atenta contra direitos fundamentais. Só se recorre ao direito penal quando não tivermos
outro ramo do direito que resolva o problema.

Teoria do Facto Punível
É a teoria que tem por objeto o estudo do crime. O conjunto dos pressupostos de punibilidade e de
punição que são comuns a todos os crimes, a todos os factos tipificados na lei como crime.
Os requisitos comuns é que um facto deve ter para ser considerado criminoso e para que dele decorra uma
responsabilidade jurídico-penal para o seu autor, para o agente daquela infração.
Pode-se formalmente definir crime como um comportamento humano que consiste numa ação
penalmente relevante, ação essa que é típica, ilícita, culposa e punível.
Esta teoria permite desde logo uma aplicação certa, segura e racional da lei penal.
Passa-se dum casuísmo, de verificar caso a caso o que é crime para através da teoria da infração, ter-se
uma vocação generalizadora de factos penalmente relevantes, de factos criminosos.
E através do estudo destas categorias analíticas pode-se determinar a responsabilidade jurídico-penal
duma pessoa, pode-se firmá-la ou excluía, através duma análise de subsunção progressiva.

Acão penalmente relevante


É todo o comportamento humano dominado ou dominável pela vontade.
Através deste conceito, já se está a excluir a responsabilidade jurídico-penal de comportamentos que
provêm não de pessoas, mas de animais.

Ter-se-á depois de verificar o seguinte: se está em presença de um comportamento humano dominado


pela vontade, tem-se de ver se esse comportamento humano preenche ou não um tipo legal de crime.
Tem-se de ver se essa ação preenche a tipicidade de um dos tipos previstos na parte especial do Código
Penal, ou então em legislação penal lateral.
Para isso é preciso verificar se essa ação é típica, isto é, é necessário verificar se estão preenchidos
os elementos objetivos e subjetivos de um tipo legal.
Como se verifica se a ação é típica?
Tem-se efetivamente de analisar esta categoria que é a tipicidade, tem-se de verificar se aquela atuação
humana se subsume ao tipo normativo na previsão dos seus elementos objetivos e subjetivos.
Depois, tem-se de ver se o elemento objetivo do tipo está preenchido.

O elemento subjetivo geral do tipo é o dolo. Tem-se de se ver então o que é o dolo: consiste na


consciência e vontade de realizar os elementos objetivos de um tipo legal.
Estando preenchida a tipicidade, vai-se verificar que esta categoria analítica que é composta por
elementos subjetivos e objetivos, estando integralmente preenchida indicia a ilicitude.

Ilicitude
A ilicitude num sentido formal, é a contrariedade à ordem jurídica na sua globalidade, de um facto
ilícito é um facto contrário à ordem jurídica, contrário ao direito.
Mas numa ótica material, o facto ilícito consiste numa danosidade social, numa ofensa material a bens
jurídicos.
Em princípio da lei penal só tipifica factos que são contrários ao direito. Mas a ilicitude indiciada pelo
facto típico ou pela tipicidade pode ser excluída.
Pode estar excluída pela intervenção de normas remissivas, que vêm apagar o juízo de ilicitude do facto
típico, são as designadas causas de justificação  que, a estarem presentes, justificam o facto típico,
excluindo a ilicitude indiciada pela própria tipicidade.
Mas pode acontecer, que preenchido um tipo mediante uma ação penalmente relevante e a ilicitude
indiciada pelo tipo, pode ser que não se verifique nenhuma causa de justificação ou de exclusão da
ilicitude.
Na maior parte dos casos em que as pessoas cometem crimes não estão a atuar ao abrigo de nenhuma
causa de exclusão da ilicitude.
16
Culpa
É a categoria analítica do facto punível.
Sabendo-se que só se pode formular um juízo de censura de culpa sobre um imputável, porque as penas
só se aplicam a quem seja suscetível de um juízo de censura de culpa; àquelas pessoas a quem não for
suscetível formular um juízo de censura de culpa aplicam-se medidas de segurança, é nomeadamente o
caso dos inimputáveis e dos menores de 16 anos.
Logo, para que o juízo de culpa possa ser formulado é preciso que o agente tenha capacidade de culpa. O
agente não tem capacidade de culpa se tiver menos de 16 anos, ou se for portador de uma anomalia
psíquica ou de um estado patológico equiparado.
Mas para além de ter capacidade de culpa, o agente também tem de ter consciência da ilicitude do facto
que pratica; e para além da capacidade de culpa e da consciência da ilicitude é preciso, para se formular
sobre o agente um juízo de censura de culpa, que o agente não tenha atuado em circunstâncias tão
extraordinárias que o desculpem.
Punibilidade
Para além de o facto ter consistido numa ação típica, ilícita e culposa, é ainda preciso que seja punível.
Então chega-se à conclusão de que por vezes existem determinados factos praticados no seio de ações
penalmente relevantes, típicas, ilícitas culposas, mas, contudo, os agentes não são punidos. E porque é
que não há punibilidade em sentido estrito?
–         Ou porque não se verificam condições objetivas de punibilidade;
–         Ou então porque se trata de uma isenção material, no caso de desistência;
–         Ou porque se trata de uma causa pessoal de isenção de pena.
Porque é que se fala numa subsunção progressiva?
Porque quando se analisa a responsabilidade jurídico-penal de alguém, tem-se de analisar detalhadamente
todas estas categorias.
Ainda que intuitivamente se possa dar automaticamente a resposta, tem-se de percorrer estas etapas
porque, por hipótese, se chegar à conclusão de que aquele comportamento não foi dominado nem tão
pouco era dominável pela vontade humana, imediatamente se nega a responsabilidade criminal do agente.
Os tipos, a não ser quando a lei expressamente o diga, são sempre dolosos.
O estudo analítico do crime, da teoria da infração, vai permitir:
–         Por um lado, fazer uma aplicação certa, segura e uniforme da lei penal;
–         Por outro lado, vai ter uma vocação de subsunção progressiva.
Mas se hoje, entende-se que o crime é uma ação típica, ilícita, culposa e punível, esta tripartição entre
tipicidade, ilicitude e culpa é uma conquista dogmática da Escola Clássica. E à Escola Clássica segue-se
cronologicamente a Escola Neoclássica, e a esta segue-se a Escola Finalista.
Todas estas escolas teorizam o crime tripartindo-o, dizendo que era uma ação típica, ilícita e culposa.
Agora, o que cada uma destas escolas considerava como integrante de cada uma destas categorias
analíticas é que diverge.

