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Aula 2 – 22/02/2023

Com o advento do Estado, ficou proibida a justiça com as próprias mãos.


Nasce o Direito Penal.
Escolha social e do Estado.
Cada Estado tem seu próprio Direito Penal.

Jus puniendi

Jus puniendi é prerrogativa do Estado.


Direito Penal e Direito Processual Penal.

O Brasil é um estado democrático de direito.


É mais que estado de direito.
É mais que um Estado governado por leis, essas leis TÊM que partir de
um sentido democrático.
Senadores/deputados ELEITOS que criam.
As leis têm que estar de acordo com a CF.

O jus puniendi é de titularidade exclusiva do Estado, ficando PROIBIDA a


justiça privada.
EXCEÇÃO - Art. 57, Lei n.º 6.001/73 (Estatuto do Índio): “Será tolerada
a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de
sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não
revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de
morte.”

O monopólio do uso da força é do Estado.


Exceto o Estatuto do Índio
É vedado o exercício arbitrário das próprias razões.

Tribunal Penal Internacional


Competência subsidiária em relação às jurisdições nacionais dos países
signatários
NÃO REPRESENTA EXCEÇÃO à exclusividade do direito de punir do
Estado
Princípio da Complementariedade o TPI será chamado a
intervir somente se a justiça repressiva interna falhe.

Direito Penal Positivo

Capacidade estatal de criar e executar normas penais.


Legislar sobre Direito Penal e Direito Processual Penal.
Tipificar e como aplicar.

Direito Penal Negativo

Poder de autolimitação
Princípios e outros institutos Ex prescrição e decadência.

Faculdade de derrogar preceitos penais ou restringir o alcance das


figuras delitivas.
Atividade que cabe ao STF através da declaração de
inconstitucionalidade de normas penais.

O poder punitivo do Estado NÃO É INCONDICIONADO, limitando-se em seus


principais aspectos:

Quanto ao modo
O direito de punir deve respeito aos direitos e garantias
fundamentais.
Direitos e Garantias fundamentais Interno
Direitos Humanos Internacional

Quanto ao espaço
Em regra, aplica-se a lei penal somente aos fatos praticados
apenas no território brasileiro, prova de nossa soberania.
Exceto crimes que podem ser punidos pela lei brasileira
mesmo sendo cometidos no exterior e alguns crimes cometidos no Brasil que
podem ser julgados pelo TPI.

Quanto ao tempo
O direito de punir é limitado no tempo pelo instituto da
prescrição.
Exceção crimes imprescritíveis: racismo e ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
democrático.

Sanção Penal

É a resposta dada pelo Estado, no exercício do jus puniendi, ao cidadão


responsável pela prática de um delito, após o devido processo legal.

Medidas de Segurança
Pressuposto periculosidade
Destinatário inimputáveis e semi-imputáveis perigosos.
Essência tratamento.
Internação compulsória hospital de custódia.
Tratamento ambulatorial terapia, medicação, etc.
Prazo sem prazo determinado sine die.
Como não podem haver penas de caráter perpétuo, o STF/STF
impuseram a limitação de 40 anos para as medidas de segurança, tal qual as
penas restritivas de liberdade.

Não perde a primariedade NÃO é culpado.

Penas
Pressuposto culpabilidade Dolo ou Culpa
Destinatário imputáveis e semi-imputáveis não perigosos.
Essência punição, ressocialização
Prazo determinado
O condenado sempre sabe quanto tempo ficará preso.

Sem culpabilidade, sem punição.

Pena é a reação que uma comunidade politicamente organizada opõe a um


fato que viola uma das normas fundamentais da sua estrutura e, assim, é
definido na lei como crime” (MASSON, 2009, p. 513)

É espécie de sanção penal, pela qual o Estado priva ou restringe bens jurídicos
do condenado, em função do cometimento de infração penal, com as
finalidades de castigar o responsável, readaptando-o ao convívio em
comunidade e de intimidar a sociedade, evitando a prática de novos delitos.

Finalidades Principais
castigo,
socializar (no fundo é para deixar que o apenado volte a ser um custo
para a sociedade
Bens Jurídicos Sujeitos à Privação (subtipos)
Estimulo negativo.

Liberdade pena privativa de liberdade.


Patrimônio pena de multa.
Vida pena de morte em caso de guerra declarada.
Outros direitos penas restritivas de direitos.

Princípios Informadores da Pena

Princípio da Reserva Legal ou Estrita legalidade


deriva do brocardo latino nulla poena sine lege, pelo qual somente a lei
pode cominar pena, trata-se de cláusula pétrea.
CF, Art. 5º, XXXIX não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal.
CP, Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Lei em sentido estrito
Princípio da Anterioridade
só pune condutas posteriores à lei.
a lei que comina a pena dever ser anterior ao fato que pretende punir.
Desta forma, o nulla poena sine lege não é suficiente, exigindo nulla poena
sine praevia lege, ou seja, não há pena sem lei e esta deve ser prévia ao fato
praticado.
Exceto lei penal mais benéfica para o réu.

Vale para o Direito Penal, mas NÃO para o Direito Processual Penal.
As regras de processo são aplicadas imediatamente, além de
retroagirem, tanto para beneficiar quanto para prejudicar o réu.
Leis Penais Criam, modificam, extinguem crimes e penas.
Leis Processuais modificam o procedimento e, por isso, não
alteram o jus puniendi.

Princípio da Personalidade, Intransmissibilidade, Intranscendência ou


Responsabilidade Pessoal
a pena não pode ultrapassar a pessoa do condenado, ou seja, “impede
que sanções e restrições de ordem jurídica superem a dimensão estritamente
pessoal do infrator” (AC nº 2317/MA-REF-MC, Tribunal Pleno, Relator o
Ministro Celso de Mello, DJ de 4/6/09).
CF, Art. 5º, XLV nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até
o limite do valor do patrimônio transferido.

É possível que a obrigação de reparar o dano e a decretação do


perdimento de bens, compreendidos como efeitos da condenação, sejam
estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do
patrimônio transferido. No entanto, a pena de multa não poderá ser cobrada
dos sucessores do condenado.
O patrimônio da pessoa responde pelas penas pecuniárias.
Antes da partilha, o patrimônio do de cujus deve arcar
com as dívidas.
Mas se faltar $ do de cujos para saldar os débitos, então
NÃO ATINGE o patrimônio dos sucessores.

Princípio da Inderrogabilidade ou Inevitabilidade


derivação lógica do princípio da reserva legal, sustenta que se
presentes os requisitos necessários para a condenação, a pena não pode
deixar de ser aplicada e integralmente cumprida.
Não pode dizer que não quer cumprir a pena.
Este princípio é mitigado por alguns institutos penais, tais
como: a prescrição, o perdão judicial, a prescrição, o sursis, o livramento
condicional, acordos, etc.
A pena também pode ser comutada.

Princípio da Intervenção Mínima


Objetivo pragmático.
a pena é legítima unicamente nos casos estritamente necessários para
a tutela de bens jurídicos penalmente relevantes.

Caráter Subsidiário do DP Sua intervenção fica condicionada ao


fracasso das demais esferas de controle.
Caráter Fragmentário do DP Somente aos casos de relevante lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico.

O Direito Penal não dá conta de resolver a criminalidade, mas é o que


melhor dispõe o Estado.
É uma poderosa ferramenta de controle social Estigma.

Se o Direito Penal for usado indiscriminadamente, pode gerar caos


social.

Princípio da Humanidade ou Humanização das Penas


penas não podem ser cruéis ou degradantes.
a pena deve respeitar os direitos fundamentais do condenado,
devendo guardar a integridade física e moral do detento. Desta forma, o
Estado não pode dispensar nenhum tipo de tratamento cruel, desumano ou
degradante ao preso, por isso, a Constituição Federal proíbe as penas de
morte*, trabalhos forçados, banimento e cruéis, bem como a prisão de caráter
perpétuo.
CF, Art.5º
XLIX é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.
XLVII não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada.
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Princípio da Proporcionalidade
adequação da pena à pessoa e ao crime.
a resposta penal deve ser justa e suficiente para cumprir o papel de
reprovação do ilícito” (STJ, HC 84.427/RJ, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
5ª Turma), além disso, deve servir para a prevenção de novas infrações penais.

O princípio funciona como barreira ao:


Legislador
Na fixação da pena em abstrato.
Na elaboração da lei, quando decido o que é crime e
qual sua pena.

Magistrado
Na dosimetria da pena (pena em concreto).
Individualização da pena
Analisa a conduta, circunstâncias do réu.
Pessoa do acusado e as circunstâncias do delito.

Tanto na cominação como na aplicação da pena deve existir correspondência


entre o ilícito cometido e o grau de sanção da pena imposta, levando-se em
conta os aspectos subjetivos do condenado.
CF, Art. 5º, XLVI a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.

Uma pessoa que trafica um baseado não pode ser punido da mesma forma
que quem traz toneladas de cocaína da Colômbia.
Princípio da Individualização
foca na dosimetria.
Inclui a pena de multa.
deve ser eleita justa e adequada sanção penal, quanto ao montante, ao
perfil e aos efeitos pendentes sobre o sentenciado, tornando-o único e
distinto dos demais infratores, ainda que coautores ou mesmo corréu.

Finalidade fugir da padronização da pena, exige-se do juiz não uma


atitude mecanizada, mas sim ação pensante, motivada e reflexiva.

Deve ser observado em 3 momentos:


Legislador definição do crime e sua pena mínimo e máximo.
Juiz imposição da pena individualização.
Execução Classificação por antecedentes e personalidade
comportamento na cadeia.

Princípio da Vedação ao bis in idem


Não está previsto expressamente na CF, mas sim no Estatuto de Roma,
o qual criou o TPI (art. 20).

Três significados:

Processual Ninguém poderá ser processado duas vezes pelo


mesmo crime.
Material Ninguém pode ser condenado pela segunda vez em
razão do mesmo fato.
Execucional Ninguém pode ser executado duas vezes por
condenações relacionadas ao mesmo fato.
Ex Prisão preventiva/cautelar cumpridas antes da
condenação terão seu tempo abatido da pena final.
Exceção novo julgamento e condenação pelo mesmo fato, nos casos de
extraterritorialidade incondicionada da lei brasileira.
CP, Art. 7ª Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.

Teorias e Finalidades

Até a Idade Média vingança privada


Depois da I.M Passou para as mãos do Estado.

1) Evolução histórica da penas


2) Modalidades de Penas proibidas no Brasil
CF, Art. 5º XLVII não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada.
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
3) Conceito analítico de crime Fato típico Ilícito Culpável Punível
4) Finalidades da pena Teoria mista ou unificadora da pena:
CP, Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:

Teoria Absoluta
Caráter retributivo (olho por olho).
Não tem finalidade prática.
Instrumento de vingança do Estado.
Teoria Relativa

Prevenção Geral
Diz respeito a sociedade como um todo

Negativa Intimidação.
Positiva Consciência geral pena abstrata.
Demonstrar a vigência da lei penal.
Certeza da sua aplicação.

Prevenção Especial (específica)


Diz respeito à pessoa do condenado.

Negativa segregação pelo cárcere.


Evitar reincidência
Positiva ressocialização, reeducação.

Teoria Mista ou Unificada

Dupla finalidade Retribuição e Prevenção.

A pena será estabelecida pelo juiz “conforme seja necessário e


suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
CP, Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
Também chamada de teoria da união eclética, intermediária,
conciliatória ou unitária.

Perdão judicial para quando as “consequências da infração atingirem o


agente de forma grave.
CP, Art. 121 Matar alguém:
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121

Ênfase à finalidade preventiva da pena


Lei de Execução Penal Art. 10 A assistência ao preso e ao internado é
dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à
convivência em sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o
internado e prepará-los para o retorno à liberdade.
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de
dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.

Finalidade da pena essencial a reforma e a readaptação social dos


condenados.
Convenção Americana de Direitos Humanos
Decreto 678/1992, art. 5.º, item “6” As penas privativas da liberdade
devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos
condenados.

Função Social da Pena

Não basta a retribuição pura e simples.


Crise do sistema prisional transforma a pena em castigo e nada mais.
A pena deve atender aos anseios da sociedade:
Combatendo a impunidade e
Recuperando os condenados para o convívio social.

Função preventiva e socializadora.


Fundamentos da Pena

Objetivo que se busca alcançar


Retribuição pena proporcional e correspondente à infração
penal cometida
Reparação conferir algum tipo de recompensa à vítima do
delito (vitimologia).
Denúncia é a reprovação social à prática do para exercer a
prevenção geral.
Incapacitação priva-se a liberdade para a proteção das
pessoas de bem.
Reabilitação Para recuperar o penalmente condenado,
tornando-o útil à sociedade.
Dissuasão Para busca convencer as pessoas que o crime é
desvantajoso e inadequado.

Cominação das Penas

Isoladamente Cominação única de uma pena, prevista com exclusividade


pelo preceito secundário do tipo incriminador.
Ex CP – Art. 121 – Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Cumulativamente Em conjunto, duas espécies de penas.


TEM que condenar nas duas.
Ex CP – Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Paralelamente Alternativamente, duas modalidades de penas.


Escolha apenas uma modalidade.
Ex CP – Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa
casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção,
de um a três anos.

Alternativamente A lei coloca à disposição do magistrado a aplicação única


de duas espécies de penas. Há duas opções, mas o julgador somente pode
aplicar uma delas.
Ex CP – Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Atenção
Paralelamente modalidades diferentes.
Ex Uma restritiva de liberdade ou pecuniária.
Alternativamente mesma modalidade, mas espécies diferentes.
Ex Detenção e reclusão, ambas restringem a liberdade.

Classificação das Penas

Privativa de liberdade retira do condenado o seu direito de locomoção


(prisão por tempo determinado).

Vendada a privação perpétua da liberdade.


Vale para medidas de segurança.
CF – Art. 5º XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Período máximo de 40 anos.


Vale para medidas de segurança.
CP – Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de
liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
Período máximo de 5 (cinco) anos para contravenções penais.
LCP – Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode,
em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas
ultrapassar cinquenta contos.

Restritiva de direitos limita um ou mais direitos do condenado, em


substituição à pena privativa de liberdade.
Diferente de medidas cautelares.
Essas são liminares, e não penas.
CP – Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública,
bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
veículo.
IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame
públicos.

Pena de multa incide sobre o patrimônio do condenado.

Pena restritiva da liberdade restringe o direito de locomoção do condenado,


sem privá-lo da liberdade.
CF – Art. 5º – XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Ex proibir o condenado por crime sexual de aproximar-se da
residência da vítima.

Pena corporal viola a integridade física do condenado, tal como ocorre nas
penas de açoite, de mutilações e de marcas de ferro quente.
CF – Art. 5º XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Pena de morte Admite-se a pena de morte em caso de guerra.

Espécies de Penas

Privativa de liberdade
Reclusão
Detenção
Prisão simples
Contravenções penais.

Restritivas de direitos
Prestação Pecuniária
Perda de bens e valores
Prestação de serviço à comunidade ou entidade pública
Interdição temporária de direito
Limitação de fim de semana

Multa
Sistema dias/multa.
Pode variar entre 10 e 360.
Conforme circunstância do crime e pessoa do acusado.
Primeiro calcula quantos dias.
Depois aplica o valor do dia/multa.
Não vira prisão.
É um valor que deve para o governo.
Direcionadas ao Fundo Penitenciário (FunPen).
Depois é distribuído para os presídios.
Exceto crimes de drogas, que tem um fundo
específico.

Critério Constitucional
CF – Art. 5º – XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Critério do Código Penal


CP – Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.

Penas privativas de liberdade

CP – Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime


fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

Reclusão
Regime fechado estabelecimento de segurança máxima
Regime semiaberto colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento
similar
Regime aberto casa de albergado ou estabelecimento
adequado

Detenção
Regime semiaberto
Regime aberto
(salvo casos de regressão de regime)

1 Nos casos de concurso material, aplica-se cumulativamente as penas de


reclusão e de detenção, executa-se primeiro a de reclusão;
2 Para que ocorra a incapacidade para o pátrio poder, o autor deverá ser
condenado por crime com pena de reclusão.
3 Na medida de segurança, se o fato for praticado por inimputável for
punível por detenção, o juiz poderá submetê-lo ao tratamento ambulatorial.

Políticas Penais

São 3 vertentes/escolas
Abolicionista
Minimalista
Maximalista

1 Abolicionista
Trabalha com a ideia de que o Direito Penal não funciona.
Alternativa outras áreas do direito.

Louk Hulsman, Thomas Mathiesen, Nils Christie, Filippo Gramatica.

2 Minimalista
Condutas menos graves serão regulamentadas por outras áreas do
Direito.
Afirma que não se pode usar o Direito Penal de forma desmedida.
Apenas para crimes graves.
Condutas lesivas para toda a sociedade.
O STF pende para essa escola.

Alessandro Baratta, Eugenio Raúl Zaffaroni, Luigi Ferrajoli.

3 Maximalista
Política de tolerância zero.
Teoria do Direito Penal do Inimigo.

Direito Penal do Inimigo segundo Jakobs

Günther Jakobs professor catedrático de Direito Penal e Filosofia do


Direito na Universidade alemã de Bonn.
Maio de 1985 – Frankfurt, Alemanha: “criminalización en el estadio
previo a la lesión”.
Disserta sobre a existência no Código Penal Alemão de alguns poucos
artigos onde a criminalização se dá em um momento anterior a uma lesão do
bem jurídico tutelado.
Postura Descritiva do Direito Penal do Inimigo.

Para Jakobs, inimigo é aquele que rompeu com o contrato social.


Criminosos econômicos, terroristas, delinquentes organizados,
autores de delitos sexuais e outras infrações penais perigosas.
Inimigo quem se afasta de modo permanente do Direito e não oferece
garantias cognitivas de que vai continuar fiel à norma.
Jakobs cita o 11 de setembro de 2001 como manifestação inequívoca
de um ato típico de inimigo.

Bases Filosóficas
Fichte “quien abandona el contrato ciudadano en un punto en
el que en el contrato se contaba con su prudencia, sea de modo voluntario o
por imprevisión, em sentido estricto pierde todos sus derechos como
ciudadano y como ser humano, y pasa a un estado de ausencia completa de
derechos”.
Rousseau O inimigo, ao infringir o contrato social, deixa de
ser membro do Estado, está em guerra contra ele; logo, deve morrer como tal.
Kant Aquele que ameaça constantemente a sociedade e o
Estado, quem não aceita o “estado comunitário-legal”, deve ser tratado como
inimigo.
Hobbes “Disso decorre que os rebeldes, traidores e todas as
outras pessoas condenadas por traição não são punidas pelo direito civil, mas
pelo natural: isto é, não como súditos civis, porém como inimigos ao governo
– não pelo direito de soberania e domínio, mas pelo de guerra”.
Locke Estou certo de uma coisa: seja quem for, governante ou
súdito, que tente pela força invadir os direitos do príncipe ou do povo e
determinar a base para a derrubada da constituição e da estrutura de
qualquer governo justo, ele é altamente culpado do maior crime de que um
homem é capaz, e deve responder por todos os males do sangue derramado,
da rapina e da desolação que o destroçamento de um governo traz para um
país. Aquele que age assim merece que a humanidade o considere como um
inimigo comum e como uma peste, e como tal deve ser tratado.

Direito Penal do Cidadão


Direito Penal Normal
Direito Penal do Inimigo
É mais duro e retira direitos e garantias fundamentais.
Perde o direito ao devido processo legal.

Para os inimigos, deve existir um conjunto diferente de leis.

A teoria do direito penal do inimigo atuaria de maneira prospectiva, ou


seja, anteciparia, preveniria um eventual delito que poderia ser praticado por
uma pessoa.
Se analisaria então o perigo que o sujeito representa hoje e
representará para o futuro, de maneira que em casos de perigos graves a
ordem jurídica, as autoridades constituídas estariam legitimadas a agirem de
forma preventiva.
As penas para esses ‘delitos’ prospectivos são tão grandes, quanto as
reprimendas dos mesmos crimes consumados.

Características do Direito Penal do inimigo:


O inimigo não pode ser punido com pena, sim, com medida de
segurança;
Não deve ser punido de acordo com sua culpabilidade, senão
consoante sua periculosidade;
As medidas contra o inimigo não olham prioritariamente o
passado (o que ele fez), sim, o futuro (o que ele representa de
perigo futuro);
Não é um Direito Penal retrospectivo, sim, prospectivo;
O inimigo não é um sujeito de direito, sim, objeto de coação;
O cidadão, mesmo depois de delinquir, continua com o status de
pessoa; já o inimigo perde esse status (importante é só sua periculosidade);
O Direito Penal do inimigo deve adiantar o âmbito de proteção da
norma (antecipação da tutela penal), para alcançar os atos preparatórios;
Mesmo que a pena seja intensa (e desproporcional), ainda assim,
justifica-se a antecipação da proteção penal;
Quanto ao cidadão (por ex., autor de um homicídio ocasional),
espera-se que ele exteriorize um fato para que incida a reação; em
relação ao inimigo (terrorista, por exemplo), deve ser interceptado
prontamente, no estágio prévio, em razão de sua periculosidade.

Formas de Implementação
Criar um aparato de proteção para punir sem amarras.
Prender qualquer um, a qualquer hora, mesmo que não esteja
cometendo um crime.

Flexibilização do princípio da legalidade (descrição vaga dos


crimes e das penas);
Inobservância de princípios básicos como o da ofensividade, da
exteriorização do fato, da imputação objetiva etc.;
Aumento desproporcional de penas;
Criação artificial de novos delitos (delitos sem bens jurídicos
definidos);
Endurecimento sem causa da execução penal;
Exagerada antecipação da tutela penal;
Corte de direitos e garantias processuais fundamentais;
Concessão de prêmios ao inimigo que se mostra fiel ao Direito
(delação premiada, colaboração premiada etc.);
Flexibilização da prisão em flagrante (ação controlada);
Infiltração de agentes policiais;
Uso e abuso de medidas preventivas ou cautelares (interceptação
telefônica sem justa causa, quebra de sigilos não fundamentados ou contra a
lei);
Medidas penais dirigidas contra quem exerce atividade lícita (bancos,
advogados, joalheiros, leiloeiros etc.).

USA Patriot Act


Invasão do Afeganistão (Operation Enduring Freedom)
Reduziu fortemente as restrições sobre as agências de
aplicação da lei;
Atenuou e até mesmo extinguiu direitos e garantias
básicos dos cidadãos.

EUA tem dois procedimentos processuais penais:

Comum, aplicável aos crimes em geral


FISA (Foreign Intelligence Surveillance Act)
Escutas telefônicas, monitoramento de e-mails,
transações bancárias, etc., são executados ex ofício sem qualquer necessidade
de autorização judicial;
Até mesmo a relação entre advogado e cliente, passou a
ser passível de monitoramento.
Admissão de audiências secretas, provas e testemunhas
igualmente secretas;
Detenção por prazo indeterminado, Privação das
garantias estatuídas na Convenção de Genebra.

Garantismo Jurídico

Garantismo é um modelo de direito.

Delineamentos da Teoria Geral do Garantismo Jurídico


Eminência de uma CRISE de democracia:
Legalidade
Inadequação estrutural das formas do Estado de Direito às
funções do Welfare State
Crise do Estado Social.
Principia Iuris. Teoria del derecho y de la democracia.
Volume 01 Teoria do direito;
Volume 02 Teoria da democracia;
Volume 03 La sintaxis del derecho.
Ferajolli não acredita que o governo seja bonzinho. Ele vai te ferrar. Por
isso, é preciso de garantias para defender os direitos das pessoas.

Garantismo designa un modelo normativo de derecho: precisamente,


por lo que respecta al derecho penal, el modelo de «estricta legalidad» se
propio del estado de derecho, que en el plano epistemológico se caracteriza
como un sistema cognoscitivo o de poder mínimo, en el plano político como
una técnica de tutela capaz de minimizar la violencia y de maximizar la
libertad y en el plano jurídico como un sistema de vínculos impuestos a la
potestad punitiva del estado em garantía de los derechos de los ciudadanos.
(Principia Iuris. p. 851-852)
Sistema de princípios e garantias para levar o processo de forma justa.

Surgimento do Garantismo Penal

Modelo Garantista de Validade, Vigência e Eficácia


Existência Formal
ou e/ou
Inexistência Substancial
Validez

Vigência Conformidade Procedimental


Dimensão temporal e de existência formal da norma

Teoria da Lacunas Com inconsistências


Invalidez Antinomias formais e substanciais
apta a lidar… Expectativas

Eficácia Observância normativa.

Constitucionalismo Garantista

Constitucionalismo Principalista/
Constitucionalismo Garantista
Neoconstitucionalismos
Separação entre Direito e Moral. Conexão entre Direito e Moral.
Forte positividade. Normatividade Fraca.
Submissão de si mesmo ao próprio Direitos fundamentais como princípios
direito. morais ou valores, passíveis de
ponderação (metáfora do peso).

O constitucionalismo argumentativo ou principialista apresenta os


direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos não como regras,
mas sim como valores ou princípios morais estruturantes, estes apresentam-
se em constante conflitos e nestes casos de colisão são confiados à
ponderação legislativa e judicial.
Aqui o direito é adaptado a práxis ou ao direito como fato, ao invés da
lógica do direito como norma.
O constitucionalismo normativo ou garantista apresenta os princípios
constitucionais, em especial os voltados aos direitos fundamentais, como
regra.
Como modelo direito, o garantismo se caracteriza pela lógica da
positivação dos princípios que devem regular toda produção normativa
(constituições rígidas). Violações por comissão dão lugar a antinomias e a leis
inválidas e anuladas pela jurisdição constitucional, nos casos de omissão,
principalmente nos direitos sociais, resultam em lacunas que exigem o
preenchimento através da intervenção legislativa.
Como teoria do direito o garantismo é caracterizado pela “divergência
entre o deve ser (constitucional) e o ser (legislativo) do direito.
Enfim, o garantismo em nenhum momento admite a conexão entre
direito e moral, na verdade busca o reforço da separação.

Da Separação Funcional dos Poderes

Funções Típicas.
Executar;
Legislar;
Julgar.

Funções Atípicas.
Julgamentos Administrativos;
Comissões Parlamentares de Inquérito;
Edição de Medidas Provisórias, etc.

Separação dos Poderes na Ótica Garantista

Esfera do decidível Funções do Governo


Valoração discricional da política
Legitimação Representação política
auctoritas non veritas facit legem

Esfera do indecidível Tutela dos direitos fundamentais


Razão social da democracia constitucional
veritas non auctoritas facit iudicium

Legitimidade do Modelo Garantista

Estado Legislativo
Avalorativa
Explicativa

Modernas Democracias Constitucionais


Crítica
Engajada,
Coerente com a Hierarquia das Fontes

Autopoiese e Heteropoiese A democracia como construção social

Autopoiese
Estado como fim em si próprio.
Direito como meio reforçamento e conservação do Estado

Heteropoiese
Estado como Instrumento para a Realização dos Direitos Fundamentais
Direito como meio de defesa e efetivação dos Direitos Fundamentais

Primazia do ponto de vista crítico externo

Da realização dos direitos constitucionais como condição de legalidade para


uma democracia que se pretenda substancial

Necessidade de COERÊNCIA no Ordenamento Jurídico


Democracia Substancial
Conteúdo da forma de governo (como se governa)
Oque se deve e o que não se deve decidir
Condição de legitimidade dos poderes constituídos
Esfera do indecidível

PARADIGMA: Efetiva realização dos Direitos Fundamentais


Imposto a todos os partícipes da organização estatal
Instituições de garantia incumbidas do julgamento de processos
(jud. e adm.)
Rigidamente vinculadas a aplicação substancial da Constituição

Garantismo

Democracia constitucional está em crise.


Enfraquecimento das instituições de garantia.
crescente absolutização dos poderes instituídos.
Discursos de Flexibilização das garantias constitucionais.
Necessidade de uma postura resistência constitucional.
Sistema Garantista:
Sujeição formal das práticas jurídicas a lei (democracia formal);
Sujeição também material (democracia substancial) das práticas
jurídicas aos conteúdos constitucionais.

Coerência Heteropoiética.

Estado Anti liberal Liberdade Selvagem


(Abuso do direito de punir) (Abolicionismo)

Rechaça os dois extremos


Modelo de Direito consistente numa liberdade regrada.

Ferrajoli sugere algumas técnicas de minimização do poder institucionalizado


10 axiomas
Se o Estado obedece os 3 grupos principiológicos abaixo, o mesmo é
garantista.

Garantias relativas a(o)


pena
delito
processo

Garantias Relativas à Pena


Nulla poena sine crimen retributividade
Não há pena sem crime
Nullum crimen sine lege legalidade
Não há crime sem lei
Lei anterior anterioridade
Lei escrita
Lei estrita Legislativo
Lei certa taxatividade
Nulla lex poenalis sine necessitate intervenção mínima
Não há lei penal sem necessidade.
Princípio da Adequação Social.

Garantias Relativas ao Delito


Nulla necesitas sine iniuria lesividade
Não há necessidade sem lesão
Nulla inuiria sine acciones exteriorização
Não há lesão sem ação
Nulla accio sine culpa culpabilidade
Não há ação sem culpa

Garantias relativas ao Processo


Nullas culpa sine iudicio jurisdicionalidade
Não há culpa sem reconhecimento judicial
Nullum iudicio sine acusatione acusatório
Não há reconhecimento judicial sem acusação
Nulla acusatio sine probatione ônus da prova
Não há acusação sem provas
Nulla probatio sine definisione contraditório
Não há provas sem ampla defesa

O acusador que tem que provar que é culpado, e não o réu que tem
que provar que é inocente.

O sistema garantista - SG
Trata- se de um modelo-limite, apenas tendencialmente e jamais
perfeitamente satisfatível.” Ferrajoli
“(...) máximo grau de racionalidade e confiabilidade do juízo e,
portanto, de limitação do poder punitivo e de tutela da pessoa contra a
arbitrariedade.” Ferrajoli

A1 Não há pena sem crime


A2 Não há crime sem lei
A3 Não há lei penal sem necessidade
Quando e como punir?
Garantias relativas à pena.

A4 Não há necessidade sem ofensa


A5 Não há ofensa sem ação
A6 Não há ação sem culpa
Quando e como proibir?
Garantias relativas ao delito.

A7 Não há culpa sem processo


A8 Não há processo sem acusação
A9 Não há acusação sem provas
A10 Não há prova sem defesa
Quando e como julgar?
Garantias relativas ao processo Princípios de DPP.

Justiça Restaurativa
Forma alternativa ao Direito Penal.

Colocar a vítima e o réu juntos, com uma equipe multidisciplinar.


Ideia de que cada um conte seu lado da história.
A vítima fala sobre as consequências do crime e seus
sentimentos.
O réu fala de sua vida para a vítima entender como era e
o que o levou a cometer o crime.

O direito penal Brasileiro não permite que as partes transijam.

A Justiça Restaurativa constitui-se num conjunto ordenado e sistêmico


de princípios, técnicas e ações, por meio dos quais os conflitos que causam
dano são solucionados de modo estruturado, com a participação da vítima,
ofensor, famílias, comunidade e sociedade, coordenados por facilitadores
capacitados em técnica autocompositiva e consensual de conflito, tendo como
foco as necessidades de todos envolvidos, a responsabilização ativa daqueles
que contribuíram direta ou indiretamente para o evento danoso e o
empoderamento da comunidade e sociedade, por meio da reparação do dano
e recomposição do tecido social rompido pela infração e suas implicações para
o futuro
Problema
Diante da predominância da norma positivada sobre a solução humana
da lide penal, à imposição da pena privativa de liberdade, tem se resumido
como única resposta apta a fazer frente a criminalidade.

Origem e Desenvolvimento
No campo da mediação penal nos EUA e Canadá, no início, a Justiça
Restaurativa era a Mediação e a Mediação era a Justiça Restaurativa.
Esta origem comum explica inúmeras semelhanças entre a Mediação e
a Justiça Restaurativa, mas a origem da Justiça Restaurativa em outros lugares
do mundo e seus desenvolvimentos locais ao longo do tempo, constituem a
Justiça Restaurativa como uma resolução alternativa de conflitos que vai além
da mediação vítima-ofensor.

Direito penal
Colaborativa Negocia, mas não diminui a pena “de graça”. Pede algo em
troca. Ex delação premiada.

Negocial plea bargain.


Grande aplicabilidade hoje.

Principais diferenças

Mediação Justiça restaurativa


Participação das partes diretamente Participação das partes direta e
envolvidas no conflito indiretamente envolvidas no conflito
Responsabilização individual Responsabilização coletiva
Foco na satisfação das partes Focado na reparação de danos e
diretamente envolvidas e atendimento de necessidades de
restabelecimento das relações todos
Construção de acordos pelas partes Construção de planos de ação pela
comunidade

Modelos de Justiça

Punitiva Reabilitadora Restaurativa


Pontos de Delito Indivíduo Prejuízos causados
Referência delinquente
Meios Aflição de uma dor Tratamento Obrigação de restaurar
Objetivos Equilíbrio Moral Adaptação Anulação dos erros
Posição das Secundário Secundário Central
Vítimas
Critérios de Adequação da PenaAdequação do Satisfação dos
Avaliação indivíduo interesses
Contexto Social Estado opressor Estado Estado responsável
providência

Conceitos
Encontro, Reparação, Transformação
“É a aproximação que privilegia toda forma de (transform)ação, individual ou
coletiva, visando corrigir as consequências vivenciadas no âmbito de uma
infração, a resolução de um conflito ou a conciliação das partes”. (Riccardo
Cappi)

“É um processo onde todas as partes ligadas de alguma forma a uma


particular ofensa vem discutir e resolver coletivamente as consequências
práticas da mesma e a suas implicações no futuro”. (Tony Marshall)

Valores – John Braithwaite

1º Grupo obrigatórios
Não-dominação
Empoderamento
Obedecer ou honrar
Escuta respeitosa
Preocupação igualitária
Accountability, appealability
Respeito aos Direitos Humanos

2º Grupo devem ser encorajados


Restauração (material, emocional, da dignidade, da compaixão e do
suporte social).
Presunção de futuras injustiças (participação, respeito, honestidade,
humildade, interconexão, empoderamento, esperança)

3 º Grupo dependem do aspecto pessoal do participante


Perdão
Desculpa
Clemência
Para despertar valores – vergonha reintegrativa.

Mudanças Ensejadas

Retributiva Restaurativa
Culpa Responsabilidade
Perseguição Encontro
Imposição Diálogo
Castigo Reparação do dano
Coerção Coesão

Concepção Restaurativa do Crime

Justiça Retributiva
A justiça determina a culpa e administra a pena mediante
procedimento contencioso entre o ofensor e o Estado, dirigido por regras
sistemáticas.
O crime é uma violação ao Estado, definida pelo descumprimento da
lei e pela culpabilidade.

Justiça Restaurativa
O crime é uma violação das pessoas e dos relacionamentos. Cria
obrigações para fazer as coisas bem feitas.
A Justiça envolve a vítima, o ofensor e a comunidade na busca de
soluções que promovem acordo, reconciliação e segurança.

Questões decisivas

Enfoque Retributivo
Qual lei foi violada?
Quem foi o culpado?
Que castigo ele merece.

