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Prof.

Saymer
Souza

MATERIAL 1
Passaremos a expor as funções do referido
PARTE GERAL princípio.
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL LEX PRAEVIA (LEI PRÉVIA) – PRINCÍPIO DA
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) LEGALIDADE PENAL
Anterioridade da Lei Trata-se do princípio da anterioridade em matéria
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o penal.
defina. Não há pena sem prévia cominação Assim, é proibida a aplicação da lei penal
legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de incriminadora a fatos praticados antes de sua
11.7.1984) vigência.
Lei penal no tempo Com isso, veda-se que alguém seja punido por fato
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que que, ao tempo da ação ou da omissão, era
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em considerado um indiferente penal, ante a inexistência
virtude dela a execução e os efeitos penais da de lei penal incriminando-o.
sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº Destaca-se que, de forma excepcional, admite-se
7.209, de 11.7.1984) a retroatividade da norma penal, desde que para
Parágrafo único - A lei posterior, que de beneficiar o agente.
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença LEX SCRIPTA(A LEI ESCRITA) – PRINCÍPIO DA
condenatória transitada em julgado. (Redação dada LEGALIDADE PENAL
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) É vedado o costume incriminador.
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Como somente a lei pode criar crimes e penas, é
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) proibido o uso do direito consuetudinário para
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, fundamentar a punição do agente.
embora decorrido o período de sua duração ou Assim, mesmo que tratados e convenções
cessadas as circunstâncias que a determinaram, internacionais contenham mandados de
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. criminalização, é vedado utilizar o costume
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) internacional para criminalizar ou agravar penas.
Somente a edição de lei formal é apta a
Explicação: criminalizar condutas no âmbito interno.

Artigo 1º - 1ª parte: Não há crime sem lei anterior LEX STRICTA(LEI ESTRITA) – PRINCÍPIO DA
que o defina. (corresponde ao princípio da LEGALIDADE PENAL
anterioridade da lei). O princípio da Além disso, o princípio da legalidade proíbe o uso
da analogia in malam partem no âmbito penal.
legalidade impõe que uma ação ou omissão só
Assim, se o fato não tiver sido expressamente
poderá ser considerada crime, se houver uma lei
previsto pelo legislador, não cabe ao intérprete
definindo aquela conduta como crime antes de ela
utilizar a analogia em prejuízo do agente.
ser praticada.
Nesse sentido, posiciona-se o STJ:
A jurisprudência desta Corte não admite a imposição
2ª parte: Não há pena sem prévia cominação legal.
de multa por litigância de má-fé na seara penal, por
(corresponde ao principio da reserva legal.)
considerar que sua aplicação constitui analogia in
O princípio da reserva legal é um preceito
malam partem, sem contar que a imposição de tal
fundamental do direito que determina que nenhuma
multa não prevista expressamente no
conduta pode ser considerada crime ou passível de
Processo Penal, implicaria em prejuízo para o réu na
pena sem que haja uma lei prévia que a defina desta
medida em que inibiria a atuação do defensor.
forma.
Precedentes” (AgRg nos EDcl nos EAREsp
O Princípio da Reserva Legal ou princípio da 316.129/SC, j. 25/05/2016)
Legalidade Penal determina que só será considerada Destaca-se, entretanto, que a analogia in bonam
como Infração penal a conduta prevista como tal na partem é permitida no Direito Penal.
Lei. Se determinada conduta praticada pelo agente
não estiver prevista como ilegal pela Lei, ela LEX CERTA(A LEI É CERTA) – PRINCÍPIO DA
necessariamente será lícita, livre e impunível por LEGALIDADE PENAL
parte do Estado. Trata-se do princípio da taxatividade em matéria
penal.
Difere do Princípio da Legalidade convencional, o
O tipo penal deve ser claro e preciso, a fim de que
qual define como lícita e impunível qualquer conduta
seja de fácil entendimento pela população.
não proibida em Lei, princípio de caráter libertário,
Assim, é vedada a criação de tipos penais vagos e
enquanto o Princípio da Reserva Legal objetiva
imprecisos.
limitar o poder de processar e punir
Nas lições de Paulo de Souza Queiroz(Direito Penal
indiscriminadamente os cidadãos.
– Introdução crítica, p. 23-24):
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“O princípio da reserva legal implica a máxima crime. Nessa situação, não há a retroatividade da
determinação e taxatividade dos tipos penais, lei penal, uma vez que ela não é benéfica ao agente,
impondo-se ao Poder Legislativo, na elaboração das ou seja, ela apenas produzirá efeitos a partir de sua
leis, que redija tipos penais com a máxima precisão entrada em vigor.
de seus elementos, bem como ao Judiciário que as Por exemplo, se uma lei que considera o consumo
interprete restritivamente, de modo a preservar a de laranjas como crime entrar em vigor em
efetividade do princípio.” 10/01/2021, apenas as pessoas que comerem
laranjas a partir dessa data serão penalizadas, sendo
Art. 2º que aquelas que comeram essa fruta antes dessa
Lei penal no Tempo data não poderão ser enquadradas nessa lei.
Novatio Legis in Pejus (Lex Gravior – Lei Nova mais
De acordo com o princípio da legalidade do Direito Severa)
Penal, os crimes e as penas apenas podem Essa situação é quando uma lei estabelece
ser definidos por meio de lei. uma situação mais gravosa ao réu em algum delito
A Lei Penal, assim como qualquer outra lei, é já existente.
inserida no mundo jurídico em um determinado Por exemplo, vamos supor que uma lei altere a pena
momento e permanece em vigor até a sua máxima do crime de homicídio simples de 20 anos
revogação, regulando todos os fatos para 30 anos de reclusão. Assim, houve uma
praticados nesse período. alteração em um crime que já existe, agravando a
Conflitos de Leis Penais no Tempo situação do acusado.
Como o ser humano está em constante evolução, Nesses casos, não há a retroatividade
sempre está havendo mudanças sobre prejudicial da nova lei penal, sendo que apenas
quais condutas são consideradas como crime. aqueles que cometeram o delito depois da entrada
Alguns crimes são criados e outros são extintos, em vigor da nova lei poderão sofrer as
sempre por meio de leis. consequências dessa nova regra legal.
Porém, durante esse processo de mudança, há Novatio legis in Mellius (Lex Mitior – Lei Nova mais
algumas situações em que essas leis penais Benéfica)
entram em conflito, gerando diferentes Esse é o oposto à situação acima, em que uma nova
consequências para cada tipo de cenário. Há 4 tipos lei beneficia o agente em um delito existente.
de conflitos da lei penal: Nesse caso, supomos que o crime de homicídio
 Abolitio Criminis; simples terá agora uma redução da pena
 Novatio Legis Incriminadora (Lei Nova máxima de 20 anos para 15 anos de reclusão.
Incriminadora); Diferentemente do Novatio Legis in
 Novatio Legis in Pejus (Lex Gravior – Lei Nova Pejus(Inovação da Lei para Pior), no Novatio legis
mais Severa); in Mellius haverá a retroatividade da lei, sendo
 Novatio legis in Mellius (Lex Mitior – Lei Nova aplicada a situações ocorridas antes da nova lei mais
mais Benéfica). benéfica ao acusado. Assim, mesmo que um
Abolitio Criminis criminoso tenha praticado um homicídio simples
A abolitio criminis é a situação de abolição de um antes da vigência da nova lei, no caso da situação
crime, ou seja, é quando uma conduta deixa de ser hipotética acima, o máximo que ele poderá cumprir
considerada como um crime, através da revogação de pena será 15 anos de reclusão e não mais 20
de uma lei penal incriminadora por outra lei. anos.
Um exemplo é o já extinto crime de adultério, que
deixou de ser considerado conduta delituosa em PARA FIXAR:
2005. Isso mesmo pessoal, até o ano de 2005, o A Lei Penal:
parceiro que cometesse infidelidade conjugal estaria RETROAGE nos casos benéficos ao
sujeito à pena de 15 dias a 6 meses de detenção. acusado: Abolitio Criminis e Novatio Legis in Mellius;
Quando ocorre o abolitio criminis, há
a retroatividade benéfica da lei penal, extinguindo a NÃO RETROAGE nos casos prejudiciais ao
punibilidade do agente, ou seja, todos aqueles que acusado: Novatio Legis Incriminadora e Novatio
estavam respondendo a esse crime que foi abolido Legis in Pejus.
terão seus processos arquivados, além disso,
aqueles que já cumprem pena, serão liberados. Art. 3º
FIQUE ATENTO: Nesses casos, o abolitio Lei Excepcional ou Temporária
criminis apenas faz cessar os efeitos penais, sendo
que os efeitos civis da pena persistem. Por Lei excepcional é aquela que visa atender a
exemplo, caso o réu tenha sido condenado a pagar situações anormais da vida social (Fragoso, 2006, p.
uma indenização cível ao ofendido, essa pena 126), enquanto a lei temporária aparece no sistema
persistirá, mesmo no caso da abolição do crime. jurídico-penal já com a data do término de sua
Novatio Legis Incriminadora (Lei Nova Incriminadora) vigência previamente agendada (Busato, 2013, p.
Esse é o caso mais simples, em que uma nova 129).
lei entra em vigor e passa a criminalizar uma
conduta que antes não era considerada como O que é uma lei excepcional( Período anormal)
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São leis editadas para reger fatos ocorridos em


