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O princípio da reserva legal possui dois fundamentos: um

REVISÃO: FONTES E PRINCÍPIO de natureza jurídica (a taxatividade, certeza ou


Direito Penal: Conjunto de normas jurídicas através das determinação) e outro político (a proteção do ser humano
quais o estado proíbe determinadas condutas e comina em face do arbítrio do Estado no exercício do seu poder
sanções penais. punitivo). Enquadra-se entre os direitos fundamentais de
− É um ramo do Direito Público. 1.ª geração (ou dimensão).

Princípio da anterioridade
Decorre também do art. 5.º, XXXIX, da Constituição
Federal, e do art. 1.º do CP, quando estabelecem que o
crime e a pena devem estar definidos em lei prévia ao fato
cuja punição se pretende.

OBS 1: A Constituição Federal, situada no ápice do


ordenamento jurídico brasileiro, não cria crimes nem
comina penas. Esta tarefa é por ela acometida à lei, ao
incluir entre os direitos e garantias fundamentais o princípio
da reserva legal ou da estrita legalidade (art. 5.º, XXXIX).
OBS 2: Os tratados e convenções internacionais sobre
Princípio da Intervenção Mínima: O estado só deve
direitos humanos somente podem ser considerados fontes
utilizar o direito penal em último caso (Ultima Ratio);
formais mediatas do Direito Penal depois de terem
Estatuiu a Declaração dos Direitos do Homem e do
efetivamente ingressado em nosso ordenamento jurídico,
Cidadão, de 1789, em seu art. 8.º, que a lei somente deve
respeitados as etapas perante os Poderes Legislativo e
prever as penas estrita e evidentemente necessárias. Surgia
Executivo, terão status de emenda constitucional, se
o princípio da intervenção mínima ou da necessidade,
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
afirmando ser legítima a intervenção penal apenas quando
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros
a criminalização de um fato se constitui meio
(CF, art. 5.º, § 3.º), ou supralegal, se aprovados de forma
indispensável para a proteção de determinado bem ou
diversa.
interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do
ordenamento jurídico. Deste princípio decorrem outros
Princípio: é o mandamento nuclear de um sistema. São
dois: fragmentariedade
padrões decisórios que se constroem historicamente e que
e subsidiariedade
geram um dever de obediência.
Os princípios têm a função de orientar o legislador • Princípio da Fragmentariedade: Direito penal
tutela apenas os bens mais importantes e sanciona
ordinário e o aplicador do Direito Penal, no intuito de
limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de apenas as condutas mais inaceitáveis; O foco do
garantias aos cidadãos. princípio da fragmentariedade está no fato
praticado e nos bens protegidos.
Princípio da Legalidade ou reserva legal: Princípio que • Princípio da Subsidiariedade: O Direito Penal
existe para limitar o poder do estado. Para que o Estado deve ser aplicado somente quando as outras formas
defina crimes e comine penas deve editar lei em sentido de sancionar o indivíduo não forem suficientes, ou
estrito: Lei ordinária ou Complementar. Está previsto no seja, em último caso(Ultima Ratio). O foco do
art. 5.º, XXXIX, da Constituição Federal, e no art. 1.º do princípio da subsidiariedade está na norma
Código Penal. utilizada e no tipo de sanção aplicado.
Art. 5º, XXXIX, CF “Não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal”. (nullum Princípio da Pessoalidade ou Intranscendência da Pena:
crimen nulla poena sine lege). CF, art. 5º, XLV-Nenhuma pena passará da pessoa do
- Trata-se de cláusula pétrea condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
− Analogia em Direito Penal: In bonam partem (Permitida); decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
In malam partem (Vedada) estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
− Veda a aplicação da lei penal a fatos anteriores à sua limite do valor do patrimônio transferido.
vigência; OBS: as únicas responsabilidades que podem ser
− Veda a criação de tipos penais vagos e indeterminados. transferidas aos herdeiros são as de reparar o dano e a
OBS: Não podem criar crimes e cominar penas: Medida decretação de perdimento de bens. E mesmo assim, essas
Provisória, decretos, resoluções, leis delegadas e costumes. últimas ficam limitadas ao valor da herança que foi
É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria deixada.
relativa a Direito Penal (CF, art. 62, § 1.º, I, alínea b), seja
ela prejudicial ou mesmo favorável ao réu. Nada obstante, Princípio da Ofensividade (Nullum crimen sine iniuria)
o Supremo Tribunal Federal historicamente firmou ou princípio da lesividade: Não há crime sem ofensa ao
jurisprudência no sentido de que as medidas provisórias bem jurídico. As condutas criminosas devem causar alguma
podem ser utilizadas na esfera penal, desde que benéficas lesão ou perigo de lesão para que possam ser puníveis.
ao agente. − Não se punem condições existenciais;
− Não se pune a autolesão (princípio da alteridade);
− Não se punem atitudes internas; 3)Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
− Não se punem condutas incapazes de produzir algum 4) Inexpressividade da lesão jurídica.
dano ou perigo de dano.
- Requisitos subjetivos: relacionam-se ao agente e à
Princípio da Adequação social: Condutas socialmente vítima.
adequadas não podem ser punidas pelo Direito Penal. – Condições pessoais do agente: reincidente (o STF não