16/03/2023

Nexo de causalidade
O António e o Manuel queriam matar o Carlos e ambos colocam veneno no copo de Carlos sem
saber um do outro. Cada um poe 10mg de veneno. Veio a saber-se que a morte só seria provocada
com 20mg de veneno. Há nexo de causalidade entre a conduta de cada um deles e a morte de
Carlos? Individualmente não.
Ver em 1º lugar se estamos perante uma ação típica, temos de verificar se temos uma conduta prevista na
lei que produza um resultado previsto na lei.
Imputação objetiva. Temos agente, conduta
O que cada um fez individualmente não era previsível de provocar um resultado porque a quantidade de
veneno no copo não era suficiente para matar.
Ambos tiveram uma conduta com a intenção de alcançar um resultado que não se verificou.

17
Quando não se alcançam resultados estamos perante a tentativa. Podemos imputar ao António a prática do
crime de homicídio? Não porque não conseguimos determinar o nexo de causalidade.
Se 10 mg não eram suficientes para alcançar o resultado, o meio não foi idóneo para alcançar o resultado.
Artigo 23º, nº3 tentativa impossível. Mas ele cometeu o crime de ofensa à integridade física. Temos
agente conduta resultado e nexo de causalidade. Podemos imputar a cada um deles a prática do crime de
ofensa à integridade física. Não é por eles não terem alcançado ou agido de forma a alcançar um resultado
que eles não vão ser punidos.

É preciso sempre estabelecer o nexo de causalidade.


O António estava a conduzir pela cidade, e ao passar por uma zona complicada atropela uma
pessoa.
Temos agente, conduta, resultado.
Relativamente ao nexo de causalidade foi por o António ir a conduzir que o outro morreu. Mas não
aceitamos na nossa sociedade o risco de andarmos a conduzir. Está dentro do limite do risco consentido.
O António dá um tiro na perna do Carlos. O Carlos arrastou-se para procura auxílio e acabou por apanhar
uma infeção na ferida e morreu por via da infeção. Conseguimos imputar ao António o crime de
homicídio. Objetivamente sabemos que deu um tiro na perna. Na imputação objetiva não interessa o que
ele quer. Temos de fazer o juízo de prognose objetiva póstuma. O homem médio acha que é previsível
que dar um tiro na perna de uma pessoa se possa provocar a sua morte? Não
O homem médio acha que se se der um tiro na perna de uma pessoa ela se possa arrastar e arranjar uma
infeção? sim
Depende da forma como se faz a pergunta é que vamos dar a resposta. Não há aqui nexo de causalidade
entre a conduta e o resultado não sendo por isso imputável ao António o crime de homicídio, mas sim de
ofensa à integridade física, ou vamos dizer que há nexo de causalidade e imputamos ao António o crime
de homicídio. Então quais são os critérios que vamos estabelecer: os critérios do risco (para quando se
tem dúvida). Se eventualmente com a conduta do agente ele criar o risco ou agravar o risco, imputa-se
objetivamente a conduta. Ao dar o tiro na perna o António criou o risco que se produziu? Sim, por este
critério determina-se o nexo de causalidade e imputa-se o crime de homicídio.

O António está à beira da estrada e o Carlos que está ao pé dele apercebe-se que vem um carro
despistado para cima do António e empurra-o. O António caiu e esfolou os joelhos.
O Carlos praticou uma conduta de empurrar o António e produziu um resultado que foi ele ter caído e
esfolado os joelhos. Existe um crime tipificado que é o de ofensa à integridade física. Como esta conduta
diminuiu o risco do António ser atropelado. Não se faz a imputação.

A isabel tem um filho pequeno e decide mandá-lo para a escola a pé. Sabemos que tem de passar
por um sítio com muito transito. É atropelado e morre.
Consegue-se imputar à Isabel a morte do filho? A conduta da Isabel foi determinante na morte do filho? É
socialmente aceite que as crianças vão para a escola a pé? O Prof. acha que sim. Não se consegue
determinara o nexo de causalidade.

A Fernanda tem um tio rico e sabe que será a única herdeira, compra-lhe um bilhete para as
Maldivas na esperança de que o avião caia. E o avião caiu. É um risco socialmente aceite. Não se
imputa.
No desvio do processo causal (caso do António ter empurrado o Carlos numa falésia) acontece o mesmo.
Estabelecer o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado mesmo que o resultado não se tenha
produzido como o agente imaginou. Interessa-nos saber se aquele desvio do processo causal é essencial
ou não essencial. No caso da falésia é previsível que ele bata com a cabeça ao cair? Sim, então este desvio
não é essencial (o fato de ele ter morrido por bater com a cabeça e não da queda em si não é essencial) e
concluímos pela imputação objetiva.

A Fátima decidiu matar a Manuela. Dá-lhe uma facada no braço. Queria dar mais facadas para a
matar, mas foi impedida de a continuar a agredir. A Manuela era hemofílica e morreu com uma
18
facada no braço. Há aqui um desvio do processo causal. Há nexo de causalidade? Não. Era previsível
que uma facada provocasse a morte de alguém? Se a Fátima soubesse que a Manuela era hemofílica era
previsível, se não soubesse não era. O estabelecimento do nexo de causalidade e a imputação objetiva
exige todos estes raciocínios. Depende do conhecimento que o agente tenha.

O António quer o matar o Carlos e dá-lhe um tiro, mas o Carlos não morre imediatamente e vai
para o hospital. Precisou de uma transfusão de sangue, mas o médico enganou-se no tipo de sangue
e ele morreu por causa da troca.
Temos agente, conduta e resultado. Relativamente ao nexo de causalidade o Carlos não morreu da forma
que o agente representou morreu de outra maneira. Temos um desvio do processo causal. Temos de
determinar se é um desvio essencial ou relevante (não se imputa o homicídio) ou não essencial ou
irrelevante (imputa-se o homicídio).
Juízo de prognose objetiva póstuma: é previsível que ao dar-se um tiro numa pessoa ela possa ir para o
hospital e aí haja um erro medico?
Depende do lado que se está a defender. Tem de ser defendido com os argumentos adequados.

O António está doente e vai ao medico. O medico dá-lhe a injeção X, mas dá-lhe a injeção Y por
engano. O António morre. Na autopsia verificou-se que o António ainda que lhe tivesse sido dada a
injeção correta, teria morrido porque tinha uma infeção e não sobreviveria. Imputa-se a morte do
António à conduta do médico? Aqui pode haver uma tendência para imputar porque o homem morreu
por causa da injeção que levou e não por causa da doença que tinha. Houve uma antecipação do resultado
morte.

Um individuo tem uma fábrica de pinceis, pinceis esses que são feitos com pelo de cabra,
importados da China. Estabelecem as regras que a utilização daqueles pelos, pressupõe que os pelos
sejam desinfetados. Perante uma encomenda que chega, o dono da fábrica para não perder tempo
mandou fazer os pinceis, sem que o pelo tenha sido desinfetado. Morreram 8 funcionários da
empresa porque os pelos eram portadores de um vírus. Mais tarde, conclui-se que aquele vírus não
seria eliminado pela desinfeção obrigatória. A imputação da morte dos funcionários deve ser feita
ao patrão?
Aqui já suscita uma grande dúvida. O patrão não foi idóneo no sentido de ter violado uma norma. Não
procedeu bem, mas ainda que tivesse procedido bem, os funcionários teriam morrido na mesma. Aqui não
se percebe uma antecipação do momento da morte.

