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DIREITO PENAL

1. DIREITO PENAL 2. INFRAÇÃO PENAL

1.1. CONCEITO E FINALIDADE: 2.1. CONCEITO


O Direito Penal é formado por um conjunto de regras A infração penal viola um tipo penal, sendo o tipo a
e princípios que integram um campo específico do descrição de um fato criminoso feito pela lei. O tipo
ordenamento jurídico, dedicado à tutela dos bens mais “é o conjunto de elementos que descrevem um delito
relevantes de uma sociedade. Podemos afirmar que o determinado” (Winfrield Hassemer), funcionando
Direito Penal é um meio de controle social, sendo como uma imagem conceitual, descrevendo um
formado por um conjunto de normas jurídicas que modelo de conduta incriminada. O que não se ajusta
definem as infrações penais e suas respectivas sanções ao tipo não pode ser visto como figura típica.
penais.
Pode-se citar como exemplo de tipo penal: Art. 121 do
“é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo CP. Matar alguém (se Tício matar Mévio, ele terá cometido
do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as uma figura típica, visto que praticou uma conduta que se ajusta
medias aplicáveis a quem os pratica” (Magalhães Noronha). perfeitamente a um tipo penal).

Tem como alvo proteger os bens mais importantes e O que diferencia as infrações de natureza penal das
essenciais ao indivíduo e à sociedade, ou seja, o infrações civis ou administrativas é a sua gravidade.
Direito Penal tem como finalidade a tutela jurídica –
proteção jurídica – dos bens jurídicos considerados de Podemos afirmar que a infração penal é uma conduta
maior importância no meio social, tais como a vida, a que viola um tipo penal. Mas o que vem a ser “tipo
liberdade, a propriedade, a fé pública, a administração penal”? Veremos mais adiante.
pública etc.
A seleção dos bens tidos como essenciais deverá ser 2.2. ESPÉCIES DE INFRAÇÕES PENAIS
feita pelo legislador, tendo como principal fonte a Lei
Maior – princípio da fragmentariedade.  Crimes ou delitos: é a infração penal a que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer
A Magna Carta terá dois papéis, servindo para nortear isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
o legislador na eleição dos bens conside-rados com a pena de multa.
indispensáveis à manutenção da ordem social e  Contravenções (“crime anão”): é a infração penal a que
impondo, também, certos limites como forma de a lei comina isoladamente pena de prisão simples ou
vedar qualquer afronta aos direitos fundamentais de multa, ou ambas alternativa ou cumulativamente.
protegidos pela Constituição.
É sabido que o Crime pode ser visto sob três aspectos: Outras diferenças entre crimes e contravenções:
a) Material – crime é toda ação humana que lesa ou
expõe a perigo um bem jurídico de terceiro, que tenha  Os crimes podem ser de ação pública (condicionada
relevância e justifique a proteção penal, valorizando e ou incondicionada) ou privada; as contravenções
identificando se a conduta é ou não apta a produzir sempre se apuram mediante ação pública
uma lesão a um bem jurídico penalmente relevante e incondicionada.
tutelado.
 A peça inicial nos crimes é a denúncia ou a queixa,
b) Legal ou formal – crime é toda infração penal a que a
dependendo da espécie de ação penal prevista na lei;
lei comina pena de reclusão ou detenção, nos termos
nas contravenções a peça inicial é sempre a denúncia.
do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal.
c) Analítico – esta concepção divide o crime em partes,  Nos crimes, a tentativa é punível; nas contravenções,
de forma a estruturar seu conceito. Os dois conceitos não.
mais utilizados são o bipartido e o tripartido. De  Em certos casos, os crimes cometidos no exterior
acordo com a teoria tripartida, o crime deve ser podem ser punidos no Brasil, desde que presentes os
entendido como um fato típico, ilícito e culpável. Essa requisitos legais; já as contravenções cometidas no
é a teoria que predomina no Brasil, embora haja exterior nunca podem ser punidas no Brasil.
muitos defensores da teoria bipartida.  O elemento subjetivo do crime é o dolo ou a culpa;
para a contravenção, entretanto, basta a
voluntariedade (art. 3º, LCP).

Então, o concurseiro deve ficar ligado: quando ouvir o


termo “infração penal”, ele terá de saber que, no Direito
Penal Brasileiro, as infrações penais são vistas como
gênero, tendo como espécies os crimes e as
contravenções; estas, por sua vez, possuem as
seguintes diferenças que estão estampadas no
art. 1º da Lei de Introdução do Código Penal:
 Crimes – são as infrações penais aos quais são
cominadas penas de detenção ou reclusão, quer

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isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente Os tipos penais são compostos por elementos de
com a pena de multa; e três categorias:
 Contravenções – são as infrações penais que são punidas
com pena de prisão simples ou multa, ou ambas,  Elementos objetivos do tipo: são aqueles que têm a
alternativa ou cumulativamente. finalidade de descrever a conduta delituosa, o objeto
material do delito e, em alguns casos, descreve,
Portanto, infração penal é gênero do qual são espécies o crime e a também, o resultado, o autor e a vítima da infração.
contravenção.
Logo, se a lei cominar a uma conduta a pena de Os elementos objetivos, portanto, são aqueles que
detenção ou reclusão, cumulada ou alternativamente podem, com simplicidade, ser percebidos pelo
com a pena de multa, estaremos diante de um crime. leitor do tipo penal. Existem em todos os tipos
Contudo, se a lei cominar apenas prisão simples ou a penais.
pena de multa vindo isolada, alternativa ou cumula-
tivamente, estaremos diante de uma contravenção  Elementos normativos do tipo: são aqueles
penal. elementos que, para serem compreendidos, devem ser
O SISTEMA DICOTÔMICO é adotado no Brasil, no revelados ou traduzidos por uma norma de extensão
qual existe um gênero, que é a infração penal, e duas ou até mesmo por uma valoração por parte do leitor.
espécies, que são o crime e a contravenção penal,
conforme o esquema abaixo representado. O conceito de “funcionário público (art. 3121)
depende da norma de extensão contida no
art. 3272 para ser compreendida pelo leitor.
Em todos os exemplos dados, há, no tipo penal,
um elemento normativo a ser interpretado.
Nem todos os tipos penais contêm elemento
normativo.

 Elemento subjetivo do tipo: diz respeito à vontade


do agente em cometer ou não o crime.

O dolo, em geral, é o elemento subjetivo do tipo


penal. Isso significa dizer que a culpa no Código
Penal é uma exceção, tendo em vista que apenas
existirá crime culposo quando essa hipótese vier
Observação: Mas como saber se a infração é um de forma expressa no tipo penal correspondente
crime ou uma contravenção? A resposta é relativa- (art. 18, parágrafo único do CP).
mente simples, pois o enquadramento é ato de escolha Quando o infrator da norma penal atua com dolo,
do legislador. O traço distintivo entre ambos é a é porque ele quis diretamente praticar o cri-me
cominação do tipo de pena (critério prático), como (dolo direto) ou, prevendo que possivelmente o
já vimos. resultado de sua conduta seria ilícito, mesmo
assim a praticou, assumindo o risco de sua
IMPORTANTE: Quando se diz “infração penal”, conduta (dolo indireto eventual).
está se usando um termo genérico, que pode tanto se No caso do dolo eventual, o agente não quer
referir a um “crime” ou a uma “contravenção penal”. diretamente que o resultado aconteça, mas assu-
O crime, por sua vez, também poderá ser chamado de me o risco de produzi-lo. Exemplo dessa modali-
delito, já a contravenção penal poderá ser chamada de dade de dolo é quando alguém dirige um carro
crime anão, crime vagabundo ou, ainda, crime em altíssima velocidade em uma rua escolar em
liliputiano. pleno horário de chegada dos estudantes. Mesmo
Contudo, temos outro questionamento a responder: o que o agente não queira o resultado morte, caso
que vem a ser tipo penal? venha a atropelar um transeunte, assume o risco
Art. 121 do CP. Matar alguém: (esse é o tipo penal do de produzir o resultado, mostrando-se indiferente
homicídio). O caput do artigo traz o preceito primário a ele. Se o motorista do veículo vier a atingir
da norma incriminadora. alguém, o agente, mesmo não desejando direta-
Pena – Reclusão de 6 a 20 anos (essa é a pena aplicada mente o acidente, responderá por homicídio dolo-
àqueles que praticarem a conduta descrita no tipo). so, por ter assumido o risco de um resultado mais
Preceito secundário. gravoso.
Portanto, se Tício matar Mévio, ele terá cometido uma figura A frase mágica que poderia resumir o dolo em sua
típica, visto que praticou uma conduta que se ajusta modalidade eventual é “não querer o resultado,
perfeitamente a um tipo penal. mas ASSUMIR O RISCO”.

2.3. ELEMENTOS DO TIPO


Vimos que o tipo penal é a descrição precisa do 1 (Peculato) Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo ou
comportamento humano feita pela lei penal. desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena – reclusão, de dois a doze anos e
multa,
2 Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora

transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

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Quando o agente não quer cometer a infração ARTIGOS IMPORTANTES:


penal nem assume o risco de produzi-la, mas veio
a causar o resultado danoso em razão de sua Art. 14 – Diz-se o crime:
conduta imprudente (é a conduta precipitada ou
afoita, criação desnecessária de um perigo), Crime consumado
negligente (falta de atenção, displicência) ou I – consumado, quando nele se reúnem todos os
imperita (falta de habilidade técnica para certas elementos de sua definição legal;
atividades), responderá pela infração na sua
modalidade culposa, se houver previsão na lei. Tentativa
Leciona o parágrafo único do art. 18 do Código II – tentado, quando, iniciada a execução, não se
Penal que “salvo os casos expressos em lei, ninguém consuma por circunstâncias alheias à vontade do
pode ser punido por fato previsto como crime, agente.
senão quando o pratica dolosamente”.
Nos casos em que o agente não tem intenção de Pena de tentativa
cometer a infração penal e havendo a previsão Parágrafo único – Salvo disposição em contrário,
normativa, o elemento subjetivo do tipo será a pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
culpa e não o dolo. crime consumado, diminuída de um a dois terços.

2.4. ETAPAS OU FASES DO CRIME – Punibilidade da Tentativa:


(“iter criminis”):
1) Teoria subjetiva: não existe diferenciação de pena,
1ª) Cogitação: o agente está apenas pensando em pois tanto na consumação quanto na tentativa existe a
cometer o crime e o pensamento é impunível, pois no vontade.
pensamento não há conduta.
2) Teoria objetiva: a tentativa é punível porque existe
2ª) Preparação: compreende a prática de todos os atos um perigo, mas como esse perigo é menor, a pena é
necessários ao início da execução. Ex.: 1) alugar uma também menor. > TEORIA ADOTADA PELO
casa, onde será mantido em cativeiro o empresário a NOSSO CÓDIGO.
ser sequestrado; 2) conseguir um carro emprestado
para ser usado em um roubo a banco. CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVAS
A doutrina elenca alguns crimes que não admitem
Os atos preparatórios são ações que antecedem a tentativas, ou seja, em tais infrações não é possível
execução e, portanto, não são puníveis. No entanto, fracionar o iter criminis.
em casos excepcionais, o ato preparatório pode C ontravenções ( art. 4º da LCP)
constituir-se em crime, como, por exemplo, no crime C ulposos (Imprudência, imper e neglig)
de “quadrilha ou bando”, em que seus integrantes são H abituais (229, 230, 284)
punidos pela simples associação, ainda que não O missivos próprios (Art. 135 C.P.)
tenham começado a cometer os crimes para os quais U nissubsistentes (Injúria verbal)
se reuniram. P reterdolosos (dolo + culpa 129, parágrafo 3º C.P.)
3ª) Execução: começa aqui a agressão ao bem jurídico,
pois o agente começa a realizar a conduta descrita no Desistência voluntária e arrependimento eficaz
tipo. Ex.: 1) os assaltantes entram em um banco e, Art. 15 – O agente que, voluntariamente, desiste de
apontando as armas para os funcionários, anunciam o prosseguir na execução ou impede que o resultado se
assalto; e 2) o agente, armado com uma faca, aborda a produza, só responde pelos atos já praticados.
vítima e a leva para um matagal, com o intuito de Consequência jurídica: o agente não responderá por
estuprá-la. tentativa, mas apenas pelos atos já praticados (é a
4ª) Consumação – quando todos os elementos chamada ponte de ouro no Direito Penal).
(objetivos, subjetivos e normativos) do tipo são
realizados. Na desistência voluntária o agente inicia a execução,
mas, voluntariamente, desiste de dar sequência aos
Desistência voluntária Arrependimento eficaz atos executórios, mesmo podendo fazê-lo. Contudo,
 Voluntariedade.  Voluntariedade. para que fique caracterizada a desistência voluntária, é
 Durante a prática dos atos  Depois de esgotar os meios necessário que o resultado não se consume em razão
de execução. de execução. da desistência do agente.
 O agente desiste de  O agente atua para evitar o No arrependimento eficaz o agente já praticou todos
prosseguir. resultado. os atos executórios que queria e podia, porém, após
 Ponte de ouro (exclui a  Ponte de ouro (exclui a isto, se arrepende do ato e pratica uma segunda ação
tipicidade). tipicidade) (o socorro), que acaba por impedir a consumação do
resultado.
Nas duas hipóteses supra, se o resultado vier a ocorrer,
o agente responde pelo crime, incidindo, no entanto,
uma atenuante de pena genérica, prevista no art. 65,
III, b do Código Penal.

