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1. INTRODUÇÃO
A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal, tendo em vista que apenas a lei penal cria
crimes e comina penas (desdobramento do princípio da legalidade).
2. CLASSIFICAÇÃO
2.1. INCRIMINADORAS
São as leis que criam crime e cominam as respectivas penas, estão previstas na parte especial do
Código Penal e na legislação extravagante.
Assim, conclui-se que não há na parte geral do CP leis penais incriminadoras. A lei penal
incriminadora é formada por dois preceitos, quais sejam:
A. Preceito primário – define a conduta criminosa de forma genérica e abstrata. Por
exemplo, “matar alguém” (art. 121 do CP).
B. Preceito secundário – define a pena em abstrato.
Ressalta-se que o DP brasileiro segue a TEORIA DAS NORMAS (sistema da proibição indireta),
desenvolvida por Karl Binding, segundo a qual a lei penal é descritiva. Ou seja, o tipo penal descreve uma
conduta criminosa, não proíbe determinadas condutas. A proibição é indireta, pois quando o CP prevê uma
pena para o crime de homicídio, indiretamente está afirmando que não se deve matar.
2.2. NÃO INCRIMINADORAS
São as leis que não criam crimes e nem cominam penas.
Espécies de normas penais não incriminadoras.
2.2.1. Permissivas
São as normas que autorizam a prática de condutas típicas em determinadas situações, são as que
excluem a ilicitude, previstas tanto na parte geral do CP (art. 23) como na parte especial do CP (art. 128 do
CP) e na legislação extravagante.
2.2.2. Exculpantes
Normas penais exculpantes são aquelas que excluem a culpabilidade do agente ou, ainda, a
impunidade de alguns delitos. Exemplo, o art. 107 do CP.
2.2.3. Interpretativas
São aquelas que estabelecem o alcance e o significado de outras normas penais. Por exemplo, art. 327
do CP.
2.2.4. De aplicação, finais ou complementares
São aquelas que delimitam o campo de validade da lei penal, a exemplo do art. 5º do CP.
2.2.5. Diretivas
São as normas que fixam os princípios de determinada matéria, a exemplo do art. 1º do CP.
2.2.6. Integrativas, complementares ou de extensão
São aquelas que complementam a tipicidade na tentativa (art. 14, II), na participação (art. 29, caput)
e nos crimes omissivos próprios (art. 13).
2.3. COMPLETAS OU PERFEITAS
Apresentam todos os elementos da conduta criminosa. Não é necessário nenhum complemento, a
exemplo do que ocorre no art. 155 do CP.
2.4. INCOMPLETAS OU IMPERFEITAS
Dependem de complementação, pois a conduta criminosa é incompleta. A complementação será feita por
uma lei, por um ato administrativo ou, ainda, pelo aplicador do direito.
Quando o complemento for uma lei ou ato administrativo, teremos normas penais em branco.
Quando o complemento for feito pelo aplicador do direito, teremos tipos penais abertos.
3. CARACTERÍSTICAS
3.1. EXCLUSIVIDADE
Apenas a lei pode criar crimes e cominar as respectivas penas, trata-se da aplicação do princípio da
legalidade.
3.2. ANTERIORIDADE
A lei penal incriminadora só pode ser aplicada a fatos praticados após a sua entrada em vigor. Ou seja,
a lei incriminadora somente será aplicada a fatos futuros nunca a fatos pretéritos, salvo para beneficiar o réu
(retroatividade benéfica).
3.3. IMPERATIVIDADE
O descumprimento da lei penal acarreta a imposição de uma pena ou de uma medida de segurança.
3.4. GENERALIDADE
A lei penal é dirigida a todas as pessoas, indistintamente.
3.5. IMPESSOALIDADE
A lei penal projeta seus efeitos para o futuro, para alcançar qualquer pessoa que venha a praticar o
fato nela proibido.
Como exceções temos a anistia e abolitio criminis que se destinam a fatos que já foram praticados.
LEI A LEI B
1 2 3 4 5
O agente que prosseguiu na continuidade delitiva após o advento da lei nova, tinha a possibilidade de
motivar-se pelos imperativos desta, ao invés de persistir na prática de seus crimes. Submete-se, portanto, ao
novo regime, ainda que mais grave, sem surpresas e sem violação do princípio da legalidade.
