Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tem como alvo proteger os bens mais importantes e O que diferencia as infrações de natureza penal das
essenciais ao indivíduo e à sociedade, ou seja, o infrações civis ou administrativas é a sua gravidade.
Direito Penal tem como finalidade a tutela jurídica –
proteção jurídica – dos bens jurídicos considerados de Podemos afirmar que a infração penal é uma conduta
maior importância no meio social, tais como a vida, a que viola um tipo penal. Mas o que vem a ser “tipo
liberdade, a propriedade, a fé pública, a administração penal”? Veremos mais adiante.
pública etc.
A seleção dos bens tidos como essenciais deverá ser 2.2. ESPÉCIES DE INFRAÇÕES PENAIS
feita pelo legislador, tendo como principal fonte a Lei
Maior – princípio da fragmentariedade. Crimes ou delitos: é a infração penal a que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer
A Magna Carta terá dois papéis, servindo para nortear isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
o legislador na eleição dos bens conside-rados com a pena de multa.
indispensáveis à manutenção da ordem social e Contravenções (“crime anão”): é a infração penal a que
impondo, também, certos limites como forma de a lei comina isoladamente pena de prisão simples ou
vedar qualquer afronta aos direitos fundamentais de multa, ou ambas alternativa ou cumulativamente.
protegidos pela Constituição.
É sabido que o Crime pode ser visto sob três aspectos: Outras diferenças entre crimes e contravenções:
a) Material – crime é toda ação humana que lesa ou
expõe a perigo um bem jurídico de terceiro, que tenha Os crimes podem ser de ação pública (condicionada
relevância e justifique a proteção penal, valorizando e ou incondicionada) ou privada; as contravenções
identificando se a conduta é ou não apta a produzir sempre se apuram mediante ação pública
uma lesão a um bem jurídico penalmente relevante e incondicionada.
tutelado.
A peça inicial nos crimes é a denúncia ou a queixa,
b) Legal ou formal – crime é toda infração penal a que a
dependendo da espécie de ação penal prevista na lei;
lei comina pena de reclusão ou detenção, nos termos
nas contravenções a peça inicial é sempre a denúncia.
do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal.
c) Analítico – esta concepção divide o crime em partes, Nos crimes, a tentativa é punível; nas contravenções,
de forma a estruturar seu conceito. Os dois conceitos não.
mais utilizados são o bipartido e o tripartido. De Em certos casos, os crimes cometidos no exterior
acordo com a teoria tripartida, o crime deve ser podem ser punidos no Brasil, desde que presentes os
entendido como um fato típico, ilícito e culpável. Essa requisitos legais; já as contravenções cometidas no
é a teoria que predomina no Brasil, embora haja exterior nunca podem ser punidas no Brasil.
muitos defensores da teoria bipartida. O elemento subjetivo do crime é o dolo ou a culpa;
para a contravenção, entretanto, basta a
voluntariedade (art. 3º, LCP).
nuceconcursos.com.br 1
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente Os tipos penais são compostos por elementos de
com a pena de multa; e três categorias:
Contravenções – são as infrações penais que são punidas
com pena de prisão simples ou multa, ou ambas, Elementos objetivos do tipo: são aqueles que têm a
alternativa ou cumulativamente. finalidade de descrever a conduta delituosa, o objeto
material do delito e, em alguns casos, descreve,
Portanto, infração penal é gênero do qual são espécies o crime e a também, o resultado, o autor e a vítima da infração.
contravenção.
Logo, se a lei cominar a uma conduta a pena de Os elementos objetivos, portanto, são aqueles que
detenção ou reclusão, cumulada ou alternativamente podem, com simplicidade, ser percebidos pelo
com a pena de multa, estaremos diante de um crime. leitor do tipo penal. Existem em todos os tipos
Contudo, se a lei cominar apenas prisão simples ou a penais.
pena de multa vindo isolada, alternativa ou cumula-
tivamente, estaremos diante de uma contravenção Elementos normativos do tipo: são aqueles
penal. elementos que, para serem compreendidos, devem ser
O SISTEMA DICOTÔMICO é adotado no Brasil, no revelados ou traduzidos por uma norma de extensão
qual existe um gênero, que é a infração penal, e duas ou até mesmo por uma valoração por parte do leitor.
espécies, que são o crime e a contravenção penal,
conforme o esquema abaixo representado. O conceito de “funcionário público (art. 3121)
depende da norma de extensão contida no
art. 3272 para ser compreendida pelo leitor.
Em todos os exemplos dados, há, no tipo penal,
um elemento normativo a ser interpretado.
Nem todos os tipos penais contêm elemento
normativo.
2 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
nuceconcursos.com.br 3
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
A INEFICÁCIA OU A IMPROPRIEDADE
PRECISAM SER ABSOLUTAS, POIS SE FOREM
RELATIVAS ESTAREMOS DIANTE DA
TENTATIVA.
Casos hipotéticos: Imaginem que Mévio deseja ceifar a
vida de seu desafeto Tício. Mévio chega, à surdina, à
noite, e, percebendo que Tício está dormindo em sua
cama, desfere contra seu desafeto 35 machadadas no
peito. Todavia, a necropsia revela que Tício já estava
morto, em razão de um mal súbito que sofrera horas
antes. Nesse caso, o crime é impossível, pois o objeto
material não era uma pessoa, mas um cadáver.
Vamos agora usar o mesmo exemplo: Mévio pretende
matar Tício, porém, dessa vez, a tiros, e surpreende-o
sentado em um banco de praça. Entretanto, quando
Mévio aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi
enganado e comprou uma arma de brinquedo. Nesse
último caso também temos a tentativa inidônea, pois o
meio utilizado por Mévio é absolutamente ineficaz
para causar a morte de Tício.