Enfoque restaurativo
Quem foi prejudicado?
Quais suas necessidades
Quem deve reparar?
Fundamentação Legal

A ONU e os Direitos Humanos


A Dignidade da Pessoa Humana e o acesso à Justiça.
O Sistema dos Juizados Especiais e a Justiça Restaurativa
O Projeto de Lei Nº 7.006/2006.
O CNJ e a Resolução Adequada dos Conflitos
A Justiça Restaurativa no STF

A justiça restaurativa considera três dimensões


Quem causou o dano
Quem sofreu o dano
Comunidade

1. Busca entender e atender as necessidades de quem sofreu o dano, de quem


causou o dano e da comunidade.
2. Envolve todos na identificação do que está ocorrendo e na construção de
melhores formas de reparação dos danos.

Diversidades de Metodologias - Unidade de Princípios e Valores

Embora existam diversas práticas restaurativas ao redor do mundo, os


princípios fundamentais que embasam a Justiça Restaurativa são comuns e
universais.
Os valores que regem a Justiça Restaurativa são: empoderamento,
participação, autonomia, respeito, busca de sentido e de pertencimento na
responsabilização pelos danos causados, mas também na satisfação das
necessidades evidenciadas a partir da situação de conflito.
Princípios

1 Encontro de todos afetados pela situação de conflito, tanto direta como


indiretamente; mas também encontro de instituições co-responsáveis pelo
encaminhamento das situações de conflito.

2 Participação de todos na resolução do conflito e na construção de


condições de convivência no porvir; mas também construção coletiva pelas
redes secundárias de atendimento das estratégias de promoção de maior
participação e responsabilidade compartilhada por todos os afetados.
3 Reparação dos danos e atendimento das necessidades de todos os
afetados, numa preocupação concomitante de restauração da relação antes
dos danos a serem causados, mas, também, de equacionamento projetivo
desta relação para evitar nova emergência do conflito.

4 Reintegração na comunidade daqueles que criaram uma situação de


ruptura e dos outros que, afetados por um conflito, se sentiram oprimidos na
fluidez de suas relações sociais, evitando-se revitimizações.

Mas também, a reintegração preventiva, vale dizer, a prevenção contra


processos de exclusão e de marginalização, através de políticas inclusivas, que
evitem estigmatizações e permitam a tomada das pessoas em sua inteireza,
não pelos atos cometidos ou por determinada característica de
comportamento, de raça ou outro.

5 Transformação das pessoas envolvidas na situação de conflito pelo


confronto de perspectivas e de referências culturais, como também das
instituições que, entre si, participam da implementação de um novo
paradigma de ação, articulado e comprometido com o envolvimento
participativo de todos os usuários dos serviços no apontamento das melhores
soluções para os problemas por eles enfrentados; por fim, transformação
cultural da comunidade, com reflexão e de revisão de seus valores, e de
papéis governamentais na sua relação com a comunidade.

6 Inclusão e respeito à diversidade cultural e de problemáticas afetando


diferentes grupos populacionais, tomando-os não apenas pelas questões
individuais suscitadas, mas também naquilo que apresentam coletivamente.

Abordagem Punitiva Abordagem Punitiva


Definir o culpado é central Resolução do conflito é central
Foco no passado Foco no futuro
Necessidades são secundárias Necessidades são primárias
Enfatiza diferenças Procura pelo comum
Imposição de dor considerada Restauração e reparação consideradas
normativa normativas
Foco no ofensor, vítima ignorada Necessidades da vitima são centrais
Instituição responsável pela resposta Reconhecidos os papéis da vítima,
ao conflito do ofensor e da comunidade.

Responsabilização
Quem praticou o ato ofensivo deve assumir a responsabilidade pelo
que praticou, compreendendo as consequências para o outro e para si
mesmo, das escolhas que fez.
A responsabilidade pelas implicações do ato ofensivo não é apenas de
quem praticou o ato, mas de um conjunto de atores sociais, inclusive do Poder
Público e da comunidade

Então não haverá mais punição?


A pessoa faz uma coisa horrível e só tem uma conversa?
Justiça Restaurativa é impunidade?

Não.
Por meio dos procedimentos restaurativos, quem praticou o ato de
desrespeito / violência deve assumir a responsabilidade pelo acontecido e
fazer algo que, aos olhos de quem foi ofendido /afetado, compense o dano
sofrido.

Como é a Justiça
Restaurativa na prática?

Temos várias possibilidades de práticas restaurativas, tais como:


Encontros Restaurativos que são um espaço de poder compartilhado,
onde as pessoas chegam de livre e espontânea vontade; ninguém é
culpabilizado os participantes assumem a responsabilidade pelo acontecido e
chegam a um plano que repare o dano vivido e restaure as relações.

Conversas restaurativas, quando duas pessoas em conflito resolvem


conversar para resolver o conflito usando as ferramentas restaurativas
aprendidas.

Teoria das Janelas Quebradas


A desordem gera desordem.
Em 1969, na Universidade de Stanford, Phillip Zimbardo faz uma Experiência
Um veículo foi abandonado no Bronx, um bairro considerado de baixa
renda e com alto índice de criminalidade de Nova York, enquanto o outro em
Palo Alto, um bairro mais nobre que fica em uma zona rica e tranquila da
Califórnia.
Após algumas horas, o carro abandonado no Bronx começou a ser
deteriorado: suas rodas foram roubadas, depois o motor, os espelhos, o rádio
e vários outros objetos que nele havia.
O veículo idêntico abandonado em Palo Alto manteve-se intacto.
Então, os pesquisadores decidiram quebrar um vidro do automóvel:
logo perceberam que o mesmo processo de destruição analisado com o
veículo do Bronx ocorreu com o do bairro mais rico.

A Origem
James Q. Wilson e George L. Kelling escreveram um artigo na década
de 1980 entitulado “Broken Windows”.
Eles defendiam que uma estratégia de êxito para prevenir o
vandalismo seria resolver os problemas quando eles são pequenos.
“Repare as janelas quebradas rapidamente e será possível ver como os
vândalos terão menos probabilidade de estragar mais”.

Broken Windows Theory


Uma janela quebrada em um veículo transmite uma ideia de
abandono, de desinteresse, de falta de regras, pois caso não seja concertada
faz com que se admita a quebra dos códigos atribuírem apenas a pobreza
como fato isolado, as causas do delito e sim, com a psicologia humana e com
as relações sociais. (MOURA JUNIOR, 2015, p. 287).
Em 1982 foi publicada na revista The Atlantic Monthly uma teoria
elaborada por dois criminólogos americanos, James Wilson e George Kelling,
denominada Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory).
Essa teoria parte da premissa de que existe uma relação de
causalidade entre a desordem e a criminalidade.
A teoria baseia-se num experimento realizado por Philip Zimbardo,
psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um
bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia) e outro deixado no Bronx (Nova
York).
No Bronx o veículo foi depenado em 30 minutos; em Palo Alto, o carro
permaneceu intacto por uma semana. Porém, após o pesquisador quebrar
uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e saqueado por
grupos de vândalos em poucas horas.

A teoria das janelas quebradas (ou broken windows theory),


desenvolvida nos EUA e aplicada em Nova York, quando Rudolph Giuliani era
prefeito, por meio da Operação Tolerância Zero, reduziu consideravelmente os
índices de criminalidade naquela cidade.
O resultado da aplicação da broken windows theory foi a redução
satisfatória da criminalidade em Nova York, que antigamente era conhecida
como a “Capital do Crime”.
Uma das principais críticas a essa teoria está no fato de que, com a
política de tolerância zero, houve o encarceramento em massa dos menos
favorecidos (prostitutas, mendigos, sem-teto etc.).

Preservação e recuperação
de espaços públicos
Wilson, Kelling,
Giuliani, Bratton Repressão direta às
pequenas infrações penais,
prevenção geral.
Teoria das janelas
quebradas

Operação Aumento das prisões e


Tolerância Zero redução drástica da
criminalidade

Aula 4 – 08/03/2023
Espécies de Pena

De acordo com a CF/88, art.5º, XLVI:


XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,
as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

No Código Penal
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.

Penas Privativas de Liberdade

Reclusão mais grave


Fechado
Semiaberto
Aberto

Detenção média
Semiaberto
Aberto

Via de regra, detenção não é em regime fechado, mas às vezes sim.


Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto
ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade
de transferência a regime fechado.
§ 1º – Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de
segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

A Lei de Contravenções Penais prevê também a prisão simples.


Art. 5º As penas principais são:
I – prisão simples.
II – multa.

Existem três tipos diferentes para poder pôr o condenado em níveis diferentes
de prisão, a depender do crime/circunstâncias/pessoa.

Constituem o centro da política penal e a forma principal de punição.


A reclusão e a detenção também diferem na aplicação da medida de
segurança (pois crimes de reclusão aplica-se internação e crimes de detenção
tratamento ambulatorial) e na aplicação da fiança (nos crimes de reclusão só
pode ser concedida pelo Juiz e de detenção pode ser concedida também pela
autoridade policial).

Críticas
“A pena de prisão é a espinha dorsal do sistema penal brasileiro, ainda
que sua falência seja reconhecida.”

Ferrajoli - “cárcere é uma instituição [...] lesiva para a dignidade das pessoas,
penosa e inutilmente aflitiva, motivo por que propõe sua abolição gradual,
bem como imediata redução da pena máxima para dez anos de prisão”.
Fragoso – “como instituição total, a pena necessariamente deforma a
personalidade, ajustando-se à subcultura da prisão (prisionização).”

Sistemas Prisionais
Antigamente, as penas eram meros castigos.

Pensilvânico Filadélfia – EUA 1790


Os presos ficavam recolhidos nas celas isoladamente, sem contato com
terceiros ou externo e sendo estimulados a retenção pela Bíblia.
Requintes de tortura.

Auburniano Auburn – EUA 1818


Os presos poderiam trabalhar durante o dia, em silêncio, repouso
noturno isolado.
Pequena evolução, pois permitiu o trabalho coletivo.

Progressivo Inglaterra e Irlanda 1857


Ainda hoje.
Inicialmente os presos ficam isolados.
Período de prova pensilvânico.

Após um tempo, o preso iniciava o trabalho durante o dia, em silêncio,


e isolado à noite.
Sistema Auburniano
Após, todos ficavam juntos, durante o dia e à noite.
Somente no sistema Irlandês.
Livramento condicional.

Sistema Pensilvânico ou Filadélfico.

Nesse sistema penitenciário foram utilizadas convicções religiosas e


bases do Direito Canônico para estabelecer uma finalidade e forma de
execução penal.
O condenado deveria ficar completamente isolado em uma cela, sendo
vedado todo e qualquer contato com o meio exterior. Objetivava-se a expiação
da culpa e a emenda dos condenados.

Solitária 24h por dia, até nas refeições.


Policial no centro do presídio conseguia vigiar todas as celas.
Era comum que a Igreja fizesse a administração dos presídios.
Também como forma de doutrinação religiosa.

Sistema Auburniano

Sua origem prende-se à construção da penitenciária na cidade de


Auburn, do estado de Nova Iorque, em 1818, sendo seu diretor Elam Lynds.
Este sistema deixou de lado o confinamento absoluto do preso por
volta de 1824, “a partir de então se estendeu à política de permitir o trabalho
em comum dos reclusos, sob absoluto silêncio e confinamento solitário
durante a noite.
A diferença mais nítida entre o sistema pensilvânico e o auburniano diz
respeito à segregação. Naquele, a segregação era durante todo o dia; neste,
era possível o trabalho coletivo por algumas horas. Ambos, porém, pregavam
a necessidade de separação dos detentos, para impedir a comunicação, e o
isolamento noturno acontecia em celas individuais.
Contato mínimo entre os detentos.
Não podiam conversar.
Esse sistema acabou com o confinamento absoluto.

Sistema Progressivo
O sistema Progressivo (inglês ou irlandês) surgiu na Inglaterra, no
século XIX, atribuindo-se sua origem a um capitão da Marinha Real, Alexander
Maconochie.

A essência deste regime consiste em distribuir o tempo de duração da


condenação em períodos, ampliando-se em cada um os privilégios que o
recluso pode desfrutar de acordo com sua boa conduta e o aproveitamento
demonstrado do tratamento reformador.

Possibilitar ao recluso reincorporar-se à sociedade antes do término da


condenação.

A meta do sistema tem dupla vertente: de um lado pretende constituir


um estímulo à boa conduta e à adesão do recluso ao regime aplicado, e, de
outro, pretende que este regime, em razão da boa disposição anímica do
interno, consiga paulatinamente sua reforma moral e a preparação para a
futura vida em sociedade.
O grande mérito é começar a inserir o preso na sociedade.

Sistema Progressivo Inglês 1838


Condições de cumprimento
Isolamento celular, inicial.
Trabalho comum prisional, em silêncio.
Isolamento noturno.
Semiliberdade com vigilância até o fim da pena.

Sistema Progressivo Irlandês 1840


Mais afrouxado.
Condições de cumprimento
Isolamento celular, por 9 meses.
Trabalho diurno.
Isolamento noturno.
Trabalho fora do presídio e recolhimento noturno.
Livramento condicional.

Regimes Prisionais

O art. 33 CP além de prever os regimes prisionais dispõe sobre o que consiste


cada regime e quando deve ser aplicado:

Regime FECHADO aquele no qual a execução da pena ocorre


inicialmente em estabelecimento de segurança máxima ou média, aplicável a
condenado a pena superior a 8 anos de reclusão.
Tem mais estrutura para promover o trabalho do detento.
Penas maiores.
Segurança máxima ou média.

Regime SEMIABERTO a execução da pena em colônia agrícola,


industrial ou estabelecimento similar, aplicável a condenado a pena maior que
4 anos e que não exceda 8 anos.
Também proporciona o trabalho do apenado.
Ex colônia agrícola.
Regime ABERTO a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado, aplicável a condenado a pena igual ou inferior a 4
anos.
Se começa no aberto, nunca vai ficar “preso” de fato.

O regime é decidido pelo juiz ao proferir a sentença penal condenatória.

Pena Reclusão Detenção


≤ 4 anos Aberto Aberto
Semiaberto Semiaberto
Fechado
4 < pena ≤ 8 anos Semiaberto Semiaberto
Fechado
> 8 anos Fechado Semiaberto

Reclusão
admite regime inicial fechado.

Detenção
Não admite regime inicial fechado.

Prisão Simples
Não admite regime fechado em hipótese alguma.

Para condenado à pena de reclusão, reincidente, o CP determina que o


regime seja inicialmente fechado.
Reincidente de crime de reclusão regra é inicial fechado.
Porém é admissível apenas a agravação do regime, conforme dispõe a
Súmula nº 269 do STJ.

Súmula STJ nº 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos


reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis
as circunstâncias judiciais.
Semiaberto para penas ≤ 4 anos.
Súmula com objetivo de desafogar os presídios.
O reincidente também nunca irá para o regime aberto de pronto, mas
pode progredir, atendidos os requisitos.

Súmula nº 719 STF - a imposição do regime de cumprimento mais severo do


que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.
Essas decisões têm que ser fundamentadas, sob pena de nulidade.
Quando dá a sentença, tem que dizer porque decidiu pelo
fechado ou semiaberto.

Súmula nº 718 STF - a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do


crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo
do que o permitido segundo a pena aplicada.

Hoje, todos os crimes permitem a progressão de regime.


O que muda é o percentual que já cumpriu para poder progredir.
No sistema progressivo, uma pessoa condenada a detenção em regime
semiaberto pode progredir da pena para regime aberto após o cumprimento
de uma porcentagem de sua pena.
A porcentagem depende de cada caso.
Tem que ter bom comportamento.
Tem que provar que pode prover seu próprio sustento.
Já ter um emprego engatilhado.

O apenado também pode haver regressão da pena.


Processo Incidente de Apuração de Falta Grave.
Apura se transgrediu as regras transgressão disciplinar.
Se restar comprovada a violação das regras, então pode
regredir.
Se cometer um crime enquanto estiver preso, aí não é
transgressão disciplinar.
Haverá nova ação penal.
As penas se somam.

Aula 5 – 15/03/2023

Regimes das Penas Restritivas de Liberdade


Fechado
Semiaberto
Aberto
Fechado
Crimes mais violentos e com penas maiores.
É um sistema progressivo.
Começa em um, e conforme vai progredindo, vai migrando,
para ficar cada vez mais próximo da vida normal.

Por ser mais duro, é cumprido em segurança máxima ou média,


normalmente penitenciária.
Penitenciária presos condenados com sentença transitada
em julgado.
22H preso na cela.
2H banho de sol.

Código penal considera fechado o regime de execução de pena


privativa de liberdade em estabelecimento penal de segurança máxima ou
média (art. 33, § 1º, a, do CP) onde o condenado fica sujeito a trabalho no
período diurno e a isolamento durante o repouso noturno (art. 34, § 1º, CP);-
SISTEMA PROGRESSISTA.
A lei de execuções penais estabelece que o condenado à pena de
reclusão em regime fechado cumprirá a pena em uma penitenciária, devendo
ser alojado em cela individual, com dormitório, lavatório, e aparelho sanitário.

O preso do fechado pode trabalhar.


No presídio.
Fora do presídio (extra muros) em obras públicas
Diferente do semiaberto, neste caso tem escolta policial.

Trabalhar é mais que um direito, é um DEVER.


Trabalho não é oferecido a todos.
Trabalho é importante para
Remissão da pena
Receber salário
Salário mínimo não é obrigatório
Parte do salário reverte para o presídio.
Sem direitos trabalhistas.

Trabalho interno e obrigatório, regulado pela lei de execução penal,


cuja jornada não poderá ser inferior a 6 (seis), nem superior a 8 (oito) horas,
assegurado o descanso nos domingos e feriados. O objetivo é a formação
profissional do condenado;
Os recursos oriundos da comercialização dos produtos reverterão ao
estabelecimento penal ou à fundação ou empresa pública que gerenciar a
atividade laboral do presídio;
Possibilidade de trabalho externo, em serviços ou obras públicas, se
cumprida, no mínimo, um sexto da pena.
A aplicação do regime fechado pode advir exclusivamente quantidade
da pena; da qualidade de reincidente do condenado ou de especiais
circunstâncias concretas do crime.
O regime depende
Tamanho da pena
Se é reclusão ou detenção
Reincidência
Circunstâncias do crime

Diferentemente da realidade, pela letra da lei caracteriza se pelo


trabalho comum interno (regra), ou em obras públicas externas (exceção)
durante o dia, e pelo isolamento durante o repouso noturno.
CP Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento
da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da
execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a
isolamento durante o repouso noturno.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que
compatíveis com a execução da pena
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços
ou obras públicas.
A LEP prevê alojamento do condenado em ambiente salubre, cela
individual com pelo menos 6,00m², dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
Celas coletivas
Só existem celas individuais em penitenciárias federais.
São presídios de segurança extra máxima.

CP Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que


conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de
aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência
humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
O caput do art. 34 prevê o exame criminológico que não mais é
obrigatório.
Laudo por equipe multidisciplinar que avalia o perfil psicológico
do apenado.
Hoje é facultativo.
O Juiz determina
MP ou defesa solicitam.
Quando era obrigatório, o laudo demorava muito para
ficar pronto.
Era muito utilizado quando fosse averiguar a
questão da progressão de regime
CP Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para
individualização da execução.
Com a execução em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Semiaberto
O rigor diminui.
O preso tem mais liberdades.

Na teoria
Fechado Cela individual.
Quando progride, celas coletivas socialização

A pena deve ser cumprida em colônia agrícola, industrial ou similar,


podendo ser o condenado alojado em compartimento coletivo.
Possui rigor intermediário, a restrição da liberdade do condenado é
diminuída.
Celas são coletivas.
Permite socialização.

Permite-se a frequência a cursos profissionalizantes, de instrução de


segundo grau ou superior.
Caracteriza-se pelo trabalho externo ou interno durante o dia e
recolhimento noturno.
É semiaberto o cumprimento de pena privativa de liberdade em
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
Faculdade dada ao juiz, pela lei de execução, em realizar o exame
criminológico no condenado ao regime de pena privativa de liberdade em
regime semiaberto.
Lei 7.210/84 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de
liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a
obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com
vistas à individualização da execução.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido
o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime
semiaberto.
O trabalho também é obrigatório, observadas as mesmas regras para o
trabalho interno do regime fechado.
Trabalho externo poderá ser realizado em obras particulares, mediante
remuneração e fiscalização, mas sem vigilância.
Não há escolta policial.

Para muitos detentos, mudar de fechado para semiaberto, não muda


nada.
Na teoria, seria melhor, pois sairia de uma cela individual para uma
coletivas, permitindo a socialização.

Aberto
É mais brando.
Quase sem fiscalização.
Na prática, fica fora do presídio 24 h por dia.

Fundado na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.


O regime aberto baseia-se na autodisciplina e no senso de
responsabilidade do apenado.
O condenado só permanecerá recolhido (em casa de albergado ou em
estabelecimento adequado) durante o repouso noturno e nos dias de folga. O
condenado deverá trabalhar, frequentar cursos ou exercer outra atividade
autorizada fora do estabelecimento e sem vigilância.

Pode Regra
Sair do presídio
Trabalhar em qualquer lugar.
Não pode ir para qualquer lugar, só trabalho/casa/trabalho.
Se for pego fora do trabalho ou fora do trajeto, pode ser
que venha regredir de regime
Final do expediente e nos fins de semana volta para dormir.
Casa do Albergado
Presídios de segurança mínima.
Na prática, eles ficam em casa.
Em SC quase não existem Casas de Albergado.

Com responsabilidade e disciplinadamente, o detento deverá


demonstrar que merece a adoção desse regime, e que para ele está
preparado, sem frustrar os fins da execução penal, sob pena de ser transferido
para outro regime mais rigoroso.
CP Art. 36 § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se
praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se,
podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
O maior mérito do regime aberto é manter o condenado em contato
com a sua família e com a sociedade, permitindo que o mesmo leve uma vida
útil e prestante.
Restrição mínima a liberdade do condenado, regime menos rigoroso.
Tem por fundamento a autodisciplina e o senso de responsabilidade.
Caracteriza-se pela liberdade sem restrições para o trabalho externo,
frequência cursos e outras atividades autorizadas durante o dia e pela
liberdade restringida durante a noite e dias de folga.
O ingresso no regime aberto pressupõe, arts113/114 da LEP:
a)Condenado trabalhando ou em condições de;
b) Possibilidade de ajustamento ao regime;
c) Aceitação do programa e das condições impostas pelo juiz.

Requisitos para entrar no regime aberto.


Estar trabalhando
Ex estava no semiaberto trabalhando em uma
empresa.
Poder trabalhar
Ônus do detento provar para o juiz que consegue um
trabalho.
Declaração de emprego
Normalmente a família que vai atrás.
A fiscalização realmente funciona.

Carta de condições
Diz o que não pode fazer.
Condições do Regime Aberto
Especiais determinadas pelo juiz
Gerais obrigatórias para todos
Permanecer no local que for designado, durante o repouso e
nos dias de folga O endereço que indicou.
Sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados.
Casa/trabalho/casa.
Não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial
Apenas em casos extraordinários.
Comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas
atividades, quando for determinado.
Pad – Prisão Albergue Domiciliar
Excepcionalmente a LEP prevê o regime aberto domiciliar. Antes era:
Para idosos
Não precisam trabalhar.
Para pessoas com alguma doença que não pudesse ser tratada no
presídio.
Ex quem precisa de hemodiálise.
Não bastam laudos da defesa.
O juízo nomeia um perito.

Hoje, vale para todos.


Não pode sair de casa para nada.
Se sair é falta grave enseja regressão de regime.
LEP Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de
regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
Todos os casos do Art. 117 são uma FACULDADE do juiz.

OBS: Não havendo Casas de Albergado suficientes, a imensa maioria dos


condenados cumpre pena dessa forma.

RDD – Regime Disciplinar Diferenciado


Regime fechadíssimo.
É uma sanção disciplinar
Ou cometeu uma falta muito grave, geralmente crime.
Ou suspeita de que integra alguma quadrilha.
Não é só castigo, mas também para cortar o elo com sua facção
criminosa.
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.

Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato
motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e
fundamentado despacho do juiz competente.
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar
dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
Requerimento detalhado.
Quase um inquérito.
Só o juiz da Execução Penal pode determinar.
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar
será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada
no prazo máximo de quinze dias.
Contraditório e ampla defesa.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta
grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas,
sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características:
Crime ou falta grava o suficiente para subverter a ordem.

I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da


sanção por nova falta grave de mesma espécie;
Pode ser renovado.
II - recolhimento em cela individual;
Normalmente em presídio federal.
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas
em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de
objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas
Monitorada e gravada, exceto visita do advogado.
Art. 52. […]
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para
banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato
com presos do mesmo grupo criminoso;
Em alguns casos, até o banho de sol é vedado.
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor,
em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de
objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
Na verdade, todas as correspondências de um presídio são
fiscalizadas.
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo
ambiente do preso.

Pode ficar os primeiros 6 meses sem visita alguma, só podendo fazer


ligação.
Art. 52. […]
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos
presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros:
Presos cautelares, sem condenação
Preventivo
Provisório
Flagrante
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da sociedade
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
participação, a qualquer título, em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.
Não fez nada, mas há suspeita.
Muito comum com líderes de organizações criminosas.
Art. 52. […]
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o
preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas,
quadrilha ou bando.
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional
federal.
Na prática, é só se tiver vaga.
Art. 52. [...] § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime
disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos
de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal de origem ou da sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a função
desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a
superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento
penitenciário.
Na prática, é difícil de provar.

Associação criminosa
Antiga quadrilha ou bando.
CP Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o
fim específico de cometer crimes.
Milícia Privada
Locais onde não há presença da polícia. Ex favelas.
Organização paramilitar.
Civis organizados segundo padrões militares.
Máfia
Esquadrão grupo de extermínio
CP Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a
finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código.
Organização Criminosa.
Lei 12.850/13 Art. 1º § 1º Considera-se organização criminosa a
associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.

Art. 52. [...]


§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar
diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa,
principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso
com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia
privada, ou de grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada
em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar
diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput
deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que
será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10
(dez) minutos.

Penas Vedadas pela CF


CF Art. 5º XLVII - não haverá penas:
a de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX;
b de caráter perpétuo;
c de trabalhos forçados;
d de banimento;
e cruéis.
Pena de morte
Permitida apenas em caso de guerra declarada, nos casos específicos
do Código Penal Militar.
A execução por fuzilamento .
Alguns exemplos desses crimes são
traição
Ex usar armas contra o Brasil, auxiliar o inimigo.
covardia
Ex fugir na presença do inimigo
rebelar-se ou incitar a desobediência contra a hierarquia
militar;
desertar ou abandonar o posto na frente do inimigo;
praticar genocídio;
crimes de roubo ou extorsão em zona de operações militares;
entre outros.
Esses crimes são considerados para pena de morte SOMENTE em caso
de guerra declarada.

Penas perpétuas
Estão definitivamente fora do sistema penal brasileiro, segundo a
CF/88.
É praticamente unânime o entendimento de que esse tipo de pena não
traz efeitos positivos para a sociedade e muito menos para os condenados.
Os reflexos são totalmente negativos, tais como a manutenção da
ociosidade e a transformação do condenado em pária social.
Hoje, a pena máxima é de 40 anos.
Obs. Para o cálculo da progressão de regime é em cima do
total da pena. Se a pena total é de 80 anos, esse cálculo será em cima desses
80, mesmo que “só” cumpra esse máximo de 40 anos.

Pena de trabalho forçado


Penas que exigem um esforço físico atroz, beirando a tortura.

À vedação da pena de trabalhos forçados, esta deve ser entendida


como aquela que proíbe a obrigação do condenado a um trabalho exaustivo,
humilhante e que traga prejuízo à sua saúde física ou mental.
Obs.: Não deve tal espécie de pena ser confundida com os dispositivos
da Lei de Execução Penal, quais sejam os artigos 28, 31 e 39, V, que preveem a
obrigatoriedade do trabalho do preso, com finalidade educativa e produtiva.

Pena de Banimento
Desterro
“Consistia na expulsão do território nacional de quem atentasse contra
a ordem política interna ou a forma de governo estabelecida”. (Greco, 2019,
p. 91).
Sua vedação visa, pois, preservar o direito à nacionalidade e à
permanência no território nacional, ao teor do que prevê o artigo 5º, XV da CF.
Deve-se estar atento à diferença que existe entre o banimento e a
extradição, a deportação e a expulsão. Estas três últimas medidas recaem
sobre estrangeiros, enquanto que o primeiro sobre nacionais.
Brasileiro naturalizo poderá ser extraditado (art. 5º, LI, da CF/88).

Extradição
Entrega a pessoa para outro país.
Pode voltar.
Deportação
Manda embora, pois está em situação irregular.
Imigrante “ilegal”.
Pode voltar ao Brasil.
Expulsão
Estrangeiro, regular ou não, que cometeu crime.
Não pode voltar para o Brasil.
Penas Cruéis
São todas as penas que submetem o condenado a tratamento
desumano ou degradante ou a sofrimento excessivo, como, por exemplo,
mutilações, castração, tortura, humilhação, maus tratos, ou ainda, aquelas
que impossibilitem a sua reinserção social, a exemplo do isolamento por
período excessivo.
O art. 1º, III, da CF/88, está disposto que um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana.
O art. 5º, III, veda a prática de tortura, já que, afinal, o delinquente não
deixa de pertencer ao gênero humano.
Aula 6 - 22/03/2023

Penas Restritivas de Direitos


Evolução histórica das penas.
Iniciou-se:
Nas penas corporais (aflitivas),
Passando pelas penas privativas de liberdade (problemas destas
penas),
Chegando neste momento nas penas restritivas de direito,
quando o crime for menos grave.

Na década de 80 houve uma virada para o uso de penas alternativas.


Pena de privação de liberdade passa a ser usada para crimes
mais graves.

As penas restritivas de direito são substitutivas, ou seja, primeiro aplica


se a pena privativa de liberdade, e quando possível, procede-se a sua
substituição.
O juiz dá a pena de privação de liberdade, através da dosimetria.
Com a pena em concreto, aplica as regras para a substituição.
Pode dar mais de uma pena restritiva de direitos.
CP Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
Vai para a vítima, como indenização.
Não confundir com multa, que vai Funpen ou Funad.
Se não cumprida, pode virar privação de liberdade.
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
É a mais aplicada.
Réu trabalha para uma instituição de caridade ou entidade sem
fins lucrativos.
V - interdição temporária de direitos;
Ex Perda do direito de dirigir.
Proibição de exercer a profissão.
Ambos se o crime foi cometido com relação ao direito
interditado. Se o crime foi cometido ao volante, perde a CNH. Se o
médico for negligente, perde o direito de exercer a profissão.
VI - limitação de fim de semana.

Prestação Pecuniária
CP Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior,
procederse-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
§ 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à
vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação
social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários.
§ 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do
beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra
natureza.
Tem que ter acordo.
Ex dar um carro, um apartamento, etc.
§ 3º A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á,
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e
seu valor terá como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou
do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática
do crime.
Prejuízo ≠ Lucro

Crime vago
Vítima indeterminada.
Ex Tráfico de drogas vítima é a sociedade.
Crimes ambientais vítima é o meio ambiente.
O valor da pena pecuniária vai para uma instituição da região
relacionada ao assunto do crime

A CF veda a indexação em salário mínimo, mas o §1º nunca foi


declarado inconstitucional.
Os valores da pena pecuniária e da indenização (cível) nem sempre são
os mesmos, pois são de juízos diferentes.
Se no cível for maior, abate o que já pagou, e paga só a
diferença.
Abate só o que já que pagou no penal, e não toda a
pena.
Perda de Bens e Valores
Pena de caráter pecuniário que recai sobre o patrimônio lícito do
condenado.
≠ da perda do proveito ou produto do crime.
Esse perde automaticamente.
A perda de bens é sobre o patrimônio lícito.
Ex Rouba um banco. O dinheiro que roubou ele não perde,
pois não é dele, e não é lícito.

Destinatário Fundo Penitenciário (Funpen).


Legislação especial pode prever destinatário diverso.
Ex Lei de drogas destinatário é o Funad.
Cálculo
Limitação do quantum o maior valor entre o montante do prejuízo
causado ou do proveito obtido com a prática do crime.

Perda de bens e valores versus confisco de instrumentos do crime.


CP – Art. 45 [...] § 3º A perda de bens e valores pertencentes aos
condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto - o que for maior - o
montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por
terceiro, em consequência da prática do crime.

Prestação de Serviços à Comunidade


CP Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da
liberdade.
§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos
congêneres, em programas comunitários ou estatais.
§ 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as
aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa
por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de
trabalho.
§ 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca
inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

Crimes sem violência ou grave ameaça.


Sem reincidência (regra).
Outros.

Pode transformar em multa ou 2 penas alternativas.


Pena superior a 6 meses e inferior a 4 anos.

1 hora de serviço por dia de condenação.


Cumpre uma hora por dia.
Se a pena for muito grande, pode fazer mais horas por dia para
cumprir antes, mas nunca menor do que a metade.
Sem direitos trabalhistas.

Lei n. 7.210/84 Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:


I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal,
devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o condenado
deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas aptidões;
II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade,
dias e horário em que deverá cumprir a pena;
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações
ocorridas na jornada de trabalho.
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será
realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não
prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz.
§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
comparecimento.

Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de serviços


encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circunstanciado das
atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre
ausência ou falta disciplinar.

O juiz da execução penal que escolhe onde, quando, como ele vai cumprir o
serviço comunitário.
Em RSL, após a conversão para serviços comunitários, o assistente
forense coordena tudo.
O assistente vê questões como aptidão, onde, quando, como.
Depois o juiz homologa.
A instituição é avisada via ofício, e vai uma ficha de controle de
horários, e controle, que é enviada à vara criminal uma vez por mês.

Se o juiz da instrução não converter a pena, ainda é possível a conversão na


execução penal, mesmo após o trânsito em julgado.

Lei de Drogas – 11.343/2006


Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta
Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e
liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de
direitos.
Tráfico de drogas, em geral.
Mas há entendimento de que se o crime for sem violência ou grave
ameaça, pode haver a substituição, SE COUBER.

Lei Maria da Penha – 11.340/2006


Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação
pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento
isolado de multa.
Não pode trocar prisão por apenas multa, mas pode converter em
serviço comunitário.

Súmula 588 – STJ


A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Não inclui a noção de violência imprópria, que é quando se
reduz a capacidade de defesa da vítima.
Ex boa noite cinderela.

Limitação de Final de Semana


Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao
condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.
Não tem muita eficácia.

