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1. Princípio da legalidade
Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal.
Este princípio determina que uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes de sua
prática não havia lei nesse sentido.
Exemplo
:
Pedro praticou adultério no dia 02/03/2023. No dia 03/03/2023 foi sancionada a lei que
proíbe a prática de adultério. Pedro não poderá sofrer nenhum tipo de punição, tendo em
vista que, no dia em praticou a conduta, ainda não existia nenhuma lei vigente
criminalizando tal prática.
A reserva legal determina que somente a lei em sentido formal pode descrever condutas
criminosas e é vedado ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas
legislativas para incriminar condutas.
Assim, em decorrência do princípio da reserva legal, a Medida Provisória não pode criar crimes e
cominar penas!
O STF entende que é admissível que Medida Provisória verse sobre normas
penais não incriminadoras [que beneficie o réu) (RE 254.818 – PR).
Art. 5º (...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Nesse situações, haverá retroatividade da lei penal, pois ela alcançará fatos ocorridos antes de
sua vigência.
EXEMPLO:
João foi condenado a cinco anos de prisão pela prática de determinado crime “X”, fato ocorrido
em 01/05/2010. Se uma lei for editada posteriormente, estabelecendo que a pena para este crime
será de seis MESES, essa lei é favorável a João, devendo ser aplicada ao seu caso, mesmo que já tenha
sido condenado. Logo, ele não irá cumprir a pena de cinco anos, e sim a de seis meses.
Assim, a lei deve ser taxativa e impondo-se ao Poder Legislativo, na elaboração das leis, que redija
tipos penais com a máxima precisão possível de seus elementos.
Reserva legal
LEGALIDADE Anterioridade
Taxatividade
A Constituição Federal, em seu art. 5º, incisos XLVI e XLVIII, determina que:
Esse princípio determina que a pena não pode ultrapassar a pessoa do infrator. Veja o que diz o
art. 5º, XLV da Constituição Federal:
Exemplo
:
Se Maria comete o crime de homicídio e morre em seguida, o Estado não poderá mais
punir em razão do crime praticado, tendo em vista que a morte do infrator é uma das
causas de extinção da punibilidade do Estado.
No entanto, conforme estabelece a segunda parte do art. 5º, XLV, nada impede que os sucessores
do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato.
Exemplo:
João matou Ricardo (Crime de homicídio – art. 121 CP). João foi condenado a 13 anos
de prisão. Já na esfera cível, foi condenado ao pagamento de R$ 50.000,00 à título de
indenização aos filhos de Ricardo. No decorrer da execução da pena criminal, João veio a
óbito. Logo, estará extinta a pena privativa de liberdade, devido a morte de João.
Entretanto, a obrigação de reparar o dano poderá ser repassada aos herdeiros, até o limite
do patrimônio deixado pelo infrator falecido. Portanto, caso João tenha deixado um
patrimônio de R$ 40.000,00 para os filhos, esse é o limite ao qual os herdeiros estão
obrigados a pagar. Se, porventura, João deixou um patrimônio de R$ 80.000,00, poderá ser
debitado desse valor os R$ 50.000,00 que João foi condenado a pagar aos filhos de Ricardo.
Vale ressaltar que a multa é diferente de “obrigação de reparar o dano”. A multa é uma espécie
de pena, ou seja, não pode ser executada em face dos herdeiros.
Alguns tipos de pena são proibidos pela nossa Constituição Federal. Veja o que ela determina em seu
art. 5º, XLVII:
O trânsito em julgado ocorrerá quando não couber mais recurso em determinada causa.
Segundo o art. 6.º, parágrafo 3.º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Chama-se
coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”. Logo, enquanto não
houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado
culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação.
Exemplo
Imagine que um determinado réu tirou o passaporte recentemente (dando “pistas” que
vai fugir), se o Juiz decretar sua prisão preventiva, ele não o fará por considerá-lo culpado,
mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena.
O princípio da ofensividade ou Lesividade determina que só podem ser punidas as ações que
coloquem em perigo ou lesionem, de maneira grave, qualquer um dos bens jurídicos que o Direito
Penal protege e não por mero enquadramento legal ou vontade legislativa
Exemplo
:
Imagine uma lei que criminalize a conduta de beijar na rua. Perceba que essa conduta
não ofende, de maneira significativa, nenhum bem jurídico relevante para a sociedade.
Logo, ela não pode ser validamente criminalizada, sob pena de violação ao princípio da
ofensividade
7 – Princípio da alteridade
De acordo com esse princípio, o Direito Penal não pune a autolesão. Desse modo, quem se
lesionar fisicamente não pratica o crime de lesões corporais (ninguém pode ser punido por causar
mal apenas a si próprio), assim como veda a incriminação de conduta meramente subjetiva ou que
não ofenda a nenhum bem jurídico.