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Arrependimento posterior Teorias acerca da punibilidade do crime impossível:


Art. 16 – Nos crimes cometidos sem violência ou a) Teoria sintomática: considera-se a periculosidade do
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a agente para ser punido por crime impossível.
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por
ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a b) Teoria subjetiva: basta a simples vontade de querer a
dois terços. realização da conduta para ser punido.
Observem que, de acordo com o Código Penal, não se
aplica o instituto se o crime é cometido com violência c) Teoria objetiva: o agente não deve ser punido, pois
ou grave ameaça à pessoa. Contudo, a jurisprudência sua conduta não leva qualquer risco para o bem
admite que se a violência for culposa, pode ser jurídico que o agente pretende atingir. Essa pode ser
aplicado o arrependimento posterior. pura ou temperada. Pura consiste na relatividade da
A Doutrina admite o reconhecimento do instituto ineficácia ou da impropriedade. Temperada consiste na
ainda que a vítima recuse receber a coisa ou a absoluta ineficácia do meio ou impropriedade do
reparação do dano. O quantum da diminuição da pena objeto. O Código Penal adotou a teoria objetiva
(um terço a dois terços) irá variar conforme a temperada.
celeridade com que ocorreu o arrependimento e a
voluntariedade desse ato. Como o CP previu a impossibilidade de punição da
O arrependimento posterior, em relação ao tentativa inidônea (crime impossível), diz-se que
art. 15 – já trabalhado, é uma ponte de prata, pois adotou a teoria OBJETIVA TEMPERADA DA
levará a uma diminuição da pena. PUNIBILIDADE DO CRIME IMPOSSÍVEL.
Crime impossível O STJ já decidiu que a presença de câmeras e
Art. 17 – Não se pune a tentativa quando, por dispositivos eletrônicos de segurança em
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impro- estabelecimentos comerciais não afasta a possibilidade
priedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. de consumação do crime de furto. Assim, se o agente
Apesar de aparentemente guardar semelhanças com a tenta sair do local com um produto escondido (furto),
tentativa, o crime impossível não poderá ser mas é detido pelos seguranças, não há crime
confundido com ela. Na tentativa, o agente inicia a impossível, pois havia uma possibilidade, anda que
execução do crime, mas, por circunstâncias alheias à pequena, de que ele conseguisse burlar o sistema e
sua vontade, o resultado não se consuma. causar o prejuízo ao bem jurídico tutelado, que seria o
No crime impossível, também chamado de tenta-tiva patrimônio do estabelecimento.
inidônea, embora o agente inicie a execução do delito,
JAMAIS o crime poderá se consumar, pelo fato de SÚMULA 145 – STF “Não há crime quando a
que o meio utilizado é absolutamente ineficaz ou preparação do flagrante pela policia torna
porque o objeto material do crime é absoluta-mente impossível a sua consumação.”
impróprio para aquele crime.

A INEFICÁCIA OU A IMPROPRIEDADE
PRECISAM SER ABSOLUTAS, POIS SE FOREM
RELATIVAS ESTAREMOS DIANTE DA
TENTATIVA.
Casos hipotéticos: Imaginem que Mévio deseja ceifar a
vida de seu desafeto Tício. Mévio chega, à surdina, à
noite, e, percebendo que Tício está dormindo em sua
cama, desfere contra seu desafeto 35 machadadas no
peito. Todavia, a necropsia revela que Tício já estava
morto, em razão de um mal súbito que sofrera horas
antes. Nesse caso, o crime é impossível, pois o objeto
material não era uma pessoa, mas um cadáver.
Vamos agora usar o mesmo exemplo: Mévio pretende
matar Tício, porém, dessa vez, a tiros, e surpreende-o
sentado em um banco de praça. Entretanto, quando
Mévio aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi
enganado e comprou uma arma de brinquedo. Nesse
último caso também temos a tentativa inidônea, pois o
meio utilizado por Mévio é absolutamente ineficaz
para causar a morte de Tício.
Poderíamos afirmar que o crime impossível é uma
espécie de tentativa (tentativa inidônea), com a
circunstância de que a intenção do agente jamais
poderá se concretizar, face à impropriedade absoluta
do objeto ou a ineficácia absoluta do meio utilizado.
Não bastará para a punição do agente o simples
desvalor da conduta, devendo haver um mínimo de
possibilidade de concretização do resultado.
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3. SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA Portanto, na prova objetiva, os senhores devem adotar
INFRAÇÃO PENAL o conceito analítico tripartido do crime.

O conceito de crime sob o aspecto analítico é o


3.1. SUJEITO ATIVO (OU AGENTE) que vai nos fornecer as bases para que possamos
É a pessoa que comete a infração penal; só o ser estudar os elementos do crime. O fato típico é o
humano pode ser sujeito ativo de um crime, a única primeiro dos elementos do crime, sendo a
exceção está na lei de crimes ambientais, em que as tipicidade um de seus pressupostos. Então,
pessoas jurídicas também podem vir a assumir o papel vamos iniciar a nossa viagem pelo mundo do
de sujeito ativo de um crime. Neste caso deverá haver crime Nação Concurseira!
a chamada bi-imputação, pois uma pessoa jurídica só
poderá figurar no polo ativo se uma pessoa física FATO ILÍCITO CULPÁVEL
TÍPICO (ANTIJURÍDICO)
também estiver no mesmo polo.
Conduta (dolo Imputabilidade
/ culpa)
3.2. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO: Resultado CONDUTA Potencial
 Sujeito passivo formal ou permanente: é o Estado, CONTRÁRIA AO consciência da
pois ele teve desrespeitada sua norma proibitiva. O DIREITO ilicitude
Estado sempre restará prejudicado quando ocorrer um Nexo de Exigibilidade de
fato criminoso, mesmo nas hipóteses em que não for causalidade conduta diversa
o titular da ação penal. Tipicidade
 Sujeito passivo material: é a pessoa ou entidade que
sofre os efeitos da infração penal. O sujeito passivo
será a vítima do ato criminoso. 4.2. FATO TÍPICO
O fato típico é composto dos seguintes elementos:
1) conduta dolosa / culposa, comissiva / omissiva;
2) resultado (nos crimes materiais, pois exigem
4. DO CRIME
resultado);
3) nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
4) tipicidade: é a adequação do fato à norma.
4.1. CONCEITO
A legislação brasileira não traz a definição de crime, o 4.2.1. Conduta
que provoca grande discussão doutrinária entre os A conduta, como já vimos, é o comportamento
estudiosos do tema. Há conceitos sobre vários humano, voluntário e consciente (doloso ou culposo)
aspectos, mas o que nos interessa para a compreensão dirigido a uma finalidade (teoria finalista da ação).
do crime é o conceito analítico, que analisa as É necessário que a conduta seja voluntária e
características ou elementos que compõem a consciente, não se considerando conduta o ato
infração penal. meramente reflexo ou inconsciente.
O crime é um fato típico, antijurídico e culpável.
Esse é o conceito analítico tripartido do crime, Teorias sobre a conduta
conforme a doutrina dominante e a maioria das bancas Para tentar explicar a conduta humana à luz do Direito
organizadoras quando o assunto é concurso público. Penal, surgiram diversas teorias, sobressaindo-se duas,
a saber: teoria causalista (clássica) e teoria finalista,
que passaremos a analisar em linhas gerais na tentativa
de trazer as suas principais conclusões.

TEORIA CAUSALISTA TEORIA FINALISTA


DA AÇÃO DA AÇÃO
Para os seguidores dessa Diferentemente da teoria
teoria, é totalmente causalista, a teoria finalista
desnecessário para efeito procura vincular o crime
de caracterização de um ao elemento subjetivo
Importante: alguns autores como Damásio e fato típico, saber se o humano, ou seja, a conduta
Mirabete entendem que o crime seria um fato típico e resultado foi produzido humana necessita de um
antijurídico, sendo a culpabilidade um pressuposto pela vontade do agente ou direcionamento
para a aplicação da pena, ou seja, seguem a teoria se decorreu de atuação psicológico para alcançar
analítica bipartida quando tratam do conceito formal culposa, interessando um fim delituoso para ser
do crime. Contudo, a maioria da doutrina adota a apenas indagar quem foi o considerada um delito, e
teoria tripartida quando trata do conceito analítico do causador material. O único não um “mero processo
crime e assim é a inclinação das bancas de concurso, nexo que importa mecânico regido pelas leis
caso contrário, para que possa cobrar posicionamentos estabelecer é o natural da causalidade” (Francisco
minoritários, o edital deverá trazer a bibliografia (causa e efeito). Com essa de A. Toledo). Para essa
indicada. teorização, o dolo e a culpa teoria, conduta é o
em nada se relacionam comportamento humano,
com a conduta (ação), uma voluntário e consciente