Interdição Temporária de Direitos


CP Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem
como de mandato eletivo;
Não é perda de cargo. Quem perde o cargo, não pode voltar.
Quem fica proibido de exercer o cargo, pode ser que volte.
O crime tem que estar relacionado ao cargo.
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
Profissões que demandam a autorização do poder público ou
agente delegado pelo poder público.
O crime tem que estar relacionado à profissão.
Ex Médico (CFM), advogado (OAB), etc.
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
Crimes cometidos ao volante Arts. 292 e 293 CTB.
Pode ser cumulativo pena privativa de liberdade e suspensão
da CNH. A suspensão começa só após o livramento.
Atenção existem infrações que não são crime, mas que
ensejam a suspensão da CNH.
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
Somente após o trânsito em julgado.
≠ de medida protetiva da Maria da Penha.
Aplicada antes do trânsito em julgado.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame
públicos.
Código de Trânsito Brasileiro

Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a


habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou
cumulativamente com outras penalidades.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de
dois meses a cinco anos.
Natureza das penas restritivas de direitos:
Autonomia
Caráter substitutivo

Duração das penas restritivas de direitos


CP Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV,
V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
substituída, ressalvado o disposto no § 4 o do art. 46.
Ex 2 anos de reclusão 730 dias.
Pena de serviços à comunidade 730 horas

Requisitos para a Substituição


Requisitos cumulativos
CP Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer
que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
Pena concreta, após a dosimetria.
Qualquer crime culposo.
Crimes dolosos, pena até 4 anos.
Violência própria.
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
Comete um 2º crime após a condenação com trânsito em
julgado do 1º.
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente.
Grau de culpabilidade.
Bons ou maus antecedentes.
São condições subjetivas.
Juiz tem discricionariedade para avaliar.

Condições Objetivas
Crimes Dolosos
Quando a pena aplicada não for superior a quatro anos,
excluídos os crimes cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa.
Crimes Culposos
Qualquer que seja a pena.

Condições Subjetivas
Não ser reincidente em crime doloso.
Se a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do condenado, bem como os motivos e circunstâncias do crime, indicarem
que essa substituição for suficiente.

Art. 44. (...) § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a


substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se
superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma
pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Pena pequena ≤ a um ano.
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude
da prática do mesmo crime.
Mitigação do Art. 44, II.
Até 6 meses só multa.
6 meses a 1 ano multa restritiva de direitos.
+ de 1 ano restritiva de direitos multa ou +1 restritiva de direitos.

Art. 44. (...) § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa


de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o
tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro
crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Se conseguir cumprir a primeira e a segunda ao mesmo tempo.
Soma o saldo da primeira e da nova pena.

Penas restritivas de direito podem voltar a ser privativas de liberdade


se o apenado não cumprir.
Saldo mínimo 30 dias.
Se o saldo for menor que 30, cumpre 30.

Momento da Substituição

Na sentença condenatória
A pena restritiva não pode ser aplicada diretamente, isto é, sem
passar primeiro pela pena de prisão.
Cabe ao juiz quantificar a pena privativa de liberdade, nos termos
do art. 68 do CP (sistema trifásico). Somente depois de concluída essa
etapa é que cabe ao juiz verificar a possibilidade de substituição da prisão
por pena alternativa.
CP Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes,
à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias
e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
I- as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por
outra espécie de pena, se cabível.

Na fase executiva da pena de prisão (LEP, art. 180)


Pode haver substituição da pena privativa de liberdade não
superior a dois anos durante a execução penal.
LEP Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que:
I – o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
II – tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena;
III – os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser
a conversão recomendável.

Critérios de Substituição
Pena Possibilidade de Substituição
Até 6 meses Pena de Multa
(art. 60, § 2º do CP)
Pena de Multa ou Restritiva de Direitos
Até 1 ano
*Prestação de Serviços à Comunidade,
(art.44, § 2º do CP)
vedada para pena inferior a 6 meses.
Superior a 1 ano mas inferior a 4 Pena de Multa + Uma Pena Restritiva de
anos Direitos OU
(art. 44, § 2º do CP) DUAS Penas Restritivas de Direitos.

CP Art. 60 § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6


(seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios
dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
CP Art. 44 § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição
pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior
a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena
restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

Reconversão da Pena Restritiva de Direitos em Privativa de Liberdade


CP Art. 44 § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será
deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o
saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por
outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo
deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.

Ocorrer o descumprimento
Natureza Obrigatória 1
injustificado da restrição imposta.

Sobrevier condenação a pena privativa


de liberdade, por outro crime, Natureza Obrigatória
incompatível com a pena substitutiva
anterior.

Sobrevier condenação a pena privativa


de liberdade, por outro crime, Natureza Facultativa2
compatível com a pena substitutiva
anterior.

1 Mais comum
2 Conforme a conveniência.

Natureza obrigatória
O juiz é obrigado a reconverter.

Incompatível
O 2º crime é em regime fechado.
O saldo do 1º prime é convertido em dias para
cumprir a pena privativa de liberdade. Aí soma os dois.

Alteração das penas durante a execução


Penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim
de semana.
LEP Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz,
motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das penas de prestação
de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as
às condições pessoais do condenado e às características do
estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou estatal.
Facultado ao juiz da execução, em qualquer momento,
alterar motivadamente a forma de cumprimento dessas penas, ajustando-
as às condições pessoais do condenado.

Poderá ser alterado a qualquer momento


Pelo magistrado de ofício
Mediante provocação
Ministério Público
Conselho Penitenciário
Patronato
O conselho e o patronato possuem a
incumbência de fiscalizar a execução das penas
restritivas de direitos.
LEP Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e
da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes
da execução.
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fiscalizador
da execução da pena.
Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de
serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;

Composição de Natureza Civil nos Crimes de Menor Potencial Ofensivo


As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas imediatamente
no procedimento do juizado especial criminal, consoante determina o art.
72 da Lei 9.099/95.
Origem no direito norte-americano com a realização da justiça
mediante negociação entre acusação e acusado.
A Lei 9.099 permite que, em crimes com menor potencial ofensivo,
o réu e a vítima façam uma composição.
Acordo de natureza cível.
Extingue o processo.
Não é multa, nem pena pecuniária.
É uma indenização.

Lei 9.099/95.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do
Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável
civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de
aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.

Transação penal nos Crimes de Menor Potencial Ofensivo


Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público
poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz
poderá reduzi-la até a metade.
Pois a proposta é do MP.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
Fica proibida a transação penal
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à
pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
Sentença T em J.
Só crime, contravenção não conta.
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco
anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
Também vale para acordo de não persecução penal.
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e
suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será
submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da
infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não
importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente
o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação
referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no
mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor
ação cabível no juízo cível.

Irá ocorrer no início do processo.


Não vai constar dos antecedentes criminais do réu.
Se fizer acordo com o MP, processo é extinto.
Também vale para serviços comunitários ou multa.
A sentença não terá natureza jurídica condenatória.
Não perde o réu primário.

Vantagens
Pena menor
Continua primário

Art. 44 §2º do CP – Nas condenações igual ou inferior a 01 ano, a pena


aplicada poderá ser substituída por multa;

Sistema DIAS-MULTA - (Art. 49 do CP)


Mínimo de 10 dias-multa e máximo de 360 dias-multa
O valor do dias-multa não poderá ser menor que 1/30 do salário
mínimo vigente;
O valor do dias-multa não poderá ser superior a 5 vezes esse salário;
Poderá ser aumentado até o triplo (3x) se o juiz entender que é ineficaz
devido a condição financeira do réu;

Pena de multa na lei 11.343/06 – art. 33 e 43,


Mínimo 500 dias-multa e máximo de 1.500 dias multa;
Poderá ser aumentado até o décuplo (10x) se o juiz entender
que é ineficaz devido a condição financeira do réu.
O valor será atualizado no momento da execução, pelo índices de
correção monetária (art. 49, §2º do CP

Aplicação da pena de multa


1º momento – Encontrar o número de dias-multa atendendo-se ao
modelo trifásico do art. 68 do CP;
2º momento – Atribuir o valor de cada dia-multa considerando a
capacidade econômica do sentenciado – art. 60 do CP;

Pagamento da pena de multa – art. 50 do CP


Execução da pena de multa – art. 51 do CP
Competência para execução da pena de multa: Juiz da Execução Penal
Será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa
da Fazenda Pública.

Aula 7 29/03/2023

Sistema de Progressão e Regressão de Regime


Os regimes de cumprimento de pena direcionam-se para maior ou
menor intensidade de restrição da liberdade do condenado, sempre produto
de uma sentença penal condenatória.
Mérito ou demérito do condenado
Sistema progressivo de cumprimento de pena.
Progressão do mais rigoroso para outro menos rigoroso.
Regressão do menos rigoroso para um mais rigoroso

Progressão
Iniciado o cumprimento da pena no regime estabelecido na sentença,
possibilita-se ao sentenciado, de acordo com o sistema progressivo, a
transferência para regime menos rigoroso.
Começa em um regime e depois vai afrouxando o rigor.

2 Requisitos
Mérito do condenado
Cumprimento de um percentual da pena no regime anterior.
Inclui-se
Remição
Estudo
Trabalho
Leitura
Detração
Cumprimento de tempo em prisão provisória.

A progressão ou regressão de regime são SEMPRE medidas judiciais.


Juiz da Execução Penal.

Regime Inicial
CP Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo


processo ou em processo distinto, a determinação de cumprimento será feita
pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada quando for o aso,
a detração ou remição.
Juiz determina a pena na sentença, e o réu começa a cumprir.
Soma o que falta da primeira pena à nova.
Recalcula de novo para ver qual o regime inicial.
Se for o caso, pode regrdir.
LEP Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no
mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de
cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas,
observada, quando for o caso, a detração ou remição.

Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-


se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do
regime.
LEP Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% da pena, se o apenado for PRIMÁRIO e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% da pena, se o apenado for REINCIDENTE em crime cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% da pena, se o apenado for PRIMÁRIO e o crime tiver sido
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% da pena, se o apenado for REINCIDENTE em crime cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for PRIMÁRIO;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com
RESULTADO MORTE, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou
equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for REINCIDENTE
na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em
crime hediondo ou equiparado com RESULTADO MORTE, vedado o livramento
condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de
regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será
sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do
defensor, procedimento que também será adotado na concessão de
livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes.
Direito de voz MP e Defesa

§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste


artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº
11.343, de 23 de agosto de 2006.
Primário
Bons antecedentes
Não participar de organização criminosa
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena
privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no
regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do
requisito objetivo terá como base a pena remanescente.
Os prazos do art. 112 recomeçam a contar em caso de falta grave.

Critério progressivo é de acordo com a gravidade do crime


se é com ou sem violência ou grave ameaça.
se é reincidente ou não.

Os índices são aplicados cada vez que houver possibilidade de progressão.


Se for progredir uma segunda vez, aplica o índice no saldo, e não no
total da pena.
Crimes Hediondos Lei 8.072/90
Rol taxativo.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado
(art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
Não precisa ser um grupo de extermínio, basta ser atividade típica.
Bastaria uma pessoa.
O que conta é a impessoalidade da vítima.
Ex Pessoas que saem só para matar.
Ciganos, mendigos, etc.
I-A - lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição;
Lesão corporal seguida de morte preterdolo.
Dolo no antecedente.
Culpa no resultado.
Só é hediondo nos termos deste inciso.
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º);
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput , e §§
lº, 2º e 3º);
Qualquer machucado já basta.
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);
Menores de 14 anos incompletos.
Deficientes mentais.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
Basta que haja uma morte.
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado
a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a
redação dada pela Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Apenas crianças, adolescentes e vulneráveis, pois prostituição em si
não é crime.
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto
nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, tentado ou
consumado.

Cálculo do Critério Objetivo

O STF, no HC 69.975, decidiu que “a fração de um sexto deve recair sobre o


total e não sobre o restante da pena.”

Renato Marcão “Pena cumprida é pena extinta.”


Deixa de existir.
Rogério Greco “O período para efeito de progressão do regime deve ser o
da pena efetivamente cumprida. Os futuros cálculos,
portanto, somente poderão ser realizados sobre o tempo
restante a cumprir.”
Não pode usar o total para calcular.
Progressão Prisional
Súmula 534-STJ A prática de falta grave interrompe a contagem do
prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se
reinicia a partir do cometimento dessa infração.

LEP Art. 112 § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da


pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da
progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da
contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente.

Exemplo
Estélio foi condenado a 6 anos por extorsão (art.158 caput), e por ser
reincidente começou a cumprir a pena no regime fechado.
Precisaria cumprir 30% da pena, por ser reincidente em crime
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
Porém, após 12 meses de cumprimento da pena, Estélio cometeu falta
grave. Sendo assim, reiniciará do zero o período de tempo para obter a
progressão.
O prazo se reinicia a partir do cometimento da infração
disciplinar.
Logo, para que Estélio obtenha o direito à progressão, precisará
cumprir 30% do restante da pena período contado a partir da
data do cometimento da falta (30% de 5 anos).

Vedada a progressão per saltum


Ir do fechado direto para o aberto.
Tem que passar pelo semiaberto antes.
Regressão per saltum é permitida.

Regime Aberto

LEP Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente;
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a
que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina
e senso de responsabilidade, ao novo regime.
Critério subjetivo.
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas
referidas no artigo 117 desta Lei.
Prisão Albergue Domiciliar.

Requisitos Específicos para Progressão para Regime Aberto

Cumprimento de percentual da pena no regime semiaberto.


Objetivos Observar o tipo de crime cometido e a situação concreta do
condenado, se primário ou não.
Subjetivos Bom comportamento carcerário durante a execução (mérito).
Formais Oitiva prévia do MP e do defensor do apenado.1
a) Aceitar o programa do regime aberto2 e as condições
especiais impostas pelo juiz.3
b) Estar trabalhando ou comprovar a possibilidade de trabalhar
imediatamente quando for para o regime aberto.4
Específicos c) Apresentar, pelos seus antecedentes pelo resultado dos
exames a que for submetido, fundados indícios de que irá
ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao
novo regime.5

1 Art. 112 § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão


de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
2 Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão
de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias:
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de
folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades,
quando for determinado.
3 Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a
requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do
condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem.
4 Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente;
5 II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a
que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e
senso de responsabilidade, ao novo regime.

Progressão e Crimes contra a Administração Pública


Estabelece o art. 33 §4º do Código Penal que a progressão está
condicionada à reparação do dano causado ou à devolução do
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Indenizar e devolver.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá
a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais.
Apesar de que possa configurar “prisão civil por dívida”,
esse dispositivo já foi declarado constitucional pelo STF.

Progressão de Regime antes do Trânsito em Julgado.


Súmula do STF 716 “Admite-se a progressão de regime de
cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela
determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.”
Aumento das prisões cautelares, que nem sempre têm respeitado o
limite legal de duração de 81 dias. A longa demora dos trâmites processuais,
tem levado inúmeros indivíduos a cumprir grande parte de suas sanções em
regimes mais graves que aquele aplicado na sentença ou no previsto em lei
para o caso concreto.
Se a pessoa fica presa temporariamente, além de descontar do total da
pena, desconta também para a progressão de regime.
O juiz pode dar a progressão de regime junto com a sentença.

Cumprindo Condenação Mais Grave na Linha do Tempo


Começa cumprindo o crime mais grave, depois que acabar, começa a cumprir o
mais leve.

Regressão
Por outro lado, instituiu-se também a regressão, ou seja, a transferência de
um regime para outro mais rigoroso.

LEP Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita


à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais
rigorosos, quando o condenado:
Pode sair do aberto e ir direto para o fechado.
Per saltum
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
Durante o cumprimento da pena.
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao
restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).
Soma as duas penas, cabe o regime fechado?
Pode aplicar.
Falta Grave

LEP Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de


liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a
disciplina;
Pode também mandar para o RDD.
II – fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39,
desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo.
Telecomunicação.
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil
genético.
DNA
Constitucionalidade dúbia produzir prova contra si mesmo de
forma antecipada.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao
preso provisório.
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva
relacionar-se;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
Ocorrerá Regressão
Praticar ato definido como crime doloso ou falta grave.
Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante
da pena em execução, torne incabível o regime que está cumprindo.
Frustrar os fins da execução ou, podendo, não pagar multa imposta.
Violação de deveres relacionados com o monitoramento eletrônico1.
1 LEP Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da
monitoração eletrônica quando:
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
IV - determinar a prisão domiciliar;

Detração
Com a rubrica de “detração”, determina o art. 42 do CP: “Computam-
se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de
prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.”

Para Realizar o Cálculo de Progressão e Livramento


1 Qual a data-base? Dia em que começou a cumprir pena no
regime em que se encontra.
Para livramento a data-base sempre é o primeiro dia de
cumprimento de pena).
2 Há Detração? Até a data-base cumpriu pena?
3 A detração será realizada em relação à qual pena?
4 Qual a fração a ser utilizada?
5 Multiplicar a pena restante (separar: crime comum, Crime
hediondo primário, crime hediondo reincidente) pela fração exigida.
6 O resultado deve ser acrescido da data-base.

Aula 8 05/04/2023
Livramento Condicional
O livramento condicional é a concessão, pelo poder
jurisdicional, da liberdade antecipada ao condenado, mediante a
inexistência de pressupostos, e condicionada a determinadas
exigências durante o restante da pena que deveria cumprir preso.
Poder jurisdicional juiz da execução penal.
Tempo na condicional às vezes conta como cadeia paga, às vezes
não.
Benefício ao condenado após ter cumprido parte da pena.
Requerimento do réu.
MP tem que ser ouvido.
Há outros requisitos.
Há condições para ficar na condicional.

Natureza Jurídica
Incidente da execução penal
Processo incidental criminal.
Fica atrelado ao processo de execução principal.
Direito subjetivo do condenado
Se cumpridos os requisitos, TEM que conceder.
Benefício legal

Pressupostos Objetivos
Natureza e quantidade de pena imposta.
Pena igual ou superior a 2 anos.
Ter o sentenciado cumprido mais de UM TERÇO da pena, se não
for reincidente em crime doloso, e mais da METADE se o for reincidente
em crime doloso.
Não vale para todo tipo de crime.
Quem cumpre pena menor que 2 anos, não tem direito.
Primariedade também influencia.
CP Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos,
desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em
crime doloso;
Crimes Hediondos e equiparados
Mais de DOIS TERÇOS da pena
Não seja reincidente específico em crimes dessa natureza.
Reincidente específico comete o mesmo crime.
Corrente ampliativa.
Não tenha havido morte (trazido pelo pacote anticrime).

Equiparados tráfico, tortura, terrorismo.

Requisitos Objetivos

Que o juiz tenha aplicado na sentença pena privativa de liberdade


igual ou superior a 2 anos.
CP Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional
ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois)
anos, desde que:
Que o condenado tenha reparado o dano causado pela infração,
salvo impossibilidade de fazê-lo.
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo,
o dano causado pela infração;
Cumprimento de parte da pena
Cumprimento de mais de 1/3 da pena (crime comum, não
reincidente em crime doloso, bons antecedentes).
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não
for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
Cumprimento de mais de 1/2 da pena (crime comum,
reincidente em crime doloso).
II - cumprida mais da metade se o condenado for
reincidente em crime doloso;
Cumprimento de mais de 2/3 da pena (crime hediondo, tráfico,
terrorismo ou tortura).
Não vale para organização criminosa.
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de
condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Reincidente específico em crime dessa natureza não poderá obter
o livramento condicional.

Lei 11.343/06 Art. 44 Parágrafo único. Nos crimes


previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico.
Cumprimento de mais de 2/3 da pena (crime de tráfico de drogas).

Soma das Penas


Concurso de crimes reconhecidos na mesma sentença.
Considera-se o montante total aplicado.
Concurso mesmo contexto fático.
Comete mais de um crime de uma vez só.

Superveniência de nova condenação.


Considera-se a soma das reprimendas.

Crimes praticados sujeitarem-se a prazos diversos para a concessão


do benefício.
Análise individual dos crimes e posterior soma.
Se o percentual dos dois crimes for diferente.
Calcula os requisitos objetivos do primeiro, depois do
segundo, aí soma.
Pressupostos Subjetivos – Art. 83 do CP
O primeiro deles é ter o sentenciado “bons antecedentes”.

Como segundo requisito subjetivo, deve o sentenciado comprovar


“comportamento satisfatório durante a execução da pena”.
Exige-se, também, que se comprove ter o sentenciado bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído.
Deve o sentenciado comprovar “aptidão para prover a própria
subsistência mediante trabalho honesto”.
CP Art. 83 Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso,
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento
ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinquir.
O juiz pode pedir o exame criminológico de ofício.
Também pode ser a requerimento da defesa ou do MP.

CP Art. 83 III – comprovado:


a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
Falta grave implica maus antecedentes.
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho
honesto;
Ônus do detento.

Exame Criminológico
Jurisprudência dos tribunais superiores
O juiz pode determinar a realização do exame, em
decisão fundamentada, sempre que entender que as
circunstâncias do caso concreto justificam a medida.

Súmula n. 439 do STJ: “Admite-se o exame


criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada”

Realizado por equipe multidisciplinar de peritos que, obrigatoriamente, fazem


entrevistas e exames no preso, os quais podem trazer inúmeros subsídios para
que o juiz tome a decisão acertada, concedendo ou negando o benefício.
Assistentes sociais
Psicólogos
Psiquiatras
Educadores

Procedimento

Requerimento
Próprio sentenciado
Seu cônjuge
Casado mesmo, mas há quem pense diferente.
Parente em linha reta
Diretor do estabelecimento
Conselho Penitenciário
MP
Defesa

Certidão carcerária
Para fazer o pedido, tem que pegar essa certidão.
É a ficha do detento.

Parecer do Conselho Penitenciário


LEP Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz
da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do
Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
É dispensável.

Manifestação do MP e, após, da Defesa.


LEP Art. 112 § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à
progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre
motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor,
procedimento que também será adotado na concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas
normas vigentes.

Decisão

Concessões e Condições
A cumprir durante o livramento.

Obrigatórias
Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o
trabalho.
Trabalho imediato.
Juiz pode dar um prazo, se a circunstância requerer.
Não precisa de carteira assinada.
Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação;
Não mudar de território da Comarca do Juízo da execução, sem prévia
autorização deste.
Por causa do juízo da execução penal.

LEP Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a


que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações
seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o
trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia
autorização deste.

Facultativas
Depende do juiz aplicar ou não.
Não mudar de residência em comunicação ao juiz e à autoridade
incumbida de observação cautelar e de proteção;
Recolher-se à habitação em hora fixada;
Se houver necessidade de alteração desse horário, pode
requerer, e pode ser deferido.
Não frequentar determinados lugares.

LEP Art.132 §2º Poderão ainda ser impostas ao liberado


condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade
incumbida da observação cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.

Obs.: As condições judiciais podem ser modificadas no transcorrer da


execução.

Cerimônia de Concessão
LEP Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de
livramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas) vias, remetendo-
se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao
Conselho Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada
solenemente no dia marcado pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no
estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, observando-se o
seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais
condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciário ou membro por ele
designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando
para as condições impostas na sentença de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por
quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não
souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á
entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma
caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou administrativa, sempre
que lhe for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
c) as condições impostas.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-
conduto, em que constem as condições do livramento, podendo substituir-
se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que
possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para
consignar-se o cumprimento das condições referidas no artigo 132 desta
Lei.
Carta de livramento, com cópia integral da sentença em duas vias.
Cerimônia de concessão.
Data designada pelo Presidente do Conselho Penitenciário.
Leitura da sentença concessiva ao liberando, na presença dos
demais condenados.
Advertência acerca do cumprimento das condições.
Fiscalizadas, depois, por órgão da execução penal.
Questionamento sobre o aceite das condições.
Não aceita juiz torna sem efeito o benefício.
Aceita Colocado em liberdade, tendo início o período de
prova, que durará até o término da pena, salvo se houver revogação.

Acompanhamento do período de prova


LEP Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por
serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da Comunidade terão a
finalidade de:
I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas na
sentença concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas
obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa.
Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cautelar e
da proteção do liberado apresentará relatório ao Conselho Penitenciário,
para efeito da representação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.

A verificação de fato que justifique a modificação das condições ou


a revogação, deverão ser informados mediante relatório a Conselho
Penitenciário.

Estudo durante o período de prova


Possibilidade de o condenado que já se encontra em livramento
condicional remir parte da pena pelo estudo (Art. 126, § 6o, LEP)

Atividade de ensino fundamental, médio, inclusive


profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional .
Razão: 1 dia de pena para cada 12 horas de estudo, divididas em
pelo menos 3 dias.

Aula 10 – 19/04/2023

Revogação
Juiz das execuções
É sempre medida judicial
De ofício
Requerimento do MP
Mais comum
MP tem que ser ouvido, caso não seja ele que peça.
Representação do Conselho Penitenciário

Oitiva do condenado
LEP Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do
Ministério Público, mediante representação do Conselho Penitenciário, ou, de
ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.

Uma vez revogada, não pode mais obter esse benefício.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL - DECISÃO QUE RESTABELECEU O


LIVRAMENTO CONDICIONAL APÓS REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA NOS
AUTOS EM QUE SE APURA O COMETIMENTO DE NOVO DELITO- INSURGÊNCIA
MINISTERIAL- REVOGAÇÃO CARENTE DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL-
POSSIBILIDADE DA SUSPENSÃO CAUTELAR DA BENESSE1 EM RAZÃO DA
NOTÍCIA ACERCA DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO PENAL DURANTE O PERÍODO DE
PROVA - DESNECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO DE EVENTUAL
SENTENÇA CONDENATÓRIA - RECURSO PROVIDO. (TJSC, Agravo de Execução
Penal n. 0000514- 29.2019.8.24.0038, de Joinville, rel. Salete Silva Sommariva,
Segunda Câmara Criminal, j. 12-03-2019).
1 Medida emergencial. Até apurar as provas e o apenado possa se defender.
Suspensão pode virar revogação ou não.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. RECURSO INTERPOSTO PELA DEFESA


CONTRA DECISÃO QUE DETERMINOU A SUSPENSÃO CAUTELAR DO
LIVRAMENTO CONDICIONAL ANTE A NOTÍCIA DE PRISÃO DO APENADO
PELA PRÁTICA DE NOVO CRIME. TESE DE QUE A LIBERDADE CONCEDIDA
MEDIANTE O CUMPRIMENTO DE CAUTELARES DIVERSOS NO NOVO
PROCESSO CRIME NÃO IMPEDE O CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES DO
LIVRAMENTO. MANIFESTA INSUBSISTÊNCIA JURÍDICA. A SIMPLES NOTÍCIA
DA PRÁTICA DE INFRAÇÃO PENAL DURANTE O PERÍODO DE PROVA É APTA,
POR SI SÓ, A AUTORIZAR A SUSPENSÃO CAUTELAR DO LIVRAMENTO
CONDICIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. TJSC. Agravo de
Execução Penal n. 0004303- 85.2018.8.24.0033, de Itajaí, rel. Des. Júlio
César M. Ferreira de Melo, j. em 4-9-2018).
Quando aparece um BO contra o apenado.
Para evitar que ele cometa outro crime.

Estudo durante o período de prova


Possibilidade de o condenado que já se encontra em livramento
condicional remir parte da pena pelo estudo.
12 horas 1 dia
Dividido em ao menos 3 dias.
LEP Art. 126 § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto
ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela
frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do
tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no
inciso I do § 1o deste artigo.
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3
(três) dias;

Revogação Obrigatória
É causa de revogação obrigatória do livramento condicional a
condenação à pena privativa de liberdade em sentença irrecorrível.
Por crime cometido durante a vigência do benefício.
Por crime anterior, observado o disposto no artigo 84.
Crime anterior ao livramento.
CP Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas
devem somar-se para efeito do livramento.

Tem que ser pena privativa de liberdade.


Tem que ser depois do T em J.
Crime anterior soma o total do 1º crime com o total do 2º, aí vê
qual seria o prazo para o livramento.

Desconto dos Dias de Livramento na Pena


Comete crime durante o benefício
Não conta como cadeia paga.
Revogado o livramento pela condenação por crime cometido
DURANTE a vigência do benefício não se desconta da pena o tempo em
que esteve solto o condenado e não terá direito a livramento na
condenação anterior.

Comete crime antes do benefício


Conta como cadeia paga.
Se o livramento for revogado, porém, pela condenação por crime
ANTERIOR à concessão do benefício, computar-se-á como tempo de
cumprimento da pena o período de prova e não perde direito ao
livramento.

LEP Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal


anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de
cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a
concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na
pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em
relação à mesma pena, novo livramento.
Revogação Facultativa
Pode fazer uma audiência de admoestação.
Dar só uma reprimenda no livrado.

Se o liberado deixa de cumprir qualquer das obrigações impostas na


sentença.
Não se desconta da pena o período do livramento e o condenado
não mais poderá obter o benefício.

Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou


contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Delito anterior ao benefício haverá desconto.
Delito na vigência do benefício não haverá desconto.
CP Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o
liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença,
ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que
não seja privativa de liberdade.
Suspensão do Livramento Condicional

Prática de nova infração penal


Juiz poderá, ouvidos o Conselho Penitenciário e o MO, suspender o
curso do livramento e determinar a prisão do condenado.
Efetiva revogação dependerá da decisão final a ser proferida no
processo que apura o novo delito.
LEP Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz
poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério
Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação,
entretanto, ficará dependendo da decisão final.

Prorrogação do período de prova


Considera-se prorrogado o período de prova se, ao término do prazo,
o agente estiver sendo processado por crime em sua vigência.
Isso para saber se será cadeia paga ou não.
Se for absolvido, será cadeia paga.
Durante a prorrogação o sentenciado fica desobrigado de observar as
condições impostas.

CP Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto


não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado,
por crime cometido na vigência do livramento

Extinção da Pena

Findo o prazo de prova, sem que tenha havido prorrogação ou


revogação do benefício, o juiz, após ouvir o MP, deve decretar a extinção da
pena.

CP Art. 90 Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-


se extinta a pena privativa de liberdade.

Súmula n. 617/STJ "A ausência de suspensão ou revogação do livramento


condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento".
Execução Provisória

É cabível o livramento condicional durante a execução provisória.


[…] Prisão processual: direito à progressão do regime de
cumprimento de pena privativa de liberdade ou a livramento condicional.
A jurisprudência do STF já não reclama o trânsito em julgado da
condenação nem para a concessão do indulto, nem para a progressão de
regime de execução, nem para o livramento condicional (STF. HC 76.524, DJ
29.08.83, rel min Sepúlveda Pertence).

Às vezes a pessoa fica tanto tempo presa provisoriamente, que antes


do T em J, pode ter direito ao livramento.
Tem que fazer cálculo em cima de uma pena provável.

Vínculo associativo com Organização Criminosa estruturada para a prática


de crime Hediondo ou Equiparado

Se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do


vínculo associativo, é vedado o livramento condicional.
Vale para associação e organização criminosas.
Lei 12.850/13 Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar,
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
§ 9º O condenado expressamente em sentença por integrar
organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização
criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou
obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver
elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo.

Aplicação da Pena

A aplicação da pena é a atividade pela qual o juiz combina


circunstâncias visando fixar a pena ao caso concreto.
A aplicação da pena se dá através da sentença penal condenatória.

“A Sentença é o ato culminante do processo, através do qual o


juiz soluciona a controvérsia, decidindo ou não o mérito da causa”.

A pena se ajusta a individualização do criminoso, para ter


eficácia.
Nenhum crime é igual ao outro.
Avalia pessoa e circunstâncias do crime.

CP Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério


do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
Diminuição e aumento estão no tipo ou no resto do CP.

Sistema Trifásico

1ª Encontra-se a chamada pena-base.


2ª Considera-se as circunstâncias agravantes e atenuantes
3ª Considera-se as causas de diminuição e aumento.

Primeira Fase
Análise das circunstâncias judiciais
Circunstâncias constantes do art. 59 do CP.
Ao final da primeira fase é fixada a pena-base.
Parte do mínimo.
Nessa fase, há certa discricionariedade.
A lei não fala o quanto.
Jurisprudência 1/6, para mais ou menos.
Pena base não pode ser maior que o máximo ou menor que o
mínimo tipificado.

CP Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos


antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra
espécie de pena, se cabível
Segunda Fase
Análise das circunstâncias legais
Circunstâncias agravantes ou atenuantes previstas nos arts. 61 a 67.
Ao final fixa-se a pena provisória

Agravantes
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a
mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade
dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Atenuantes

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de
70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após
o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o
provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente
em lei.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes

Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve


aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime,
da personalidade do agente e da reincidência.
Terceira Fase
Análise das causas de aumento ou diminuição de pena.
Encontradas na parte geral e parte especial.
São expressas por frações.
Ex aumenta-se da metade, diminui-se de dois terços, etc.
A pena resultante deste processo será a pena final.
Sempre que usar critério para aumentar, o juiz tem ue fundamentar
através de documentos, depoimentos, etc.

Primeira Fase
Circunstâncias judiciais
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra
espécie de pena, se cabível.

Análise, criteriosa, de cada uma das oito circunstâncias judiciais.


Individualiza a pena para cada réu e para cada infração penal praticada
Sentença sem fundamento para valoração das circunstâncias judiciais
ou que não indica os elementos dos autos que formaram o convencimento do
Juiz quanto a essa valoração padece de nulidade

Situações possíveis
Circunstâncias judiciais são todas favoráveis ao agente, deve
fixar a pena-base no mínimo legal.
Circunstância judicial valorada desfavoravelmente ao
condenado.
Acréscimo de um quantum ao mínimo cominado no tipo
penal, sem extrapolar, jamais, a pena máxima in abstrato
Não podem ser valorados negativamente quando
integrar:
Definição típica
Quando caracterizar circunstância agravante
Causa especial de aumento de pena.

Valor quântico para cada circunstância:


Não há disposição legal
Jurisprudência
1/6 da pena mínima in abstrato
Majora ou reduz, apenas, dentro dos limites legais

Pena Base Circunstâncias Judiciais

Culpabilidade
Antecedentes
Conduta social Só usa para aumentar
Personalidade
Motivos/circunstâncias/consequências
Comportamento da vítima Pode usar para diminuir

Aula 11 – 31/05/2023

Culpabilidade
Reprovabilidade do crime.
Dimensionar a culpabilidade pelo grau de intensidade da
reprovação penal.
Subjetividade
Particularidade das condições pessoais do réu.

Elementos da Culpabilidade
Potencial conhecimento da ilicitude.
Exigibilidade de conduta diversa.

Ex estudante de direito tem que saber.

Outros
Livramento condicional
Premeditação

É um exame de valoração, de graduação que deverá expressar o plus da


conduta típica

Expressões utilizadas em sentenças


o agente agiu com culpabilidade, pois tinha a consciência da
ilicitude do que faz…
estelionato, pelo fato de "o agente ter agido de má-fé, sem
importar-se com seu semelhante que sofreu o prejuízo…

Atenção o fato de o acusado ter agido livre e conscientemente não pode


fundamentar a exasperação da pena-base, pois, se a ação não fosse
consciente e deliberada, inexistiria dolo. Assim o uso de tais expressões não
autorizam a exasperação da pena base.
Polissemia Reprovabilidade, censurabilidade.
Ex Premeditação (AgRg no ARESP 288922/SE).
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 312
DO CÓDIGO PENAL. PECULATO. CULPABILIDADE VALORADA NEGATIVAMENTE.
AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. “Não há ilegalidade na fixação da pena-
base um pouco acima do mínimo legal se valorada negativamente a
circunstância judicial relativa à culpabilidade da ré que, por ser bacharel em
direito, tinha pleno conhecimento de que estava realizando ações criminosas
graves.” (REsp 1.202.292/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 21/5/2013, DJe 14/6/2013). 2. Agravo regimental a
que se nega provimento. (AgRg no AREsp 1567786/SP, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 19/05/2020, DJe 27/05/2020).

APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO IMPRÓPRIO TENTADO (ART. 157, § 1o, C/C O


ART. 14, II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO
DA DEFESA. INSURGÊNCIA QUANTO À DOSIMETRIA. PRIMEIRA FASE.
CULPABILIDADE. ACUSADO QUE SE ENCONTRAVA CUMPRINDO PENA
QUANDO COMETEU NOVO DELITO. CIRCUNSTÂNCIA QUE REVELA A MAIOR
REPROVABILIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM COM A
AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. FUNDAMENTOS DISTINTOS. 1 Mostra-se
acertada a análise desfavorável da circunstância judicial da culpabilidade,
quando evidenciado que o réu voltou a delinquir enquanto cumpria pena,
demonstrando assim completo descaso para com o sistema de justiça,
situação reveladora da maior reprovabilidade de sua conduta. [...] (TJSC,
Apelação Criminal n. 5013444-09.2021.8.24.0075, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Sidney Eloy Dalabrida, Quarta Câmara Criminal, j. 07-04-
2022).
Antecedentes
Somente fatos anteriores prática do delito
Maus antecedentes.

Antigamente, a existência de inquérito policial, mesmo se absolvido


posteriormente, era utilizado como mau antecedente.
Hoje, é mais objetivo.
Condições anteriores que não são reincidência.

A condição de reincidente do sentenciado não configura. A


reincidência deve ser sopesada na segunda etapa dosimétrica, por constituir
circunstância agravante.

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
Reincidência já tem uma condenação transitada, e comete outro crime.
Até até 5 anos a partir do fim do cumprimento da pena.
Maus antecedentes tem uma condenação não transitada.
É para sempre. Nunca prescreve.
Crime1 Crime 2 Sentença 1 Sentença 2 Crime 3 Sentença 3
Sem T em J Com T em J

Primário Primário Reincidente


Bons Ant. Maus Ant. Maus Ant.

Na 2ª sentença ainda é primário pois a sentença do 1º crime ainda não


T em J, e o crime foi cometido antes da sentença final do crime 1.
Se não houvesse o crime 2, na sentença do 3, ainda seria primário.

“Quanto aos maus antecedentes, esta Corte tem entendimento reiterado no


sentido de que a condenação definitiva por fato anterior ao crime descrito na
denúncia, mas com trânsito em julgado posterior à data do ilícito penal, ainda
que não configure a agravante da reincidência, pode caracterizar maus
antecedentes.” (Habeas Corpus n. 390.837/SP, Rel. Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, Quinta Turma, j. 22-08-2017, DJe 31-08-2017).

Súmula 241 do STJ: A reincidência penal NÃO PODE ser considerada como
circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Vedação ao bis in idem.
Ou usa como circunstância judicial ou usa para agravar.

Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais


em curso para agravar a pena-base.
Sem T em J ainda não condenado.

Hipóteses de maus antecedentes


Condenação anterior por contravenção.
Condenação com trânsito em julgado por crime anterior ao crime
julgado.
Estelionato cometido em 2018 com trânsito em julgado em 2020 pode
ser considerado mau antecedente no julgamento de receptação cometida em
2019 e julgada em 2021.
Para Damásio de Jesus antecedentes são os fatos da vida pregressa do
agente, sejam bons ou maus, como, por exemplo: condenações penais
anteriores, absolvições penais anteriores, inquéritos arquivados, inquéritos ou
ações penais trancadas por causas extintivas da punibilidade, ações penais em
andamento, passagens pelo Juizado de Menores, suspensão ou perda do
pátrio poder, tutela ou curatela, falência, condenação em separação judicial
etc.
Alguns desses não são mais aplicados.

STF RE 591054 A existência de inquéritos policiais ou de ações


penais SEM trânsito em julgado NÃO PODE ser considerada como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena.

STF Tema 150 Consideração de condenações transitadas em


julgado há mais de cinco anos como maus antecedentes para efeito de fixação
da pena- base. POSSIBILIDADE.

Conduta social
Analisa a conduta do réu perante
Família
Trabalho
Comunidade

Religião não mais.

Percebida através dos elementos indicativos da inadaptação ou do


bom relacionamento do agente perante a sociedade em que está integrado.
Não é na sociedade que o Magistrado considera saudável ou ideal.
Se o ambiente em que o agente se inserir for, por exemplo, uma favela,
não poderá o Juiz exigir-lhe comportamento típico das classes sociais mais
abastadas.
Hábitos, relação com o meio familiar, com a comunidade.
Destaca-se, para análise, três campos da vida: familiar, laborativo e religioso.
Analisar o modo de agir do agente nas suas ocupações, sua
cordialidade ou agressividade, egocentrismo ou prestatividade, rispidez ou
finura de trato, seu estilo de vida honesto ou reprovável.
Não bastam meras conjecturas.
É necessário que se ponderem as provas produzidas nos autos: a
palavra das testemunhas que conviveram com réu (inclusive das abonatórias),
eventuais declarações, atestados, abaixo-assinados, etc.
Demonstração de um comportamento habitual.
Fato isolado da vida do condenado não revela sua conduta
social, que é sempre permanente
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A VIDA. DUPLA TENTATIVA DE
HOMICÍDIO QUALIFICADO […] DOSIMETRIA. APELANTE R. PRIMEIRA FASE.
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DA CONDUTA SOCIAL. CONDUTA QUE DEVE SER
AFERIDA PELA ATUAÇÃO DO AGENTE NA COMUNIDADE, FAMÍLIA, TRABALHO.
ACUSADO INTEGRANTE DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. AUMENTO
PRESERVADO. [...] (TJSC, Apelação Criminal n. 5022761- 45.2021.8.24.0038, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Leopoldo Augusto Brüggemann,
Terceira Câmara Criminal, j. 26-04-2022).
APELAÇÃO CRIMINAL - RECEPTAÇÃO (CP, ART. 180, CAPUT) – [...] DOSIMETRIA
- PENA-BASE - CONDUTA SOCIAL CONSIDERADA NEGATIVA EM FACE DE
OCORRÊNCIAS POLICIAIS - FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA - OFENSA À SÚMULA
N. 444 DO STJ - AFASTAMENTO DEVIDO [...] (TJSC, Apelação Criminal n.
0000045-98.2016.8.24.0163, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
Salete Silva Sommariva, Segunda Câmara Criminal, j. 22-03-2022).

Personalidade

Índole do agente, sua maneira de agir e de sentir, seu grau de senso


moral, ou seja, a totalidade de traços emocionais e comportamentais do
indivíduo.
"Personalidade desajustada", "ajustada", "agressiva","impulsiva",
"boa" ou "má“.
Tecnicamente, nada informam.

É necessário fundamento baseado no conjunto probatório


O juiz não pode tirar do nada. Tem que ter provas.

Elementos para valoração


Laudos psiquiátricos
Informações trazidas pelos depoimentos testemunhais
A própria experiência do Magistrado em seu contato
pessoal com o réu.

Não havendo, elementos suficientes não deve, o juiz, hesitar em


declarar que não há como valorar essa circunstância.

Magistrado tem capacidade de avaliar a personalidade de um sujeito?


STJ entende ser dispensável a elaboração de laudo técnico para a
avaliação da personalidade (AgrG no RESP 1301226/PR).

APELAÇÃO CRIMINAL. [...] DOSIMETRIA. PERSONALIDADE DO AGENTE.


AUSÊNCIA DE EXAME TÉCNICO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE ATOS
INFRACIONAIS PARA EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. [...] (TJSC, Ap. Criminal n.
0000173-53.2009.8.24.0167, rel. José Everaldo Silva, Quarta Câmara Criminal,
j. 18-02-2021).
Sem perícia, não usa.
APELAÇÃO CRIMINAL. [...] PERSONALIDADE DO AGENTE. AUSÊNCIA DE EXAME
TÉCNICO E CIRCUNSTÂNCIAS QUE NÃO EXTRAPOLAM O TIPO PENAL.
SENTENÇA REFORMADA PARA A EXCLUSÃO DO AUMENTO NESTE PONTO. [...]
(TJSC, Ap. Criminal n. 0021441-84.2017.8.24.0038, de Joinville, rel. José
Everaldo Silva, Quarta Câmara Criminal, j. 27-08-2020).
Laudo não precisa ser o exame criminológico.
O laudo pode ser só psiquiátrico e psicológico.
É sabido que a personalidade do agente “não pode ser reconhecida 'como um
conceito jurídico, mas do âmbito de outras ciências - da psicologia, psiquiatria,
antropologia - e deve ser entendida como um complexo de características
individuais próprias, adquiridas, que determinam ou influenciam o
comportamento do sujeito' (ob. cit. fls. 155/156), não competindo portanto
ao julgador realizar referida avaliação, por pura falta de conhecimento técnico
para tanto” (STJ, HC n. 133800/MS e n. 89321/MS, ambos da Rela. Mina.
Laurita Vaz, DJe 28/06/2010 e 06/04/2009, respectivamente - apud Vicente
Greco. ob. cit., p. 156).
"a valoração negativa da personalidade do agente exige a existência de
elementos concretos e suficientes nos autos que demonstrem, efetivamente,
a maior periculosidade do réu aferível a partir de sua índole, atitudes, história
pessoal e familiar, etapas de seu ciclo vital e social, etc., sendo prescindível a
existência de laudo técnico confeccionado por especialistas nos ramos da
psiquiatria e psicologia para análise quanto a personalidade do agente” (AgRg
no REsp n. 1.301.226/PR, Sexta Turma, Rel.a Min.a Maria Thereza de Assis
Moura, DJe de 28/03/2014)" (STJ, AgRg no HC 659.922/SC, rel. Min. Jesuíno
Rissato, Quinta Turma, j. em 17/8/2021, DJe de 24/8/2021).

Motivos
Particularidade ou intensidade de fatores que direcionam a conduta.
Constituem a fonte propulsora da vontade criminosa.
Não se trata, portanto, de analisar a intensidade de dolo ou
culpa.
Ex Médico que facilita a morte do paciente, diante de seu desmedido e
incombatível sofrimento, possui motivo menos reprovável.
Ex Agente que mata o irmão, para que seja o único sucessor do patrimônio
do ascendente, motivo mais reprovável.
Ex Furto praticado pelo desejo de obtenção de lucro fácil, o Juiz deve
entender pelo não recrudescimento da pena em razão desta circunstância
judicial pois, frequentemente, este é o motivo dos crimes de furto.

Os motivos diversos dos normais à espécie delitiva, portanto, é que


devem ser valorados pelo Magistrado.
Pois existem motivações que já fazem parte do tipo.
Nesse caso, não usa para valorar.
Ex Negar relação sexual, já é intrínseco do crime de estupro.
Pode ser mais ou menos reprovável no caso concreto.
Futilidade e torpeza fazem parte do tipo, mas são valoradas em
outro momento.

REVISÃO CRIMINAL. [...] AFASTAMENTO DO VETOR MOTIVO DO CRIME.


POSSIBILIDADE. MAJORAÇÃO INDEVIDA. AUFERIR LUCRO FÁCIL.
FUNDAMENTO INTRÍNSECO AO TIPO PENAL. CIRCUNSTÂNCIA RETIRADA. […]
(TJSC, Revisão Criminal n. 4030828- 04.2019.8.24.0000, de Santo Amaro da
Imperatriz, rel. Ariovaldo Rogério Ribeiro da Silva, Segundo Grupo de Direito
Criminal, j. 27-05-2020).
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A PESSOA COM A INCIDÊNCIA DA LEI
MARIA DA PENHA (LEI 11.340/2006). LESÕES CORPORAIS PRATICADAS NO
ÂMBITO DOMÉSTICO (ART. 129, § 9o, DO CÓDIGO PENAL). [...] MOTIVO DO
CRIME. PRÁTICA DELITIVA MOTIVADA PELA NEGATIVA DA VÍTIMA EM MANTER
RELAÇÃO SEXUAL COM O AGENTE. CIRCUNSTÂNCIA QUE EXTRAPOLA OS
LIMITES DO TIPO PENAL. MANUTENÇÃO DE RIGOR. [...] (TJSC, Apelação
Criminal n. 0007168-57.2015.8.24.0075, de Tubarão, rel. Ernani Guetten de
Almeida, Terceira Câmara Criminal, j. 18-12-2018).
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A PESSOA COM A INCIDÊNCIA DA LEI
MARIA DA PENHA (LEI 11.340/2006). LESÕES CORPORAIS PRATICADAS NO
ÂMBITO DOMÉSTICO [...] MOTIVO DO CRIME. PRÁTICA DELITIVA MOTIVADA
PELO SENTIMENTO DE POSSE QUE O APELANTE NUTRE PELA VÍTIMA, DIANTE
DO INÍCIO DE NOVO RELACIONAMENTO. CIRCUNSTÂNCIA QUE EXTRAPOLA OS
LIMITES DO TIPO PENAL. MANUTENÇÃO DE RIGOR. [...] (TJSC, Apelação
Criminal n. 0000088-71.2017.8.24.0075, de Tubarão, rel. Ernani Guetten de
Almeida, Terceira Câmara Criminal, j. 11-12- 2018).

Circunstâncias
Elementos do fato delitivo, acessórios ou acidentais, não definidos na
lei penal.
Franco o lugar do crime, o tempo de sua duração, o relacionamento
existente entre autor e vítima, a atitude assumida pelo delinquente no
decorrer da realização do fato criminoso.

Conjunto fático da conduta


Local
Horário
Atitude
Intensidade da violência, etc.

Exemplos
Local Pessoa que entra na casa da vítima para matar.
Atitude Pessoa sai após o crime para beber e comemorar.
É mais censurável a conduta do agente que matou alguém na igreja ou
na casa da vítima do que aquele que a matou em sua própria casa.
É menos censurável o agente que se demonstrou sinceramente
arrependido da prática delitiva do que aquele que comemorou o evento
embriagando-se (desde que não configure arrependimento eficaz).
REVISÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. […] CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME.
PLEITO DE AFASTAMENTO DO INCREMENTO REALIZADO COM BASE NO ART.
42 DA LEI N. 11.343/06. TESE RECHAÇADA. NATUREZA E QUANTIDADE DA
DROGA APREENDIDA (905,87 GRAMAS DE CRACK) QUE JUSTIFICAM O
AUMENTO DA REPRIMENDA. REVISÃO CRIMINAL CONHECIDA E INDEFERIDA.
(TJSC, Revisão Criminal (Grupo Criminal) n. 5002491-80.2022.8.24.0000, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. José Everaldo Silva, Primeiro Grupo
de Direito Criminal, j. 27-04-2022).
REVISÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS PRIVILEGIADO, MAJORADO PELA
INTERESTADUALIDADE (ART. 33, CAPUT E § 4o, C/C O ART. 40, V, AMBOS DA
LEI N. 11.343/06). [...] CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. NATUREZA
ESPECIALMENTE DELETÉRIA DE PARTE DOS ENTORPECENTES (COCAÍNA E
ECSTASY) QUE PERMITE O RECRUDESCIMENTO DA PENA BASILAR. EXEGESE DO
ART. 42 DA LEI N. 11.343/06. ACONDICIONAMENTO DO MATERIAL ILÍCITO EM
FORRAÇÃO DE PORTA VEICULAR QUE REFORÇA A DESVALORAÇÃO DO
VETOR.[...] 3 "A forma utilizada para esconder a droga em compartimentos
ocultos de veículo autoriza a valoração negativa das circunstâncias do crime
de tráfico de entorpecentes" (STJ, AgRg no HC 637.676/MS, rel. Min. João
Otávio de Noronha, Quinta Turma, j. em 21/9/2021, DJe 24/9/2021).
REVISIONAL CONHECIDA EM PARTE E, NA EXTENSÃO, PARCIALMENTE
DEFERIDA. (TJSC, Revisão Criminal (Grupo Criminal) n. 5058845-
62.2021.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Sidney Eloy
Dalabrida, Segundo Grupo de Direito Criminal, j. 27-04-2022).
A forma fundo falso no veículo.
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE ESTELIONATO CONTRA IDOSO (CP, ART. 171, §
4o). SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DO RÉU. […] DOSIMETRIA. 1.
PLEITO GENÉRICO DE FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL. 1.1. PRIMEIRA
FASE. 1.1.1. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. VETOR NEGATIVADO EM RAZÃO DO
CONCURSO DE PESSOAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. AFASTAMENTO
INCABÍVEL. [...] (TJSC, Apelação Criminal n. 5002623-39.2020.8.24.0023, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Antônio Zoldan da Veiga, Quinta
Câmara Criminal, j. 07-04-2022).
APELAÇÃO CRIMINAL. DELITO DE TRÁFICO DE DROGAS [...] CIRCUNSTÂNCIAS
DO CRIME. IMPOSSIBILIDADE. VETOR NEGATIVADO EM RAZÃO DA
QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA. ELEMENTO APTO A ELEVAR A PENA-
BASE. [...] (TJSC, Apelação Criminal n. 5038070-09.2021.8.24.0038, do Tribunal
de Justiça de Santa Catarina, rel. Antônio Zoldan da Veiga, Quinta Câmara
Criminal, j. 07-04-2022).
Do voto se extrai:
“No tocante as circunstâncias do crime, deve ser observado o modo de
execução do crime, os instrumentos empregados em sua prática, as condições
de tempo e local em que ocorreu o ilícito penal etc.
No caso, as circunstâncias merecem relevo, conquanto restou confirmado no
decorrer da instrução que Francisco provocou lesão grave na vítima com o
emprego de arma branca, instrumento apto a produzir ferimentos cortantes
ou perfurantes no combate a curta distância, bem como resulta em maior
sofrimento e dor à vítima, como ocorreu no caso. Dessa forma, não há dúvidas
de que a utilização deste instrumento excede à normalidade do tipo e,
portanto, é elemento hábil a exasperar a pena-base.”
Arma branca lâmina.

Consequências
Avaliação, do grau de intensidade da lesão jurídica causada à vítima ou
a seus familiares.
A maioria dos crimes gera uma vítima e, via de regra, ela sofre
consequências. Quando a consequência é mais grave que o “normal” para o
tipo do crime é que usa para valorar.

Material quando causar diminuição no patrimônio da vítima, sendo


suscetível de avaliação econômica.
O dano moral implicará dor, abrangendo tanto os sofrimentos físicos
quanto os morais.

Não se pode considerar como consequência desfavorável do crime de


homicídio, a perda de uma vida.
O fato de o agente ter ceifado a vida de um pai de família numerosa, o
que é mais censurável do que a conduta daquele que assassinou uma pessoa
solteira.
APELAÇÃO CRIMINAL - HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO […] DOSIMETRIA -
PRIMEIRA FASE - PLEITO DE VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CONSEQUÊNCIAS DO
CRIME - ACOLHIMENTO - VÍTIMA QUE PRECISA SE SUBMETER A TRATAMENTO
PSICOLÓGICO APÓS OS FATOS.
Supera a normalidade a ação criminosa cujo resultado obriga a vítima, criança
em tenra idade, ainda em formação, a se submeter a tratamento psicológico,
extrapolando assim o abalo inerente ao tipo penal.
[...] (TJSC, Apelação Criminal n. 0009355-83.2014.8.24.0039, do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina, rel. Luiz Antônio Zanini Fornerolli, Quarta Câmara
Criminal, j. 28-04-2022).
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE RESISTÊNCIA (ART. 329 DO CÓDIGO PENAL)
E EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306, DA LEI N. 9503/1997). [...]
DOSIMETRIA. PLEITO DE AFASTAMENTO DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL
APLICADA. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. NÃO ACOLHIMENTO. APELANTE,
EMBRIAGADO, QUE COLIDIU EM OUTRO VEÍCULO. RESULTADO GRAVOSO QUE
NÃO CONFIGURA DESDOBRAMENTO INERENTE À INFRAÇÃO COMETIDA.
NEGATIVAÇÃO DO VETOR DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. CIRCUNSTÂNCIA
JUDICIAL MANTIDA. [...] (TJSC, Apelação Criminal n. 0001166-
41.2018.8.24.0051, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Cinthia
Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, Quinta Câmara Criminal, j. 05-05- 2022).
APELAÇÃO CRIMINAL. ESTELIONATO (ART. 171, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL).
SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. […] DOSIMETRIA.
PRIMEIRA FASE. FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL. IMPRATICABILIDADE.
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME QUE SUPERAM A NORMALIDADE. DESFALQUE
PATRIMONIAL VULTOSO SUPORTADO PELA VÍTIMA. EXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE
DIVERSOS ANTECEDENTES CRIMINAIS. AUMENTO DA REPRIMENDA
IRRETOCÁVEL.
1 O expressivo desfalque patrimonial causado à vítima, avaliado em
aproximadamente R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), revela que as
consequências ultrapassaram aquelas ínsitas ao tipo penal, circunstância que
permite o recrudescimento da sanção inicial. [...] (TJSC, Apelação Criminal n.
0017848-92.2017.8.24.0023, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
Sidney Eloy Dalabrida, Quarta Câmara Criminal, j. 28-04-2022).
Comportamento da Vítima
Única que pode usar para diminuir a pena.
Não pode usar para aumentar.
É raro aplicar.

É preciso perquirir em que medida a vítima, com a sua atuação, contribuiu


para a ação delituosa.

Muito embora o crime não possa de modo algum ser justificado, não
há dúvida de que em alguns casos a vítima, com o seu agir, contribui ou
facilita o agir criminoso.
Essa circunstância reflete favoravelmente ao agente. na dosimetria
da pena.
Prevalece o entendimento de que é uma circunstância neutra, que só
pode beneficiar o réu.
Algumas condutas da vítima
Vítima instiga, provoca, desafia ou facilita a conduta delitiva do agente.
Vítima provoca o réu, de alguma forma.

Injusta provocação da vítima causa de diminuição de pena.


Não pode ficar menos que o mínimo do tipo.
A ser sopesada somente na terceira etapa da dosimetria, como
ocorre no homicídio (art. 121, §1o, do CP) e nas lesões corporais (art.
129, §4o, do CP).

Túlio Lima Viam na


Não será considerado favorável ao agente o comportamento da vítima
pela “mera roupa provocante com a qual desfila a moça em local ermo, pois
ninguém é obrigado a trajar-se com recato”.
Por outro lado, a moça que aceita ir ao motel com um rapaz e lá,
desiste da relação no último momento, certamente contribui para a prática do
estupro.
Conclui o autor que: “a clara diferença entre os dois comportamentos
das vítimas está na absoluta passividade do primeiro e na atividade do
segundo”".
"O comportamento da vítima nunca pode ser valorado negativamente, pois se
trata de circunstância judicial que apenas pode abrandar a pena,
inviabilizando, por consequência, qualquer fundamentação que agrave a pena
sob a razão de que o comportamento da vítima teria contribuído para o
crime". (ENFAM. Manual prático de decisões penais. Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Brasília: Conselho de Justiça
Federal. 2018. P. 55).

APELAÇÃO CRIMINAL. RÉU PRESO. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.


ESTUPRO DE VULNERÁVEL [...] CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS PREVISTAS NO ART.
59 DO CÓDIGO PENAL QUE, À EXCEÇÃO DO COMPORTAMENTO DA VÍTIMA,
NÃO TEM O CONDÃO DE MINORAR A PENA. VALORAÇÃO NEUTRA MANTIDA.
[...] (TJSC, Apelação Criminal n. 0000716- 54.2019.8.24.0119, de Garuva, rel.
Ernani Guetten de Almeida, Terceira Câmara Criminal, j. 14-04-2020).

“O comportamento da vítima apenas deve ser considerado em benefício do


agente, quando a vítima contribui decisivamente para a prática do delito,
devendo tal circunstância ser neutralizada na hipótese contrária, de não
interferência do ofendido no cometimento do crime” (HC n. 178.148, Min.
Marco Aurélio Belize, j. 14.02.2012).

APELAÇÃO CRIMINAL (RÉU PRESO) - TRIBUNAL DO JÚRI - CRIMES DE


HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO (CP, ART. 121, § 2o, II e IV, C/C ART. 14, II)
E CORRUPÇÃO DE MENOR […] COMPORTAMENTO DA VÍTIMA - HIPÓTESE EM
QUE SE RECONHECE A CONTRIBUIÇÃO DO OFENDIDO PARA A PRÁTICA
DELITUOSA - REPRIMENDA REDUZIDA NO PONTO. [...] (TJSC, Apelação
Criminal n. 0000200-32.2017.8.24.0013, de Campo Erê, rel. Getúlio Corrêa,
Terceira Câmara Criminal, j. 03-03-2020).
Do voto: “De outro lado, o comportamento da vítima, aquele manifestado na
briga no bar, contribuiu para a ocorrência do crime. [...]”

Segunda Fase
Circunstâncias Legais
Agravantes Aumentam 1/6
Atenuantes Diminui 1/6

Agravantes
Somente aquelas previstas nos arts. 61 e 62 do CP.
Segundo Guilherme de Souza Nucci:
O ideal é acrescentar ou diminuir 1/6 para cada circunstância
identificada. (STJ).
É cabível a compensação entre agravantes e atenuantes.
Não majora a pena acima do máximo legal.

Agravantes Nominadas

Reincidência

CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando


não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
Somente será reincidente aquele indivíduo que já praticou algum crime
que transitou em julgado, antes da data do crime, praticado aqui no Brasil ou
em país estrangeiro, caso essa reincidência já tenha sido usada na primeira
fase, não poderá ser admitida na segunda fase.
5 anos após o cumprimento integral da pena (extinção da pena), o
agente volta a ser primário, embora não tenha bons antecedentes.
É necessário a juntada de certidão cartorária que comprove a
condenação anterior.
Apenas crimes. Contravenção não conta.
Crime com dolo ou culpa.

Para o Direito Penal, a reincidência é a perpetração de novo crime ou


de outro crime, quando já se é agente de crime anteriormente praticado. O
mesmo que recidiva.
CP Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Assim, só haverá reincidência quando:


Houver sentença penal condenatória com trânsito em julgado;
O novo crime for praticado após o trânsito em julgado da primeira
sentença condenatória.
CP Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
Continua com maus antecedentes, mas não é reincidente.
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Crimes militares Só podem ser cometidos por militares.
Crimes políticos Na prática, não são crimes. São crimes de
responsabilidade e não criminais.

Decreto-Lei 3.688/41 Lei das Contravenções Penais


Art. 7º - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado,
no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de
contravenção.
1º delito Crime no exterior ou no Brasil
Contravenção no Brasil
2º delito Contravenção.

Aula 12 - 10/05/2023

+
Não reincidente e com bons
antecedentes.
Essa sentença só gera reincidência.
Se houvesse um 3º crime após o T
em J, aí seria reincidente, com bons
antecedentes.

Condenação Nova Infração Resultado


Contravenção BR Contravenção BR Reincidente – Art. 7º
Contravenção Exterior1 Contravenção BR Não Reincidente2
Contravenção BR Crime BR Não Reincidente3
Crime BR ou Exterior Crime BR Reincidente – Art. 7º
Crime BR ou Exterior Contravenção BR Reincidente – Art. 7º
1 Se aconduta praticada no exterior for contravenção no Brasil.
2 e 3 Art. 7º é omisso. Sem previsão legal não é reincidente.

É bom frisar que tanto a reincidência quanto os maus antecedentes só


podem ser comprovados por certidão emitida pelo escrivão judicial em que
conste:
Data da condenação
Data do trânsito em julgado
Data da extinção da punibilidade (se for o caso)

Essa certidão é um documento obrigatório.

A ausência da certidão, bem como a certidão apócrifa, impede o


aumento da pena tanto pela reincidência quanto pelos maus antecedentes.
A condenação anterior por contravenção penal não gera reincidência,
pois o art. 63 do Código Penal é expresso em sua referência a crime.
Vale frisar que, de acordo com o art. 64 do Código Penal, se entre a
data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, não há falar em
reincidência.

Efeitos da Reincidência
1 Agrava a pena privativa de liberdade;
2 Impede a substituição da privativa por restritiva de direitos se reincidente
em crime doloso;
3 Impede a substituição da privativa por pena de multa;
4 Impede a concessão de sursis, quando por crime doloso;
5 Aumenta o prazo para obter o livramento condicional;
6 Impede o livramento condicional quando reincidência específica nos
hediondos;
7 Interrompe a prescrição da pretensão executória;
8 Aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória;
9 Revogação obrigatória do sursis, se condenado por crime doloso;
10 Revoga o livramento em caso de condenação a pena privativa;
11 Revoga a reabilitação quando o agente é condenado a pena diversa de
multa;
12 Impede o privilégio no furto e estelionato;
13 Obriga o agente a iniciar no regime fechado (reclusão) e semiaberto
(detenção).

Reincidência Específica
1 Na Lei dos Crimes Hediondos ou equiparado.
Tem que ter praticado dois crimes hediondos (qualquer um deles).
2. No Código de Trânsito
Tem que ter praticado dois crimes do CTB (qualquer um deles).
3. No 44 do CP
Tem que ter praticado dois crimes idênticos.
Art. 44 § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude
da prática do mesmo crime.
4. Na Lei de Drogas
Tem que ter praticado dois crimes de tráfico.
Lei 11.343/2006
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em
matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que
outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo
com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,
distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou
associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 desta Lei:

Reincidência x Maus Antecedentes

Sujeito praticou 100 furtos, na sequência.


Se ainda não foi definitivamente condenado por nenhum, ele é
primário.

Sujeito praticou 100 furtos, na sequência.


Se depois de todos eles foi condenado pelos 100, tem maus
antecedentes.

Sujeito praticou 99 furtos.


Foi definitivamente condenado por um. Se depois do trânsito cometer
outro, será reincidente.

Súmula 241 do STJ Evita o bis in idem.


Não pode usar a mesma reincidência na fixação da pena base e depois
como agravante.

Motivo Fútil ou Torpe


São o mesmo tipo, mas são coisas diferentes.
Ambos podem ser usados em momentos diferentes da dosimetria.
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;

TORPE é a motivação vil, repugnante, imoral.


Torpe é o motivo repugnante, abjeto, vil, que causa repulsa excessiva à
sociedade [...] faz com que a sociedade fique particularmente indignada."
(Nucci, Guilherme de Souza).
Não é um motivo “pequeno”, mas sim desprezível.

Exemplos
Preconceito.
Canibalismo.
Rituais macabros.
Motivação econômica.
Intenção de ocupar o cargo da vítima.
Matar por prazer.
Matar a esposa porque não quis manter relação sexual.
Morte de policiais por integrantes de facção criminosa.
Preso que mata outro porque integra facção criminosa adversária.

Cuidado
No crime de homicídio, por exemplo, o Art. 121 já traz a torpeza e a
futilidade já estão incluídas como qualificadoras.
Se o tipo já trouxer algum tipo de agravante como qualificadora, só
pode usar para qualificar. Não pode usar de novo para agravar.
Nesse caso pode usar a torpeza como qualificadora e a futilidade como
agravante.

MOTIVO FÚTIL decorre da flagrante desproporcionalidade entre a razão do


agente e o resultado produzido.
“Mata-se futilmente quando a razão pela qual o agente elimina outro
ser humano é insignificante, sem qualquer respaldo social ou moral,
veementemente condenável” (Nucci, Guilherme de Souza).
Desproporção causa efeito.

Exemplos
Pai matou o filho porque este chorava.
Marido matou a esposa em razão de ter feito um almoço muito
simples em dia que iria receber amigos em casa.
Motorista matou o fiscal de trânsito em razão da multa aplicada.
Patrão matou o empregado por erro na prestação do serviço.
Homicídio contra dono de bar que se recusou a servir mais uma
dose de bebida, ou porque ouviu comentário jocoso em relação ao seu time
de futebol etc.

É um motivo “pequeno”.
Ex Ciúme, por exemplo, não é fútil, mas sim torpe.

Facilitar ou assegurar a ocultação, impunibilidade ou vantagem de outro


crime.
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime;

Essa agravante é utilizada nos casos que o agente praticar outro


crime para ocultar, facilitar, manter a impunibilidade ou vantagem
de outro crime.

Teleológica2 Garantir a Execução


1
Conexão com outro crime Garantir a Ocultação
Consequencial3 Garantir a Impunidade4
Garantir a Vantagem

1 Concurso de crimes somam-se as penas.


2 Comete homicídio para cometer estelionato.
3 Mata o fiscal para que não descubra desvio de dinheiro.
4 Assalta um banco e alguém o reconhece, então mata essa pessoa.

Dois crimes ligados.


Mesmo Processo
Traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa da vítima
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;

Nesse inciso o legislador quis agravar a situação daqueles que


covardemente dificultaram a defesa da vítima.
Ligado à execução do crime.
Se enquadram nesse inciso também todos os meios astutos que
surpreendam o ofendido.
Traição
O ápice da deslealdade, a vítima é surpreendida pelo agente, pessoa
na qual depositava confiança. Divide-se em material, que é o ato de golpear
alguém pelas costas e pode ser moral que é ocultar a intenção criminosa.
Aquele “cometido mediante ataque súbito e sorrateiro, atingindo a
vítima, descuidada ou confiante, antes de perceber o gesto criminoso”
(Nélson Hungria).
“A traição consubstancia-se essencialmente na quebra de confiança
depositada pela vítima no agente, que dela se aproveita para matá-la”.(Julio
Fabbrini Mirabete).

Dificuldade ou
Quebra da Confiança Traição
Impossibilidade de defesa

Cuidado
Também qualifica o crime de furto.

Emboscada
Ato de preparar uma armadilha, uma cilada para alguém, esperar a
pessoa passar para atacá-la com a surpresa dificulta sua defesa.
“A emboscada ou tocaia requer que o agente, escondendo-se da
vítima, aguarde sua passagem por um determinado local para atingi-la de
surpresa. E inerente a esse recurso a premeditação.” (Colnago, Rodrigo).

Dissimulação
Quando o agente finge ser uma pessoa que realmente não é, apenas
para ganhar a confiança da vítima, engana a vítima, despistando sua vontade
hostil.
“Dissimular é ocultar a verdadeira intenção, agindo com hipocrisia.
Nesse caso, o agressor, fingindo amizade ou carinho, aproxima-se da vítima
com a meta de matá-la.” (NUCCI, Guilherme de Souza).

Conduta ardil para enganar a vítima.


Normalmente não conhece a pessoa.
Não aplica no estelionato (Art. 171), pois já faz parte do tipo.
1 Moral Ex “Vamos ali, que vou te passar o gabarito da prova.” Aí mata a
vítima.
2 Material Ex Se passar por um agente da vigilância sanitária para entrar
na casa da pessoa.

