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Direito penal 1

Função e Limites do Direito


Penal
OBJECTIVOS
PERCEBER A FUNÇÃO DO DP
CONHECER OS LIMITES DO DP
ENTENDER O OBJECTO DO DP
COMPREENDER O CONTEÚDO
MATERIAL DO CONCEITO DE CRIME
COMPREENDER A VISÃO DAS VÁRIAS
PERSPECTIVAS SOBRE O CONCEITO
MATERIAL DE CRIME(POSITIVISTA,
SOCIOLÓGICA,MORAL, RACIONAL)
OBJECTIVOS
SABER A NOÇÃO DE BEM
JURÍDICO E SUAS IMPLICAÇÕES
NA FUNÇAO DO DP
COMPREENDER O CRITÉRIO DA
NECESSIDADE DE TUTELA PENAL
PERCEBER A DEFINIÇÃO SOCIAL
DE CRIME
BIBLIOGRAFIA
SEBASTIÃO, LUZIA, TEXTOS DE
APOIO, PAGS 22-37.

DIAS, JORGE DE FIGUEIREDO,


DIREITO PENAL PARTE GERAL,
TOMO I, QUESTÕES
FUNDAMENTAIS A DOUTRINA
GERAL DO CRIME, PAGS 106-154.
Função e Limites do Direito
Penal
Função:
Pressupõe a determinação do
objecto material do direito penal.
Objecto do direito penal:
O comportamento criminal
(crime) e as suas consequências
jurídicas (penas e medidas de
segurança).
Função e Limites do DP
Limites:
Questão prévia – estes
limites estabelecem-se
relativamente a outros
ramos de direito que
também estabelecem
meios sancionatórios.
Função e Limites do DP
Noção de limites:
Resulta da conjugação do
comportamento criminal e suas
consequências jurídicas e da
determinação do objecto
material do direito penal.
Em síntese deriva do objecto do
direito penal e da determinação
do objecto material do DP.
Comportamento Criminal e sua
Defº
Conceito material de Crime
1. Conteúdo Material do
Conceito de Crime:
Qual é a origem da legitimidade
para considerar-se um
comportamento como crime e
aplicar-se uma sanção? Que
qualidades deverá ter um
comportamento para ser
considerado crime?
Conceito Material de
Crime
É este conceito que nos
permitirá saber a função e
os limites do direito penal.
Conceito Material de
Crime
Este conceito deve se situar fora
do direito penal legislado acima
deste para que o legislador fique
legitimado a submete-lo a
sanções criminais sempre que
seja realizado.
Conceito Material de
Crime
Há pois que determinar os
critérios materiais do
comportamento
Conceito Material de
Crime
Fora do direito penal legislado o
conceito material de crime é
previamente fornecido pelo
legislador que indica o que é que
deve e não deve criminalizar.
Conceito Material de
Crime
O conceito material de crime
permite avaliar a correcção ou
incorrecção político-criminal das
incriminações existentes e das
que se constituirão levando,
assim, ao processode
criminalização e
descriminalização de
comportamentos.
Conceito Material de
Crime
Noção: varia de acordo
com as influências da
ciência do direito num
dado momento histórico.
Conceito Material de
Crime
Perspectiva positivista-
legalista:
Crime era tudo aquilo que
o legislador legitimamente
considerasse como tal.
Coincidência entre
conceito formal de crime e
conceito material de crime.
Conceito Material de
Crime
Críticas:
- Impossibilita saber que
qualidades devia o
comportamento possuir para
ser qualificado como crime.
- A legitimação material fica
identificada com a observância
do princípio da legalidade.
Conceito Material de
Crime
Perspectiva positivista-
sociológica:
Crime seria aquilo que
socialmente fosse considerado
como tal, o que a realidade
assim considerasse inspirado
pelas manifestações legais.
A violação de sentimentos pela
sociedade.
Conceito Material de
Crime
Crítica:
Imprecisa e demasiado
ampla para alcançar os
limites da criminalização
do direito penal
Conceito Material de
Crime
Perspectiva moral-social:
Crime seria toda violação
dos deveres morais-sociais
elementares.
O direito penal teria no
centro das atenções o
asseguramento de valores
ético-sociais positivos.
Conceito Material de
Crime
Criticas:
O DP não tutela a moral e a
virtude porque dizem
respeito a um determinado
segmento social e o DP
respeita a liberdade de
consciência de cada
um.Art.41ºCRA.
Conceito Material de
Crime
- Não há legitimidade dos
órgãos de justiça do estado
para punir imoralidades e
pecados porque isto diz
respeito a justiça divina e
individual.
- Tais pensamentos não se
compadecem com a sociedade
democrática e pluralista.
Conceito Material de
Crime
Perspectiva Racional: a
função de tutela
subsidiária de bens
jurídicos.
A)Funcional:
O conceito material de crime
deriva da função que o DP
desempenha no sistema
jurídico-social.
Conceito Material de
Crime
Racional:
O conceito material de
crime deriva da ultima
ratio ou função subsidiária
desempenhada pelo DP
(tutela de bens jurídicos
essenciais).
Aproximação a Noção de Bem
Jurídico
Bem jurídico:
Expressão de um interesse da
pessoa ou da comunidade, na
manutenção ou integridade de
um certo estado, objecto ou bem
em si mesmo socialmente
relevante e por isso
juridicamente reconhecido como
valioso.
Noção de Bem Jurídico
A sua legitimação impõe uma
concepção funcional,
teleológica e racional.
Noção de Bem Jurídico
 Deverá obedecer a 3 condições
irrenúnciáveis:
-Traduzir-se num conteúdo material
indicador do conceito material de crime.