Funciona como causa supralegal de exclusão da aplica, mas o STJ sim), criminoso habitual (é aquele que
tipicidade, pela ausência da tipicidade material, não pode faz da prática de delitos o seu meio de vida. A ele não se
ser considerado criminoso o comportamento humano que, permite a incidência do princípio da insignificância, porém
embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social em caso de furto famélico é aplicado, ou seja, praticado
de Justiça. Ex:trotes acadêmicos moderados. para saciar a fome do agente ou de pessoa a ele ligada por
laços de parentesco ou de amizade) e militar (inaplicável tal
Princípio da Humanidade: O direito penal só pode princípio aos militares).
cominar penas que considerem o homem como pessoa. – Condições da vítima: Há que se conjugar a importância
O princípio da humanidade garante que os infratores da lei do objeto material para a vítima, levando-se em
não sejam submetidos a penas cruéis ou degradantes, de consideração a sua condição econômica, o valor
morte (salvo em caso de guerra declarada), perpétuas, de sentimental do bem, como também as circunstâncias e o
trabalhos forçados e de banimento (CF, art. 5.º, XLVII), o resultado do crime.
que causaria o desrespeito à dignidade da pessoa humana
(art. 1.º, III, CF). Princípio da Culpabilidade: Princípio que rege a análise
da conduta com um juízo de censura, pois existe uma
Princípio da Proporcionalidade: também conhecido conduta que se espera do homem médio em uma
como princípio da razoabilidade ou da convivência das determinada situação.
liberdades públicas. Princípio que exija a ponderação − Veda a responsabilidade penal objetiva (independe de
entre a lesividade da conduta e a gravidade da pena, dolo ou culpa)
devendo haver um equilíbrio entre estes. o princípio da − O Direito Penal só aceita a responsabilidade subjetiva,
proporcionalidade possui três destinatários: o legislador que depende de dolo (vontade) ou culpa (negligência,
(proporcionalidade abstrata), o juiz da ação penal imprudência e imperícia).
(proporcionalidade concreta), e os órgãos da execução
penal (proporcionalidade executória). Princípio da individualização da pena
Expresso no art. 5.º, XLVI da CF, repousa no princípio de
Princípio da insignificância ou de bagatela: Veda que o justiça segundo o qual se deve distribuir a cada indivíduo o
direito penal seja utilizado para punir condutas cuja lesão é que lhe cabe, de acordo com as circunstâncias específicas
insignificante (de bagatela). Destina-se a realizar uma do seu comportamento. A pena levando em conta não a
interpretação restritiva da lei penal. Em suma, este norma penal em abstrato, mas, especialmente, os aspectos
princípio destina-se a diminuir a intervenção do Direito subjetivos e objetivos do crime.
Penal, não podendo ampliá-la.
− Natureza jurídica: Exclui a tipicidade material (lesão ou Princípio do ne bis in idem: Este princípio, derivado da
ameaça a lesão), e consequentemente, o crime (fato típico dignidade da pessoa humana e consagrado no art.
+ ilícito + culpável). opera-se tão somente a tipicidade 8.º, 4, do Pacto de São José da Costa Rica, o qual foi
formal (juízo de adequação entre o fato praticado e o ratificado no Brasil pelo Decreto 678/1992, proíbe de forma
modelo de crime descrito na norma penal). absoluta a dupla punição pelo mesmo fato.
OBS: o STJ considerou que é possível aplicar o princípio Vale ressaltar, porém, que a existência de duas ou mais
da insignificância em crimes contra o meio ambiente; ações penais, em searas judiciais diversas, pela suposta
–Inaplicável o princípio da insignificância: Condutas prática de fatos distintos, não acarreta violação a esse
com violência ou grave ameaça (Ex: art. 157, CP), Tráfico princípio. No trágico acidente envolvendo avião da
de Drogas, Lei Maria da Penha, Moeda Falsa (crime contra empresa Gol Linhas Aéreas, pronunciou-se o Superior
a fé pública), Furto em unidade penitenciária, Furto Tribunal de Justiça: “Não ofende o princípio do ne bis in
qualificado, crimes contra a administração pública (sum. idem o fato de os controladores de voo estarem
599 do STJ), contrabando art. 334-A, porém o STJ já respondendo a processo na Justiça Militar e na Justiça
admitiu em situações excepcionais, a exemplo da comum pelo mesmo fato da vida, qual seja o acidente aéreo
importação proibida de pequena quantidade de que ocasionou a queda do Boeing 737/800 da Gol Linhas
medicamento para uso próprio, tráfico internacional de Aéreas”.
arma de fogo (art. 18 da Lei 10.826/2003).
– Aplicável: Ato infracional, Furto de celular (até R$ 500), Princípio da isonomia ou da igualdade: Obrigação de
Descaminho (até R$ 20.000,00 =STF/ STJ. baseia-se no art. tratar igualmente aos iguais, e desigualmente aos desiguais,
20 da Lei 10.522/2002, atualizado pelas Portarias do na medida de suas desigualdades. No Direito Penal, importa
ministério da Fazenda 75/2012 e 130/2012), crimes em dizer que as pessoas (nacionais ou estrangeiras) em
ambientais. igual situação devem receber idêntico tratamento jurídico,
e aquelas que se encontram em posições diferentes
- Requisitos objetivos para aplicação do princípio da merecem um enquadramento diverso.
insignificância:
1) Mínima ofensividade da conduta;
2) Ausência de periculosidade social da ação;

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