Outro Recurso que Dificulte ou Torne Impossível a Defesa da Vítima


“Ao generalizar, fornecendo de antemão os exemplos, deixa a lei penal
bem claro que o objetivo desta qualificadora é punir mais severamente o
agente que, covardemente, mata o ofendido. Traindo-o, emboscando-o ou
ocultando suas verdadeiras intenções, está prejudicando ou impedindo
qualquer reação de sua parte, que se torna presa fácil. Entretanto, há
possibilidade de surgirem outros aspectos dessa modalidade pusilânime de
agir, o que permite o encaixe na figura genérica. Exemplo disso seria atacar
quem está dormindo ou embriagado.” (NUCCI, Guilherme de Souza).

São artifícios que tornam a escapatória da vítima muito difícil.


Ex boa noite, Cinderela.
Superioridade numérica
Se juntam em 8 para atacar a vítima.
Usar arma de fogo não é mais agravante, pois normalmente crimes são
cometidos à mão armada.
O tamanho da pessoa que ataca não é um recurso.
Ex Se o agressor tem uma constituição física maior que a vítima.

Meios insidiosos, cruéis ou de perigo comum.


CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;

Insidioso
Os meios insidiosos são aqueles camuflados, que nem a vítima percebe
que está sendo atacada, quando se dá conta, já aconteceu. Dificulta a defesa
da vítima, deve ser analisado casuisticamente.
É um meio velado, uma armadilha, um meio fraudulento para atingir a
vítima sem que se perceba que está havendo um crime.
Normalmente é uma sabotagem ou fraude.

Exemplos
Sabotagens em geral (no freio de um veículo, no motor de um avião, na
mochila que leva o paraquedas da vítima etc.).
Trocar o medicamento necessário para manter alguém vivo por
comprimidos de farinha.

Cruéis
Os cruéis são aqueles que causam a vítima um sofrimento maior do
que o necessário, prolongam o tempo de sua agonia, etc.
São aqueles em que o ato executório é breve, embora provoquem
forte sofrimento físico na vítima.

Exemplos
Espancamento mediante socos e pontapés ou o pisoteamento;
Golpes no corpo da vítima com martelo, barra de ferro, pedaço de pau;
Apedrejamento;
Atropelamento intencional;
Jogar a vítima do alto de um prédio ou precipício;
Despejar grande quantidade de ácido sobre o corpo da vítima;
Choque elétrico de alta voltagem;
Arrastar a vítima em um carro ou cavalo em movimento;
Obrigar a vítima a ingerir rapidamente grande quantidade de bebida
alcoólica;
Colocar a vítima em uma jaula com feras.
Tortura não conta, pois o crime de tortura é cometido para conseguir
algo em troca ou por castigo. Já o meio cruel é desnecessário para atingir seu
objetivo.
Crueldade psicológica também conta.

Perigo Comum
Já o perigo comum, é quando aquela conduta além de causar dano a
vítima, poderia ter causado danos a terceiros, coloca em perigo várias
pessoas.
Nesses casos, além de causar a morte de quem pretendia, o meio
escolhido pelo agente tem o potencial de causar situação de risco à vida ou
integridade corporal de número elevado e indeterminado de pessoas.
Colocam a coletividade em risco.
A qualificadora se aperfeiçoa com a mera possibilidade de
o meio empregado causar risco a outras pessoas.
Não precisa que outras pessoas sejam atingidas, basta colocar
em perigo.

Exemplos
Provocação de um desabamento, incêndio, explosão.
Execução da vítima com disparos de arma de fogo em meio a uma
multidão (show, baile, festa de peão etc.).

Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge.


CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

O legislador teve a intenção de proteger ainda mais as relações


familiares, agravando a pena do agente que comete crimes contra essas
pessoas.
Nesse caso, maior insensibilidade moral do agente são relações que
pressupõe carinho, afeto e amizade.
Nesse dispositivo descarta-se as relações de afinidade tais como pai ou
mãe de criação, concubinos ou companheiros.
É importante salientar que para a aplicação dessa agravante se faz
necessário a juntada nos autos do processo de documento que comprove tal
parentesco.

Não há limite de parentesco.


Colaterais não contam, apenas ascendentes e descendentes.
Irmão adotado ou meio irmão também conta.
União estável não conta, apenas cônjuge.

Abuso de autoridade ou prevalecendo-se das relações domésticas, de


coabitação ou de hospitalidade.
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a
mulher na forma da lei específica;

Pune o abuso de autoridade nas relações domésticas, o exercício


ilegítimo da autoridade no campo privado, como relações de tutela, curatela,
de hierarquia eclesiástica, não abrangendo funções públicas.
Não é o abuso de autoridade da Lei de Abuso de Autoridade, é uma
autoridade no campo privado.

Relações domésticas são as relações entre indivíduos da mesma família,


criados e patrões, aquelas pessoas presentes no âmbito familiar.
Coabitação são aquelas pessoas que vivem sob o mesmo teto, mesmo que
seja por pouco tempo, exemplo pensão.
Convivência diária.
Hospitalidade a expressão indica a estada de alguém na casa alheia sem que
seja caso de coabitação, uma visita por exemplo.
Convivência eventual.

Abuso de poder ou violação inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão


CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão;

O agente deve exercer cargo, ofício, ministério ou profissão, vindo a


praticar o delito com o abuso de poder ou violação de obrigações inerentes a
sua atividade.

Cargo ou ofício devem ser necessariamente públicos.


Profissão qualquer atividade exercida como meio de garantir sua
subsistência.
Não no serviço público.
Ministério pressupõe uma atividade religiosa.

É o abuso de autoridade que a Lei de Abuso de Autoridade fala.


É necessário existir um liame entre o crime cometido e o abuso de
poder, o agente tem que ter se valido dessa condição para a prática do crime.
Ex Quando uma autoridade constrange alguém a celebrar contrato de
trabalho, responderá pelo art. 198, combinado com o art. 61, II, alínea g.
Causa Efeito

Cometer crime contra criança velho, enfermo ou mulher grávida


CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo oumulher
grávida;

Criança Alguns doutrinadores falam sete anos, outros falam em 12 anos de


idade, completos, conforme o ECA (Estatuto da criança e do adolescente) e
ainda existem outros que falam em 14 anos incompletos, comparando com as
referências feitas no Código Penal, que possuem maior proteção.

Pessoa velha idoso ou pessoa idosa, de acordo com o Estatuto do Idoso, Lei
10.714/2003.
60 anos.
Algumas doutrinas consideram pessoa idosa aquela que está
debilitada, biologicamente falando, porém existem outras correntes que
consideram a idade cronológica, essa é a corrente mais utilizada nos dias de
hoje.

Enfermo os deficientes físicos, e os paraplégicos, quem tenha sofrido um


acidente.
Se o sujeito ativo e passivo estiverem nas mesmas condições, não se
justifica a agravante.

Mulher grávida nos casos de crimes contra mulher grávida é importante


falarmos de alguns pontos:
É aplicável a qualquer crime;
Admite o dolo direto e eventual;
A falta de conhecimento desse fato pelo agente conduz a erro de tipo;
Inaplicável no crime de aborto como agravante.
Existem doutrinadores que só aplicam a agravante à agente que tenha
se aproveitado do estado de gravidez da vítima, da maior exposição física dela
para a prática do delito.
Não há responsabilidade objetiva, a pessoa tem que saber que a vítima
estava grávida.

Quando o ofendido está sob a imediata proteção da autoridade.


CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

Quem está sob a proteção do Estado, supõe uma proteção maior e


causa agravamento da pena, pois o agente teve uma ousadia ímpar,
desafiando a segurança estatal, portanto deve ver sua pena agravada em
função dessa ousadia.
É proteção física.

Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação, ou qualquer calamidade


pública ou de desgraça particular do ofendido.
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;

Essa agravante é nos casos que a situação não foi causada pelo agente,
porém, se aproveita da situação para cometer o delito, demonstrando total
desprezo com a sociedade e plena falta de solidariedade.

Desgraça particular calamidade que é só dele, da vítima.


Embriaguez Preordenada
CP Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.

Ocorre quando o agente se embriaga propositalmente para adquirir


coragem para praticar o delito, atitude essa que ele não teria se tivesse sóbrio.
A pessoa bebe para criar coragem para cometer o crime.
Por analogia, considera-se qualquer entorpecente.

Outras Agravantes
Outra classe de agravantes, diferente das nominadas.
Além dessas agravantes do art. 61, existem ainda as agravantes
especificadas no caso de concurso de pessoas, as quais estão previstas no art.
62.
Só se aplicam no caso de concurso de pessoas, porém deve-se lembrar
que aplica-se também nos casos de autoria mediata, que não é um concurso
de pessoas propriamente dito e sim o intercurso de mais de uma pessoa.

CP Art. 62 A pena será ainda agravada em relação


ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade
dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
Ex Pai manda filho menor cometer o crime.
Patrão Funcionário
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.
Ex mercenários
Aula 16 - 31/05/2023

Segunda Fase
Atenuantes
São aquelas previstas no art. 65 do CP, havendo ainda no art. 66 do CP
a previsão de uma atenuante genérica.
Não reduz a pena abaixo do mínimo legal
Valor quântico para cada circunstância:
Não há disposição legal
Jurisprudência
1/6 da pena mínima in abstrato

Ao final tem-se a fixação da pena provisória

Circunstâncias Nominadas

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência,
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter,
antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de
violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a
autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se
não o provocou.
Atenuantes Inominadas

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância


relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente
em lei.

APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. PRELIMINAR DE.


INÉPCIA DA DENÚNCIA. REJEITADA. ABSOLVIÇÃO. INEXIGIBILIDADE DE
CONDUTA DIVERSA. COCULPABILIDADE ESTATAL. PRINCÍPIOS DA
INSIGNIFICÂNCIA E DA INTERVENÇÃO MÍNIMA. IMPOSSIBILIDADE. [...]
Admissível o reconhecimento da atenuante inominada prevista em lei
(artigo 66 do Código Penal), concernente à ‘coculpabilidade social’, uma vez
que as desigualdades existentes em nossa sociedade podem inserir-se nas
circunstâncias da prática do fato como vetor favorável ao sentenciado, para
mitigação da pena-base.” (TJ-GO, AP. CRIM. 415946-21.2007.8.09.0051, Rel.
DES. ITANEY FRANCISCO CAMPOS, 1a CÂM. CRIM., DJe 962 de 16/12/11).
Muito usado na Lei de Tóxicos.
Culpabilidade
Atenua a pena relativo à culpa que a sociedade tem nisso.
[...] APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES [...]
ALMEJADA CONCESSÃO DA ATENUANTE INOMINADA ‐ COCULPABILIDADE ‐
DEPENDÊNCIA QUÍMICA ‐ INAPLICABILIDADE - REDUTORA QUE NÃO TEM O
CONDÃO DE JUSTIFICAR A INCLINAÇÃO DELITUOSA DO AGENTE - NEXO
INEXISTENTE ENTRE O ATO E A CONDIÇÃO SOCIAL. [...] (TJSC, Ap. Criminal n.
0005195-28.2018.8.24.0054, de Rio do Sul, rel. Luiz Antônio Zanini Fornerolli,
Quarta Câmara Criminal, j. 13-06-2019).

Idade do Agente
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de
70 (setenta) anos, na data da sentença;
Maior de 18, mas menor de 21.
Personalidade ainda não 100% formada.
No momento da consumação do crime.
Maior de 70 anos Senilidade
No momento da prolação da sentença.
Pessoa já não possui a mesma lucidez
Aplica-se também na data do reexame feito pelo tribunal.
Reduz a prescrição pela metade.
Desconhecimento da Lei

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


II - o desconhecimento da lei;
É difícil aplicar essa atenuante, pois o art. 21 do CP diz que o
desconhecimento da lei é inescusável.
Não isenta de pena, apenas atenua.
Lei 5.700/71, dispondo sobre a forma e a apresentação dos símbolos
nacionais, preceitua que a execução do Hino Nacional deve ser feita conforme
estipulado nesta lei (em andamento metronômico, tonalidade de si bemol,
etc.); do contrário, considera-se contravenção, sujeitando o infrator à pena de
multa de uma a quatro vezes o maior valor de referência vigente no País,
elevada ao dobro nos casos de reincidência (art. 35).

Relevante Valor Social ou Moral

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
moral;

Relevante Valor Social


Atende aos interesses da coletividade.
Relevância social/comunitária.
Não interessa tão somente ao agente, mas, sim, ao corpo social.
Ex Morte de um político corrupto por um agente revoltado com a
situação de impunidade no país, em que o Direito Penal, de acordo com sua
característica de seletividade, escolhe somente a classe mais baixa, miserável,
a fim de fazer valer a sua força.
Relevante Valor Moral
Leva em conta os interesses do agente.
Relevância particular do agente.
Um motivo egoisticamente considerado.
Ex Pai que mata o estuprador de sua filha.
Arrependimento
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após
o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;

O agente tenta por sua espontânea vontade amenizar ou até mesmo


evitar as consequências do crime.
Deve reparar o dano antes do julgamento ou agir para diminuir as
consequências do delito, deve haver sinceridade na ação, espontaneidade,
conforme descrito na alínea b.

Arrependimento.
Tentar minorar os efeitos.

Coação, Cumprimento de Ordem Superior e Violenta Emoção

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima;

Coação
Coação resistível.
Física ou moral.
Poderia não ter aceitado fazer, mas não conseguiu negar.
Se a coação fosse irresistível, seria uma exclusão de culpabilidade.
Cumprimento de ordem superior
Aplica-se essa atenuante porque sabe-se o quanto é difícil o
subordinado evitar o cumprimento de uma ordem superior, mesmo que ilícita.
Atenua e não isenta, pois se pediu para cometer um crime, não
poderia ter cumprido a ordem.
Violenta emoção
Violenta Emoção: A aplicação dessa atenuante não requer que seja logo após
a provocação e basta ser a influência dessa violenta emoção.
“Emoção violenta: refere-se à intensidade da emoção. É aquela que se
apresenta forte, provocando um verdadeiro choque emocional. Somente se
violenta autoriza o privilégio, de forma que, se o agente, diante de uma injusta
provocação, reage "a sangue frio", não terá direito à minorante; [...] (CAPEZ,
Fernando. Curso de Direito Penal, parte especial. 8. ed. 2 v., São Paulo: Saraiva,
2008. p. 37).

Arrependimento Espontâneo

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;

Confissão Espontânea
Admitir contra si, voluntária e espontaneamente, diante de uma
autoridade competente a prática de algum ato delituoso.
Para delegado ou juiz.
Normalmente acontece no interrogatório, durante a audiência,
que é o último ato instrutório.
Muito comum.

Influência de Multidão, em Meio a Tumulto.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o
provocou.
Efeito manada.
Aplica-se essa atenuante quando o agente agiu por influência de
multidão criminosa, Folla delinquente, pois entende o legislador que quando
nessas circunstâncias, o agente desagrega-se de sua personalidade, devemos
salientar no entanto que o agente criminoso não pode ter sido o provocador
do tumulto.

Outras Observações

O artigo 66 do Código Penal, traz ainda a possibilidade da atenuante


facultativa, na qual prevê uma circunstância relevante antes ou depois do
crime, é uma norma extremamente aberta, o juiz aplicará segundo sua
vontade e interpretação.

Existem ainda as atenuantes e agravantes em leis especiais, as quais


devem ser analisadas casuisticamente, de acordo com cada crime.

No caso de concurso de agravantes e atenuantes o magistrado deve


fazer preponderar a agravante da reincidência, por exemplo em face da
confissão espontânea.
Se aumenta 1/6 e atenua 1/6, fica elas por elas, mas o juiz pode
ponderar para fazer um deles ter mais peso.

Terceira Fase
Causas de aumento ou diminuição da pena.
Código Penal ou na parte geral ou no tipo.
Em cima da pena intermediária, após a segunda fase.

Parte geral
Ex tentativa, concurso formal, crime continuado
Parte especial
Ex Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância.
[…]
São facilmente identificáveis
Sempre expressas por uma fração (aumenta-se da metade, diminui-se
de um a dois terços, etc).
Ordem de aplicação:
1 causas de aumento de pena.
2 causas de diminuição de pena.
A causa de diminuição de pena em razão da tentativa será sempre a
última a ser aplicada.
Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

Pena PODE ultrapassar os limites mínimos e máximos.

Causas de Aumento e de Diminuição Genéricas


São assim chamadas porque se situam na parte geral do código penal.
São as causas que aumentam ou diminuem as penas em proporções fixas
(1/2. 1/3, 1/6, 2/3, etc.)
Diminuição
Ex Tentativa.
Art. 14 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.

Erro de proibição evitável


Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de
um sexto a um terço

Semi-imputabilidade
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Semi-imputável
Sem entendimento completo das suas ações, mas tem algum
discernimento.
Participação
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço.
Aumento
Ex Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente,
se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços.

Crime continuado específico


Art. 71 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.
Essas causas podem elevar a pena ALÉM DO MÁXIMO e diminuí-las
AQUÉM DO MÍNIMO, ao contrário das circunstâncias anteriores.

Definição do regime inicial de cumprimento de pena


Após a fixação do quantum da pena definitiva, o regime inicial de
cumprimento de pena será definido com base no art. 33 do Código Penal.
Regime é definido pelo Art. 33.
Tipo (detenção ou reclusão) é definido no tipo.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.

Regime inicialmente fechado


Crimes hediondos ou equiparados.
Lei 8.072/90 Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis
de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado.
O STF considerou o §1º inconstitucional, mas ainda não foi oficalmente
revogado.

Substituição da Pena

Os requisitos para a substituição da pena são:


1 Crime culposo ou doloso com pena inferior a 4 anos;
2 Crime não ter sido praticado com violência ou grave ameaça;
3 Réu não ser reincidente no mesmo crime;
Reincidência específica.
4 Circunstâncias judiciais serem favoráveis.

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as


privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer
que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser
feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude
da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta
dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro
crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Obviamente, se o juiz considerou na primeira fase da fixação da pena
as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu para fixar a pena-base, estas
circunstâncias também devem ser consideradas favoráveis quando da análise
da substituição da pena.
Penas ≤ 1 ano
Substituídas por uma prestação pecuniária OU uma restritiva
de direitos.

Penas > 1 ano


Substituídas por uma prestação pecuniária E uma restritiva de
direitos OU por duas restritivas de direitos.

A prestação pecuniária não obedece ao critério de fixação com base


em dias-multa, devendo ser determinada uma importância entre 1 e 360
salários-mínimos.
O código se refere a prestação pecuniária e, portanto, não é de boa
técnica a fixação de pagamento de cestas básicas, uma vez que não são
pecúnia (dinheiro) e podem ter valor variável.
A prestação pecuniária deve ser paga preferencialmente a vítima, mas
se por qualquer motivo esta não puder receber o pagamento (vítima de
homicídio culposo, por exemplo) o pagamento será feito a seus dependentes.
Não havendo vítima nem dependentes ou no caso de não haver uma
vítima determinada (crimes contra a saúde pública, por exemplo) a prestação
pecuniária será paga a entidades assistenciais.
A prestação de serviços comunitários só pode ser aplicada em penas
superiores a 6 (seis) meses e será cumprida à razão de 1 (uma) hora de tarefa
por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de
trabalho, tudo nos termos do art. 46 do CP.
Penas > 6 meses
1 hora = 1 dia de condenação.

Circunstâncias Legais Especias ou Específicas


2ª Fase
Previstas na parte especial.
Alterar os limites mínimo e/ou máximo da pena.
Qualificadoras
Só estão previstas na parte especial.
Sua função é alterar os limites mínimo e/ ou máximo da pena.
Causas de aumento e diminuição.

Conflito e Concurso entre as Circunstâncias


Pode ocorrer que em cada uma das fases de fixação da pena haja um
conflito entre algumas circunstâncias que querem elevar à pena e outras
benéficas ao agente.

Neste caso o juiz irá proceder da seguinte forma:


1 Conflito entre agravantes e atenuantes;
2 Conflito entre circunstâncias judiciais;
3 Conflito entre circunstâncias judiciais legais agravantes e atenuantes;
4 Concurso entre agravantes genéricas e qualificadoras;
5 Concurso entre causa de aumento de pena da parte geral e da parte
especial;
6 Concurso entre causas de diminuição da parte geral e da parte especial;
7 Concurso entre causas de aumento situadas na Parte especial;
8 Concurso entre causas de diminuição previstas na Parte Especial.
Prevalecerão as que disserem respeito
1º Menoridade relativa do agente.
2º Motivos do crime;
3º Personalidade do agente;
4º Reincidência;
Depois
Circunstâncias de natureza subjetiva.
Por último
Circunstâncias objetivas.
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do
crime, da personalidade do agente e da reincidência.

Agravantes Preponderantes Atenuantes Preponderantes


Menor de 21 anos.
Reincidência Mega preponderante
Preponderante das preponderantes.
As resultam dos motivos Confissão Espontânea
determinantes do crime. As resultam dos motivos
Ex motivo torpe, fútil... determinantes do crime.
Ex relevante valor social, moral...
Agravante simples x atenuante simples
Anulam-se.
A pena não deve sofrer alteração na 2ª fase.
Agravante preponderante x atenuante simples
A agravante anula a atenuante.
A pena deve ser elevada se possível na 2ª fase
Agravante simples x atenuante preponderante
A atenuante anula a agravante.
A pena deve ser reduzida se possível, na 2ª fase
Agravante preponderante x atenuante preponderante:
Anulam-se.
A pena não deve sofrer alteração na 2ª fase.

Exemplos

Agravante Atenuante
Reincidência Desconhecimento da lei
É preponderante não é preponderante
Agravante Atenuante
Reincidência Menoridade Relativa (< 21 anos)
É preponderante É MEGA preponderante

Conflito entre Circunstâncias Judiciais


1ª FASE.

Prevalecerão
Personalidade do agente.
Motivos do crime.
Antecedentes.

Em seguida as demais circunstâncias subjetivas


Culpabilidade.
Conduta social.

Finalmente
Consequências do crime.
Comportamento da vítima.
Conflito entre Circunstâncias Judiciais e Legais
1ª e 2ª Fases
Não existe conflito, uma vez que as circunstâncias judiciais se
encontram na 1a fase e as agravantes e atenuantes na 2ª; logo, jamais haverá
conflito.
Sem conflito, pois fases diferentes.

Concurso entre Agravantes Genéricas e Qualificadoras


Ex No caso de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe,
emprego de veneno e recurso que impossibilite a defesa do ofendido.
Somente uma cumprirá de elevar os limites de pena mínimo e
máximo. E as demais, servirão como circunstancias agravantes.
Vedado o bis in idem
Usa uma como qualificadora e uma outra como aumento ou
diminuição.

Concurso entre Causa de Aumento de Pena da Parte Geral e da Parte Especial


Primeiro incide a causa específica e depois a da parte Geral, com
observação de que o segundo aumento dever incidir sobre a pena total
resultante da primeira operação.
Ex homicídio simples contra vítimas menores de catorze anos em
continuidade delitiva:
Pena-base 6 anos.

Causa de aumento da Parte especial


Aumenta-se 1/3 em razão de as vitimas serem menores de
catorze anos.
Art. 121. Matar alguém:
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou
se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir
as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.
Pena aumentada
8 anos
6 anos da pena-base + 1/3 da causa de aumento.
Causa de aumento da parte geral
Aumento é de 1/6 até 2/3, em razão da continuidade delitiva,
que incidirá sobre a pena já aumentada (8 anos) e não sobre a pena-
base (6 anos).

Concurso entre Causas de Diminuição da Parte Geral e da Parte Especial


Incidem as duas diminuições.
A segunda diminuição incide sobre a pena já diminuída pela primeira
operação.

Concurso entre Causas de Aumento Situadas na Parte Especial


Nos termos no parágrafo único do art. 68 do CP, o juiz pode limitar-se à
aplicação da causa que mais aumente, desprezando as demais.
Discricionariedade do Juiz.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59
deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

Na hipótese de concurso entre causas de aumento da parte especial


ou causas de diminuição da parte geral, se o juiz optar por fazer incidir ambos
os aumentos ou ambas as diminuições, o segundo aumento ou a segunda
diminuição incidirão sobre a pena-base e não sobre a pena aumenta ou
diminuída.

Concurso entre causas de aumento situadas na Parte especial


1 da Parte Geral e 1 da
Duas causas de Aumento Ambas incidem
Parte Especial
1da Parte Geral
Duas causas de Diminuição Ambas incidem
e 1 da Parte Especial
1 da Parte Geral e 1 da
Uma causa de Aumento
Parte Especial Ambas incidem
e uma de diminuição
ou ambas da Especial
O juiz pode aplicar
Duas causas de Aumento ou
Ambas da Parte Especial um só aumento ou
Duas de Diminuição
diminuição o maior.
Cuidado com possíveis “bis in idem”

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante
o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Só pode ser cometido pela mãe, por isso não incide a agravante
do Art. 61.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Só pode ser cometido contra mulher grávida.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida.

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor
de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida.

Não poderá constar nas fases da individualização circunstâncias que


qualifiquem o crime.
Art. 121. Matar alguém: [...]
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena [...]
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum.

Se estiverem as duas presentes, 1 qualifica, a outra agrava.

Resumo
Verificar se o crime é simples ou qualificado;
iniciar a operação de dosagem, partindo sempre do limite mínimo;
Justificar a cada operação as circunstâncias que entendeu relevantes
na dosimetria da pena.
Aplicar, na 1ª fase, as circunstâncias judiciais, de acordo com os
critérios fixados no art. 59 do CP.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
Nesta fase, não será possível fixar a pena abaixo do mínimo,
ainda que todas as circunstâncias sejam favoráveis ao agente, nem
acima do máximo.
Na 2ª fase, aplicar as atenuantes e agravantes incidentes à espécie,
estabelecendo a quantidade de cada aumento ou redução, com a observância
de que, nesta fase, a pena também não pode sair dos limites legais, nem
aquém, nem além.
Na 3ª fase, proceder aos aumentos e diminuições previstos nas partes
geral e especial, podendo a pena ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo.

Exemplo Caso Isabella Nardoni


“[...] os réus foram então submetidos a julgamento perante este Egrégio 2o
Tribunal do Júri da Capital do Fórum Regional de Santana, após cinco dias de
trabalhos, acabando este Conselho Popular, de acordo com o termo de
votação anexo, reconhecendo que os acusados praticaram, em concurso, um
crime de homicídio contra a vítima Isabella Oliveira Nardoni, pessoa menor de
14 anos, triplamente qualificado pelo meio cruel, pela utilização de recurso
que dificultou a defesa da vítima e para garantir a ocultação de delito anterior
[…]”

Concurso de agentes.
Vítima < de 14 anos.
Triplamente qualificado pelo:
Meio cruel
Utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima
Para garantir a ocultação de delito anterior…

Uma vez que as condições judiciais do art. 59 do Código Penal não se


mostram favoráveis (aumentar a pena na 1ª fase – pena já do homicídio
qualificado 12 a 30 anos de reclusão) em relação a ambos os acusados, suas
penas-base devem ser fixadas um pouco acima do mínimo legal.
Isto porque (justificar) a culpabilidade, a personalidade dos agentes, as
circunstâncias e as consequências que cercaram a prática do crime, no
presente caso concreto, excederam a previsibilidade do tipo legal, exigindo
assim a exasperação de suas reprimendas nesta primeira fase de fixação da
pena, como forma de reprovação social à altura que o crime e os autores do
fato merecem.
Com efeito, as circunstâncias específicas que envolveram a prática do
crime ora em exame demonstram a presença de uma frieza emocional e uma
insensibilidade acentuada por parte dos réus, os quais após terem passado
um dia relativamente tranquilo ao lado da vítima, passeando com ela pela
cidade e visitando parentes, teriam, ao final do dia, investido de forma
covarde contra a mesma, como se não possuíssem qualquer vínculo afetivo ou
emocional com ela, o que choca o sentimento e a sensibilidade do homem
médio, ainda mais porque o conjunto probatório trazido aos autos deixou
bem caracterizado que esse desequilíbrio emocional demonstrado pelos réus
constituiu a mola propulsora para a prática do homicídio.
Tudo isso que juiz cita é para justificar o aumento na 1ª fase.
Personalidade, conduta social, culpabilidade.

De igual forma relevante as consequências do crime na presente


hipótese, notadamente em relação aos familiares da vítima. Porquanto não se
desconheça que em qualquer caso de homicídio consumado há sofrimento
em relação aos familiares do ofendido, no caso específico destes autos, a
angústia acima do normal suportada pela mãe da criança Isabella, Sra. Ana
Carolina Cunha de Oliveira, decorrente da morte da filha, ficou devidamente
comprovada nestes autos, seja através do teor de todos os depoimentos
prestados por ela nestes autos, seja através do laudo médico-psiquiátrico que
foi apresentado por profissional habilitado durante o presente julgamento,
após realizar consulta com a mesma, o que impediu inclusive sua
permanência nas dependências deste Fórum, por ainda se encontrar, dois
anos após os fatos, em situação aguda de estresse (F43.0 - CID 10), face ao
monstruoso assédio a que a mesma foi obrigada a ser submetida como
decorrência das condutas ilícitas praticadas pelos réus, o que é de
conhecimento de todos, exigindo um maior rigor por parte do Estado-Juiz
quanto à reprovabilidade destas condutas
Juiz continua explicando os motivos que levaram a aumentar a 1ª fase
Consequências do crime

Assim sendo, frente a todas essas considerações, majoro a pena-base


para cada um dos réus em relação ao crime de homicídio praticado por eles,
qualificado pelo fato de ter sido cometido para garantir a ocultação de delito
anterior (inciso V, do parágrafo segundo do art. 121 do Código Penal) no
montante de 1/3 (um terço), o que resulta em 16 (dezesseis) anos de
reclusão, para cada um deles.
1ª fase: Não há quantum prefixado por lei.
O juiz escolheu o coeficiente de 1/3 (critério pessoal do magistrado),
sobre a pena mínima de 12 anos.
Total da 1ª fase 16 anos.

Agora ele começa a justificar a 2ª fase:


Como se trata de homicídio triplamente qualificado, as outras duas
qualificadoras de utilização de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa
da vítima* (incisos III e IV, do parágrafo segundo do art. 121 do Código Penal),
são aqui utilizadas como circunstâncias agravantes de pena, uma vez que
possuem previsão específica no art. 61, inciso II, alíneas "c" e "d" do Código
Penal.
Assim, levando-se em consideração a presença destas outras duas
qualificadoras, aqui admitidas como circunstâncias agravantes de pena,
majoro as reprimendas fixadas durante a primeira fase em mais 1⁄4 (um
quarto), o que resulta em 20 (vinte) anos de reclusão para cada um dos réus.
* Escolheu o garantir a ocultação de delito anterior como qualificadora
e deixou os demais como circunstancias agravantes.
16 anos + 1⁄4 (critério do juiz, pois há quantum preestabelecido)
Resultando 20 anos.

Justifica-se a aplicação do aumento no montante aqui estabelecido de


1⁄4 (um quarto), um pouco acima do patamar mínimo, posto que tanto a
qualificadora do meio cruel foi caracterizada na hipótese através de duas
ações autônomas (asfixia e sofrimento intenso), como também em relação à
qualificadora da utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima
(surpresa na esganadura e lançamento inconsciente na defenestração).

Juiz continua na 2a fase porque o Alexandre – pai tem mais uma


agravante:
Pelo fato do corréu Alexandre ostentar a qualidade jurídica de genitor
da vítima Isabella, majoro a pena aplicada anteriormente (20 anos) a ele em
mais 1/6 (um sexto), tal como autorizado pelo art. 61, parágrafo segundo,
alínea "e" do Código Penal, o que resulta em 23 (vinte e três) anos e 04
(quatro) meses de reclusão. Como não existem circunstâncias atenuantes de
pena a serem consideradas, torno definitivas as reprimendas fixadas acima
para cada um dos réus nesta fase.

Exemplo
1/4 e 1/6 são critérios discricionários do juiz.

3ª Fase
Terá como pena 20 anos para madrasta e 23 anos e 4 meses para o pai.

Por fim, nesta terceira e última fase de aplicação de pena, verifica- se a


presença da qualificadora (juiz se equivocou, pois é causa de aumento de
pena) prevista na parte final do parágrafo quarto, do art. 121 do Código Penal,
pelo fato do crime de homicídio doloso ter sido praticado contra pessoa
menor de 14 anos, daí porque majoro novamente as reprimendas
estabelecidas acima em mais 1/3 (um terço), o que resulta:
Em 31 (trinta e um) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão para
o corréu Alexandre (pai)
Em 26 (vinte e seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão para a corré
Anna Jatobá. (madrasta)

Exemplo
Está preestabelecido em lei – art. 121 CP.
Pena regime FECHADO
Praticaram o crime antes da Lei 13.964/2019 (pacote anticrime)
Progressão de regime:
Tiveram que cumprir 2/5 da pena para progredir para o regime
semiaberto porquê praticaram crime hediondo e não eram
reincidentes.

E se fosse nos dias de hoje?


Crime hediondo com resultado morte 50% da pena.

1ª Fase
Circunstâncias judiciais.
Pena base.
2ª Fase
Circunstâncias legais.
Pena Intermediária
Agravantes Arts. 61 e 62 do Código Penal.
Atenuantes Arts. 65 e 66 do Código Penal.

3ª Fase
Aumento e diminuição.
Pena definitiva.
No tipo ou na parte geral.

Concurso de Crimes

“Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de


omissões, pratica dois ou mais delitos, surge o concurso de crimes ou de
penas (concursus delictorum)”. (Damásio de Jesus).
1 ou + atos + de 1 crime.

Espécies
Concurso material
1 ou + atos + de 1 crime.

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada
pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais
será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
Revogado pelo §5º do Art. 44.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e
sucessivamente as demais.

Concurso formal
Apenas 1 ação + de 1 crime
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente,
se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela
regra do art. 69 deste Código.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.
Sistemas
No Brasil, só não se aplica o tipo C.

a Sistema do Cúmulo Material


Considera que as penas dos vários delitos devem ser somadas. Foi
adotado entre nós no concurso material ou real (art. 69, caput) e no concurso
formal imperfeito (ou impróprio) (art. 70, caput, 2a parte).

b Sistema da Absorção
A pena mais grave absorve a menos grave.
Princípio da Consunção
Quando um crime é essencial para a prática de outro. O crime
meio é absorvido pelo outro.
Prevalece o crime fim.

c Sistema da Acumulação Jurídica


A pena aplicável não é a da soma das concorrentes, mas é de tal
severidade que atende à gravidade dos crimes cometidos.

d Sistema da Exasperação da Pena


Aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de um quantum
determinado. Foi adotada no concurso formal (ou ideal) (art. 70, caput) e no
crime continuado (art. 71).

Concurso Material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada
pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais
será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
Revogado pelo §5º do Art. 44.
§2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e
sucessivamente as demais.

1 ou + atos + de 1 crime.
Somam-se as penas.
Se 1 crime for reclusão e o outro detenção, cumpre primeiro a
reclusão.
Em regra, não pode substituir a pena se o primeiro crime for pena
privativa de liberdade e o outro uma restritiva de direitos.
Caso seja possível cumprir as duas juntas, então pode.
Ex regime aberto + serviço comunitário.

Verifica-se quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos (concurso material homogêneo) ou não
(concurso material heterogêneo).
Espécies
Homogêneo
Crimes idênticos.
Ex furto e furto qualificado.
Cometidos em diversas circunstâncias de tempo, local ou modo
de execução.