- Servir de padrão de normas


constituidas ou a constituir para
legitimar o processo de criminalização e
descriminalização transcendente ao
sistema juspenal.
Noção de Bem Jurídico
- Terá que ter uma
componente politico-
criminalmente orientado
relativamente aos sistemas
social e constitucional
revelando-se, assim,
intrasistemático.
O Bem Jurídico
Sistemas Social e
jusconstitucional
O bem Jurídico só existe onde
haja um valor juridico-
constitucionalmente
reconhecido em nome do
sistema social total e pre-
existente ao ordenamento
jurídico-penal.
O Bem Jurídico
É um padrão crítico
insubstituível e irrenunciável
com o qual se vai aferir a
legitimação do direito penal
no caso concreto.
O Bem Jurídico
É o elemento fundamental do
conceito material de crime
que assenta na tutela de bens
jurídicos.
O Bem Jurídico e o DP
O DP é um direito de tutela
de bens jurídicos, de
preservação das condições
indispensáveis da mais livre
realização possível da
personalidade de cada
homem na comunidade.
O Bem Jurídioco e o DP
Cada cidadão cede ao Estado
uma parte mínima dos seus
direitos, liberdades
fundamentais naquilo a que se
denomina contrato social para
garantir o funcionamento da
comunidade, legitimando-se a
partir dai o ius puniendi.
O Bem Jurídico e o DP
O estado só deve intervir nos
direitos e liberdades
fundamentais quando isto
seja imprescindível para o
asseguramento dos direitos e
liberdades fundamentais de
outros (da comunidade).
O Bem Jurídico e o DP
Num estado pluralista e laico
o DP só intervém com os seus
meios punitivos quando
esteja em causa a tutela de
bens de relevante
importância da pessoa e da
comunidade.
O Critério da Necessidade de
Tutela Penal
Necessidade de Tutela e
Princípio da Proporcionalidade:
Não pode haver criminalização
sem que haja um bem jurídico a
tutelar.
Será que sempre que existir
um bem jurídico digno de
tutela penal o direito penal
será chamado a intervir?
Critério da Necessidade de
Tutela Penal
R: Não. Tem que haver
necessidade/carência de tutela
penal, que se dá sempre que a
intervenção do direito penal se
mostre indispensável a livre
realização da personalidade de
cada um na comunidade.
A intervenção do DP é
subsidiária.
Critério da Necessidade de
Tutela Penal
O direito penal por ser um ramo
cujas sanções são gravosas para
os direitos, liberdades e garantias
das pessoas só pode intervir
quando os outros ramos se
mostrem insuficientes ou
inadequados.
Vide art. 57º da Constituição.
O Critério da Necessidade de
Tutela Penal
Sempre que a criminalização de
comportamentos produzir como
efeitos um maior número de
violações, ao invés de evitá-las, o
DP se mostra inaplicável por
ineficácia e violação dos
princípios da subsidiariedade e
proibição do excesso.
O Critério da Necessidade de
