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punir do estado.

1. CONCEITO DE DIREITO PENAL


2. PRINCÍPIOS DA LEI PENAL
É o conjunto de normas que ligam ao
crime, como fato, a pena como São imperativos éticos extraídos do
conseqüência, e disciplinam também as ordenamento jurídico. São normas
relações jurídicas daí derivadas, para estruturais do direito, que orientam a
estabelecer a aplicabilidade das medidas compreensão e aplicação do conjunto das
de segurança e a tutela do direto de normas jurídicas. Os princípios
liberdade em face do poder de punir do constitucionais de direito penal são
Estado. normas, extraídas da Constituição Federal
“O Direito Penal é um conjunto de de 1988, que dão fundamento à construção
normas jurídicas mediante o qual o do direito penal.
Estado proíbe determinadas condutas
(ações ou omissões), sob ameaça de 2.1 Princípio da Legalidade - art. 1º do
Código Penal. Art. 1º do Código
sanção penal (penas e medidas de
Penal Brasileiro “Não há crime sem lei
segurança).” (Direito Penal – Parte Geral;
anterior que o defina – Não há pena sem
Alexandre Salim & Marcelo André de
prévia cominação legal”, Constituição
Azevedo).
Federal artigo 5º XXXIX – trata-se da
Também pode ser conceituado como
garantia constitucional fundamental,
sendo, “o complexo de normas jurídicas
garantidora da liberdade.
que regulam o poder preventivo e
Assim só é possível a existência de
repressivo exercitáveis, sobre aqueles que
crime quando existir uma perfeita
praticam as infrações penais”.
correspondência entre o ato praticado e a
- Infrações são gêneros;
previsão legal, e que esta seja anterior
- Crimes/delitos e as Contravenções Penais
são espécies. aquela. É a mais importante garantia do
● Direito Penal Objetivo: é o cidadão contra
próprio o arbítrio do
ordenamento Estado, pois
jurídico-penal, só
correspondente
● Direito Penal Subjetivo (jus a lei (norma jurídica emanada pelo
puniendi): é o direito que tem o Estado parlamento), pode estabelecer quais
de atuar
condutas serão consideradas criminosas, e
sobre os delinqüentes na defesa da quais as punições para cada crime.
sociedade contra o crime; é o direito de Previsto tanto na Constituição quanto
no Código Penal, tem como principal objetivo 2.3 Princípio da
limitar o poder do estado. A premissa é Anterioridade: A lei, que define o crime e
básica: para que o Estado defina crimes e estabelece a pena, deve existir à data do
comine penas, deve editar uma lei, a ser fato. Em razão disso, proíbe-se que leis
aprovada pelo Congresso, ou seja, é promulgadas posteriormente à prática da
totalmente vedada a criação de crimes conduta sirvam para incriminá-la. A
através de Medidas Provisórias, ato privativo Constituição Federal acolheu o princípio,
do Chefe do Executivo, isto é, do Presidente proibindo a retroação da lei prejudicial ao
da República.
acusado, ao mesmo tempo em que
Portanto, apenas através da lei em
determina a necessária retroação da lei
sentido estrito (Lei Complementar ou Lei
mais favorável, como se vê no artigo 5º, XL,
Ordinária) que podem ser criados crimes e
que diz: “a lei penal não retroagirá, salvo
cominar penas, como conseqüência dessa
para beneficiar o réu”.
restrição, o prin¬cípio da legalidade também
é chamado de princípio da legalidade
2.4 Princípio da
estrita ou da reserva legal.
Irretroatividade da Lei Penal: Decorre do
Inclui-se nesse princípio:
princípio da anterioridade. A lei
incriminadora não pode retroagir para
2.2 Princípio da Reserva da
alcançar um fato cometido antes de sua
Lei: Só a lei pode definir crimes e cominar
vigência. Encontra seu fundamento no
penalidades, nenhuma outra fonte inferior à
artigo 5º, XL, da Constituição Federal, onde
lei pode gerar uma norma penal. Medidas
se afirma “a lei penal não retroagirá, salvo
provisórias não podem definir crimes e
para beneficiar o réu”.
impor penas.

2.5 Princípio da Tipicidade: A


ilicitude penal é típica, ou seja, a norma
penal, que define o delito, deve fazê-lo de
maneira precisa; do contrário, a autoridade
poderia, a pretexto de interpretar
extensivamente a lei, transformar em
crimes fatos não previstos no comando
legal.
princípio do estado de inocência. A
2.6 Princípio da Constituição Federal exige, para que o
individualização da pena: Junto com o cidadão seja considerado culpado pela
princípio da legalidade, o Iluminismo prática de um delito, que se tenham
trouxe, para o Direito Penal, o princípio da esgotados todos os meios recursais; afinal,
proporcionalidade da pena; se o indivíduo é enquanto pender recurso, mesmo que a
punido pelo ato praticado, é um imperativo sentença tenha sido condenatória, poderá
de justiça que a punição prevista seja haver absolvição.
proporcional ao delito, ou seja, quanto mais Isso traz importantes conseqüências no
grave o crime, maior a pena. campo da prisão. Enquanto não houver
trânsito em julgado, toda privação de
2.7 Princípio da liberdade terá natureza cautelar, e, por isso,
Humanidade ou Humanização das será sempre uma medida excepcional,
Penas: Não se pode esquecer que o ainda que decorra de uma sentença
Direito Penal visa à ressocialização do condenatória (desde que tenha havido
indivíduo. Dessa forma, a recurso).
proporcionalidade pura e simples corre o
risco de se transformar em vingança, 2.9 Princípio da Intervenção
multiplicando a violência e o sofrimento Mínima: Procurando restringir o arbítrio do
envolvidos no fato criminoso. Também a legislador, e com vistas a evitar a definição
personalidade e os antecedentes do réu desnecessária de crimes e a imposição de
são levados em contra para que a fixação penas injustas, desumanas, cruéis,
da pena sirva tanto para a prevenção concluiu-se que a criação dos tipos
especial (recuperar o indivíduo para o delituosos deveria sempre obedecer à
convívio da sociedade). Em razão disso, as imprescindibilidade.
penas são individualizadas, de acordo com a Assim, o Estado somente poderá
natureza do delito e as características
intervir, criando crimes e impondo penas,
pessoais do condenado. Tal princípio
quando os demais ramos do direito não
encontra fundamento no artigo 5º da
lograrem prevenir a conduta ilícita. Assim,
Constituição Federal.
somente nos casos mais graves, deve
haver a intervenção estatal.
2.8 Princípio da Presunção
de Inocência: É também chamado de
2.10 Princípio da pelo juiz, recai sobre o sujeito imputável
Insignificância: Tal princípio esta ligado que, podendo agir de maneira distinta,
aos chamados crimes de bagatela (ou tinha condições de tomar conhecimento da
delito de lesão mínima). Segundo ele, o ilicitude do fato.
direito penal só deve intervir nos casos de O juízo de culpabilidade que4 serve
lesão de certa gravidade, reconhecendo a de fundamento e medida da pena,
atipicidade do fato nas hipóteses de repudia a responsabilidade penal objetiva
perturbações jurídicas mais leves. É um (aplicação de pena sem dolo, culpa e
princípio que não possui previsão legal, culpabilidade). Exige-se, portanto, no direito
mas é pacificamente admitido pela penal, sempre a demonstração de culpa.
jurisprudência doSTF e STJ. 3. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Tem sido o princípio adotado pela
jurisprudência nos casos de furto de objeto 3.1 A Lei Penal no Tempo
material insignificante, lesão insignificante
ao Fisco, maus-tratos de importância “Tempus regit actum” – a lei rege em
mínima, descaminho e dano de pequena geral, os fatos praticados durante a sua
monta, lesão corporal de vigência. Há uma regra que domina o
conflito de leis penais no tempo, é a da
extrema singeleza. Ainda, seus requisitos
IRRETROATIVIDADE da lei penal, sem a
serão sempre: o desvalor da conduta,do
qual não haveria nem segurança nem
dano e da culpabilidade.
liberdade na sociedade, uma vez que se

2.11 Princípio da poderiam punir fatos lícitos após sua

Culpabilidade: Esse princípio determina realização, com a abolição do postulado

que não há crime sem culpa. De fato, a consagrando no artigo 2º do Código Penal

pena somente poderá ser imposta ao Brasileiro.

sujeito que, agindo com dolo ou culpa, e O princípio da irretroatividade vige,

merecendo juízo de reprovação, cometeu entretanto, somente em relação à lei mais

um fato típico (descrito como crime) e severa. Admite-se, no direito transitório, a

antijurídico (contrário ao ordenamento aplicação retroativa da lei mais benigna (lex

jurídico). mitior). Constituição Federal artigo 5º, XL.

Trata-se de um fenômeno individual. O Temos, assim, dois princípios que

juízo de culpabilidade (de reprovação) feito regem os conflitos de direito intertemporal:


A regra: a irretroatividade da lei. dezembro, matando os passageiros, tem-
A exceção: a retroatividade da lei mais se por ocorrido o crime na data em que se
benigna.
colocou a bomba.

Esses dois princípios podem reduzir-se Tal determinação é importante,


sobretudo, para fixação da maioridade
a um: o da retroatividade da lei mais
benigna. Por expressa disposição legal, é penal. Se, no caso acima citado, um
adolescente colocar a bomba, e no dia
possível:
seguinte completar dezoito anos, terá sua
● RETROATIVIDADE: aplicação da norma a
responsabilidade fixada nos termos do
fatos ocorridos anteriormenteà sua
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
vigência.
8.069/90), e não no Código Penal.
● ULTRATIVIDADE: É a possibilidade de
aplicação de uma lei não obstante 3.3 Retroatividade e Ultratividade da
Lei Penal
cessada a sua vigência, desde que mais
benéfica em face de outraposterior. A função da lei é estabelecer
conseqüências jurídicas para a ocorrência
3.2 Tempo do Crime (art. 4º do Código de determinados fatos. Se no Código Penal
Penal Brasileiro)
afirma, por exemplo: quem matar alguém
sofrerá reclusão de seis a vinte anos, isso
Para saber qual lei será aplicada ao
significa que, ocorrendo um homicídio
fato criminoso, necessário precisar quando
(fato), seu autor estará sujeito à pena ali
se tem por ocorrido o delito.
fixada, Isso dá ao Estado o poder de, após
O artigo 4º do Código Penal
submeter o indivíduo a julgamento, privá-lo
Brasileiro afirma: “considera-se praticado o
de sua liberdade por 06 a 20 anos.
crime no momento da ação ou da omissão,
ainda que outro seja o momento do Normalmente a lei passa a poder
resultado”. produzir seus efeitos somente em relação
Utilizou o Código a Teoria da aos fatos que tenham lugar após sua
Atividade, onde se considera o momento da vigência. Mas é possível que uma lei venha
prática da conduta, e não a da ocorrência a estabelecer conseqüências jurídicas para
do resultado. Por exemplo: se no dia 30 de fatos pretéritos – isso se chama retroação
novembro alguém coloca uma bomba em (de retro-agir).
um navio, e esta vem a explodir no dia 03 de Também é possível que uma lei,
mesmo não tendo mais vigência poderá fixar além do novo limite. Se já
(revogação), venha a determinar as houve condenação, a pena será reduzida.Se
conseqüências de um fato ocorrido após a lei nova traz alguns benefícios ao réu,
deixar de vigorar. Dá-se tal procedimento o mas também reduz algumas vantagens,
nome de Ultração. caberá ao juiz escolher qual delas é, no seu
A Constituição Federal estabelece, para a conjunto, mais benéfica,não podendo
retroação, duas regras básicas:
combinar elementos de uma ou de outra.
● As leis não penais podem retroagir, mas Isso porque não cabeao juiz criar uma lei
respeitando o direito adquirido, a coisa nova, mas apenas determinar qual é a lei
julgada e o ato jurídico perfeito (art. 5º, que esta em vigor.Ocorre a ultra-ação da lei
XXXVI, da CF). penal quando a lei nova cria uma
● As leis penais só podem retroagir para modalidade criminosa que não existia na
beneficio do réu, atingindo, nesse lei anterior, ou aumenta a pena prevista
caso, até mesmo a coisa julgada (art.5º, XL, para odelito. Nesse caso, a lei anterior,
CF).
embora revogada, continua a ser utilizada

para o julgamento dos fatos que tenham


A lei penal nova pode beneficiar o réu
ocorrido durante a sua vigência.
de duas formas: fazendo com que o fato
deixe de ser criminoso (abolitio criminis)
3.4 Lei Excepcional e Temporária (art.
ou diminuindo a pena prevista para a 3º, do Código Penal Brasileiro)
prática do delito.
Na primeira hipótese – o fato deixa de De acordo com o art. 3º do Código
ser criminoso – nem inquérito policial Penal Brasileiro: “A lei excepcional ou
poderá haver. Se houver inquérito, será temporária, embora tenha decorrido o
arquivado. Se o processo está em curso, o período de sua duração ou cessadas as
réu será imediatamente absolvido (por circunstâncias que a determinaram, aplica-
extinção da punibilidade). Se houver se ao fato praticado durante a sua
condenação, a execução da pena será vigência”. Isso quer dizer que a lei
obstada. E se estiver o condenado Excepcional ou Temporária ultra-agirá,
cumprindo pena, esta será imediatamente mesmo que a lei nova seja mais benéfica
extinta. ao acusado.
Quando a lei mais recente apenas Explica-se a disposição porque a lei
diminui a pena prevista, o juiz não a Temporária (que surge já com prazo de
vigência fixado) ou a lei Excepcional (cuja - Princípio da territorialidade
vigência depende da ocorrência ou duração Temperada: a lei penal brasileira aplica-
de um determinado fato – uma lei feita se em regra ao crime cometido no
para ser utilizada em caso de guerra, por território nacional. Excepcionalmente a
exemplo), são editadas para atender a lei estrangeira é aplicável a delitos
circunstâncias incomuns, que exigem, por cometidos total ou parcialmente em território

vezes, um maior endurecimento do nacional, quando assim determinarem

sistema penal. Dessa forma, os fatos tratados ou convenções internacionais.

ocorridos durante o período de


A república Federativa do Brasil
excepcionalidade, são em si mesmos
adotou o princípio da Territorialidade
considerados graves.
Temperada.
São componentes do Território:

3.5 Territorialidade da ● Solo ocupado pela corporação política;


Lei Penal Brasileira (art. 5º, do ● Rios, Lagos, Mares interiores, golfos, baías
Código Penal Brasileiro.) e portos;

● Mar Territorial: Faixa de mar exterior ao


TERRITÓRIO: Sob o prisma material, longo da costa estende-se por 12 milhas
recebe o nome de natural ou geográfico, marítimas de largura, medidas a partir da
compreendendo o espaço delimitado por baixa-mar do litoral continental e insular
fronteiras. Território jurídico abrange todo brasileiro. Aqui o Brasil exerce sua
o espaço em que o Estado exerce a sua soberania plena, excepcionada apenas pelo
soberania. chamado “direito de passagem inocente”
que sujeita aos navios mercantes e militares
- Princípio da territorialidade: a de qualquer Estado a passagem livre,
lei penal só tem aplicação no território embora sujeitos ao poder do estado
do Estado que a editou, pouco importando costeiro;
a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. ● Zona Contígua: faixa que se estende das
- Princípio da territorialidade
12 as 14 milhas, na qual o Brasil poderá
absoluta: só a lei penal brasileira é
tomar medidas de fiscalização, a fim de
aplicável aos crimes cometidos ao
reprimir infrações às leis e aos
território nacional.
regulamentos aduaneiros, fiscais de
imigração ou sanitários no seu território ou ● Públicos – Faz parte do território da
nação da bandeira, ainda que em
mar territorial. Não se compreende no
território nacional; porto ou mar territorial estrangeiro.