Poderíamos afirmar que o crime impossível é uma
espécie de tentativa (tentativa inidônea), com a
circunstância de que a intenção do agente jamais
poderá se concretizar, face à impropriedade absoluta
do objeto ou a ineficácia absoluta do meio utilizado.
Não bastará para a punição do agente o simples
desvalor da conduta, devendo haver um mínimo de
possibilidade de concretização do resultado.
4 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
3. SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA Portanto, na prova objetiva, os senhores devem adotar
INFRAÇÃO PENAL o conceito analítico tripartido do crime.
nuceconcursos.com.br 5
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
vez que a intenção do (doloso ou culposo) Dolo específico, ou especial fim de agir – nesse
agente não é perquirida, dirigido a uma finalidade. caso, o agente não quer somente praticar a conduta
ficando tais elementos Assim, o dolo e a culpa típica, mas o faz por alguma razão especial, com
(dolo e culpa) para serem fazem parte da conduta, alguma finalidade específica. É o caso do crime de
discutidos apenas quando que é requisito do fato calúnia, por exemplo, no qual o agente deve não só
da análise da culpabilidade, típico, e, quando ausentes, praticar a conduta, mas deve fazê-lo com a intenção de
constituindo elementos da não há tipicidade. ofender a honra objetiva da vítima.
culpabilidade. Dolo direto de primeiro grau – aquele no qual o
agente tem a vontade direcionada para a produção do
4.2.1.1. Formas de condutas resultado.
1) Quanto à forma de praticar o crime, a conduta pode Dolo direto de segundo grau – chamado de “dolo
ser comissiva (praticada por meio de uma ação) ou de consequências necessárias”, se assemelha ao dolo
omissiva (praticada por meio de uma omissão). eventual, mas com ele não se confunde. Aqui o agente
I. As condutas comissivas consistem em fazer o possui uma vontade, mas sabe que, para atingir sua
que a lei proíbe. finalidade, existem efeitos colaterais que irão
NECESSARIAMENTE lesar outros bens jurídicos.
II. As condutas omissivas consistem em não fazer
o que a lei obriga. II. Conduta culposa: diz-se crime culposo
quando a prática do delito não é intencional, ocorre
2) Quanto à intenção de praticar o crime, as condutas em virtude da negligência, imprudência ou imperícia do
podem ser dolosas ou culposas. agente.
I. Conduta dolosa: será dolosa quando o agente
tiver o propósito de praticar o fato descrito na lei Elementos do crime culposo:
penal ou, quando não tiver esta intenção, assume o – conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva
risco de produzi-lo. Crimes dolosos são, portanto, (voltada, geralmente, a um resultado lícito);
crimes intencionais; ressalvada a hipótese de dolo – inobservância de um dever objetivo de cuidado (o
eventual. dever objetivo de cuidado é dirigido a todos e são
regras de comportamento que têm a finalidade de
Espécies de dolo manter a convivência harmoniosa na sociedade. A
infringência ao dever de cuidado objetivo pode
Dolo direto ou determinado é aquele em que o ocorrer nas hipóteses de imprudência, negligência e
agente quer o resultado e instrumentaliza todos os imperícia);
meios necessários para atingi-lo (teoria da vontade). – resultado involuntário (não intencional);
– nexo de causalidade entre a conduta do agente
Observação: conforme a teoria da vontade, dolo seria que deixa de observar o seu dever de cuidado e
tão somente a vontade livre e consciente de querer resultado lesivo dela advindo;
praticar a infração penal. – previsibilidade objetiva (previsibilidade que se
presume que todos possam ter. Se o fato escapar
totalmente à previsibilidade do agente, o resultado não
Dolo indireto ou indeterminado é aquele em que a lhe pode ser atribuído, mas sim ao caso fortuito ou à
vontade do agente não é exatamente definida. Este força maior);
tipo de dolo subdivide-se em dolo alternativo ou dolo – tipicidade, pois só se pode falar em crime culposo se
eventual: houver previsão legal expressa para essa modalidade
No dolo alternativo, a intenção do agente se dirige a de infração. A regra contida no parágrafo único do art.
um ou outro resultado danoso, como, por exemplo, 18 é a de que todo crime seja doloso, somente se
quando efetua golpes na vítima com intenção de feri-la falando em delito culposo quando a lei penal
ou matá-la. expressamente fizer a ressalva. Portanto, o dolo é a
No dolo eventual o agente não deseja diretamente o regra; a culpa, a exceção.
resultado, mas por não deixar de praticar a conduta
que possivelmente trará o dano, assume o risco de Excepcionalidade de um crime culposo –
produzi-lo. Ex.: um médico que, para fim científico, existência de um crime culposo depende de expressa
experimenta certa substância química que pode matar previsão legal, conforme se depreende da análise do
o paciente assumindo o risco de tal conduta, e o art. 18, parágrafo único, do Código Penal, já transcrito.
resultado letal vem a ocorrer. Nesse caso, o médico De acordo com tal preceito, todo crime descrito em
agiu com dolo eventual e, por isso, responderá pelo uma lei penal será doloso, somente podendo-se falar
crime de homicídio doloso. em crime culposo quando houver previsão expressa
nesse sentido. O dolo, portanto, é a regra; a culpa, a
No dolo eventual o agente prevê o resultado de sua exceção.
conduta e não deseja diretamente esse resultado. Mas
Culpa – ocorre quando o agente atua com:
diz para si mesmo: “seja como for, eu não deixo de
agir”. Se ocorrer o dano, diz ele, “pior para a vítima”. Imprudência (fato perigoso).