Nestes casos, os defensores da ideia do risco dividem-se. Há aqueles que dizem que nos casos de
comportamento lícito alternativo não há lugar a imputação objetiva. E há os que dizem que nestes casos
deve afirmar-se a imputação objetiva.
Temos de olhar caso a caso e decidir se imputamos ou não.

19
20/03/2023

James Bond, empregado inglês ao serviço de um navio de cruzeiro português, quando o barco
atracou em Liverpool, saiu em direção à cidade e assassinou barbaramente um amigo seu e voltou
para o barco. Estará sujeito à aplicação da lei penal portuguesa?
Qual é o lugar da prática do facto? Liverpool que não é território português.
À partida não se aplica a lei penal portuguesa nos termos do artigo 4º
Nos termos do artigo 5º não é aplicável nenhuma das alíneas.
Se tivesse cometido homicídio a bordo do navio, nos termos do artigo 4º, pese embora ele seja inglês e
mesmo que o morto também o fosse, seria aplicável a lei penal portuguesa.

Aquando de uma zaragata a bordo do navio adamastor, o James Bond, foi projetado para fora do
navio juntamente com Alcides, português, estando o navio em águas internacionais. Na água o
James Bond afogou deliberadamente o Alcides e depois voltou para bordo do navio. Aqui será
aplicável a lei penal portuguesa?
O que eles fizeram a bordo? e o que fizeram era idóneo para provocar a morte? Não
A morte deu-se em águas internacionais.
Foi encontrado a bordo de um navio português.
Nos termos do artigo 5º, alínea e) verificadas as alíneas i) e ii)

O Jean Pierre tendo cometido vários assinados no seu país de origem, a Bélgica, quando pretendia
entrar em Portugal, mas encontrando-se ainda em território espanhol, disparou um tiro de revolver
sobre o guarda espanhol que se encontrava acidentalmente no território português, causando-lhe
morte imediata. Ser-lhe-á aplicável a lei penal portuguesa?
Relativamente aos assassinatos cometido na Bélgica
O agente atuou em espana, o resultado produziu-se em Portugal e por força das disposições conjugadas
dos artigos 4º e 7º pode ser aplicada a lei penal portuguesa relativamente à morte do guarda espanhol.

O António deu uma violenta bofetada na face esquerda do Carlos que lhe provocou uma contusão
cerebral que teve como consequência a morte. Esta conduta preencherá objetivamente algum tipo
de crime?
Qual é a consequência da conduta do agente? A morte.
O crime cujo resultado é a morte é o homicídio.
Temos agente que é o António
Temos uma conduta que foi a bofetada.
Temos um resultado: a morte
Nexo de causalidade: para imputarmos aquele resultado à conduta do agente, aquele resultado tem de ser
previsível e para determinar se é previsível ou não temos de verificar o juízo de prognose objetiva
póstuma, o homem médio acha que dar uma bofetada é idóneo para produzir a morte de alguém? Não é
20
previsível. Se não há nexo de causalidade não podemos imputar aquele resultado à conduta do agente.
Logo não vamos imputar a prática do crime de homicídio. Não havendo nexo de causalidade para imputar
o crime de homicídio, mas preenche outro tipo de crime que é o de ofensa à integridade física. E aqui para
estabelecer o nexo de causalidade teremos de perguntar se o homem medio achaque levar uma bofetada é
idóneo de provocar dor. É previsível que sim, logo conclui-se que a conduta preenche o crime de ofensa à
integridade física.

Numa noite de grande tempestade, a Isabel, empresária de sucesso, mandou o seu empregado
Francisco atravessar uma floresta para entregar uma encomenda na esperança de que ele venha a
morrer eletrocutado por um raio, o que veio a acontecer.
Tendo morrido o crime é de Homicídio.
Conduta: mandá-lo para a flores
Resultado: ter sido atingido por um raio e morrido
Nexo de causalidade: não é previsível que ao ir para uma floresta, mesmo que em noite de tempestade, se
morra atingido por um raio. Atenção que há que fazer a distinção entre ser possível acontecer de ser
previsível de acontecer. Estamos perante um risco socialmente aceite e alem de não conseguirmos
estabelecer um nexo de causalidade é tolerável em termos de atitude que se mande alguém uma
encomenda, esteja a chover ou não, sem ter maiores consequências.

21
17/04/2023

Causa de exclusão da ilicitude: quando há duas opções, na impossibilidade de respeitar as duas deve-se
optar por defender o valor da obrigação mais importante.
O erro (artigo 16º, nº2): se a pessoa representar erradamente que está numa situação de legitima defesa,
não a causa de exclusão de ilicitude, mas esse engano exclui o dolo.

Já fizemos o percurso de apreciar a tipicidade da conduta. Já fizemos a imputação objetiva e subjetiva


concluindo que o agente atuou dolosamente e vamos por isso para o patamar da ilicitude. Quando estamos
na ilicitude vamos ver se há alguma causa de exclusão da ilicitude.

No caso do polícia que disparou pensando que a outra tina uma pistola. Ele representou que estava a parar
uma agressão, ou seja, a atuar em legitime defesa, mas afinal o outro não tinha nenhuma pistola. Quando
vamos apreciar os factos, temos um agente, uma conduta e um resultado e o nexo de causalidade. Temos
a imputação objetiva feita. Depois quando fazemos a imputação subjetiva é necessário verificar se agiu
com dolo ou não. Ele quis ou não matar o outro. Agiu dolosamente. É aqui que vamos ver se há alguma
causa de exclusão de ilicitude. Ele agiu em legitima defesa. A resposta tem de ser, não. O outro não
estava armado. Excluímos a causa de exclusão de ilicitude, no entanto como ele pensava que o outro
estava armado, o nosso agente pensou e representou que estava a atuar em legitima defesa. Estando ele
em erro sobre as circunstâncias, esse erro, nos termos do nº 2 vai excluir o dolo. Ele não tinha intenção de
cometer homicídio, mas sim de agir em legitima defesa. Ele não vai responder por homicídio doloso, mas
por homicídio negligente. Tinha obrigação de se certificar se tinha pistola ou não, apesar de sabermos que
se o outro tivesse efetivamente uma arma tinha levado um tiro.