● Zona Econômica Exclusiva: compreendem


3.6 Lei Penal em relação
uma faixa que se estende das 12 milhas as
a pessoas que exercem
200 milhas marítimas, contadas a partir da
determinadas funções públicas
linha de base que servem para medir a
largura do mar territorial, onde o Brasil tem
A Lei penal fixa o princípio da
direitos de soberania para fins de
obrigatoriedade da lei penal a todos os
exploração e aproveitamento, conservação
cidadãos que se encontre em nosso
e gestão dos recursos naturais, vivos ou
território. Tal princípio não se aplica,
não vivos etc. Para efeito de aplicação da lei
porém, em determinados casos em face
penal brasileira, não é considerado
das funções públicas exercidas por certas
território nacional para o fim de aplicação
pessoas.
de nossa legislação;
Esses privilégios não são
● Espaço Aéreo: a camada atmosférica que
concedidos em relação às pessoas, mas
cobre o território nacional é considerada sim à função que elas exercem. Privilégios
parte deste; que subtraem à eficácia jurisdicional
● Espaço Cósmico: este pode ser criminal do Estado, ou as que sujeitam a
explorado e utilizado livremente por
regras particulares nas ações penais.
todos os estados em condições de
Não se trata de exceções ao
igualdade e sem discriminação, não
sendo objeto de apropriação nacional por princípio da igualdade, pois os privilégios

proclamação de soberania, poruso ou não são pessoais, mas sim, funcionais.

ocupação nem por qualquer outro meio. Não se tem em vista a pessoa, mas, sim, a
função.

⇒ NAVIOS E
AERONAVES *Imunidades Diplomáticas: O diplomata
é dotado de inviolabilidade pessoal, pois

● Privados -: Alto mar: lei da bandeira que não pode ser preso nem submetido a

ostentam; No mar territorial ouno porto: lei qualquer procedimento ou processo sem

do local. autorização de seu país. Embora as sedes


diplomáticas não possam ser mais
consideradas extensão do território do país deles.
em que se encontram, são dotadas de
inviolabilidade como garantia dos *Imunidades Parlamentares: Pode ser
a imunidade parlamentar;
representantes estrangeiros, não podendo
ser objeto de buscas, requisições,
embargos ou medida de execução.● Material (absoluta) ou penal: deputados e

Contudo, não haverá inviolabilidade se um senadores são invioláveis civil e

crime for ali cometido por pessoa penalmente em quaisquer de suas

estranha à legação. manifestações proferidas (escrita ou


falada) no desempenho de suas funções
Assim, os representantes
dentro ou fora da Casa respectiva.
diplomáticos de governo estrangeiro
Ampliada encontra-se tal imunidade para
gozam de imunidade penal, não sendo
além de penal também a civil, assim, o
aplicável a eles a lei penal Brasileira em
parlamentar não pode ser processado por
razão de infrações penais aqui cometidas.
perdas e danos materiais e morais, em
virtude de suas opiniões palavras e votos
São abrangidos pela imunidade
diplomática: no exercício das suas funções. O suplente
não goza destas prerrogativas. A

● Agentes diplomáticos (embaixador, imunidade é irrenunciável, mas não

secretário de embaixada, pessoaltécnico alcança o parlamentar que se licencia para


ocupar outro cargo na Administração
e administrativo das representações);
Pública, embora lhe fique preservado o foro
● Componentes da família do agente
diplomático; por prerrogativa de função.

● Funcionários das organizações ● Formal (relativo) ou processual: Anterior a


EC nº. 35/2001 a imunidade
internacionais, quando em serviço (ONU,
processual exigia prévia licença da casa
OEA, etc.);
para processar o parlamentar. Agora
● Chefe de Estado Estrangeiro que visita o recebida denúncia contra senador ou
país, inclusive os membros de
deputado, por crime ocorrido após a
sua comitiva;
diplomação o STF dará ciência a casa
● Os empregados particulares dos agentes
respectiva, que por iniciativa de partido
diplomáticos não gozam deimunidade,
político nela representado e pelo voto da
ainda que sejam da mesma nacionalidade
maioria de seus membros, poderá até a
final decisão, sustar o andamento da ação. *Imunidade para servir como
Desta forma o controle legislativo deixou testemunha: os deputados e senadores
de ser prévio, que só vigora para o não são obrigados a testemunhar sobre
Presidente da República e ao Governador. informações recebidas ou prestadas em
Quanto aos Prefeitos não há de ser falar razão do exercício do mandato, nem sobre
em imunidade processual ou penal, as pessoas que lhe confiaram ou deles
somente em foro por prerrogativa de receberam informações. Quanto aos
função perante os Tribunais de Justiça. Os diplomatas só encontra-se obrigado a
crimes cometidos antes da diplomação depor sobre fatos relacionados com o
terão seu curso normal não podendo se exercício de suas funções.
sustado. A imunidade parlamentar não se
estende ao co-réu sem essa prerrogativa. *Imunidades Parlamentares e Estado
Súmula 245 do STF. de Sítio: as imunidades de deputados e
senadores subsistirão durante o estado
*Imunidade Prisional: Em crimes de sítio, só podendo ser suspensas
afiançáveis jamais os parlamentares mediante o voto de 2/3 dos membros da
poderão ser presos, já nos crimes casa respectiva, nos casos de atos
inafiançáveis, somente é admissível a praticados fora do recinto do Congresso,
prisão em flagrante. Nenhuma outra que sejam incompatíveis com a execução
modalidade de prisão cautelar ou mesmo da medida.
de prisão civil tem incidência.
*Imunidade Judiciária: trata-se da
*Foro especial e prerrogativa de imunidade do Advogado nos atos do
função: Deputados e Senadores, deste a exercício de sua profissão. Não atingem a
expedição do diploma, serão submetidos a calúnia, somente a injúria e a difamação,
julgamento no STF. Alcança inclusive os quando irrogadas em juízo. Não abrange a
crimes anteriores e o do momento da ofensa dirigida ao juiz da causa, limitam-se
diplomação. Somente as causa penais as partes litigantes.
gozam desta prerrogativa de função. Não
se estende aos crimes cometidos após a 3.7 Extraterritorialidade da Lei Penal
cessação do exercício funcional. Brasileira
De acordo com o Código Penal (art.7º, § 1º).
Brasileiro, em seu artigo 7º, pelo “princípio ● Condicionada: Diz-se “condicionada”,
da extraterritorialidade” a Lei Brasileira porque sua aplicação esta subordinada a
aplica-se aos crimes cometidos fora do observância de requisitos. São previstas
Brasil. nas hipóteses do inciso II do artigo 7º, do
Código Penal Brasileiro.

*Formas de Extraterritorialidade: Ocorre nas seguintes situações:


a) Crimes que, por tratado ou convenção, o
● Incondicionada: Diz-se “incondicionada a Brasil se obrigou a reprimir (art.7º, II, “a”);
extraterritorialidade excepcional da lei b) Crimes praticados por brasileiro no
penal brasileira”, nesses casos, porque a estrangeiro (“b”);

sua aplicação não se subordina a qualquer c) Delitos praticados em aeronaves ou

requisito. São prevista nas hipóteses do embarcações brasileiras, mercantes ou de

inciso I do artigo 7º do Código Penal propriedade privada, quando em território


estrangeiro e aí não se sejam julgados;

Brasileiro, quais sejam as de crimes d) Crimes cometidos por estrangeiro contra


cometidos no estrangeiro contra: brasileiro fora do Brasil (art. 7º,

a) A vida ou a liberdade do Presidente da § 3º).


República;
b) Contra o patrimônio ou a fé pública da Nos quatros casos, a aplicação da lei
União, do Distrito Federal, de Estado, de brasileira depende do concurso dos
Municípios, empresa pública, sociedade de seguintes requisitos (art. 7º, § 2º):
economia mista, autarquia ou fundação I. Entrar o sujeito no território nacional;
constituída pelo Poder Público; II. Ser o fato punível também no país em que
c) Contra Administração Pública, por quem foi praticado;
esta a seu serviço; III. Estar o crime incluído entre aqueles pelos
d) E de genocídio, quando o agente for qual a lei brasileira autoriza aextradição;
brasileiro ou domiciliado no Brasil.
IV. Não ter sido o sujeito absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido apena.
Nesses casos, o agente é punido V. Não ter sido o sujeito perdoado no
segundo a lei brasileira, ainda que estrangeiro ou, por motivo, não estar
absolvido ou condenado no estrangeiro extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável (art. 7º, § 2º). cometido no exterior, contra a vida e a
liberdade do Presidente da República, e o
‫٭‬A lei brasileira aplica-se também ao crime patrimônio público Brasileiro. Genocídio
cometido por estrangeiro contra brasileiro praticado por brasileiro, ou pessoa aqui
fora do Brasil, se reunidas as condições residente.
prevista no parágrafo anterior (art. 7º, §
3º): ✓ Da Justiça (Competência Universal): o
✓ Não foi pedida ou foi negada a extradição criminoso deve ser julgado e punido
(§ 3º, “a”);
onde for detido e segundo as leis desse
✓ Houve requisição do Ministro da Justiça (§
país, não se levando em conta o lugar do
3, “b”).
crime, do agente ou bem jurídico lesado.
Crimes que por tratado ou convenção o
3.8 Princípios para aplicação da
extraterritorialidade Brasil se obrigou a reprimir.

✓ Da Nacionalidade: aplica-se a lei do país ✓ Da Representação: aplicação do pai,


do agente, pouco importando o local onde quando por deficiência legislativa ou
o crime foi cometido. Embora praticado no interesse de outro que deveria reprimir o
exterior por brasileiro, lei brasileira. Pode crime, não o faz. Praticada em aeronaves
subdividir-se em: ou embarcações Brasileira (mercante ou
privada) e no exterior não julgada.
● Nacionalidade ativa ou personalidade ativa: Geralmente as nações adoram legislação
do autor do delito, semcogitar-se a vítima. baseadas em um dos princípios e depois
● Nacionalidade passiva ou personalidade complementam com os demais.
passiva: exige para sua
aplicação que sejam nacionais o autor e o 4. PRINCÍPIOS ADOTADOS
objeto ofendido.

PELO CÓDIGO PENAL


✓ Da Proteção, da Defesa ou Real: aplica-
se a lei do país do bem jurídico ofendido, BRASILEIRO São eles:
sem contar-se com o local onde foi
praticado o crime ou a nacionalidade do I. Da Territorialidade, art. 5º (regra).
agente. Aplica-se a lei brasileira, em crime II. Real ou de Proteção, art. 7º, I e § 3º.
III. Da Justiça Universal, art. 7º, II, “a”. naquela lei.
IV. Da Nacionalidade Ativa, art. 7º, II, “b”. ● Princípio da Dupla
V. Da Representação, art. 7º, II, “c”. Tipicidade: deve haver semelhança ou
simetria entre os tipos penais da legislação
*EXTRADIÇÃO: É o instrumento jurídico brasileira e do Estado solicitante.
pelo qual um país envia uma pessoa que
● Princípio da Preferência da
se encontra em seu território a outro Competência Nacional: havendo
Estado soberano, a fim de que neste seja conflito

julgada ou receba imposição de pena já entre a justiça brasileira e a estrangeira,


prevalecerá a competência nacional.
aplicada.
● Princípio da Limitação em Razão da
Pena: não se concederá extradição para
● Princípio da não-
os países onde a pena de morte e a prisão
extradição de nacionais: nenhum
perpétua é previstas, a menos que sejam
brasileiro será extraditado, salvo
dadas garantias de que não serão
naturalizado, em caso de crime comum
aplicadas.
praticado antes da naturalização ou de
● Princípio da Detração: o
comprovado tráfico ilícito de
tempo em que o extraditando permanece
entorpecentes.
preso preventivamente no Brasil, deve ser
● Princípio da Exclusão
considerado na execução da pena no país
de Crimes Não-Comuns: estrangeiros
requerente.
não podem ser extraditados por crime
● Jurisdição Subsidiária: verifica-se a
político ou de opinião.
subsidiariedade da jurisdição nacional
● Princípio da Prevalência dos
Tratados: na colisão entre a lei nas hipóteses do inciso II e do § 3º do
reguladora artigo 7º do Código Penal. Se condenado
da extradição e o respectivo tratado, este por crime no estrangeiro e sendo
prevalece. processado por esse juízo. Esta sentença
● Princípio da Legalidade: prepondera sobre a do juiz brasileiro. Caso
somente cabe extradição nas expressas o réu tenha sido considerado absolvido pelo
hipóteses elencadas no texto legal – juízo estrangeiro, aplicar-se-á a regra “non
regulador do instituto e apenas em relação bis in idem” para impedir a persecutio
aos delitos especificamente apontados criminis. Tendo sido condenado, e subtraiu-
se a execução da pena, não lhe será principais, são elas:
possível invocar o non bis in idem, sendo ● Da Atividade ou da Ação: é considerado
julgado e se for o caso, condenado lugar do crime aquele em que o agente
novamente pelos órgãos nacionais – art. desenvolveu a atividade criminosa, isto é,
7º, § 2º, “d” e “e”. onde praticou os atos executórios.
● Do Resultado: é considerado lugar do
● Jurisdição Principal: hipóteses do artigo crime, aquele em que o agente
5º e 7º, I, do Código Penal Brasileiro. desenvolveu o efeito ou evento, “locus
Compete a jurisdição brasileira conhecer delicti” é o lugar da produção do resultado.
do crime cometido no território nacional ou
● Da Ubiqüidade ou Mista: nos termos
por força dos princípios de competência desta teoria, “lugar do crime” é
real. Assim, a absolvição no estrangeiro aquele em que se realizou qualquer dos
não impedirá nova persecutio criminis, nem momentos da fase do crime, seja da
obstará o veredicto do juiz brasileiro. prática dos atos executórios, seja da
Atendendo a regra “non bis in idem” e “non consumação.
bis poena in idem”, a pena cumprida no Nosso código adotou a teoria da
estrangeiro pelo mesmo crime, quando Ubiqüidade ou Mista.

