Você está na página 1de 12

Direito Penal [Resumo REGULAR]

Data da última atualização: 10.04.2023


Equipe Simula Provas

1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL


Os princípios do Direito Penal são extraídos da Constituição Federal. Eles servem como base
interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurídico brasileiro. Os
princípios do Direito Penal possuem força normativa, devendo ser respeitados, sob pena de
inconstitucionalidade da norma que os contrariar.

1. Princípio da legalidade

O princípio da legalidade está disposto no art. 5°, XXXIX da Constituição Federal:

Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal.

Este princípio determina que uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes de sua
prática não havia lei nesse sentido.

Exemplo
:
Pedro praticou adultério no dia 02/03/2023. No dia 03/03/2023 foi sancionada a lei que
proíbe a prática de adultério. Pedro não poderá sofrer nenhum tipo de punição, tendo em
vista que, no dia em praticou a conduta, ainda não existia nenhuma lei vigente
criminalizando tal prática.

Assim, segundo a doutrina, o princípio da legalidade tem quatro funções fundamentais:

Proibir a retroatividade da lei penal Principio da Anterioridade ou


da Irretroatividade da lei
(nullum crimen nulla poena sine lege praevia) Penal)

A lei penal tem que ser escrita


Proibir a criação de crimes e penas pelo costume
(nullum crimen nulla poena sine lege scripta)
Princípio da (Principio da Reserva legal
LEGALIDADE
Proibir o emprego de analogia para criar crimes,
fundamentar ou agravar penas Proibição da analogia in
mallam partem
(nullum crimen nulla poena sine lege stricta)

Proibir incriminações vagas e indeterminadas


(Princípio da Taxatividade)
(nullum crimen nulla poena sine lege certa)

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 1 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

O princípio da legalidade se divide em dois outros princípios: Reserva Legal e Anterioridade da


Lei Penal.

Somente lei em sentido estrito (Leis


editadas pelo o Poder Legislativo) pode
definir crimes e cominar penas.
RESERVA LEGAL

Medidas provisórias, Decretos e demais


PRINCÍPIO DA diplomas legislativos NÃO PODEM.
LEGALIDADE

ANTERIORIDADE A lei deve ser anterior ao fato, ou seja,


DA LEI PENAL anterior à pratica da conduta.

1.1 - Princípio da Reserva Legal

A reserva legal determina que somente a lei em sentido formal pode descrever condutas
criminosas e é vedado ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas
legislativas para incriminar condutas.

Assim, em decorrência do princípio da reserva legal, a Medida Provisória não pode criar crimes e
cominar penas!

O STF entende que é admissível que Medida Provisória verse sobre normas
penais não incriminadoras [que beneficie o réu) (RE 254.818 – PR).

Ex.: criação de hipótese de extinção da punibilidade.

1.2 - Princípio da Anterioridade da lei penal ou irretroatividade da lei penal


Este princípio encontra-se previsto no art. 5º, XL da Constituição Federal e visa proibir a
retroatividade maléfica [prejudicial] da lei penal.

Art. 5º (...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Em regra, quanto à aplicação da lei penal no tempo, vigora o princípio da irretroatividade,


ou seja, a lei penal não poderá retroagir, salvo em situações que ela beneficia o réu, estabelecendo
uma sanção menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta como criminosa.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 2 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

Nesse situações, haverá retroatividade da lei penal, pois ela alcançará fatos ocorridos antes de
sua vigência.

EXEMPLO:

João foi condenado a cinco anos de prisão pela prática de determinado crime “X”, fato ocorrido
em 01/05/2010. Se uma lei for editada posteriormente, estabelecendo que a pena para este crime
será de seis MESES, essa lei é favorável a João, devendo ser aplicada ao seu caso, mesmo que já tenha
sido condenado. Logo, ele não irá cumprir a pena de cinco anos, e sim a de seis meses.

1.3 - Princípio da taxatividade


O Princípio da taxatividade determina que a lei penal deve ser fácil entendimento, clara,
precisa, para que qualquer cidadão possa entendê-la, sendo vedado o uso de termos vagos e
imprecisos.

Assim, a lei deve ser taxativa e impondo-se ao Poder Legislativo, na elaboração das leis, que redija
tipos penais com a máxima precisão possível de seus elementos.

Desdobramento do princípio da legalidade, o princípio da taxatividade


impede a edição de tipos penais genéricos e indeterminados.