Caso prático da montanha

1. António não tem nenhuma conduta penalmente relevante.


2. Beatriz nos termos do artigo 200º preenche objetivamente o tipo de crime de omissão de auxílio.
Objetivamente porque temos o agente que é a Beatriz e a conduta por se ter ido embora. Esta
norma não exige um resultado. Este é preenchido quando a Beatriz não assiste o António Temos
assim uma ação que preenche objetivamente o crime previsto no artigo 200º.
Nota. Se não temos um crime de resultado, é um crime de mera atividade, não temos como
estabelecer o nexo de causalidade.
Exemplo de outro crime de mera atividade: Violação de domicílio, quem entra no domicílio de
outro, não se exige nenhum resultado, basta que entre, ou então ser convidado a sair e não saia.
Imputação subjetiva: Ver se o agente agiu com dolo ou eventualmente com negligencia. A Beatriz
agiu com dolo. Ela fez o que queria fazer. O enunciado diz que ela pensava que o dever de auxílio
se limita aos casos de acidentes rodoviários. Pode ou não ser relevante, mas ainda não interessa
por agora.
Assim imputa-se a Beatriz, objetivamente e subjetivamente o crime de omissão de auxílio previsto
no artigo 200º do CP.
3. A Catarina dirigiu-se ao António para o ajudar, mas desmaiou quando entrou em pânico. Um
crime é uma ação que tem de ser humana e dominada ou dominável pela vontade. Esta eventual
omissão de auxílio não é uma ação dominada pela vontade uma vez que ela desmaiou. Ela não

22
auxiliou o António porque não conseguiu. Quando a ação não é dominada pela vontade já não
estamos perante um crime. Esta ação não é penalmente relevante.
Relativamente à conduta da Catarina quando fez uma emboscada ao Eduardo, na tentativa de o
matar, nos termos do artigo 22º, nº1 houve pratica de atos de execução quando apontou e puxou o
gatilho, não produzindo resultados, preenchendo assim o crime homicídio na forma tentada. Não
obteve resultado porque se esqueceu que não tinha carregado a arma.
Se ela apenas quisesse assustar o Eduardo, nos termos do artigo 153º, nº1 preencheria o crime de
ameaça. Atenção, que neste caso, é um elemento fundamental do crime de ameaça, provocar o
medo ou inquietação.
4. O Dinis no 1º momento não tem nenhuma conduta penalmente relevante.
No 2º momento ao Dinis poderia ser imputado como o crime de autoria, nos termos do artigo26º
ou de cumplicidade, nos termos do artigo 27º.
5. Para a ação praticada pelo Eduardo e determinando a imputação objetiva verificamos que existe o
agente que é o Eduardo, uma conduta que foi ter ministrado uma substância venenosa e um
resultado com a morte do António. Verifica-se o nexo de causalidade, uma vez que a conduta
produziu o resultado. Assim conclui-se estar preenchido o crime de homicídio previsto no artigo
131º do CP.
Relativamente à imputação subjetiva, e á pergunta, se o Eduardo agiu com dolo, se queria o
resultado de morte de António, conclui-se que não quis matar o António logo não agiu com dolo.
Não havendo dolo, teremos de verificar se houve negligencia.
Existe homicídio por negligência? Sim, o artigo 137º tipifica o homicídio por negligência.
Ele agiu com negligencia? Ele não teve o cuidado devido, não se certificou que ia administrar a
anestesia correta. Assim conclui-se que a ação praticada pelo Eduardo configura o crime de
homicídio por negligencia.
Perante a informação de que o António tinha alergia à anestesia e de que morreria de qualquer
forma, mesmo que o Eduardo tivesse administrado corretamente a anestesia.
Deveremos imputar ao Eduardo a morte do António ou não? Comportamento lícito alternativo,
ainda que Eduardo tivesse feito tudo corretamente o resultado iria acontecer de qualquer forma.
Verifica-se aqui a antecipação da morte, decorrente da ação do Eduardo que não cumpriu com a
obrigação que tinha de usar de zelo na sua prática médica.
Embora o resultado se tivesse produzido na mesma, não deixamos de imputar o resultado morte de
António ao Eduardo. As circunstâncias não afastam a responsabilidade do Eduardo.
6. Relativamente à conduta da Helga, preenche o crime de ofensa à integridade física, nos termos do
artigo 143º. Temos Agente, conduta, resultado e nexo de causalidade, verificando-se a imputação
objetiva. Analisando a imputação subjetiva, verifica-se que Helga agiu com dolo, uma vez que fez
o que queria fazer, nos termos do artigo 14º. No entanto pensava erradamente que a arma estava
carregada. As circunstâncias da conduta são relevantes uma vez que a ação se produziu para
defender a vida de Eduardo.
O meio usado pela Helga era necessário para repelir a agressão (Agressão atual é a que está em
curso ou em vias de acontecer)
Estamos perante uma agressão atual e ilícita (uma vez que determinámos no ponto 3 a ilicitude da
ação da Catarina)
A legitima defesa exclui a ilicitude nos termos do artigo 31º, nº2 alínea a)

23
20/04/2023

Caso prático: Apreciar a responsabilidade criminal dos intervenientes.