Heterogêneo
Crimes diferentes.
Ex furto e estupro.

Ex Um indivíduo rouba um veículo, atropela e mata um pedestre na


fuga e rapta uma mulher com o fim de praticar com ela atos libidinosos.

Há, no caso, várias condutas e vários crimes


Roubo Art. 157
Homicídio culposo na direção de veículo automotor Art. 302,
do CTB.
Sequestro qualificado Art. 148, §1º, V.

Consequência
As penas privativas de liberdade devem ser somadas, mas o
cumprimento da pena não pode ultrapassar 40 anos.
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de
liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
A pena pode ser maior que 40 anos, o cumprimento que não
pode.

Antes de somá-las o juiz precisa individualizar e motivar cada pena,


para que se saiba qual foi a sanção de cada crime (STF, RTJ 95/823).

Atentar para o disposto no art. 111 da LEP:


Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no
mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de
cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas,
observada, quando for o caso, a detração ou remição.
Parágrafo único - Sobrevindo condenação no curso da execução,
somar-se-á pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação
do regime.

Penas Restritivas de Direitos


Art. 69, § 1o do CP foi revogado tacitamente pelo art. 44, § 5o, do CP,
com redação determinada pela Lei n. 9.714/98.
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro
crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

Atualmente é possível que o juiz, em casos de concurso material,


aplique para um dos delitos pena privativa de liberdade e, em relação ao
outro, realize a substituição por pena restritiva de direitos compatível com o
cumprimento da pena privativa de liberdade.
Art. 69 - §2º - Quando forem aplicadas na sentença duas ou mais
penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que
forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
Para que possa haver a substituição a soma das penas não pode
superar 4 anos.

Concurso Formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente,
se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela
regra do art. 69 deste Código.

Apenas 1 ação + de 1 crime.


Exceções
Ação ou omissão dolosa.
Crimes que resultam de desígnios (vontades) diferentes.
Discricionariedade do juiz, mas jurisprudência tem tabela.

Conceito
O agente, mediante uma única ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos (concurso formal homogêneo) ou não (concurso formal
heterogêneo).
Ex Um indivíduo que dirigindo seu veículo de forma imprudente, sobe
a calçada e atropela e fere várias pessoas.
“O fato da ação ser única não impede que haja uma pluralidade de
atos, que são os segmentos em que se divide a conduta. O que caracteriza o
crime formal e justifica o tratamento penal mais brando (cúmulo jurídico) não
é a unidade de conduta, mas a unidade do elemento subjetivo que impulsiona
a ação.”" (Paulo José da Costa Jr.).
Para a pena não ficar alta demais.
Dificultaria a questão da reabilitação.

Somente uma ação ou omissão causa mais de um resultado.


O que vale é o desígnio
Espécies
Homogêneo
Delitos/penas idênticos.
O juiz aplica uma só pena, aumentada de 1/6 até ½.
Sistema da exasperação da pena.

Exemplos
O ladrão que no interior de um ônibus subtrai as carteiras dos
passageiros.
Uma pessoa que no interior de estádio de futebol xinga vários
torcedores.
O vizinho que subtrai a energia elétrica de seus confinantes.
Um indivíduo que dirigindo seu veículo de forma imprudente, sobe a
calçada e atropela e fere várias pessoas.

Heterogêneo
Delitos diversos.
O juiz aplica a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 até
1/2.

Concurso Material Benéfico


Sempre que o montante da pena decorrente da aplicação do concurso
formal (aumento de 1/6 até 1/2) resultar em quantum superior à soma das
penas, deverá ser aplicada a pena resultante da soma.
Se a regra do formal prejudicar o réu, aplica a regra do
material.

Art. 70 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria


cabível pela regra do art. 69 deste Código.

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBOS


CIRCUNSTANCIADOS PELO CONCURSO DE AGENTES (ART. 157, § 2o, II DO
CÓDIGO PENAL) (POR DUAS VEZES) E CORRUPÇÃO DE MENORES (ART.
244-B DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). [...] APLICAÇÃO
DO CONCURSO MATERIAL BENÉFICO. CONCURSO FORMAL ENTRE OS
CRIMES DE ROUBO E O DELITO DE CORRUPÇÃO DE MENORES. APLICAÇÃO
DO ART. 70, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO PENAL. SOMA DAS PENAS
QUE SE REVELA MENOS PREJUDICIAL AO RÉU. PENA READEQUADA. (TJSC,
Apelação Criminal n. 0011715-86.2017.8.24.0038, de Joinville, rel. Volnei
Celso Tomazini, Segunda Câmara Criminal, j. 19-11-2019).

Critério para Exasperação


Jurisprudência Número de crimes praticados.
“Crimes de roubo. Concurso formal. Critérios de fixação da pena.
Número de crimes. CP, art. 70. I. Não se justifica o aumento da pena em um
terço, em razão do concurso formal, se foram praticados apenas 2 (dois)
crimes de roubo. Redução do acréscimo para o mínimo de um sexto”. (STF, HC
77.210/SP, 2a T., Rel. Carlos Velloso).

Número de Crimes Índice de Aumento


2 1/6
3 1/5
4 ¼
5 1/3
6 ou mais ½

Concurso Formal Perfeito / Próprio


O agente não tem autonomia de desígnios em relação aos resultados.
Resulta de um só desígnio (art. 70, caput, 1a parte);
Não há desígnio autônomo.
A vontade do agente é de cometer um só crime, mas comete 2.
Desígnio previsão de resultado.
Demonstra dolo direto de apenas um resultado.
Aplica-se uma só pena aumentada de 1/6 até 1/2.
Quanto maior o número de crimes, maior o aumento.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

As multas serão somadas.


Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas
distinta e integralmente.

Ex Tício queria matar o pai, então ele oferece o chá envenenado ao pai que
toma e morre. Porém, a mãe de Tício, acidentalmente, toma o chá
envenenado e também morre.
Apenas um desígnio.
Concurso Formal Imperfeito / Impróprio
O agente atua com dolo direto em relação à todos os resultados, as
penas são somadas, como no concurso material.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso,
de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente,
se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de
desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Ex Mévio quer matar os pais para ficar com a herança da família. Ele coloca
veneno no chá e oferece aos pais, que tomam e morrem por envenenamento.
Neste exemplo, Mévio queria matar a mãe e o pai para ficar com a
herança – desígnios autônomos –, portanto, aplica-se a soma das penas.

Aberratio Ictus com Duplo Resultado


Erro de Execução Querendo atingir uma pessoa, erra e acaba
atingindo pessoa diversa da que pretendia.

Aberratio Criminis com Duplo Resultado


Sujeito quer cometer um crime e, por erro, comete outro.
Só responde por crime culposo, que absorve a tentativa do delito
visado pelo agente.
Caso atinja o bem que pretendia e, por erro, atinja também o outro,
responde pelos dois crimes em concurso formal.
Aplica-se a regra do concurso formal perfeito.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente
ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a
regra do art. 70 deste Código.

Crime Continuado
Crime continuado simples
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços.

Crime Continuado Qualificado


Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.
Dolo + violência e ameaça
Pode aumentar até o triplo.
Penas idênticas aumenta um deles.
Penas diferentes aumenta a mais grave.
Art. 70 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que
seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Art. 69 concurso material.
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de
liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.

Conceito
O agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro.
+ de 1 ação + de 1 crime.
Crimes de mesma espécie.
Tempo
Lugar
Maneira de execução
Outras semelhantes
Trata-se de ficção jurídica em que o legislador, para beneficiar o réu,
presume a existência de um só crime.
Agente tem desígnio autônomo para ambos os crimes.

Concurso Material Crime Continuado


Crimes idênticos ou não. Crimes da mesma espécie
Sem condições específicas. Condições
Tempo máximo 30 dias.
Lugar bairros próximos.
Maneira ex emprego de escalada.

Requisitos Cumulativos
Mais de uma ação (ou omissão) pluralidade de desígnios.
Praticar dois ou mais crimes.
Mesma espécie: previsto no mesmo tipo penal.
Abrange as formas simples, privilegiadas e qualificadas,
tentadas ou consumadas
Semelhantes condições.
Tempo, Lugar, Maneira de Execução e Outras Semelhantes.
Jurisprudência
Limite temporal de 30 dias.
Cidades próximas.

Condição de tempo
Deve haver um aspecto cronológico, ou seja, uma conexão
temporal entre as condutas praticadas (30 dias).

Condição de lugar
Não é necessário que seja sempre no mesmo lugar, mas a
diversidade de lugares pode ser tal que se torne incompatível com a
ideia de uma série continuada de ações para realizar um só crime.

Maneira de execução
A lei exige semelhança e não identidade.
Ex Escaladas, Fraude, Noite
Ex Empregada que furta toda semana da carteira da patroa R$
100,00.

Consequência
Aplica a pena mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3.
Espécies
Homogêneo
Dois ou mais crimes idênticos.
Aplica-se a uma só pena, aumentada de 1/6 a 2/3.

Heterogêneo
Dois ou mais crimes diversos, mas objetividade jurídica
idêntica.
Aplica-se a pena mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3.

Critério para Exasperação


Número de Crimes Índice de Aumento
2 1/6
3 1/5
4 ¼
5 1/3
6 ½
7 ou mais 2/3

Crime Continuado X Crime Habitual


No crime habitual cada um dos episódios agrupados não é punível em
si mesmo, vez que pertencem a uma pluralidade de condutas requeridas no
tipo para que configure um fato punível.
No crime habitual, há necessidade de reiteração da conduta.
Se fez uma vez só, não é crime.
Todos juntos fazem parte do tipo penal: Um único crime.
Ex Curandeirismo.
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico,
dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:

Nos delitos continuados cada um dos atos agrupados,


individualmente, reúne, todas as características do fato punível.
No crime continuado, não há necessidade de reiteração da
conduta.
Se fez uma vez só, já praticou crime.
Todos são crimes separadamente.
Na continuidade, ao invés, cada ato é punível e o conjunto constitui
um delito por obra da dependência de todos eles. Três furtos podem ser um
só delito, mas isso não ilide o fato de que cada furto é um delito.

Lei Penal Mais Grave e Continuidade


Súmula 711 (STF)
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.

Lei menos grave Lei mais grave

Crime 1 Crime 2 Crime 3 Crime 4

Multas no Concurso de Crimes


Não há continuidade nas penas de multa.
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas
distinta e integralmente.
A multa não obedece às regras do concurso formal e do crime
continuado.
Sempre cumulativa.

Limite das Penas


Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade
não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade
cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse
fim, o período de pena já cumprido.

Pena Unificada e Benefícios Prisionais


Súmula 715 (STF)
A pena unificada para atender ao limite de
trinta anos* de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não
é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução.

Concurso de Infrações
Crime x Contravenção.
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena
mais grave.
Esse dispositivo se refere ao concurso entre crime e contravenção
penal em que as penas de reclusão ou detenção devem ser executadas antes
da pena de prisão simples referente à contravenção.

Resumo
O agente ou grupo de agentes cometeu dois ou mais crimes, mediante
a prática de uma ou mais ações.
Dentro da mesma dinâmica há prática de vários crimes

Material ou Real Pluralidade de conduta. Ex O agente atira em


Pluralidade de crimes. uma pessoa, depois atira
Idênticos ou não. em outra, causando a
morte de um e lesão
corporal no outro.
Formal ou Ideal Uma conduta. Ex O agente atropela 3
Pluralidade de crimes. pessoas, causando a
Idênticos ou não. morte de uma e lesão nas
outras duas.
Crime Continuado Pluralidade de condutas. Ex Caixa do bar furta
Pluralidade de crimes. todo dia R$ 10.
Mesma espécie.
Mesmas condições.
Tempo, lugar e maneira.
Aula 17 – 07/06/2023

Efeitos da Condenação
Condenação é o ato do juiz através do qual impõe uma sanção penal
ao sujeito ativo de uma infração.
Produz ela, como efeito principal, a imposição de penas para os
imputáveis, ou, eventualmente, medida de segurança para os semi-imputáveis
e, como efeitos secundários, consequências de natureza penal ou extrapenal.
Entre estas há efeitos civis, administrativos, políticos e trabalhistas.
Pressuposto
Trânsito em Julgado da Sentença.
Não atinge os presos provisórios.

Conceitos
Efeitos que, direita ou indiretamente, atingem a vida do condenado
por sentença penal irrecorrível.
Não se cingem à esfera penal, incidindo, conforme o caso, no âmbito
extrapenal (cível, administrativo, político, trabalhista).
A condenação IRRECORRÍVEL produz efeitos

Principais
Imposição da pena privativa de liberdade, restritiva de direitos,
de multa ou de medida de segurança.
Cumprimento da pena.
Secundários
Possuem natureza penal e extrapenal.

Resuminho

Efeitos
Principal
Secundário
Natureza Penal
Natureza Extrapenal
Genéricos
Específicos
Fora do Código Penal

Efeitos Principais
São a imposição das penas:
Privativas de liberdade,
Restritivas de direitos,
Pecuniárias,
Medidas de segurança.
Efeitos Secundários

Penais
Caracterização da reincidência, se posteriormente for praticado
novo crime.
CP Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

Fixação de regime fechado para cumprimento da pena privativa de


liberdade
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.
§2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

Se tem reincidência, pode impactar no regime.


Mitigação Súmula 269 (STJ) É admissível a adoção
do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais.
Configuração de maus antecedentes.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:

Revogação, obrigatória ou facultativa, do sursis e do livramento


condicional.
Sursis põe processo na geladeira, após acordo.
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2
(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão
do benefício.

Revogação Obrigatória
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a
pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

Revogação Facultativa
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado
deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for
irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja
privativa de liberdade.

Aumento ou interrupção do prazo da prescrição da pretensão


executória.
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença
condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no
artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é
reincidente.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
VI - pela reincidência.
Revogação da reabilitação.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por
decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

Conversão da pena restritiva de direitos por privativa de liberdade


Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as
privativas de liberdade,
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro
crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

Vedação da concessão de privilégios a crimes contra o patrimônio


Se já é reincidente e comete outro crime.
CP Furto Art. 155 - § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no
art. 155, § 2º.
Estelionato Art. 171 - § 1º - Se o criminoso é primário, e é de
pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no
art. 155, § 2º.

Inscrição do nome do réu no rol dos culpados.


Cadastro de condenados do governo.
Art. 393.São efeitos da sentença condenatória recorrível:
II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados.
Revogado.

Impossibilidade de concessão da transação penal e da suspensão


condicional do processo.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público
poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à
pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2
(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste
Código.

Extrapenais Genéricos
Certeza da obrigação de indenizar

a Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo


crime.
Se houver dano. Nem todo crime gera dano.
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

Podem promover a execução, o ofendido, o representante


legal, os herdeiros.
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória,
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
herdeiros.

Sentença penal condenatória é título executivo judicial.


CPC Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo
cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste
Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam
a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer
ou de entregar coisa;

Súmula 18 (STJ)
Sentença que concede perdão judicial não é
condenatória.
“A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito
condenatório.”

Fixação do valor mínimo para reparação dos danos.


Valor é mínimo.
Pode entrar no cível para aumentar.
Faz coisa julgada no cível, não pode alegar inocência.
CPP Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;

Perda dos instrumentos do crime


b Perda, em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime.
Ex Não devolve o revólver usado para assaltar.

c Confisco, como efeito da condenação, é a perda de bens de


natureza ilícita:
Produto do crime
Vantagem direta do crime.
Proveito direto.
Vantagem indireta do crime.
Proveito indireto.

Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei


comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser
decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e
aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
§1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por
patrimônio do condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o
benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos
posteriormente;
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal.
§2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da
incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
Inversão do ônus da prova.
§3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente
pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com
indicação da diferença apurada.
§4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da
diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
§5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por
organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor
da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal,
ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a
ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento
de novos crimes.

Extrapenais Específicos
Perda de cargo, função ou mandato
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de
dever para com a Administração Pública;
Usa cargo para o crime.
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior
a 4 (quatro) anos nos demais casos.
Crime não relacionado ao cargo.

1 Perda de cargo de Deputados Federais e Senadores.


Ainda depende de votação da respectiva casa,
2 Perda do cargo de membro vitalício do Ministério Público.
União e Estados.
Também passa por votação.

Perda do poder familiar


Perde o poder perante todos os filhos.
Após reabilitação, poder volta apenas para os filhos que não
foram vítima.
Poder do filho vítima não volta nunca mais.
Art. 92 [...] II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da
tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão
cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra
filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.

Inabilitação para dirigir


Art. 92 [...] III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado
como meio para a prática de crime doloso.

Lei 9.503/97 Código de Trânsito Brasileiro.


Pena Suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou
cumulativamente com outras penalidades.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a
permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de
dois meses a cinco anos.
§1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado
a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para
Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
§2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o
sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a
estabelecimento prisional.
Efeitos da Condenação Previstos Fora do Código Penal

Suspensão dos direitos políticos


Enquanto durarem os efeitos da condenação criminal transitada em
julgado.
Abrange os direitos políticos de natureza ativa e passiva.
Terminou de cumprir, direitos políticos voltam.
CF Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos de:
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos;

Perda do mandato do Deputado Federal ou Senador


Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

Aplicado a qualquer espécie de crime, independente da pena.


Será decidida pela Câmara ou pelo Senado.
CF Art. 55 §2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

Rescisão contratual na Justiça do Trabalho


CLT Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de
trabalho pelo empregador:
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não
tenha havido suspensão da execução da pena;

A condenação criminal contra o empregado, qualquer que seja o


crime, ou o local de sua prática, ou a sua vítima, faz coisa julgada na Justiça do
Trabalho.
Se a execução da pena não tiver sido suspensa, autoriza a demissão
por justa causa pelo empregador.
Lei condenado será demitido.
Jurisprudência Não é a condenação que rescinde o contrato,
mas o fato de não poder ir ao trabalho.
No caso de regime aberto, apenado pode continuar
trabalhando.
Exceto se o crime for contra o empregador.
Justa causa não configurada
Condenação criminal do empregado passada em julgado, a ser
cumprida em regime aberto (CLT, art. 482, alínea d). Condenado o empregado
na ação penal por ato tipificado como crime, porém a cumprir a pena em
regime aberto, não há se falar em impossibilidade material da continuação do
contrato de trabalho. Cumpre ao reclamado provar que, mesmo assim, essa
impossibilidade estaria configurada. Justa causa não acolhida" (Ac. un. da 1a
T. do TRT da 2a R., RO 02940153595, Rel. Juiz Floriano Correa Vaz da Silva, DJ
SP II 24.10.95).

Lei de Licitações
Art. 83 da Lei 8.666/93
Art. 83.Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente
tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das
sanções penais, à perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
Crimes referentes a licitações e contratos da Administração Pública.
Sujeitam seus autores, quando servidores públicos, à perda do cargo,
emprego, função ou mandato eletivo.
Depende de fundamentação expressa na sentença
condenatória.
Se autor for particular, este fica vedado de licitar.

Lei de Falências Lei 11.101/2005


Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:
I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de
administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;
III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de
negócio.

Inabilitação para o exercício de atividade empresarial.


Impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de
administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas à lei de falências.
Impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de
negócio.
Devem ser motivadamente declarados na sentença.
Perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade.
Lei de Tortura Lei 9.455/97 Lei de Tortura
Art. 1º § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da
pena aplicada.
Tortura crime hediondo.
Se o agente for funcionário público:
Perda do cargo, função ou emprego público,
Interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada.
Efeito automático da condenação.

Lei de Tóxicos Lei 11.343/2006


Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em
matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que
outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de
drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo
com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,
distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou
associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 desta Lei:

Se for funcionário público


Medida Cautelar de afastamento de suas atividades.
Antes da condenação, para evitar novo crime.
Art. 56 §1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração
do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao
receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do
denunciado de suas atividades, se for funcionário público,
comunicando ao órgão respectivo.

Em caso de condenação
Perda do cargo ou função pública.

Crimes resultantes de preconceitos de raça e de cor


Lei n. 7.716/89
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
função pública, para o servidor público, e a suspensão do
funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a
três meses.

Se servidor público
Perda do cargo ou função pública.
Se cometido em estabelecimento comercial
Suspensão do funcionamento do estabelecimento particular
por prazo não superior a 3 meses.
Raro ser aplicado.
Efeitos não são automáticos
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores Lei 9.613/98
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:
I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de
competência da Justiça Estadual -, de todos os bens, direitos e valores
relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previstos nesta Lei,
inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer
natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de
gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9o, pelo dobro do tempo da
pena privativa de liberdade aplicada.
O efeito do inciso I é automático, e do inciso II é não automático.

Da Reabilitação
Após a condenação, vai para o rol de culpados.
Para tirar o nome do rol
Voltar a ser primário.
Concessão de reabilitação criminal.
Código Penal
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu
processo e condenação.
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.
Art. 94 – A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos
do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua
execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
I – tenha tido domicílio no País no prazo acima referido
II – tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante
de bom comportamento público e privado;
III – tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a
absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento
que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a
qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos
comprobatórios dos requisitos necessários.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por
decisão definitiva, a pena que não seja de multa.

Código de Processo Penal


Art. 745. O juiz poderá ordenar as diligências necessárias para
apreciação do pedido, cercando-as do sigilo possível e, antes da decisão final,
ouvirá o Ministério Público.
Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de
ofício.
Art. 747. A reabilitação, depois de sentença irrecorrível, será
comunicada ao Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere.
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão
mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão
extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal.
Art. 749. Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar o
pedido senão após o decurso de dois anos, salvo se o indeferimento tiver
resultado de falta ou insuficiência de documentos.
Art. 750. A revogação de reabilitação (Código Penal, art. 120) será
decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Conceito
Medida político-criminal, com objetivo de reinserção social do
condenado, garante o sigilo de seus antecedentes e suspende
condicionalmente efeitos específicos da condenação.
Apagando ou escondendo a condenação criminal.
É um direito personalíssimo, só ele pode requerer.
É o benefício que tem por finalidade restituir o condenado à situação
anterior à condenação, retirando as anotações de seu boletim de
antecedentes (Capez).
A reabilitação impõe silêncio sobre a condenação anterior, na folha de
antecedentes do reabilitado e em certidões extraídas dos livros do juízo, a
menos que requisitadas por juiz criminal (art. 748 do CPP)." (E. Magalhães
Noronha).
Faz com que fique mais difícil consultar as condenações da
pessoa.
Apenas alguns cargos
Juiz
Delegado
MP

Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão


mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão
extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal.

"É ação própria destinada a guardar sigilo ou silêncio sobre a


condenação, atingindo os registros criminais, tendo por finalidade colocar o
condenado regenerado e quite com a justiça em situação exterior idêntica à
do primário.”
Ação de Reabilitação proposta na vara em que foi condenado.
Tem que requerer.
Não é como a reincidência, que após 5 anos, acaba.

Observações
É proposta perante o juízo da condenação.
Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o
decurso de quatro ou oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado
ou reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena
principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar
as comarcas em que haja residido durante aquele tempo.
A reincidência não é apagada pela reabilitação, pois só desaparece
após o decurso de mais de 5 anos entre a extinção da pena e a prática do
novo crime (prescrição da reincidência).
Negada a reabilitação, poderá ser requerida novamente a
qualquer tempo, desde que com novos elementos.
CP Art. 94 Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser
requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos
elementos comprobatórios dos requisitos necessários.

A morte do reabilitando extingue o processo por falta de interesse


jurídico no procedimento.
O recurso cabível da decisão denegatória da reabilitação é o
recurso de apelação.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por
juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;

Modalidades de Reabilitação no Código Penal

Cumprida ou Extinta a Pena


Não constarão da folha corrida, atestados ou certidões policiais ou
judiciais, qualquer notícia ou referência à condenação.
Informações disponíveis apenas para delegado, juiz e MP.
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida,
atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da
Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir
processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei.
Salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal.
É automático e imediato depois do cumprimento ou extinção da pena.
O sigilo pode ser quebrado por qualquer juiz, promotor ou delegado.

O sigilo assegurado pela reabilitação é mais amplo.


As informações por ele cobertas somente podem ser obtidas por
requisição do juiz criminal.
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão
mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão
extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal.

Efeitos Secundários Extrapenais e Reabilitação

Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo


O reabilitado não é reintegrado, ao cargo anterior.
Mas pode exercer novo cargo, emprego ou função pública, desde que
proveniente de nova investidura.

Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela


Com a reabilitação, pode voltar a exercer o poder familiar, a tutela ou a
curatela em relação àqueles que não foram vítimas do delito.
Perde o poder familiar em relação a vítima para sempre. O que
volta é o poder relativos aos demais filhos.

Inabilitação para dirigir veículo


Poderá obter nova CNH, sem qualquer restrição legal.
Se a condenação for pelo dobro de tempo da pena privativa de
liberdade, após cumprida a privação da liberdade, tem que terminar
de cumprir a pena de inabilitação até o fim. Após isso, espera dois
anos, então pode requerer reabilitação.

Efeitos
Não impede que o agente exerça nova função pública ou ocupe outro
cargo.
Também não impossibilita que o agente exerça o poder familiar em
relação a outros filhos, ou assuma a tutela e curatela de outras pessoas.

Critérios
Objetivos
T em J
Cumprimento total da pena.
Reparação dos danos.

Subjetivos
Viver no Brasil nos dois anos após fim da condenação.
Bom comportamento.

Pressupostos
Trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Requisitos Objetivos
Tempo de cumprimento da pena:
Transcorrido o período de 2 anos do dia em que tiver sido
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar a sua execução;
Computa-se o período de prova do sursis e do
livramento condicional, se não sobrevier revogação (termo inicial é
a audiência admonitória).
O prazo é o mesmo, seja o condenado primário ou reincidente.
Na pena de multa, o prazo se inicia com o pagamento.
Se o agente ostentar diversas condenações, o pedido de
reabilitação deve ser formulado no tocante a todas elas.

Reparação do dano
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos
do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua
execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a
absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento
que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.

Ressarcimento do dano causa


Salvo
Absoluta impossibilidade de fazê-lo.
Prescrição.
Pobreza deve ser provada por qualquer meio legítimo.
Até o dia do pedido.
Ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou a
sua novação.
Dispensado quando já se operou a prescrição do débito no âmbito
civil.
Permanece a obrigação de reparar o dano, mesmo se julgado
improcedente a ação de indenização formulada no cível.
Desnecessidade de reparar:
Crimes que não produzem dano
Crimes que não apresentam vítima determinada, ou quando o
crime é vago.
Requisitos Subjetivos

Domicílio no país
No prazo de 2 anos após a extinção da pena.
Se for morar fora.
2 anos após retorno ao Brasil.

Bom comportamento público e privado


Nos 2 anos após a extinção da pena.
De forma efetiva e constante.
Qualquer ato capaz de macular a reputação do agente (criminoso ou
não) pode impedir a reabilitação.
Na prática, basta comprovar que está trabalhando/estudando.

Pedido de Reabilitação
A legitimidade para formular o pedido é privativa do condenado.
Ato pessoal e intransferível personalíssimo.
Não há parte contrária Ação de jurisdição voluntária.
Inexiste reabilitação em prol da memória do falecido.
Pedido deve ser endereçado ao juízo de primeiro grau em que
tramitou a ação penal.
O Ministério Público deve ser ouvido.
Fiscaliza se preenche o Art. 93 a 95 do CP.
Da sentença que concede ou nega a reabilitação cabe apelação.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por
juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;

Revogação
Pode ser decretada de ofício ou a requerimento do MP.
Reabilitação não é para sempre.
Ocorre com a condenação do reabilitado, como reincidente, por
sentença transitada em julgado, a pena que não seja de multa.
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por
decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
Decorrido o prazo de cinco anos contados a partir do cumprimento ou
da extinção da pena do crime anterior:
A nova condenação, por não caracterizar a reincidência, não
acarreta a revogação.

O art. 202 da LEP já garante o sigilo a respeito da condenação, como


consequência automática do cumprimento ou extinção da pena, sendo
desnecessário esperar o decurso do prazo de dois anos para a obtenção do
sigilo.
Uma vez cumprida a pena integralmente, vira sigiloso.
Permanece tal sigilo, ainda que revogada a reabilitação, já que
a providência nele contida é diversa dos efeitos decorrentes desse
instituto.

Medidas de Segurança

Sanção
Pena imputável ou semi
Medida inimputável

Conceito
É uma sanção penal que tem finalidade exclusivamente preventiva e é
aplicada no intuito de submeter a tratamento o autor de um fato típico e
ilícito que demonstrou ser portador de periculosidade (Capez).

São reações do ordenamento jurídico - orientadas por razões de


prevenção especial - à periculosidade criminal revelada pelo delinquente após
a prática delitiva (Regis Prado).

Internação
Medida de segurança detentiva
Art. 96. As medidas de segurança são:
I - Internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento
adequado;

Sujeição a tratamento ambulatorial


Medida de segurança restritiva
Art. 96. As medidas de segurança são:
II - sujeição a tratamento ambulatorial.

Natureza Jurídica
É uma sanção penal (Damásio).
A medida de segurança não deixa de ser uma sanção penal, mantém
semelhança com a pena, pois diminui um bem jurídico.
Visa precipuamente à prevenção, no sentido de preservar a sociedade
da ação de delinquentes temíveis e de recuperá-los com tratamento curativo
(Mirabete).
Como o agente não sabe o que está fazendo, não tem como
ressocializar.
Não existe culpabilidade, mas sim periculosidade
Prazo indeterminado, mas vale a regra dos 40 anos.

A medida de segurança possui natureza essencialmente preventiva e


só se aplica aos indivíduos inimputáveis ou semi- imputáveis, até que cesse a
periculosidade dos mesmos.

Diferença entre Pena e Medida de Segurança

Quanto ao fundamento
Pena culpabilidade.
Medida de segurança periculosidade.

Quanto ao limite
Pena Limitada pela gravidade do delito
Injusto e culpabilidade.
Medida de segurança Limitada pela intensidade da
periculosidade evidenciada e por sua persistência.
Condição nem sempre é permanente.
Quanto ao sujeito
Pena imputáveis e semi-imputáveis.
Medida de segurança inimputáveis e semi-imputáveis
Necessitados de especial tratamento curativo.

Quanto ao objetivo
Pena busca a reafirmação do ordenamento jurídico e o
atendimento de exigências de prevenção geral e especial.
Medida de segurança atende a fins preventivos especiais.

Penas Medidas de Segurança


Retribuição (castigo),
Finalidade prevenção geral e prevenção Prevenção especial.
especial.
Determinada no mínimo e
indeterminada no máximo
Duração Determinada (com a ressalva das
divergências doutrinárias e
jurisprudenciais)
Pressupostos Culpabilidade Periculosidade
Inimputáveis e semi-
Imputáveis e semi-imputáveis
imputáveis
sem periculosidade (que não
Destinatários dotados de periculosidade
necessitam de especial
(que necessitam de especial
tratamento curativo).
tratamento curativo)

Periculosidade
Consiste na perturbação mental, compreendendo a doença mental, o
desenvolvimento mental incompleto e a dependência.
Enquanto for perigoso, permanece sob tutela estatal.

Pode ser:
a Presumida
Ocorre na hipótese do inimputável.
O inimputável que pratica infração penal é sempre considerado
perigoso e, por esse motivo, sempre receberá medida de segurança.
Essa presunção é absoluta (iuris et de iure).
b Real
Ocorre na hipótese do semi-imputável.
É aquela que precisa ser demonstrada e comprovada no caso
concreto.
Exames feitos por peritos.

O juiz verifica se é caso de aplicação de pena ou de medida de


segurança.
Ou permanece preso, mas com redução da pena.
Ou internação.

Sistemas
a Dualista pena e medida de segurança sucessiva.
Depois de cumprir no presídio, é internado.
b Monista conjuga três tendências de unificação.
Absorção da pena pela medida de segurança.
Absorção da medida pela pena e 3ª via.
c Vicariante pena ou medida de segurança.
No Brasil é adotado o sistema vicariante ou unitário, em substituição
ao sistema duplo binário ou dualista ou de dupla via ou de dois trilhos
(aplicação da pena e da medida de segurança).

Princípios

Legalidade apenas a Lei pode criar medidas de segurança.


Anterioridade somente se admite a imposição de uma medida de segurança
quando sua previsão legal for anterior à prática da infração penal.
Jurisdicionalidade apenas pode ser aplicada pelo Poder Judiciário, com
observância do devido processo legal.
O fato do a gente ser inimputável não torna automática a internação.
Tem que ser via sentença absolutória imprópria.

Pressupostos
Prática de fato punível.
Periculosidade do agente;
Ausência de imputabilidade plena.

Se não ficar comprovada a autoria, não há como aplicar a medida de


segurança.
Se não há prova da materialidade, não há como aplicar a medida de
segurança.
Se o agente praticou o fato acobertado por exclusão da ilicitude,
também não há como aplicar medida de segurança.
Na hipótese de crime impossível, também não se aplica medida de
segurança.
Quando ausente dolo (consciência do fato e vontade de produzir o
resultado) e culpa (negligência, imprudência e imperícia), não se impõe
medida de segurança.

Espécies
Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico;
Sujeição a tratamento ambulatorial.

Medida de segurança DETENTIVA


Internação na casa de custódia e tratamento psiquiátrico
(manicômio).
É obrigatória para crimes apenados com reclusão.
Conta como padeia paga.

Medida de segurança RESTRITIVA


Tratamento ambulatorial. O condenado fica em liberdade e vai
algumas vezes por semana ao consultório médico.
Pode ser aplicada a crimes apenados com detenção.

A jurisprudência diz que é escolha do juiz, seja reclusão ou


detenção.

Tratamento ambulatorial para crimes apenados com reclusão?


STJ: PENAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. […]
INIMPUTABILIDADE DO RÉU. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA. MEDIDA
DE SEGURANÇA. INTERNAÇÃO EM MANICÔMIO JUDICIÁRIO. SUBSTITUIÇÃO
POR TRATAMENTO AMBULATORIAL. CRIME PUNIDO COM PENA DE
RECLUSÃO. ART. 97 DO CP. POSSIBILIDADE. [...]
5. A doutrina brasileira majoritariamente tem se manifestado acerca da
injustiça da referida norma, por padronizar a aplicação da sanção penal,
impondo ao condenado, independentemente de sua periculosidade, medida
de segurança de internação em hospital de custódia, em razão de o fato
previsto como crime ser punível com reclusão.
6. Para uma melhor exegese do art. 97 do CP, à luz dos princípios da
adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade, não deve ser
considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a
periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo
tratamento que melhor se adapte ao inimputável.
Avaliação de periculosidade.
7. Deve prevalecer o entendimento firmado no acórdão embargado, no
sentido de que, em se tratando de delito punível com reclusão, é facultado ao
magistrado a escolha do tratamento mais adequado ao inimputável, nos
termos do art. 97 do Código Penal.
8. Embargos de divergência rejeitados.
(STJ - EREsp 998.128/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 27/11/2019, DJe 18/12/2019)

Extinção da Punibilidade e Prescrição


Extinta a punibilidade, não se aplica medida de segurança, nem
subsiste a imposta.
CP Art. 96 Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe
medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
Prazos
Mínimo 1 a 3 anos.
Nesse ínterim, faz 1 exame. Depois, faz 1 exame ao ano.
Pode ser antes de 1 ano, a pedido da defesa ou MP.
Máximo indeterminado, perdurando a medida enquanto persistir a
periculosidade.
Regra 40 anos, mas há quem fique mais.