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vez que a intenção do (doloso ou culposo) Dolo específico, ou especial fim de agir – nesse
agente não é perquirida, dirigido a uma finalidade. caso, o agente não quer somente praticar a conduta
ficando tais elementos Assim, o dolo e a culpa típica, mas o faz por alguma razão especial, com
(dolo e culpa) para serem fazem parte da conduta, alguma finalidade específica. É o caso do crime de
discutidos apenas quando que é requisito do fato calúnia, por exemplo, no qual o agente deve não só
da análise da culpabilidade, típico, e, quando ausentes, praticar a conduta, mas deve fazê-lo com a intenção de
constituindo elementos da não há tipicidade. ofender a honra objetiva da vítima.
culpabilidade. Dolo direto de primeiro grau – aquele no qual o
agente tem a vontade direcionada para a produção do
4.2.1.1. Formas de condutas resultado.
1) Quanto à forma de praticar o crime, a conduta pode Dolo direto de segundo grau – chamado de “dolo
ser comissiva (praticada por meio de uma ação) ou de consequências necessárias”, se assemelha ao dolo
omissiva (praticada por meio de uma omissão). eventual, mas com ele não se confunde. Aqui o agente
I. As condutas comissivas consistem em fazer o possui uma vontade, mas sabe que, para atingir sua
que a lei proíbe. finalidade, existem efeitos colaterais que irão
NECESSARIAMENTE lesar outros bens jurídicos.
II. As condutas omissivas consistem em não fazer
o que a lei obriga. II. Conduta culposa: diz-se crime culposo
quando a prática do delito não é intencional, ocorre
2) Quanto à intenção de praticar o crime, as condutas em virtude da negligência, imprudência ou imperícia do
podem ser dolosas ou culposas. agente.
I. Conduta dolosa: será dolosa quando o agente
tiver o propósito de praticar o fato descrito na lei Elementos do crime culposo:
penal ou, quando não tiver esta intenção, assume o – conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva
risco de produzi-lo. Crimes dolosos são, portanto, (voltada, geralmente, a um resultado lícito);
crimes intencionais; ressalvada a hipótese de dolo – inobservância de um dever objetivo de cuidado (o
eventual. dever objetivo de cuidado é dirigido a todos e são
regras de comportamento que têm a finalidade de
Espécies de dolo manter a convivência harmoniosa na sociedade. A
infringência ao dever de cuidado objetivo pode
 Dolo direto ou determinado é aquele em que o ocorrer nas hipóteses de imprudência, negligência e
agente quer o resultado e instrumentaliza todos os imperícia);
meios necessários para atingi-lo (teoria da vontade). – resultado involuntário (não intencional);
– nexo de causalidade entre a conduta do agente
Observação: conforme a teoria da vontade, dolo seria que deixa de observar o seu dever de cuidado e
tão somente a vontade livre e consciente de querer resultado lesivo dela advindo;
praticar a infração penal. – previsibilidade objetiva (previsibilidade que se
presume que todos possam ter. Se o fato escapar
totalmente à previsibilidade do agente, o resultado não
 Dolo indireto ou indeterminado é aquele em que a lhe pode ser atribuído, mas sim ao caso fortuito ou à
vontade do agente não é exatamente definida. Este força maior);
tipo de dolo subdivide-se em dolo alternativo ou dolo – tipicidade, pois só se pode falar em crime culposo se
eventual: houver previsão legal expressa para essa modalidade
 No dolo alternativo, a intenção do agente se dirige a de infração. A regra contida no parágrafo único do art.
um ou outro resultado danoso, como, por exemplo, 18 é a de que todo crime seja doloso, somente se
quando efetua golpes na vítima com intenção de feri-la falando em delito culposo quando a lei penal
ou matá-la. expressamente fizer a ressalva. Portanto, o dolo é a
 No dolo eventual o agente não deseja diretamente o regra; a culpa, a exceção.
resultado, mas por não deixar de praticar a conduta
que possivelmente trará o dano, assume o risco de Excepcionalidade de um crime culposo –
produzi-lo. Ex.: um médico que, para fim científico, existência de um crime culposo depende de expressa
experimenta certa substância química que pode matar previsão legal, conforme se depreende da análise do
o paciente assumindo o risco de tal conduta, e o art. 18, parágrafo único, do Código Penal, já transcrito.
resultado letal vem a ocorrer. Nesse caso, o médico De acordo com tal preceito, todo crime descrito em
agiu com dolo eventual e, por isso, responderá pelo uma lei penal será doloso, somente podendo-se falar
crime de homicídio doloso. em crime culposo quando houver previsão expressa
nesse sentido. O dolo, portanto, é a regra; a culpa, a
No dolo eventual o agente prevê o resultado de sua exceção.
conduta e não deseja diretamente esse resultado. Mas
Culpa – ocorre quando o agente atua com:
diz para si mesmo: “seja como for, eu não deixo de
agir”. Se ocorrer o dano, diz ele, “pior para a vítima”.  Imprudência (fato perigoso).
 Negligência (falta de precaução).
O dolo pode ser ainda:  Imperícia (falta de aptidão para o exercício de arte ou
Dolo genérico – é a vontade de praticar a conduta profissão).
descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
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Observação importante: tipo doloso → regra; tipo Observações sobre o crime culposo:
culposo → exceção (depende de expressa previsão 1) Na caracterização do crime culposo é necessário que
legal). haja um resultado, e que o resultado tenha sido
causado por imprudência, negligência ou imperícia.
Modalidades de culpa: Sem resultado lesivo não há crime culposo, salvo se se
Imprudência – é a ação em que o agente demonstra o tratar de crime de mera conduta. Assim, se um
desprezo pelas cautelas normais. É conduta motorista imprudente avança um sinal de trânsito, mas
precipitada ou afoita, a criação desnecessária de um não causa danos a ninguém, ele não terá cometido um
perigo. Ex.: dirigir veículo em rua movimentada com crime culposo, mas apenas terá cometido uma infração
excesso de velocidade. administrativa pela qual será multado.
Negligência – é a displicência, o relaxamento, a falta 2) Não há crime culposo tentado. E
de atenção devida. Ex.: 1) deixar arma de fogo ao 3) Só poderá existir a coautoria nos crimes culposos,
alcance de criança; e 2) não observar que o sinal nunca a participação.
semafórico da esquina está vermelho e vir a atropelar
um pedestre. 4.2.2. Resultado
Imperícia – é a imprudência no campo técnico3, é O resultado é a consequência da conduta humana
também conhecida como imprudência qualificada, a descrita num tipo penal. Ex.: Matar alguém (descrição
falta de habilidade técnica para certas atividades. É da conduta humana prevista no tipo penal de
quando ocorre uma inaptidão – momentânea ou não – homicídio – art. 121). Resultado: a morte da vítima.
do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício, O resultado naturalístico é a modificação do mundo
estando ligada basicamente a atividade profissional do concreto provocada pela conduta do agente.
agente. Ex.: um médico com nítida inaptidão para o Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se
exercício profissional que acaba por causar a morte do exige um resultado naturalístico.
paciente. Nos crimes formais e de mera conduta não há essa
exigência. Os crimes formais são aqueles nos quais o
Espécies de culpa:
resultado naturalístico pode ocorrer, mas a sua
Culpa inconsciente ou culpa comum – o fato era
ocorrência não é necessária para a consumação do
previsível, mas o agente não o previu, por falta de
crime. Já os crimes de mera conduta são crimes em
atenção devida. Ex.: dirigir sem a atenção devida, sem
que não há um resultado naturalístico possível.
se dar conta de que pode atropelar alguém.
Culpa consciente – o agente prevê o resultado, mas
Exemplos:
acredita que não ocorrerá, por confiar erradamente nas
Crime material – Homicídio. Para que o homicídio
suas habilidades pessoais. Ex.: um caçador vê uma
seja consumado, é necessário que a vítima venha a
lebre passando por perto de um companheiro de
óbito.
caçada. Não quer atingir o companheiro, embora
Crime formal – Concussão (art. 316 do CP). Para
perceba a possibilidade de atingi-lo. Confia, porém, na
que o crime se consume não é necessário que o agente
sua pontaria e atira na lebre, matando o companheiro.
exija a vantagem indevida, independente de receber ou
Diferenças entre culpa consciente e dolo eventual: não a referida vantagem.
1. Na culpa consciente, o agente, embora prevendo o Crime de mera conduta – Invasão de domicílio.
resultado, acredita sinceramente na sua não ocorrência; Nesse caso, a mera presença do agente,
o resultado previsto não é querido nem assumido pelo indevidamente, no domicílio da vítima caracteriza o
agente. Já no dolo eventual, embora o agente não crime. Não há um resultado previsto para esse crime.
queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a
produzi-lo. É imperioso lembrar que nem sempre existirá o
2. Na culpa consciente, o agente sinceramente acredita resultado naturalístico. Entretanto, há também o
que pode evitar o resultado; no dolo eventual, o agente resultado jurídico (ou normativo), que é a lesão ao
não quer diretamente produzir o resultado, mas, se bem jurídico tutelado pela norma penal. Esse resultado
este vier acontecer, pouco importa. sempre estará presente. Logo, poderá existir crime sem
um resultado naturalístico, contudo, não há crime sem
DISTINÇÃO ENTRE DOLO EVENTUAL E resultado jurídico.
CULPA CONSCIENTE
No dolo eventual, o agente Na culpa consciente, o 4.2.3. Nexo causal
consente no resultado, agente prevê a possibili- O nexo causal (relação de causalidade) é a relação
sendo irrelevante o dano dade de prejuízo a outrem, de causa e efeito existente entre a conduta do agente e
causado. A vontade de mas confia nas o resultado dela decorrente.
praticar o ato sobrepõe-se circunstâncias ou em sua A relação de causalidade é o elo necessário que une a
à possibilidade de dano, perícia. Nesta, pune- conduta ao resultado, sem esse vínculo não se pode
sendo, pois, caracterizado -se a imprevidência do falar em relação de causalidade, logo, o resultado não
pela indiferença ao agente; no dolo eventual, poderá ser imputado ao agente por não ter sido ele o
resultado. pune-se o livre propósito seu causador.
de ser indiferente ao
resultado. A teoria adotada pelo CPB é a teoria da equivalência
dos antecedentes causais – teoria da conditio sine qua non
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: parte geral. Ed: Revista – em que a causa é a ação/omissão sem a qual o
dos Tribunais, 2009. resultado não teria ocorrido. Partindo do resultado,
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deve-se fazer uma regressão visando descobrir todas A causa concomitante absolutamente
as causas que tenham exercido alguma influência na independente é aquela que ocorre numa relação de
produção do resultado. Assim, para saber se uma simultaneidade com a conduta do agente, ocorrendo
conduta é ou não causa do crime, devemos retirá-la do no mesmo instante.
curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o
crime ocorreria (Processo hipotético de eliminação de Vejamos o seguinte exemplo: Tício atira em Maria
Thyrén). querendo a sua morte ao mesmo tempo em que Mévio
Como já vimos, causa é toda aquela que tenha realiza, também, disparos contra Maria com o mesmo
interferência na produção do resultado, podendo ser intento. Contudo, Maria vem a falecer não em razão
absoluta ou relativamente independente. do disparo realizado por Tício, que a atingira apenas
de forma leve em um dos braços, e sim pelo disparo
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA, de Mévio, que a atingiu no coração.
teoria também adotada pelo Código Penal, porém,
somente em algumas situações, que são as chamadas Conclusões: 1ª – As duas causas (ações) ocorreram de
“concausas”. As concausas são circunstâncias que forma simultânea, estamos diante de uma causa
concorrem com conduta do agente, contribuindo para concomitante. 2ª – Se não houvesse o disparo de
a produção do resultado. As concausas podem ser: Tício, o resultado morte ocorreria? A resposta é
a) Absolutamente independente – é aquela que produz afirmativa, tratando-se de uma causa absolutamente
por si só o resultado. Podem ser preexistentes, independente, devendo Tício responder por tentativa
concomitantes e supervenientes. de homicídio já que com sua conduta não conseguiu
b) Relativamente independente – só leva ao resultado por realizar seu intento, pois a causa da morte da vítima foi
estar de alguma forma relacionada com a conduta do o disparo realizado por Mévio.
agente.
A causa superveniente absolutamente
A causa absolutamente independente está estampada independente é a causa ocorrida posteriormente à
no art. 13, caput, do CPB, conforme segue: conduta do agente e que com ela não possui relação de
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do dependência alguma.
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o Vejamos o seguinte exemplo: Tício atira em Mévio
resultado não teria ocorrido. querendo a sua morte. Ocorre que, após o evento, a
Por sua vez, no § 1º do mesmo artigo, encontramos as casa de Mévio é atingida por um grande terremoto que
causas supervenientes relativamente independentes, a faz desabar. É provado que Mévio veio a falecer em
não havendo no código referência expressa às causas razão do desabamento, em nada contribuindo para o
preexistentes e concomitantes. evento morte o disparo realizado por Tício.
§ 1º – A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só, Conclusões: 1ª – O desabamento ocorre após o
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, disparo realizado por Tício, estamos diante de uma
imputam-se a quem os praticou. causa superveniente. 2ª – Se não houvesse o dispa-ro
de Tício, o resultado morte ocorreria? A resposta é
4.2.4. Causa absolutamente independente afirmativa, tratando-se de uma causa absolutamente
É aquela que teria acontecido e levado ao resultado independente, devendo Tício responder por tentativa
mesmo se não existisse conduta por parte do agente. de homicídio já que com sua conduta não conseguiu
As causas absolutamente independentes podem ser realizar seu intento, pois a causa da morte da vítima foi
preexistentes, concomitantes e supervenientes. o desabamento da casa.
A causa preexistente absolutamente inde-
pendente é aquela que ocorreu anteriormente à 4.2.5. Causas relativamente independentes
conduta do agente. Logo, se em virtude dela o São aquelas que já existiam antes mesmo da conduta
resultado ocorre, não devemos imputá-lo ao agente. por parte do agente e, quando conjugadas com a
Citamos o seguinte exemplo: Tício atira em Mévio conduta do agente, produzem o resultado.
querendo a sua morte, atingindo-o em uma região
considerada letal. Contudo, Mévio vem a falecer não Classificam-se em:
em razão do disparo realizado por Tício, mas porque 1) Preexistentes – quando a causa que determinou o
ingerira veneno momentos antes com intenção suicida. resultado danoso é anterior à conduta criminosa.
Ex.: “A”, querendo matar “B”, lhe desfere um golpe
Conclusões: 1ª – O fato de Mévio ter ingerido de faca, golpe este que, por si só, seria insuficiente
veneno é anterior à conduta de Tício (os disparos), para provocar a morte de uma pessoa comum, mas em
portanto, estamos diante de uma causa preexistente. 2ª razão de “B” ser hemofílico (causa preexistente), acaba
– Se não houvesse o disparo de Tício, o resultado falecendo pela grande perda de sangue. Neste caso, o
morte ocorreria? A resposta é afirmativa, tratando-se agente responde pelo crime, pois não se rompe o
de uma causa absolutamente independente, devendo nexo causal.
Tício responder por tentativa de homicídio, já que 2) Concomitantes – quando se verifica ao mesmo
com sua conduta não conseguiu realizar seu intento, tempo que a conduta do agente. Ex.: No exato
pois a causa da morte da vítima foi o envenenamento instante em que o agente dispara contra a vítima, vem
e não os disparos realizados pelo agente. esta a sofrer um infarto (decorrência do susto e, por

