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O dolo é o prepósito de cometer o facto ilícito através da negligencia, que se define por ser a falta de
cuidado que leva a essa prática, como previsto no artigo 14 do código penal. O dolo pode ser dividido
em três: dolo direto, necessário, eventual. O dolo direto previsto no nº1 do artigo 14 caracteriza se
pela vontade livre e consciente de um individuo praticar uma determinada conduta tipificada na
legislação penal. De seguida, o nº2 consagra o dolo necessário e aqui a titulo de exemplo, uma
pessoa que pretende matar o marido e dispara uns tiros para o atingir a ele no meio de algumas
pessoas. No nº3, é expresso o dolo eventual que conta com a possibilidade de produzir o resultado
típico e apesar disso quer alcançar o fim pretendido.A negligencia pode ser distinguida entre
negligencia consciente e inconsciente. A negligencia consciente é a atuação de quem por não
proceder com cuidado a que está obrigado e que é capaz de representar como possível a realização
de um facto correspondente a um tipo de crime, mas atua sem conformar com essa realização, como
é previsto no artigo 15 alínea A). Na alínea B) é consagrado a negligencia inconsciente que se traduz
por ser a atuação de quem por não proceder com o cuidado a que está obrigado e de que é capaz,
nem sequer chega a representar a possibilidade da realização do facto a que corresponde um tipo de
crime. Assim, podemos distinguir o dolo da negligencia pela existência de culpa, porque enquanto
que no dolo o agente consciente, quer praticar o crime, na negligência o agente age por não
proceder com cuidado.
2) Pronuncie-se quanto ás fases do crime nas diversas modalidades.
Uma ação para ser punível percorre diversos graus e momentos, desde que surge a primeira ideia
para o seu cometimento até à sua consumação, conforme dispõe o artigo 21.
Os atos preparatórios em si não são puníveis salvo disposição em contrário. São atos preparatórios
todos aqueles atos do percurso criminal que não cabem ainda na previsão dos atos de execução,
como dispõe o artigo 22 nº2 do Código Penal. Assim estamos perante um ato de execução quando
este preencha um elemento constitutivo de um tipo ilícito, ou seja, adequado a produzir um certo
resultado típico. Por outro lado, podemos afirmar que os atos preparatórios não são conclusos, não
são claros sobre a finalidade da ação, mantendo se dentro da esfera dos atos pessoais do sujeito
ativo. Em suma, os atos preparatórios não são em principio puníveis, mas os atos de execução são
um dos elementos da tentativa que é punível do artigo 23 do Código Penal.
Contrariamente ao que acontece com os atos preparatórios, a tentativa de cometimento de um crime
já é punível sendo que existe um percurso que vai desde da decisão de cometer um crime até à sua
consumação passando pela sua preparação, começo de execução, conclusão da ação executiva e
produção do resultado, podendo se considerar ainda a desistência. Neste percurso temos a
resolução que se traduz na vontade de realização do facto ilícito, temos a não consumação que
consiste na interrupção do processo do crime, podendo corresponder assim à desistência e temos o
resultado que é o cumprimento do crime. À tentativa aplica-se a pena prevista para o crime
consumado, contudo, especialmente atenuada nos termos do artigo 23 nº2. O nº3 do mesmo artigo
faz referencia aquilo que se designa por uma tentativa impossível. A tentativa de cometimento de um
crime previsto nos artigos 22 e 23 do Código Penal pode deixar de ser punível, para tal, basta que o
agente desista de prosseguir na execução do delito e que essa desistência seja relevante. O artigo
24 vem estabelecer esses requisitos pelo que podemos considerar que a desistência é relevante
quando o agente evita que o resultado do crime se produza. Contudo, existem crimes de resultado
como a coação, ameaça, as ofensas á integridade física que continuam a ser puníveis.Por fim, o
crime consumado é o ultimo estado do percurso do crime, é aqui que reside plenamente a censura
penal a menos que funcionem e que tenham aplicabilidade as causas de exclusão da ilicitude e da
culpa.
3) Comente: “No que se refere à legitima defesa… não existem limitações”.