diversas atenua a pena imposta no Brasil, e Quando o crime tem início em território

quando idênticas é nela computada. estrangeiro e se consuma no Brasil, é


considerado praticado no Brasil, e aplica-se

5. LUGAR DO CRIME (art. 6º, do a lei penal brasileira.


Código Penal Brasileiro) Do mesmo modo, tem eficácia a lei
penal nacional quando os atos executórios
Conceito de “Lugar do Crime”: a do crime são praticados em nosso
determinação do lugar em que o crime se território e o resultado se produz em países
considera praticado é decisiva no tocante a estrangeiros.
Competência penal internacional. Surge o Basta que uma porção da conduta
problema quando as fases do crime se criminosa tenha ocorrido em nosso
desenrolam em lugares diferentes. Para território para ser aplicada nossa lei.
solução do problema têm sido
preconizadas três teorias ✓ CRIMES A DISTÂNCIA: ocorre quando o
crime tem início em território estrangeiro e
se consuma no Brasil, ou vice – e –versa. anos pelo calendário comum, irrelevante
meses de 30 ou 31 dias ou anos bissextos.
EXERCICI
OS
Caracteriza-se pelo envolvimento de dois
países. Sendo o crime um todo indivisível,
basta que uma de suas fases se tenha
realizado em território nacional para a 1. O Código Penal, em relação à aplicação da
Lei Penal no tempo, determina a
solução do problema dos crimes à
a) retroatividade da lei posterior
distância.
mais benigna desde que o fato ainda não
✓ CRIME PLURILOCAL: ocorre quando o
tenhatransitado em julgado.
crime acontece em duas comarcas
b) retroatividade irrestrita da lei posterior mais
diferentes, dentro do mesmo país. Conduta benigna.
= Ação numa comarca, e consumação = c) retroatividade irrestrita apenas no caso de
Abolitio Criminis.
resultado em outra. Ex: disparo ocorrido
d) irretroatividade para os fatos já transitados
em Campina Grande e morte em João
em julgado.
Pessoa.
✓ CRIME EM TRÂNSITO: ocorre quando o 2. De acordo com o art. 5o do
crime acontece envolvendo no mínimo três Código Penal, "aplica-se a lei brasileira, em
países. Ex: a droga sai da Colômbia, passa prejuízo de convenções, tratados e regras
pelo Brasil e alcança os EUA. de direito internacional, ao crime cometido
no território nacional". A legislação
6. CONTAGEM DE PRAZO PENAL nacional adotou, para a aplicação da lei
(art. 10º, do Código Penal penal no espaço, o princípio da
Brasileiro)
a) territorialidade.
b) nacionalidade.
O dia do começo inclui-se no
c) competência real.
cômputo do prazo, não interessa o horário
d) competência universal.
em que começou a ser cumprida a pena.
Não importando, também, se o prazo
3. A chamada abolitio criminis faz cessar, em
começou em um sábado, domingo ou
virtude dela,
feriado.
a) a execução da sentença
Contam-se os dias, os meses e os
condenatória mas não os seus demais
efeitos penais. a) observar-se-á aplicação do

b) a execução da pena em relação instituto do sursis (suspensão condicional

ao autor do crime mas este benefício não da pena), se atendidos os seus requisitos

seestende aos eventuais co-autores ou ensejadores.

partícipes. b) observar-se-á cessação de

c) os efeitos penais da sentença condenatória todos os efeitos da sentença penal


mas não a sua execução. condenatória, inclusive quando em fase de
d) a execução e os efeitos penais da sentença execução de sentença, em virtude dessa lei
condenatória.
posterior.
c) não se observará nenhum
4. A pena de morte, no direito brasileiro,
efeito, uma vez que a sentença com
a) é admitida para agentes de crimes
trânsito em julgado decide de forma
hediondos de que resulte morte.
definitiva o mérito da causa.
b) é admitida para agentes de
d) observar-se-á redução da pena
crimes de tortura (Lei no 9455/97), desde
de um a dois terços, punindo-se o fato
quereincidentes em fatos da mesma
comocrime tentado.
natureza.
c) não é admitida.
6. Sobre a aplicação da lei penal, a alternativa
d) é admitida para agentes de
que faz referência incorreta é:
determinados crimes militares, em tempo
a) considera-se praticado o crime
de guerra declarada.
no lugar em que ocorreu a ação ou
e) pode ser aplicada a condenados
omissão ainda que outro tenha sido o lugar
em estágio terminal de moléstia grave e
do resultado
incurável, desde que com isso concordem,
já que, em relação a seu autor, o suicídio é
penalmente atípico.
5. O Princípio da Legalidade, aliado
ao Princípio da Anterioridade, assegura que
não há crime sem lei anterior que assim o
defina. Considerando-se que o agente
tenha sido condenado por sentença
transitada em julgado, cujo crime a lei não
mais considere como fato punível,
b) ficam sujeitos à lei brasileira, definitivamente condenado antes dela.

embora cometidos no estrangeiro, os c) Em face do princípio da

crimes contra a vida ou a liberdade do retroatividade de lei mais benigna, a lei

Presidente da República anterior mais severa possui ''ultra-

c) a pena cumprida no atividade''.

estrangeiro atenua a pena imposta no d) A ''novatio legis'' não constitui fato jurídico
extintivo da punibilidade.
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
e) todas as alternativas acima NÃO estão
ou nela é computada, quando idênticas. corretas.
d) para efeitos penais,
consideram-se como extensão do território 9. Pelo princípio da responsabilidade pessoal,
nacional as embarcações e aeronaves o agente pode ser punido
brasileiras, de natureza pública ou a a) pelo seu alto grau de periculosidade.
serviço do governo brasileiro onde quer b) pela sua conduta.
que se encontrem, bem como as aeronaves c) pelos seus antecedentes desabonadores.

e as embarcações brasileiras, mercantes d) pelas circunstâncias agravantes e


atenuantes.
ou de propriedade privada, que se achem,
e) pela intenção de praticar o delito.
respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
10. O princípio da reserva legal significa que:
a) só a lei anterior pode determinar o que é
7. No que concerne ao tempo do crime, nosso crime e prever a sanção cabível.
Código Penal adotou a teoria
b) o autor de um fato delituoso só pode ser
a) do resultado. julgado pelo Juiz competente.
b) da ubiqüidade. c) o Juiz pode aplicar o fato
c) mista. delituoso em julgamento a lei que lhe
d) da atividade. parecer maisjusta.
8. Marque a alternativa correta: d) o autor de um fato delituoso só pode ser
a) A ''vacatio legis'' constitui um julgado através do processo legal.
lapso temporal entre a votação e a efetiva
vigência da lei. 11. A lei penal temporária
b) A ''abolitio criminis'', em virtude a) é inaplicável a fatos ocorridos
de surgimento de lei nova, apaga os efeitos em sua vigência se a lei posterior, de
civis da prática delituosa do sujeito que foi caráterpermanente, for mais benigna.
b) é inaplicável a fatos ouomissão;
ocorridos em sua vigência quando a lei c) sempre após o momento do resultado;
posterior,também temporária, for mais d) no período intermédio entre a ação ou
omissão e o resultado.
benigna.
c) apenas pode vigorar durante o estado de
emergência. 14. Marque a alternativa incorreta:
d) sempre se aplica a fatos ocorridos na sua a) Território é todo espaço onde se exerce a
vigência. soberania do Estado.
e) sempre se aplica a fatos b) O espaço territorial é
ocorridos na sua vigência desde que nesse delimitado pelas fronteiras do país,
mesmoperíodo sejam julgados incluindo os rios,lagos, mares interiores,
definitivamente. ilhas e porções de terra.
c) O mar territorial é o espaço
12. Assinale a alternativa correta. aéreo e porção atribuída pelo Direito
a) O estrangeiro pode ser Internacional a cada Estado, de rios e lagos
extraditado, ainda que o fato tenha sido fronteiriços.
alcançadopela prescrição, segundo a lei d) Não são considerados territórios
brasileira. os navios e aeronaves de bandeira nacional,
b) A lei brasileira é inaplicável a estrangeiro comerciais, em águas nacionais ou em
que cometer crime fora do Brasil. alto-mar.
c) Não há culpabilidade quando
o agente não possui sequer a potencial 15. Marque a alternativa incorreta:
consciência da ilicitude do fato típico a) O nosso Código Penal adotou a
praticado. Teoria do Resultado como se observa no
d) A sentença condenatória estrangeira não artigo 6° deste Diploma Legal.
pode servir de base à reincidência.
b) Será pois passível de punição o
crime cometido no todo ou em parte, no
13. Considera-se praticado o crime:
território nacional ou o que nele embora
a) no momento da ação ou da
parcialmente, produziu o resultado.
omissão do agente, ainda que seja outro
c) O crime não se fraciona por
omomento do resultado;
ultrapassar as fronteiras e será punido
b) no momento do resultado,
integralmente mesmo que só parcialmente
independentemente do momento da ação
tenha sido executado em nosso território.
d) Lugar do crime é tanto aquele aplicação de penas, que são as mais
onde foram praticados os atos de graves sanções existentes no ordenamento
execução, quanto, o lugar onde o crime se jurídico, incluindo a privação da liberdade,
teria consumado. bem como a aplicação das Medidas de
Segurança.
16. Marque a alternativa incorreta: No Direito Brasileiro, dividem-se as
infrações penais em:
a) A extraterritorialidade da Lei Penal brasileira
dá-se em duplo critério. ✓ Crimes, aos quais são cominadas penas de
b) As condições detenção ou reclusão; e,

indispensáveis previstas em ✓ Contravenções, que são punidas com


prisão simples ou multa.
nosso Código para a extraterritorialidade
de nossa Lei são várias e devem ocorrer A diferença entre crimes e

simultaneamente. contravenções também está unicamente

c) Para o C. P. brasileiro é na sua gravidade. Os crimes, por atingirem

considerado "lugar do crime" apenas o bens jurídicos mais importantes, são

lugar ondeforam praticados os atos de punidos de maneira mais severa.

execução do crime. Como denominador comum entre

d) "A pena cumprida no crimes e contravenções, a doutrina

estrangeiro atenua a pena imposta no costuma usar a palavra “delito”, ou mesmo

Brasil pelomesmo crime, quando diversas, “crime”, em sentido amplo. No presente

ou nela é computada, quando idênticas". texto, quando nos referirmos “crime”,


estará abrangendo as contravenções.

INFRAÇÃO PENAL/ ELEMENTO/


ESPÉCIES ✓ Conceito de “CRIME”: Segundo a teoria
finalista, adotada pelo legislador após a
reforma do Código Penal em 1984, crime é
Conceito de infração penal: O que todo o fato Típico e Antijurídico (ou ilícito),
diferencia as infrações de natureza penal na qual a culpabilidade não integra a
das infrações civis ou administrativas é a estrutura do crime, sendo tão somente
sua gravidade, não há distinçãoessencial. pressuposto para a aplicação da pena
Enquanto os ilícitos civis e (Teoria Bipartida).
administrativos são punidos de forma mais OU
branda, as infrações penais levam a
5. Teoria Tripartida, entende que o CONDUTA
crime é formado por três
elementos:
É todo comportamento humano,
6. • Fato típico
7. • Ilicitude consciente e voluntário, comissivo ou
8. • Culpabilidade omissivo, doloso ou culposo, tendente a
um fim. Situações oriundas de fatos
✓ A culpabilidade não é do fato, mas sim do
naturais não constituem conduta, e animais
agente. O fato é típico e ilícitoe o agente é
irracionais não as realizam.
culpável.
É o agir humano consciente e voluntário,
dirigido a uma finalidade.
Elementos do Fato Típico: A conduta compreende duas
a) Conduta dolosa ou culposa; formas: o agir e o omitir-se (desde que
b) Resultado; voluntários). O termo “ação”, em sentido
c) Nexo Causal; amplo, as abarca, embora seja mais
d) Tipicidade interessante seguir os exemplos do Código
Penal Brasileiro, e usa a palavra ação como
sinônima de ação positiva, e o termo
“omissão” para designar a ação negativa.

● Crime Comissivo: é praticado por uma


ação, consiste em uma ação positiva –
Os finalistas podem ser tripartidos ou
fazer. Corresponde a um movimento
bipartidos, a ausência da culpabilidade não
corpóreo do indivíduo. Uma alteração da
gera responsabilidade penal objetiva, uma
posição dos músculos, determinada pelo
vez que o dolo e a culpa estão no fato
cérebro de acordo com a vontade do
típico. Assim, a culpabilidade pode ser
indivíduo. Faz - se o que não se poderia
elemento do crime (tripartido) ou
fazer.
pressuposto de aplicação da pena
(bipartido). A vontade não se confunde com a
intenção (finalidade), sendo esta o
direcionamento ao fim almejado. A
vontade é a força psicológica que
determina o movimento; a intenção é o
conteúdo da vontade, aquilo que se deseja. omissão de notificação de doença, etc.).
Atos meramente reflexos não são atos
voluntários, logo não se enquadram no● Omissivos impróprios (comissivo por
conceito de ação. Nos atos tomados por omissão): são crimes de resultado esó
impulso (uma reação brusca a uma podem ser praticados por pessoas que,
agressão, por exemplo), existe ação, pois por lei, têm o dever de impedir o
sempre há a concorrência da vontade.
resultado e a obrigação de proteção e
vigilância em relação a alguém. São
● Crime Omissivo: consiste na abstenção
da ação devida (não fazer). Pune praticados mediante uma omissão. Ex:
quem deixa de alimentar uma criança, e
– se o agente por ter deixado de agira
causa – lhe a morte, pratica um homicídio
conforme a norma penal — não fez o que
por omissão. O tipo penal descreve uma
tinha obrigação de fazer. Logo, a omissão
ação, mas o resultado é obtido por uma
*Sujeito Ativo / Sujeito Passivo e
Objeto da Infração Penal inação.
. só é verificável confrontando-se a conduta

praticada com a conduta exigível, o que A diferença básica entre um e outro


implica, necessariamente, uma valoração consiste em que, no primeiro, o resultado é
por parte do juiz. Os crimes omissivos produzido por conta da omissão, enquanto,
dividem – se em: no segundo, outra causa produz o
resultado, mas se exigia do agente uma

● Omissivos próprios (omissivos puros): ação positiva no sentido de evitá-lo,

são crimes de mera conduta, ou de rompendo o nexo de causalidade.

simples atividades, punindo a lei simples Mas de quem poder-se-á exigir tal ação?

omissão, independentemente de qualquer O artigo 13 do Código Penal Brasileiro,

resultado; podem ser imputado a qualquer ao tratar do “nexo de causalidade”,

resultado; podem ser imputados a qualquer esclarece que a omissão é relevante

pessoa. Geralmente contém, na definição quando o agente PODIA agir e DEVIA agir.

do tipo penal, um verbo que indica a falta O dever de ação incumbe a quem por lei,

de ação, normalmente o verbo “deixar”. A tivesse a obrigação de agir, como os

descrição típica alude a um não - fazer policiais, bombeiros, médicos, etc.; por

(omissão de socorro, abandono intelectual, disposição contratual ou qualquer outro


meio houvesse se comprometido a impedir
o resultado, como o guia de excursão, o 9.605/98, a pessoa jurídica pode ser sujeito
líder dos escoteiros, o nadador experiente ativo de crime.
que se compromete a ajudar seu ✓ *Sujeito Passivo: é o titular do bem
acompanhante. Ou por sua ação anterior. jurídico lesionado ou ameaçado de lesão
Criou o risco de produzir o resultado, como pela conduta delituosa. São duas as
alguém que ateia fogo a uma casa, para espécies de sujeitos passivos:
recebe r o seguro, sem atentar para a
● Sujeito Passivo formal ou constante: O
presença de uma pessoa dentro do recinto; Estado, titular da ordem jurídica
ou quem, por brincadeira, empurra uma que, em todo delito, resulta lesionada.
pessoa que não sabe nadar dentro de uma ● Sujeito Passivo material ou eventual: é a
piscina; em ambos os casos, por terem
vítima, o ofendido, ou seja, a pessoa física
ocasionado o perigo, devem impedir a
ou jurídica titular do bem jurídico
ocorrência do resultado lesivo.
diretamente atingido.