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isso, ligada à conduta do sujeito). O agente responde do agente não aumentou nem criou um risco, não há
pelo crime, pois não se rompe o nexo causal. crime.
3) Supervenientes – quando a causa que determinou o b) Risco deve ser proibido pelo Direito – Aquele que
resultado danoso é posterior à conduta criminosa, cria um risco de lesão para alguém, em tese não
neste rompe-se o nexo causal e o agente não comete crime, a menos que esse risco seja proibido
responde pelo resultado, mas somente pelos atos até pelo Direito.
então praticados (art. 13, § 1º). Ex.: A vítima toma um c) Risco deve ser criado no resultado – Assim, um
tiro na barriga (conduta do agente) e é colocada em crime não pode ser imputado àquele que não criou o
uma ambulância; durante o trajeto, a ambulância se risco para aquela ocorrência.
envolve em uma colisão e a pessoa morre em razão
dos novos ferimentos; assim, como a causa da morte 4.2.6. Tipicidade
foi o acidente, a pessoa que efetuou o disparo não
responde por “homicídio consumado”, mas apenas por O último elemento do fato típico é a tipicidade.
tentativa. Tipicidade é o encaixe perfeito entre a conduta
praticada pelo agente e modelo previsto na lei penal
ARTIGOS IMPORTANTES: (tipicidade formal), sendo tal conduta ofensiva a bens
relevantes para o direito penal.
Relação de causalidade
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do IMPORTANTE LEMBRAR: Nem sempre a
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. conduta praticada pelo agente se amolda perfeitamente
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o ao tipo penal, ou seja, nem sempre haverá a chamada
resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº adequação imediata, sendo necessário que se proceda à
7.209, de 11.7.1984) análise de outro dispositivo da Lei Penal (norma de
extensão) para se chegar à conclusão de que um fato é
Superveniência de causa independente (Incluído típico, é o que conhecemos por adequação ou
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) tipicidade mediata.
§ 1º – A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só, O princípio da insignificância é uma causa de
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, exclusão da tipicidade, pois, apesar de a conduta
imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei praticada ser formalmente típica, não possui relevância
nº 7.209, de 11.7.1984) para o direito penal (tipicidade material).

Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, Importante: A ausência de voluntariedade na conduta
de 11.7.1984) também exclui o fato típico, por inexistir conduta para
§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o o direito penal.
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
dever de agir incumbe a quem: (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) 5. FATO ANTIJURÍDICO, ANTIJURIDICIDADE
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou OU ILICITUDE
vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir
o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ilicitude, ou antijuridicidade, é a relação de
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei antagonismo, de oposição, entre a conduta do agente e
o ordenamento jurídico. Pode-se dizer que, quando o
nº 7.209, de 11.7.1984)
agente pratica uma conduta típica, a regra será que essa
conduta também seja antijurídica.
FIQUE LIGADO:
Contudo, há ações típicas que, pela posição particular
em que se encontra o agente ao praticá-
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA – A
teoria da imputação objetiva, que foi melhor las, se apresentam em face do Direito como lícitas.
Essas condições especiais em que o agente atua
desenvolvida por Roxin4, tem por finalidade ser uma
teoria mais completa em relação ao nexo de impedem que elas venham a ser antijurídicas. São
situações de excepcional licitude que constituem as
causalidade. Para essa teoria, a imputação só poderia
ocorrer quando o agente tivesse dado causa ao fato, o chamadas causas de exclusão da antijuridicidade,
justificativas ou descriminantes.
que chamamos causalidade física, mas houvesse, ao
mesmo tempo, uma relação de causalidade Portanto, a prática de um fato antijurídico se
caracteriza por dois elementos:
NORMATIVA, assim compreendida como a criação
de um risco não permitido para o bem jurídico que se 1. a realização do fato típico; e
2. a ausência de uma causa de justificação que afaste
pretende tutelar.
a ilegalidade do fato praticado.
Para essa teoria, a conduta deve:
a) Criar ou aumentar um risco – Assim, se a conduta Antijurídica, portanto, é uma ação típica que não
está justificada.
4 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, As causas de exclusão da ilicitude podem ser:
1997, p. 362/411 10 ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365.
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a) Genéricas – aquelas que se aplicam a todo e qualquer 6. ESTADO DE NECESSIDADE


crime. Estão previstas na parte geral do Código Penal,
em seu art. 23.
b) Específicas – aquelas que são próprias de Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade
determinados crimes, não se aplicando a outros. São quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
encontradas na parte especial do Código Penal. não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
Causas de exclusão de ilicitude previstas na parte geral do nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Código Penal. § 1º – Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
ARTIGOS IMPORTANTES:
Características do estado de necessidade:
Exclusão de ilicitude – o fato típico praticado deve ser para proteger um
Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato: bem jurídico que está exposto a um perigo atual;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I. em estado de necessidade; (Incluído pela Lei – o perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio, o
nº 7.209, de 11.7.1984) agente atua para defender um bem próprio ou alheio.
II. em legítima defesa; (Incluído pela Lei Essa defesa vai concretizar-se com a ofensa de bem
nº 7.209, de 11.7.1984) jurídico de um terceiro inocente. Ex.: a destruição de
III. em estrito cumprimento de dever legal ou no uma porta para salvar uma criança que está trancada
exercício regular de direito. (Incluído pela Lei sofrendo risco de asfixia por inalar a fumaça de um
nº 7.209, de 11.7.1984) incêndio. Comete-se um fato típico (crime de dano)
contra o dono da propriedade frente à destruição
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de intencional da porta, fato este que estará justificado
11.7.1984) pela necessidade de proteger um bem jurídico de
Parágrafo único – O agente, em qualquer das maior relevância, que é a vida;
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) – a situação de perigo não pode ter sido causada
voluntariamente (entenda-se dolosamente) pelo
Estado de necessidade agente;
Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que – inexistir o dever legal do agente para enfrentar o
não provocou por sua vontade, nem podia de outro perigo. Portanto, o policial, o bombeiro, soldado,
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, quando no exercício de suas funções, não podem
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação alegar estado de necessidade;
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º – Não pode alegar estado de necessidade quem – inevitabilidade da conduta, quer dizer, sem a
tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação conduta seria impossível salvar o bem do perigo a que
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) está exposto;
§ 2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a – razoabilidade do sacrifício, ou seja, o bem
dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de sacrificado deve ter valoração igual ou inferior ao bem
11.7.1984) preservado;
Legítima defesa – conhecimento da situação justificante, ou seja, a
Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando consciência de que está agindo amparado pela
moderadamente dos meios necessários, repele injusta excludente de ilicitude do estado de necessidade.
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Ex.: 1) a disputa de náufragos pela posse de uma tábua
11.7.1984) de salvação; 2) a destruição de um tabique de madeira
do vizinho, para deter um incêndio; 3) agente que,
ferido a faca no peito e em busca de assistência
médica, atropela transeunte, causando-
lhe a morte; 4) acusado que, desempregado, devendo
prover a subsistência de prole numerosa e esposa
grávida, subtrai alimentos e utilidades domésticas em
supermercado etc.

Observação sobre o estado de necessidade:


É possível admitir estado de necessidade contra estado
de necessidade. No exemplo dos náufragos, estariam
ambos em estado de necessidade.

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Formas de estado de necessidade Observações sobre a legítima defesa:


O estado de necessidade pode ser classificado de acordo 1. O primeiro pressuposto que distingue a legítima
com os seguintes critérios: defesa do estado de necessidade é a existência de uma
agressão injusta, atual ou iminente. Portanto, não é
a) quanto à titularidade do interesse protegido: dividindo- possível arguir legítima defesa contra legítima defesa.
se em estado de necessidade próprio (quando o Evidentemente, porque uma das atuações seria uma
agente salva direito próprio) ou estado de necessidade agressão injusta e a outra seria uma resposta a tal
de terceiro (quando o agente salva direito de outrem); agressão. A primeira não está justificada, visto que é a
b) quanto ao aspecto subjetivo do agente: dividindo-se em injusta agressão; a segunda está, pois é o meio de
estado de necessidade real (que efetivamente está defesa da vítima.
ocorrendo) e estado de necessidade putativo (no qual 2. Contudo, é possível a existência de legítima defesa
o agente incide em erro – descriminante putativa); putativa (falsa) contra legítima defesa putativa. E
c) quanto ao terceiro que sofre a ofensa: dividindo-se em também legítima defesa real contra legítima defesa
estado de necessidade agressivo (caso em que a putativa.
conduta do agente atinge direito de terceiro inocente)
e estado de necessidade defensivo (caso em que o Excesso: é a intensificação desnecessária de uma
agente atinge direito de terceiro que causou ou conduta inicialmente justificada. O excesso sempre
contribuiu para a situação de perigo). pressupõe um início de situação justificante, visto que,
a princípio, o agente estava agindo coberto por uma
Observação sobre o estado de necessidade: excludente, mas a extrapola em seguida.
É possível admitir estado de necessidade contra estado
de necessidade. No exemplo dos náufragos, estariam O excesso pode ser doloso (descaracteriza a legítima
ambos em estado de necessidade. defesa a partir do momento em que é empregado o
O Brasil adotou a teoria unitária no estado de excesso e o agente responde dolosa-mente pelo
necessidade, que estabelece que o bem jurídico resultado que produzir) ou culposo (é o que deriva de
protegido deve ser de valor igual ou superior ao culpa em relação à moderação; nesse caso, o agente
sacrificado. No caso de o bem sacrificado ser de valor responde por crime culposo).
maior que o bem protegido, o agente responde pelo
crime, mas tem sua pena diminuída nos termos do art. SUPER ULTRA MEGA POWER
24, § 2º do Código Penal. IMPORTANTE: Na legítima defesa putativa quando
o erro de tipo for evitável, e o agente não conseguir o
resultado pretendido contra o suposto agressor, é
7. LEGÍTIMA DEFESA possível se falar em tentativa no “crime culposo”.
Trata-se de uma culpa imprópria. Apesar de a ação ser
dolosa, o agente responde por culpa por razões de
Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, política criminal.
usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de Falando um pouco mais sobre a culpa
outrem. imprópria (por extensão, assimilação ou
equiparação), o agente, por erro inescusável, imagina
Características da legítima defesa: certa situação de fato, supondo estar agindo
– reação a uma agressão humana (quando o bem é acobertado por uma excludente de ilicitude ou de
exposto a risco por animais ou coisas caracteriza-se culpabilidade (descriminante putativa), provocando
estado de necessidade); intencionalmente o resultado ilícito. Observem que a
estrutura do crime é dolosa, por esta razão parte da
– a agressão deve ser injusta, ou seja, a vítima não doutrina entende ser esta a única modalidade de culpa
pode ter dado causa à agressão; que admite tentativa.

– a agressão deve ser atual ou iminente; Estrito cumprimento do dever legal: Não há crime
quando o agente pratica o fato em estrito
– defesa de direito próprio ou de terceiro; cumprimento ao dever legal, como no caso do oficial
de justiça que apreende bens para penhora.
– utilização dos meios necessários (são os meios
menos lesivos à disposição do agente para repelir a Se aquele que age no estrito cumprimento do dever
agressão); legal extrapolar os limites, haverá crime.