A legitima defesa (artigo32) assenta numa reação, a uma agressão atual ilícita que ameaça
interesses juridicamente protegidos de quem se defende ou de um terceiro. Essa reação tem de
ser adequada, necessária e proporcional a afastar a agressão atual ilícita. Na legitima defesa e
contrariamente ao que sucede no direito de necessidade não se infringe que exista
superioridade entre o bem que se pretende salvaguardar e o bem que é usado com a defesa.
Podendo ainda haver excesso de legitima defesa como é previsto no artigo 33 do Código penal,
podendo levar a que não estejamos perante uma causa de exclusão de ilicitude. As restrições
éticas á legitima defesa são todas as agressões provenientes de criança, pessoas embriagadas,
de um modo geral pessoas inimputáveis. Nestes casos entende se que fica somente a
necessidade de autotutela ou proteção de interesses. Assim, não concordo com a afirmação,
porque existem limitações à legitima defesa.
4) Imagine que o João é assaltado ao entrar no seu carro, no parque de estacionamento de um
Centro Comercial e ameaçado com uma faca ao pescoço, para que entregasse ao assaltante
todos os bens que tinha. João, mestre de karaté dá lhe um golpe, partindo lhe um braço e
imobilizando-o no chão. Mas como tinha umas garrafas na parte de trás do carro, foi buscar duas
e desferiu vários golpes, deixando o a esvair-se em sangue e inanimado e ainda irreconhecível.
Chamou de imediato o INEM e PSP, mas o assaltante veio a falecer por excessiva perda de
sangue.
Quid Iuris?
Perante a presente ocorrência, identificam se como intervenientes o João e o assaltante.
Poder-se-á afirmar que estamos na presença de factos jurídicos penalmente relevantes para o
Direito Penal. O assaltante pratica o ato de rouba quando assalta João que é punido por lei no
artigo 210º do Código Penal. De seguida ainda o ameaça, o que se também é punido pelo artigo
153º. João, entretanto, dá lhe um golpe, partindo-lhe um braço e imobilizando-o no chão e aqui
podemos colocar a hipótese que age por legitima defesa (artigo 32º).
João ainda não satisfeito, pega em 2 garrafas e desferiu ao assaltante vários golpes, deixando o
esvair se em sangue que acabou por falecer e aqui João já pratica um facto ilícito, ou seja,
ofensa á integridade física simples (artigo 143º) e homicídio (artigo 131º). Assim, podemos
concluir que João acaba por cometer excesso de legitima defesa, punido pelo artigo 33º do
Código Penal.
Pelo que, a moldura penal a aplicar aos intervenientes João e o assaltante, serão determinados
pela moldura penal legalmente aplicável aos ilícitos praticados (previsão de pena para os crimes)
e pelos critérios dos artigos 70 e 71 do Código Penal.
5) Explicite a diferença entre crime unitário, concurso de crimes e crime continuado.
O agente atua sozinho levando a cabo uma única ação sendo que estamos perante a
singularidade do agente e a unidade dos ilícitos praticados no concurso de crimes. No concurso
de crimes, o agente criminal com a sua conduta não pratica apenas um tipo ilícito, mas pratica
mais que um, mas pode praticar o mesmo tipo de ilícito mais que uma vez e outros e aqui
podemos estar perante uma pluralidade de ilícitos. Havendo concurso de crimes a lei distingue 2
situações. Podemos estar face a um concurso legal aparente ou impuro em que a conduta do
agente preenche vários tipos de crime, mas conclui se que o conteúdo dessa conduta é
totalmente absolvido por um dos crimes praticados ou poderemos estar perante um concurso
efetivo verdadeiro ou puro e aqui os tipos legais preenchidos são considerados na globalidade
não se verificando uma exclusão por via de nenhuma regra e isto significa que estamos perante
um concurso efetivo quando se comete mais de que um crime quer através da mesma conduta,
quer através de condutas diferentes. Desta forma, a regra que se aplica ao concurso de crimes
está consagrada no artigo 67 do Código Penal.
