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Direito Penal
DIREITO PENAL
PROF. ARNALDO QUARESMA
PROF. NIDAL AHMAD
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Revisão Turbo | 38º Exame de Ordem
Direito Penal
Queridos alunos,
Com carinho,
Equipe Ceisc ♥
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Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova deixa de considerar crime fato que
anteriormente era considerado ilícito penal. A nova lei, demonstrando não haver mais, por parte
do Estado, interesse na punição do autor de determinado fato, retroage para alcançá-lo.
A abolitio criminis, além de conduzir à extinção da punibilidade, apaga todos os efeitos
penais da sentença condenatória, permanecendo, no entanto, íntegros seus efeitos na esfera
extrapenal.
Assim, o agente condenado definitivamente em 2004 pelo crime de sedução (art. 217 do
CP abolido pela Lei nº 11.106/2005) não será considerado reincidente, se praticar novo crime. A
vítima, todavia, poderá exigir indenização na esfera cível.
A) não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória já ter
transitado em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado primário e de
bons antecedentes.
B) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e penais da
condenação de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência ou maus
antecedentes.
C) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais da
condenação de Jorge, mas não os extrapenais.
D) não poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, tendo em vista que os fatos foram praticados
anteriormente à edição da lei.
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Aplica-se a lei nova durante a atividade executória do CRIME PERMANENTE, ainda que
seja prejudicial ao réu, já que a cada momento da atividade criminosa está presente a vontade
do agente.
Da mesma forma, sendo o CRIME CONTINUADO uma ficção, considerando que uma
série de crimes constitui um único delito para a finalidade de aplicação da pena, o agente
responde pelo que praticou em qualquer fase da execução do crime continuado. Portanto, se
uma lei penal nova tiver vigência durante a continuidade delitiva, deverá ser aplicada ao caso,
prejudicando ou beneficiando.
Súm. 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
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Leis excepcionais: são feitas para durar enquanto um estado anormal ocorrer. Cessa a
sua vigência ao mesmo tempo que a situação excepcional também terminar. Portanto, são
aquelas promulgadas em caso de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos,
epidemias etc.
Leis temporárias: são as editadas com período determinado de duração, portanto,
dotadas de autorrevogação. É feita para vigorar em um período de tempo previamente fixado
pelo legislador. Traz em seu bojo a data do início e da cessação de sua vigência. É uma lei que,
desde a sua entrada em vigor, está marcada para morrer.
Reúnem duas características:
Autorrevogabilidade: em regra, uma lei somente pode ser revogada por outra lei,
posterior, que a revogue expressamente, que seja com ela incompatível ou que regule
integralmente a matéria nela tratada. As leis de vigência temporária e excepcional constituem
exceção a esse princípio, visto que perdem sua vigência automaticamente, sem que outra lei as
revogue.
Ultratividade: significa que uma lei revogada continua gerando efeitos. É o caso da lei
temporária e da lei excepcional, que continuarão gerando efeitos em relação aos fatos praticados
durante sua vigência, mesmo após revogadas.
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Os navios estrangeiros em águas territoriais brasileiras, desde que públicos, não são
considerados parte do nosso território. Em face disso, os crimes neles cometidos devem ser
julgados de acordo com a lei da bandeira que ostentam. Se, entretanto, são de natureza privada,
aplica-se a lei brasileira (art. 5o, § 2o, do CP).
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O crime omissivo configura-se quando o agente deixa de fazer aquilo que poderia e
deveria fazer, que estaria obrigado em virtude de lei.
Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios (ou comissivos por omissão).
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
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local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha
de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora
apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não
atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo
uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê
quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica
emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque
estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam
preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum
deles adotou comportamento positivo para gerar o resultado.
Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que:
A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam
obrigação de agir na situação.
B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir
por ser pai da criança.
C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir.
D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro.
Nos termos do art. 14, II, do CP, para caracterizar ao menos crime tentado, deve o agente
passar pelos atos preparatórios e dar início à execução do delito, que, por razões alheias à
sua vontade, não alcance a consumação.
Se o crime for tentado, a pena do crime na modalidade consumada será reduzida de 1/3
a 2/3, nos termos do artigo 14, parágrafo único, do CP, mediante o seguinte critério: Quanto mais
próximo da consumação, menor será a redução (1/3); quanto mais distante da consumação,
maior será a redução (2/3).
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9.3. Efeitos
• Nos exemplos acima, o agente responderá pelo crime de lesão corporal (leve, grave
ou gravíssima, conforme o caso);
• Jamais o sujeito responderá por tentativa;
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10.1. Requisitos
*Para todos verem: esquema.
Assim, se o agente subtraiu uma TV do seu local de trabalho e, ao chegar em casa com
a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia
seguinte, mesmo quando o fato já havia sido registrado na delegacia, haverá arrependimento
posterior, com reflexo na dosimetria da pena.
Se o crime for praticado com violência ou grave ameaça, ou, se praticado sem violência
ou grave ameaça, mas a reparação do dano ou restituição da coisa aconteceu depois do
recebimento da denúncia, incidirá a atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP.
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Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída. Na manhã seguinte, arrependeu-se
e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente veio a ocorrer. O proprietário,
revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado
pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível
responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação
jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica,
o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a)
Instrumento
Ineficácia absoluta do
meio
Modo de execução
Crime impossível
O crime impossível por ineficácia absoluta do meio guarda relação com o meio de
execução ou instrumento utilizado pelo agente, que, por sua natureza, será incapaz de produzir
qualquer resultado, ou seja, jamais alcançará a consumação do delito. É o caso do agente que,
pretendendo matar a vítima, usa como meio executório arma completamente defeituosa, que
jamais efetuaria qualquer disparo.
O crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto guarda relação com o
objeto material, compreendendo a pessoa ou coisa sobre o qual recai a conduta do agente.
Tomemos como exemplo a conduta do agente que, pretendendo matar a vítima, desfere vários
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disparos de arma de fogo contra o seu corpo, verificando-se, após, que, ao receber os disparos,
já se encontrava morta, em decorrência de ter sofrido, momentos antes, fulminante ataque
cardíaco. Evidente, neste caso, a impropriedade absoluta do objeto, diante da impossibilidade
de ceifar a vida de pessoa que já estava morta.
Neste caso, o fato é atípico.
Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa.
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Pretende atingir
Erro na Atinge pessoa
determinada
identificação diversa
pessoa
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A aberratio ictus pode ocorrer quando, por acidente, o agente, em vez de atingir a pessoa
pretendida, atinge pessoa diversa. Suponhamos, nesse caso, que o agente pretende matar
Wilson, deixando na sua mesa de trabalho uma xícara de café contendo veneno. Todavia, quem
toma o café é Pedro, que acaba falecendo.