O Estado pode, ao mesmo tempo,


✓ *Sujeito Ativo: é o indivíduo que, sozinho
figurar como sujeito constante e sujeito
ou em concurso com outras pessoas,
eventual. Isso se dá, por exemplo, nos
pratica a conduta descrita no tipo penal. A
crimes contra a Administração Pública, em
capacidade penal ativa (possibilidade de a
que bens jurídicos estatais são violados
pessoa figurar como sujeito ativo, ou seja,
pelo funcionário ou pelo particular autor do
como autor da infração penal) é exclusiva,
delito.
portanto, das pessoas físicas ou naturais,
As pessoas jurídicas também possuem
pois a conduta exige manifestação da
capacidade penal passiva, pois a prática do
vontade humana.
delito independe da manifestação da
Algumas lei penais referem-se à vontade da vítima.
“responsabilidade penal” da pessoa jurídica,
mas nesse caso o legislador apenas esta ✓ *Objeto do Crime: É tudo aquilo contra
intitulando de “pena” a punição de natureza
o que se dirige a condutacriminosa.
administrativa. A Ciência do Direito Penal
Distinguem-se duas espécies de objeto:
trabalha com conceitos de conduta e de
● Objeto Jurídico: é o bem jurídico ou o
pena relacionados apenas às pessoas interesse que o legislador tutela,
físicas. Em face da Lei Penal de nº. através da lei penal (a vida, o patrimônio, a
honra, etc.);
*Culp consiste na prática não intencional
● Objeto Material:
a: é a pessoa ou a coisa do delito, faltando o agente a um dever de
sobre a qual recai a condutadelituosa. atenção e cuidado. Na culpa, há a “não –
observância do dever de cuidado pelo
*A conduta, comissiva ou omissiva, pode sujeito”, causando o resultado e tornando
ser “dolosa ou culposa”. punível seu comportamento. Em regra, as
*Dolo: é a vontade e a consciência de realizar condutas são punidas a título de dolo. Isso
os elementos constantes do tipo legal. porque a finalidade da legislação penal é,
Mais amplamente, é a vontade em primeiro lugar, coibir a própria intenção
manifestada pela pessoa de realizar a criminosa. Só existirá crime culposo
conduta. Portanto, “crime doloso” é a quando for expressamente previsto na
conduta consciente de praticar um ilícito legislação. Não há compensação de culpas
penal. no Direito Penal.

A seguir as espécies de Dolo: Modalidades da Culpa;


✓ Dolo direto ou determinado: aquele
em que o agente quer o resultado. ✓ Negligência: é a falta de atenção devida,
✓ Dolo indireto ou indeterminado: a displicência, o relaxamento (ex: não
aquele em que a vontade do agente não observar a rua ao dirigir um carro, deixar
é exatamente definida. Pode ser: uma arma de fogo ao alcance de uma

● Alternativo: aquele em que o objeto da criança). Significa também desleixo, falta


ação se divide entre dois ou mais de cuidado, ocorre quando o agente deixa
resultados (ex: matar ou ferir - para o de realizar atos necessários a impedir que o
agente, tanto faz a produção de umou outro resultado lesivo ocorra.
resultado). ✓ Imprudência: é a conduta precipitada, a
● Eventual: quando o agente não deseja criação desnecessária de um perigo.
diretamente o resultado, mas assume o Corresponde à ação positiva, que não devia
risco de produzi-lo (ex: a pessoa que, ser praticada ou o é sem os cuidados
sabendo-se portadora de doença necessários. Ex: dirigir em alta velocidade,
sexualmente transmissível, mantém manusear uma arma de fogo sem
relações sexuais com outra). descarregá-la.
prevê o resultado, mas não se importa que
✓ Imperícia: é a falta de habilidade técnica
ele ocorra; na culpa consciente, embora
para certas atividades. Implica o
prevendo o que possa vir a acontecer, ao
descumprimento de regra técnica, que
pode vir expressa em lei, regulamento, ou agente repudia essa possibilidade.

simplesmente pertencer ao domínio de ✓ Culpa Imprópria: é aquela em que o

alguma ciência, arte ou profissão. A agente, por erro de tipo inescusável, supõe

imperícia normalmente vem acompanhada estar diante de uma causa de justificação

da imprudência ou da negligência. que lhe permita praticar um fato típico


Exemplo: médico que, sem saber utilizar o licitamente.
equipamento, dele faz uso, produzindo

*PRETERDOLO No crime preterdoloso, há dolo no


lesões no paciente; motorista profissional antecedente e culpa no conseqüente. O
que não procede à manutenção de seu agente tem sua intenção voltada para a
veículo e por isso provoca acidente; não produção de determinado resultado, mas
saber dirigir carro e consequentemente sair por culpa, acaba ocasionando outro, mais
dirigindo. grave. São crimes mistos, pois o agente é
punido a título de dolo e também por culpa.
Espécies de Culpa Por sua vontade, é punido

por dolo, pois agiu visando aquele fim. E é


✓ Culpa inconsciente: é a comum, nas sancionado por culpa, por ter causando
modalidades de negligência, imprudência e outro resultado além daquele que sua
imperícia. O fato era previsível, mas o vontade desejava. Ex: lesão corporal
agente não o previu, por falta de atenção seguida de morte.
devida; ou seja, o sujeito não prevê o
resultado, embora esse fosse previsível.
✓ Culpa Consciente: é uma forma
b) Resultado
excepcional de culpa, cujo agente prevê o
resultado, mas acredita que ele não Para que exista crime e, portanto,

ocorrerá, por confiar erradamente em sua possa haver imposição da pena, é preciso

perícia ou nas circunstâncias. Difere do que haja resultado normativo, ou seja,

“dolo eventual”, porque neste o agente todos os crimes provocam uma


modificação no mundo do direito, dado que vantagem ainda que esta não seja aceita).
ferem a ordem jurídica e fazem nascer para ✓ Crime de mera conduta (ou puramente
o Estado o jus puniendi em concreto. formal): o tipo descreve apenas a conduta,
O resultado é, dentre os efeitos da sem se referir a qualquer resultado. O tipo
prática da conduta, o que a lei penal penal não descreve nenhum resultado
entende como suficiente configuração do natural da ação. A consumação se dá com
crime. Há, no entanto, delitos sem a simples
resultado, nos quais o legislador procurou
antecipar a punição, recaindo esta,
unicamente, sobre a prática da conduta.
No tocante, a existência de
resultado, os delitos dividem-se em três
categorias:
✓ Crime Material: Para que ocorra a
consumação, é preciso, além da ação do
agente, a ocorrência do resultado. A não –
ocorrência do resultado é punida a título de
tentativa. São também chamados de
“crimes de ação e resultado”, pois o tipo
penal descreve tanto a conduta quanto seu
efeito. Ex: homicídio (o resultado é a morte);
furto (subtração), etc.

✓ Crime Formal (ou de consumação


antecipada): o tipo também descreve um
resultado, porém este não precisa ocorrer
efetivamente para que se caracterize a
consumação, bastando a ação do agente e
sua vontade de alcançar o resultado (ex:
extorsão mediante seqüestro que se
consuma com o arrebatamento da vítima;
corrupção ativa, basta prometer a
ação ou omissão. Ex: ato obsceno, violação resultado teria ocorrido? Se o resultado se
de domicílio; desobediência. modificasse, é porque a conduta lhe foi
causa.

O terceiro elemento do fato típico, c) Nexo Causal


nexo de causalidade, é o elo físico
(material, natural) que se estabelece entre Boa parte dos crimes contém, em
a conduta do agente e o resultado sua descrição típica, uma conduta (fazer
naturalístico. É a relação de causa e efeito ou não fazer humano), da qual resulta uma
entre a conduta e o resultado. O Código lesão ou perigo de lesão a algum bem
Penal Brasileiro, em seu artigo 13, adotou a juridicamente tutelado.
teoria da “Equivalência dos antecedentes”, ✓ Espécies de Causa
conhecida como teoria da “conditio sine ● Dependente: originando-se da conduta,
qua non”, segundo a qual causa é toda insere-se na linha normal de
ação ou omissão anterior sem a qual o desdobramento causal da conduta.
resultado não teria ocorrido.
Aplica – se, para que se revele a
● Independente: é toda condição que atua
causa de determinado evento, o processo
paralelamente à conduta,interferindo no
hipotético de eliminação, por meio do qual
processo causal. O surgimento do
se suprime mentalmente uma a uma as
resultado não é uma
situações, sendo, então, possível verificar
aquela sem a qual nãoeclodiria o evento. decorrência esperada, lógica, natural do

Para se saber se determinado fato é rato anterior, mas um fenômeno

ou não causa do resultado, utiliza- se o imprevisível. Pode ser:

método hipotético de Thyrén: — se não


houvesse o fato, o resultado teria ocorrido?- Absolutamente Independente: tem origem

Se concluir que não, então é porque o fato completamente diversa da conduta. Rompe

foi causador do resultado. totalmente o nexo causal e o agente só

Assim, quando se procura definir se responde pelos atos até então praticados.

uma conduta foi ou não causa de Aqui não há nexo. Ex: se alguém coloca

determinado resultado pergunta-se: — caso veneno na comida de uma pessoa, e esta,

a conduta não tivesse sido praticada, o durante a refeição, antes de o veneno


produzir seu efeito, morre em decorrência
de um desabamento, não há ligação entre um fato atípico seja considerado ilícito a
a conduta e o resultado. luz do Direito Civil ou do Direito
Administrativo, por exemplo. Apenas não
- Relativamente independente: encontra sua será considerado um ilícito penal, por
origem na própria conduta e produz por si ausência de tipicidade.
só o resultado, não se situando na linha de
desdobramento causal daconduta. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Nenhuma causa relativamente Na realização de toda conduta


independente tem o condão de romper o típica, sempre encontraremos a trajetória
nexo causal. Ex: o indivíduo é ferido, mas do crime ou fases do crime, mais
por ser diabético, não consegue a conhecida por “Inter Criminis” = etapas do
cicatrização e morre em virtude das crime, conjunto de fases do crime. Onde
complicações advindas do ferimento; o identificamos as seguintes fases:
ferido é levado ao hospital e no caminho, a) Cogitação: é a fase onde se cogita o
por imprudência do motorista, a crime, não se pune;
ambulância abalroa um poste, causando a b) Atos Preparatórios: fase onde ocorre a
morte do paciente por traumatismo preparação do crime, em regra não se
craniano (note-se que o desdobramento pune.
fugiu do quenormalmente acontece). c) Execução: se inicia com o primeiro
movimento que concretize a realização da
d) Tipicidade ação descrita no tipo, ou seja, considera –
se iniciada a execução quando o agente
É a adequação entre o fato concreto começa a realizar o fato que a lei define
(fato delituoso) e a norma jurídica. Só será como crime. O bem jurídico começa a ser
responsabilizado criminalmente aquele que atacado. O agente inicia a realização do
praticar fato descrito em lei penal núcleo do tipo e o crime já se torna punível.
incriminadora. Se interrompida essa fase, pune-se a
A ilicitude penal é ilicitude típica, ou tentativa.
seja, só é relevante, para o Direito Penal, d) Consumação: Aqui todos os elementos
um fato que a lei previamente tenha que se encontram descritos no tipo penal
descrito como delito o que não impede que foram realizados.
● Crime habitual: são
*Crime Consumado: é aquele em que se constituídos por atos que, praticados
reúnem todos os elementos de sua isoladamente, são irrelevantes para o
definição legal (art. 14, I, CP). direito penal, mas, cometidos de forma
Nos crimes materiais, a reiterada, passam a constituir um delito.
consumação se dá com a ocorrência do Ex: exercício ilegal da medicina,
resultado descrito no tipo; admite – se a curandeirismo, manter casa de
tentativa. prostituição, etc.
Nos crimes formais e de mera
● Crimes de ação única, e
conduta, a consumação se dá com a
de ação múltipla: nos de ação única, o
prática da ação proibida.
tipo penal descreve apenas uma forma de
Nos crimes permanentes, a
conduta. Ex: matar, subtrair. Os de ação
consumação se prolonga no tempo, até
múltipla descrevem variadas formas. Ex:
que o agente resolva interrompe-la; o
estelionato.
agente encontra – se em permanente
● Crimes unissubsistentes
estadode flagrância.
e plurissubsistentes: se a conduta não
A doutrina costuma esboçar
pode se fracionada, como na ameaça ou
diversas classificações dos crimes,
na injúria, em que o crime é praticado por
tratemos das principais;
um único ato, diz-se que o delito é
⇒ ESPÉCIES DE
INFRAÇÃO PENAL unissubsistentes. Como conseqüência, a
tentativa é impossível. A maioria dos
● Crimes próprios, impróprios e de
mão-própria: nos crimes próprios, exige delitos é plurissubsistentes, pois o sujeito
-se uma especial qualificação do agente, ativo pode dividir a conduta em vários atos
como os crimes de funcionários públicos, (homicídio, roubo), daí a possibilidade de
ou o de infanticídio, que só pode ser haver tentativa.
praticado pela mãe. Os crimes impróprios ● Crime de dano e de
podem ser cometidos por qualquer pessoa, perigo: quando o tipo penal descreve a
ex: homicídio ou furto. Os crimes de mão- efetiva lesão ao bem jurídico, o crime é de
própria são aqueles que o agente tem de dano: homicídio, furto, lesão corporal, etc.
cometer pessoalmente, sem que possa Crime de perigo apresenta um perigo como
delegar sua execução; ex: falso resultado divide-se em: de perigo concreto
testemunho, prevaricação.
(onde o perigo deve ser demonstrado e parágrafo único, do Código Penal).
provado. Ex: perigo de contágio venéreo.) Portanto, tentativa é a execução começada
e, de perigo abstrato (o perigo não precisa de um crime, que não chega à consumação
se demonstrado e provado, por ser por motivos alheios à vontade do agente.
presumido pela lei, ex: omissão de
notificação de doença). São elementos da tentativa:

● Crimes simples e ● Início da execução da figura penal;


complexos: quando o tipo penal ● Falta de consumação por circunstâncias
descreve uma conduta em que apenas um alheias a vontade do agente

bem jurídico é lesionado ou ameaçado de ● Dolo.


lesão, o crime será simples; ex: homicídio
– vida, furto-patrimônio. Já os crimes Não há tentativa nos crimes culposos,
complexos, contêm em si duas ou mais nos de mera conduta, nos omissivos
figuras penais, ex: roubo contém a conduta próprios e nos preterdolosos.
de furto mais ameaça. Não é punível a tentativa de contravenção
(Lei de Contravenções Penais).
● Crimes materiais, formais e de mera
conduta: nos materiais, o tipo penal
descreve a conduta e o resultado ✓ Espécies de Tentativa
(homicídio, roubo); nos formais, descreve- ● Tentativa perfeita ou acabada (ou
se a conduta, mas não se exige que o crime falho ou crime frustrado): o
resultado seja atingido (crimes contra a agente consegue praticar todos os atos
honra, extorsão). Já nos de mera conduta necessários à consumação, embora esta
inexiste resultado possível (violação de acabe não ocorrendo, isto é, quando a fase
domicilio, desobediência). de execução é integralmente realizada pelo
agente, mas o resultado não se verifica por
*Crime Tentado: ocorre, quando iniciada a circunstâncias alheias a sua vontade.
execução, não se consuma por
● Tentativa imperfeita ou inacabada: a
circunstâncias alheias a vontade do
ação do agente é interrompida no meio do
agente. Salvo disposição em contrário,
caminho. O agente não chega a esgotar
pune-se a tentativa com a pena
sua capacidade ofensiva contra o bem
correspondente ao crime consumado,
jurídico visado.
diminuída de um a dois terços (art. 14, II e
porém voluntariamente evita a
➢ *TENTATIVA BRANCA: ocorre quando
consumação.
o objeto material não sofre lesão. Ex: o
sujeito tentando matar a vítima dispara em
Nos dois casos o agente só responde pelos
sua direção tiros de revólver, errando o
atos até então praticados.
alvo.