Diz-nos o código penal que há crime continuado quando através de várias ações criminosas se
repete o preenchimento do mesmo tipo legal de crime ou de tipos diferentes que preencham o
mesmo bem jurídico, usando se assim o mesmo procedimento que se reveste de uma certa
uniformidade conforme dispõe o artigo 30 nº2 do Código Penal. São pressupostos do crime
continuado, a realização múltipla do mesmo tipo de crime (artigo 164º), importunação sexual
(artigo 170º), lesão do mesmo bem jurídico e uma certa uniformização na prática do crime, e por
fim a persistência de uma situação exterior.
6) Distinga autoria de cumplicidade e de comparticipação.
Para o código penal os agentes do crime, segundo o código são os autores (artigo 26) e os
cúmplices (artigo 27).A autoria a que se refere o artigo 26 é a participação no cometimento do
crime sendo, pois, o autor todo aquele que dá causa ou domina o facto ilícito. Assim, se a
realização da conduta for proveniente de uma ação individual temos a simples autoria ou autoria
singular, pelo contrário resultar de uma ação coletiva temos a coautoria ou comparticipação. A
autoria do crime pode ser vista em duas perspetivas: a autoria imediata ou matéria que
corresponde aquela em que o agente excuta o facto por si mesmo, e em segundo a autoria
mediata, moral ou intelectual e aqui corresponde aquela em que o agente pratica o facto por
intermedio outrem, isto é, o autor mediato acava por ser aquele que comanda o facto ilícito.
Por vezes acontece que o facto típico e compartilhado por uma pluralidade de agentes. Existe
assim a coautoria ou comparticipação quando existe conjugação de esforço no sentido da
consumação do facto ilícito (artigo 25).De acordo com o artigo 27 é cúmplice quem presta auxilio
material ou moral à pratica de um facto doloso cometido por alguém fazendo dolosamente e
utilizando qualquer meio. O cúmplice irá ser punido na moldura penal correspondente ao facto
típico praticado pelo autor, sendo a pena especialmente atenuada de acordo com o artigo 73 do
Código Penal.
7) Pronuncie-se quanto aos factos relevantes para o Direito Penal.
Na passada sexta-feira, Benedita resolve após vários meses de desconfianças no seu
casamento, perseguir Bernardo, seu marido, arquiteto, até ao atelier, ávida por descobrir a
amante do seu marido. É então surpreendida por Bernardino, amante de Bernardo que lhe abre
a porta em trajes íntimos, deparando-se com o marido no sofá, em semelhante situação. Em
choque e após 19 anos de casamento, resolve contar aos filhos, Gustavo de 17 anos e
Guilherme de 15 (que sofre de esquizofrenia).
Quando Bernardo chega a casa é surpreendido por Guilherme que por ver a mãe em choque, se
descontrolou e lhe atira facas, pratos e tachos (utensílios de cozinha) que o atingiram e o
deixaram inanimado no chão. Guilherme resolve ir procurar Bernardino…e de cabeça perdida
lhe diz uma série de impropérios tais como: “Oh meu grande Gay…tu desapareces de vez da
vida do meu pai…senão ficas sem miolos e corto-te aí a coisa” …. Bernardino Gusmão de
Atayde e Melo, é um conhecido empresário na área do Design e Arquitetura e Guilherme resolve
pedir a um amigo…que noticie e espalha o escândalo nas redes sociais…dizendo ao pai: “Toda
a gente vai saber que és um podre……ninguém mais vai confiar em ti…vou-te arruinar…pois
estás a dar cabo da mãe…ou deixas o tipo, ou eu dou-lhe um tiro “naquele sítio” e não vão ter
mais diversão.
Ao dirigir-se para casa de mota, teve um acidente, que acusou 1.8 g/l de taxa de alcoolémia.
Na passada segunda feira, Bernardino enraivecido atingiu Frederica com um tiro nas pernas…e
vendo-a ferida, resolveu matá-la por motivos passionais.
Quid Iuris
Perante a presente ocorrência, identificam se como intervenientes Benedita (mulher de
Bernardo), Bernardo, Bernardino (amante de Bernardo), Gustavo (filho mais velho), Guilherme
(filho mais novo que padece de esquizofrenia), Frederica e o amigo de Guilherme. Poder-se-á
afirmar que estamos na presença de factos jurídicos penalmente relevantes para Direito Penal.