Negligência (falta de precaução).
O dolo pode ser ainda: Imperícia (falta de aptidão para o exercício de arte ou
Dolo genérico – é a vontade de praticar a conduta profissão).
descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
6 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
Observação importante: tipo doloso → regra; tipo Observações sobre o crime culposo:
culposo → exceção (depende de expressa previsão 1) Na caracterização do crime culposo é necessário que
legal). haja um resultado, e que o resultado tenha sido
causado por imprudência, negligência ou imperícia.
Modalidades de culpa: Sem resultado lesivo não há crime culposo, salvo se se
Imprudência – é a ação em que o agente demonstra o tratar de crime de mera conduta. Assim, se um
desprezo pelas cautelas normais. É conduta motorista imprudente avança um sinal de trânsito, mas
precipitada ou afoita, a criação desnecessária de um não causa danos a ninguém, ele não terá cometido um
perigo. Ex.: dirigir veículo em rua movimentada com crime culposo, mas apenas terá cometido uma infração
excesso de velocidade. administrativa pela qual será multado.
Negligência – é a displicência, o relaxamento, a falta 2) Não há crime culposo tentado. E
de atenção devida. Ex.: 1) deixar arma de fogo ao 3) Só poderá existir a coautoria nos crimes culposos,
alcance de criança; e 2) não observar que o sinal nunca a participação.
semafórico da esquina está vermelho e vir a atropelar
um pedestre. 4.2.2. Resultado
Imperícia – é a imprudência no campo técnico3, é O resultado é a consequência da conduta humana
também conhecida como imprudência qualificada, a descrita num tipo penal. Ex.: Matar alguém (descrição
falta de habilidade técnica para certas atividades. É da conduta humana prevista no tipo penal de
quando ocorre uma inaptidão – momentânea ou não – homicídio – art. 121). Resultado: a morte da vítima.
do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício, O resultado naturalístico é a modificação do mundo
estando ligada basicamente a atividade profissional do concreto provocada pela conduta do agente.
agente. Ex.: um médico com nítida inaptidão para o Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se
exercício profissional que acaba por causar a morte do exige um resultado naturalístico.
paciente. Nos crimes formais e de mera conduta não há essa
exigência. Os crimes formais são aqueles nos quais o
Espécies de culpa:
resultado naturalístico pode ocorrer, mas a sua
Culpa inconsciente ou culpa comum – o fato era
ocorrência não é necessária para a consumação do
previsível, mas o agente não o previu, por falta de
crime. Já os crimes de mera conduta são crimes em
atenção devida. Ex.: dirigir sem a atenção devida, sem
que não há um resultado naturalístico possível.
se dar conta de que pode atropelar alguém.
Culpa consciente – o agente prevê o resultado, mas
Exemplos:
acredita que não ocorrerá, por confiar erradamente nas
Crime material – Homicídio. Para que o homicídio
suas habilidades pessoais. Ex.: um caçador vê uma
seja consumado, é necessário que a vítima venha a
lebre passando por perto de um companheiro de
óbito.
caçada. Não quer atingir o companheiro, embora
Crime formal – Concussão (art. 316 do CP). Para
perceba a possibilidade de atingi-lo. Confia, porém, na
que o crime se consume não é necessário que o agente
sua pontaria e atira na lebre, matando o companheiro.
exija a vantagem indevida, independente de receber ou
Diferenças entre culpa consciente e dolo eventual: não a referida vantagem.
1. Na culpa consciente, o agente, embora prevendo o Crime de mera conduta – Invasão de domicílio.
resultado, acredita sinceramente na sua não ocorrência; Nesse caso, a mera presença do agente,
o resultado previsto não é querido nem assumido pelo indevidamente, no domicílio da vítima caracteriza o
agente. Já no dolo eventual, embora o agente não crime. Não há um resultado previsto para esse crime.
queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a
produzi-lo. É imperioso lembrar que nem sempre existirá o
2. Na culpa consciente, o agente sinceramente acredita resultado naturalístico. Entretanto, há também o
que pode evitar o resultado; no dolo eventual, o agente resultado jurídico (ou normativo), que é a lesão ao
não quer diretamente produzir o resultado, mas, se bem jurídico tutelado pela norma penal. Esse resultado
este vier acontecer, pouco importa. sempre estará presente. Logo, poderá existir crime sem
um resultado naturalístico, contudo, não há crime sem
DISTINÇÃO ENTRE DOLO EVENTUAL E resultado jurídico.
CULPA CONSCIENTE
No dolo eventual, o agente Na culpa consciente, o 4.2.3. Nexo causal
consente no resultado, agente prevê a possibili- O nexo causal (relação de causalidade) é a relação
sendo irrelevante o dano dade de prejuízo a outrem, de causa e efeito existente entre a conduta do agente e
causado. A vontade de mas confia nas o resultado dela decorrente.
praticar o ato sobrepõe-se circunstâncias ou em sua A relação de causalidade é o elo necessário que une a
à possibilidade de dano, perícia. Nesta, pune- conduta ao resultado, sem esse vínculo não se pode
sendo, pois, caracterizado -se a imprevidência do falar em relação de causalidade, logo, o resultado não
pela indiferença ao agente; no dolo eventual, poderá ser imputado ao agente por não ter sido ele o
resultado. pune-se o livre propósito seu causador.
