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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

Curso de Direito
Profª. Ma. Simone Jaques de Azambuja Santiago
DIREITO PENAL I
TRABALHO – valendo 3,0 (três pontos), podendo ser realizado em dupla
Nome: Leonardo Demétrius Jimenez Januário
Nome: Adisson José Nascimento da Silva
I - Leia com atenção e marque a resposta correta:
1 - Suponha que uma lei penal temporária tenha atribuído a delito já existente na legislação uma
causa de aumento que se faria incidir caso o crime em questão fosse praticado no período que
referida lei temporária estivesse em vigor. Nesse sentido, suponha também que Caio tenha
infringido a lei nos termos descritos, ou seja, tenha praticado o delito na hipótese prevista pela lei
temporária. Suponha, igualmente, que, na data do julgamento de Caio, por conta da prática da
conduta penalmente descrita em análise, referida lei penal temporária não esteja mais em vigor.
Nessa situação, é correto afirmar que
a) Caio deverá responder com a incidência da causa de aumento prevista na lei penal temporária,
mesmo referida lei não estando mais em vigor.
b) como a lei penal temporária não está mais em vigor, não incide a causa de aumento nela prevista à
conduta de Caio.
c) como ocorreu a abolitio criminis em relação à causa de aumento prevista na lei penal temporária,
esta não se aplica a Caio.
d) o juiz poderá ou não aplicar a causa de aumento prevista na lei penal temporária, a depender se, na
situação concreta, for mais benéfico a Caio.
e) Caio deverá responder sempre com a pena mais grave possivel, não importa se a lei penal é
temporária ou não, como medida de justiça.

2 - Aos 30 minutos do dia de seu 18° aniversário, Tício comete crime de estupro, na modalidade
de violência presumida, ao manter conjunção carnal com sua namorada menor de 14 anos.
Diante desta situação, Tício:
a) é considerado imputável perante a lei penal, não importando a hora de seu nascimento.
b) será considerado inimputável perante a lei penal, caso tenha nascido em horário posterior ao
ocorrido.
c) não pode ser considerado inimputável perante a lei penal, eis que houve consenso da vítima.
d) pode ser considerado imputável perante a lei penal, desde que os pais de sua namorada assim
desejem.

3 - O Código Penal, em relação à aplicação da Lei Penal no tempo, determina a:


a) retroatividade da lei posterior mais benigna desde que o fato ainda não tenha transitado em julgado.
b) retroatividade irrestrita da lei posterior mais benigna.
c) retroatividade irrestrita apenas no caso de abolitio criminis.
d) irretroatividade para os fatos já transitados em julgado.
4 - O infrator que cumpriu pena no estrangeiro, ao ingressar no Brasil, estará sujeito à punição
pela lei nacional. No entanto, a pena cumprida no estrangeiro:
a) atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
idênticas.
b) atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando idênticas.
c) é computada a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas.
d) é computada na pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou é atenuada, quando
idênticas.

5 - Analise as afirmações abaixo e escolha a alternativa correta:


I – Lei Penal em branco é aquela que necessita de um complemento normativo.
II – Excluída uma droga da lista das substâncias proibidas, o crime de tráfico dessa droga deixa de ser
crime.
III – O juiz, ao analisar o caso concreto, pode completar a norma penal em branco de acordo com seu
discernimento.
a) as afirmações I e II estão corretas.
b) as afirmações I e III estão corretas.
c) as afirmações II e III estão corretas.
d) todas as afirmações estão corretas.

6 - Quais princípios exigem que a lei penal incriminadora seja editada antes da ocorrência do
fato criminoso?
a) da extra e da ultratividade condicional da lei penal.
b) da abolitio criminis e da espacialidade.
c) da lei anterior e da lei posterior benignas.
d) da legalidade e da anterioridade da lei penal.