Aeronaves ou embarcações ESTRANGEIRAS São considerados parte do nosso território quando aqui
PRIVADAS atracados ou em pouso.
b) Personalidade passiva
Leva em conta a vítima do crime que deverá ser brasileira, previsto no art. 7º, §3º
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (...)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas
no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
6.3. EXTRATERRITORIALIDADE
É a aplicação da lei brasileira aos crimes (não se aplica para contravenções penais) cometidos fora do
Brasil, são as exceções ao princípio da territorialidade.
6.3.1. Extraterritorialidade incondicionada
Previsto no inciso I do art. 7º do CP.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
Atentar para o disposto no §1º, do art. 7º do CP, que consagra a soberania.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro
6.3.2. Extraterritorialidade condicionada
São as hipóteses do inciso II, do art. 7º.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; Justiça Universal
b) praticados por brasileiro; Personalidade ou nacionalidade ativa
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não
sejam julgados. Bandeira, pavilhão etc.
Observar os §§ 2º e 3º que trazem as condições para que a lei brasileira seja aplicada.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas
no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Um brasileiro, nos EUA, (c) mata (b) um argentino. Logo depois, entra no Território brasileiro (a). Nos
EUA ele não foi processado (d) (e). (Art. 7º, II, “b” CP)
a) O brasileiro entrou no território nacional;
b) O homicídio também é crime nos EUA;
c) O homicídio está entre os crimes pelos quais o Brasil autoriza a extradição;
d) Não foi perdoado;
e) Não há causa extintiva de punibilidade.
CP Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
b) praticados por brasileiro;
Aplica-se a lei penal brasileira.
8. CONTAGEM DO PRAZO
O art. 10 do CP traz a forma de contagem do prazo (intervalo dentro do qual deve ser praticado
determinado ato).
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Todo prazo possui um termo inicial (a quo) e um termo final (ad quem).
Entende-se por calendário comum (calendário gregoriano) aquele que estabelece que o dia é o
intervalo entre a meia-noite e a meia-noite subsequente.
O Direito Penal afeta a liberdade do cidadão, colocando em risco o seu direito de ir e vir. Por isso,
com o intuito de favorecer o réu, inclui-se na contagem do prazo o dia do começo e exclui-se o último dia.
Por exemplo, imagine que João foi preso às 23:58 do dia 10 de fevereiro de 2020, para cumprir uma
pena de um ano, os dois minutos do dia 10/02 serão considerados como dia do começo. Assim, no dia 09 de
fevereiro de 2021 a pena terá sido cumprida. Caso João tivesse sido condenado a pena de um mês, acabaria
no dia 09 de março de 2020.
No CPP é o inverso, não se conta o dia do começo e conta-se o dia do final, nos termos do §1º do art. 798,
mas finalidade é a mesma: favorecer o réu.
Art. 798. § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
Observe a Súmula 310 do STF:
Súmula 310 - Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
11.2.5. Ao quadrado
É aquela em que o complemento da norma penal depende de complementação. Há, portanto,
uma dupla complementação.
Cita-se, como exemplo, o art. 38 da Lei 9.605/98.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das
normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
O conceito de floresta, considerada de preservação permanente, está previsto no art. 6º do Código
Florestal. Até aqui, temos uma lei penal em branco (Lei de Crimes Ambientais) sendo complementada por
outra lei (Código Florestal).
Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas
cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
Por sua vez, o Código Florestal pode ser complementado por um decreto do Chefe do Poder
Executivo.
RETROATIVIDADE ULTRATIVIDADE
214 (antes 2009) 213 (2009) 215-A (2018)
Mais grave mais benéfica mais grave
Imagine que o fato foi praticado na vigência da Lei A. A sentença, por sua vez, foi proferida na
vigência da Lei C. Durante a Lei B, a mais benéfica das três, tramitou a ação penal. Será possível aplicar a
Lei B?
O STF, no RE 418876, entendeu que é possível aplicar a lei intermediária, desde que seja a mais
benéfica das três leis. Perceba que a lei intermediária possui retroatividade (aplica-se a fato passado) e, ao
mesmo tempo, possui ultratividade, uma vez que será aplicada após ter sua vigência cessada.
A lei nao retroage para um periodo de anormalidade, no periodo de anormalidade a lei, mesmo após
ele, a lei continua valendo
13. CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS
13.1. CONCEITO
É o instituto que se verifica quando a um único fato praticado pelo agente duas ou mais normas se
revelam, aparentemente, aplicáveis. Haverá um conflito entre qual norma deve ser aplicada.