Pode ocorrer também quando, por erro nos meios de execução, o agente, em vez de
atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Ex.: agente pretendendo matar Wilson,
visualiza a vítima, tendo-a como certa, faz a mira e efetua o disparo, mas, no entanto, erra o alvo
pretendido, atingindo pessoa diversa, que se encontrava próxima ao local.
A consequência jurídica da conduta do agente encontra-se retratada no art. 73, 1a parte,
do CP, que faz expressa remissão ao art. 20, § 3o, do CP. Ou seja, na hipótese de erro na
execução, deve-se observar o disposto no art. 20, § 3o, segundo o qual, embora tenha atingido
pessoa diversa, o agente deve receber tratamento penal considerando-se as condições ou
qualidades da pessoa pretendida (vítima virtual), desprezando-se as condições pessoais da
vítima efetivamente atingida.
Na aberratio ictus com resultado duplo, o agente, além de atingir a vítima pretendida,
atinge também pessoa diversa. Nesse caso, com uma única ação, o agente produz mais de um
resultado: atinge a pessoa pretendida e também pessoa diversa. Por essa razão, o art. 73, 2 a
parte, do CP faz expressa remissão ao art. 70 do CP, devendo ser aplicada a regra do concurso
formal de crimes.
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Acidente ou erro
Pretende atingir Atinge bem jurídico
nos meios de
um bem jurídico diverso
execução
Aberratio criminis, o agente pretende ofender determinado bem jurídico, mas, por acidente
ou erro na execução, acaba produzindo resultado diverso do pretendido. Na verdade, o agente
pretendia praticar um crime, mas acaba praticando crime diverso do pretendido.
Na aberratio criminis com unidade simples, o agente somente atinge o bem jurídico diverso
do pretendido. Ou seja, o agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa.
Nesse caso, o agente responde pelo resultado produzido a título de culpa, se o fato é
previsto como crime culposo.
Assim, se o agente, pretendendo atingir o veículo do desafeto, com o intuito de praticar o
crime dano, por erro na execução, não atingir o objeto, mas somente uma pessoa que se
encontrava próxima ao local, responderá por lesão corporal culposa (art. 129, § 6o, do CP), se
resultar lesão corporal; ou por homicídio culposo (art. 121, § 3o, do CP), se resultar morte.
Na aberratio criminis com resultado duplo, o agente, além de praticar o crime pretendido,
também acaba produzindo um resultado diverso do pretendido. Ou seja, com uma ação ou
omissão, acaba provocando dois resultados. Nesse caso, como expressamente prevê a parte
final do art. 74 do CP, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70 do CP),
considerando-se a pena do crime mais grave aumentada de um sexto até metade, de acordo
com o número de resultados diversos produzidos.
A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa
de aumento, diante do erro de tipo.
B) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser
reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
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C) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo
ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as
características de quem se pretendia atingir.
D) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida
a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.
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hierárquico, realiza a conduta que lhe foi ordenada, considerando-a lícita, quando, na realidade,
constitui fato típico e ilícito.
Tomemos como exemplo a hipótese de um Delegado de Polícia que determina a um
inspetor de polícia recém-empossado na instituição que conduza um desafeto até a Delegacia,
sem nenhuma razão plausível para isso. Desconhecendo os motivos do superior hierárquico, o
subordinado cumpre estritamente a ordem. Nesse caso, o subordinado não será
responsabilizado criminalmente, já que incide em seu favor a causa excludente de culpabilidade.
O crime de abuso de autoridade deve ser atribuído exclusivamente ao autor da ordem.
Estado de necessidade
Legítima defesa
Exclusão da ilicitude
Art. 23 do CP
Estrito cumprimento de
um dever legal
Exercício regular de um
direito
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§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
Repelir uma
Fato típico Atual ou iminente
injusta agressão
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Critério de proporcionalidade:
• Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão;
• Uso moderado desse meio.
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Internação
Medida de
segurança
Tratamento
ambulatorial
10) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Durante ação penal em que Guilherme figura como denunciado pela prática do crime de abandono de
incapaz (Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos), foi instaurado incidente de insanidade mental do
acusado, constatando o laudo que Guilherme era, na data dos fatos (e permanecia até aquele momento),
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão de doença mental. Não foi indicado,
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porém, qual seria o tratamento adequado para Guilherme. Durante a instrução, os fatos imputados na
denúncia são confirmados, assim como a autoria e a materialidade delitiva. Considerando apenas as
informações expostas, com base nas previsões do Código Penal, no momento das alegações finais, a
defesa técnica de Guilherme, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer
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11) FGV - 2021 - OAB – 33º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Após o expediente, Márcio saiu com seus colegas de trabalho para comemorar o sucesso das vendas
naquele mês e sua escolha como melhor funcionário do período. Ao chegarem ao bar, Márcio entregou
a chave de seu carro aos colegas, alertando-os que iria beber até se embriagar e cair. Após cumprir a
promessa feita aos colegas, Márcio, completamente alterado, se dirigiu até o caixa do bar para pagar sua
conta. Devido a divergências quanto à quantidade de bebida consumida, Márcio iniciou uma forte
discussão com o atendente do estabelecimento e arremessou a garrafa de cerveja que segurava em sua
direção, acertando a cabeça do funcionário e causando-lhe ferimentos de natureza grave. Preocupado
com as consequências jurídicas de seu ato, Márcio o(a) procura, na condição de advogado(a), para
assistência técnica.
Considerando apenas as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a),
deverá esclarecer que a conduta praticada por Márcio configura
A) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez culposa, podendo ser reconhecida causa de
diminuição de pena, já que a embriaguez era completa.
B) conduta típica e ilícita, mas não culpável, diante da embriaguez culposa, afastando a culpabilidade do
agente.
C) crime de lesão corporal grave, com reconhecimento de agravante, diante da embriaguez preordenada.
D) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária.
23.1. Conceito
• Duas ou mais pessoas contribuem para prática de um crime.
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Autor Partícipe
• Quem executa a ação descrita no • Quem contribui de qualquer modo
verbo nuclear do tipo. para a prática delituosa, sem executar
a ação descrita no verbo nuclear do
tipo.
• Induz, instiga ou auxilia o autor.
• É acessória a conduta do autor - o
autor precisa, ao menos, tentar praticar
o delito.