de ser indiferente ao
resultado. A teoria adotada pelo CPB é a teoria da equivalência
dos antecedentes causais – teoria da conditio sine qua non
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: parte geral. Ed: Revista – em que a causa é a ação/omissão sem a qual o
dos Tribunais, 2009. resultado não teria ocorrido. Partindo do resultado,
nuceconcursos.com.br 7
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
deve-se fazer uma regressão visando descobrir todas A causa concomitante absolutamente
as causas que tenham exercido alguma influência na independente é aquela que ocorre numa relação de
produção do resultado. Assim, para saber se uma simultaneidade com a conduta do agente, ocorrendo
conduta é ou não causa do crime, devemos retirá-la do no mesmo instante.
curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o
crime ocorreria (Processo hipotético de eliminação de Vejamos o seguinte exemplo: Tício atira em Maria
Thyrén). querendo a sua morte ao mesmo tempo em que Mévio
Como já vimos, causa é toda aquela que tenha realiza, também, disparos contra Maria com o mesmo
interferência na produção do resultado, podendo ser intento. Contudo, Maria vem a falecer não em razão
absoluta ou relativamente independente. do disparo realizado por Tício, que a atingira apenas
de forma leve em um dos braços, e sim pelo disparo
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA, de Mévio, que a atingiu no coração.
teoria também adotada pelo Código Penal, porém,
somente em algumas situações, que são as chamadas Conclusões: 1ª – As duas causas (ações) ocorreram de
“concausas”. As concausas são circunstâncias que forma simultânea, estamos diante de uma causa
concorrem com conduta do agente, contribuindo para concomitante. 2ª – Se não houvesse o disparo de
a produção do resultado. As concausas podem ser: Tício, o resultado morte ocorreria? A resposta é
a) Absolutamente independente – é aquela que produz afirmativa, tratando-se de uma causa absolutamente
por si só o resultado. Podem ser preexistentes, independente, devendo Tício responder por tentativa
concomitantes e supervenientes. de homicídio já que com sua conduta não conseguiu
b) Relativamente independente – só leva ao resultado por realizar seu intento, pois a causa da morte da vítima foi
estar de alguma forma relacionada com a conduta do o disparo realizado por Mévio.
agente.
A causa superveniente absolutamente
A causa absolutamente independente está estampada independente é a causa ocorrida posteriormente à
no art. 13, caput, do CPB, conforme segue: conduta do agente e que com ela não possui relação de
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do dependência alguma.
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o Vejamos o seguinte exemplo: Tício atira em Mévio
resultado não teria ocorrido. querendo a sua morte. Ocorre que, após o evento, a
Por sua vez, no § 1º do mesmo artigo, encontramos as casa de Mévio é atingida por um grande terremoto que
causas supervenientes relativamente independentes, a faz desabar. É provado que Mévio veio a falecer em
não havendo no código referência expressa às causas razão do desabamento, em nada contribuindo para o
preexistentes e concomitantes. evento morte o disparo realizado por Tício.
§ 1º – A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só, Conclusões: 1ª – O desabamento ocorre após o
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, disparo realizado por Tício, estamos diante de uma
imputam-se a quem os praticou. causa superveniente. 2ª – Se não houvesse o dispa-ro
de Tício, o resultado morte ocorreria? A resposta é
4.2.4. Causa absolutamente independente afirmativa, tratando-se de uma causa absolutamente
É aquela que teria acontecido e levado ao resultado independente, devendo Tício responder por tentativa
mesmo se não existisse conduta por parte do agente. de homicídio já que com sua conduta não conseguiu
As causas absolutamente independentes podem ser realizar seu intento, pois a causa da morte da vítima foi
preexistentes, concomitantes e supervenientes. o desabamento da casa.
A causa preexistente absolutamente inde-
pendente é aquela que ocorreu anteriormente à 4.2.5. Causas relativamente independentes
conduta do agente. Logo, se em virtude dela o São aquelas que já existiam antes mesmo da conduta
resultado ocorre, não devemos imputá-lo ao agente. por parte do agente e, quando conjugadas com a
Citamos o seguinte exemplo: Tício atira em Mévio conduta do agente, produzem o resultado.
querendo a sua morte, atingindo-o em uma região
considerada letal. Contudo, Mévio vem a falecer não Classificam-se em:
em razão do disparo realizado por Tício, mas porque 1) Preexistentes – quando a causa que determinou o
ingerira veneno momentos antes com intenção suicida. resultado danoso é anterior à conduta criminosa.
Ex.: “A”, querendo matar “B”, lhe desfere um golpe
Conclusões: 1ª – O fato de Mévio ter ingerido de faca, golpe este que, por si só, seria insuficiente
veneno é anterior à conduta de Tício (os disparos), para provocar a morte de uma pessoa comum, mas em
portanto, estamos diante de uma causa preexistente. 2ª razão de “B” ser hemofílico (causa preexistente), acaba
– Se não houvesse o disparo de Tício, o resultado falecendo pela grande perda de sangue. Neste caso, o
morte ocorreria? A resposta é afirmativa, tratando-se agente responde pelo crime, pois não se rompe o
de uma causa absolutamente independente, devendo nexo causal.
Tício responder por tentativa de homicídio, já que 2) Concomitantes – quando se verifica ao mesmo
com sua conduta não conseguiu realizar seu intento, tempo que a conduta do agente. Ex.: No exato
pois a causa da morte da vítima foi o envenenamento instante em que o agente dispara contra a vítima, vem
e não os disparos realizados pelo agente. esta a sofrer um infarto (decorrência do susto e, por
8 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
isso, ligada à conduta do sujeito). O agente responde do agente não aumentou nem criou um risco, não há
pelo crime, pois não se rompe o nexo causal. crime.