Anselmo, vendedor ambulante, estava em pleno exercício da sua atividade quando, de repente,
sentiu um forte puxão pela correia da bolsa em que guardava o dinheiro, o que provocou o seu
desequilíbrio, ferindo um joelho e um cotovelo.
Existe aqui alguma ação criminalmente relevante?
O resultado da conduta que se pode entender que preenche o tipo ilícito é o Anselmo cair no chão e ferir o
joelho e o cotovelo. O Anselmo é vítima do crime de ofensa à integridade física previsto no artigo 143º.
O puxão referido rebentou a correia da bolsa, que foi levada por um individuo qua Anselmo não
conseguiu ver, uma vez que estava de costas, e numa feira apinhada de gente.
Existe aqui alguma ação criminalmente relevante?
Verifica-se a prática do crime de roubo previsto no artigo 210º uma vez que alguém se apropriou da bolsa
com violência e do crime de dano previsto no artigo 212º uma vez que a correia da bolsa foi rebentada
estragando-a por parte de alguém que se desconhece.
Levantando-se rapidamente, e olhando em redor, apercebeu-se de um individuo que se afastava a
correr parecendo estar em fuga. Nada a assinalar
Julgando-se tratar do agressor e ladrão, Anselmo que era legitimo portador de uma pistola,
empunhou-a e disparou dois tiros quase simultâneos sobre o dito corredor, Bruno, sendo sua
intenção fazê-lo parar, por forma a recuperar a mala do dinheiro. Com o primeiro dos tiros atingiu
o ombro de Bruno, mas, com o segundo atingiu, por falta de pontaria, uma terceira pessoa,
Cristiano, provocando a sua morte.
Existe aqui alguma ação criminalmente relevante?
A conduta de Anselmo preenche algum tipo de crime?
No presente caso verifica-se uma circunstância importante, que é a de Anselmo se encontra numa feira
apinhada de gente. Quando se dispara para um amontoado de pessoas é muito provável que se possa
atingir alguém.
Do ponto de vista objetivo, o agente é o Anselmo, a conduta é o disparo de um tiro, resultado foi ter
atingido o Bruno no ombro. O nexo de causalidade verifica-se, tendo a conduta conduzido ao resultado.
Objetivamente imputa-se a prática do crime de ofensa à integridade física a Anselmo, nos termos do
artigo 144º do CP.
Do ponto de vista subjetivo verifica-se que o Anselmo atuou com dolo, uma vez que fez o que queria
fazer. Elemento cognitivo (ele sabia que disparar seria crime) e elemento volitivo (ele quis disparar). Agiu
dolosamente.
Ao Anselmo, e relativamente a Bruno imputa-se objetivamente e subjetivamente a prática do crime de
ofensa à integridade física a Anselmo, nos termos do artigo 144º do CP.
Relativamente ao Cristiano e do ponto de vista objetivo verifica-se o agente (Anselmo), a conduta
(disparo de um tiro), o resultado (morte de Cristiano). Verifica-se também o nexo de causalidade uma
vem que a conduta produziu o resultado.
Do ponto de vista subjetivo verifica-se que o Anselmo não atuou com dolo na morte de Cristiano, uma
vez que não tinha intenção de o matar. Disparou dois tiros para o homem que estava a fugir, o Bruno.
Acertou no Cristiano por falta de pontaria, agiu em erro o que nos termos do artigo 16º, nº1 exclui o dolo
nos termos do artigo 16º, nº1. Ao excluir o dolo e nos termos do artigo 15º, nº1 verificamos que agiu com
negligência, ou seja, não agiu com o cuidado que lhe era exigível. Não tendo agido com o cuidado que lhe
era exigível, imputa-se a Anselmo, pela morte de Cristiano, a prática do crime de homicídio por
negligencia nos termos do artigo 137º do CP.
No entanto, quando o objeto é semelhante àquele que é representado pelo autor, vai ser punido pela
prática do crime consumado.
A conduta do Anselmo preenche o tipo de crime de Homicídio, mas ele não queria matar o Cristiano.
Agiu em erro o que exclui o dolo, ficando a negligência. Mas como ele queria atingir uma pessoa e
24
atingiu uma pessoa não há razão para ele ser beneficiado sendo-lhe imputado um homicídio negligente
em vez de um homicídio consumado. Porque o que ele quis ofender, ofendeu, não interessando se é o
Bruno, o Cristiano ou outra pessoa qualquer.

No direito penal português, do ponto de vista subjetivo, é necessário verificar a presença de dois elementos na
conduta do agente: o elemento cognitivo e o elemento volitivo. O elemento cognitivo refere-se ao conhecimento
que o agente tinha da ilicitude da sua conduta, ou seja, se ele sabia que estava a praticar algo que era proibido
por lei. Já o elemento volitivo diz respeito à vontade do agente de praticar o ato, ou seja, se ele agiu consciente e
voluntariamente na prática do crime. Ambos os elementos devem estar presentes para que seja possível imputar a
responsabilidade penal ao agente.

No direito penal português, o elemento cognitivo e o elemento volitivo são importantes para determinar a
existência do dolo na conduta do agente. O elemento cognitivo refere-se ao conhecimento da ilicitude da conduta,
ou seja, o agente sabe que está a praticar algo proibido por lei. Já o elemento volitivo diz respeito à vontade do
agente de praticar o ato, ou seja, ele age consciente e voluntariamente na prática do crime. O dolo, por sua vez, é
a consciência e a vontade de praticar a conduta típica e ilícita. Assim, para que exista dolo, é necessário que o
agente tenha conhecimento da ilicitude da sua conduta e que a pratique de forma consciente e voluntária. Desta
forma, no direito penal português, para que um crime seja considerado doloso, é necessário que haja a presença
do elemento cognitivo e do elemento volitivo na conduta do agente. Se o agente não tiver conhecimento da
ilicitude da sua conduta ou se a praticar de forma involuntária, o crime poderá ser considerado culposo, em vez de
doloso

Daniel, em Janeiro de 2020, decidiu tentar obter ilicitamente um reembolso de impostos, tendo
apresentado, em 10 de Fevereiro, junto das autoridades competentes, documentos que forjou
expressamente para o efeito. Em 30 de Março de 2020 recebeu na sua conta o valor que havia
reclamado.
Considerando que em 1 de março de 2020 houve uma alteração legislativa que atenuou
significativamente a moldura penal aplicável a comportamentos semelhantes ao de Daniel, diga,
justificando, se lhe será aplicável a lei em vigor até 1 de Março, ou a atualmente em vigor.
Aplicação da lei no tempo. A regra geral diz-nos que se aplica a lei que está em vigor no momento da
prática do facto, nos termos do artigo 2º, nº1. Neste caso o momento da prática do facto e nos termos do
artigo 3º, é o momento em que o agente atuou, ou seja, 10 de Fevereiro.
O mesmo artigo 2º, nº4tem nos seus números seguintes a exceção da aplicação retroativa das leis
favoráveis. No caso em referência diz-nos atenuou significativamente a moldura penal, estamos perante
uma lei favorável. Nos temos do artigo 2º, nº4 do CP podemos dizer que a lei aplicável será a lei que
entrou em vigor em 1 de Março. Princípio da aplicação retroativa da lei penal favorável.

Aplicação da lei no espaço: a regra geral encontra-se tipificada no artigo 4º. Relativamente ao lugar da
prática do facto, temos o artigo 7º, que diz que, o lugar da prática do facto considera-se o lugar onde o
agente atuou, mas também o lugar onde se produziu o resultado.
Se o Daniel tivesse pedido o reembolso de impostos quando estivesse de férias em França, e se os
impostos lhe fossem reembolsados em Portugal, para efeitos da determinação da lei aplicável, saber se lhe
era aplicável a lei portuguesa, temos dois lugares da prática do facto, o lugar onde ele pediu o reembolso e
o lugar onde ele recebeu o dinheiro. Há aqui uma dupla faculdade de determinação do lugar da prática do
facto para permitir aplicar a lei portuguesa.
O momento da prática do facto é só um. O lugar da prática do facto podem ser dois.

25
O António deu um tiro no Carlos para o matar. O Carlos entrou em coma e morreu 15 dias depois.
Qual é o momento da prática do facto? É o momento em que o António deu o tiro. Não nos interessa
quando é que o Carlos veio a morrer.

Enquanto no caso do lugar da prática do facto, podemos discutir a aplicação da lei portuguesa ou não,
relativamente ao momento da prática do facto não podemos deixar margem para discutir qual é a lei que
se aplica. Só vamos discutir se há uma lei mais favorável ou não.