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atitude suspeita arrombou a porta dos fundos, ingressou na residência, e subtraiu diversos
objetos. Diante desse quadro fático, a empregada doméstica não deverá responder por qualquer
infração penal, uma vez que a sua contribuição foi absolutamente irrelevante para o sucesso da
subtração.
c) Do liame subjetivo e normativo (vínculo subjetivo e normativo entre os
participantes):
Exige-se homogeneidade de elemento subjetivo-normativo. Significa que autor e partícipe
devem agir com o mesmo elemento subjetivo (dolo + dolo) ou normativo (culpa + culpa).
Os agentes devem atuar conscientes de que participam de crime comum, ainda que não
tenha havido acordo prévio de vontades. A ausência desse elemento psicológico inviabiliza o
concurso de pessoas, ensejando condutas isoladas e autônomas.
Ex.: uma empregada doméstica, percebendo a presença de um ladrão, para vingar-se do
patrão, deliberadamente deixa a porta aberta, facilitando a prática do furto. Há participação, e,
não obstante, o ladrão desconhecia a colaboração da empregada. Por consequência, a
empregada também responderá pelo crime de furto.
d) Identidade de infração para todos os participantes:
Nos termos do art. 29 do CP, todos que concorrem para o crime respondem pelo mesmo
delito.
Ex.: alguém planeja a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um desvia a
atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-se
do local com o produto do furto. É uma exemplar divisão de trabalho constituída de várias
atividades, convergentes, contudo, a um mesmo objetivo típico: subtração de coisa alheia móvel.
Respondem todos por um único tipo penal, qual seja, furto.
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Ex.: “A” instiga “B” a praticar homicídio contra “C”. “B”, para a execução do crime, emprega
asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, § 2o, III, 4a figura), a não ser
que o meio de execução empregado pelo autor principal tenha ingressado na esfera de seu
conhecimento.
12) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Túlio e Alfredo combinaram de praticar um roubo contra uma joalheria. Os dois ingressam na loja, e
Alfredo, com o emprego de arma de fogo, exige que Fernanda, a vendedora, abra a vitrine e entregue os
objetos expostos.
Enquanto Alfredo vasculha as gavetas da frente da loja, Túlio ingressa nos fundos do estabelecimento
com Fernanda, em busca de joias mais valiosas, momento em que decide levá-la ao banheiro e,
então, mantém com Fernanda conjunção carnal. Após, Túlio e Alfredo fogem com as mercadorias.
Em relação às condutas praticadas por Túlio e Alfredo, assinale a afirmativa correta.
A) Túlio e Alfredo responderão por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e
emprego de arma de fogo, e pelo delito de estupro, em concurso material.
B) Túlio responderá por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e estupro; Alfredo responderá
por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo.
C) Alfredo e Túlio responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma
de fogo; Túlio também responderá por estupro, em concurso material.
D) Túlio e Alfredo responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma
de fogo; Túlio responderá por estupro, ao passo que Alfredo responderá por participação de menor
importância no delito de estupro.
Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP).
Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados.
Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo
concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para
cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar
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a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz
fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio
qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de
crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a
pena definitiva de 28 anos.
25.1. Conceito
Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de
crimes.
A unidade de conduta concretiza-se quando os atos são realizados no mesmo contexto
espacial e temporal, não exigindo, necessariamente, ato único. De fato, pode haver unidade de
conduta mesmo quando fracionada em vários atos, por exemplo, agente que subtrai objetos
pertencentes a pessoas distintas, no mesmo contexto fático.
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, praticado o crime de roubo em um
mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, tem-se configurado o
concurso formal de crimes.
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Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única
conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age
com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente.
Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a
morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução
de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios
autônomos em relação a cada um dos resultados.
No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão,
pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes.
Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os
moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos
moradores da residência.
A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual.
Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com
dolo direto e outro com dolo eventual.
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26.1. Conceito
Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do
primeiro.
26.2. Requisitos
Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de
requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b) na
pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes.
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13) FGV - 2021 - OAB – 33º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses,
que ali conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo
Ministério Público, que denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material.
Após regular procedimento, o Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o
magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o concurso material. Diante da sentença publicada, Félix
indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente configuraria concurso material de dois crimes de
homicídio dolosos. Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o ponto de vista técnico, deverá esclarecer
ao seu cliente que sua conduta configura dois crimes autônomos de homicídio,
A) em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos.
B) devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação
de uma das penas e não do cúmulo material.
C) devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da
exasperação de uma das penas e não do cúmulo material.
D) devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das
penas aplicadas.
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28.1. Homicídio
Qualquer
Sujeito ativo
pessoa
Crime
bicomum
Qualquer
Sujeito passivo
pessoa
a) Características importantes
• Crime de Livre Execução: o legislador não condiciona a prática do homicídio,
podendo ser praticado por qualquer meio apto a produzir o resultado morte. Entretanto, a
depender da forma executória empregada pelo agente, pode ser qualificado, como, por exemplo,
nos incisos III (meio cruel), IV (recurso que dificultou a defesa da vítima) e VIII (arma de fogo de
uso proibido ou restrito) do parágrafo 2 do artigo 121.
• Crime Comissivo: normalmente é um crime comissivo, pois exige que o agente atue
de forma positiva, mas nada impede o reconhecimento da omissão imprópria, nos termos do
artigo 13, parágrafo 2 do CP.
• Crime material: somente se consuma com a produção de um resultado naturalístico,
qual seja, a morte da vítima (cessação da atividade encefálica).
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b) Observações importantes:
• Homicídio simples (art. 121 caput): o homicídio simples se dá por exclusão, ou seja,
quando não presente nenhuma circunstância qualificadora prevista no parágrafo 2. Via de regra
não é considerado crime hediondo, somente se for praticado mediante atividade típica de grupo
de extermínio.
• Homicídio Privilegiado (art. 121, parágrafo 1º CP): o artigo 121, § 1º, do Código
Penal, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o sujeito cometer o delito impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
• Homicídio Qualificado (art. 121, parágrafo 2º CP): é o homicídio praticado com
circunstâncias legais que integram o tipo penal incriminador, alterando para mais a faixa de
fixação da pena. Dizem respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos de
execução, reveladores de maior periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do
agente. Portanto, da pena de reclusão de 06 a 20 anos, prevista para o homicídio simples, passa-
se ao mínimo de 12 e ao máximo de 30 para a figura qualificada. Tentado ou consumado, o
homicídio doloso qualificado é crime hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº
8.072/90.
• Feminicídio: a partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou
a ser qualificado também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Nos termos do artigo 121, parágrafo 2º-A, o legislador considera que há razões de
condição de sexo feminino quando o crime envolve:
Para o STJ a qualificadora do feminicídio pode ser cumulada com o motivo torpe ou fútil
sem que haja bis in idem.