3) Supervenientes – quando a causa que determinou o b) Risco deve ser proibido pelo Direito – Aquele que
resultado danoso é posterior à conduta criminosa, cria um risco de lesão para alguém, em tese não
neste rompe-se o nexo causal e o agente não comete crime, a menos que esse risco seja proibido
responde pelo resultado, mas somente pelos atos até pelo Direito.
então praticados (art. 13, § 1º). Ex.: A vítima toma um c) Risco deve ser criado no resultado – Assim, um
tiro na barriga (conduta do agente) e é colocada em crime não pode ser imputado àquele que não criou o
uma ambulância; durante o trajeto, a ambulância se risco para aquela ocorrência.
envolve em uma colisão e a pessoa morre em razão
dos novos ferimentos; assim, como a causa da morte 4.2.6. Tipicidade
foi o acidente, a pessoa que efetuou o disparo não
responde por “homicídio consumado”, mas apenas por O último elemento do fato típico é a tipicidade.
tentativa. Tipicidade é o encaixe perfeito entre a conduta
praticada pelo agente e modelo previsto na lei penal
ARTIGOS IMPORTANTES: (tipicidade formal), sendo tal conduta ofensiva a bens
relevantes para o direito penal.
Relação de causalidade
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do IMPORTANTE LEMBRAR: Nem sempre a
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. conduta praticada pelo agente se amolda perfeitamente
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o ao tipo penal, ou seja, nem sempre haverá a chamada
resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº adequação imediata, sendo necessário que se proceda à
7.209, de 11.7.1984) análise de outro dispositivo da Lei Penal (norma de
extensão) para se chegar à conclusão de que um fato é
Superveniência de causa independente (Incluído típico, é o que conhecemos por adequação ou
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) tipicidade mediata.
§ 1º – A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só, O princípio da insignificância é uma causa de
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, exclusão da tipicidade, pois, apesar de a conduta
imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei praticada ser formalmente típica, não possui relevância
nº 7.209, de 11.7.1984) para o direito penal (tipicidade material).
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, Importante: A ausência de voluntariedade na conduta
de 11.7.1984) também exclui o fato típico, por inexistir conduta para
§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o o direito penal.
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
dever de agir incumbe a quem: (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) 5. FATO ANTIJURÍDICO, ANTIJURIDICIDADE
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou OU ILICITUDE
vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir
o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ilicitude, ou antijuridicidade, é a relação de
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei antagonismo, de oposição, entre a conduta do agente e
o ordenamento jurídico. Pode-se dizer que, quando o
nº 7.209, de 11.7.1984)
agente pratica uma conduta típica, a regra será que essa
conduta também seja antijurídica.
FIQUE LIGADO:
Contudo, há ações típicas que, pela posição particular
em que se encontra o agente ao praticá-
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA – A
teoria da imputação objetiva, que foi melhor las, se apresentam em face do Direito como lícitas.
Essas condições especiais em que o agente atua
desenvolvida por Roxin4, tem por finalidade ser uma
teoria mais completa em relação ao nexo de impedem que elas venham a ser antijurídicas. São
situações de excepcional licitude que constituem as
causalidade. Para essa teoria, a imputação só poderia
ocorrer quando o agente tivesse dado causa ao fato, o chamadas causas de exclusão da antijuridicidade,
justificativas ou descriminantes.
que chamamos causalidade física, mas houvesse, ao
mesmo tempo, uma relação de causalidade Portanto, a prática de um fato antijurídico se
caracteriza por dois elementos:
NORMATIVA, assim compreendida como a criação
de um risco não permitido para o bem jurídico que se 1. a realização do fato típico; e
2. a ausência de uma causa de justificação que afaste
pretende tutelar.
a ilegalidade do fato praticado.
Para essa teoria, a conduta deve:
a) Criar ou aumentar um risco – Assim, se a conduta Antijurídica, portanto, é uma ação típica que não
está justificada.
4 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, As causas de exclusão da ilicitude podem ser:
1997, p. 362/411 10 ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365.
nuceconcursos.com.br 9
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
10 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
– a agressão deve ser atual ou iminente; Estrito cumprimento do dever legal: Não há crime
quando o agente pratica o fato em estrito
– defesa de direito próprio ou de terceiro; cumprimento ao dever legal, como no caso do oficial
de justiça que apreende bens para penhora.
– utilização dos meios necessários (são os meios
menos lesivos à disposição do agente para repelir a Se aquele que age no estrito cumprimento do dever
agressão); legal extrapolar os limites, haverá crime.
– moderação – a reação deve ser moderada, e os meios Exercício regular de direito: consiste na atuação do
realmente necessários. Exemplo clássico de agente que atua dentro dos limites a ele conferidos
imoderação e de uso de meios não necessários é de pelo ordenamento legal. O sujeito não comete crime
matar a tiros um menor, para impedir a subtração de por estar exercitando uma prerrogativa conferida a ele
frutos de uma árvore; pela lei.
Ex.: 1) na recusa em depor em juízo por parte de
– conhecimento da situação justificante (elemento quem tem o dever legal de guardar sigilo;
subjetivo). 2) na intervenção cirúrgica (desde que haja consen-
timento do paciente ou de seu representante legal);
nuceconcursos.com.br 11
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
3) nas lesões esportivas, desde que respeitadas as regras permissão). Adotamos a TEORIA LIMITADA DA
do esporte etc. CULPABILIDADE.
