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PRINCÍPIOS DO DIREITO

PENAL
O que são princípios?

São os valores fundamentais que inspiram a


criação e a manutenção do sistema jurídico.
Têm a função de orientar o legislador
ordinário, e também o aplicador do Direito
Penal, no intuito de limitar o poder punitivo
estatal mediante a imposição de garantias aos
cidadãos.
Princípio da Reserva Legal ou Estrita
Legalidade

CF, art. 5º: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Fundamento jurídico (certeza do conteúdo do tipo penal e


determinação precisa) e político (proteção em face do
poder punitivo estatal)
 Cláusula Pétrea  não podem ser suprimidas (EC)

Não cabe MP sobre matéria de Direito Penal

Medidas Provisórias  instrumento com força de lei, adotado pelo Presidente


Do princípio da legalidade derivam proibições:

a proibição do uso da analogia in malam


partem; (Ex.: art. 133, §3º, II)

a proibição do direito consuetudinário para


fundamentar ou agravar a pena;

a proibição da retroatividade e

a proibição de leis penais indeterminadas ou


imprecisas.
Princípio da Anterioridade
CF, art. 5º: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Crime  lei PRÉVIA ao fato.

A lei penal produz efeitos a partir da sua entrada em


vigor. Daí deriva sua irretroatividade: não se aplica
aos comportamentos pretéritos, salvo se beneficiar
o réu.

Obs.: Proibida também na vacatio*.


Registro não autorizado da intimidade sexual

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou


registrar, por qualquer meio, conteúdo com
cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo e privado sem autorização dos
participantes:
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e


multa.
Princípio da Individualização da Pena
CF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b)
perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão
ou interdição de direitos;

PEDRO: HOMICÍDIO QUALIFICADO = 12 A 30 ANOS


GILMARA: HOMICÍDIO QUALIFICADO = 12 A 30 ANOS

 Distribuir a cada indivíduo o que lhe cabe.


 Leva em conta os aspectos objetivos e subjetivos do crime.
 Preceito secundário do tipo – limites mínimos e máximos –
discricionariedade vinculada do juiz
 NOTA: Lei dos crimes hediondos* e pena integralmente no regime
fechado
Princípio da Alteridade
 Alteridade*?
 Alteridade no Direito Penal  proíbe a
incriminação de atitude meramente interna do
agente, bem como do pensamento ou de
condutas moralmente censuráveis, incapazes
de invadir o bem jurídico alheio.
 Intersubjetividade nas relações penalmente
relevantes  alguém pode ser punido por
causar mal apenas a si próprio? E o crime de
suicídio (art. 122)?
Princípio da Adequação Social
 Objetivo  excluir condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela
sociedade.

 Conduta considerada socialmente adequada  legislador não poderá incriminá-la.

 Repensar os tipos penais e retirar aqueles que não encontram mais respaldo na
sociedade.

Art. 240 - Cometer adultério: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.
(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

 GRECO: não teria o condão de revogar um tipo penal, pois somente uma lei pode
revogar outra lei.

STJ, Súmula 502: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao


crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs
piratas.
Princípio da Intervenção Mínima

A intervenção penal somente é legítima quando a


criminalização de um fato se constitui meio
indispensável para a proteção de determinado
bem ou interesse.

 Caráter fragmentário do Direito Penal  seleciona


os bens jurídicos mais importantes para tutelar.

 Crítica aos crimes contra a honra*.


Princípio da Intervenção Mínima

P. da Fragmentariedade

P. da Subsidiariedade
Princípio da Intervenção Mínima:
subdivisão
P. da Fragmentariedade

 Nem todos os ilícitos* configuram infração penal.


 Direito Penal preocupa-se unicamente com alguns
comportamentos (“fragmentos”) contrários ao
ordenamento jurídico.
 Criação de tipos penais somente quando os demais
ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de
proteção do bem jurídico (Ex.: art. 135-A do CP –
condicionamento de atendimento médico-
hospitalar emergencial)
Princípio da Intervenção Mínima:
subdivisão
P. da Subsidiariedade

 Direito Penal como “executor de reserva”  entra


em cena somente quando outros meios estatais de
proteção do bem jurídico não forem suficientes.

 Direito penal deve ser a ultima ratio  o último


recurso a se utilizar

*Obs.: P. da Fragmentariedade (plano abstrato) x P. da


Subsidiariedade (plano concreto)
P. da Proporcionalidade
 Limitação da liberdade individual e concretização de
interesses coletivos superiores.

Proibição do Excesso
X
Proteção Insuficiente dos bens jurídicos

 Legislador  criar penas apropriadas a cada infração.


Ex.: pena do furto e pena do homicídio.

 Juiz  individualização da pena no caso concreto.


Princípio da Humanidade
 Tipos penais e penas que violem incolumidade
física ou moral  VEDADOS!!!

 Dignidade da pessoa humana

 STF  inconstitucional regime integralmente


fechado nos crimes hediondos.
Princípio da Ofensividade
(ou Lesividade)
 Não há infração penal quando a conduta não tiver
oferecido ao menos perigo de lesão ao bem
jurídico.
*Ex.: crime impossível por absoluta impropriedade do objeto

Não se pode punir alguém pelo simples fato de não


gostar de tomar banho regularmente, por tatuar o
próprio corpo, ou por se entregar a práticas sexuais
anormais. Enfim, muitas condutas que agridem o
senso comum da sociedade, desde que não lesivas
a terceiros, não poderão ser proibidas ou impostas
pelo Direito Penal.
Princípio da Responsabilidade pelo FATO

Os tipos penais devem definir FATOS, associando-lhes as


penas respectivas, e não estereotipar autores em razão
de alguma condição específica.

NÃO SE ADMITE UM
DIREITO PENAL DO
AUTOR!!!!
“Pena:” Porta dos Fundos  https://youtu.be/NdIqyc-jSSs
P. da Personalidade ou Instranscendência

Ninguém pode ser responsabilizado por fato


cometido por terceira pessoa.

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,


podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até
o limite do valor do patrimônio transferido;
Princípio da Responsabilidade Penal
Subjetiva
 Necessário dolo ou culpa – Direito Penal não admite responsabilidade penal
OBJETIVA*

*Ex.: art. 121, § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses
posteriores ao parto;

Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o


risco de produzi-lo; II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que
Princípio do ne bis in idem
 Proíbe a dupla punição pelo MESMO fato.

 A cada fato  uma única punição.

Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias


contra o mesmo condenado, por fatos idênticos, deve
prevalecer a condenação mais favorável ao réu.
Não importa qual processo tenha iniciado antes ou em qual
deles tenha ocorrido primeiro o trânsito em julgado. O que
irá prevalecer é a condenação que foi mais favorável ao réu.

STJ. 6ª Turma. HC 281.101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,


julgado em 03/10/2017 (Info 616).

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