• Lei nº 14.344/2022: com o advento da lei Henry Borel (Lei 14344 de 2022) o homicídio
praticado contra menor de 14 anos passou a ser qualificado, nos termos do artigo 121, parágrafo
2, inciso IX do CP.
Ademais, o artigo 121, parágrafo 2ºB (incluído também pela Lei Henry Borel) elenca
causas de aumento de pena específicas, quais sejam:
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I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade;
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela.
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uma ideia já existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a ideia que alguém anda
manifestando. Já o Auxílio é a forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio
material ao ato suicida. Exemplo: o agente fornece a arma utilizada para a vítima dar fim à sua
vida ou se automutilar.
d) Figuras típicas qualificadas:
Art. 122, §1º, do CP. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal
de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
• Se a vítima é menor
Em segundo lugar, a pena é majorada quando a vítima é menor. Qual a idade para efeito
da majorante?
Se a vítima é maior de 18 anos, aplica-se o “caput” do artigo 122.
Se a vítima é menor de 14 anos, há crime de HOMICÍDIO.
A majorante só é aplicável quando a vítima tem idade entre 14 e 18 anos.
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Direito Penal
f) Pacto de morte: é possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte,
deliberando morrer ao mesmo tempo.
Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver
responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra.
Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por
homicídio. Em síntese, os atos executórios contra a própria vida devem partir exclusivamente da
vítima.
28.3. Infanticídio
Princípio da especialidade:
*Para todos verem: esquema.
Influência do estado
Elemento subjetivo
puerperal (perícia)
Durante o parto ou
Elemento temporal
logo após
Marco inicial: início do parto (eliminação da vida humana durante o parto ou logo após).
Antes do início do parto: aborto.
Atenção ao erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, do CP.
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Na lesão corporal o agente atua com animus laedendi, ou seja, age com a intenção de
produzir uma lesão corporal na vítima. Assim sendo, o agente não tem intenção de matar nem
assume o risco de produzir o resultado morte, pois, em tal caso, responderia pelo crime de
homicídio.
a) Lesão corporal dolosa: lesão corporal dolosa, regra geral, varia de acordo com o grau
da lesão corporal, podendo ser simples (exclusão), grave (parágrafo 1º), gravíssima (parágrafo
2º) ou seguida de morte (parágrafo 3º).
Atenção:
• Lesão corporal grave
A lesão corporal seguida de morte possui natureza preterdolosa, ou seja, deve o agente
agir com dolo em relação à conduta inicial (lesão corporal) e culpa em relação ao resultado morte.
Trata-se de crime expressamente subsidiário, somente podendo ser reconhecido na
impossibilidade do homicídio (se o agente agiu com dolo direto ou dolo eventual em relação ao
resultado morte).
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b) Lesão corporal culposa: a lesão corporal culposa não varia de acordo com a
intensidade, sempre será culposa (se agindo com negligência, imprudência ou imperícia).
Reputação
Calúnia e
Honra objetiva social do
difamação
indivíduo
Bem jurídico:
honra
Imagem pessoal
Honra subjetiva perante ele Injúria
mesmo
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II.- contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal;
III.- na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou dainjúria.
IV.– contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso
de injúria.
Retratação:
Ação penal:
Conforme se extrai do art. 145 do CP, nos crimes contra a honra, a regra é a de ação
penal privada da vítima ou do seu representante legal. Todavia, resultando lesão física na vítima
(injúria real com lesão corporal), apura-se o crime mediante ação penal pública incondicionada.
No entanto, com o advento da Lei no 9.099/1995, alguns autores entendem que se trata de ação
penal pública condicionada à representação, já que é a prevista para os crimes de lesão corporal
leve.
Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra
funcionário público, no exercício das funções (art. 141, II), e condicionada à requisição do
Ministro da Justiça no caso do inciso I do art. 141 (contra o Presidente da República ou Chefe
de Governo Estrangeiro).
Convém ressaltar a Súm. no 714 do STF:
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Por último, vale destacar que a injúria qualificada do parágrafo 3º do artigo 140 será de
ação penal pública condicionada à representação enquanto a injúria racial (art. 2ºA da lei 7716
de 1989) será de ação penal pública incondicionada.
31.1. Furto
• Ação nuclear é subtrair, que significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem a sua
permissão com o fim de assenhoreamento definitivo. A subtração implica sempre a retirada do
bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário;
• Agente não tem a posse anterior do bem e inverte a posse;
• É indispensável que o agente tenha a intenção de possuir a coisa alheia móvel,
submetendo-a ao seu poder, isto é, de não devolver o bem, de forma alguma. É o chamado
animus rem sibii habendi;
• Assim, se ele o subtrai apenas para uso transitório e depois o devolve no mesmo
estado, não haverá a configuração do tipo penal. Cuida-se na hipótese de mero furto de uso, que
não constitui crime, pela ausência do ânimo de assenhoreamento definitivo do bem;
• Se o sujeito restituir o objeto subtraído até o recebimento da denúncia, pode incidir o
instituto do arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, que constitui causa
de diminuição da pena. Em outras palavras, o agente será processado pelo delito, mas, se
condenado, poderá ter a pena reduzida de 1/3 a 2/3;
• Não existe na modalidade culposa;
• Para os nossos Tribunais Superiores (STF/STJ), para o furto atingir a consumação
basta a subtração da coisa, ou seja, a inversão da posse, ainda que por curto espaço de tempo
e em seguida a perseguição do agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou
desvigiada. Neste sentido temos a súmula 582 do STJ (referente ao roubo mas aplicável por
analogia ao crime de furto), o RESP 1524450/RJ, o AgRg no ARESP 1.546.170/SO de
26/11/2019 do STJ e o HC 135674 de 27/09/2016 da 2° turma do STF.
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RETIRA DA
INVERSÃO DA
CONSUMAÇÃO DISPONIBILIDADE
POSSE
VÍTIMA
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POSSE DO
OBJETO É
DESVIGIADA
APROPRIAÇÃO POSSE
INDÉBITA AMBOS
APROPRIAR-SE
DE OBJETO INICIAMENTE
LÍCITOS
DETENÇÃO
• Neste caso, o sujeito afirma claramente ao ofendido que não irá devolver o
objeto material.