12 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
ilicitude do fato que quer praticar, mas não tem fato ou de determinar-se de acordo com esse
controle de suas ações de modo que realiza tal entendimento.
conduta, a ela também não será aplicada uma pena, e Diz-se embriaguez voluntária quando o agente, por
sim uma medida de segurança. vontade própria, faz ingestão de bebidas alcoólicas
com a finalidade de se embriagar. Ex.: Quando jovens,
2. Os menores de 18 anos, nos termos do art. 27 do CP para comemorarem alguma data, dizem que “beberão
e 228 da CF, são inimputáveis, ficando sujeitos às até cair”.
normas estabelecidas na legislação especial.
Na embriaguez culposa o agente não faz a ingestão de
Adotou-se, portanto, o critério biológico, que álcool querendo embriagar-se, mas, deixando de
presume, de forma absoluta, ser o menor de 18 anos observar o seu dever de cuidado, ingere quantidade
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do suficiente que o coloca em estado de embriaguez.
fato e de determinar-se de acordo com esse Nessa hipótese, o agente, por descuido, por falta de
entendimento. costume ou mesmo sensibilidade do organismo,
A legislação especial que regulamenta as sanções embriaga-se sem que fosse sua intenção colocar-se
aplicáveis aos menores é o ECA nesse estado.
(Lei nº 8.069/90), que prevê a aplicação de medidas Quando o agente se embriaga justamente para tomar
socioeducativas aos adolescentes (maiores de 12 e coragem para a prática do delito (embriaguez
menores de 18 anos), consistentes em advertência, preordenada), a embriaguez atua como agravante
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à genérica (art. 61, II, “l”).
comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou
internação, e a aplicação de medidas de proteção às FIQUE LIGADO: o CP exige que em razão da
crianças (menores de 12 anos) que venham a praticar embriaguez decorrente de caso fortuito ou força maior
fatos definidos como infração penal. o agente esteja INTEIRAMENTE INCAPAZ de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
3. A pessoa que, por embriaguez completa, conforme este entendimento.
proveniente de caso fortuito ou força maior, é
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do 4. A dependência de substância entorpecente ou
fato ou de determinar-se de acordo com este estar o agente sob o efeito de substância
entendimento. entorpecente, proveniente de caso fortuito ou
força maior7 também exclui a imputabilidade penal.
A embriaguez será completa quando faz
desaparecer qualquer censura ou freio moral, Os semi-imputáveis
ocorrendo confusão mental e falta de coordenação Se o agente, em virtude de perturbação de saúde
motora, não tendo o agente mais consciência e mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
vontade livres. retardado, não era inteiramente capaz de entender o
No entanto, para isentar o réu de pena, a caráter ilícito do fato ou de determinar-
embriaguez completa deverá ser involuntária, ou -se de acordo com esse entendimento, a pena poderá
seja, proveniente de caso fortuito ou força maior. ser reduzida de 1/3 a 2/3.
Outra questão sobre imputabilidade penal O legislador determinou que o erro de proibição
exclua a culpabilidade, por inexistência de potencial
* A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade conhecimento de ilicitude.
penal. Entretanto, apesar de não excluírem o crime, No erro de proibição, o agente atua com vontade, ou
podem funcionar como atenuantes genéricas – art. 65, seja, com dolo, portanto, o primeiro requisito do fato
III, a, ou como causas de diminuição de pena – art. típico punível encontra-se presente (a conduta). A
121, § 1º, desde que acompanhadas de outros solução da questão se dará na culpabilidade. Esta não
requisitos. há, uma vez que se pratica o fato por erro quanto à sua
ilicitude.
II. Potencial consciência da ilicitude
É a possibilidade de entender, na hora do fato, que a O erro de proibição pode ser:
conduta praticada é contrária ao direito. Essa
consciência é a consciência comum, aquela que está ao a) Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente,
alcance de qualquer pessoa dotada de valores mínimos naquele caso concreto, saber que sua conduta era
(captados do ambiente familiar, escolar, social etc.). contrária ao Direito Penal, excluindo-se, portanto, a
Não há necessidade de que o agente tenha tido a plena culpabilidade.
consciência, na hora do crime, da ocorrência da b) Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à
ilicitude, mas se apenas ele pudesse ter, com alguma proibição da conduta não é perdoável, pois era
diligência, essa consciência, ele será penalizado. possível, mediante algum esforço, entender que se
Não se trata do parâmetro do homem médio, mas de tratava de conduta penalmente ilícita. Assim,
uma análise da pessoa do agente. Assim, aquele que é permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime,
formado em Direito, em tese, tem maior potencial com pena diminuída de um sexto a um terço.
consciência da ilicitude que aquele que nunca saiu da
zona rural afastada de um interior e tem pouca SE LIGA AÍ, CONCURSEIRO: No erro de
instrução. É claro que isso varia de pessoa para pessoa proibição o agente pratica a conduta consciente do
e, principalmente, de crime para crime, pois alguns são que faz, mas “acha que pode” realizar a conduta, por
do conhecimento geral (exemplo: homicídio) e outros desconhecer o caráter ilícito de sua conduta. Ex.:
nem todos conhecem (exemplo: vilipêndio de Holandês que acha que pode fumar maconha
cadáver). livremente no Brasil em virtude da conduta ser atípica
Efeitos jurídicos da consciência, ao menos potencial, em seu país de origem.
da ilicitude do que pratica:
Se o agente tinha ou podia ter a consciência, no ato da ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO
ação – tem culpabilidade. ESSENCIAL
Se não tinha ou não podia ter a consciência da ilicitude SE INEVITÁVEL, SE INEVITÁVEL, EXCLUI A
do que praticava, no ato da ação – não tem EXCLUI A TIPICIDADE CULPABILIDADE PELA
culpabilidade (é isento de pena – erro de proibição: art. POR RETIRAR O DOLO AUSÊNCIA DE P.C.I.