7 - Assinale a assertiva verdadeira quanto ao lugar do crime nos crimes à distância:


a) considera-se lugar do crime o local onde ocorreu a ação ou omissão, desde que se possa considerá-lo
no todo, eis que não se pode verificar tal instituto em crimes de conduta fracionada.
b) embora a doutrina tenha proposto três teorias para equacionar os problemas desta ordem, a mais
aceita pelo legislador foi a teoria da ubiquidade, considerando lugar do crime o local onde ocorreu a
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu o resultado.
c) considera-se lugar do crime como sendo aquele em que se produziu o evento.
d) lugar do crime, conforme previsão do Código Penal, é aquele em que se iniciou a conduta, devendo-
se desconsiderar o resultado final, conforme a teoria da atividade, adotada pelo legislador.

8 - Para efeitos penais, o dia inicial do prazo de cumprimento da pena, caso tivesse recaído em
um domingo, não seria incluído no cálculo desse prazo, salvo se fosse comprovadamente
favorável ao condenado.
a) CERTO
b) ERRADO

9 - A respeito da contagem dos prazos penais, assinale a alternativa incorreta com base no


disposto no Código Penal:
a) Contam-se os anos pelo calendário comum.
b) prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
c) Os meses são contados pelo calendário comum.
d) dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
e) Os dias são contados pelo calendário comum.

10 - “Tício foi preso, em razão de mandado de prisão, proveniente de sentença condenatória


transitada em julgado, no feriado de 01 de maio de 2015, sexta-feira, às 23 horas e 33 minutos.”
A contagem do prazo de cumprimento da pena teve início
a) na segunda-feira, dia 04 de maio de 2015.
b) no sábado, dia 02 de maio de 2015.
c) na sexta-feira, dia 01 de maio de 2015.
d) na terça-feira, dia 05 de maio de 2015.

II – Conceitue, sucintamente, os princípios penais abaixo assinalados, citando exemplos, quando