31.3. Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade
de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
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Redução da
Violência Grave ameaça capacidade de
resistência
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Espécies de roubo:
a) Roubo próprio (157, caput, do CP): no roubo próprio a violência ou grave ameaça (ou
a redução da impossibilidade de defesa) são praticados contra a pessoa para a subtração da
coisa. Os meios violentos são empregados antes ou durante a execução da subtração.
b) Roubo impróprio: ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa para ele ou para terceiro (§ 1º). São exemplos típicos de roubo impróprio
aquele em que o sujeito ativo, já se retirando do portão com a res furtiva, alcançando pela vítima,
abate-a (assegurando a detenção), ou, então, já na rua, constata que deixou um documento no
local, que o identificará, e, retornando para apanhá-lo, agride o morador que o estava apanhando
(garantindo a impunidade).
Em outros termos, “logo depois” de subtraída a coisa não admite decurso de tempo entre
a subtração e o emprego da violência, ou seja, o modus violento somente é caracterizador do
roubo se for utilizado até a consumação do furto que o agente pretendia praticar (posse tranquila
da res, sem a vigilância). Superado esse momento, o crime está consumado e,
consequentemente, não pode sofrer qualquer alteração; portanto, eventual violência empregada
constituirá crime autônomo (lesão corporal, por exemplo), em concurso com furto consumado.
Roubo Próprio (artigo 157 caput) Roubo Impróprio (artigo 157, § 1°)
Admite violência ou grave ameaça (violência Somente admite a violência ou grave
própria) ou violência imprópria (diminuição ameaça (violência própria).
da capacidade de resistência).
A violência ou grave ameaça é empregada A violência ou a grave ameaça é empregada
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31.4. Estelionato
*Para todos verem: esquema.
Obter
Vantagem
indevida
ESTELIONATO
(art. 171, CP)
Prejuízo da vítima
Induzir
Fraude
Manter Erro
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Desta feita, não haverá estelionato se o agente não obtém uma vantagem ilícita ou se
obtém uma vantagem ilícita, mas não há o prejuízo alheio. Se a vantagem for lícita haverá o
delito do artigo 345 do CP.
Ademais, vale destacar que no estelionato, o agente utiliza a fraude para induzir a vítima
em erro (o agente planta o erro na cabeça da vítima) ou mantém a vítima em erro (a vítima já
está em erro e o agente impede que ela descubra verdade.
Desta feita, tanto o silêncio como a mentira podem servir como meios para induzir ou
manter a vítima em erro fazendo com que ela entregue a vantagem indevida ao agente. Por
exemplo, o agente está devendo R$ 1000,00 para a vítima, sendo que ela se confunde e tem
certeza que o agente já pagou, mas ainda não houve o pagamento. Se este agente silenciar ou
mentir haverá estelionato, pois a vítima está sendo mantida em erro.
c) Consumação e tentativa: trata-se de crime material. Consuma-se com a obtenção da
vantagem ilícita indevida, em prejuízo alheio, ou seja, quando o agente aufere o proveito
econômico, causando dano à vítima. Via de regra, esses resultados ocorrem simultaneamente.
Há, assim, ao mesmo tempo, a obtenção de proveito pelo estelionatário e o prejuízo da vítima.
A tentativa é perfeitamente possível, por exemplo, no caso em que o agente por
circunstâncias alheias à sua vontade não consiga obter o prejuízo em detrimento da vítima.
Considerações importantes!
• Falsidade documental como fraude para a prática do estelionato:
Imagine que o agente pratique uma falsidade documental (falsidade de documento
público, particular ou ideológica) como meio para induzir ou manter a vítima em erro e desta
forma obter a vantagem ilícita e causar prejuízo alheio. Exemplo: O agente falsifica um cheque
para comprar em determinada rede de estabelecimentos comerciais.
O STJ, na Súmula 17, entende pela absorção do delito de falso pelo estelionato, desde
que não haja mais potencialidade lesiva.
d) Fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, parágrafo 2°, inciso VI do CP):
se o indivíduo emite um cheque na certeza de que tem fundos disponíveis para o devido
pagamento pelo banco, quando na realidade não há qualquer numerário depositado na agência
bancária, não se pode falar em ilícito criminal, ante a ausência de má-fé.
O que a lei penal pune é o pagamento fraudulento. Nesse sentido é o teor da Súmula 246
do STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque
sem fundos”.
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Segundo o art. 4º, § 1º, da Lei 7.357/85, a existência de fundos disponíveis é verificada
no momento da apresentação do cheque para pagamento. Destarte, o crime se consuma no
momento e no local em que o banco sacado recusa o pagamento, pois só nesse momento ocorre
o prejuízo (trata-se de crime material).
Esse é o teor da Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e julgamento
dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”.
Entretanto, podemos destacar que diante das alterações promovidas pela Lei 14.155
de 2021 essa súmula perdeu o objeto, uma vez que no parágrafo 4º do artigo 70 do CPP o
juízo competente será o do domicílio da vítima.
Arrependendo-se o agente antes da apresentação do título pelo beneficiário no banco
sacado, e depositando o numerário necessário para cobrir a quantia constante do cheque, haverá
arrependimento eficaz, não respondendo ele por crime algum.
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime, ou
seja, após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “O
pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal”.
Assim, o pagamento do cheque antes do recebimento da denúncia extingue a punibilidade
do agente.
e) Lei nº 14.155/2021: cumpre ressaltar que a lei 14155/2021, a qual entrou em vigor em
27 de maio de 2021 acrescentou os parágrafos 2°-A e 2°-B:
f) Ação penal (art. 171, parágrafo 5° do CP): com o advento da lei 13964/19, a qual
incluiu o parágrafo 5° no artigo 171 do CP, o qual dispõe que a regra da ação penal no crime de
estelionato será pública condicionada à representação, com exceção nos casos em que a
administração pública (direta ou indireta), criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental
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ou maior de 70 anos de idade ou incapaz forem vítimas, hipóteses em que a ação penal será
pública e incondicionada.
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§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;II –
morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima”.
14) FGV - 2023 - OAB – 37° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Eduardo trabalha como porteiro do condomínio, e possui um primo, de nome Ygor, envolvido em vários
crimes. A semelhança entre ambos sempre foi notória.
Certa noite, após Eduardo se ausentar da portaria para colocar as lixeiras do prédio na rua, Ygor,
aproveitando-se dos traços físicos muito parecidos com os do seu primo, também vestido com um
uniforme idêntico, ingressa no edifício e subtrai vários pacotes endereçados aos moradores. Alguns
moradores viram a movimentação, mas pensaram que se tratava de Eduardo arrumando e conferindo os
pacotes.
Baseando-se no caso hipotético, Ygor cometeu
15) FGV - 2023 - OAB – 37° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Silvio, mediante emprego da ameaça de “esquartejá-la com sua espada”, arrancou o cordão de ouro do
pescoço de Ana.