Tutela Penal
A função principal do DP e a
essência do conceito material do
crime é a tutela subsidiária ou de
ultima ratio de bens jurídicos
essenciais.
Imposições Constitucionais
Implícitas de Criminalização
Regra Geral:
Todo o bem jurídico penalmente
relevante tem que encontrar uma
referência expressa ou implícita
na ordem constitucional dos
direitos e deveres fundamentais.
Imposições Constitucionais
Implícitas de Criminalização
A inversa desta regra será
verdadeira?
Não, nem todos os bens
expressamente previstos na
constituição devem ser
penalmente tutelados.
Não existem imposições juridico-
constitucionais implícitas de
criminalização.
Imposições Constitucionais
Implícitas de Criminalização
Esquema 1
Constituiç Legislador
ão prevê ordinário
expressa deve
criminalizar
mente a Cons os
intervenç equê comportame
ão do DP ncia ntos
para respectivos,
tutela de sob pena de
inconstitucio
bens nalidade por
jurídicos omissão
Imposições Constitucionais
Implícitas de Criminalização
Esquema 2.
Não se
A deduz a
constituição exigência
não prevê de
expressame Conse criminalizaç
nte a quênci ão dos Porqu
intervenção a comportam ê?
do DP para entos que
Tutela de violem os
bens respectivos
Jurídicos bens
jurídicos
Imposições Constitucionais
Implícitas de Criminalização
Esquema 3.
Por respeito ao
critério da
necessidade/ca
Porquê rência de tutela
? penal que
impende sobre
o legislador
ordinário .
Princípio da Não Intervenção
Moderada e a Descriminalização
O estado só
Tutela de deve intervir
na medida
bens exacta do
jurídico- requerido para
penais pelo
Carácter Con assegurament
subsidiári duze o das
m condições
o essenciais ao
Critério funcionamento
da da sociedade
Necessid (deve intervir
ade o menos
possível).
Princípio da Não Intervenção
Moderada e a Descriminalização
Só os Só admite
comportamentos neocriminalização
que acarretem para fenómenos
lesões/perigos de sociais novos,
lesão devem ser anteriormente
criminalizados. inexistentes que
revelem
Excluem-se
emergência de
comportamentos novos bens
que possam ser jurídicos e que
tutelados por careçam da
meios não penais intervenção Penal.
A Definição Social do
Crime
Socialmente o crime deve
integrar no seu conceito a
componente/construção social
operada pelas instâncias formais
e informais de controlo social.
Definição Social do Crime
DEFINIÇÃO SOCIAL DO
CRIME
A REALIDADE CRIMINAL É A
CONJUGAÇÃO DE DETERMINADAS
QUALIDADES MATERIAIS DO
COMPORTAMENTO COM O
PROCESSO DE REACÇÃO SOCIAL
CONDUCENTE A
ESTIGMATIZAÇÃO DOS SEUS
AGENTES.
DEFINIÇÃO SOCIAL DO
CRIME
A REALIDADE CRIMINAL É
RESULTADO DA SUA
DEFINIÇÃO SOCIAL PELAS
INSTÂNCIAS FORMAIS E
INFORMAIS DE CONTROLO
(POLÍCIA, MºPº, JUÍZ,
LEGISLADOR, FAMÍLIA,
ESCOLA, IGREJA…).

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