Contudo, não passa de um conflito aparente, pois é facilmente superado com a interpretação das
normas em conflito.
13.2. ALOCAÇÃO
Não há, na doutrina, um critério para a alocação do instituto, alguns colocam na introdução ao Direito
Penal, outros na Teoria Geral do Crime. Há, ainda, quem entenda que está inserido na aplicação da pena.
Segundo Cleber Masson, está diretamente ligado a interpretação da lei penal, tendo em vista que, após
se interpretar, apenas uma lei será aplicada e as demais excluídas.
13.3. REQUISITOS
Os requisitos abaixo irão diferenciar o conflito aparente de normas do concurso de crimes e do conflito
de leis penais no tempo.
13.3.1. Unidade de fato
O agente praticou um único fato (um único crime).
Este requisito serve para diferenciar o conflito aparente de normas do concurso de crimes.
13.4. FINALIDADES
O instituto visa:
Evitar o bis in idem, ou seja, a dupla punição pelo mesmo fato;
Manter a unidade lógica e a coerência do sistema penal. Há conflitos entre normas, mas o
sistema é único, perfeito, apresentando meios para solucionar.
b) Subsidiariedade tácita ou implícita: a norma penal não se declara subsidiária, mas esta
circunstância é extraída da análise do caso concreto.
Por exemplo, denúncia trata de roubo. Na instrução fica comprovado que se trata de furto. Perceba que
a norma primária (mais grave) é o roubo, mas como não foi possível aplicar utilizada a menos grave (o
furto).
Exceção da lei comum deduzida da situação de Conjunto de precauções que rodeiam a função.
superioridade das pessoas que as desfrutam.
Subjetivo e anterior à lei. Objetiva e deriva de lei.
Tem essência pessoal. Anexo à qualidade do órgão
Poder frente à lei Conduto para que a lei se cumpra
Aristocracias de ordem social Aristocracias das instituições governamentais
Olha-se a função que a pessoa exerce, e nao ela em si
14.2. IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS
14.2.1. Conceito
Trata-se de uma prerrogativa de direito público internacional de que desfrutam:
a) Os chefes de governo ou de estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva;
b) Embaixador e sua família;
c) Funcionários do corpo diplomático e sua família;
d) Funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em serviço.
Salienta-se que a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, em seus arts. 31 e seguintes,
regula as imunidades diplomáticas.
14.2.2. Natureza jurídica
Há, na doutrina, duas correntes acerca da natureza jurídica das imunidades diplomáticas.
1ªC (prevalece) – trata-se de uma causa pessoal de isenção de pena.
2ªC (LFG) – consiste em uma causa impeditiva da punibilidade.
14.2.3. Fundamentos
Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência ao
preceito primário do país em que se encontram. Contudo, escapam da sua consequência jurídica (punição –
preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem
(intraterritorialidade).
Por exemplo, o diplomata deve obediência ao art. 121 do CP, que prevê o crime de homicídio.
Contudo, caso realize a conduta descrita no tipo penal “matar alguém” não estará sujeito ao preceito
secundário (pena de 6 a 20 anos), mas sim será punido de acordo com a lei de seu Estado.
14.2.4. Agentes consulares
Importante consignar que os agentes consulares gozam de imunidade funcional relativa, ou seja, são
imunes nos crimes cometidos em razão de sua função. Já o Embaixador será imune tanto nos crimes comuns
(fora de sua função) e nos crimes funcionais.
O país pode renunciar a imunidade do agente/embaixador
14.2.5. (Im) possibilidade de renúncia
Ao diplomata não é dado o direito de renunciar à imunidade, tendo em vista que a imunidade é do
cargo e não da pessoa.
Destaca-se que o país que ele representa pode renunciar à imunidade do diplomata, ou seja, retirar sua
imunidade, nos termos do art. 32 da Convenção de Viena (Decreto 56.435/1965). A retirada da imunidade
deve ser sempre expressa.
Artigo 32
1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos
termos do artigo 37.
2. A renúncia será sempre expressa.
3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe
será permitido invocar a imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.
4. A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não implica renúncia a imunidade quanto as medidas de
execução da sentença, para as quais nova renúncia é necessária.
STF
1º Grau
Expedição Término do
do diploma mandato
stf
1ºG
O stf vem entendendo que os fatos acontecidos durante o periodo de função sao julgados no stf
Caso o crime aconteça antes da função, sera julgado normalmente, sem evoluir no grau de jurisdição