O António assaltou uma casa que estava desabitada na sequência de um terramoto que assolou
lisboa. Dias antes havia sido publicada uma lei que determinava que o crime de furto era punido,
até à reconstrução daquela zona da cidade, com o dobro da pena estabelecida normalmente para a
prática do crime. Acontece que a lei que duplicou a moldura penal, esteve em vigor até 31 de
Dezembro de 2022 e o António vai ser julgado em Março de 2023. Qual é a pena que lhe vai ser
aplicada?
Estamos a falar de furto qualificado previsto no artigo 204º do CP, punido com pena de prisão até 5 anos
ou com pena de multa até 600 dias. Por força da lei que saiu uns dias anos a pena aplicada seria de 10
anos e esteve em vigor até 31 de Dezembro de 2022. Ele sendo Julgado em Março de 2023
No momento da prática do facto a moldura penal era de até 10 anos. Quando vai ser julgado a moldura
penal já era de 5 anos. Nos termos do artigo 2º, nº3, estamos perante uma lei temporária, uma vez a lei em
questão determina que a moldura penal se altera durante um determinado período, e é essa que vai valer,
apesar de já não estar em vigor.
Um facto praticado durante a vigência de uma lei temporária, é a lei temporária que se aplica.

O Bernardo apoderou-se de um Código Civil antigo pertencente a Carlos, porque o achou


interessante, apesar do seu reduzido valor. Contrariamente ao que pensava Bernardo, o código, que
era uma 1ª edição do Código de Seabra autografada tem um valor incalculável.
Avalie a situação do ponto de vista da imputação objetiva e subjetiva.
No caso em referência, a ação descrita configura um crime tipificado no CP, no artigo 204º, nº1, alínea a)
de furto qualificado.
Relativamente à imputação objetiva, temos um agente que é o Bernardo, uma conduta que é ter-se
apropriado de um bem que não era seu e de valor avultado, nexo de causalidade não há, porque não
estamos perante um crime de resultado, mas de mera atividade.
Do ponto de vista objetivo imputa-se a prática do crime de furto qualificado.
O artigo 13º diz-nos que só é punível o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente previstos na
lei, com negligência. Temos de fazer a imputação subjetiva (é aqui que se determina se o agente agiu com
dolo ou com negligência).
Bernardo conhecia e quis (elemento cognitivo e volitivo) apropriar-se do Código, pelo que agiu com dolo
nos termos do artigo 14º, no entanto julgou que era um código de reduzido valor pelo que agiu em erro
nos termos do artigo 16º, nº1, o que exclui o dolo. O nº3, do artigo 16º ressalva a punibilidade da
negligência. Como não está tipificado no CP, o crime de furto negligente, do ponto de vista subjetivo é
imputável ao Bernardo, a prática do crime de Furto simples nos termos do artigo 203º.
(Do ponto de vista da responsabilidade civil, o Carlos podia no processo, fazer pedido de indeminização
pelo valor do código.)

O António desconfia que um dos seus dois amigos, Carlos e Bruno, o trai com a sua mulher.
Combina com eles uma caçada, aguardando uma oportunidade para os matar. Chegados ao campo,
26
o António propõe que os amigos se separem por diferentes caminhos. Observando atentamente o
percurso de cada um e de modo furtivo, segue o Carlos e aproximando-se do local onde o avistara
pela última vez. É então que ao observar que o arbusto se mexia e acreditando que aí se encontrava
o Carlos dispara a arma nessa direção acertando apenas em dois esquilos.
O resultado que o António pretendia não se produziu.
Não estando lá o Carlos era possível matá-lo?
Punibilidade da tentativa
Enquanto que a negligência só é punível se houver uma norma que diga ” a negligencia é punível”, na
tentativa, pode haver normas que digam “a tentativa é punível mas em todos os crimes que sejam puníveis
com uma pena superior a 3 anos de prisão”, nos termos do artigo 23º, nº1.
Não há homicídio tentado. Como o homicídio é punível com pena de 8 a 16 anos, ou seja, excede os 3
anos a que se refere o nº 1 do artigo 23º a tentativa é punível.

A tentativa depende da moldura penal do crime que o agente quis cometer.


Há uma tentativa, mas que é uma tentativa impossível nos termos do artigo 23, nº3 Como é que ele podia
matar o Carlos a disparar contra os esquilos
O meio empregue não é idóneo para provocar o resultado, é uma tentativa impossível.
Igual ao caso do disparo com arma com

RESUMO 1ªFREQUÊNCIA
A teoria do facto punível tem como objeto o estudo do crime e corresponde ao conjunto de pressupostos
de punibilidade e punição que são comuns a todos os factos tipificado na lei como crime. Define-se crime
como sendo um comportamento humano que consiste numa ação ou omissão, penalmente relevante, que
seja dominada ou dominável pela vontade, ação essa que é típica, ilícita, culposa e punível. Para se
concluir que uma ação é típica, tem de se verificar 2 elementos: A imputação objetiva e a imputação
subjetiva.
A imputação objetiva corresponde, ao que numa 1ª abordagem podemos constatar e necessita de ver
verificados 4 elementos: o agente, a conduta, o resultado e o nexo de causalidade. Este último consiste em
estabelecer uma ligação entre a conduta e o resultado que advém da Teoria da causalidade adequada em
que, de acordo com o juízo da prognose objetiva póstuma se determina se era ou não previsível o
resultado provocado pela conduta em análise, na perspetiva do homem médio Nem sempre é possível
estabelecer o nexo de causalidade porque por vezes a conduta não é idónea de produzir um resultado.
Quando não há crime de resultado, estamos perante um crime de mera atividade.
Na imputação subjetiva, é necessário verificar se o agente agiu com dolo ou negligência. Assim, para que
exista dolo é necessário que o agente tenha conhecimento da ilicitude da sua conduta (elemento
cognitivo) e que a pratique de forma consciente e voluntária (elemento volitivo). Se um destes elementos
não se verificar passaremos a negligência prevista no artigo 13º e 15º
Apenas com as imputações objetiva e subjetiva preenchidas poderemos determinar que uma ação é típica.

11/05/2023

Prescrição do procedimento – artigo 27º do RGCO


Suspensão da prescrição- artigo 27º-A
27
Interrupção da prescrição- artigo 28º

Artigo 27º-A alínea b) – conjugar com o artigo 20º e 40º


Artigo 27º-A nº2 MUITO IMPORTANTE

Caso prático
O Alfredo foi detetado a praticar uma contraordenação em 25/06/2010 tendo sido levantado o
respetivo auto, segundo o qual o montante da coima a aplicar se situa entre 2500 EUR e 25000
EUR. Em 10/06/2013 Alfredo foi notificado nos termos do artigo 50 º do RGCO. Verificou-se uma
causa de suspensão da prescrição entre 30/06/2010 e 30/09/2010.
Quando é que prescreveu o procedimento contraordenacional?