Assim, são subprincípio [Desdobramento] do princípio da legalidade

Reserva legal

LEGALIDADE Anterioridade

Taxatividade

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 3 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

2 – Princípio da Individualização da pena

A Constituição Federal, em seu art. 5º, incisos XLVI e XLVIII, determina que:

Art. 5º (...) XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre


outras, as seguintes: [...]
(...) XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo
com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

A individualização da pena é feita em três fases distintas: Legislativa, judicial e


administrativa.

Cominação de punições e o estabelecimento de


FASE LEGISLATIVA
penas mínimas e máximas.

INDIVIDUALIZAÇÃO Análise, pelo juiz, das circunstâncias do crime,


FASE JUDICIAL
dos antecedentes do réu, etc.
DA PENA
Progressão de regime, concessão de saídas
FASE eventuais do local de cumprimento da pena e
ADMINISTRATIVA outras, serão decididas pelo Juiz da execução
penal, também de forma individual.

3 – Princípio da intranscendência da pena

Esse princípio determina que a pena não pode ultrapassar a pessoa do infrator. Veja o que diz o
art. 5º, XLV da Constituição Federal:

Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a


obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
limite do valor do patrimônio transferido;

Exemplo
:
Se Maria comete o crime de homicídio e morre em seguida, o Estado não poderá mais
punir em razão do crime praticado, tendo em vista que a morte do infrator é uma das
causas de extinção da punibilidade do Estado.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 4 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

No entanto, conforme estabelece a segunda parte do art. 5º, XLV, nada impede que os sucessores
do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato.

Exemplo:

João matou Ricardo (Crime de homicídio – art. 121 CP). João foi condenado a 13 anos
de prisão. Já na esfera cível, foi condenado ao pagamento de R$ 50.000,00 à título de
indenização aos filhos de Ricardo. No decorrer da execução da pena criminal, João veio a
óbito. Logo, estará extinta a pena privativa de liberdade, devido a morte de João.
Entretanto, a obrigação de reparar o dano poderá ser repassada aos herdeiros, até o limite
do patrimônio deixado pelo infrator falecido. Portanto, caso João tenha deixado um
patrimônio de R$ 40.000,00 para os filhos, esse é o limite ao qual os herdeiros estão
obrigados a pagar. Se, porventura, João deixou um patrimônio de R$ 80.000,00, poderá ser
debitado desse valor os R$ 50.000,00 que João foi condenado a pagar aos filhos de Ricardo.

Vale ressaltar que a multa é diferente de “obrigação de reparar o dano”. A multa é uma espécie
de pena, ou seja, não pode ser executada em face dos herdeiros.

4 - Princípio da limitação das penas ou da humanidade

Alguns tipos de pena são proibidos pela nossa Constituição Federal. Veja o que ela determina em seu
art. 5º, XLVII:

Art. 5º (...) XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Em decisão recente (2021), a 5ª turma do STJ entendeu que a pena cumprida


em condição indigna deve ser contada em dobro, em obediência ao princípio
da dignidade da pessoa humana e humanidade da pena.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 5 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

5. Princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade


De acordo com esse princípio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada antes do
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Conforme o art. 5º, LVII da Constituição
Federal:

Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em


julgado de sentença penal condenatória;

O trânsito em julgado ocorrerá quando não couber mais recurso em determinada causa.
Segundo o art. 6.º, parágrafo 3.º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Chama-se
coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”. Logo, enquanto não
houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado
culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação.

Cuidado em relação à decretação de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do


processo). Não temos nessa situação uma ofensa a presunção de inocência, tendo em vista que,
nesse caso, não se trata de uma prisão como cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar,
ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença
condenatória seja cumprida.

Exemplo
Imagine que um determinado réu tirou o passaporte recentemente (dando “pistas” que
vai fugir), se o Juiz decretar sua prisão preventiva, ele não o fará por considerá-lo culpado,
mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena.