– moderação – a reação deve ser moderada, e os meios Exercício regular de direito: consiste na atuação do
realmente necessários. Exemplo clássico de agente que atua dentro dos limites a ele conferidos
imoderação e de uso de meios não necessários é de pelo ordenamento legal. O sujeito não comete crime
matar a tiros um menor, para impedir a subtração de por estar exercitando uma prerrogativa conferida a ele
frutos de uma árvore; pela lei.
Ex.: 1) na recusa em depor em juízo por parte de
– conhecimento da situação justificante (elemento quem tem o dever legal de guardar sigilo;
subjetivo). 2) na intervenção cirúrgica (desde que haja consen-
timento do paciente ou de seu representante legal);
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3) nas lesões esportivas, desde que respeitadas as regras permissão). Adotamos a TEORIA LIMITADA DA
do esporte etc. CULPABILIDADE.

O exercício abusivo do direito faz desaparecer a 8.2. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE:


excludente. I. Imputabilidade
A imputabilidade, apesar de não existir uma definição
8. CULPABILIDADE no código Penal, é a possibilidade de se atribuir a
alguém a responsabilidade por algum fato ilícito, ou
seja, é o conjunto de condições pessoais que dá ao
A culpabilidade é que o juízo de reprovabilidade agente a capacidade para lhe ser juridicamente
acerca da conduta do agente, considerando-se suas imputada a prática de uma infração penal, ou ainda,
circunstâncias pessoais, é a reprovabilidade de um fato podemos afirmar que é a capacidade mental de
típico e antijurídico praticado por alguém, por ter entender o caráter ilícito da conduta e de comportar-se
agido de forma contrária ao direito, quando podia ter conforme o Direito.
atuado de acordo com a ordem jurídica. Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles
Diferentemente do que ocorre com o fato típico e abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade
antijurídico, em que se analisa o fato, na culpabilidade enumeradas na lei.
o objeto de estudo não é o fato, mas sim o autor do
fato. Por esta razão, alguns doutrinadores entendem Existem três sistemas acerca da imputabilidade:
que a culpabilidade não integra o crime por não estar a) Biológico – este sistema considera a existência de
relacionada ao fato criminoso, e sim ao agente, mas uma doença mental ou determinada idade para que o
com a devida vênia, este não é o entendimento agente seja inimputável. No caso da inimputabilidade
majoritário. pela menoridade, podemos afirmar que adotamos o
Portanto, a imposição da pena, como conse-quência sistema biológico ou cronológico.
do crime, depende ainda da avaliação da culpabilidade, b) Psicológico – há a aferição da imputabilidade na
ou seja, da reprovabilidade da conduta. análise do caso concreto, verificando se o agente era
capaz de entender a conduta por ele praticada.
8.1. TEORIAS ACERCA DA c) Biopsicológico – para este critério deve existir uma
CULPABILIDADE: doença mental (critério biológico), mas o Juiz deve
A) Teoria psicológica – de acordo com essa teoria, a analisar no caso concreto se o agente era ou não capaz
culpabilidade é analisada sob o prisma da de entender o caráter ilícito da conduta e de se
imputabilidade e da vontade (dolo e culpa), comportar conforme o Direito (critério psicológico).
entendendo que o agente seria culpável se era Essa foi a teoria adotada como REGRA pelo Código
imputável no momento do crime e se havia agido com Penal brasileiro.
dolo ou culpa. O dolo e a culpa estão na culpabilidade,
logo, não é essa a teoria adotada. São inimputáveis:
B) Teoria normativa ou psicológico-normativa – é As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts.
parecida com a primeira por possuir os mesmos 26, 27 e 28 do CP. Vejamos:
elementos, mas agrega a eles a inexigibilidade de
conduta diversa (I.C.D). Logo, ainda que o agente 1. O que por doença mental ou desenvolvimento
fosse imputável e tivesse agido com dolo ou culpa, só mental incompleto ou retardado era, ao tempo da
seria culpável se no caso concreto lhe pudesse ser ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o
exigido outro comportamento que não o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
comportamento criminoso. Na culpabilidade é com esse entendimento5.
considerado e estudado o elemento subjetivo (dolo ou
culpa) e o juízo de reprovação sobre o agente. Como se vê, a imputabilidade é constituída por dois
C) Teoria normativa pura – não mais considera o dolo elementos: um intelectual (capacidade de entender o
e culpa como elementos da culpabilidade, mas do fato caráter ilícito do fato) e o outro relativo à vontade do
típico (teoria finalista da conduta). Para esta teoria, os agente (capacidade de determinar-se de acordo com
elementos da culpabilidade são: imputabilidade, esse entendimento). O primeiro é a capacidade de
potencial consciência da ilicitude, inexigibilidade de entender as proibições jurídicas. O segundo, a
conduta diversa. capacidade de dirigir sua conduta de acordo com este
entendimento.
CUIDADO: a teoria normativa pura se divide em: Se a pessoa, seja por doença ou retardo mental, não
Teoria extremada e Teoria limitada. Estas teorias cuidam tem condições de entender a ilicitude do fato que
do tratamento dispensado ao erro quando tratamos pratica, não pode a ela ser imputada (aplicada) uma
das descriminantes putativas. Para a teoria extremada pena.
todo erro que recaia sobre uma causa de justificação
seria um erro de proibição. Já para a teoria limitada, as Por outro lado, mesmo que a pessoa entenda a
descriminantes putativas poderão configurar erro de
5 Art. 26 – É isento de pena (inimputável) o agente que, por doença
tipo, quando o erro recair sobre a situação fática (erro mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
de tipo permissivo), ou ainda poderá configurar um ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
erro de proibição, quando o erro for sobre a existência caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
ou os limites da causa de justificação (erro de entendimento.

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DIREITO PENAL

ilicitude do fato que quer praticar, mas não tem fato ou de determinar-se de acordo com esse
controle de suas ações de modo que realiza tal entendimento.
conduta, a ela também não será aplicada uma pena, e Diz-se embriaguez voluntária quando o agente, por
sim uma medida de segurança. vontade própria, faz ingestão de bebidas alcoólicas
com a finalidade de se embriagar. Ex.: Quando jovens,
2. Os menores de 18 anos, nos termos do art. 27 do CP para comemorarem alguma data, dizem que “beberão
e 228 da CF, são inimputáveis, ficando sujeitos às até cair”.
normas estabelecidas na legislação especial.
Na embriaguez culposa o agente não faz a ingestão de
Adotou-se, portanto, o critério biológico, que álcool querendo embriagar-se, mas, deixando de
presume, de forma absoluta, ser o menor de 18 anos observar o seu dever de cuidado, ingere quantidade
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do suficiente que o coloca em estado de embriaguez.
fato e de determinar-se de acordo com esse Nessa hipótese, o agente, por descuido, por falta de
entendimento. costume ou mesmo sensibilidade do organismo,
A legislação especial que regulamenta as sanções embriaga-se sem que fosse sua intenção colocar-se
aplicáveis aos menores é o ECA nesse estado.
(Lei nº 8.069/90), que prevê a aplicação de medidas Quando o agente se embriaga justamente para tomar
socioeducativas aos adolescentes (maiores de 12 e coragem para a prática do delito (embriaguez
menores de 18 anos), consistentes em advertência, preordenada), a embriaguez atua como agravante
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à genérica (art. 61, II, “l”).
comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou
internação, e a aplicação de medidas de proteção às FIQUE LIGADO: o CP exige que em razão da
crianças (menores de 12 anos) que venham a praticar embriaguez decorrente de caso fortuito ou força maior
fatos definidos como infração penal. o agente esteja INTEIRAMENTE INCAPAZ de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
3. A pessoa que, por embriaguez completa, conforme este entendimento.
proveniente de caso fortuito ou força maior, é
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do 4. A dependência de substância entorpecente ou
fato ou de determinar-se de acordo com este estar o agente sob o efeito de substância
entendimento. entorpecente, proveniente de caso fortuito ou
força maior7 também exclui a imputabilidade penal.
A embriaguez será completa quando faz
desaparecer qualquer censura ou freio moral, Os semi-imputáveis
ocorrendo confusão mental e falta de coordenação Se o agente, em virtude de perturbação de saúde
motora, não tendo o agente mais consciência e mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
vontade livres. retardado, não era inteiramente capaz de entender o
No entanto, para isentar o réu de pena, a caráter ilícito do fato ou de determinar-
embriaguez completa deverá ser involuntária, ou -se de acordo com esse entendimento, a pena poderá
seja, proveniente de caso fortuito ou força maior. ser reduzida de 1/3 a 2/3.

Costuma-se chamar de caso fortuito o evento Diferenças entre os inimputáveis e os semi-


atribuído à natureza e força maior aquele produzido imputáveis:
pelo homem. Se alguém, em visita a um alambique,
escorrega e cai dentro de um barril repleto de cachaça, 1. Os semi-imputáveis sofrem de uma perturbação na
se, ao fazer a ingestão da bebida ali existente, vier a se saúde mental que não retiram do agente, de forma
embriagar, sua embriaguez será proveniente de caso total, a capacidade de entendimento e
fortuito. No entanto, se durante um assalto a vítima autodeterminação. Nestes casos, a doença ou
do crime de roubo, após ser amarrada, é forçada a enfermidade mental apenas reduz no agente a
ingerir bebida alcoólica e vem a se embriagar, essa capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
embriaguez será proveniente de força maior. determinar-se de acordo com esse entendimento.
Nos dois casos, se, depois da embriaguez, a pessoa 2. Os inimputáveis, por sua vez, sofrem de uma
pratica um crime, estando inteiramente incapaz de doença mental, ou desenvolvimento mental
entender o que faz ou de determinar-se de acordo este incompleto ou retardado, que retiram do agente, de
entendimento, a ela não será aplicada pena. forma total, a capacidade de entendimento e
Se a embriaguez é incompleta6, mas também é autodeterminação.
proveniente de caso fortuito ou força maior a pena
será reduzida de 1/3 a 2/3.
Quando a embriaguez é voluntária ou culposa, o
agente será responsabilizado pelos seus atos, mesmo 7 Art. 45 da Lei nº 11.343/06 – É isento de pena o agente que, em razão
que, ao tempo da ação ou da omissão, seja da dependência, ou sob o efeito de substância entorpecente ou que
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do determine dependência física ou psíquica proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
6 Diz-se embriaguez incompleta quando há afrouxamento dos freios caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
morais, no entanto, o agente ainda tem consciência, mas se torna entendimento.
excitado, desinibido.
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Outra questão sobre imputabilidade penal O legislador determinou que o erro de proibição
exclua a culpabilidade, por inexistência de potencial
* A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade conhecimento de ilicitude.
penal. Entretanto, apesar de não excluírem o crime, No erro de proibição, o agente atua com vontade, ou
podem funcionar como atenuantes genéricas – art. 65, seja, com dolo, portanto, o primeiro requisito do fato
III, a, ou como causas de diminuição de pena – art. típico punível encontra-se presente (a conduta). A
121, § 1º, desde que acompanhadas de outros solução da questão se dará na culpabilidade. Esta não
requisitos. há, uma vez que se pratica o fato por erro quanto à sua
ilicitude.
II. Potencial consciência da ilicitude
É a possibilidade de entender, na hora do fato, que a O erro de proibição pode ser:
conduta praticada é contrária ao direito. Essa
consciência é a consciência comum, aquela que está ao a) Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente,
alcance de qualquer pessoa dotada de valores mínimos naquele caso concreto, saber que sua conduta era
(captados do ambiente familiar, escolar, social etc.). contrária ao Direito Penal, excluindo-se, portanto, a
Não há necessidade de que o agente tenha tido a plena culpabilidade.
consciência, na hora do crime, da ocorrência da b) Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à
ilicitude, mas se apenas ele pudesse ter, com alguma proibição da conduta não é perdoável, pois era
diligência, essa consciência, ele será penalizado. possível, mediante algum esforço, entender que se
Não se trata do parâmetro do homem médio, mas de tratava de conduta penalmente ilícita. Assim,
uma análise da pessoa do agente. Assim, aquele que é permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime,
formado em Direito, em tese, tem maior potencial com pena diminuída de um sexto a um terço.
consciência da ilicitude que aquele que nunca saiu da
zona rural afastada de um interior e tem pouca SE LIGA AÍ, CONCURSEIRO: No erro de
instrução. É claro que isso varia de pessoa para pessoa proibição o agente pratica a conduta consciente do
e, principalmente, de crime para crime, pois alguns são que faz, mas “acha que pode” realizar a conduta, por
do conhecimento geral (exemplo: homicídio) e outros desconhecer o caráter ilícito de sua conduta. Ex.:
nem todos conhecem (exemplo: vilipêndio de Holandês que acha que pode fumar maconha
cadáver). livremente no Brasil em virtude da conduta ser atípica
Efeitos jurídicos da consciência, ao menos potencial, em seu país de origem.
da ilicitude do que pratica:
Se o agente tinha ou podia ter a consciência, no ato da ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO
ação – tem culpabilidade. ESSENCIAL
Se não tinha ou não podia ter a consciência da ilicitude SE INEVITÁVEL, SE INEVITÁVEL, EXCLUI A
do que praticava, no ato da ação – não tem EXCLUI A TIPICIDADE CULPABILIDADE PELA
culpabilidade (é isento de pena – erro de proibição: art. POR RETIRAR O DOLO AUSÊNCIA DE P.C.I.
E A CULPA
21 CP).
SE EVITÁVEL, EXCLUI SE EVITÁVEL,
APENAS O DOLO, FUNCIONARÁ APENAS
Erro de proibição PODENDO O AGENTE COMO UMA CAUSA DE
Assim dispõe o art. 21, caput, CP: “O RESPONDER A TÍTULO DIMINUIÇÃO DE PENA
desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a DE CULPA. (1/6 A 1/3)
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um III. Exigibilidade de conduta diversa – refere-se
terço”. Logo, Quando o agente age acreditando que ao fato de se saber se, nas circunstâncias, seria exigível
sua conduta não é penalmente ilícita, comete erro de que o acusado agisse de forma diferente. Se era
proibição (art. 21 do CP). inexigível do agente outra conduta que não a praticada,
O que se exige não é uma consciência plena da fica excluída a sua culpabilidade (que o isenta da pena).
ilicitude, pois, se assim o fosse, somente os sábios Logo, não basta que o agente seja imputável e que
operadores do direito a teriam, o que se exige é uma tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é
potencial consciência, que decorre necessariamente do necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro
conjunto de valores éticos e morais de cada indivíduo. modo.
O nosso CP, na primeira parte do art. 21, foi fiel à
regra de que o desconhecimento da lei não é Causas legais de exclusão da culpabilidade por
escusável, ou seja, se o agente desconhece a lei que inexigibilidade de outra conduta8:
proíbe abstratamente aquele comportamento, essa
ignorância não afasta sua responsabilidade. Até 1. Coação moral irresistível – é a decorrente do
porque, se se pudesse alegar o desconhecimento da lei, emprego de grave ameaça. O coator é quem responde
para alguém se livrar da responsabilidade, não haveria pelo crime praticado pelo coagido. Ocorre quando
possibilidade de aplicação de pena, tantas seriam as uma pessoa coage outra a praticar determinado crime,
desculpas de desconhecimento. sob a ameaça de lhe fazer algum mal grave.