Exemplo
A tentativa de suicídio ou a autolesão não serão considerados crimes se não provocarem
outros danos materiais a terceiros e se não houver intenção de fraude contra seguradora.
O Direito penal, assim como qualquer outro ramo do Direito, precisa se adequar conforme os
costumes da sociedade, assim, embora uma conduta seja tipificada como criminosa, quando ela não
for capaz de afrontar o sentimento social de justiça, ela não será considera crime.
Assim, este princípio funciona como causa supralegal de EXCLUSÃO DA TIPICIDADE pela ausência
da tipicidade material, não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora
tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de Justiça.
Exemplo
:
Há alguns anos o crime de adultério foi revogado. No entanto, antes de sua revogação,
a sociedade já não entendia mais o adultério como um fato criminoso. Desse modo, o Juiz
poderia absolver alguém pela prática do crime de adultério, ainda que, na época, a conduta
tivesse status de crime.
Esse princípio estabelece que o direito penal deve ser a última opção a ser utilizada pelo
Estado na resolução de conflitos e na proteção de bens jurídicos fundamentais. Isso significa
que outras medidas de controle social devem ser adotadas antes da aplicação do direito penal, como
a educação, a prevenção, a mediação de conflitos e a aplicação de sanções administrativas e civis.
O princípio do ne bis in idem, também conhecido como princípio da vedação à dupla punição ou
dupla persecução penal, estabelece que uma pessoa não pode ser punida duas vezes pelo mesmo
fato. Isso significa que uma vez que uma pessoa foi julgada e condenada ou absolvida por
determinada conduta, ela não poderá ser novamente processada ou condenada pela mesma conduta,
seja na esfera penal, civil ou administrativa. Esse princípio tem como objetivo garantir a segurança
jurídica, evitando a violação do direito ao duplo grau de jurisdição e a possibilidade de punições
arbitrárias.
Exemplo
:
Um exemplo prático seria o caso de uma pessoa que é acusada e julgada por furto de um
objeto. Caso seja condenada, ela não poderá ser novamente processada ou condenada
pelo mesmo furto em outras esferas, como a civil ou a administrativa, garantindo assim que
não haja uma dupla punição pelo mesmo fato.
O princípio do ne bis in idem estabelece que uma pessoa não pode ser processada
duas vezes pelo mesmo fato, quando já houve uma decisão final que produziu efeito
imutável, ou seja, quando a decisão já se tornou definitiva e não pode mais ser
modificada (condenação, absolvição, extinção da punibilidade, etc.). Porém, quando a
decisão não produz efeito imutável, é possível que haja um novo processo, como no caso
da extinção do processo pela rejeição da denúncia, em razão do descumprimento de uma
formalidade processual.
O princípio da vedação à dupla punição proíbe que um mesmo fato, condição ou circunstância
seja levado em conta duas vezes para a fixação da pena. Isso significa que a mesma circunstância não
pode ser usada como qualificadora e agravante, evitando assim uma punição excessiva.
Exemplo
:
Gabriel foi julgado e condenado pelo crime de homicídio qualificado pelo motivo
torpe. Na fase de fixação da pena, o juiz decidiu aplicar a agravante genérica prevista no
artigo 61, inciso II, letra a, do Código Penal, que é aplicável quando o crime é praticado por
motivo torpe. No entanto, a circunstância do motivo torpe já havia sido considerada como
qualificadora, o que tornou a pena mais severa. Portanto, essa circunstância não pode ser
novamente utilizada como agravante no mesmo caso. Isso ocorre porque, ao fazê-lo, o
agente seria punido duas vezes pela mesma circunstância, o que viola o princípio do ne bis
in idem, que impede a dupla punição pelo mesmo fato.
12 – Princípio da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade no direito penal exige que a pena imposta pelo Estado seja
adequada e proporcional à gravidade da conduta criminosa. A pena deve ser justa, suficiente e
não excessiva, e deve ser aplicada de forma individualizada, levando em conta as circunstâncias do
caso concreto.
Exemplo:
➢ Moeda falsa
➢ Tráfico de drogas;
➢ Crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher;
➢ Contrabando (há decisões autorizando a aplicação no caso de importação ilegal de
pouca quantidade de medicamento para uso próprio);
Moeda falsa
Princípio da
insignificância
Tráfico de drogas;
NÃO PODE SER
APLICADO Crimes que envolvam violência doméstica e
familiar contra a mulher;
Contrabando
14.princípio da fragmentariedade
O princípio da fragmentariedade estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações
penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o
progresso do ser humano e da sociedade, de modo que só deve ser acionado quando outros ramos
do Direito não sejam suficientes para a proteção dos bens jurídicos envolvidos.