Guilherme de 15 anos, filho mais novo de Benedita e Bernardo, padece de anomalia psíquica
(artigo 104º) ao descobrir que o pai traiu a mãe, enraivecido atira utensílios (facas, pratos…)
atingindo Bernardo, sendo que este ato é punido pelo artigo 143º do nosso Código Penal,
deixando o assim inconsciente. De seguida, este decide ir procurar Bernardino ameaçando-o
(artigo 153º). Entretanto, o rapaz de 15 anos, decide pedir a um amigo que acaba por se tornar
cúmplice (artigo 27º) no crime praticado que foi publicar nas redes sociais uma ameaça a
Bernardo, sendo punido assim pelo artigo 153º 3 183º do Código Penal. A caminho de casa,
Guilherme tem um acidente de mota e acusa 1,8g/l de álcool, o que pelo artigo 292º é
considerado crime.
Face ao exposto, Guilherme de acordo com os artigos 19 e 20 torna se inimputável em razão da
idade e da anomalia psíquica que padece, e comete concurso de crimes (artigo 67º)
Na segunda feira passada, Bernardino dá um tiro a Frederica (artigo 143º) e de seguida acaba
por lhe tirar a vida, cometendo assim homicídio punido pelo artigo 131º.
Pelo que a moldura penal a aplicar aos intervenientes Guilherme, Bernardino e o amigo de
Guilherme, serão determinadas pela moldura penal legalmente aplicável aos ilícitos praticados
(previsão de pena) e pelos critérios dos artigos 70 e 71 do Código Penal.
17) Erro das circunstancias de facto/ Comparação entre erro de circunstancias de facto e falta de
consciência de ilicitude.
O artigo 16 nº1 indica nos que o erro sobre os elementos de facto ou direto de um tipo de crime
ou sobre as proibições cujos conhecimentos sejam indispensáveis para que o agente tome
consciência da ilicitude do facto, exclui o dolo pelo que nos termos do artigo 16 nº3 o agente
apenas poderá ser punido a titulo de negligencia. O nº2 do artigo 16 refere-se aquelas situações
em que o agente representa erradamente que está perante uma situação objetiva de justificação.
Para estas situações de erro o referido preceito exclui o dolo. No que se refere à falta de
consciência da ilicitude resulta do artigo 17 do Código Penal que para se verificar a existência do
dolo não basta o conhecimento dos elementos do tipo e a respetiva vontade de realização sendo
necessário o conhecimento ou a consciência do carater ilícito da conduta assumida pelo agente.
Enquanto que no erro das circunstancias de facto, faltando ao agente o conhecimento da
circunstancia relevante a ausência da culpa e da censura fundam se na falta de conhecimento a
um nível da consciência psicológica ou intencional, conhecimento esse indispensável para
orientar o agente no que se refere á ilicitude. Aqui na falta de consciência de ilicitude a
consciência ética, pelo que o artigo 16 consiste num erro de conhecimento por isso é um erro de
conhecimento intelectual. O artigo 17 consiste num erro de valoração e por isso é um erro moral
e assim podemos dizer que age sem culpa quem atuar sem consciência da ilicitude do facto se o
erro não lhe for censurável, se o erro lhe for censurável o agente é punido embora veja a sua
pena a ser atenuável.
18) Obediência indevida desculpante.
Nesta situação a culpa é excluída com base numa ordem que é proveniente de um legitimo
superior hierárquico, sendo porem verdade que quando a ordem conduz a um crime o facto
praticado pelo subordinado à sombra dessa ordem será normalmente censurável que é o que
dispõe o artigo 36 nº2 do Código Penal. Isto significa se o subordinado não souber que a ordem
conduz a prática de um crime a sua culpa será excluída no quadro das circunstancias por si
representadas.
Em resume não é de exigir ao agente que ao cumprir a ordem daí resultasse a pratica de um
crime pelo que a sua conduta, embora seja ilícito deixa de ser culposo e o agente não será
punido.
19) Artigo 51 a 57
O artigo 51 é referente aos deveres que são impostos com o intuito de facilitar a readaptação
social do arguido contribui se assim para que ele tenha uma conduta correta durante o período
de suspensão evitando os danos culpados pelo cumprimento de uma pena privativa da
liberdade.