*Arrependimento Posterior (art. 16, do


Código Penal) Ocorre nos crimes cometidos sem
violência ou grave ameaça, em que o
*Desistência Voluntária e
agente, voluntariamente, repara o dano ou
Arrependimento Eficaz (art. 15 do
Código Penal). restitui a coisa até o recebimento da
denúncia ou queixa. A pena será reduzida
São espécies de tentativa abandonada.
de um a dois terços. Tratando-se de causa
● *Desistência Voluntária: O agente objetiva de diminuição de pena, o
voluntariamente interrompe a execução arrependimento posterior não se restringe à
do crime, impedindo sua consumação (art. esfera pessoal de quem o realiza,
15, caput, 1ª parte). Consiste numa estendendo-se aos co - autores e partícipes
abstenção de atividade: o sujeito cessa o condenados pelo mesmo fato.
seu comportamento delituoso; assim, só
ocorre antes de o agente esgotar o
*Crime Impossível (art. 17, do Código Penal
processo executivo.

É também chamada de “quase-


A lei quer, com tal medida, estimular o
crime”, “tentativa inidônea ou
agente a retroceder. Não é possívelnos
inadequada”, pois não se pune a tentativa
crimes de mera conduta, em que a
quando, por ineficácia absoluta domeio ou
execução e a própria consumação.
por absoluta impropriedade do objeto é
impossível consumar o crime.Pode ocorrer
● *Arrependimento Eficaz: tem lugar
por:
quando o agente, tendo já ultimado o
● Ineficácia absoluta do meio: o meio
processo de execução do crime,
empregado ou instrumento utilizado para a
desenvolve nova atividade impedindo a
execução do crime jamais levará à
produção do resultado. Ou seja, o agente
consumação. Ex: usar um palito de dentes
termina todo o processo de execução,
para matar um adulto; um revólver sem alheia acreditando que ela lhe pertence,
munição é absolutamente inidôneo para não terá o dolo de furtar.
matar alguém a tiro.
● Impropriedade absoluta do objeto: a *Erro de Tipo e Delito Putativo por Erro
pessoa ou coisa sobre a qual recai a de Tipo

conduta é absolutamente inidônea à


produção de algum resultado lesivo. Ou
A distinção entre erro de tipo e delito
seja, o objeto material do crime que se
putativo por erro de tipo faz-se diante da
apresente absolutamente impróprio para
vontade do sujeito. No Erro de tipo ele não
que o ilícito se consume. Ex: matar
quer cometer o crime, mas acaba por
cadáver; utilizar práticas abortivas em
praticá-lo, em face do erro. Ex: sujeito atira
mulher que não esta grávida.]
numa pessoa pensando trata-se de um
animal bravo.
Já no delito putativo por erro de tipo,
ERRO SOBRE ELEMENTOS DO ao contrário, ele quer cometer o crime, mas
TIPO (art. 20 e ss., do Código não consegue cometê-lo diante do erro.
Penal)
Exemplo: mulher supondo que está grávida
toma remédio abortivo (nesse caso, como
O Erro sobre elemento constitutivo ela não está grávida, o fato será um
do tipo legal de crime exclui o dolo, mas indiferente penal).
permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei (art. 20, Código Penal). ✓ Espécies de Erro de Tipo
O Erro de Tipo é a falsa percepção
O erro de tipo classifica-se em:
da realidade, onde o agente pratica a
a) Essencial: é o que recai sobre as
conduta sem a consciência de estarem elementares ou circunstâncias do crime;
presentes, na situação de fato, os b) Acidental: é o que recai sobre
elementos que o tornam típico, ou seja, os um dano secundário da norma penal
elementos previstos no tipo penal. incriminadora.
Tal erro pode referir-se a uma
situação de fato. Ex: atirar em uma pessoa *Erro de Tipo Essencial: Há erro de tipo
pensando tratar-se de uma estátua de cera; essencial quando a falsa percepção da
um indivíduo subtrai uma coisa móvel realidade impede o sujeito de compreender
o caráter ilícito do fato. Exemplo: João atira pelo crime, conforme tenha agido com dolo
em um homem, pensando trata-se de um ou culpa. Com relação ao provocado, é
animal feroz (note que erro de João recai preciso fazer a seguinte distinção:
sobre a elementar “alguém” do crime de a) tratando-se de erro invencível,
homicídio, pois ele supôs estar atirando em não responde pelo crime cometido, a título
um animal e não em um ser humano). dedolo ou culpa;
O erro de tipo essencial pode ser: b) tratando-se de provocação em
● Invencível ou Escusável: é aquele que que o erro do agente foi vencível, não
não poderia ser evitado pela diligência responde por dolo, porém subsiste a
normal. Qualquer outra pessoa, no lugar do modalidade culposa, se prevista em lei.
agente, cometeria o mesmo erro. Nos *Observação: e se o terceiro e o sujeito
agem dolosamente?
termos do art. 20 do CP. O erro do tipo
Suponha que A diga a B que a arma
essencial invencível (ou escusável) exclui o
está descarregada, sabendo que ela está
dolo e a culpa (o sujeito não responde por
carregada, e querendo que B mate C. B
crime);
percebe que a arma esta carregada, mas
adere à vontade criminosa de matar a
● Vencível ou Inescusável: é aquele que
vítima (“C”). Aciona o gatilho e mata a
decorre da imprudência ou negligência e,
vítima. Não se trata de erro provocado,
portanto, poderia ser evitado pela
porque B não incidiu em erro. Nesse caso,
diligência normal. Qualquer pessoa, no
ambos respondem por homicídio doloso
lugar do agente, se empregasse um pouco
em face da participação.
mais de cuidado, não cometeria esse
erro. Nos termos do art. 20 do Código

Penal, o Erro de Tipo essencial vencível (ou


*Erro de Tipo Acidental
inescusável) exclui o dolo, mas permite a
punição por culpa se prevista em lei a O Erro de Tipo Acidental é aquele

modalidade culposa. que não recai sobre as elementares ou


circunstâncias do crime, mas sim sobre um

*Erro provocado por Terceiro: Nos termo dado secundário da norma penal

do art. 2º do Código Penal, “responde pelo incriminadora. O sujeito atua com plena

erro o terceiro que determina o erro’’. convicção do que faz, porém se engana a

O terceiro provocador responderá respeito de um dado não essencial ao


delito. Vê, assim, que o erro de tipo prevista no art. 61, II e, 1º figura, do Código
acidental não exclui o dolo nunca. O erro Penal (ter cometido crime contra
de tipo acidental mais comum é aquele que ascendente).
recai sobre a coisa e a pessoa.
*Erro de Proibição
✓ Erro sobre a coisa (error in objecto):
em um supermercado, Pedro furta sal O Erro de Proibição é aquele que

achando que está furtando açúcar. Trata- recai sobre a proibição do fato (ele recai

se de um erro irrelevante, pois o direito não sobre a antijuridicidade de uma ação

protege a propriedade desde ou daquele conhecida como típica pelo autor).

bem, mas sim a propriedade como um todo. Exemplo: se o sujeito tem cocaína em
casa, supondo trata-se de outra
substância, inócua, trata-se de erro de tipo
✓ Erro sobre a pessoa (error in persona):
(art.20 do Código Penal).
ocorre quando, em face de um erro quanto
Já, porém, se o sujeito tem cocaína
à representação da realidade, o sujeito
em casa, sabendo trata-se de cocaína, no
atinge uma pessoa pensando trata-se de
entanto, supõe que o depósito não é
outra (ele não sabe que acertou outra
proibido, o tema é de erro de proibição (art.
pessoa. Ele acha que acertou exatamente 21 do Código Penal).
quem ele queria) De acordo com o § 3º do O art. 21 do Código Penal
art. 20 do Código Penal “o erro quanto à estabelece que o desconhecimento da lei é
pessoa contra a qual o crime é praticado inescusável (evitável). Existe então uma
não isenta de pena. Não se consideram, diferença entre o desconhecimento da lei (é
nesse caso, as condições ou qualidades da inescusável) e a falta de conhecimento
vítima, senão as da pessoa contra quem o sobre a ilicitude do fato.
agente queria praticar o crime”. Exemplo: o De fato, a lei é um diploma formal
agente pretende cometer homicídio contra editado pelo poder competente. Ilicitude é
Pedro. Coloca a relação de contrariedade que se
-se de tocaia e, pressentindo a aproximação estabelece entre a conduta praticada pelo
de um vulto e supondo tratar-se da vítima, agente e o ordenamento jurídico.
atira e vem a matar o próprio pai. Sobre o
fato não incide a agravante genérica
✓ Espécies de Erro de Proibição tutelado e mesmo assim não é punido em
face desse sacrifício ser razoável. Ex: A
O erro de proibição, também chamado
mãe que furta determinada coisa, em razão
de erro sobre a ilicitude do fato, podeser:
de seu filho estar sendo ameaçado de
morte por um criminoso, que o mantém
a) Invencível ou escusável:
como refém. Neste caso a mãe não será
aquele que não tinha como ser evitado.
punida pelo furto em face de estar dentro
Qualquer pessoa no lugar do agente
da justificativa de uma coação moral
cometeria o mesmo erro. Nos termos do
irresistível.
art.21 do CP, o erro de proibição,quando
invencível, isenta de pena.
A Obediência Hierárquica, só será
b) Vencível ou inescusável: é
causa de excludente de punibilidade se ela,
aquele que poderia ter sido evitado se o
embora ilegal, aos olhos do executor seja
agente tivesse tomando um pouco mais de
uma ação legal. Se ficar comprovada a
cuidado. Nos termos do art. 21 do Código
ilegalidade e o subordinando realizar a
Penal, o erro de proibição, quando vencível,
ação ilegal, responderá juntamente com o
poderá diminuir a pena de um sexto a um
mandante da ordem; mas, como na coação
terço.
moral resistível, responderá com atenuante
de pena conforme art. 65, II, “c”, do Código
8. COAÇÃO IRRESISTÍVEL E
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art. Penal.
22, Código Penal).

9. ANTIJURICIDADE OU ILICITUDE
Coação é a utilização de força física
(coação física) ou grave ameaça (coação
Foi visto que o crime é fato típico e
moral) contra alguém, a fim de que esse
antijurídico. Assim, para a existência do
faça ou deixe de fazer algumacoisa.
ilícito penal é necessário que a conduta
A Coação moral sofrida pelo agente é
dividida em coação resistível e irresistível. típica seja, também, antijurídica.

✓ Coação Resistível: aqui não justifica a A antijuridicidade é a contradição

ação do agente e por isso se pune, com entre uma conduta e o ordenamento
jurídico.
atenuante da pena;
O fato típico, até prova em contrário,
✓ Coação Irresistível: como a coação
supera ou se iguala à do bem jurídico é um fato que, ajustando-se ao tipo penal, é
antijurídico. Existem, entretanto, na lei modo, a sua ação poderá lesar um
penal ou no ordenamento jurídico em geral, interesse, mas não poderá ser considerada
causas que excluem a antijuridicidade do contrária ao direito".
fato típico. Por essa razão, diz-se que a Para outros, porém, a antijuridicidade
tipicidade é o indício da antijuridicidade, tem caráter objetivo, resolvendo-se num
que será excluída se houver uma causa que contraste entre o fato e o ordenamento
elimine sua ilicitude. "Matar alguém" jurídico, independentemente da capacidade
voluntariamente é fato típico, mas não será de entendimento ou da imputabilidade do
antijurídico, por exemplo, se o autor do fato sujeito. Como o dolo integra o tipo penal e
agiu em legítima defesa. Nessa hipótese a culpabilidade (reprovabilidade) é o
não haverá crime. elemento valorativo do crime, não deixa de
A antijuridicidade, como elemento ter antijuridicidade o ativo voluntário de um
na análise conceitual do crime, assume, inimputável. Os loucos, menores, silvícolas
portanto, o significado de "ausência de etc. praticam crime (fato típico e
causas excludentes de ilicitude". A antijurídico), embora esteja ausente a
antijuridicidade é um juízo de desvalor que culpabilidade.
recai sobre a conduta típica, no sentido de
que assim o considera o ordenamento 9.1 Causas excludentes da ilicitude ou
antijuricidade
jurídico.
Quanto ao caráter da
O direito prevê causas que excluem
antijuridicidade, há uma teoria subjetiva,
a antijuridicidade do fato típico (causas
fundada na noção de que o direito, com o
excludentes da criminalidade, causas
fim de proteger bens, exerce uma função
excludentes da antijuridicidade, causas
reguladora das vontades individuais e que
justificativas, causas excludentes da
o comando da lei somente pode dirigir-se
ilicitude, eximentes ou descriminantes).
àqueles capazes de serem motivados a
São normas permissivas, também
responderem às exigências da ordem
chamadas tipos permissivos, que excluem
emitida.
a antijuridicidade por permitirem a prática
Assim, os incapazes, os loucos e
de um fatotípico.
menores, os primeiros em virtude de
Segundo o entendimento adotado, a
razões naturais, os últimos, por prescrição
exclusão da antijuridicidade não implica o
legal, não agem contra o direito e "desse
desaparecimento da tipicidade e, por
conseguinte, deve-se falar em "conduta funcionário público, em apreciação ou
típica justificada". De acordo, porém, com a informação que preste no cumprimento de
teoria dos elementos negativos do tipo, as dever de ofício (art. 142) etc.
causas de justificação eliminam a Para a maioria dos doutrinadores,
tipicidade. Segundo esta posição, se presentes no fato os elementos objetivos
entende que o tipo constitui somente a constantes da norma permissiva, deixa ele
parte positiva do tipo total de injusto, a que de ser antijurídico, não se indagando do
se deve juntar a parte negativa conteúdo subjetivo que levou o agente a
representada pela concorrência dos praticá-lo. Para que o agente atue
pressupostos de uma causa de juridicamente, contudo, é necessário que,
justificação. além de estarem presentes os elementos
Somente será típico o fato que objetivos das descriminantes, preencham
também for antijurídico; presentes os também o elemento subjetivo. A norma
requisitos de uma descriminante não há permissiva, ou tipo permissivo, contém
que se falar em conduta típica. elementos subjetivos paralelos aos
A lei penal brasileira dispõe que "não objetivos. Deve haver também a
há crime" quando o agente pratica o fato "congruência" entre a conduta do agente e a
em estado de necessidade, em legítima norma que contém a causa excludente da
defesa, em estrito cumprimento de dever antijuridicidade.
legal ou no exercício regular de direito (art. Não estará em legítima defesa, por
23). exemplo, quem atira em um inimigo sem
Além das normas permissivas da saber que este está, por baixo do,
Parte Geral, todavia, existem algumas na sobretudo, com uma arma prestes a
Parte Especial, como, por exemplo, a disparar e matá-lo. Embora presentes os
possibilidade de o médico praticar aborto requisitos objetivos da legítima defesa, não
se não há outro meio de salvar a vida da existem os seus elementos subjetivos. O
gestante ou se a gravidez resulta de autor, para praticar fato típico que não seja
estupro (art. 128); a ofensa irrogada em antijurídico, deve agir no conhecimento da
juízo na discussão da causa, pela parte ou situação de fato justificante e com
por seu procurador; a opinião desfavorável fundamento em uma autorização que lhe é
da crítica literária, artística ou científica e o conferida através disso, ou seja, querer
conceito desfavorável emitido por atuar juridicamente.
9.2 Exclusão de Ilicitude
*Causas Supralegais de Excludente
de Antijuricidade ou Ilicitude Além de típico, para ser considerado
crime, o fato deve também ser antijurídico.
Tem-se sustentado que, além das
O artigo 23 do Código Penal Brasileiro
causas justificativas expressamente
dispõe que não há crime quando o agente
consignadas na lei, existem outras,
pratica o fato nos seguintes casos:
supralegais, não explícitas.
✓ Em Estado de Necessidade;
Essas causas que excluem a
✓ Em Legítima Defesa;
ilicitude podem ser legais (quando
previstas em lei) ou extralegais (quando ✓ Em Estrito Cumprimento do Dever
Legal;
não estão previstas em lei).
✓ No Exercício Regular de um
✓ Extralegais: é o consentimento do Direito.
ofendido. É a única que não está prevista
em lei. Se o ofendido dá o seu As excludentes da ilicitude têm suas
consentimento, esse ato tem força para regras básicas, comprovados os elementos
excluir a ilicitude do ato. No entanto, só se caracterizadores da excludente, a conduta
aplica se o bem for disponível. Ex: Carlos será impunível; ausentes os requisitos a
furta o relógio de Pedro (art. 155, CP), conduta será punível. Tais elementos
porém este último diz ao primeiro que pode exteriorizam-se no mundo fático e são
ficar com o relógio como presente. Nesse chamados de causas objetivas das
caso, está excluída a ilicitude desse ato excludentes da antijuricidade; entretanto,
que, em um primeiro momento, era furto, O despidas do seu elemento subjetivo, não
mesmo, entretanto, não se pode dizer no serão consideradas. Elemento subjetivo é
crime de homicídio, pois a vida é aquele que intimamente motiva o agente a
indisponível. praticar determinada conduta.