períodos anormais. Ex.: guerra, epidemia,
inundações, etc. São leis auto-revogáveis, pois
perdem a eficácia pela cessação das situações que
as ensejaram.

Quando se aplica a lei temporária?


Lei temporária: Surge para vigorar por tempo
previamente estabelecido, isto é, com começo e fim
pré-determinados, ou seja, ela aparece no sistema
jurídico-penal já com a data do término de sua
vigência previamente agendada. Exemplo: condutas
cometidas durante as olimpíadas ou copa do mundo.

Quais as duas características essenciais das leis


excepcionais e temporárias?

As leis temporária e excepcional têm duas


características essenciais: autorrevogabilidade e
ultra-atividade.

Em que consiste a ultra-atividade das leis


temporárias e excepcionais?

Ultratividade (ultrativas) – é o fenômeno de que os


fatos cometidos dentro de sua vigência, mesmo após
a extinção, continuam a ter efeitos. Pelo fenômeno
da ultratividade, os fatos praticados dentro do
período da lei excepcional ou temporária (mesmo
que já extintas) continuam a produzir efeitos.

O que são leis Ultrativas?

Ultratividade consiste na ação de aplicar uma lei (ou


dispositivo de lei) que já foi revogada em casos que
ocorreram durante o período em que esta estava
vigente.

O princípio da ultratividade consiste na


prolongação dos efeitos de uma norma – no caso,
uma convenção ou um acordo coletivo de trabalho –
para além do prazo de sua vigência.

Ultratividade- aplica-se a lei revogada aos fatos


praticados ao tempo de sua vigência, desde que seja
ela mais benéfica ao réu do que a lei revogadora.
Retroatividade- aplica-se a lei revogadora aos fatos
praticados antes de sua vigência, desde que ela seja
mais benéfica do que a lei revogada.

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