possível:
1)Princípio da legalidade ou da reserva legal;
O princípio da legalidade ou reserva legal significa que a aplicação de sanções penais incriminadoras
está limitada à prévia e expressa determinação legal. Assim, só será possível punir um indivíduo pela
ofensa à lei penal se ela for precedida por norma que a incrimine.
É o princípio da legalidade, sem dúvida, o mais importante do Direito
Penal. Conforme se extrai do art. 1º do Código Penal, bem como do
inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal, não se fala da
existência de crime se não houver uma lei definindo-o como tal. (Aduz
Greco)
EXEMPLO: Desse modo, não pode um ato do Poder Judiciário prever um crime, pois, apesar de os
crimes serem julgados pelo Judiciário, não cabe a esse poder criar tipos penais, mas somente verificar
a existência de fatos e se esses fatos correspondem a tipos penais já existentes.
2)Princípio da proibição da analogia “in malan partem”;
Em caso de omissão do legislador quanto à determinada conduta, aplica-se a analogia, sendo que a
analogia in malam partem é aquela onde adota-se lei prejudicial ao réu, reguladora de caso semelhante.
Trata-se de medida com aplicação impossível no Direito Penal moderno, pois este é defensor do
Princípio da Reserva Legal, e ademais, lei que restringe direitos não admite-se analogia. Assim sendo,
não se admite a analogia in malam partem, isto é, para prejudicar o réu.
EXEMPLO: proibição da construção do tipo penal de assédio moral, por semelhança à situação do
assédio sexual, previsto no art. 216-A
3)Princípio da anterioridade da lei;
Decorrente da reserva legal, o princípio da anterioridade veda a responsabilização criminal dos
indivíduos por fatos praticados antes da entrada em vigor da lei penal que os define como crime e
preveja a respectiva sanção.
EXEMPLO: Um indivíduo comete um ato que ao ver de uma pessoa ou do Estado seja de alguma
forma prejudicial, todavia, esse ato não é crime se não estiver anteriormente instituído em uma lei.
4)Princípio da irretroatividade da lei penal;
Previsto no artigo 5º, XL, da CF, o princípio da irretroatividade estabelece que as leis penais mais
severas não retroagirão para prejudicar o réu. Sendo assim, sobrevindo lei que atribua pena mais grave
a determinado crime ou que tipifique determinada conduta, ela não será aplicada aos fatos anteriores à
sua vigência.
EXEMPLO: ‘’A’’ comete crime em tempo ‘’1’’ e com a vigência de lei ‘’%’’. ‘’A’’ é julgado em
tempo ‘’2’’ com lei ‘’%’’ mesmo que tenha sido promulgada lei ‘’$’’ no tempo de seu julgamento,
pois a lei ‘’$’’ é uma lei pior para esse réu.
5)Princípio da intervenção mínima;
De acordo com esse princípio, o Direito Penal é a ultima ratio. Isto é, o Estado só poderá se valer dele
quando os demais meios de controle social, ou os outros ramos do Direito, não forem suficientes para
solucionar eventuais conflitos sociais e garantir a convivência pacífica dos indivíduos.
O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio
da intervenção mínima. Com isto, quero dizer que o Direito Penal
somente deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens
jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves do ordenamento
jurídico são objeto de outros ramos do direito. (Muñoz Conde,
Francisco. Introducción al derecho penal, p. 59-60).
EXEMPLO: Direito Penal deixando de intervir em certos bens jurídicos prejudicados, pois entende
que esses não são de grande relevância para sua atuação.
6)Princípio da lesividade;
Também conhecido como princípio da ofensividade, determina que não existe crime sem lesão ou
risco concreto de lesão a um bem juridicamente tutelado. Portanto, uma conduta só pode ser
considerada crime quando viola ou apresenta um risco para um bem jurídico tutelado pelo Direito
Penal.
EXEMPLO: agressão física que gera uma lesão grave ou a direção de um automóvel em estado de
embriaguez - ambas condutas atingem o bem jurídico "vida".
7)Princípio da insignificância (caso da atipicidade);
O princípio da insignificância admite que algumas ofensas cometidas não são suficientemente capazes
de atingir o bem jurídico protegido pelo Direito Penal. Nesses casos a ofensa é tipicamente formal mas
não possui a gravidade necessária, tratando-se de um crime de bagatela, o qual não legitima a
intervenção penal. A conduta do agente só pode ser considerada insignificante se apresentar os
preceitos objetivos:
- Ofensa mínima no fato
- Inexistência de perigo social na conduta do agente
- Diminuto grau de desaprovação comportamental
- Insignificância da lesão provocada pelo agente
O princípio da insignificância leva em consideração requisitos subjetivos, em que os antecedentes do
autor são analisados. Se o agente apresentar antecedentes ruins, a interpretação que prevalece nos
tribunais é que o princípio não poderá ser aplicado.
EXEMPLO: O exemplo mais comum de aplicação do princípio da insignificância é na ocorrência de
furto famélico.
8)Princípio da culpabilidade;
É o princípio que cria restrição ao poder de punir. O agente será responsabilizado criminalmente
quando cometer infração. Cabe ao Direito Penal punir o autor imputável, que tenha a capacidade e a
consciência de reconhecer a ilicitude de seu comportamento, além disso, a responsabilidade penal
objetiva não é aceita, somente sendo punido o agente que praticou o fato com dolo ou culpa.
Significa que ninguém será penalmente punido, se não houver agido
com dolo ou culpa, dando mostras de que a responsabilização não será