A internação, ou tratamento ambulatorial será por tempo


indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada por perícia médica a
cessação da periculosidade.
Art. 97 §1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por
tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante
perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1
(um) a 3 (três) anos.

Término do Prazo Mínimo 1º Exame


Cessou?
Liberação condicional 1 ano.
Durante a condicional será monitorado.
Demonstra periculosidade volta.
Não demonstra mais periculosidade libera
definitivamente.

Não cessou?
Novo exame em 1 ano.

Constitucionalidade do Prazo Indeterminado


É CONSTITUCIONAL, pois estas não são penas, não violando, portanto,
a proibição de condenação a penas perpétuas previstas na CF.
É INCONSTITUCIONAL, pois não há previsão de prisão perpétua na CF.
Viola o limite máximo do tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade (40 anos).
STF: MEDIDA DE SEGURANÇA - PROJEÇÃO NO TEMPO -LIMITE. A
interpretação sistemática e teleológica dos artigos 75, 97 e 183, os dois
primeiros do Código Penal e o último da Lei de Execuções Penais, deve fazer-
se considerada a garantia constitucional abolidora das prisões perpétuas. A
medida de segurança fica jungida ao período máximo de trinta anos (STF -
HC 84219, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
16/08/2005, DJ 23-09-2005 PP-00016 EMENT VOL- 02206-02 PP-00285)

Exame de Verificação da Periculosidade


Realizado ao fim do prazo mínimo fixado, repetindo-se de ano em ano,
ou a qualquer tempo, se assim determinar o juiz da execução.
A periculosidade é presumida para os inimputáveis (periculosidade
presumida) e precisa ser reconhecida pelo juiz na hipótese de semi-
imputabilidade (periculosidade real).

Desinternação ou Libertação Condicional


Caso esteja cessada a periculosidade, o sujeito será desinternado (no
caso de internação) ou liberado (no caso de tratamento ambulatorial), porém,
condicionalmente.
Se dentro do prazo de um ano praticar qualquer fato indicativo de sua
periculosidade (criminoso ou não), a medida de segurança será restabelecida.

Conversão do Tratamento em Internação


Art. 97 - § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o
juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária
para fins curativos.
O internado será recolhido a estabelecimento de características
hospitalares. Na falta de vaga, a internação pode dar-se em hospital comum
ou particular, mas nunca em cadeia pública.
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de
características hospitalares e será submetido a tratamento.

Substituição da Pena pela Medida de Segurança

Semi-imputabilidade
Na hipótese do parágrafo único do artigo 26, e necessitando o
condenado de especial tratamento curativo, admite-se a substituição da pena
privativa de liberdade pela medida de segurança.
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e
necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento
ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do
artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
Art. 26 Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Superveniência de doença mental


Se ao condenado sobrevém doença mental, impõe-se seu
recolhimento a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico.
Se melhorar, volta para o presídio.
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve
ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à
falta, a outro estabelecimento adequado.

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL.


SUPERVENIÊNCIA DE PERTURBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL. MEDIDA DE
SEGURANÇA SUBSTITUTIVA. INTERNAÇÃO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO.
RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Consolidou-se nesta Superior Corte de Justiça entendimento no
sentido de que a medida de segurança prevista no art. 183 da Lei de Execução
Penal é aplicada quando, no curso da execução da pena privativa de
liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, ocasião
em que a sanção é substituída pela medida de segurança, que deve perdurar
pelo período de cumprimento da reprimenda imposta na sentença penal
condenatória, sob pena de ofensa à coisa julgada.
[...] (STJ – AgRg no HC 531.438/GO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 12/05/2020, DJe 18/05/2020).
Direitos do Internado
Recolhe-se a instituição dotada de características hospitalares e
submissão a tratamento.
CP Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de
características hospitalares e será submetido a tratamento.
LEP Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à
integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o
descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e
desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e
religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de
direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência
escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a
moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da
responsabilidade da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser
suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do
estabelecimento.
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de
segurança, no que couber, o disposto nesta Seção.

Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de confiança


pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus
familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o particular
serão resolvidas pelo Juiz da execução.

No caso do semi-imputável, o juiz deve optar entre pena e a medida.


Essa escolha deve ser fundamentada.
Se optar pela pena, essa será diminuída de 1/3 a 2/3.
Essa redução é um direito público subjetivo do acusado.
A sentença que absolve o réu inimputável e aplica medida de
segurança é considerada absolutória imprópria.
CPP Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte
dispositiva, desde que reconheça:
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de
pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou
mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
CP Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Execução da Medida de Segurança


Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada no fim do
prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo exame das condições
pessoais do agente, observando-se o seguinte:
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar o
prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório
que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida;
II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão
ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no
prazo de 3 (três) dias para cada um;
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver;
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá
determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mínima
da medida de segurança;
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o
inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.

O procedimento de execução da medida de segurança obedece aos


seguintes passos:
Transitada em julgado a sentença, expede-se guia de internamento ou
de tratamento ambulatorial, conforme a medida de segurança seja detentiva
ou restritiva.
É obrigatório dar ciência ao MP da guia referente à internação ou ao
tratamento ambulatorial.
O diretor do estabelecimento onde a medida de segurança é
cumprida, até um mês antes de expirar o prazo mínimo, remeterá ao juiz um
minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou a
permanência da medida.
O relatório será instruído com o laudo psiquiátrico (o relatório não
supre o exame psiquiátrico, que é de realização obrigatória).
Vista ao MP e ao defensor do sentenciado para manifestação dentro
do prazo de 3 dias para cada um.
O juiz determina novas diligências ou profere decisão em 5 dias.
Da decisão caberá recurso de agravo, com efeito suspensivo.

Tóxicos e Menores de Idade

Medidas de segurança na Lei de Drogas


Lei 11.343/06 Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de
droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força
pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as
condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na
sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que
ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento,
realizada por profissional de saúde com competência específica na forma da
lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta
Lei.
Agentes inimputáveis e semi-imputáveis dependentes de drogas.
Igual a internação normal, o que muda é o motivo.
É uma internação toxicológica.

Adolescente Infrator e Medidas De Segurança


Cumprida em entidade exclusiva para adolescentes.
Isso inclui hospital de custódia.
Rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.
ECA Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração.
Ao completar 21 anos ocorrerá a liberação compulsória da
medida de internação.
ECA Art. 121 § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um
anos de idade.

Medida de Segurança Provisória ou Preventiva


CPP Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos
concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código
Penal) e houver risco de reiteração;

Crime praticado com emprego de violência à pessoa ou grave ameaça


Perícia concluindo pela inimputabilidade ou semi-imputabilidade do
agente.
Risco de reiteração de novas condutas criminosas.

Resumo

Espécie
Detentiva
Internação dos envolvidos em crimes apenados
com reclusão em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, à falta deste, de outro
estabelecimento adequado.

Restritiva
Sujeição dos envolvidos em crimes apenados com
detenção a tratamento ambulatorial (cuidados
médicos sem internação)

Requisitos
Prática de fato definido como crime ou contravenção
Periculosidade do agente
Que não tenha ocorrido a extinção da punibilidade

Prazos
Mínimo
Entre 1 a 3 anos (realização do exame
de cessação de periculosidade)

Máximo
Indeterminado.

Sentença
Para Inimputáveis
Absolutória com Medida de Segurança.
Sentença Absolutória Imprópria.
Para Semi-imputáveis
Condenatória com pena reduzida ou substituição por Medida
de Segurança.

Extinção da Punibilidade

Conceito
São aquelas que extinguem o direito de punir do Estado.
“Originado o jus puniendi, concretizado com a prática do crime,
podem ocorrer causas que obstem a aplicação das sanções penais pela
renúncia do Estado em punir o autor do delito, falando-se, então, em causas
de extinção da punibilidade.”" (Mirabete).

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:


Além do cumprimento da pena.
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Autonomia das formas de extinção de punibilidade


Extinção da punibilidade do crime pressuposto não se estende ao
crime que dele depende. Por exemplo, se alguém furta um automóvel e
depois a um receptador, uma eventual extinção da punibilidade do furto não
atinge a receptação.
A extinção da punibilidade de elemento componente de um crime não
se estende a este. O dispositivo cuida dos crimes complexos, em que um
crime funciona como elementar de outro, como é o caso por exemplo da
extorsão mediante sequestro.
A extinção da punibilidade de circunstância agravante não se estende
ao crime agravado.
Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade, em relação a um dos
crimes, não impede a exasperação da pena do outro em razão da conexão.

Morte do Agente
Com a morte cessa toda a atividade destinada à punição do crime:
com o processo penal em curso encerra-se ou impede-se que ele seja
indiciado e a pena cominada ou execução deixa de existir.
Consequência do Princípio da Personalidade da pena.
CF Art. 5º XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

A morte pode ocorrer em qualquer fase.


Antes do inquérito.
Durante a ação penal.
Durante o cumprimento da pena.
É causa personalíssima que não se comunica aos co-autores ou
partícipes.
A prova da morte é feita por certidão de óbito.
CPP Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da
certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a
punibilidade.

Anistia, Graça e Indulto


Anistia perdão legal.
Lei em sentido estrito.
Graça perdão INDIVIDUAL pelo Presidente da República.
Deve ser requerida pelo agente.
Não precisa motivar.
Indulto perdão GERAL pelo Presidente da República.
Não precisa de requerimento.
Vale para todos que se encaixem ao decreto presidencial.
Não precisa motivar.

Crimes hediondos e equiparados não têm esse direito.


É a lei penal de efeito retroativo que retira as consequências de
alguns crimes praticados, promovendo o seu esquecimento
jurídico.
Anistia
É de competência exclusiva da União1 e privativa do Congresso
Nacional2, com a sanção do Presidente da República, só
podendo ser concedida por meio de lei federal.
A graça é um benefício individual concedido mediante
provocação da parte interessada;
Graça O indulto é de caráter coletivo e concedido espontaneamente.
Latu sensu Ambos de competência privativa do Presidente da República3,
que pode delegá-la aos ministros de Estado, ao procurador-geral
da República ou ao advogado-geral da União4.
1 Art. 21. Compete à União:
XVII - conceder anistia;
2 Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de
competência da União, especialmente sobre:
VIII - concessão de anistia;
3 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei;
4 Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os
limites traçados nas respectivas delegações.

O legislador, muitas vezes, usa “graça” no sentido amplo.


Engloba indulto e graça no sentido estrito.

Lei 8.072/90 Crimes Hediondos.


Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II – fiança.

Constituição Federal
Art. 21. Compete à União:
XVII - conceder anistia;
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente
sobre:
VIII - concessão de anistia;

Formas de Anistia
Própria
Concedida antes da condenação, porque é constante com a sua
finalidade de esquecer o delito cometido.
Imprópria
Concedida depois da condenação, pois recai sobre a pena.
Geral ou Plena
Cita fatos e atinge todos os criminosos
Parcial ou Restrita
Cita fatos, exigindo uma condição pessoal
Incondicionada
A lei não determina qualquer requisito para a sua concessão
Condicionada
A lei exige qualquer requisito para a sua concessão.

Diferenças entre a Anistia, Graça e Indulto

Anistia Graça e Indulto


Exclui o crime, rescinde a condenação Apenas extingue a punibilidade,
e extingue totalmente a punibilidade. podendo ser parciais.
Em regra, atinge crimes políticos. Em regra, atinge crimes comuns.
Concedida pelo poder legislativo. Competência exclusiva do Presidente.
Pode ser concedida antes da sentença Pressupõe o trânsito em julgado da
final ou depois da condenação sentença condenatória.
irrecorrível.

Abolitio Criminis
Toda lei nova que descriminalizar o fato praticado pelo agente extingue
o próprio crime.
A conduta deixa de ser crime.
Se condenado o réu, rescinde a sentença, não subsistindo nenhum
efeito penal, nem mesmo a reincidência.

A abolitio atinge apenas os efeitos penais da condenação, não


alcançando os efeitos extrapenais (civis e administrativos) dos arts. 91 e
92, ambos do CP.
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua
proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao
produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando
se localizarem no exterior.
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na
legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do
investigado ou acusado para posterior decretação de perda.
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de
dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior
a 4 (quatro) anos nos demais casos.
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da
curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra
outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou
outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para
a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

Prescrição
É a perda da pretensão punitiva pelo Estado em face de sua inércia em
satisfazê-la dentro dos prazos legais.
Natureza Jurídica
É um instituto do direito material. É uma causa de extinção da
punibilidade.
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
A extinção do processo é mera consequência.

Decadência
É a perda do direito de ação privada ou do direito de representação,
em razão de não ter sido exercido dentro do prazo legalmente previsto.
Perda do direito por inércia da vítima.

Prazo
O ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa ou
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contando
do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.
CPP Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não
o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.
CP Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido
decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do
prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor
do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia.

No caso da ação penal privada subsidiária da pública que é aquela


proposta pelo ofendido, quando o Ministério Público deixa de oferecer a ação
penal pública no prazo legal, os seis meses começam a contar a partir do dia
em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia.
CF Art. 5º LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal.
CP Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
CPP Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar
a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.

O prazo decadencial cessa na data do oferecimento da queixa e não


na data de seu recebimento STF – RHC 63.665 2 a Turma. DJU 9/5/86, p.
7627). Da mesma forma, a entrega da representação em cartório impede a
consumação da decadência.
Conta-se o prazo de acordo com a regra do art. 10 do CP, incluindo- se
o dia do começo, não se prorrogando em face de domingos, férias e feriados
(RT 530, 367), eis que se trata de prazo de natureza penal que leva à extinção
do direito de punir.
Prazo decadencial não se interrompe pela instauração de inquérito
policial (RTJ 78/142). Nem pelo pedido de explicações em juízo (RTJ 83/662).

Perempção
É uma sanção processual ao querelante desidioso, que deixa de dar
andamento normal à ação penal exclusivamente privada.
É uma pena ao ofendido pelo mau uso da faculdade, que o poder
público lhe outorgou, de agir preferentemente na punição de certos crimes.
Cabimento
Só é cabível na ação penal exclusivamente privada, sendo
inadmissível na ação penal privada subsidiária da pública, pois esta não perde
sua natureza de pública.
Extinção da Punibilidade Relacionada com Ação Penal
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

Decadência
Natureza
Causa extintiva da punibilidade.
Perda do direito de ação ou representação, por não ter sido exercido
no prazo legal.
Cabimento
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido.
Ação penal exclusivamente privada.
Ação penal privada subsidiária.
Não acarreta extinção da punibilidade, mas só do direito de
ação que é retomada pelo MP.
CPP Art.38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não
o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.
CPP Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar
a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.

Momento
Antes do exercício do direito de ação.

Prazo
6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.

Perempção
Natureza
Causa extintiva da punibilidade.
Extinção do direito de ação pelo desinteresse ou negligência do
querelante em prosseguir na ação.

Cabimento e Hipóteses
Ação penal exclusivamente privada.
CPP Art. 60.Nos casos em que somente se procede mediante queixa,
considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o
andamento do processo durante 30 dias seguidos;
Ex Vítima deixa de informar endereço do agressor.
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
Sucessão processual.
Art. 36.Se comparecer mais de uma pessoa com direito de
queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais
próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo,
entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante
desista da instância ou a abandone.
Art. 31 No caso de morte do ofendido ou quando declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir
na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado,


a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
É obrigado a comparecer e não comparece.
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem
deixar sucessor.
Momento
Após o oferecimento da queixa até o trânsito em julgado.

Hipóteses de perempção
Omissão em dar andamento ao processo por 30 dias
Ausência de substituição no polo ativo em 60 dias a contar da morte
do querelante
Ausência injustificada a ato a que deva estar presente
Ausência de pedido de condenação nas alegações finais
Extinção da pessoa jurídica sem deixar sucessor

Renúncia do Direito de Queixa


Abdicação do direito de promover a ação penal privada, pelo ofendido
ou seu representante legal.
Denúncia PI do MP.
MP não pode abdicar de oferecer denúncia.
Queixa-crime PI da vítima.
Oportunidade
Só antes de iniciada a ação penal privada, ou seja, antes de oferecida a
queixa-crime.

Concurso
Em caso de concurso de pessoas, a renúncia em relação a um se
estenderá a todos, em decorrência do Princípio da Indivisibilidade que faz
com que a ação penal seja proposta contra todos os participantes da conduta
típica.
Renúncia irradia para os demais réus.

Cabimento
Só cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo inaceitável na
ação privada subsidiária da pública, pois esta tem natureza de ação pública.

Formas
Expressa
Declaração escrita assinada pelo ofendido ou por seu
representante legal ou, ainda, por procurador com poderes especiais.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo
ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver
completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a
renúncia do último excluirá o direito do primeiro.

Tácita
Prática de ato incompatível com a vontade de dar inicio a ação
penal privada .
Ex Ofendido vai jantar na casa de seu ofensor, após a ofensa.
Vítima e agressor começam a namorar.

Perdão do Ofendido
É o ato pelo qual, iniciada a ação penal privada, o ofendido ou seu
representante legal desiste de seu prosseguimento.
Somente Ação Penal Privada.
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se
procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.

Distinção
A renúncia é anterior e o perdão é posterior à propositura da ação
penal privada.

Cabimento
Só cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo inadmissível na
ação penal privada subsidiária da pública, já que esta mantém sua natureza de
ação pública.

Oportunidade
Só é possível depois de iniciada a ação penal privada, com o
oferecimento da queixa e até o trânsito em julgado da sentença .
CP Art. 106 § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em
julgado a sentença condenatória.
Irradia para todos os réus.

Formas
Processual concedido nos autos da ação penal.
Sempre expresso.
Extraprocessual concedido fora dos autos da ação penal.
Pode ser expresso ou tácito.

Expresso
Declaração escrita, assinada pelo ofendido, seu representante
legal ou procurador com poderes especiais.
Tácito
Resulta da prática de ato incompatível com a vontade
de prosseguir na ação penal (sempre extraprocessual).

Retratação do Agente
Retratar-se é desdizer-se, retirar o que disse nos casos
em que a lei permite.
A retratação é admitida nos crimes contra a honra, mas apenas nos
casos de calúnia e difamação, sendo inadmissível na injúria.
CP Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Antes da sentença.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a
calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação
dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou
a ofensa.
O fato deixa de ser punível se o agente (testemunha, perito, tradutor
ou interprete) se retrata ou declara a verdade.
CP Art. 342 §2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

Crime de Descobre a Extingue a


Ameaça autoria Punibilidade
Começa prazo
de 6 meses

Crime de Descobre a Faz retratação Extingue a


Ameaça autoria Punibilidade
Começa prazo
de 6 meses

Oportunidade
Até a sentença de primeira instância do processo em que ocorreu o
falso. Se o crime for da competência do júri, até a sentença condenatória e
não até a sentença de pronúncia.
A retratação de que trata o art. 143 é pessoal, não se comunicando aos
demais ofensores, já a do art. 342, §2° é comunicável, uma vez que a lei diz
que “o fato deixa de ser punível” (e não apenas o agente), ao contrário do art.
143, que diz ficar “o querelado isento de pena” (só o querelado fica isento de
pena).

Perde o direito de retratação


Fim do prazo.
Oferecimento da denúncia.

Perdão Judicial
Causa extintiva da punibilidade consistente em uma faculdade do Juiz
de, nos casos previstos em lei, deixar de aplicar a pena, em face de
justificadas circunstâncias excepcionais.

Faculdade
É direito penal subjetivo público do acusado, logo presentes as
circunstâncias exigidas não pode o Juiz negar a aplicação do privilégio.

Extensão
A extinção da punibilidade não atinge apenas o crime no qual se
verificou a circunstância excepcional, mas todos os crimes praticados no
mesmo contexto.
Ex o agente provoca um acidente, no qual morrem sua esposa, seu
filho e um desconhecido.

Súmula 18 (STJ)
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória de extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
Perde o direito de retratação
Fim do prazo.
Oferecimento da denúncia.

Perdão Judicial
Causa extintiva da punibilidade consistente em uma faculdade do Juiz
de, nos casos previstos em lei, deixar de aplicar a pena, em face de
justificadas circunstâncias excepcionais.

Faculdade
É direito penal subjetivo público do acusado, logo presentes as
circunstâncias exigidas não pode o Juiz negar a aplicação do privilégio.

Extensão
A extinção da punibilidade não atinge apenas o crime no qual se
verificou a circunstância excepcional, mas todos os crimes praticados no
mesmo contexto.
Ex o agente provoca um acidente, no qual morrem sua esposa, seu
filho e um desconhecido.

Súmula 18 (STJ)
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória de extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

Aula 18 – 14/06/2023

Ação Penal

“Ação é o direito subjetivo de se invocar do Estado-Juiz a aplicação do


direito objetivo a um caso concreto. Tal direito é público, subjetivo, autônomo,
específico, determinado e abstrato” (TOURINHO FILHO)
“Ação penal é o direito do Estado-acusação ou do ofendido de
ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela
aplicação das normas de direito penal ao caso concreto.” (NUCCI)
a Caráter Público
Ação penal é direito público, porquanto, do ponto de vista subjetivo, é
exercido em face do Poder Público (Estado), e, do ponto de vista objetivo,
contém uma pretensão de elevada relevância social (uma pretensão punitiva).
b Constitui Direito Subjetivo
Direito de ação, constitui uma faculdade, ou dever de agir, com a
finalidade de obter tutela a determinado interesse.
c É Direito Autônomo
A sua existência e a possibilidade de que seja exercido independem de
qualquer relação jurídica material.
d É Direito Abstrato
Decorrente da autonomia do direito de ação em relação ao direito
material. (BONFIM, Edilson Mougenot)

Pública
Incondicionada
Condicionada
À representação
À requisição do Ministro da Justiça
Privada
Exclusiva
Personalíssima
Subsidiária da Pública

A lei dirá se é privada ou pública condicionada. Se não falar nada, é pública


incondicionada.

APP – Ação Penal Pública


Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
CP Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
CF Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

APPI – Ação Penal Pública Incondicionada


Salvo algo contrário na lei, todo crime será de ação pública
incondicionada.
CP Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
APPC – Ação Penal Pública Condicionada
Art. 24 §1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
CP Art. 100. § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo,
quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da
Justiça.

APPr – Ação Penal Privada


Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá
intentar a ação privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

APPr – Exclusiva
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.

APPr – Personalíssima
CP Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente,
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:

APPr – Subsidiária da Pública


CF Art. 5º. LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

Ação Penal Pública

É aquela cuja titularidade é exclusiva do Ministério Público.


CF Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

A ação pública rege-se por três princípios que lhe são específicos:
Obrigatoriedade
Promotor Se chega no MP prova e materialidade, ele tem a
obrigação de oferecer a denúncia.
Indisponibilidade
Não pode desistir no meio do caminho.
Oficialidade
Perpetrada por órgão oficial MP.

APPI – Incondicionada

Titularizada pelo Ministério Público, prescinde de manifestação de


vontade da vítima ou de terceiros para ser exercida.
Ela constitui regra em nosso ordenamento jurídico.
Salvo se a lei disser diferente.
A Constituição tem no Ministério Público o órgão acusador oficial do
Estado e, na esmagadora maioria das infrações, atuará o promotor
incondicionalmente, ex officio, sem a necessidade de autorização ou
manifestação de vontade de quem quer que seja.

Princípios da APPI

Principio da Oficialidade
A ação penal pública é promovida pelo MP, órgão oficial do Estado, daí
falar em Principio da Oficialidade, ou seja, a investigação preparatória da ação
penal, em regra é feita pela polícia judiciária, que é órgão do Estado. Polícia
Judiciária e MP são os órgãos do Estado.

Princípio da Legalidade ou da Obrigatoriedade


O MP tem o dever de promover a ação penal, não podendo deixar de
fazê-lo por razões de oportunidade ou conveniência, pois presentes as
condições da ação, entra as quais, a justa causa, deve o MP promovê-la.
Processa o réu ex officio.
Às vezes vai contra a vontade da vítima.

Princípio da Indivisibilidade:
A ação penal deve ser promovida contra todos os autores do crime, a
acusação deve abranger todos aqueles que concorreram para a prática da
infração penal, ou seja, o MP deve oferecer a denúncia contra todos os
autores, coautores e eventuais partícipes do crime.
Ex Um deles pode fazer uma transação.
Princípio da Indisponibilidade:
Também denominada de Principio da Indesistibilidade, pelo qual, é
vedado ao MP desistir da ação penal.
O Princípio da Indisponibilidade alcança, inclusive, a fase recursal,
sendo assim o MP não pode desistir da ação penal, ou tampouco, de recurso
que haja interposto.
Tem que ir até o final.
Exceção pode pedir a absolvição do réu.
Direito do réu ter uma sentença.
Vale para recursos também.

Princípio da Intranscendência:
É comum a ambas as espécies de ação penal, sendo assim aplica-se a
ação penal pública e a ação penal privada, e constitui um consectário lógico e
inafastável do Princípio Constitucional da Intranscendência da Pena,
consagrado pelo art. 5º, XLV, ora se a pena não pode transcender a pessoa do
condenado, a ação penal condenatória, não pode ultrapassar a pessoa do
autor do crime.
CF 5º XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

APPC – Condicionada

Representação
Representação é um pedido autorizador feito pela vítima ou por seu
representante legal.
Vontade da vítima, externalizada em documento, para ver o
agressor processado.

Sem ela a persecução penal não se inicia.


A vítima tem que autorizar o MP a processar.
Não pode haver a propositura da ação, e também não pode
sequer se iniciado o Inquérito Policial, afinal, o legislador conferiu à
vítima a faculdade de autorizar ou não o início do procedimento.

Aspectos Formais da Representação


Delegado (junto com o BO).
Juiz (audiência)
Petição (advogado)
Promotor
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita
ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§1° A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será
reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do
Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§2° A representação conterá todas as informações que possam servir à
apuração do fato e da autoria.
§3° Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial
procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§4° A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo,
será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§5° O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal,
e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.

Prazo para a Representação


6 meses da data em que a autoria delitiva é conhecida pela vítima.
Dentro desse prazo, pode se retratar.
Prazo nunca interrompe.
Após prazo decadência.
Para vítima menor, o prazo corre igual, se os pais tiverem
conhecimento da autoria delitiva.
Não corre prazo contra menor, então se os pais não souberem
quem é o autor, o prazo não corre.
A vítima pode representar após os 18 anos.

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,


decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

Titularidade do Direito de Representação


Vítima menor de 18 anos Vítima maior de 18 anos Vítima falecida ou
declarada ausente
a o direito é do a se for sã, só ela tem o a o direito pode ser
representante legal; direito de representação; exercido pelo cônjuge,
companheiro,
ascendente, descendente
ou irmão2.
b se o menor não tem b se for doente mental,
representante ou se há o direito é do
colidência de interesses1, representante legal;
o juízo da infância deve
nomear curador especial.
c se for doente mental e
não tiver representante
ou se houver colidência
de interesses, o juiz
criminal deve nomear
curador especial.
1 Ex Se o pai é o agressor da vítima.
2 CADI Cônjuge, ascendente, descendente, irmão.

Retratação
Enquanto não oferecida a denúncia, a vítima pode retratar-se da
representação, inibindo o início do processo.
Dentro dos 6 meses.
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

Representação e a Lei Maria da Penha


A Lei Maria da Penha, Lei 11.340/2006, prevê que só será admitida a
renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente
designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o
Ministério Público.
Exceção à regra de que a renúncia pode ser informal, pois deve
ser feita em audiência.

Crime de lesão corporal no CP é condicionado, mas na lei Maria da


Penha é incondicionado.

Características
Conceito
Manifestação de vontade solicitando a instauração da investigação e
autorizando o Ministério Público a propor a ação penal contra os autores da
infração.
Natureza jurídica
Condição de procedibilidade.
Prazo
6 meses a contar do descobrimento da autoria.
Consequência da não representação no prazo legal
Decadência do direito e extinção da punibilidade do infrator.
Destinatários
Autoridade policial, Ministério Público ou o Juiz.
Retratação
É possível até o oferecimento da denúncia. É também possível a
retratação da retratação dentro do prazo decadencial.
Aspectos formais
A representação não exige formalismo. Pode ser apresentada
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais.

Requisição do Ministro da Justiça


Outro tipo de APPC.
Trata-se de uma conveniência política, a cargo do Ministro da Justiça,
autorizando a persecução criminal nas infrações que a exijam.

Destinatário
Ministério Público
Procurador-Geral
Prazos para oferecimento
A qualquer tempo e enquanto a infração não estiver prescrita.
Sem decadência, apenas prescrição.

Ex Vítima é o presidente.
Ministro da Justiça tem que requisitar (e não representar).

Opções do Promotor ao Receber o Inquérito Policial Concluído


Oferecer a Denúncia
Formaliza a denúncia.
Promoção de Arquivamento
Ex se não tiver provas.

Requerer a remessa a Outro Juízo


Ex Em caso de incompetência.
Requerer Novas Diligências
Ex se não tiver provas suficientes, pode pedir novas
diligências Baixar em diligência.

Oferecimento da Denúncia
Seria a PI do MP.

Ao oferecer a Denúncia, o MP formaliza a acusação imputando ao


denunciado a prática de um fato penalmente relevante, deduzindo em juízo a
pretensão punitiva Estatal, formalizando a acusação.
A denúncia pode ser aditada para incluir novos crimes, como para
incluir coautores e partícipes. O aditamento pode ser feito até ocorrer a
prescrição do crime.
É uma petição inicial oferecida pelo representante do Ministério
Público nas ações penais públicas (incondicionada e condicionada):
Baseada em elementos indiciários de autoria e prova da
existência do crime – observação da fase pré-processual.
in dubio pro societate?
Juízo de probabilidade sobre o crime “não-arquivamento”.
MP oferece.
Juiz recebe.

Ação Penal Privada

Noções Gerais
Prevalência do interesse privado sobre o público.
Legitimidade do ofendido.
MP atua como custos legis.
Ex Calúnia, injúria e difamação.

Princípios
Oportunidade
Juízo de conveniência do ofendido que, mesmo se convencendo
da existência do crime e de indícios de autoria, poderá optar por não exercer o
direito de ação.
Decadência e renúncia.
Vítima processa se quiser.

Disponibilidade
Possibilidade de dispor da ação já exercida e, em consequência,
extinguir o direito de punir:
Perdão e Perempção.
Se já tiver processo, arquiva.

Indivisibilidade
Optando por exercer o direito de queixa, deverá fazê-lo contra
todos os autores ou partícipes do crime.
Não tem meio termo. Se fizer queixa contra 1 agressor, tem que
fazer contra todos. Se perdoa 1, tem que perdoar todos.

Princípios Específicos da Ação Penal

Pública
Obrigatoriedade
Indisponibilidade
Oficialidade

Privada
Oportunidade
Disponibilidade
A hora que quiser.
Indivisibilidade

Espécies

Exclusiva
Exercida por queixa, pelo ofendido ou seu representante legal, ou
sucessor.
Não é exclusiva, mas preferencial.
Em caso de morte ou declaração de ausência.
Poderá ser intentada, por seu cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
Tal qual APPC.

Personalíssima
Legitimidade exclusiva da vítima, não transferível sequer ao
representante legal.
Nesse caso não há intervenção de eventual representante legal, de
curador especial, nem tampouco haverá sucessão processual no caso de
morte ou ausência da vítima.
O direito de ação morre com a vítima.
CP Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e
não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Único crime de ação personalíssima, hoje, no Brasil.

Subsidiária da Pública
Exceção à APP.
É transmissível.
Vítima e MP podem protocolar.
Quem protocolar primeiro, será o titular da ação.

CF Art. 5º LIX será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal.
Após 6 meses, decai, mas o MP continua com a legitimidade.
CP Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a
declara privativa do ofendido.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Forma de fiscalização do exercício da ação penal pública pelo MP.
O pressuposto para o exercício desse direito é a desídia do Ministério
Público, ou seja, a ausência de manifestação tempestiva.
A ação é regida pelos princípios da obrigatoriedade e da
indisponibilidade.
Vigora a discricionariedade do ofendido.
Está sujeita ao prazo decadencial de 6 meses, contados a partir do dia
em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art. 38.Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se
não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
A decadência não produz a extinção da punibilidade.

Queixa
PI da vítima.
Queixa-crime.
Natureza
Ato por meio do qual há o exercício do direito de ação.

Forma
Em regra, escrita.
Só nos JECrim poderá ser oral.
Lei 9.099/95 Art. 77 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido
poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade
e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas
no parágrafo único do art. 66 desta Lei. Lei 9.099/95, art. 77, § 3).

Prazo
Decadencial de 6 meses.

Legitimado
Ofendido
Quando tiver capacidade de estar em juízo.

Representante legal
Pai, mãe, tutor e curador

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo


caberá intentar a ação privada.

Procurador com poderes especiais.


Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo
criminal.

Curador Especial
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente
enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem
os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido
por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, pelo juiz competente para o processo penal.

Sucessão por morte


Cônjuge, ascendente, descendente e irmão
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.
Comparecendo mais de um
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa
com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em
seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração
constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas
prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou
a abandone.
Desistência do querelante qualquer pode prosseguir.
Decadência em relação a um implica decadência em relação a
todos.

É a petição inicial da ação penal privada, intentada pelo ofendido ou


seu representante legal, por um advogado, onde será narrado o fato que
consubstancia a infração penal.
Na queixa-crime o conteúdo é o mesmo expresso no Art. 41 do CPP.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos
quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
O autor é chamado de querelante e o acusado de querelado.
Quando oferecida através de advogado a procuração deve conter
poderes especiais para oferecer a queixa.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo
criminal.

Renúncia e Perdão

Semelhanças

O perdão ou a renúncia apresentada em relação a um é extensiva aos


demais autores do fato, não valendo, porém, em relação ao acusado que não
tenha aceitado o perdão.
Perdão é contagiante.
Mas um deles pode não aceitar.
Arquiva para aquele que aceitou.

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um


dos autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem
que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

Podem ser apresentados por procuradores com poderes especiais.


Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido,
por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver
completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a
renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no
art. 50.

A renúncia ou o perdão de um dos ofendidos não prejudica o direito


dos demais.
CP Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros.

Ambos admitem quaisquer meios de prova, quando se tratar de


perdão ou renúncia tácita.
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de
prova.

Diferenças

Renúncia Perdão
Antes da ação penal. Posterior ao oferecimento da queixa,
podendo ser concedido até antes do
trânsito em julgado da sentença
condenatória1.
Independe da aceitação Depende da aceitação do querelado
1 CP Art. 106 - §2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a
sentença condenatória.

Extinção da Punibilidade Relacionada à Ação Penal


CP Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

Decadência

Natureza
Causa extintiva da punibilidade
Perda do direito de ação ou representação, por não ter sido exercido
no prazo legal.