✓ Legais: são aquelas que estão previstas


no artigo 23 do Código Penal Brasileiro 9.2.1 Estado de Necessidade (art. 24 do
Código Penal)
(estado de necessidade, legítima defesa,
estrito cumprimento do dever legal e
O Estado de Necessidade tem o
exercício regular de direito). poder de tornar lícita a conduta do agente
que, nas condições previstas em lei,
praticou uma ação típica, desde que, para ➢ O caso do náufrago que afoga o outro para
salvar de perigo atual bem ameaçado, seja ficar com a única bóia. Trata- se de típicos
esse bem de valor superior ao bem casos de estado de necessidade.
sacrificado ou de igual valor, não se ➢ As lesões corporais causadas por uma
admitindo, no entanto, o sacrifício de um pessoa em outra fugindo de um
bem jurídico superior a pretexto de salvar incêndio.
um outro bem de valoração inferior. ➢ O atropelamento de um pedestre quando
Portanto, age em Estado de Necessidade, o motorista esta sendoperseguido por
o agente que pratica o fato
assaltantes.
para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de ➢ A atitude dos passageiros do avião que
caiu nos Andes, alimentando-se
outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
dos restos mortais das vítimas do desastre.
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
9.2.2 Legítima defesa
O Estado de Necessidade possui os
seguintes elementos caracterizadores, sem
A Legítima Defesa como definida
os qual não se configura:
pelo Código Penal Brasileiro, é toda ação
a) Perigo atual não provocado pelo agente;
que viole conduta típica para salvar direito
b) Bem jurídico do agente ou de terceiro
ameaçado; próprio que esta sendo lesado ou na

c) Inexigibilidade de sacrifício do bem jurídico iminência de sofrer lesão, provocada pro


ameaçado; injusta agressão. Não há confronto de
d) Inexistência de dever legal de enfrentar o direitos, mas sim buscar frear uma ilicitude
perigo;
que coloca em risco o agente. Decorre
e) Conhecimento da situação de perigo.
exclusivamente de ação humana injusta,
ao passo que o estado de necessidade
São exemplos típicos de estado de
necessidade: pode advir de qualquer causa natural ou
humana.
➢ Quando o alpinista corta a corda em uma
O agente que usando
escalada de uma montanha fazendo com
moderadamente dos meios necessários,
que seu amigo venha a ser precipitando no
repeleinjusta agressão, atual ou iminente, a
despenhadeiro por perceber que a corda
direito seu ou de outrem.
que os sustenta está prestes a se romper.
A Legítima Defesa, para estar
Paratentar se salvar sacrifica o amigo.
caracterizada é necessária o vítima mantida refém durante a prática
preenchimento dos seguintes requisitos: de crimes.
a) Agressão Injusta, que esteja em curso ou na (Incluí
iminência de ocorrer;
do pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) A repulsa, utilizando-se os meios
necessários; De acordo com a doutrina, a inclusão do
c) A moderação no uso dos meios de defesa; parágrafo único foi desnecessária, tendo
d) O conhecimento da agressão e a em vista que a legítima defesa já era
consciência de sua atualidade ouiminência aplicada a todas as pessoas, incluindo os
e de seu caráter injusto (elemento agentes de segurança pública. Trata-se,
subjetivo).
portanto, de uma medida
A agressão não precisa ser criminosa.
política e cooperativista. Há redundância,
O termo “injusta” indica contrariedade com
veja que o parágrafo único condiciona a
o ordenamento jurídico. Mas terá de ser
legítima defesa aos “requisitos previstos
atual ou iminente. Se passada, ou remota, a
no caput deste artigo”, presentes tais
atitude será considerada criminosa.
requisitos, a legítima defesa estará
caracterizada, englobando qualquer

LEGÍTIMA DEFESA DOS AGENTES DE pessoa que tenha agido amparada pela
SEGURANÇA excludente da ilicitude.

Salienta-se que se trata de legítima defesa


de terceiro e não de estrito cumprimento
A Lei 13.964/2019 inseriu o parágrafo
de dever legal, tendo em vista que não há
único ao art. 25 do Código Penal, a fim de
nenhuma norma determinado que o policial
tratar da legítima defesa (excludente de
“mate” alguém para repelir agressão ou
ilicitude) do agente de segurança pública.
risco de agressão, por isso se pune o
Observe:
excesso. A definição de quem deve ser

Parágrafo único. Observados os compreendido como agente de segurança

requisitos previstos no caput deste pública está contida no art. 144 da CF.

artigo, considera-se também em legítima


defesa o agente de segurança pública que
A LEGÍTIMA DEFESA CLASSIFICA-
repele agressão ou risco de agressão a SE EM:
a) Própria: quando a pessoa que vidro nos muros das casas; cerca de arame
se defende é o titular do bem jurídico farpado; fios ligados às maçanetas da
ameaçado; porta para eletrificá-las, etc.
b) De Terceiro: quando o bem jurídico A doutrina não é majoritária quanto
pertence a outrem;
à classificação dos ofendículos como
c) Real: quando não há erro sobre a situação
legítima defesa ou exercício regular de
de fato;
direito. Devem, entretanto, ser
d) Putativa: quando o agente pensa estar em
legitima defesa, por erro de tipo; enquadrados como exercício regular de
e) Sucessiva: quando o agente, direito, enquanto colocados, uma vez que
inicialmente agredido, exagera na repulsa; não há sequer uma iminente agressão ao
neste caso, o primeiro agressor estará em patrimônio da suposta vítima, o que
legítima defesa, se reagir contra excesso; caracteriza a legítima defesa. No entanto,
f) Subjetiva: quando o agente no momento em que atuam, devem ser
inicia a defesa, mas, mesmo cessada a vistos como Legítima Defesa Preordenada.
agressão, ainda a considera presente,
persistindo no uso dos meios de repulsa. Exige 2 requisitos:
Haverá excesso, mas este será culposo, ou a) Temporal: a reação deve ser dar no tempo
da agressão;
mesmo não haverá culpa, se o agente não
b) Proporcionalidade: a reação deve ser nos
tinha como saber que a conduta agressiva
limites da agressão.
havia terminado.
A provocação por parte do agredido
9.2.3 Estrito Cumprimento do Dever
não lhe tira o direito de defender-se, salvo Legal
quando, a provocação em si é considerada
uma agressão, ou quando ele, ardilmente O Código Penal Brasileiro, não
planejou a situação, de modo a forjar uma conceitua o Estrito Cumprimento do Dever
situação de legítima defesa para mascarar Legal, mas a doutrina o entende como a
sua ação criminosa. obediência à norma legal escrita, que
impõe ao indivíduo uma obrigação de
*Ofendículos ou Ofensáculos, são todos praticar uma conduta típica. Embora se
os meios de proteção utilizados pela enquadre nos elementos do tipo penal, a
pessoa em defesa de seus direitos conduta não se confrontaria com o
(patrimônio, vida, etc.). Ex: pedaços de ordenamento jurídico, já que dele partiria a
obrigação. ordenamento jurídico.
Apesar de praticar uma conduta
típica, quem age em estrito cumprimento São exemplos de Exercício
Regular de um Direito:
de um dever que lhe é imposto por lei (lei,
✓ A correção dos filhos por seus pais;
aqui, no sentido genérico de qualquer
✓ Violência Desportiva;
norma legal) não pratica crime, uma vez
✓ Penhor forçado;
que a excludente tira o caráter ilícito de sua
✓ Intervenções Cirúrgicas;
conduta. O agente conduz – se
✓ Em qualquer caso, não se pode
estritamente segundo o permissivo legal,
ultrapassar os limites que a ordem
respondendo pelos excessos que vier a
jurídica impõe ao exercício do direito.
cometer.

10. CULPABILIDADE
Exemplos:
➢ O policial que, no estrito cumprimento de
É a possibilidade de declarar
seu dever, pratica lesão em delinqüente
culpado o autor de um fato típico e ilícito; é
que, após receber ordem de prisão, se
um pressuposto para imposição de pena.
recusa a ser algemado.
Culpabilidade é o juízo de
➢ O carrasco que executa o condenado à
reprovabilidade que recai sobre o agente
morte, nos países que admitem a pena de
pelo fato típico e ilícito que ele cometeu.
morte;
Em outras palavras, a culpabilidade refere-
➢ O soldado que mata o inimigo, em campo
se à reprovação de certa conduta.
de batalha, no caso de guerradeclarada.
Interessante observar que enquanto a
ilicitude refere-se ao fato (o fato é ou não
9.2.4 Exercício Regular de um Direito
ilícito), a culpabilidade refere-se ao agente
Configura-se pela utilização de um
(é o agente que é ou não culpável).
direito ou faculdade que pode decorrer da
De acordo com o Código Penal
lei, de um fim social ou dos costumes,
Brasileiro, a Culpabilidade possui três
dando ao agente a permissão para que
elementos:
pratique condutas dentro dos limites
➢ Imputabilidade: capacidade de o agente
estabelecidos e com finalidades diversas.
compreender a ilicitude do fato ou de
Ou seja, ocorre quando o agente age dentro
conduzir-se de acordo com esse
dos limites autorizadores pelo
entendimento.

k
➢ Potencial consciência da ilicitude:
possibilidade de o agente, dentro das
circunstâncias em que ocorre a prática da
conduta, saber que ela contraria o direito.
➢ Exigibilidade de conduta diversa:
sendo a culpabilidade uma reprovação por
não ter o agente evitado a prática da
conduta, não havendo liberdade de ação, ou
seja, não podendo o agente proceder de
outra maneira, não será reprovável.

*Causas Excludentes da Culpabilidade


Baseado nos elementos da
culpabilidade encontraremos os seguintes
excludentes:

ELEMENTO EXCLUDENTE
Imputabilidade *Inimputabilidade por doença ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado (art. 26, C.P.)
*Inimputabilidade por menoridade (art. 27, C.P.)
*Inimputabilidade por embriaguez completa, proveniente decaso
fortuito ou força maior (art. 28, §1º. C.P.).

Potencial * Erro de Proibição (art. 21, C.P.).


Consciência
da Ilicitude
Exigibilidade * Coação moral irresistível (art. 21, 1ª parte, C.P.).
de Conduta* Obediência Hierárquica (art. 21, 2ª parte, C.P.).
Diversa
Dependência patológica de substância
10.1 Imputabilidade psicotrópica configura doença mental.
- Desenvolvimento mental
É a possibilidade de se atribuir, de incompleto: é o desenvolvimento que
se imputar fato típico e ilícito aoagente, ainda não se concluiu.
ou seja, é a capacidade de entender o - Desenvolvimento mental
caráter ilícito do fato e retardado: é o caso de oligofrênicos,

determinar – se de acordo com esse classificados em: débeis mentais, imbecis

entendimento. Em regra, todo agente é e idiotas, dotados de reduzidíssima

imputável, a não ser que ocorra causa capacidade mental; surdos – mudos que

excludente de imputabilidade. A não têm qualquer capacidade de

imputabilidade é a regra; a inimputabilidade entendimento e de autodeterminação.

a exceção.
As causas, excludentes de imputabilidade
são as seguintes: ● Embriaguez completa proveniente de
● Menoridade: O art. 27 do Código Penal caso fortuito ou força maior:
trata da inimputabilidade por menoridade; Embriaguez é o estado de intoxicação
assim, os menores de 18 anos são aguda e passageira, provocada pelo álcool
penalmente inimputáveis, e ficam sujeitos (ou outras substâncias de semelhantes
às normas estabelecidas na legislação efeitos), que reduz ou priva a capacidade
especial, ou seja, no Estatuto da Criança e de entendimento. A embriaguez comporta
do Adolescente – Lei nº. 8.069/90. Sendo três estágios – excitação, depressão e fase
assim, a punição remetida aos menores de de sono. A embriaguez completa
18 anos, não poderá ser a mesma aplicada corresponde aos dois últimos estágios.
aos maiores de 18 anos; de acordo com a
lei. Na embriaguez completa, o indivíduo
● Doença mental ou desenvolvimento mental perde a capacidade dediscernimento e, por
incompleto ou retardado: vezes, chega a impossibilidade de
- Doença mental – é a compreensão do
perturbação mental de qualquer ordem,
caráter ilícito de sua conduta ou a
como psicose, esquizofrenia, loucura,
impossibilidade de direcionar-se de modo
paranóia, psicopatia, epilepsia.
diverso. O sistema penal brasileiro, só
isenta de pena o agente se tal embriaguez equipara à doença mental, onde o agente
derivar de caso fortuito ou acidental sofre dependência química, física e
(quando o agente ignora que esta se psíquica do álcool.
embriagando, seja por desconhecer que há Abaixo apresentamos um quadro
álcool na bebida, seja por ignorar especial com as espécies de embriaguez e suas
condição fisiológica), por força maior conseqüências jurídicos – penais:
(quando o agente foi, por exemplo, forçado
a ingerir bebida). E finalmente, a
embriaguez patológica, porque esta se
Espécies Origem Conseqüência Jurídica
de Embriaguez
Patológica Doença que provoca Inimputabilidade por
dependência física e equivalência à doença mental
psíquica (art. 26, caput, Código Penal).
Voluntária Intenção do indivíduo em Agente considerado imputável.
embriagar-se, embora não
tencionasse praticar crime
algum.
Culposa Ocasionada por descuido Idem
do agente.
Fortuita ou Quando o agente Inimputabilidade (art. 28, § 1º).
Acidental desconhecia os efeitos da
substância ingerida no seu
organismo.
Por Força Maior O agente é coagido física ouInimputabilidade (art. 28, § 1º).
moralmente a ingerir a
substância.