Após tal subtração, Silvio foi perseguido por policiais militares, que lograram prendê-lo em flagrante delito
e recuperar o bem subtraído da vítima.
É correto afirmar que Silvio cometeu crime de
A) extorsão tentada.
B) roubo tentado.
C) roubo impróprio.
D) roubo consumado.
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32.3. Estupro
Qualquer
Sujeito ativo
pessoa
Crime
bicomum
Qualquer
Sujeito passivo
pessoa
Tipo penal misto alternativo: desta feita, se o agente no mesmo contexto fático praticar
ato libidinoso diverso e conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça contra a mesma
vítima haverá apenas um crime de estupro e não concurso de crimes.
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Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso diverso com menor de 14 anos (ainda que
não haja violência, ainda que haja o consentimento da vítima). Neste sentido vale destacar que
nos termos da súmula 593 do STF e do parágrafo 5 do artigo 217-a do CP a presunção de
vulnerabilidade será absoluta.
Outras pessoas consideradas vulneráveis:
16) FGV - 2023 - OAB – 37º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Antônio, de 49 anos, manteve numerosas relações sexuais consensuais com Miriam, à época com 13
anos, que tinha experiência sexual anterior, durante o namoro entre eles. Antônio tinha conhecimento da
idade de Miriam. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
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17) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Robson, diretor-presidente da Sociedade Empresária RX Empreendimentos, telefona para sua secretária
Camila e solicita que ela compareça à sua sala. Ao ingressar no recinto, Camila é convidada para sentar
ao lado de Robson no sofá, pois ele estaria precisando conversar com ela.
Apesar de achar estranho o procedimento, Camila se senta ao lado de seu chefe. Durante a conversa,
Robson afirma que estaria interessado nela e a convida para ir a um motel. Camila recusa o convite e,
ato contínuo, Robson afirma que se ela não aceitar, nem precisa retornar ao trabalho no dia seguinte,
pois estaria demitida.
Camila, desesperada, sai da sala de seu chefe, pega sua bolsa e vai até a Delegacia Policial do bairro
para registrar o fato. Diante das informações apresentadas, é correto afirmar que a conduta praticada por
Robson se amolda ao crime de
A) tentativa de assédio sexual (Art. 216-A), não chegando o crime a ser consumado na medida em que
se trata de crime material, exigindo a produção do resultado, o que não ocorreu na hipótese;
B) assédio sexual consumado, uma vez que o delito é formal, ocorrendo a sua consumação
independentemente da obtenção da vantagem sexual pretendida;
C) fato atípico, uma vez que a conduta praticada por Robson configura mero ato preparatório do crime de
assédio sexual, sendo certo que os atos preparatórios não são puníveis;
D) importunação sexual (Art. 215-A), uma vez que Robson praticou, contra a vontade de Camila, ato
visando à satisfação de sua lascívia.
18) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
No dia 31/12/2020, na casa da genitora da vítima, Fausto, com 39 anos, enquanto conversava com Ana
Vitória, de 12 anos de idade, sem violência ou grave ameaça à pessoa, passava as mãos nos seios e
nádegas da adolescente, conduta flagrada pela mãe da menor, que imediatamente acionou a polícia,
sendo Fausto preso em flagrante.
Preocupada com eventual represália e tendo interesse em ver o autor do fato punido, em especial porque
sabe que Fausto cumpre pena em livramento condicional por condenação com trânsito em julgado pelo
crime de latrocínio, a família de Ana Vitória procura você, na condição de advogado(a), para
esclarecimento sobre a conduta praticada.
Por ocasião da consulta jurídica, deverá ser esclarecido que o crime em tese praticado por Fausto é o de
A) estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), não fazendo jus Fausto, em caso de eventual condenação,
a novo livramento condicional.
B) importunação sexual (Art. 215-A do CP), não fazendo jus Fausto, em caso de eventual condenação, a
novo livramento condicional.
C) estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), podendo Fausto, em caso de condenação, após cumprimento
de determinado tempo de pena e observados os requisitos subjetivos, obter novo livramento condicional.
D) importunação sexual (Art. 215-A do CP), podendo Fausto, em caso de condenação, após cumprimento
de determinado tempo de pena e observados os requisitos subjetivos, obter novo livramento condicional.
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Observação especial:
Há tipos penais contra a fé pública que além do dolo exigem uma finalidade especial do
agente, tais como o crime de fraudes em certames de interesse público (art. 311-a), falsidade
ideológica (art. 299 CP) e falsa identidade (art. 307 CP).
Art. 311-A, § 3º - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário
público.
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c) Falsidade Ideológica:
Diferentemente dos delitos precedentes, estamos agora diante da chamada falsidade
ideológica, aquela em que o documento é formalmente perfeito, sendo, no entanto, FALSA A
IDEIA NELE CONTIDA. O sujeito tem legitimidade para emitir o documento, mas acaba por
inserir-lhe um conteúdo sem correspondência com a realidade dos fatos.
Ex.: Assim, uma escritura lavrada pelo funcionário do Cartório de Registro de Imóveis é
formalmente perfeita, pois a ele incumbe formar o instrumento público. Entretanto, se essa escrita
encerrar declarações falsas prestadas pelo particular, haverá o crime de falsidade ideológica.
• “Dele deveria constar” é expressão indicativa de um juízo valorativo jurídico, pertinente ao conteúdo
esperado do documento. Ex. em uma carteira de habilitação, espera-se que conste, quando for o
caso, que o motorista precisa usar óculos para dirigir. Se houver omissão desse dado relevante,
trata-se de declaração que dele devia constar.
Sujeitos do Delito
• Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo. Caso seja funcionário público, incidirá
a causa de aumento de pena prevista no parágrafo único do artigo.
Consumação e Tentativa
•Consuma-se com a omissão ou a inserção da declaração falsa ou diversa da que deveria constar.
Trata-se de crime formal; prescinde-se, portanto, da ocorrência efetiva do dano, bastando a
capacidade de lesar terceiro.
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Súmula 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
19) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Américo é torcedor fanático de um grande clube brasileiro, que disputa todos os principais campeonatos
nacionais e internacionais. Américo recebeu a notícia de que seu clube iria jogar uma partida no estádio
de sua cidade, porém, ao tentar adquirir os ingressos, descobriu que estes já haviam se esgotado. André,
seu vizinho, torcedor do time rival, sempre incomodado com os gritos de comemoração que Américo
soltava em dias de jogo, resolveu se vingar, oferecendo ingressos falsos para Américo. Sem saber da
falsidade, Américo aceitou a oferta, porém, no momento da concretização do pagamento, percebeu, por
sua acurada expertise no tema ingressos de futebol, que os ingressos eram falsos.