No entanto, apesar de o desconhecimento da lei ser 8Coação irresistível e obediência hierárquica.


inescusável (indesculpável), é previsto como Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
circunstância atenuante pelo art. 65, II, CP. coação ou da ordem.

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No caso de coação moral irresistível, o coagido erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pratica, geralmente, um fato típico e antijurídico. pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
Contudo, a infração penal por ele cometida não lhe terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
será imputada (atribuída), pois, em virtude da coação a Parágrafo único – Considera-se evitável o erro se o
que foi submetido, não se podia exigir dele uma agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
conduta conforme o direito. do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
Pode-se citar como exemplo o caso daquele que é ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº
obrigado a causar a morte de alguém, pois, caso 7.209, de 11.7.1984)
contrário, seu filho é que seria morto, uma vez que se
encontrava nas mãos de sequestradores, que exigiam Coação irresistível e obediência hierárquica
tal comportamento do coagido, sob pena de (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
cumprirem a ameaça de morte da criança que com eles Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível
se encontrava sequestrada. Nesta última hipótese, ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
quando o coagido vai à procura da vítima e contra ela ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
efetua os disparos exigidos pelos sequestradores, o coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
fato por ele praticado é típico e antijurídico. de 11.7.1984)
Entretanto, o resultado morte não lhe poderá ser
imputado, haja vista que o CP determina somente a Inimputáveis
punição do autor da coação irresistível que, no caso, Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença
seriam os sequestradores. mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
Se for demonstrado que a coação moral era resistível, retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
poderá a pena, nas circunstâncias, ser atenuada. inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
A coação física se dá com o emprego de violência fato ou de determinar-se de acordo com esse
física, quando uma pessoa obriga outra a praticar um entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
crime. Ex.: forçar a mão da vítima para que ela aperte 11.7.1984)
o gatilho de um revólver – nesse caso, a violência
física empregada retira totalmente a voluntariedade da Redução de pena
ação, de modo que o coagido se apresenta como mero Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um a
instrumento do coator e, assim, não existe fato típico dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de
(por ausência do seu primeiro requisito – a ação saúde mental ou por desenvolvimento mental
voluntária, a conduta). incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
2. Obediência hierárquica – se o agente pratica o fato -se de acordo com esse entendimento. (Redação dada
cumprindo uma ordem não manifestamente ilegal pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(ilegalidade não perceptível, de acordo com o senso
médio) de seu superior hierárquico, exclui-se a Menores de dezoito anos
culpabilidade do subordinado (fica isento de pena), Art. 27 – Os menores de 18 (dezoito) anos são
respondendo pelo crime apenas o superior penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
hierárquico. estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela
A obediência a que a lei se refere é aquela decorrente Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de relações de direito público, ou seja, a obediência de
um funcionário público a uma ordem proferida por Emoção e paixão
outro funcionário que, na hierarquia administrativa, Art. 28 – Não excluem a imputabilidade penal:
lhe é superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A exclusão da culpabilidade só existe quando o I – a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei
subordinado observa estrita obediência à ordem nº 7.209, de 11.7.1984)
emanada do superior; assim, se a ordem era legal, e o
subordinado se excede, vindo a cometer um crime, Embriaguez
apenas ele pratica o delito. II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
Temos ainda outras observações que não podem ser ou substância de efeitos análogos. (Redação dada pela
esquecidas, como, por exemplo: Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º – É isento de pena o agente que, por embriaguez
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
CULPABILIDADE: era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
1. Inimputabilidade Penal. determinar-se de acordo com esse entendimento.
2. Erro de proibição (Erro sobre a ilicitude do fato). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
3. Coação moral irresistível. § 2º – A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
4. Obediência à ordem de superior hierárquico. se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
5. Inexigibilidade de conduta diversa. fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o
ARTIGOS IMPORTANTES: caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº
Erro sobre a ilicitude do fato 7.209, de 11.7.1984)
Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O
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8.3. CAPÍTULO I 2. Erro de tipo acidental: é aquele que recai sobre


elementos secundários do crime e não impede a
O ERRO NO DIREITO PENAL responsabilização do agente, que sabe estar come-
tendo uma infração penal. Por isso, o agente respon-
8.3.1. Erro de Tipo de pelo crime.
O erro de tipo está no art. 20, “caput”9, do Código O erro de tipo acidental possui várias espécies, a saber:
Penal. Ocorre, no caso concreto, quando o indivíduo
não tem plena consciência do que está fazendo; a) Erro sobre o objeto: o agente imagina estar atingindo
imagina estar praticando uma conduta lícita, quando um objeto material, mas atinge outro. O erro é
na verdade está a praticar uma conduta ilícita, mas irrelevante e o agente responde pelo crime. Ex.: uma
que, por erro, acredita ser inteiramente lícita (o erro de pessoa, querendo furtar um aparelho de videocassete,
tipo é uma falsa representação da realidade). entra na casa da vítima e, por estar escuro o local,
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento acaba pegando um aparelho de som.
subjetivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e
consciente de praticar o crime, ou assumir o risco de b) Erro sobre a pessoa: o agente com a conduta
produzi-lo. criminosa visa acertar uma pessoa, mas, por
Por isso, de acordo com o que dispõe o art. 20, caput, equívoco, atinge outra. Ex.: querendo matar João, o
do CP, o erro de tipo exclui o dolo e, portanto, a sujeito efetua um disparo contra José, que muito se
própria tipicidade (visto que foi excluída a conduta assemelha fisicamente a João. Nesse caso, o sujeito
dolosa). responde por homicídio como se tivesse atingido
Se o erro for vencível, haverá punição por crime quem pretendia10.
culposo, desde que previsto no tipo penal. Ex.: mãe, sob a influência do estado puerperal, resolve
Ex.: alguém recebe um veículo idêntico ao seu das matar seu próprio filho, logo após o parto; no entanto,
mãos do manobrista e o leva embora (não comete o ao se dirigir para o berçário, engana-se e provoca a
crime de “furto”, pois imaginou que o veículo era o morte de outro recém-nascido, supondo ser o seu (nos
seu). termos do art. 20, § 3º, deve a mãe ser
responsabilizada por infanticídio e não por homicídio).
8.3.2. Classificação do erro de tipo:
1. Erro de tipo essencial: é o que incide sobre c) Erro na execução (“aberratio ictus”): ocorre
elementares ou circunstâncias do crime, de forma que quando o agente, querendo atingir determinada
o agente não tem consciência de que está cometendo pessoa, efetua o golpe, mas, por má pontaria ou por
um delito. Ex.: Pensar que está matando um macaco, outro motivo qualquer (desvio do projétil, desvio
num local onde a caça é permitida, quando na verdade da vítima), acaba atingindo pessoa diversa da que
o disparo foi contra um caçador. pretendia.
Nesse caso, estabelece o art. 73 que o sujeito
O erro de tipo essencial, por sua vez, se desdobra em responderá pelo crime, levando-se em conta as
duas modalidades: qualidades da vítima a quem pretendia atingir; além
disso, pode acontecer de o agente efetivamente atingir
a) Erro escusável ou invencível: Verifica-se quando o quem pretendia e, por erro na execução, atingir
resultado ocorre, mesmo que o agente tenha praticado também outra pessoa. Nesse caso, haverá crime
toda diligência necessária. Em suma, naquela situação doloso em relação a quem o sujeito queria acertar e
todos agiriam da mesma forma. Nesse caso, excluem- crime culposo em relação à outra vítima.
se o dolo e a culpa e o agente não é punido.
d) Resultado diverso do pretendido (“aberratio
b) Erro inescusável ou vencível: Se dá quando o criminis”): ocorre quando o agente quer atingir um
agente, no caso concreto, não age com a cautela bem jurídico, mas atinge bem de natureza diversa. Ex.:
necessária e esperada, e atuando abruptamente comete uma pessoa, querendo cometer crime de dano, atira
o crime que poderia ter sido evitado. Nessa uma pedra em direção ao bem, mas, por erro de
modalidade, o erro de tipo exclui o dolo, mas o agente pontaria, atinge uma pessoa que sofre lesões corporais
responde por crime culposo (se compatível com a (o agente só responde pelo resultado provocado na
espécie de delito praticado). modalidade culposa, e, ainda assim, se previsto na
Exemplo de erro vencível: Quando tio e sobrinho hipótese; contudo, se não existir previsão legal de
saem para uma caçada, cansados de esperar pela presa, crime culposo para o resultado provocado, não se
o sobrinho resolve sair para buscar água. Ao retornar, aplica a regra do “aberratio criminis”, respondendo o
já ao anoitecer, seu tio acha que é sua caça e sem sujeito pela “tentativa de dano”, pois, caso contrário, o
tomar as cautelas necessárias, acaba atirando. Ao se fato ficaria sem punição).
dirigir à suposta presa alvejada, percebe que é o Se a ação atingir, além do bem desejado, pessoa ou
sobrinho. Nesse caso, o tio responde por homicídio bem diverso, responde pelo crime de “dano” em
culposo. Se o tio tivesse tomado todas as cautelas, não concurso formal com o delito de “lesão corporal culposa”.
haveria crime.
10Erro sobre a pessoa
§ 3º – O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
9Erro sobre elementos do tipo isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. praticar o crime.