Importante destacar que segundo o STF a prisão para execução da pena só


poderá ser determinada após o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória; porém, havendo necessidade e fundamentação, a segregação
cautelar poderá ser determinada a qualquer momento, mesmo antes da prolação
de sentença ou do julgamento do recurso em segunda instância

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 6 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

6 – Princípio da Ofensividade / Lesividade

O princípio da ofensividade ou Lesividade determina que só podem ser punidas as ações que
coloquem em perigo ou lesionem, de maneira grave, qualquer um dos bens jurídicos que o Direito
Penal protege e não por mero enquadramento legal ou vontade legislativa

Exemplo
:
Imagine uma lei que criminalize a conduta de beijar na rua. Perceba que essa conduta
não ofende, de maneira significativa, nenhum bem jurídico relevante para a sociedade.
Logo, ela não pode ser validamente criminalizada, sob pena de violação ao princípio da
ofensividade

7 – Princípio da alteridade

De acordo com esse princípio, o Direito Penal não pune a autolesão. Desse modo, quem se
lesionar fisicamente não pratica o crime de lesões corporais (ninguém pode ser punido por causar
mal apenas a si próprio), assim como veda a incriminação de conduta meramente subjetiva ou que
não ofenda a nenhum bem jurídico.

Exemplo
A tentativa de suicídio ou a autolesão não serão considerados crimes se não provocarem
outros danos materiais a terceiros e se não houver intenção de fraude contra seguradora.

8 – Princípio da adequação social

As Condutas historicamente aceitas e consideradas adequadas pela


sociedade em tese não merecem intervenção penal punitiva, não sendo
abrangidas pelos tipos penais.

O Direito penal, assim como qualquer outro ramo do Direito, precisa se adequar conforme os
costumes da sociedade, assim, embora uma conduta seja tipificada como criminosa, quando ela não
for capaz de afrontar o sentimento social de justiça, ela não será considera crime.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 7 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

Assim, este princípio funciona como causa supralegal de EXCLUSÃO DA TIPICIDADE pela ausência
da tipicidade material, não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora
tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de Justiça.

Exemplo
:
Há alguns anos o crime de adultério foi revogado. No entanto, antes de sua revogação,
a sociedade já não entendia mais o adultério como um fato criminoso. Desse modo, o Juiz
poderia absolver alguém pela prática do crime de adultério, ainda que, na época, a conduta
tivesse status de crime.

Conforme entendimento do STJ, não se aplica o princípio da adequação social


para o crime de venda de CDs e DVDs PIRATAS.

9 – Princípio da subsidiariedade do direito penal


O direito penal deve ser aplicado de forma subsidiária, somente quando outros ramos do
direito e outras medidas de controle social se mostrarem ineficazes para a proteção de valores
essenciais à sociedade, como a vida, a liberdade, a integridade física e a propriedade. Em outras
palavras, deverá ser utilizado apenas quando os demais ramos do Direito não puderem tutelar
satisfatoriamente o bem jurídico que se busca proteger.

10 – Princípio da intervenção mínima (ou Ultima Ratio)

Esse princípio estabelece que o direito penal deve ser a última opção a ser utilizada pelo
Estado na resolução de conflitos e na proteção de bens jurídicos fundamentais. Isso significa
que outras medidas de controle social devem ser adotadas antes da aplicação do direito penal, como
a educação, a prevenção, a mediação de conflitos e a aplicação de sanções administrativas e civis.

O objetivo do princípio da ultima ratio é evitar a criminalização excessiva de condutas e a


utilização abusiva do poder punitivo do Estado, garantindo a proteção dos direitos fundamentais dos
cidadãos.

Só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem


suficientes; o Direito Penal deve ser concebido como a última opção, para ser
usado somente quando estritamente necessário

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 8 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

11 – Princípio do ne bis in idem

O princípio do ne bis in idem, também conhecido como princípio da vedação à dupla punição ou
dupla persecução penal, estabelece que uma pessoa não pode ser punida duas vezes pelo mesmo
fato. Isso significa que uma vez que uma pessoa foi julgada e condenada ou absolvida por
determinada conduta, ela não poderá ser novamente processada ou condenada pela mesma conduta,
seja na esfera penal, civil ou administrativa. Esse princípio tem como objetivo garantir a segurança
jurídica, evitando a violação do direito ao duplo grau de jurisdição e a possibilidade de punições
arbitrárias.

Exemplo
:
Um exemplo prático seria o caso de uma pessoa que é acusada e julgada por furto de um
objeto. Caso seja condenada, ela não poderá ser novamente processada ou condenada
pelo mesmo furto em outras esferas, como a civil ou a administrativa, garantindo assim que
não haja uma dupla punição pelo mesmo fato.

O princípio do ne bis in idem estabelece que uma pessoa não pode ser processada
duas vezes pelo mesmo fato, quando já houve uma decisão final que produziu efeito
imutável, ou seja, quando a decisão já se tornou definitiva e não pode mais ser
modificada (condenação, absolvição, extinção da punibilidade, etc.). Porém, quando a
decisão não produz efeito imutável, é possível que haja um novo processo, como no caso
da extinção do processo pela rejeição da denúncia, em razão do descumprimento de uma
formalidade processual.