E A CULPA
21 CP).
SE EVITÁVEL, EXCLUI SE EVITÁVEL,
APENAS O DOLO, FUNCIONARÁ APENAS
Erro de proibição PODENDO O AGENTE COMO UMA CAUSA DE
Assim dispõe o art. 21, caput, CP: “O RESPONDER A TÍTULO DIMINUIÇÃO DE PENA
desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a DE CULPA. (1/6 A 1/3)
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um III. Exigibilidade de conduta diversa – refere-se
terço”. Logo, Quando o agente age acreditando que ao fato de se saber se, nas circunstâncias, seria exigível
sua conduta não é penalmente ilícita, comete erro de que o acusado agisse de forma diferente. Se era
proibição (art. 21 do CP). inexigível do agente outra conduta que não a praticada,
O que se exige não é uma consciência plena da fica excluída a sua culpabilidade (que o isenta da pena).
ilicitude, pois, se assim o fosse, somente os sábios Logo, não basta que o agente seja imputável e que
operadores do direito a teriam, o que se exige é uma tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é
potencial consciência, que decorre necessariamente do necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro
conjunto de valores éticos e morais de cada indivíduo. modo.
O nosso CP, na primeira parte do art. 21, foi fiel à
regra de que o desconhecimento da lei não é Causas legais de exclusão da culpabilidade por
escusável, ou seja, se o agente desconhece a lei que inexigibilidade de outra conduta8:
proíbe abstratamente aquele comportamento, essa
ignorância não afasta sua responsabilidade. Até 1. Coação moral irresistível – é a decorrente do
porque, se se pudesse alegar o desconhecimento da lei, emprego de grave ameaça. O coator é quem responde
para alguém se livrar da responsabilidade, não haveria pelo crime praticado pelo coagido. Ocorre quando
possibilidade de aplicação de pena, tantas seriam as uma pessoa coage outra a praticar determinado crime,
desculpas de desconhecimento. sob a ameaça de lhe fazer algum mal grave.
14 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
No caso de coação moral irresistível, o coagido erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pratica, geralmente, um fato típico e antijurídico. pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
Contudo, a infração penal por ele cometida não lhe terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
será imputada (atribuída), pois, em virtude da coação a Parágrafo único – Considera-se evitável o erro se o
que foi submetido, não se podia exigir dele uma agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
conduta conforme o direito. do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
Pode-se citar como exemplo o caso daquele que é ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº
obrigado a causar a morte de alguém, pois, caso 7.209, de 11.7.1984)
contrário, seu filho é que seria morto, uma vez que se
encontrava nas mãos de sequestradores, que exigiam Coação irresistível e obediência hierárquica
tal comportamento do coagido, sob pena de (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
cumprirem a ameaça de morte da criança que com eles Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível
se encontrava sequestrada. Nesta última hipótese, ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
quando o coagido vai à procura da vítima e contra ela ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
efetua os disparos exigidos pelos sequestradores, o coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
fato por ele praticado é típico e antijurídico. de 11.7.1984)
Entretanto, o resultado morte não lhe poderá ser
imputado, haja vista que o CP determina somente a Inimputáveis
punição do autor da coação irresistível que, no caso, Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença
seriam os sequestradores. mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
Se for demonstrado que a coação moral era resistível, retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
poderá a pena, nas circunstâncias, ser atenuada. inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
A coação física se dá com o emprego de violência fato ou de determinar-se de acordo com esse
física, quando uma pessoa obriga outra a praticar um entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
crime. Ex.: forçar a mão da vítima para que ela aperte 11.7.1984)
o gatilho de um revólver – nesse caso, a violência
física empregada retira totalmente a voluntariedade da Redução de pena
ação, de modo que o coagido se apresenta como mero Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um a
instrumento do coator e, assim, não existe fato típico dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de
(por ausência do seu primeiro requisito – a ação saúde mental ou por desenvolvimento mental
voluntária, a conduta). incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
2. Obediência hierárquica – se o agente pratica o fato -se de acordo com esse entendimento. (Redação dada
cumprindo uma ordem não manifestamente ilegal pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(ilegalidade não perceptível, de acordo com o senso
médio) de seu superior hierárquico, exclui-se a Menores de dezoito anos
culpabilidade do subordinado (fica isento de pena), Art. 27 – Os menores de 18 (dezoito) anos são
respondendo pelo crime apenas o superior penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
hierárquico. estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela
A obediência a que a lei se refere é aquela decorrente Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de relações de direito público, ou seja, a obediência de
um funcionário público a uma ordem proferida por Emoção e paixão
outro funcionário que, na hierarquia administrativa, Art. 28 – Não excluem a imputabilidade penal:
lhe é superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A exclusão da culpabilidade só existe quando o I – a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei
subordinado observa estrita obediência à ordem nº 7.209, de 11.7.1984)
emanada do superior; assim, se a ordem era legal, e o
subordinado se excede, vindo a cometer um crime, Embriaguez
apenas ele pratica o delito. II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
Temos ainda outras observações que não podem ser ou substância de efeitos análogos. (Redação dada pela
esquecidas, como, por exemplo: Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º – É isento de pena o agente que, por embriaguez
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
CULPABILIDADE: era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
1. Inimputabilidade Penal. determinar-se de acordo com esse entendimento.
2. Erro de proibição (Erro sobre a ilicitude do fato). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
3. Coação moral irresistível. § 2º – A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
4. Obediência à ordem de superior hierárquico. se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
5. Inexigibilidade de conduta diversa. fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o
ARTIGOS IMPORTANTES: caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº
Erro sobre a ilicitude do fato 7.209, de 11.7.1984)
Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O
nuceconcursos.com.br 15
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
16 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
20 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
nuceconcursos.com.br 21
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os por determinação legal ou por ordem de funcionário
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
inclusive o exercido em residências. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Subtração ou inutilização de livro ou documento
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo livro oficial, processo ou documento confiado à
ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de
26.6.2014) particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
Contrabando constitui crime mais grave.