A contagem do prazo de prescrição inicia-se no momento da prática da infração, que é, nos termos do
disposto no artigo 3º do RGCO, no caso concreto, o dia 25/06/2010.

Artigo 27 b) prescreve em 3 anos – 25/06/2013 (prazo normal da prescrição)

A suspensão durou 3 meses.


Sendo rigoroso, no dia 30/06/2010 teríamos 5 dias de prescrição decorridos, a partir de 30/09
continuávamos a contagem até fazer 3 anos.
Simplificando, contamos os 3 anos e acrescenta-se os 3 meses de suspensão

25/06/2010 + 3 anos + 3 meses de suspensão (que não se pode contar )=25/09/2013

Quando há a suspensão da prescrição, paramos a contagem no dia em que se inicia a suspensão.


Nota: Se tivesse havido uma causa de interrupção em 25/07/2013, já teria prescrito de não tivesse
havido suspensão.

Momento da notificação nos termos do artigo 50º do RGCO: 10/06/2013-notificação para o exercício do
direito de audição e defesa. Nos termos do Artigo 28º, nº1, alínea c) como sendo uma causa de
interrupção
Quando interrompe, a contagem do prazo da prescrição, recomeça a contagem do início.
No termos do disposto no nº2 do artigo 121º do CP, aplicável por força do artigo 32º do RGDO, o que
significa que esta prescrição seria projetada 3 anos para a frente – 10/06/2016. Não se considera aqui a
suspensão. Não faltava mais nada que era ainda ir buscar o tempo de suspensão que ficou para trás, uma
vez que se volta ao início.
De acordo com as regras normais, neste caso concreto, este procedimento iria prescrever no dia
10/06/2016.
Mas também temo que verificar qual é data de acordo com a regra do nº3 do artigo 28 do RGCO, para ver
qual é a mais favorável.
De acordo com o nº3, temos 25/06/2010+3anos+18meses+3meses=25/03/2015
Temos assim 2 momentos de prescrição: 10/06/2016 e 25/03/2015.
Conclui-se assim, que este procedimento prescreve no momento mais favorável ao arguido: 25/03/2015.

Caso prático:
Contraordenação praticada em 15/01/2023
Notificação em 15/04/2023 nos termos do artigo 50º do RGCO
Coima aplicável de 100€ - 1000€
Qual o tempo de prescrição aplicável?

28
De acordo com a regra geral:
 Artigo 27º c) – atendendo às coimas aplicáveis o prazo de prescrição é de 1 ano – 15/01/2024
Artigo 28º, nº1, alínea c) -interrupção pela notificação 15/04/2023 – 15/04/2024
Caso houvesse outra interrupção em 10/04/2024 – 10/04/2025

 De acordo com o nº3 do artigo 28º:


15/01/2023 + 1 ano + metade = 1,5 ano = 15/07/2024
Aplica-se o prazo mais favorável para o arguido: 15/07/2024

Se houvesse um período de suspensão de 2 meses, ter-se-ia de acrescentar 2 meses a 15/07/2024=


15/09/2024

É sempre o artigo 32º que subsidiariamente se aplica o código penal, artigo 121º, nº2

PRESCRIÇÃO DA COIMA

Suspenção – artigo 30º remissão para o artigo 125º CP


Interrupção – artigo 30º-A remissão para o artigo 125º CP

15/05/2023

Para sabermos, na prescrição do procedimento quais são as consequências de se verificar uma causa de
suspensão da prescrição, temos de ir ao artigo 120, número 6 do código penal. Se for uma causa de
interrupção vamos para o artigo 121 número 2 do código penal começa a correr um novo período de
prescrição.

29
Na prescrição da coima funciona da mesma maneira só que o fundamento jurídico não são os artigos 120
e 121 mas os artigos 125 número 2 e 126 número 2 do código penal.
As penas no processo penal são a prisão e as multas ponto
No processo contra orde nacional são as coimas.
Sempre por força do que consta no artigo 32º do RG DO (vais para o código penal procurar justificação
para o procedimento fecha parênteses.
Em caso de suspensão paramos de contar quando se inicia a suspensão continuamos a contar quando
termina a suspensão.
No caso de interrupção recomeçamos a contagem a partir da data da interrupção.

Processo de contra ordenação


Características:
Controlado / tramitado por pela autoridade administrativa: segurança Rodoviária Câmara municipal
Ministério do ambiente, etc. Quaisquer entidades que tenham competência para os processos de contra
ordenação.
Têm a possibilidade de delegar nas polícias a aplicação dessas coimas.
Em termos territoriais, temos de ter em atenção que os processos funcionam preferencialmente na
autoridade administrativa concelhia, ou seja, da área do local da prática da infração. Exemplo: o processo
fiscal que seja detectado em Caldas da Rainha é tratado na AT de Caldas da Rainha.
Depois da da autoridade administrativa proferir a sua decisão podemos convocar a intervenção do
Tribunal fazendo o recurso de impugnação judicial. Será o tribunal civil ou tribunal competente. Poderá
ser o tribunal administrativo em razão da matéria. Se for uma contra ordenação fiscal é o tribunal
administrativo e fiscal. Se for uma contra ordenação do código da estrada ou uma violação de normas
municipais é o tribunal judicial concretamente os juízes criminais dos tribunais.

Primeira fase: auto de notícia


Segunda fase: decisão da autoridade administrativa
Terceira fase: recurso

Há circunstâncias em que a autoridade administrativa pode ter dúvidas sobre se a conduta do agente é
contra ordenação ou crime. Nessa altura envia para o Ministério Público (é uma das causas de suspensão
da prescrição NOS termos do artigo 40 do RG DO.
Se o Ministério Público disser que não é crime volta à autoridade administrativa que continua com o seu
procedimento por via administrativa.

Direito subsidiário
Na parte processual é o código processual penal que se vai aplicar-artigo 41º
Na parte substantiva é o código penal artigo 32º (a parte que fala sobre as a contra ordenação, os critérios,
etc)

artigo 43º o processo das contra ordenações obedecerá ao princípio da legalidade. Diz respeito aos
preceitos legais que existem
artigo 40º quarto as testemunhas não serão ajuramentadas.