Com base na situação hipotética, é correto afirmar que a conduta de André corresponde ao crime de
34.1. Introdução
Os crimes contra a administração pública se encontram tipificados no Código Penal a partir
do artigo 312, constando do Título XI da parte especial e se dividem em 6 capítulos, quais sejam:
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Observação especial:
Possibilidade de extensão do conceito de funcionário público ao particular que concorreu
para o crime praticado pelo funcionário:
A discussão em questão, por exemplo, pode ser aplicada no caso de um funcionário
público que, em concurso de pessoas com um particular (coautor/partícipe), pratica o crime de
peculato-furto previsto no artigo 312, parágrafo 1°, subtraindo bens de determinada repartição
pública. Neste caso, esse particular responderá pelo crime de peculato-furto (possibilidade de
extensão do conceito) ou somente pelo crime de furto (impossibilidade de extensão do conceito)?
Para responder o questionamento acima, temos que utilizar o artigo 30 do CP, o qual
dispõe que as circunstâncias elementares de caráter subjetiva se comunicam ao outro agente.
Desta feita, podemos considerar a condição de funcionário público uma elementar (pois interfere
diretamente na tipificação) e subjetiva (pois diz respeito ao agente criminoso). Neste sentido,
poderemos ter duas situações:
• Se o particular conhece ou tem condições de conhecer a condição de funcionário
público do outro agente tal circunstância, nos termos do artigo 30 do CP, será
comunicada, respondendo então pelo delito de peculato-furto;
• Se o particular não sabe e nem tem condições de saber dessa circunstância não
haverá a comunicação, pois o Direito Penal não compactua com responsabilização
penal objetiva, devendo o particular responder somente pelo delito de furto.
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Direito Penal
Quando, faltando a
Quando, faltando a qualidade de servidor do
qualidade de servidor do agente, o fato deixa de ser
agente, o fato deixa de ser crime funcional, mas
crime. permanece crime, há
atipicidade relativa.
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Revisão Turbo | 38º Exame de Ordem
Direito Penal
Se comporta como
dono
Apropriação
Posse legítima
Peculato
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• Consumação e tentativa:
Exigência indevida: Aqui o delito se consuma no momento em que é feita a exigência do
tributo ou contribuição social. Trata-se de crime formal, portanto a consumação independe do
efetivo pagamento do tributo ou contribuição social pela vítima. A tentativa é possível. Ex. carta
contendo a exigência de vantagem, a qual é interceptada antes de chegar ao conhecimento da
vítima.
Cobrança vexatória ou gravosa: Consuma-se com o emprego do meio vexatório ou
gravoso na cobrança do tributo ou contribuição social, independentemente de seu efetivo
recebimento. A tentativa é possível.
• Excesso de exação – forma qualificada – Art. 316, § 2º
Nessa modalidade mais gravosa do crime de excesso de exação, pune-se o funcionário
público que, em vez de recolher o tributo ou contribuição social, indevidamente exigido (§1º),
para os cofres públicos, desvia-o em proveito próprio ou alheio.
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Direito Penal
• Classificação:
Corrupção passiva própria: o funcionário, em troca de alguma vantagem, pratica ou
deixa de praticar ato de ofício para beneficiar alguém. O ato a ser praticado pode ser ilegítimo,
ilícito ou injusto. É a chamada corrupção própria. Exemplo: o funcionário do cartório criminal
solicita indevida vantagem econômica para suprimir documentos do processo judicial.
Corrupção passiva imprópria: também configura o crime a prática de ato legítimo, lícito,
justo. É a chamada corrupção passiva imprópria. Exemplo: Oficial de justiça solicita vantagem
econômica ao advogado, a fim de dar prioridade ao cumprimento do mandado judicial expedido
em processo em que aquele atua.
• Sujeitos do delito:
Trata-se de crime próprio. Portanto, o delito só pode ser cometido por funcionário público
em razão da função (ainda que esteja fora dela ou antes de assumi-la). Nada impede, contudo,
a participação do particular, ou de outro funcionário, mediante induzimento, instigação ou auxílio.
O particular que oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público responde
pelo delito de corrupção ativa (art. 333) e não pela participação no crime em estudo. Trata-se de
exceção à regra prevista no artigo 29 do CP.
• Consumação e tentativa:
Trata-se de crime formal. Portanto, a consumação ocorre com o ato de solicitar, receber
ou aceitar a promessa de vantagem indevida. A corrupção passiva consuma-se
instantaneamente, isto é, com a simples solicitação da vantagem indevida, recebimento desta
ou com a aceitação da mera promessa daquela.
O tipo penal não exige que o funcionário pratique ou se abstenha da prática do ato
funcional. Se isso suceder, haverá mero exaurimento do crime, o qual constitui condição de maior
punibilidade (causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 317).
A tentativa é de difícil ocorrência, mas não é impossível. Basta que haja um iter criminis a
ser cindido. Ex. solicitação feita por carta, a qual é interceptada pelo chefe de repartição.
• Causa de aumento de pena – Art. 317, § 1º:
Eleva-se em 1/3 a pena do agente que, em razão da vantagem recebida ou prometida,
efetivamente retarda (atrasa ou procrastina) ou deixa de praticar (não leva a efeito) ato de ofício
que lhe competia desempenhar ou termina praticando o ato, mas desrespeitando o dever
funcional. É o que a doutrina classifica de corrupção exaurida.
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Direito Penal
20) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Para satisfazer sentimento pessoal, já que tinha grande relação de amizade com Joana, Alan, na condição
de funcionário público, deixou de praticar ato de ofício em benefício da amiga. O supervisor de Alan,
todavia, identificou o ocorrido e praticou o ato que Alan havia omitido, informando os fatos em
procedimento administrativo próprio.
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Direito Penal
Após a conclusão do procedimento administrativo, o Ministério Público denunciou Alan pelo crime de
corrupção passiva consumado, destacando que a vantagem obtida poderia ser de qualquer natureza para
tipificação do delito.