No artigo 52 o tribunal pode impor ao condenado o cumprimento do regime de conduta a que
estará obrigado durante o período da liberdade condicional.
O tribunal pode impor que o período de liberdade condicional acompanhado do regime de prova
que assenta igualmente num plano de reinserção social executado com vigilância e apoiado
pelos serviços de reinserção social, como previsto no artigo 53. No artigo seguinte, o regime de
liberdade condicional é possível aplicar um plano de reinserção social onde conste os objetivos
pelo delinquente período de liberdade condicional.
O artigo 55 traça as medidas a tomar pelo tribunal em liberdade em caso de incumprimento das
condições impostas. Poderão ser impostas novas regras de conduta ou a introdução de novas
regras.
O artigo 57 apresenta-nos duas situações, o seu nº1 dispõe que a pena é declarada distinta se
decorrido o período da sua suspensão não existam motivos que conduzam á sua revogação. O
nº2 do mesmo artigo refere que a pena só pode ser declarada extinta quando findo o período de
suspensão e se encontrar pendente processo por crime que possa determinar a sua revogação
por falta de cumprimento de deveres das regras de conduta ou do plano de reinserção.
20) Há mais de 15 anos, que Vitorino todos os dias bate na mulher Maria, que o provoca e ofende
permanentemente, aliás só se cala quando apanha do marido.
Sucede que passada sexta feira, quando Vitorino levantou a mão… ela deu lhe com a tampa de
um tacho na cabeça, tendo este ficado ferido, a sangrar e desmaiado. Assustada, fugiu..., mas
acabou por regressar uma hora depois, acompanhada de uma vizinha. Encontrou Vitorino
inanimado. Tendo sido levado para o hospital, sobreviveu.
Quid Juris?
Perante a presente ocorrência, identificam-se como intervenientes o Vitorino (marido) e a Maria
(sua mulher).
Poder-se-á afirmar que estamos na presença de factos jurídico penalmente relevantes para o
Direito Penal. Assim, há cerca de 15 anos que Vitorino pratica um facto ilícito, voluntário e
consciente e nesse sentido, tipificado pela norma jurídica penal, como crime. No caso em
apreço, poder-se-á referir a um Crime Continuado, de Ofensas à integridade física, nos termos
do artigo 143º do Código Penal, por parte de Vitorino, relativamente a Maria.
Diz-nos, contudo, o nº2 do mesmo artigo, que o procedimento criminal depende de queixa, o que
no caso em concreto, nunca ocorreu até ao momento, por parte da alegada vítima, Maria.
Face ao exposto, resulta que a Maria também “provocava” Vitorino, de que resulta que sempre
“consentiu” nas ofensas à sua integridade física, até ao momento em que reagiu, contra o
marido.
Aqui, poderemos colocar a hipótese de estarmos perante o Consentimento, plasmado no artigo
38º do Código Penal, que se consubstancia numa causa de Exclusão da Ilicitude, prevista no
artigo 32 nº2 alínea d) do Código Penal.
Considerando que certo dia Maria reagiu contra Vitorino, “dando-lhe com a tampa de um tacho
na cabeça” e que o deixou, feriado a sangrar e desmaiado, também ela incorreu nos termos do
artigo 143º em ofensa à integridade física, porém, dispõe o mesmo artigo no seu nº3 alínea b)
que pode o tribunal dispensar de pena quando “o agente tiver unicamente exercido retorsão
sobre o agressor”. E integra-se no caso supra descrito.
Também se poderá considerar como válida a referencia à violência doméstica, do artigo 152.
Exercida por ambas.
Quanto ao facto, de Maria ter deixado o seu marido desmaiado e ter regressado 1 hora depois,
na companhia de uma vizinha, estamos perante uma Omissão de auxilio, prevista e punida no
artigo 200 nº2 do Código Penal, considerando que o omitente foi o agente que praticou o crime
(Maria).
Aqui importa relembrar o artigo 10 do Código Penal que equipara a ação à omissão, para efeitos
de punição.
Pelo que, a moldura penal a aplicar aos intervenientes, Vitorino e Maria, serão determinadas
pela moldura penal legalmente aplicável aos ilícitos praticados (previsão de pena para os crimes)
e pelos critérios dos artigos 70 e 71 do Código Penal.