O princípio da vedação à dupla punição proíbe que um mesmo fato, condição ou circunstância
seja levado em conta duas vezes para a fixação da pena. Isso significa que a mesma circunstância não
pode ser usada como qualificadora e agravante, evitando assim uma punição excessiva.

Exemplo
:
Gabriel foi julgado e condenado pelo crime de homicídio qualificado pelo motivo
torpe. Na fase de fixação da pena, o juiz decidiu aplicar a agravante genérica prevista no
artigo 61, inciso II, letra a, do Código Penal, que é aplicável quando o crime é praticado por
motivo torpe. No entanto, a circunstância do motivo torpe já havia sido considerada como
qualificadora, o que tornou a pena mais severa. Portanto, essa circunstância não pode ser
novamente utilizada como agravante no mesmo caso. Isso ocorre porque, ao fazê-lo, o
agente seria punido duas vezes pela mesma circunstância, o que viola o princípio do ne bis
in idem, que impede a dupla punição pelo mesmo fato.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 9 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

12 – Princípio da proporcionalidade

O princípio da proporcionalidade no direito penal exige que a pena imposta pelo Estado seja
adequada e proporcional à gravidade da conduta criminosa. A pena deve ser justa, suficiente e
não excessiva, e deve ser aplicada de forma individualizada, levando em conta as circunstâncias do
caso concreto.

13 – Princípio da insignificância (ou bagatela)

O princípio da insignificância, também conhecido como princípio da bagatela, determina que


condutas de mínima ofensividade e sem lesão relevante ao bem jurídico tutelado não devem
ser consideradas crime. Isso significa que a punição penal deve ser reservada apenas para os casos
que apresentem real lesão ou perigo concreto para o bem jurídico protegido.

Exemplo:

João subtrai para si um pacote de bolachas no valor de R$ 10,00 de um grande


supermercado e o fato se encaixa formalmente no art. 155 do Código Penal. Em virtude da
inexpressividade da lesão causada ao patrimônio da vítima e pelo desvalor da conduta,
incide o princípio da insignificância que tem sido aceito pela doutrina e por algumas
decisões judiciais como excludente de tipicidade material.

Segundo o STF, os requisitos OBJETIVOS para a aplicação deste princípio são:

Mínima ofensividade da conduta;

Ausência /periculosidade social da ação;


Requisitos do princípio
da insignificância

Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

Inexpressividade da lesão jurídica.

O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria


tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua
aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da
pena ou não sua não aplicação

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 10 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

A jurisprudência estabeleceu o entendimento de que o princípio da insignificância NÃO PODE


SER APLICADO a certos delitos, são eles:

➢ Moeda falsa
➢ Tráfico de drogas;
➢ Crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher;
➢ Contrabando (há decisões autorizando a aplicação no caso de importação ilegal de
pouca quantidade de medicamento para uso próprio);

NATUREZA JURIDICA Excludente de tipicidade Material

Moeda falsa
Princípio da
insignificância
Tráfico de drogas;
NÃO PODE SER
APLICADO Crimes que envolvam violência doméstica e
familiar contra a mulher;

Contrabando

Tanto o STJ quanto o STF entendem que a reincidência não impede a


aplicação do princípio da insignificância. O STJ considera que a reincidência
pode ser levada em conta para fins de dosimetria da pena, mas não para
afastar a aplicação do princípio. Já o STF entende que a reincidência não
pode ser utilizada para afastar a aplicação do princípio da insignificância,
por se tratar de uma circunstância personalíssima do agente e não estar
relacionada com a irrelevância material do objeto do crime.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 11 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br
Direito Penal [Resumo REGULAR]
Data da última atualização: 10.04.2023
Equipe Simula Provas

14.princípio da fragmentariedade
O princípio da fragmentariedade estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações
penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o
progresso do ser humano e da sociedade, de modo que só deve ser acionado quando outros ramos
do Direito não sejam suficientes para a proteção dos bens jurídicos envolvidos.

Somente os bens jurídicos mais relevantes para a sociedade devem ser


tutelados [Protegidos] pelo direito penal, sem levar em consideração valores
exclusivamente morais ou ideológicos.

Direito Penal p/ (Carreiras Policiais) – 2023 12 de 12


Acesse: www.simulaprovas.com.br

Você também pode gostar