Confirmados os fatos durante a instrução, caberá à defesa técnica de Alan pleitear sob o ponto de vista
técnico, no momento das alegações finais,
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Direito Penal
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Direito Penal
21) FGV - 2021 - OAB – 32º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Paulo e Júlia viajaram para Portugal, em novembro de 2019, em comemoração ao aniversário de um ano de
casamento. Na cidade de Lisboa, dentro do quarto do hotel, por ciúmes da esposa que teria olhado para terceira
pessoa durante o jantar, Paulo veio a agredi-la, causando-lhe lesões leves reconhecidas no laudo próprio. Com a
intervenção de funcionários do hotel que ouviram os gritos da vítima, Paulo acabou encaminhado para Delegacia,
sendo liberado mediante o pagamento de fiança e autorizado seu retorno ao Brasil. Paulo, na semana seguinte,
retornou para o Brasil, sem que houvesse qualquer ação penal em seu desfavor em Portugal, enquanto Júlia
permaneceu em Lisboa. Ciente de que o fato já era do conhecimento das autoridades brasileiras e preocupado com
sua situação jurídica no país, Paulo procura você, na condição de advogado(a), para obter sua orientação.
Considerando apenas as informações narradas, você, como advogado(a), deve esclarecer que a lei brasileira
A) não poderá ser aplicada, tendo em vista que houve prisão em flagrante em Portugal e em razão da vedação
do bis in idem.
B) poderá ser aplicada diante do retorno de Paulo ao Brasil, independentemente do retorno de Júlia e de sua
manifestação de vontade sobre o interesse de ver o autor responsabilizado criminalmente.
C) poderá ser aplicada, desde que Júlia retorne ao país e ofereça representação no prazo decadencial de seis
meses.
D) poderá ser aplicada, ainda que Paulo venha a ser denunciado e absolvido pela justiça de Portugal.
22) FGV - 2013 - OAB – 12º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro por uma avenida à beira-mar. No banco do carona
está sua noiva, Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana começam a discutir: a moça reclama da alta velocidade
empreendida. Assustada, Ivana grita com Wilson, dizendo que, se ele continuasse naquela velocidade, poderia
facilmente perder o controle do carro e atropelar alguém. Wilson, por sua vez, responde que Ivana deveria deixar
de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua profissão era ensinar os outros a dirigir, ninguém poderia ser
mais competente do que ele na condução de um veículo. Todavia, ao fazer uma curva, o automóvel derrapa na
areia trazida para o asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado e acaba ocorrendo o
atropelamento de uma pessoa que passava pelo local. A vítima do atropelamento falece instantaneamente. Wilson
e Ivana sofrem pequenas escoriações. Cumpre destacar que a perícia feita no local constatou excesso de
velocidade. Nesse sentido, com base no caso narrado, é correto afirmar que, em relação à vítima do atropelamento,
Wilson agiu com
A) dolo direto.
B) dolo eventual.
C) culpa consciente.
D) culpa inconsciente.
23) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Paulo foi condenado, com trânsito em julgado pela prática do crime de lesão corporal grave, à pena de 1 ano e oito
meses de reclusão, tendo o trânsito ocorrido em 14 de abril de 2016. Uma vez que preenchia os requisitos legais, o
magistrado houve, por bem, conceder a ele o benefício da suspensão condicional da pena pelo período de 2 anos.
Por ter cumprido todas as condições impostas, teve sua pena extinta em 18 de abril de 2018. No dia 15 de maio de
2021, Paulo foi preso pela prática do crime de roubo.
Diante do caso narrado, caso Paulo venha a ser condenado pela prática do crime de roubo, deverá ser considerado
A) reincidente, na medida em que, uma vez condenado com trânsito em julgado, o agente não recupera a
primariedade.
B) reincidente, em razão de não ter passado o prazo desde a extinção da pena pelo crime anterior.
C) primário, em razão de ter cumprido o prazo para a recuperação de primariedade.
D) primário, em razão de a reincidência exigir a prática do mesmo tipo penal, o que não ocorreu no caso de
Paulo.
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24) FGV - 2018 - OAB – 27° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Cátia procura você, na condição de advogado(a), para que esclareça as consequências jurídicas que poderão advir
do comportamento de seu filho, Marlon, pessoa primária e de bons antecedentes, que agrediu a ex-namorada ao
encontrá-la em um restaurante com um colega de trabalho, causando-lhe lesão corporal de natureza leve. Na
oportunidade, você, como advogado(a), deverá esclarecer que:
A) o início da ação penal depende de representação da vítima, que terá o prazo de seis meses da descoberta
da autoria para adotar as medidas cabíveis.
B) no caso de condenação, em razão de ser Marlon primário e de bons antecedentes, poderá a pena privativa
de liberdade ser substituída por restritiva de direitos.
C) em razão de o agressor e a vítima não estarem mais namorando quando ocorreu o fato, não será aplicada
a Lei nº 11.340/06, mas, ainda assim, não será possível a transação penal ou a suspensão condicional do
processo.
D) no caso de condenação, por ser Marlon primário e de bons antecedentes, mostra-se possível a aplicação
do sursis da pena.
25) FGV - 2019 - OAB – 28º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Fabrício cumpria pena em livramento condicional, em razão de condenação pela prática de crime de lesão corporal
grave. Em 10 de janeiro de 2018, quando restavam 06 meses de pena a serem cumpridos, ele descobre que foi
novamente condenado, definitivamente, por crime de furto que teria praticado antes dos fatos que justificaram sua
condenação pelo crime de lesão. A pena aplicada em razão da nova condenação foi de 02 anos e 06 meses de
pena privativa de liberdade em regime inicial semiaberto. Apesar disso, somente procura seu(sua) advogado(a) em
05 de agosto de 2018, esclarecendo o ocorrido. Ao consultar os autos do processo de execução, o(a) advogado(a)
verifica que, de fato, existe a nova condenação, mas que, até o momento, não houve revogação ou suspensão do
livramento condicional. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Fabrício, de acordo
com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, deverá esclarecer que
A) poderá haver a revogação do livramento condicional, tendo em vista que a nova condenação por crime
doloso, aplicada pena privativa de liberdade, é causa de revogação obrigatória do benefício.
B) não poderá haver a revogação do livramento condicional, tendo em vista que a nova condenação é apenas
prevista como causa de revogação facultativa do benefício e não houve suspensão durante o período de
prova.
C) não poderá haver a revogação do livramento condicional, tendo em vista que a nova condenação não é
prevista em lei como causa de revogação do livramento condicional, já que o fato que a justificou é anterior
àquele que gerou a condenação em que cumpre o benefício.
D) não poderá haver a revogação do livramento condicional, pois ultrapassado o período de prova, ainda que
a nova condenação seja prevista no Código Penal como causa de revogação obrigatória do benefício
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Direito Penal
8–B 9–D 10 – C 11 – D 12 – C 13 – D 14 – A
15 – D 16 – A 17 – B 18 – A 19 – C 20 – C 21 – B
22 – C 23 – C 24 – D 25 – D
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