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria
proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Sonegação de contribuição previden-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) ciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela previdenciária e qualquer acessório, mediante as
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a 2000)
contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de
26.6.2014) documento de informações previsto pela legislação
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria previdenciária segurados empregado, empresário,
que dependa de registro, análise ou autorização de trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
órgão público competente; (Incluído pela Lei nº equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela
13.008, de 26.6.2014) Lei nº 9.983, de 2000)
III - reinsere no território nacional mercadoria II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
brasileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei da contabilidade da empresa as quantias descontadas
nº 13.008, de 26.6.2014) dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983,
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou de 2000)
alheio, no exercício de atividade comercial ou III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
industrial, mercadoria proibida pela lei auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais
brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) fatos geradores de contribuições sociais
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
alheio, no exercício de atividade comercial ou Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
industrial, mercadoria proibida pela lei multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio importâncias ou valores e presta as informações
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, devidas à previdência social, na forma definida em lei
inclusive o exercido em residências. (Incluído pela ou regulamento, antes do início da ação
Lei nº 4.729, de 14.7.1965) fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
contrabando é praticado em transporte aéreo, aplicar somente a de multa se o agente for primário e
marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela
nº 13.008, de 26.6.2014) Lei nº 9.983, de 2000)
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Impedimento, perturbação ou fraude de II - o valor das contribuições devidas, inclusive
concorrência acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pela previdência social, administrativamente, como
pública ou venda em hasta pública, promovida pela sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
administração federal, estadual ou municipal, ou por fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
além da pena correspondente à violência. multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
oferecida. reajuste dos benefícios da previdência
social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,
22 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: III - submete pessoa que está sob sua guarda ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da custódia a vexame ou a constrangimento não
pena correspondente à violência. autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a segurança
lei o permite: Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, legalmente presa ou submetida a medida de segurança
além da pena correspondente à violência. detentiva:
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
somente se procede mediante queixa. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
própria, que se acha em poder de terceiro por pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
determinação judicial ou convenção: § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o
Fraude processual crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de guarda está o preso ou o internado.
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3
ou o perito: (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir Evasão mediante violência contra a pessoa
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
penas aplicam-se em dobro. indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa:
Favorecimento pessoal Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade correspondente à violência.
pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão: Arrebatamento de preso
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, correspondente à violência.
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
isento de pena. Motim de presos
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a
Favorecimento real ordem ou disciplina da prisão:
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar pena correspondente à violência.
seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Patrocínio infiel
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de procurador, o dever profissional, prejudicando
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
autorização legal, em estabelecimento Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) Patrocínio simultâneo ou tergiversação
ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o
advogado ou procurador judicial que defende na
Exercício arbitrário ou abuso de poder mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de contrárias.
liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder: Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Pena - detenção, de um mês a um ano. Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o de restituir autos, documento ou objeto de valor
funcionário que: probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a procurador:
estabelecimento destinado a execução de pena Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
privativa de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de Exploração de prestígio
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
24 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, Ordenação de despesa não autorizada (Incluído
perito, tradutor, intérprete ou testemunha: pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
utilidade também se destina a qualquer das pessoas anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
referidas neste artigo.
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela
Violência ou fraude em arrematação judicial Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou sem que tenha sido constituída contragarantia em
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude valor igual ou superior ao valor da garantia prestada,
ou oferecimento de vantagem: na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, 2000)
além da pena correspondente à violência. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito Não cancelamento de restos a pagar (Incluído
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, pela Lei nº 10.028, de 2000)
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
por decisão judicial: promover o cancelamento do montante de restos a
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. pagar inscrito em valor superior ao permitido em
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
CAPÍTULO IV Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
PÚBLICAS
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Aumento de despesa total com pessoal no último
ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei
Contratação de operação de crédito nº 10.028, de 2000)
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou
externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Oferta pública ou colocação de títulos no
I - com inobservância de limite, condição ou montante mercado (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pública ou a colocação no mercado financeiro de
II - quando o montante da dívida consolidada títulos da dívida pública sem que tenham sido criados
ultrapassa o limite máximo autorizado por por lei ou sem que estejam registrados em sistema
lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Inscrição de despesas não empenhadas em restos Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente DISPOSIÇÕES FINAIS
empenhada ou que exceda limite estabelecido em Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre os
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) crimes contra a existência, a segurança e a integridade
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) do Estado e contra a guarda e o emprego da economia
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) popular, os crimes de imprensa e os de falência, os de
responsabilidade do Presidente da República e dos
Assunção de obrigação no último ano do mandato Governadores ou Interventores, e os crimes militares,
ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de revogam-se as disposições em contrário.
2000) Art. 361 - Este Código entrará em vigor no dia 1º de
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de janeiro de 1942.
obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último
ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da
ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste Independência e 52º da República.
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha GETÚLIO VARGAS
contrapartida suficiente de disponibilidade de Francisco Campos
caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
nuceconcursos.com.br 25
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
DIREITO PENAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
26 nuceconcursos.com.br
Parte integrante da apostila do NUCE. Todos os direitos reservados a professora Amanda Bezerra © Copyright. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.