Preordenada O agente embriaga-se Imputável, sendo punido como


propositalmente para o agravante (art. 61, “l”, Código
cometimento do delito. Penal)
possibilidade do agente conhecer o caráter

10.2 Potencial Conhecimento da ilícito da conduta.


Ilicitude
Consciência é conhecimento. 10.3 Exigibilidade de Conduta Diversa
Conhecer é dominar, é apreender. A A Exigibilidade de conduta diversa,
ilicitude é a relação de contrariedade como causa de exclusão da culpabilidade,
existente entre a conduta praticada pelo funda-se no princípio de que só podem ser
agente e o ordenamento jurídico como um punidas as condutas que poderiam ser
todo. Potencial é o que exprime a evitadas.
possibilidade de algo. No caso, a inevitabilidade não tem a
Potencial consciência da ilicitude, é força de excluir a vontade, que subsiste
a possibilidade de se conhecer que o fato é como força propulsora da conduta, mas
contrário ao direito, ilícito, proibido, choca- certamente a vicia de modo a tornar
se com a ordem jurídica. Para que se possa incabível qualquer censura ao agente.
reprovar o comportamento de alguém, é A exigibilidade de conduta diversa pode ser
necessário e indispensável que ele, quando excluída por duas causas:

atuou, tivesse, pelo menos, a possibilidade a) Coação Física ou Moral Irresistível;


b) Obediência Hierárquica.
de saber que a sua conduta era proibida,
pois se não lhe fosse possível atingir esse
11. CONCURSO DE PESSOAS
conhecimento, não tinha, então, nenhum
motivo, nenhuma razão, para deixar de
Há concurso de pessoas quando
realizar o que realizou. Quem age sem
dois ou mais indivíduos concorrem para a
possibilidade de saber que fere o direito,
prática de um mesmo crime (art. 29, do
atua na certeza de que sua conduta é de
Código Penal Brasileiro).
acordo com a ordem jurídica, e, assim
Existe Concurso de pessoas quando
sendo, não pode merecer qualquer censura
mais de um agente pratica o fato típico,
que só é possível, quando se puder exigir
seja praticando a conduta descrita em seu
do homem conhecer que seu gesto é
núcleo (co-autoria), seja auxiliando de
proibido.
alguma forma a produção do resultado
Portanto, Potencial conhecimento
(participação). A doutrina finalista aponta
da ilicitude, nada mais é do que o elemento
como autor o agente que tem o domínio da
intelectual da culpabilidade, ou seja, da
situação, de modo que o autor intelectual,
embora não pratique diretamente a materialmente realiza a conduta típica
conduta típica (matar alguém, por exemplo), prevista no texto legal.
conduz a prática do delito. ● Autor intelectual: É aquele que idealiza
Existe nos crimes unissubjetivos ou e dirige a ação por meio de
monossubjetivos (crime que pode ser terceiros sobre quem tem absoluto

cometido por um ou mais agentes), que controle, podendo, inclusive, determinar a

também são chamados de Concurso continuação ou a paralisação da conduta.

Eventual. Já no crime plurissubjetivos (são Está, pois, em suas mãos o poder de

crimes em que há necessidade de ser decidir sobre a consumação ou não da

praticados por pluralidade de agentes), por infração.

sua natureza há necessariamente, o ● Autoria mediata: quando aquele que

concurso de mais de uma pessoa; ex: rixa, deseja fazer atuar sua conduta ilícita se
quadrilha ou bando. utiliza de outrem, em estado de
Não é necessário que as condutas irresponsabilidade penal, como instrumento
sejam idênticas para que haja co – autoria, para alcançar o resultado desejado. Isto é,
mas que haja um fato para o qual autor mediato é aquele que de forma
concorram os diversos atos. consciente e deliberada faz atuar por ele o
Já na participação, ao fato principal outro cuja conduta não reúne todos os
acedem condutas diversas, como o requisitos para ser punível.
emprestar de uma arma (auxílio material,● Co-Autoria: É a união de vontade de
cumplicidade) ou o induzir à prática do diversas pessoas para alcançar o mesmo
crime (participação moral). resultado. Em última análise, o co – autor é
● Autor: É aquele que pratica diretamente a aquele que tem juntamente como os
ação ou tem, sob seu absoluto domínio, o demais autores o mesmo objetivo, cada
total comando da ação que culminará com um atuando de forma a se delinear em sua
o resultado desejado, mesmo que outros conduta uma ação típica. Na co – autoria
sejam os executores. Ex: chefe de ocorre a divisão, na prática, dos atos que
quadrilha determina a seus comandados a tendem à execução da ação delituosa, ou
ação delituosa. Nesse caso, o mandante é seja, os co – autores dividem tarefas em
autor da infração. A seguir, Formas de sede de tipo. Ex: no crime de roubo, um
autoria. ameaça e o outro despoja a vítima de seus
● Autor executor: É aquele que bens. Todos os co-autores respondem pelo
mesmo delito, por conseqüência. d) Identidade de fato.
● Participação: Partícipe é aquele que
contribui para a realização do crime, sem Devem estar presentes, portanto, além
praticar elementos do tipo, isto é, sem de caracteres objetivos, uma identidade
realizar atos de execução. O partícipe subjetiva entre os diversos agentes. Não é

colabora com a consumação, mas não se necessário o prévio ajuste, bastando que

encontra em condições de influir no um deseje aderir à vontade do outro,

resultado. mesmo com oposição deste.


Pode haver co – autoria em crime

A participação é uma forma indireta culposo, mas não participação, já que a

de contribuir para o resultado delituoso, identidade não se refere ao resultado (que

sem, contudo, sua ação caracterizar fato não é desejado), mas à causa.

típico. Pode ser dar por Auxílio Moral Não pode haver participação dolosa em

(induzimento e instigação) e Material. crime culposo e vice-versa, pois há de

O Código Penal Brasileiro, de acordo existir identidade de elementos subjetivos.

com o artigo 29, adotou a teoria monista Nos crimes omissivos impróprios, são

(onde o crime é um todo indivisível, partícipes os que, devendo e podendo

punindo-se todos os agentes nele evitar o resultado, omitem-se, permitindo

envolvidos), como corolário da teoria da sua produção. Já nos omissivos próprios,

equivalência dos antecedentes, prevista no todos são co-autores.

art. 13 do C.P. Assim, é agente do crime O §1º do art. 29 do C.P., faculta ao juiz,

todo aquele que de alguma forma entendendo ser de menor importância a

contribuiu para que o resultado ocorresse. participação, reduzir a pena de um sexto a

Abrandou-a, porém, quando determinou um terço.

que cada um responderia “na medida de Já no §2º do art. 29 do C.P., determina

sua culpabilidade”. que se algum dos agentes desejava

Para que se configure concurso de participar de crime menos grave, não


agentes, é necessário estar responderá pelo excesso ocorrido, salvo no
caracterizado os seguintes requisitos: caso de ser o resultado previsível, quando
a) Pluralidade de condutas; esta pena será aumentada até metade.
b) Relevância causal de cada uma das ações;
c) Liame subjetivo entre os agentes;
Exercícios de Fixação – PARTE GERAL DO
CÓDIGO PENAL

c) é necessária a consciência da injustiça


1. Em relação ao crime e à contravenção, da agressão por parte do agressor.
podemos afirmar:
d) a sua modalidade chamada putativa
a) Não há diferença ontológica entre constitui excludente de ilicitude.
crime e contravenção.
b) Há diferença essencial entre 4. Como modalidade de culpa, caracteriza-
crime e contravenção, pela se a imprudência como:
gravidade do delito.
c) O que hoje é contravenção,
obrigatoriamente continuará sendo a) a inércia psíquica ou preguiça mental;
no futuro.
d) A contravenção não pode ser b) a incapacidade;
considerada uma infração.

2. No caso do cidadão Beta disparar c) a falta de conhecimentos técnicos no


arma de fogo em direção ao exercício da arte ou profissão;
cidadão Alfa com intenção de
matar, mas não logrando seu
intento, tem-se a figura do tipo d) a atitude em que o agente age com
penal: precipitação, inconsideração, com
afoiteza e sem cautelas.
a) doloso tentado
b) culposo consumado
c) doloso consumado 5. A tentativa Branca consiste:
d) culposo tentado
e) doloso eventual a) na investida agressiva, utilizando-se o
agente dos próprios punhos.

3. Na hipótese de Legítima Defesa: b) na inexistência de lesão na vítima;


a) é possível seu reconhecimento
c) quando o agente lesiona a vítima com arma
em favor de quem atua contra excesso
branca;
deoutra legítima defesa, praticado pelo
oponente. d) em levar a efeito investida fracassada com
instrumento contundente.
b) É exigível que a pessoa que se
defende tenha antes procurado evitar a 6. Na culpa consciente, o agente tem:

situação de confronto.
a) vontade de cometer o crime; “itercriminis”, ensejam, em qualquer
b) Previsibilidade do resultado;
hipótese, punição pela tentativa desse
c) previsão do resultado
d) Indiferença quanto ao resultado. crime.

d) o preso que tenta, sem êxito,


7. Numa luta de boxe, um dos evadir-se, usando de violência contra a
contendores, ao atacar o adversário, vem a pessoa,responde pela mesma pena
falecer em virtude de forte contra-golpe aplicável no caso de consumar-se a
empregado por este, que, por sua vez, evasão.
agira estritamente dentro da regra. Em
face do Direito Penal, a conduta realizada
9. Admite-se a tentativa nos crimes
pelo pugilista sobrevivente deverá ser
interpretada como sendo: a) Preterdolosos ou preterintecionais.
a) b) Complexos
a) Homicídio qualificado pela futilidade do b) c) Omissivos próprios
motivo; c) d) Culposos;
b) Legítima defesa, em razão da agressão a d) e)Unissubsistente
que se submetia;
c) Homicídio Culposo;
d) Exercício regular do direito. 10. Assinale a alternativa correta

a) O arrependimento eficaz, previsto


8. A respeito do crime tentado e do crime do art. 15 do Código Penal,
consumado, é correto afirmar que: importa em tornar atípica a conduta
do agente.
a) no Brasil, por expressa
b) A desistência voluntária e o
disposição legal, é punível a tentativa de
arrependimento eficaz, para que possam
contravenção.
beneficiar o agente, devem ocorrer antes
b) nos crimes culposos, há do resultado típico, e o arrependimento
tentativa punível quando houver posterior, até o recebimento da denúncia
inobservância dodever de cuidado, mas o ou da queixa.
evento não se realizar.
c) A desistência voluntária,
c) os atos preparatórios para a para beneficiar o agente, deve ocorrer
prática de um delito, por integrarem o antes do resultado típico e os
arrependimento eficaz e posterior, até o
b) b) O incapaz não pode ser sujeito ativo de
recebimento da denúncia ou da queixa.
crime

d) O arrependimento posterior,
c) c) São espécies de pena privativa de
previsto no art. 16 do Código Penal, liberdade a reclusão e a detenção.
importa em redução de pena e pode ser
reconhecida em crimes de qualquerd) d) A desistência voluntária ocorre no
momento da preparação de crime.
natureza.

13. Por iter criminis compreende-se o conjunto


11. Diariamente, João caminha na de
orla marítima de sua cidade. Certo dia, ao
fazer sua caminhada matinal, um cachorro a) atos de execução do delito.
b) atos preparatórios antecedentes ao delito.
da raça “pitbull”, avançou em sua direção, c) atos de consumação do delito.
pois havia se soltado e o atacou. Ao se d) fases pelas quais passa o delito.
defender do ataque do animal, João matou
14. Assinale a alternativa correta.
o cão. O dono do animal ficou inconsolável
e revoltado com a morte do animal, e em
a) Entende-se em legítima defesa
seguida procurou a polícia, onde lavrou
quem, usando moderadamente dos meios
uma ocorrência a respeito do fato,
necessários, repele injusta agressão, atual
incriminando João. Em relação aos fatos,
ou iminente, a direito seu ou de outrem.
afirma-se que João agiu:
b) Entende-se em legítima defesa
a) a)Em estado de necessidade;
quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade
b) b)Em legítima defesa;
nem poderia de outro modo evitar, direito
c) c)No estrito cumprimento do dever; próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
d) d)No exercício regular de um direito.
c) Entende-se em legítima defesa o
12. Julgue os itens a seguir cônjuge que, desconfiado da fidelidade do
a) Consuma-se um delito
outro, mata-o para defender sua honra.
quando nele encontram-se reunidos todos
d) Entende-se em legítima defesa quem
os elementos de sua definição legal. pratica o crime impelido por razõesde
ordem moral, religiosa ou social.
15. Os denominados crimes de mão própria resultar perigo comum;
são aqueles em que a execução é:
IV - à traição, de emboscada,
a) transferível e delegável ou mediante dissimulação ou outro
b) intransferível e delegável recursoque dificulte ou torne impossível a
c) transferível e compartilhável
d) intransferível e indelegável defesa do ofendido;
e) intransferível e compartilhável V - para assegurar a execução,
a ocultação, a impunidade ou vantagem
PARTE 2 deoutro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
12. CRIMES CONTRA A
PESSOA (HOMICÍDIO, DAS
Feminicídio (Incluído pela Lei
LESÕES CORPORAIS, DA RIXA) nº 13.104, de 2015)

HOMICÍDIO VI - contra a mulher por


razões da condição de sexo
feminino: (Incluído pelaLei nº 13.104, de
⇒ Homicídio simples
2015)
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso VII – contra autoridade ou agente
de diminuição de pena descrito nos arts. 1421 e 1442 da
§ 1º Se o agente comete o crime
Constituição Federal, integrantes do
impelido por motivo de relevante valor
sistema prisional e da Força Nacional de
social ou moral, ou sob o domínio de
Segurança Pública, no exercício da função
violenta emoção, logo em seguida a injusta
ou em decorrência dela, ou contra seu
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir
cônjuge, companheiro ou parente
a pena de um sexto a um terço.
consanguíneo até terceiro grau, em razão
⇒ Homicídio qualificado dessa condição: (Incluído pela Lei nº
§ 2° Se o homicídio é cometido: 13.142, de 2015)
I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe; VIII - com emprego de arma de
II - por motivo fútil; fogo de uso restrito ou proibido:
III - com emprego de veneno, (Incluídopela Lei nº 13.964, de
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 2019) (Vigência)
meioinsidioso ou cruel, ou de que possa
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo,
condição de sexo feminino quando o
o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
crime envolve: (Incluído pela Lei
conseqüências da infração atingirem o
nº 13.104, de 2015)
próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
1 Art. 142. As Forças Armadas, constituídas
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um
pela Marinha, pelo Exército e pela
terço) até a metade se o crime for
Aeronáutica...
praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de
2
Art. 144. Polícia Federal, Policia Rodoviária Federal, segurança, ou por grupo de extermínio.
Policia Ferroviária Federal, Policias Civis, Policias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares, Policiais
Penais federal, estaduais e distrital. § 7o A pena do feminicídio é aumentada de
1/3 (um terço) até a metade se ocrime for
I - violência doméstica e familiar; praticado:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição I - durante a gestação ou nos 3
de mulher. (três) meses posteriores ao parto;