objetiva, mas subjetiva (nullum crimen sine culpa). Trata-se de
conquista do direito penal moderno, voltado à ideia de que a liberdade é
a regra, sendo exceção a prisão ou a restrição de direitos. (Nucci)
EXEMPLO: Um indivíduo é coagido a praticar um ato criminoso em uma situação de vida ou morte.
9)Princípio da proporcionalidade da pena;
Trata-se da progressão do principio da individualização da pena, ajustando a pena ao agente e
impedindo que o Estado seja abusivo ao prescrever a punição. Dele especificam 3 subprincípios:
a) Adequação: para que a pena atinja seus objetivos, é necessária a adequação da pena para alcançar a
suficiência dos objetivos preteridos.
b) Necessidade: a pena só é executada em casos que se tem exigência concreta.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: os meios utilizados para o cumprimento da pena e a realização
dos objetivos, não deve desconsiderar as condições individuais do autor, não se tornando abusivo.
Portanto, m matéria penal, a exigência de proporcionalidade deve ser determinada no equilíbrio que
deve existir na relação entre crime e pena, ou seja, entre a gravidade do injusto penal e a pena aplicada.
EXEMPLO: Leis atuais com penas consideradas razoáveis para determinados crimes, diferentemente
das Ordenações Filipinas que tinham penas desproporcionais.
10)Princípio da humanidade;
Decorrente do movimento iluminista, notadamente a partir da obra de Beccaria, o princípio da
humanidade consiste em tratar o condenado como pessoa humana e foi consagrado expressamente na
Constituição da República, em vários preceitos, com especial destaque no art. 5.º, XLIX, que dispõe
que é “assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”.
O princípio da humanidade está estreitamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana, que
encontra nele seu fundamento substancial último. Tal princípio deve orientar toda ação estatal voltada
ao condenado, não só na feitura da lei e no âmbito do cumprimento efetivo da pena, como também na
aplicação da sanção administrativa e no resgate do condenado como pessoa humana.
EXEMPLO: Constituição Cidadã proíbe que existam penas de caráter perpétuo, de banimentos, cruéis,
de trabalhos forçados e de morte (salvo em caso de guerra declarada), devendo ser assegurado o
respeito e a integridade física e moral do preso.
11)Princípio da igualdade;
O princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, trata da igualdade material.
A isonomia assegura que todas as pessoas são iguais perante a lei considerando suas condições
diferentes.
EXEMPLO: No processo penal, as partes, acusação e defesa, devem ter as mesmas oportunidades de
fazer valer suas teses em juízo. O princípio da igualdade reflete-se aí na isonomia das partes, ou seja,
iguais oportunidades, sem deixar que a desigualdade técnica prejudique a defesa.
12)Princípio do “nem bis in idem” ou “non bis in idem”;
O princípio non bis in idem ou ne bis in idem significa que ninguém pode ser julgado mais do que uma
vez pela prática do mesmo crime.
Trata-se de um princípio de Direito Constitucional Penal que configura um direito subjetivo
fundamental, enunciado no n.º 5 do art.º 29.º da Constituição da República Portuguesa (CRP).
O princípio ne bis in idem não configura um direito absoluto. Ao nível do efeito negativo do caso
julgado existem exceções a esse suposto caráter absoluto. É o caso do nº 2 do art.º 79.º do Código
Penal, nos termos do qual: “se, depois de uma condenação transitada em julgado, for conhecida uma
conduta mais grave que integre a continuação, a pena que lhe for aplicada substitui a anterior”. Não
seria compreensível que situações incluídas na continuação da conduta punível (crimes continuados)
ficassem sem pena pela mera e eventual circunstância de não serem conhecidos ao tempo da
formulação da acusação.
EXEMPLO: Daqui resulta que um cidadão vê garantido o seu direito a não ser julgado mais de uma
vez pela prática do mesmo facto punível, defendendo-se contenciosamente contra atos públicos
violadores desse direito. Resulta, igualmente, que o legislador deve impedir a possibilidade de as
mesmas pessoas serem submetidas a mais do que um julgamento pelo mesmo facto.
13)Princípio da individualização da pena;
Por esse princípio, a pena deve ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório,
evitando-se a padronização da sanção penal. Para cada crime tem-se uma pena que varia de acordo
com a personalidade do agente, o meio de execução etc.
A pena não pode ser universal, padronizada a todos aqueles que cometeram determinado crime. Deve
ser adequada de forma individual, específica e detalhada diante de cada caso concreto, ou seja, o
princípio da individualização da pena vem para estabelecer que cada condenado deve cumprir sua pena
na medida em esta lhe for justa, levando-se em conta todo seu contexto e as circunstâncias da prática
do crime.
EXEMPLO: Tal princípio também implica que cada condenado deverá cumprir pena em
estabelecimento específico, com distinção de sexo, de acordo com o crime cometido.
14)Princípio da alteridade.
O princípio da alteridade também pode ser chamado de princípio da transcendência. Trata-se da
impossibilidade de uma pessoa ser o autor e a vítima de um mesmo crime, por isso nenhuma pessoa
pode ser responsabilizada penalmente por um ato que transgrida ela mesma.
EXEMPLO: Pode-se entender, sob certa perspectiva, que a condenação de tentativa de suicídio,
condenação de usuários de drogas afrontam o princípio da alteridade.

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