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e) Erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”): SE LIGA AÍ, CONCURSEIRO:


ocorre quando o agente, imaginando já ter consumado No erro de tipo essencial, o erro recai sobre dados
o crime, pratica nova conduta, que vem a ser a causa principais do tipo
efetiva da consumação. Esse erro não tem previsão No erro de tipo acidental, o erro recai sobre dados
legal, podemos falar em duas espécies de aberratio periféricos do tipo.
causae:
1. Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: o agente
mediante um só ato provoca o resultado pretendido, 9. DO CONCURSO DE PESSOAS
porém, com nexo causal diverso. Ex.: Mévio empurra
a vítima de um penhasco para que morra afogada,
mas, durante a queda, a vítima bate a cabeça contra Em Direito Penal, quando falamos de concurso,
uma rocha, sofrendo um traumatismo craniano, sendo estamos tratando de plurais; logo, o concurso de
este a causa mortis. pessoas significa dizer que mais de um agente
2. Dolo geral: O agente, mediante conduta desenvolvida participou da ação. Por isso, o art. 29 do CP nos
em dois ou mais atos, provoca o resultado pretendido, lembra de que:
porém com nexos diversos. Ex.: Mévio envenena a
vítima e imaginando-a morta, joga o corpo dela no Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o
penhasco, morrendo a vítima pelo traumatismo crime incide nas penas a este cominadas, na medida de
craniano. sua culpabilidade.
§ 1º – Se a participação for de menor importância, a
SE LIGA AÍ, CONCURSEIRO: Como fica a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3.
responsabilização do agente nesse tipo de erro?. No § 2º – Se algum dos concorrentes quis participar de
aberratio causae o agente responde pelo crime praticado. crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
Mas com qual nexo, o pretendido ou o de fato? Para essa pena será aumentada até metade, na hipótese de
responder a esta pergunta, existem três correntes. De ter sido previsível o resultado mais grave.
acordo com a primeira corrente, o agente responde Art. 31 – O ajuste, a determinação ou instigação e o
pelo crime sendo considerado o nexo efetivo que auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
levou à consumação do crime. Esta é a corrente são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
majoritária. A segunda corrente defende que o agente tentado.
responderia considerando o nexo pretendido, e a
terceira corrente defende que o agente deve responder Ocorre concurso de pessoas (concurso de agentes,
pelo crime considerando o nexo mais favorável ao réu. coautoria ou codelinquência) quando uma infração
Ratificamos aqui que a primeira corrente é a penal é cometida por duas ou mais pessoas, sejam elas
majoritária. autores ou partícipes dessa conduta.
Segundo a teoria restritiva, autor é apenas aquele
ARTIGOS IMPORTANTES: que executa a conduta típica descrita na lei, ou
seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. Ex.:
Erro sobre elementos do tipo no “homicídio” a conduta é “matar alguém” e, assim,
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo autor do crime é aquele que, por exemplo, efetua
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição disparos contra a vítima, coloca veneno em sua bebida
por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada etc.
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A teoria do domínio do fato, no entanto, afirma que
autor é aquele que, sendo senhor de suas decisões,
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei resolve, voluntariamente, praticar o delito.
nº 7.209, de 11.7.1984) Segundo essa teoria, coautores são aqueles que têm
§ 1º – É isento de pena quem, por erro plenamente domínio funcional dos fatos, ou seja, dentro da divisão
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato de tarefas, são todos os que tiverem uma participação
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há importante e necessária ao cometimento da infração,
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato não se exigindo que todos sejam executores, isto é,
é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei que todos pratiquem a conduta descrita no núcleo do
nº 7.209, de 11.7.1984) tipo.
Nesse sentido, o agente que é o homem de inteligência
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei do grupo, possuindo a função de elaborar o plano
nº 7.209, de 11.7.1984) criminoso, mas que por não ser ágil não acompanha o
§ 2º – Responde pelo crime o terceiro que determina o grupo, aguardando-o em seu esconderijo, seria
erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) também autor do ilícito.
Outro exemplo é daquele que, sendo um exímio
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de motorista, durante um assalto a uma agência bancária,
11.7.1984) fique encarregado de dirigir o automóvel,
§ 3º – O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é indispensável à fuga do grupo. Nesse caso, será
praticado não isenta de pena. Não se consideram, também considerado coautor do delito.
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, OBS.: Pode haver coautoria em crime culposo (ex.: o
senão as da pessoa contra quem o agente queria passageiro do veículo estimula o motorista a empregar
praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de velocidade excessiva e, em consequência, ocorre o
11.7.1984)
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atropelamento culposo – ambos respondem pelo Condutas paralelas Condutas Condutas


crime), mas não é admissível a participação. (unilateral) convergentes contrapostas
Por outro lado, na participação, o agente não comete (bilateral ou de
quaisquer das condutas típicas (verbos descritos na encontro)
lei), mas de alguma outra forma concorre para o crime condutas dirigidas à condutas que se condutas que os
obtenção da mesma encontram e agentes
(instigando ou cooperando para que a conduta possa finalidade criminosa. produzem, juntas, o praticam uns
acontecer). Ex: associação resultado pretendido. contra os
criminosa, art. 288. Ex. bigamia. outros. Ex.
O art. 29 estabelece que o agente que, de qualquer crime de rixa.
modo, concorre para um crime, incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. Assim, o IMPORTANTE:
partícipe responde pelo mesmo crime que o autor ou Requisitos para a existência do concurso de pessoas:
os coautores. Ex.: “A” empresta duas armas para “B”
e “C” matarem “D” (nessa hipótese, “B” e “C” são – Pluralidade de agentes – para que possamos falar
coautores do “homicídio”, e “A” é partícipe). em concurso de pessoas, é necessário que tenhamos
A participação pode ser moral (feita por meio de mais de uma pessoa a colaborar para o ato criminoso.
induzimento ou instigação. No induzimento, o – Pluralidade de condutas.
agente faz nascer a ideia do crime na mente do sujeito – Relevância causal das condutas – a participação do
e na instigação, o agente reforça a ideia do crime já agente deve ser relevante para a produção do
existente no sujeito). resultado, de forma que a colaboração que em nada
A participação também pode ser material (o agente contribui para o resultado é um indiferente penal.
auxilia na prática do crime, de forma acessória, – Liame subjetivo (concurso de vontades) – o
secundária. Ex.: empréstimo consciente de uma arma partícipe deve ter ciência de estar colaborando para o
para o fim delituoso, vigilância dos arredores). resultado criminoso visado pelo outro.
Quanto ao concurso de pessoas, todos os que – Identidade de crime para todos os envolvidos –
contribuem para um resultado delituoso devem havendo o liame subjetivo, todos os envolvidos devem
responder pelo mesmo crime (o Código Penal adotou responder pelo mesmo crime.
a teoria unitária ou monista).
Assim, se duas pessoas entram armadas em uma casa
Teorias para a responsabilização no concurso de para roubar os moradores e uma delas consegue fugir
pessoas: levando alguns objetos, enquanto a outra é presa ainda
a) Pluralista (ou pluralística) – esta teoria defende que dentro da residência, ambas respondem por roubo
cada pessoa responderia por um crime próprio, consumado.
existindo tantos crimes quantos forem os participantes
da conduta delituosa.
b) Dualista (ou dualística) – para esta teoria, há um
crime para os autores, que realizam a conduta típica
emoldurada no ordenamento positivo, e outro crime
para os partícipes, que desenvolvem uma atividade
secundária.
c) Monista (ou monística ou unitária) – para esta
teoria, todos os envolvidos, sejam autores ou
partícipes, responderão pelo mesmo crime, cada um
na medida de sua culpabilidade (teoria monista
temperada ou mitigada). Esta é a teoria adotada pelo
Código Penal.

Quanto ao concurso de pessoas, o crime poderá ser:


a) de concurso eventual ou facultativo – quando o
tipo penal não exige a pluralidade de agentes para a
prática do crime. Recebe esse nome porque isso não DESPENCA NA é necessário que para o concurso
impede que, eventualmente, ele venha a ser praticado de pessoas, todos os agentes sejam culpáveis?
por mais de uma pessoa (Ex.: homicídio). Vejamos:
b) de concurso necessário ou obrigatório – quando o
tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais Prevalece o entendimento de que todos os comparsas
de uma pessoa. devem ter discernimento, de maneira que a ausência
de culpabilidade por doença mental afastaria o
IMPORTANTE: os crimes de concurso obrigatório concurso de agentes, devendo ser reconhecida a
podem ser: autoria mediata. Essa regra só se aplica aos crimes
unissubjetivos. Nos crimes plurissubjetivos, se um dos
colaboradores não é culpável por qualquer razão,
mesmo assim permanece o crime. Nos crimes de
concurso de pessoas facultativo, também não é
necessário que todos os agentes sejam culpáveis,
bastando que apenas um o seja para que reste
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configurado o delito em sua forma qualificada. Nessas Casos de impunibilidade


duas últimas hipóteses, no entanto, não há Art. 31 – O ajuste, a determinação ou instigação e o
propriamente concurso de pessoas, mas sim o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
chamado concurso impróprio, ou concurso aparente são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
de pessoas. Contudo, essa ressalva só se aplica ao caso tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
de concurso entre culpável e “não culpável que possui 11.7.1984)
discernimento”. Assim, se o agente culpável se vale de
alguém sem culpabilidade como mero instrumento, TÍTULO XI
sem que ele possua qualquer discernimento, teremos DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
sempre autoria mediata. No caso do concurso entre PÚBLICA
um agente culpável e um menor de 17 anos, por
exemplo, pode ser reconhecido o concurso de pessoas CAPÍTULO I
(concurso aparente), já que o menor possuía vontade e DOS CRIMES PRATICADOS POR
esta vontade convergia com a do imputável, não tendo FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
sido utilizado como mero instrumento. ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
9.1. AUTORIA COLATERAL Peculato
Ocorre autoria colateral quando dois ou mais agentes Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
procuram causar o mesmo resultado ilícito, sem que dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
haja cooperação entre eles, agindo cada um por conta ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
própria. Ex.: “A” e “B”, ambos de tocaia, sem saber ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
um do outro, atiram em “C” para matá-lo, acertam o Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
alvo e a morte da vítima vem a ocorrer. A decisão § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
sobre qual disparo ceifou a vida da vítima vai público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
depender do que a perícia e as demais provas ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
indicarem, no entanto: 1) se a morte ocorreu pela subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
soma dos ferimentos causados pelos tiros de “A” e de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
“B”, responderão por “homicídio consumado”; 2) se a funcionário.
morte ocorreu tão somente pelo tiro de “A”, este
responderá por “homicídio consumado” e “B”, por Peculato culposo
“homicídio tentado”; 3) se ficar demonstrado que “C” já § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o
estava morto pelo tiro de “A”, quando o tiro de “B” o crime de outrem:
atingiu, responderá somente “A” por “homicídio Pena - detenção, de três meses a um ano.
consumado”, militando a ocorrência de crime impossível § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
em relação a B. dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
No entanto, se houvesse liame subjetivo entre “A” e punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
“B”, eles seriam coautores e ambos responderiam por pena imposta.
“homicídio consumado”.
Peculato mediante erro de outrem
Autoria mediata: o agente serve-se de pessoa sem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer
discernimento para executar por ele o delito. O
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
executor é usado como mero instrumento, pois atua
de outrem:
sem vontade ou sem consciência do que está fazendo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
e, por isso, só responde pelo crime o autor mediato.
Não há, portanto, concurso de pessoas entre o
Inserção de dados falsos em sistema de
executor e o autor mediato.
informações (Incluído pela Lei nº
ARTIGOS IMPORTANTES: 9.983, de 2000)
Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
nº 7.209, de 11.7.1984) informatizados ou bancos de dados da Administração
§ 1º – Se a participação for de menor importância, a Pública com o fim de obter vantagem indevida para si
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. ou para outrem ou para causar d( (Incluído pela
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Lei nº 9.983, de 2000))
§ 2º – Se algum dos concorrentes quis participar de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de
ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação Modificação ou alteração não autorizada de
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
Circunstâncias incomunicáveis Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
Art. 30 – Não se comunicam as circunstâncias e as sistema de informações ou programa de informática
condições de caráter pessoal, salvo quando sem autorização ou solicitação de autoridade
elementares do crime. (Redação dada pela Lei competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
nº 7.209, de 11.7.1984) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
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multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Prevaricação