⇒ Homicídio culposo II - contra pessoa menor de 14


(catorze) anos, maior de 60 (sessenta)
§ 3º Se o homicídio é culposo: anos, com deficiência ou portadora de
doenças degenerativas que acarretem
Pena - detenção, de um a três anos.
condição limitante ou de vulnerabilidade
Aumento de pena física ou mental; (Redação dada pelaLei nº
13.771, de 2018)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço), se o crime III - na presença física ou virtual de
resulta de inobservância de regra técnica descendente ou de ascendente davítima;
(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, IV - em descumprimento das medidas
protetivas de urgência previstas
não procura diminuir as conseqüências do
nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da
seu ato, ou foge para evitar prisão em Lei nº 11.340, de 7 de agosto de2006.
(Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o
crime é praticado contra pessoa menor de
LESÃO CORPORAL social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
a saúde de outrem:Pena - detenção, de três pena de um sexto a um terço.
meses a um ano. Substituição da pena
⇒ Lesão corporal de natureza § 5° O juiz, não sendo graves as lesões,
grave pode ainda substituir a pena de
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a
§ 1º Se resulta:
dois contos de réis:I - se ocorre qualquer
I - Incapacidade para as ocupações
das hipóteses do parágrafo anterior;
habituais, por mais de trinta dias;II - perigo
II - se as lesões são recíprocas.
de vida;
III - debilidade permanente de membro, ⇒ Lesão corporal culposa

sentido ou função;IV - aceleração de parto: § 6° Se a lesão é culposa:


Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§ 2° Se resulta: Aumento de pena
I - Incapacidade permanente para o trabalho; § 7o Aumenta-se a pena de
II - enfermidade incuravel; 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das
III - perda ou inutilização do membro, hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
sentido ou função;IV - deformidade Código
permanente; § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto
no § 5º do art. 121.
V - aborto:
Violência Doméstica
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 9o Se a lesão for praticada contra
⇒ Lesão corporal seguida de
morte ascendente, descendente, irmão, cônjuge

§ 3° Se resulta morte e as ou companheiro, ou com quem conviva ou

circunstâncias evidenciam que o agente tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se


não quís o resultado, nem assumiu o risco o agente das relações domésticas, de

de produzí-lo: coabitação ou de hospitalidade:


Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3
(três) anos.
Diminuição de pena
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1 o a
§ 4° Se o agente comete o crime
3o deste artigo, se as circunstâncias são as
impelido por motivo de relevante valor
indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se
a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a FURTO
pena será aumentada de um terço se o
crime for cometido contra pessoa Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem,
portadora de deficiência. coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a
§ 12. Se a lesão for praticada quatro anos, e multa.
contra autoridade ou agente § 1º - A pena aumenta-se de um terço,
descrito nos arts. 142 e 144 da se o crime é praticado durante o repouso
Constituição Federal, integrantes do noturno.
sistema prisional e da Força Nacional de § 2º - Se o criminoso é primário, e é de
Segurança Pública, no exercício da pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
função ou em decorrência dela, ou substituir a pena de reclusão pela de
contra seu cônjuge, companheiro ou detenção, diminuí-la de um a dois terços,
parente consanguíneo até terceiro grau, em ou aplicar somente a pena de multa.
razão dessa condição, a pena é § 3º - Equipara-se à coisa móvel a
aumentada de um a dois terços. energia elétrica ou qualquer outra que
(Incluídopela Lei nº 13.142, de 2015) tenha valor econômico.

⇒ Furto qualificado
RIXA
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a
oito anos, e multa, se o crime é
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para cometido:
separar os contendores:Pena - detenção, I - com destruição ou rompimento de
de quinze dias a dois meses, ou multa. obstáculo à subtração da coisa; II - com

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão abuso de confiança, ou mediante fraude,

corporal de natureza grave, aplica- se, pelo escalada ou destreza;III - com emprego de

fato da participação na rixa, a pena de chave falsa;

detenção, de seis meses a dois anos. IV - mediante concurso de duas ou mais


pessoas.

13. CRIMES CONTRA O § 4º-A. A pena é de reclusão de 4


PATRIMÔNIO (FURTO, ROUBO, (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se
EXTORSÃO, EXTORSÃO houver emprego de explosivo
MEDIANTES SEQÜESTRO). ou de artefato análogo que
cause perigo comum. (Incluído pela
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a
Lei nº 13.654, de 2018)
2/3 (dois terços), se o crime é praticado
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) mediante a utilização de servidor
a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mantido fora do território nacional;
mediante fraude é cometido por meio de (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
dispositivo eletrônico ou informático,
II – aumenta-se de 1/3 (um terço)
conectado ou não à rede de computadores,
ao dobro, se o crime é praticado contra
com ou sem a violação de mecanismo de
idosoou vulnerável. (Incluído pela Lei nº
segurança ou a utilização de programa
14.155, de 2021)
malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº § 5º - A pena é de reclusão de três a
14.155, de 2021) oito anos, se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste transportado para outro Estado ou para o
artigo, considerada a relevância do exterior.
resultado gravoso: (Incluído
pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 6o A pena é de reclusão de
2 (dois) a 5 (cinco) anos
de semovente domesticável de produção, ROUBO
ainda que abatido ou dividido empartes
no local da subtração. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia,
para si ou para outrem, mediante grave
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10ou(dez)
ameaça e multa,
anosa pessoa,
violência ou se a
depois
subtração for de substâncias explosivas ou de havê-la, por qualquer meio,
de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.
(Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
reduzido à impossibilidade de resistência:
VI – se a subtração for de
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e
multa. substâncias explosivas ou de acessórios
que, conjunta ou isoladamente,
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo possibilitem sua fabricação, montagem ou
depois de subtraída a coisa, emprega emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
violência contra pessoa ou grave ameaça, 2018)
a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para VII - se a violência ou grave

terceiro. ameaça é exercida com emprego de


armabranca; (Incluído pela Lei nº
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) 13.964, de 2019)
até metade: (Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018) § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois
terços):
– (revogado); (Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018) I – se a violência ou ameaça é exercida
com emprego de arma de
II - se há o concurso de duas ou mais fogo; (Incluído pela Lei nº
pessoas; 13.654, de 2018)

III - se a vítima está em II – se há destruição ou


serviço de transporte de valores e o agente rompimento de obstáculo mediante o
conhece tal circunstância. emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum.
IV - se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser § 2º-B. Se a violência ou grave
transportado para outro Estado ou para o ameaça é exercida com emprego de arma
exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de fogo de uso restrito ou proibido,
de1996) aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo.
V - se o agente mantém a
(Inclu
vítima em seu poder, restringindo sua
ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426,
de 1996) § 3º Se da violência resulta: (Redação
dada pela Lei nº 13.654, de2018) de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
se resulta lesão corporal grave ou morte,
I – lesão corporal grave, a
aplicam-se as penas previstas no art. 159,
pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
§§ 2o e 3o,
(dezoito)anos, e multa; (Incluído
respectivamente.
pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – morte, a pena é de EXTORSÃO MEDIANTE


SEQÜESTRO
reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
emulta. (Incluído pela Lei nº 13.654,
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim
de 2018)
de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do

EXTORSÃO resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
Art. 158 - Constranger alguém, § 1o Se o seqüestro dura mais de 24
mediante violência ou grave ameaça, e (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é
com o intuito de obter para si ou para menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
outrem indevida vantagem econômica, a (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer por bando ou quadrilha.
alguma coisa: Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de
multa. natureza grave:Pena - reclusão, de
§ 1º - Se o crime é cometido por duas dezesseis a vinte e quatro anos.
ou mais pessoas, ou com emprego de § 3º - Se resulta a morte:
arma, aumenta-se a pena de um terço até Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta
metade. anos.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada § 4º - Se o crime é cometido em
mediante violência o disposto no § 3º do concurso, o concorrente que o denunciar à
artigo anterior. autoridade, facilitando a libertação do
§ 3o Se o crime é cometido mediante a seqüestrado, terá sua pena reduzida de um
restrição da liberdade da vítima, e essa a dois terços.
condição é necessária para a obtenção da
vantagem econômica, a pena é de reclusão,
⇒ Peculato mediante erro de outrem
14. CRIMES CONTRA A Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA qualquer utilidade que, no exercíciodo
(PECULATO E SUAS FORMAS, cargo, recebeu por erro de outrem:
CONCUSSÃO, CORRUPÇÃO Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
ATIVA E PASSIVA, multa.
PREVARICAÇÃO).
CONCUSSÃO
PECULATO
Art. 316 - Exigir, para si ou para
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário outrem, direta ou indiretamente, ainda que
público de dinheiro, valor ou qualquer outro fora da função ou antes de assumi-la, mas
bem móvel, público ou particular, de que em razão dela, vantagem indevida:
tem a posse em razão do cargo, ou desviá- Pena - reclusão, de 02 (dois) a 12 (doze)
lo, em proveito próprio ou alheio: anos, e multa.

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e ⇒ Excesso de exação


multa.
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o
contribuição social que sabe ou deveria
funcionário público, embora não tendo a
saber indevido, ou, quando devido, emprega
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que
ou concorre para que seja subtraído, em
a lei não autoriza:
proveito próprio ou alheio, valendo-se de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
facilidade que lhe multa.
proporciona a qualidade de funcionário. § 2º - Se o funcionário desvia, em

⇒ Peculato culposo proveito próprio ou de outrem, o que


recebeu indevidamente para recolher aos
§ 2º - Se o funcionário concorre
cofres públicos:
culposamente para o crime de outrem: Pena
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e
- detenção, de três meses a um ano. multa.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a
reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
CORRUPÇÃO PASSIVA cumprir seu dever de vedar ao preso o
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
Art. 317 - Solicitar ou receber, para similar, que permita a comunicação com
si ou para outrem, direta ou indiretamente, outros presos ou com o ambiente externo:
ainda que fora da função ou antes de Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
assumi-la, mas em razão dela, vantagem ano

indevida, ou aceitar promessa de tal .

vantagem: CORRUPÇÃO ATIVA

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze)


anos, e multa. Art. 333 - Oferecer ou prometer

§ 1º - A pena é aumentada de um vantagem indevida a funcionário público,

terço, se, em conseqüência da vantagem ou para determiná-lo a praticar, omitir ou

promessa, o funcionário retarda ou deixa retardar ato de ofício:

de praticar qualquer ato de ofício ou o Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze)


anos, e multa.
pratica infringindo dever funcional.
Parágrafo único - A pena é aumentada
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa
de um terço, se, em razão da vantagem ou
de praticar ou retarda ato de ofício, com
promessa, o funcionário retarda ou omite
infração de dever funcional, cedendo a
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
pedido ou influência de outrem:
funcional.
Pena - detenção, de três meses a um ano,
ou multa.

PREVARICAÇÃO

Art. 319 - Retardar ou deixar de


praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de
lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de
Penitenciária e/ou agente público, de
EXERCICIOS DE FIXAÇÃO

01. Henrique furtou a bicicleta de b) Concussão, peculato e prevaricação.

Carlos. Após alguns dias, envergonhado de c) Facilitação de contrabando e

talato, Henrique compra outra bicicleta descaminho, violência arbitrária e

nova e a restitui a Carlos. Nesta hipótese, usurpação defunção pública.

a) a pena imposta a Henrique d) Corrupção passiva, violação de sigilo


funcional e desacato.
deverá se situar no patamar mínimo, sem
qualquer diminuição. 04. A autolesão corporal é:
b) a pena imposta a Henrique a) Fato típico.
será reduzida de um a dois terços, diante b) Fato atípico.
doarrependimento posterior. c) Crime.
c) Carlos poderá perdoar d) Contravenção.
Henrique e este não será processado por
crime defurto. 05. Havendo, no crime de
d) a ação penal só poderá ser proposta com a homicídio, agido seu autor sob o domino
representação de Carlos.
de violentaemoção logo em seguida a

02. Paulo, funcionário público, injusta provocação da vitima, tal fato

concorre culposamente para a apropriação constitui:

de dinheiro proveniente dos cofres a) Justificativa penal.

públicos, mas restitui antes da sentença b) Dirimente penal.


c) Causa especial de diminuição de pena.
penal irrecorrível. Diante de tal fato, terá
d) Nenhuma das respostas
a) extinta a punibilidade.
b) praticado crime de corrupção, sem
diminuição de pena. 06. Assinale a alternativa CORRETA:
c) a pena reduzida de um a dois terços. Dois grupos de jovens entram em conflito
d) a pena reduzida de metade. durante festival, estabelecendo-se
confusão generalizada e agressões entre
03. Assinale a alternativa em grande número de participantes do evento,
que são apontados os crimes contra a sendo impossível a identificação da
administração pública, praticados por autoria individualizada das hostilidades.
funcionário público. Qual a infração penal?
a) Corrupção ativa, contrabando ou a) Lesões corporais.
descaminho e tráfico de influência. b) Crimes de maus-tratos.
c) Contravenções de vias de fato.
d)Rixa. em vista a caracterização do denominado
furto de uso, em que falta o ânimo de
07. César, sabendo que sua filha
assenhoramento definitivo do bem.
fora violentada momentos antes por Mário
3-( ) O roubo difere do furto pelo uso de
parte ao seu encalço, levando consigo o
grave ameaça ou violência à pessoa, ou de
seu amigo Joaquim. Ambos armam uma
qualquer outro meio que possa reduzir a
emboscada e matam Mário, ateando fogo
possibilidade de resistência da
em suas vestes. Os crimes praticados por
César e Joaquim são, respectivamente: vítima.

a) homicídio privilegiado / homicídio 4-( )Considere que Armando, imputável,


privilegiado. desfira contra Marcos inúmeros socos e
b) homicídio privilegiado chutes com o livre propósito de lesionar o
qualificado / homicídio privilegiado desafeto, todavia, diante da gravidade das
qualificado. lesões, Armando provoque, culposamente,
c)homicídio qualificado / homicídio a morte da vítima. Nessa situação,
privilegiado. Armando responderá por homicídio
d)homicídio privilegiado qualificado / culposo.
homicídio qualificado. 5-( ) O servidor público que exige de
08. A respeito da parte geral do particular vantagem indevida com o fim de
Código Penal e dos crimes em espécie, deixar de praticar ato de ofício comete o
julgueos itens subseqüentes. crime de prevaricação.
1-( ) No crime de furto, o sujeito ativo pode 6-( ) Considere que Juarez, a 0 h e 45 min
ser qualquer pessoa, exceto o proprietário do dia em que completou 18 anos de idade,
da coisa, já o sujeito passivo pode ser o tenha cometido um delito de natureza
proprietário, possuidor ou detentor do bem, grave, sendo preso em flagrante delito e
tanto pessoa jurídica quanto física. apresentado à autoridade policial
2-( ) Considere que Aurélio, imputável, competente. Nessa situação, Juarez pode
tenha se apropriado da bicicleta de seu ser responsabilizado penalmente, pois a
vizinho para dar um passeio pelo maioridade penal começa a zero hora do
quarteirão, devolvendo-a nas mesmas dia em que a pessoa completa 18 anos.
condições, no estado e no local em que foi 7-( ) Suponha que Joaquim, mentalmente
retirada. Nessa situação, conforme pacífica são, praticou, em estado de inconsciência,
jurisprudência, a conduta é atípica, tendo um homicídio, advindo da ingestão
excessiva, porém voluntária, de bebida
alcoólica. Nessa situação, Joaquim deverá
responder pelo homicídio e poderá ter a
pena reduzida de um a dois terços.
9-( ) A corrupção ativa é um crime próprio,
pois só é assim considerada quando
praticada por funcionário público em
detrimento da administração pública, e
implica receber ou solicitar vantagem
indevida para o cumprimento de uma
obrigação funcional.

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