Especificidades

Na fase inicial do processo administrativo o arguido foi detectado a praticar uma contra ordenação, as
notificações são lhe dirigidas mas a partir do momento em que o arguido constituir um mandatário as
autoridades administrativas têm também de fazer a comunicação ou representante legal artigo 47º.
As polícias detectam a prática de uma infração, levantam um alto fazendo constar no alto todos os factos
relevantes e que preenchem o tipo de contra ordenação. Podem também apreender materiais (exemplo
apreensão de roupa numa feira). Entregam à autoridade administrativa que é quem vai decidir o que vai
acontecer. As polícias não podem fazer seus os bens apreendidos.
30
As autoridades policiais podem exigir ao agente de uma contraordenação a respetiva identificação artigo
49º
Artigo 50º direito de audição e defesa do arguido
O código da estrada e o regi te dizem o que é que tem que se conter a notificação, mas há regimes que não
especificam. Vai ter de se aplicar subsidiariamente o regime Geral das contra ordenações

O agente tem de ser informado, notificado dos factos que lhe são imputáveis, e que contra ordenação é
preenchida pela conduta NOS termos do respectivo artigo e a unidade aplicável.
Resulta destes artigos dar uma informação completa aos arguidos é a nossa base de trabalho é aqui que
NOS é dado todos os instrumentos de trabalho.
Tem também de dar o prazo razoável para que se possa exercer esse direito. Esse prazo, em alguns casos,
está estabelecido na lei. O código da estrada e o regi te definem o prazo. Quando não diz o prazo, o prazo
supletivo que está estabelecido quer no cpp quer no CPC é de 10 dias considera se este o prazo razoável.

Mas contra ordenações não há férias judiciais porque o processo está a decorrer na autoridade
administrativa e não NOS tribunais.
Quando quando recebemos uma notificação temos 10 dias para exercer o direito de audição e defesanão
se conta férias judiciais se a notificação for de agosto.
Artigo 50º o exercício de direitos audições de defesa não é obrigatório nem NOS vincula para a segunda
fase processual. Pode ter interesse se acharmos que temos argumentos que podem levar à autoridade
administrativa a decidir acordo com o fim que pretendemos. Dado linha se não for dado o direito de
audição e defesa estamos perante uma nulidade processual. Há omissão de um ato que está previsto na lei.
Artigo 52º a autoridade administrativa chama as testemunhas porque o arguido as indicou. As primeiras
testemunhas da autoridade administrativa são os agentes ao toantes são as testemunhas por parte da
autoridade administrativa.
Artigo 53º nada obriga que tenha que ser acompanhado por um advogado a norma diz “tem o direito de”.
Pode ser um solicitador nesta fase administrativa.
Artigo 55º não podemos impugnar judicialmente apenas a decisão de aplicar coima. Se houver decisões
introdutórias que não NOS agrade nós podemos impugná-la judicialmente tal como podemos ficar
tranquilamente à espera da decisão e depois impugnar tudo junto. É uma questão de estratégia.
Artigo 58º, nº2 elementos fundamentais
alínea b despacho o juiz pode decidir por despacho sem ir a julgamento
Artigo 58, número 3, alínea b pode relacionar-se com o número 18. O agente tem o direito a utilizar a sua
situação económica para a determinação da medida da coima. Daí a decisão condenatória deve conter a
indicação de que em caso de impossibilidade de pagamento deve comunicar o facto por escrito à
autoridade que aplicou a coima.

Recurso

artigo 59º
Depois de haver a decisão da autoridade administrativa a exigência de forma começa a ser uma realidade.
Há que respeitar rigorosamente o número 3 do artigo 59º se esta norma não for respeitada o juiz pode
rejeitar artigo 63º número 1

Se não concordarmos com a decisão que aplicou a coima podemos fazer um recurso de impugnação
judicial no prazo de 20 dias úteis artigo 60º número 1 a autoridade administrativa

Artigo 59º número 3 alegações: é contar a história os argumentos de defesa de que o agente dispõe.
Exemplo da mãe que foi autuada em excesso de velocidade porque ia socorrer o filho.
Conclusão 2 pombos exemplo a conduta da arguida preenche uma causa de exclusão de ilicitude ou de
culpa que impede a condenação pelo que deve ser absolvida2.

31
A autoridade administrativa vai enviar o processo para o Ministério Público junto do Tribunal
competente. O Ministério Público pega no processo e vai apresentá-lo ao juiz artigo 61º.
Artigo 62º a apresentação do processo ao juiz vale como acusação.
No processo crime o Ministério Público tem de fazer uma acusação formal apresentando todos os factos
no caso de processo contra orde nacional não é necessário quando apresenta ao juiz já lá está o auto com
todos os factos. Tem 5 dias (RGDO) para apresentar o processo. NOS regimes especiais pode estar outro
prazo. Se não aplica subsidiariamente o rdo.

Explicar a tramitação do processo contra o nacional a partir da decisão:


Proferida a decisão, há um prazo para recorrer, impugnar judicialmente que deve ser feita no prazo X
(consoante o regime que estivermos, no caso geral é de 20 dias).
O prazo é de dias úteis ou não consoante o regime.
O recurso é dirigido ao juiz do Tribunal competente no caso do regime geral artigo 61º.
A autoridade administrativa envia o processo para o Ministério Público que o apresentará ao juiz dentro
do prazo x, até findar esse prazo a autoridade administrativa poderá revogar a sua decisão.
Não revogou.
O processo é distribuído ao juiz. O tribunal notifica o agente que o processo foi distribuído ao juiz. O
agente tem que pagar a taxa de justiça(102€).
O juiz recebe o processo, pode não aceitar o recurso em 2 casos: se estiver fora do prazo ou não obedecer
aos requisitos de forma requerimentos em alegações e conclusões artigo 59º número 3.
Depois da apreciação preliminar do juiz, este determina se tem todos os elementos para decidir ou se
entende que tem de fazer prova de alguns factos.
Se ele entender que tem todos os elementos notifica os sujeitos processuais Ministério Público e arguido
artigo 64º se se opõem a que o juiz decida por despacho. Se o arguido não disser nada o juiz profere o
despacho condenando ou absolvendo.
Se houver oposição a que o juiz decida por despacho, o juiz marca audiência artigo 65º.
É aqui que passamos a estar ao abrigo do código de processo penal. Mas ainda tem algumas
especificidades.
Artigo 67º o arguido não é obrigado a comparecer à audiência.
Artigo 69º o Ministério Público tem de estar presente.
Artigo 70º as autoridades administrativas podem se fazer representar e apresentar testemunhas.
Artigo 72º compete ao Ministério Público promover a prova dos factos que considera relevantes.
Compete ao juiz determinar o âmbito da prova a produzir.
Artigo 72º-A se o arguido não concordar com a decisão pode interpor recurso, quando o tribunal superior
for apreciar o recurso não pode aplicar uma coima superior à que já tinha sido aplicada. Mesmo que
entenda que o arguido em vez de 500 EUR deveria pagar 5000, não pode agravar a sanção. Só acontece se
for só o arguido a recorrer. Se o ministério público também recorrer já pode.
Artigo 73º aqui já se está a recorrer da decisão do juiz para um tribunal superior para o tribunal da
relação. As decisões ainda são passíveis de recurso NOS termos deste artigo.

Artigo 93º aldrabice expressa que está isento mas não é verdade há uma revogação tácita desta norma
uma vez que a tabela de custas processuais estabelece que há lugar ao pagamento da taxa de justiça no
valor de 1UC.

32

Você também pode gostar