Parágrafo único. As penas são aumentadas de um Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
terço até a metade se da modificação ou alteração indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
resulta dano para a Administração Pública ou para o disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
administrado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
documento agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
documento, de que tem a guarda em razão do cargo; similar, que permita a comunicação com outros presos
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: ou com o ambiente externo: (Incluído
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não pela Lei nº 11.466, de 2007).
constitui crime mais grave. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Condescendência criminosa


Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
diversa da estabelecida em lei: responsabilizar subordinado que cometeu infração no
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade
Concussão competente:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Advocacia administrativa
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a administração pública,
Excesso de exação valendo-se da qualidade de funcionário:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
gravoso, que a lei não autoriza: (Redação multa.
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e Violência arbitrária
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou
27.12.1990) a pretexto de exercê-la:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher pena correspondente à violência.
aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
Corrupção passiva permitidos em lei:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e de fronteira:
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário prolongado
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
pratica infringindo dever funcional. de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou exercê-la, sem autorização, depois de saber
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, oficialmente que foi exonerado, removido, substituído
cedendo a pedido ou influência de outrem: ou suspenso:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Facilitação de contrabando ou descaminho Violação de sigilo funcional


Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
prática de contrabando ou descaminho (art. 334): cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e lhe a revelação:
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
27.12.1990) se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre
quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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I - permite ou facilita, mediante atribuição, Desacato


fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a da função ou em razão dela:
sistemas de informações ou banco de dados da Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000) Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº
II - se utiliza, indevidamente, do acesso 9.127, de 1995)
restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela pretexto de influir em ato praticado por funcionário
Lei nº 9.983, de 2000) público no exercício da função: (Redação dada pela
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e Lei nº 9.127, de 1995)
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Violação do sigilo de proposta de concorrência Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de agente alega ou insinua que a vantagem é também
concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº
ensejo de devassá-lo: 9.127, de 1995)
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Corrupção ativa
Funcionário público Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os funcionário público, para determiná-lo a praticar,
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem omitir ou retardar ato de ofício:
remuneração, exerce cargo, emprego ou função Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
pública. multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce 12.11.2003)
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
quem trabalha para empresa prestadora de serviço em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
contratada ou conveniada para a execução de atividade retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei dever funcional.
nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os Descaminho (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 26.6.2014)
ocupantes de cargos em comissão ou de função de Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
direção ou assessoramento de órgão da administração direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
direta, sociedade de economia mista, empresa pública pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei
ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído nº 13.008, de 26.6.2014)
pela Lei nº 6.799, de 1980) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
CAPÍTULO II § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008,
Usurpação de função pública de 26.6.2014)
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: II - pratica fato assimilado, em lei especial, a
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: 26.6.2014)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
Resistência alheio, no exercício de atividade comercial ou
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
violência ou ameaça a funcionário competente para introduziu clandestinamente no País ou importou
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: fraudulentamente ou que sabe ser produto de
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. introdução clandestina no território nacional ou de
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: importação fraudulenta por parte de
Pena - reclusão, de um a três anos. outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo 26.6.2014)
das correspondentes à violência. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou
Desobediência industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário desacompanhada de documentação legal ou
público: acompanhada de documentos que sabe serem
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)

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§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os por determinação legal ou por ordem de funcionário
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
inclusive o exercido em residências. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Subtração ou inutilização de livro ou documento
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo livro oficial, processo ou documento confiado à
ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de
26.6.2014) particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
Contrabando constitui crime mais grave.
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria
proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Sonegação de contribuição previden-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) ciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela previdenciária e qualquer acessório, mediante as
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a 2000)
contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de
26.6.2014) documento de informações previsto pela legislação
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria previdenciária segurados empregado, empresário,
que dependa de registro, análise ou autorização de trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
órgão público competente; (Incluído pela Lei nº equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela
13.008, de 26.6.2014) Lei nº 9.983, de 2000)
III - reinsere no território nacional mercadoria II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
brasileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei da contabilidade da empresa as quantias descontadas
nº 13.008, de 26.6.2014) dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983,
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou de 2000)
alheio, no exercício de atividade comercial ou III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
industrial, mercadoria proibida pela lei auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais
brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) fatos geradores de contribuições sociais
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
alheio, no exercício de atividade comercial ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
industrial, mercadoria proibida pela lei multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio importâncias ou valores e presta as informações
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, devidas à previdência social, na forma definida em lei
inclusive o exercido em residências. (Incluído pela ou regulamento, antes do início da ação
Lei nº 4.729, de 14.7.1965) fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
contrabando é praticado em transporte aéreo, aplicar somente a de multa se o agente for primário e
marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela
nº 13.008, de 26.6.2014) Lei nº 9.983, de 2000)
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Impedimento, perturbação ou fraude de II - o valor das contribuições devidas, inclusive
concorrência acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pela previdência social, administrativamente, como
pública ou venda em hasta pública, promovida pela sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
administração federal, estadual ou municipal, ou por fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
além da pena correspondente à violência. multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
oferecida. reajuste dos benefícios da previdência
social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,

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CAPÍTULO II-A Denunciação caluniosa


(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) Art. 339. Dar causa à instauração de investigação
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR policial, de processo judicial, instauração de
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
ESTRANGEIRA improbidade administrativa contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe
Corrupção ativa em transação comercial inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
internacional Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
indiretamente, vantagem indevida a funcionário se serve de anonimato ou de nome suposto.
público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício de prática de contravenção.
relacionado à transação comercial
internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de Comunicação falsa de crime ou de contravenção
11.6.2002) Art. 340 - Provocar a ação de autoridade,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de
multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) contravenção que sabe não se ter verificado:
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato Auto-acusação falsa
de ofício, ou o pratica infringindo dever Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) inexistente ou praticado por outrem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Tráfico de influência em transação comercial
internacional (Incluído pela Lei nº 10467, de Falso testemunho ou falsa perícia
11.6.2002) Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação
praticado por funcionário público estrangeiro no dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
exercício de suas funções, relacionado a transação Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de
de 11.6.2002) 2013) (Vigência)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se
multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
agente alega ou insinua que a vantagem é também em processo penal, ou em processo civil em que for
destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela parte entidade da administração pública direta ou
Lei nº 10467, de 11.6.2002) indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
28.8.2001)
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
Lei nº 10467, de 11.6.2002) no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
Art. 337-D. Considera-se funcionário público retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei
estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que nº 10.268, de 28.8.2001)
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
emprego ou função pública em entidades estatais ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
em representações diplomáticas de país contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
11.6.2002) cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em Pena - reclusão, de três a quatro anos, e
empresas controladas, diretamente ou indiretamente, multa (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em 28.8.2001)
organizações públicas internacionais. (Incluído pela Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a
Lei nº 10467, de 11.6.2002) um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal
CAPÍTULO III ou em processo civil em que for parte entidade da
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA administração pública direta ou indireta. (Redação
JUSTIÇA dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Reingresso de estrangeiro expulso Coação no curso do processo


Art. 338 - Reingressar no território nacional o Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o
estrangeiro que dele foi expulso: fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que
nova expulsão após o cumprimento da pena. funciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
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policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: III - submete pessoa que está sob sua guarda ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da custódia a vexame ou a constrangimento não
pena correspondente à violência. autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a segurança
lei o permite: Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, legalmente presa ou submetida a medida de segurança
além da pena correspondente à violência. detentiva:
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
somente se procede mediante queixa. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
própria, que se acha em poder de terceiro por pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
determinação judicial ou convenção: § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o
Fraude processual crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de guarda está o preso ou o internado.
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3
ou o perito: (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir Evasão mediante violência contra a pessoa
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
penas aplicam-se em dobro. indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa:
Favorecimento pessoal Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade correspondente à violência.
pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão: Arrebatamento de preso
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, correspondente à violência.
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
isento de pena. Motim de presos
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a
Favorecimento real ordem ou disciplina da prisão:
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar pena correspondente à violência.
seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Patrocínio infiel
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de procurador, o dever profissional, prejudicando
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
autorização legal, em estabelecimento Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) Patrocínio simultâneo ou tergiversação
ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o
advogado ou procurador judicial que defende na
Exercício arbitrário ou abuso de poder mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de contrárias.
liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder: Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Pena - detenção, de um mês a um ano. Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o de restituir autos, documento ou objeto de valor
funcionário que: probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a procurador:
estabelecimento destinado a execução de pena Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
privativa de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de Exploração de prestígio
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,

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órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, Ordenação de despesa não autorizada (Incluído
perito, tradutor, intérprete ou testemunha: pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
utilidade também se destina a qualquer das pessoas anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
referidas neste artigo.
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela
Violência ou fraude em arrematação judicial Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou sem que tenha sido constituída contragarantia em
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude valor igual ou superior ao valor da garantia prestada,
ou oferecimento de vantagem: na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, 2000)
além da pena correspondente à violência. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito Não cancelamento de restos a pagar (Incluído
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, pela Lei nº 10.028, de 2000)
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
por decisão judicial: promover o cancelamento do montante de restos a
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. pagar inscrito em valor superior ao permitido em
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
CAPÍTULO IV Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
PÚBLICAS
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Aumento de despesa total com pessoal no último
ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei
Contratação de operação de crédito nº 10.028, de 2000)
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou
externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Oferta pública ou colocação de títulos no
I - com inobservância de limite, condição ou montante mercado (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pública ou a colocação no mercado financeiro de
II - quando o montante da dívida consolidada títulos da dívida pública sem que tenham sido criados
ultrapassa o limite máximo autorizado por por lei ou sem que estejam registrados em sistema
lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Inscrição de despesas não empenhadas em restos Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente DISPOSIÇÕES FINAIS
empenhada ou que exceda limite estabelecido em Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre os
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) crimes contra a existência, a segurança e a integridade
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) do Estado e contra a guarda e o emprego da economia
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) popular, os crimes de imprensa e os de falência, os de
responsabilidade do Presidente da República e dos
Assunção de obrigação no último ano do mandato Governadores ou Interventores, e os crimes militares,
ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de revogam-se as disposições em contrário.
2000) Art. 361 - Este Código entrará em vigor no dia 1º de
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de janeiro de 1942.
obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último
ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da
ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste Independência e 52º da República.
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha GETÚLIO VARGAS
contrapartida suficiente de disponibilidade de Francisco Campos
caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
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E aí Nação Concurseira, aproveitaram nossos


ensinamentos?

Lembrem-se de aliar a teoria com as questões,


pois de nada adianta ter o conteúdo e não saber
aplicá-lo nas questões. Façam um belo resumo de
cada assunto, leiam os respectivos artigos e
completem com a resolução de questões.
Estamos aqui com um único objetivo: realizar seu
sonho! Então, foco e disciplina serão as palavras
de ordem até a nomeação. Beijos da profa.

E só para lembrar: dúvidas, esquemas e muito


conteúdo em Direito Penal para concursos e OAB
você encontra na minha página
@LoucosporDireitoPenal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

− BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito


Penal. 17ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2012.

− GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. v. 4.


Impetus.

− JUNIOR, Salah H. Khaled. Introdução aos


Fundamentos do Direito Penal. Disponível em:
<http://www.ambito-juridico.com.br/site/>. Acesso
em: 18 jan. 2016.

− MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª ed.


rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2014.

− NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal –


Volume 1 – 38ª ed. Riddel, 2014.

− NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito


Penal e Execução Penal. 4ª ed., rev., atual., ampl. 3ª
tir.- São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

− __________. Manual de Direito Penal: parte geral.


Ed. Revista dos Tribunais, 2009.

− PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal


Brasileiro. v. 1. São Paulo: RT, 2016.

− SANCHES, Rogério. Direito Penal – Módulo 1 –


Cers, 2014.

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