Cabimento
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido.
Ação penal exclusivamente privada.
Ação penal privada subsidiária
Não acarreta extinção da punibilidade, mas só do direito de
ação que é retomada pelo MP.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

Momento
Antes do exercício do direito de ação.

Prazo
6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.

Perempção
Vítima deixa de fazer um ato que era obrigatório.

Natureza
Causa extintiva da punibilidade
Extinção do direito de ação pelo desinteresse ou negligência do
querelante em prosseguir na ação.

Cabimento
Ação penal exclusivamente privada.

Momento
Após o oferecimento da queixa até o trânsito em julgado.

Hipóteses
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal:
I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta)
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido
de condenação nas alegações finais;
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem
deixar sucessor.

Hipóteses de Perempção
Omissão em dar andamento ao processo por 30 dias.
Ausência de substituição no polo ativo em 60 dias a contar da morte
do querelante.
Ausência injustificada a ato a que deva estar presente.
Ausência de pedido de condenação nas alegações finais.
Extinção da pessoa jurídica sem deixar sucessor.

Apenas para APPr Exclusiva e Personalíssima.

Renúncia
CP Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;

É o ato unilateral e voluntário pelo qual a vítima manifesta a vontade


de não ingressar com a ação penal, abdicando do direito de oferecer queixa
crime, extinguindo-se a punibilidade.
Espécies
Expressa ou Tácita.

Não implica renúncia tácita o fato de o ofendido receber a indenização


do dano causado pelo crime.
CP Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado
expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de
ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de
receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
Exceto JECrim.
Renunciar no criminal não significa renunciar no cível.
Perdão do Ofendido
CP Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada;

Natureza
Causa extintiva da punibilidade
Ato de clemência do querelante, aceito pelo querelado.

Cabimento
Ação penal exclusivamente privada.

Momento
Após o oferecimento da queixa.
Já com a AP andando.
Até o trânsito em julgado.
CP Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a
vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença
condenatória.

Forma
Expressa: declaração assinada.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido,
por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver
completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia
do último excluirá o direito do primeiro.
Tácita
Prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na
queixa.
CP Art. 106 § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
incompatível com a vontade de prosseguir na ação.

Existência de coautores do crime


Concedido a um dos querelados, a todos aproveita.
CP Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;

Não cabe perdão na APPr Subsidiária da Pública.

Aceitação
Bilateral
Só produz efeitos se aceito pelo querelado.
Mais de um perdoado
Aceitação do perdão por um dos querelados, não impede a
recusa por outro.

Suspensão Condicional da Pena ou Sursis


Réu já condenado.
Quando a pena não for muito alta e o réu primário.
Tem período de prova. Se tudo ok pena extinta.

Origem e desenvolvimento
Séc. XIX
Estados Unidos- Massachusetts- 1846
França em 1884
Bélgica 1888
Portugal- 1893

Teorias

Anglo saxã
Suspender não a execução da pena, mas a ação penal, no qual o
indivíduo fica sujeito a observância de determinadas regras.
Franco – Belga
Ocorre após a sentença, que será suspensa por determinado tempo.
Alemão
O réu não é condenado, o juiz fixa a pena, mas não haverá condenação
se ele respeitar as regras impostas.
Brasil
Franco – Belga.
Após sentença/dosimetria.

CP Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2


(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste
Código.
§1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de
setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à
observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz.
§1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-
lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o
juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições,
aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar
e justificar suas atividades.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
condenado.
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à
multa.
Revogação obrigatória
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou
contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento
definitivo.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se
extinta a pena privativa de liberdade.

É a suspensão da execução pena fixada na sentença, observado os


requisitos legais (sistema belgo-francês).

Finalidade
Evitar a prisão de curta duração, evitando, assim, os efeitos deletérios
do estabelecimento carcerário e facilitando a reintegração social.
Evitar que criminosos não muito perigosos fiquem presos. Não deixar o
preso de 1ª viagem se contaminar pelos males do presídio.

Classificação
Sursis simples
Pena < 2 anos.
Se couber o Art. 44, não caberá a sursis simples.
Congela por 2 a 4 anos.
Não pode se for reincidente em crime doloso.

O sursis simples é a forma básica da suspensão condicional da


pena, cuja estrutura é aplicada subsidiariamente às demais formas, se
não disposto de forma diversa.
A ver o tamanho da pena, calculado na dosimetria.

Requisitos Cumulativos
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste
Código.
Sursis etário
Idade no momento da sentença.
> de 70 anos NÃO é o idoso.
Pena < 4 anos.
Congela por 4 a 6 anos.
Sursis humanitário
Razões de saúde e não pode ser tratado no presídio.
Independe da idade.

CP Art. 77 § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a


quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

Conceitos e Denominações do Instituto


Constitui um dos institutos mais elaborados da moderna evolução
ética, política e científica da Justiça Penal.

Cuello Cálon “Não só constitui um substitutivo penal das penas privativas de


liberdade como também um mio de eficácia educadora pois, durante o
período de prova, o condenado se habitua a uma vida ordenada e conforme a
lei.”

Bittencourt “Falência do sistema penal, cujos regimes penitenciários têm


sido uma das causas de reincidência, que é a pedra de toque da criminalidade,
determinou a crise da repressão geral atual, que assim foi encontrar a
terapêutica fora do cárcere, e um dos exemplos é a suspensão condicional das
penas privativas de liberdade.”

Aníbal Bruno “É o ato pelo qual o juiz condenando o delinquente primário,


não perigoso, à pena detentiva de curta duração, suspende a execução da
mesma, ficando o sentenciado em liberdade sob determinadas condições.”

Juarez Cirino dos Santos “Constitui um substitutivo penal impeditivo da


execução e extintivo da pena privativa de liberdade aplicada, decidido pelo
juiz na sentença criminal, com o objetivo de evitar os malefícios da prisão.”

Natureza Jurídica
Não há consenso.
Substitutivo Penal
Meio autônomo de reação jurídico-penal que tem várias possibilidades
de eficácia.
Maioria brasileira
Um direito público subjetivo do condenado.

Sursis Simples
CP Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2
(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no
art. 44 deste Código.
§1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício.

Sursis Etário e Humanitário


CP Art. 77 § 2 o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a
quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

Obs.: Cumprir também todos os demais requisitos do sursis comum.

Observações

Não confundir suspensão condicional da pena (art. 77, CP) com


suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95, crimes c/ pena min.
≤ 1ano).
O Juiz ou Tribunal, na sentença, deve pronunciar-se sobre a suspensão
condicional, quer a conceda, quer a denegue.
LEP Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de
liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se,
motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue.
As penas de multa e restritivas de direito não pode ser suspensas.
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à
multa.
A condenação anterior por crime culposo ou à pena de multa não
impede a concessão da substituição.
CP Art. 77 - §1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a
concessão do benefício.
Para concessão do sursis, em caso de concurso de crimes, deve- se
levar em consideração a pena final somada ou aumentada.

Período de Prova
Prazo fixado na sentença em que a execução da pena ficará suspensa e
o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições
estabelecidas pelo juiz.
Sursis Simples
De 02 a 04 anos;
Sursis Etário ou Humanitário
De 04 a 06 anos, desde que a pena suspensa seja superior a 02 e não
exceda a 04 anos.
Se a pena for de até 02 anos o período de prova poderá ser
fixado de 02 a 04 anos (doutrina).

No caso de suspensão condicional da pena de prisão simples, o


período de prova poderá ser fixado de 01 a 03 anos.
Lei das Contravenções Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o
juiz pode suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a execução
da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional.

Condições do Sursis

Classificação Das Condições


Legais
Impostas pela lei para as diferentes espécies de sursis.
Obrigatórias.
Judiciais
São as determinadas pelo juiz, de acordo com as peculiares
circunstâncias do caso concreto.
Facultativas.

Condições Legais
CP Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à
observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz.
§1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
Ex Serviço comunitário e limitação de fim de semana.

Condições do Sursis Especial


CP Art. 78 - § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem
inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior
pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar
e justificar suas atividades.
Se indenizar, pode substituir o serviço comunitário por proibição de
frequentar lugares, de sair da comarca e comparecer em juízo.
Se não cumprir, levanta a suspensão.
Salvo se impossibilitado de indenizar.

Condições judiciais
Outras que o juiz julgue convenientes.

Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica


subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
condenado.
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à
multa.

Revogação do Sursis

Existem causas de revogação


Obrigatórias
A obrigatória vincula o Juiz, ou seja, deve revogar o sursis.

CP Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o


beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano;
Tem dinheiro, mas deixa de pagar.
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.

Facultativas
A facultativa o Juiz pode revogar o sursis, ou optar por outra
medida, como prorrogar até o máximo o período de prova.

CP Art. 81 § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado


descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por
crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de
direitos.

Prorrogação Automática do Período de Prova


Se o juiz determinou suspensão por 2 anos, pode aumentar.

CP Art. 81 § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime


ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento
definitivo.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.

Prorrogado o período de prova, com o trânsito em julgado da sentença,


há três possibilidades de acordo com a natureza da sentença:
Absolvição
Extingue a pena.
Condenatória por crime doloso
Revoga o sursis, pois a condenação irrecorrível a crime doloso é
causa obrigatória de revogação.
Condenação por crime culposo ou contravenção penal
Pode ou não revogar, é causa de revogação facultativa.

ATENÇÃO Durante a prorrogação automática do período de prova, que não


tem prazo determinado, não subsistem as condições impostas.

Término do Período de Prova


CP Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-
se extinta a pena privativa de liberdade.

Observação
A revogação do sursis faz retomar a integralidade da pena suspensa.

Sigilo das Informações Referentes ao Sursis


Enquanto durar o período de prova da suspensão condicional da pena,
as informações sobre o processo e a condenação são sigilosas, salvo para
efeitos de informações requisitadas por órgão judiciário ou pelo MP, para
instruir processo penal.

Sigilo exceto para


Delegado
Juiz
MP

LEP Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a nota de


suspensão em livro especial do Juízo a que couber a execução da pena.
§1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato averbado à margem
do registro.
§2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para efeito de informações
requisitadas por órgão judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir processo
penal.
O sigilo protege o condenado da estigmatização oriunda da
condenação.

ATENÇÃO A LEP, nos art. 156 a 163, regula o procedimento da suspensão


condicional da pena, juntamente com art. 77 a 82, CP.

Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
a execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma
prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal.
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de
liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se,
motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue.
Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as condições a que fica
sujeito o condenado, pelo prazo fixado, começando este a correr da audiência prevista
no artigo 160 desta Lei.
§1° As condições serão adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado,
devendo ser incluída entre as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou
limitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
§2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimento do Ministério
Público ou mediante proposta do Conselho Penitenciário, modificar as condições e
regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado.
§3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas nos Estados,
Territórios e Distrito Federal por normas supletivas, será atribuída a serviço social
penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a
prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas
supletivas.
§4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade fiscalizadora,
para comprovar a observância das condições a que está sujeito, comunicará,
também, a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive.
§5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao órgão de
inspeção, para os fins legais, qualquer fato capaz de acarretar a revogação do
benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das condições.
§6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação ao Juiz
e à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos quais o primeiro deverá
apresentar-se imediatamente.
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for concedida por Tribunal,
a este caberá estabelecer as condições do benefício.
§1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal modificar as condições
estabelecidas na sentença recorrida.
§2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da pena, poderá,
todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência de estabelecer as condições do
benefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória.
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz a lerá ao
condenado, em audiência, advertindo-o das conseqüências de nova infração penal e
do descumprimento das condições impostas.
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte)
dias, o réu não comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão
ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena.
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da pena e a prorrogação do
período de prova dar-se-ão na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código
Penal.
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a nota de suspensão
em livro especial do Juízo a que couber a execução da pena.
§1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato averbado à margem
do registro.
§2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para efeito de informações
requisitadas por órgão judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir processo
penal.

Suspensão Condicional do Processo


É uma barganha processual.
Acontece antes da condenação.
Ao oferecer as denúncia, MP pode propor acordo.
MP x Réu
Apenas pequenas causas
Pena máxima em abstrato 2 anos.
Pena aplicada ≤ 1 ano.
Não pode estar sendo processado por outro crime.
Apenas primário com bons antecedentes.
Sem condenação alguma.
Mais os requisitos do Art. 77 do CPP.
É direito público subjetivo do acusado.
Se cumprir todos os requisitos e for negado, pode pedir revisão.

Lei 9.099/95 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual
ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer
a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal).
O MP é o proponente do sursis processual em face da presença dos
seus requisitos legais.
Se MP não propor, pode fazer recurso interno.
Cabe sursis processual no bojo da ação penal privada por analogia.

Mas se o MP não propõe injustificadamente pode o juiz aplicar por


analogia o art. 28, CPP., conforme a Súmula STF 696:
Súmula 696 (STF) Reunidos os pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a
propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral,
aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o
juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia,
designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Presentes os requisitos legais o juiz deve suspender o processo e
submeter o acusado às condições legais.
O aceite há de ser do réu com assistência de seu defensor.

Súmula 337 (STJ) É cabível a suspensão condicional do processo na


desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
Desclassificação quando o juiz entende que o crime praticado
foi um diferente do que está na denúncia.
Quando o crime é desclassificado e a pena fica < 1 ano.
Juiz manda o MP oferecer a suspensão.

Súmula 243 (STJ) O benefício da suspensão do processo não é


aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material,
concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada,
seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de
um (01) ano.

Condições Obrigatórias e Facultativas


Lei 9.099/95 Art. 89 §1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo,
submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização
do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades.
§2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

Essas condições suspendem também a pena e a condicional.


Pode haver outras condições.

Revogação

Obrigatória
Art. 89 §3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário
vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a
reparação do dano.

Facultativa
Art. 89 §4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser
processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra
condição imposta.

Extinção da Punibilidade
Art. 89 §5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade.
§6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.
Aula 19 – 21/06/2023

Prescrição
É a perda, em face do decurso do tempo, do direito de o Estado unir ou
executar a punição já imposta.

Atenção Trata-se de limite temporal do poder punitivo estatal.


Conclusão é garantia do cidadão contra o excesso punitivo estatal.
Evitando a hipertrofia da punição.

Hipóteses Excepcionais de Imprescritibilidade


Devem estar expressos na CF/88

Racismo Lei 7.716/89


CF Art. 5º. XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Ação de grupos armados, civis ou militares contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático
Art. 5º. XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Grupos armados com outras finalidades, prescreve.

Crimes Imprescritíveis
Crimes de RACISMO definidos na Lei n. 7.716/89.
Os praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático, previstos na Lei n. 7.170/83 (Lei
de Segurança Nacional),

Cuidado: A tortura é prescritível

A tortura, de acordo com a CF é PRESCRITÍVEL.


Aparece como crime imprescritível em alguns Tratados internacionais
ratificados pelo Brasil. Ex Estatuto de Roma.
A doutrina começa a discutir se em razão desses Tratados, a tortura deve ou
não ser prescritível.
Não há decisões nos Tribunais Superiores reconhecendo a imprescritibilidade
da tortura na seara penal.
O STJ já decidiu que a indenização por conta de torturas praticadas no regime
militar é imprescritível.

Crimes Inafiançáveis1 Crimes Imprescritíveis


Crimes Hediondos Racismo
Tortura
Tráfico de Drogas
Terrorismo
Racismo Ações de grupos armados – civis ou
Ações de grupos armados – civis ou militares – contra a ordem
militares – contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
constitucional e o Estado Democrático
1 Valor pago para responder em liberdade.

Fundamentos da Prescrição
Em resumo o tempo faz desaparecer o interesse social de punir.
1 O decurso do tempo leva ao esquecimento do fato.
Estado demora para julgar e/ou punir.
2 O decurso do tempo recupera naturalmente o criminoso.
3 O decurso do tempo enfraquece o suporte probatório.

Prescrição
CPP Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz,. Se reconhecer extinta a punibilidade,
deverá declará-lo de ofício [...].
A Prescrição da Pretensão Punitiva afastará todos os efeitos da
condenação principais e secundários, penais e extrapenais.
Inclui casos quem pendem de T em J.
Já na Prescrição da Pretensão Executória, os efeitos primários são
afastados, mas os secundários, não.

Prescrição x Decadência
Decadência perda do direito de ajuizar ação pelo decurso do tempo.
Somente nos crimes
Ação penal privada.
Ação penal pública condicionada à representação.
Decurso in albis do prazo para ajuizamento da queixa-crime ou
oferecimento da representação.
Somente pode ocorrer a decadência antes do início da ação
penal.

Espécies de Prescrição
Prescrição da Pretensão Punitiva Prescrição da Pretensão Executória
(PPP) (PPE)
Perda do direito de punir. Perda do direito de executar a punição
já imposta.
Ocorre ANTES do trânsito em julgado. Ocorre APÓS o trânsito em julgado.
Impede qualquer efeito de eventual Impede somente a execução da pena
condenação (penal ou extrapenal). (os demais efeitos permanecem).
Divide-se em 4 espécies: Ex a sentença continua servindo como
a Em abstrato (P.P.P.A.) título executivo judicial, gera
b Retroativa (P.P.P.R.) reincidência etc.
c Superveniente (P.P.P.S.)
d Virtual (P.P.P.V.)
Prescrição

Prescrição da pretensão punitiva NÃO HÁ trânsito em


Punitiva propriamente dita (em abstrato) julgado da condenação
para ninguém.
Prescrição Superveniente ou Há trânsito em julgado
Intercorrente para a acusação1, mas
Prescrição Retroativa não para a defesa.
Há trânsito em julgado
Executória para ambas as partes
(acusação e defesa).
1 Isso por que a pena não terá como aumentar, se a acusação não apelar.

Prescrição da Pretensão Punitiva em Abstrato (PPPA)


Utiliza a pena máxima, em abstrato.
Inclui também as causas de aumento e diminuição.
Não há sentença condenatória.
Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do delinquente, deve
anunciar até quando essa punição lhe interessa.
Sendo incerto o quantum da pena que será fixada na sentença, o prazo
prescricional é resultado da combinação da PENA MÁXIMA prevista
abstratamente no tipo e a escala do art. 109 CP.

CP Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o


disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, verificando-se:

Consequências

1 Desaparece para o Estado seu direito de punir, inviabilizando a análise do


mérito.
Logo, a decisão é declaratória extintiva da punibilidade.
Não condenatória, não absolutória.
O art. 397 CPP, no entanto, anuncia que a decisão é de absolvição (falta
de técnica legislativa.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
IV - extinta a punibilidade do agente.
2 Eventual sentença condenatória provisória é rescindida.
Não permite operar qualquer efeito penal ou extrapenal.
3 O acusado não será responsabilizado pelas custas.
4 Terá direito à restituição Integral da fiança.
Prazos
Pena PPPA
< 1 ano 3 anos
≥ 1 a ≥ 2 anos 4 anos
> 2 a ≥ 4 anos 8 anos
> 4 a ≥ 8 anos 12 anos
> 8 a ≥12 anos 16 anos
> 12 anos 20 anos

Cálculo
1ª Fase Circunstâncias Judiciais Não Influenciam no cálculo da prescrição.
2ª Fase Agravantes Não Interferem no cálculo da prescrição
Pretensão Punitiva.
Reincidência + 1/3 no prazo da prescrição
da Pr. Executória
Atenuantes Não Interferem no cálculo da prescrição
Pretensão Punitiva.
Menor de 21 ou maior de 70 anos:
Redução pela Metade do prazo da
Prescrição.
3ª Fase Causas de Aumento Influenciam no cálculo da prescrição.
Usar a que mais aumente a pena.
Causas de Diminuição Influenciam no cálculo da prescrição.
Usar a que menos diminua a pena.

Prescrição de Penas Menos Graves


CP Art. 109 – [...] Parágrafo único – Aplicam-se às penas restritivas de direito os
mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
Prescreve no mesmo feito.
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.
Para crimes de multa, só prescreve a pretensão punitiva, a
executória não prescreve.
Multa não paga vira dívida ativa da União ou Estado.
Prescreve conforme o Código Tributário.
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.

Redução de prazos de Prescrição


CP Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o
criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da
sentença, maior de 70 (setenta) anos.
Pena PPPA
< 1 ano 1 ano e meio
≥ 1 a ≥ 2 anos 2 anos
> 2 a ≥ 4 anos 4 anos
> 4 a ≥ 8 anos 6 anos
> 8 a ≥12 anos 8 anos
> 12 anos 10 anos

Termo Inicial da PPA


Quando começa a correr o prazo prescricional?
Do dia em que o crime se consumou

Quando se considera o crime praticado Quando se inicia o prazo prescricional


Data da CONDUTA. Da data da CONSUMAÇÃO.
Teoria da atividade. Teoria do resultado.
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no Art. 111 – A prescrição, antes de transitar
momento da ação ou omissão, ainda que em julgado a sentença final, começa a
outro seja o momento do resultado”. ocorrer:
I - do dia em que o crime se “consumou;”

Art. 111 . II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa (do último
ato executório).
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência.
Ex sequestro - a prescrição só ocorre quando cessada a privação da
liberdade da vítima).
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil,
da data em que o fato se tornou conhecido.
São crimes que demoram para serem descobertos.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste
código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos,
salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

Observações
Abrange crimes contra a dignidade sexual também previstos em
legislação extravagante (ex.: Código Penal Militar e ECA).
Não se trata de imprescritibilidade, mas sim de termo inicial
diferenciado de prescrição.

Crime de Calúnia
Pena Máxima é de 2 anos.
Prazo Prescricional 4 anos
Crime PPP em
Consumou-se 02/04/2006
em 03/4/2002

Concurso de Crimes
CP Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um, isoladamente.
Não se aplicam as frações.

Crime 01 Crime 02 Crime 03 Crime 04 Crime 05


01-05-2010 05-05-2017 10-05-2017 15-05-2017 20-05-2017

Deve-se contar o ATENÇÃO: embora a regra para o crime continuado seja aumento
prazo de 1/6 a 2/3, para contarmos a prescrição DESPREZA-SE o aumento.
prescrição para
cada data de
consumação.

Concurso Formal ou Material

Ex Tício, operando um guindaste, provoca um acidente matando 2 pessoas


em concurso formal. Uma vítima morre na hora e outra 6 meses depois, a
prescrição do 1º começa a correr 6 meses antes do outro.
Homicídio Culposo de pena máxima 3 anos.
Prescrição 8 anos.

1º Homicídio PPP em
02/01/2013 01/01/2021

2º Homicídio PPP em
02/06-2013 01/06/2021

Crime Habitual
É aquele que exige reiteração de atos para a sua tipificação.
Ex casa de prostituição, exercício ilegal da medicina, curandeirismo.
STF deve ser aplicado o espírito do art. 111, III, CP, leia-se, quando
cessada a habitualidade.
CP Art. 111, CP: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,
começa a correr:
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
Causas Suspensivas e Interruptivas
Iniciado o prazo prescricional é possível sua suspensão e interrupção.

Causas Suspensivas
Param o cronômetro, continua de onde parou.

CP Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não


corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
Questões prejudiciais Ex bigamia e anulação do casamento.
CPP Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de
controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso
da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por
sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e
de outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a
citação dos interessados.
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores,
será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;


III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais
Superiores, quando inadmissíveis; e
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo."
Suspende a pretensão executória.

Interruptivas
Zeram o cronômetro, e começa do começo.

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; Interrompe a prescrição punitiva
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão
condenatórios recorríveis1;
V - pelo início ou continuação do cumprimento Interrompe a prescrição executória
da pena;
VI - pela reincidência.
1 Apenas se o acórdão condenar ou aumentar a pena. Se mantiver a sentença do 1º
grau, não interrompe.
§1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos,
que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a
qualquer deles.
Concurso de agentes se juiz receber só de 1 acusado,
interrompe o prazo para os dois.
§2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o
prazo começa a correr novamente, do dia da interrupção.

Causas Interruptivas da PPP

CP Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
Reconhecendo haver prova da materialidade e indícios de
autoria de crime doloso contra a vida, submete-se o caso a julgamento
popular.
Atenção “Súmula 191 STJ: A pronúncia é causa interruptiva da
prescrição ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.”
(ainda que o Tribunal do Júri entenda que não houve crime doloso
contra a vida, a pronúncia interrompe a prescrição)
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
Novo prazo conta da seção que confirmou a decisão de 1º grau.
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
Atenção Acórdão meramente confirmatório.
Confirma a sentença condenatória de 1º grau.
Não interrompe a prescrição.
É crescente a doutrina e a jurisprudência no sentido de que acórdão
confirmatório que agrava a pena causa a interrupção da prescrição.
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.

Ex Prazo prescricional 16 anos

Data do Crime Ocorrência


de causa
Interruptiva

Decorridos
4 anos

1 2 3 4 5 6 7
ano anos anos anos anos anos anos
Reinicia
na íntegra
o prazo
de 16
anos

Suspensivas

CP Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não


corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
Questão prejudicial
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais
Superiores, quando inadmissíveis; e
Quando é protelatório.
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Espera cumprir o 1º crime, depois volta a correr a prescrição do 2º.

Outras Causas de Suspensão

Durante o prazo de suspensão do processo Acordo.


Lei 9.099/95 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77
do Código Penal).
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

Durante o tempo que durar a sustação de processo que apura infração penal
cometida por deputado ou senador, por crime ocorrido após a diplomação
CF Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após
a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

Se o acusado, citado por edital, não comparecer em juízo, nem constituir


advogado estrangeiro em lugar sabido
CPP Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
Durante o prazo para cumprimento de carta rogatória de acusado que está no
estrangeiro em lugar sabido
CPP Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado
mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu
cumprimento.

Durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente estiver


incluída no regime de parcelamento nos crimes contra a ordem tributária,
apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) ou sonegação de
contribuição previdenciária (art. 337-A do CP).
CP Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou
documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em
serviço público:

Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei n. 8.137/90, se


houver celebração de acordo de leniência (art. 35-C da Lei n. 8.884/94)

Crimes contra a ordem tributária


Parcelamento do débito tributário (art. 9º da Lei 10.684/2003).
Para o STF, nos crimes materiais contra a ordem tributária (Lei
8.137/1990, art. 1.o), o lançamento do tributo pendente de decisão definitiva
do processo administrativo importa na falta de justa causa para a ação penal,
suspendendo, porém, o curso da prescrição enquanto obstada a sua
propositura pela falta do lançamento definitivo.

Data do Ocorrência Fim da Causa


Crime de Causa suspensiva
Suspensiva

Decorridos
4 anos

1 2 3 4 5 6 7
ano anos anos anos anos anos anos
Reinicia a 12 anos prazo
contagem do prescricional
prazo
considerando
o tempo
anterior
Prescrição da Pretensão Punitiva Retroativa (PPPR)
T em J para a acusação.
Pena não vai piorar.
Não conta prazo entre crime e denúncia.
Observam-se os marcos interruptivos.
Prazo baseado na pena aplicada.

CP Art. 110 §1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito


em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da
denúncia ou queixa.

Teoria da Pior das Hipóteses


ANTES da sentença recorrível, não se sabe a quantidade da pena a ser
fixada pelo juiz, razão pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena
máxima prevista em lei.

Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando em


julgado para a acusação (ou sendo seu recurso improvido), não mais existe
razão para se levar em conta a pena máxima, já que, mesmo diante do recurso
da defesa, é proibida a reforma para prejudicar o réu. A pena aplicada na
sentença passa a ser o novo norte, parâmetro para o art. 109 CP.

Características
a Pressupõe sentença ou acórdão penal condenatórios.
b Pressupõe trânsito em julgado da pena para a acusação, no que se
relaciona com a pena.
c Tem como norte a pena aplicada na sentença.
d Os prazos prescricionais estão no art. 109 CP.
e O termo inicial conta-se da publicação da condenação até o
recebimento da inicial (contagem retroativa).
Atenção Sendo espécie de prescrição da pretensão punitiva, os seus
efeitos são os mesmos da P.P.P.A.

Contagem da Prescrição Retroativa


Entre o recebimento da denúncia ou queixa e a pronúncia;
Entre a pronúncia e sua confirmação por acórdão;
Entre a pronúncia ou seu acórdão confirmatório e a sentença
condenatória;
Entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença
condenatória (no caso de crimes não dolosos contra a
vida).
Observação É vedada a prescrição retroativa em data anterior ao
oferecimento da Denúncia.
Tribunal do Júri

Denúncia

Crime Pronúncia Decisão Sentença Trânsito em


Confirmatória Condenatória Julgado para a
da Pronúncia Recorrível Acusação

Ex Crime de estelionato consumado em 15/01/2014.


Pena máxima 5 anos.
Prescrição 12 anos.
Data do Tempo 5 anos e 1 mês 10/04/202
Crime Passaram-se + 4 anos Tempo 1 ano e 1 mês 1
HOUVE PRESCRIÇÃO Não passaram-se 4 anos. MP não
NÃO HOUVE recorre
PRESCRIÇÃO T em J

03/02/2014 05/03/2019 04/04/2021


Denúncia Recebimento Condenação 1 ano
da Denúncia Prescrição 4 anos

Como ao final a pena foi de 1 ano, e a prescrição de 1 ano de pena se


dá em 4 anos, e lá no início, entre o oferecimento e recebimento da denúncia
deu mais que 4 anos, então prescreveu.

Prescrição da Pretensão Punitiva Superveniente (PPPS)

CP Art. 110 §1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito


em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da
denúncia ou queixa.

Tal qual a prescrição da pretensão punitiva retroativa, a superveniente


(ou intercorrente) tem por base a pena concreta (a ser combinada com o art.
109 CP), pressupondo trânsito em julgado para a acusação.
Sem trânsito para a acusação não se fala em PPPR ou PPPS.

Diferença
P.P.P.R. conta-se da publicação da condenação para TRÁS.
P.P.P.S. conta-se da publicação da condenação para FRENTE.

Ex João, acusado de furto (art. 155 CP - pena: 1 a 4 anos), é condenado a 1


ano de reclusão, substituída por restritivas de direitos.
Quanto tempo tem o Estado para julgar o recurso contra a decisão?
1ª situação: Se a condenação não transitou em julgado para a acusação,
estamos diante da P.P.P.A., tendo o Estado 8 anos para julgar o recurso.
2ª situação: Se o MP não recorre, somente a defesa, estamos diante da P.P.P.S.
(desde que não tenha ocorrido a P.P.P.R.), tendo o Estado 4 anos para julgar o
recurso.
3ª situação: Se o MP recorre, não se insurgindo contra a quantidade da pena,
mas contra a substituição por restritiva de direitos, também não impede a
P.P.P.S. (pois a pena em concreto não pode mais ser alterada), tendo o Estado
4 anos para julgar o recurso.

Prescrição da Pretensão Executória (PPE)


Prazo para começar a cumprir a pena.
Afasta apenas efeito principal.
Cometer outro crime durante a execução, interrompe a prescrição.
Concurso de agentes
Se prescrever para 1 réu, não prescreve para os demais.

CP Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo
anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

Trata-se de prescrição de pena efetivamente imposta, que tem como


pressuposto sentença condenatória com trânsito em julgado para ambas as
partes.
Verifica-se dentro dos prazos estabelecidos no art. 109 CP, os quais são
aumentados de 1/3 se o condenado é reincidente.

Consequências
Extingue-se os efeitos principais prisão.
Mantêm-se os efeitos secundários.

Extingue-se a pena aplicada sem rescindir a sentença condenatória.


Produz os demais efeitos penais e todos os extrapenais.

Porte De Entorpecentes
Pena máxima de 02 Anos A prescrição 04 Anos
Transcorrido 2 anos e 3 meses – logo já havia operado a
P.P.E.

10/02/2005 Trânsito em Julgado 15/05/2007


Juiz, ao sentenciar para a acusação. Julgamento do
acaba fixando pena 22/02/2005 recurso pelo
de 06 meses. Ministério Público Tribunal.
Prescrição ocorrerá não apela para
em 02 anos. aumenta-la.
Somente houve
recurso da defesa.
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
CP Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação,
ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
Ex acordo da lei n. 9.099.
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
interrupção deva computar-se na pena.

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento


condicional
CP Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

PPP x PPE
P.P.P P.P.P.A P.P.E
(Sem T em J P.P.P.R (Com T em J para a defesa)
para a defesa) P.P.P.S
Ocorre antes do trânsito em julgado Pressupõe condenação para ambas as
para ambas as partes. partes.
Rescinde eventual condenação. Não rescinde eventual condenação.
Impede qualquer efeito. Extingue a pena, mas permanecem

Atenção O prazo da P.P.E. pode ser SUSPENSO ou INTERROMPIDO


Suspenso
Art. 116 - Parágrafo Único - Depois de passada em julgado a sentença
condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso
por outro motivo.
Art. 117 CP - O curso da prescrição interrompe-se:
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
Quando foge e é recapturado.
VI - pela reincidência.
Notícia que praticou crime.
Para ser reincidente, basta a prática de novo crime depois de
transitar em julgado sentença condenatória do crime anterior.

Ex João foi condenado ao cumprimento de 1 ano e 6 meses pela prática do


crime de furto. As partes não recorrem.

Contando do trânsito em julgado para a acusação, quanto tempo o


Estado tem para executar a pena (prender João)?
Pena aplicada 1 ano e 6 meses.
Prescrição 4 anos.
Estado tem 4 anos para prender João.
Suponhamos que João, depois de 7 meses preso, foge.
Quanto tempo tem o Estado para recapturá-lo? (lembrando que o
início da execução interrompe o prazo).
Dúvida: Considera-se a pena aplicada ou o restante de pena a cumprir?
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Observação
De acordo com a súmula 338 STJ, é aplicável o instituto da prescrição
aos atos infracionais.
Súmula 338 (STJ)
A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.

Prescrição projetada ou virtual


Não está prevista em lei.
Criado pela doutrina
Reconhecida antecipadamente.
Em geral ainda na fase extraprocessual.
Com base na provável pena da sentença.
Assim, já se vê antes se está prescrito ou não.

Súmula 438 (STJ)


É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética,
independentemente da existência ou sorte do processo penal.

STF – AÇÃO PENAL. Extinção da punibilidade. Prescrição da pretensão


punitiva “em perspectiva, projetada ou antecipada”. Ausência de previsão
legal. Inadmissibilidade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral
reconhecida. Recurso extraordinário provido. Aplicação do art. 543-B, § 3o, do
CPC. É inadmissível a extinção da punibilidade em virtude de prescrição da
pretensão punitiva com base em previsão da pena que hipoteticamente
seria aplicada, independentemente da existência ou sorte do processo
criminal. (RE 602527 QO-RG, Relator: CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado
em 19/11/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237 DIVULG 17-12-2009
PUBLIC 18-12- 2009 EMENT VOL-02387-11 PP-01995).

Prescrição da Pena de Multa


Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
Multa como única pena cominada em abstrato somente é
possível para contravenção penal prescrição em 2 anos.
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.
Havendo trânsito em julgado da sentença será considerada dívida de
valor, aplicando-se as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública.9mk

NÃO EXISTE prescrição da pretensão executória penal da multa, mas


apenas prescrição de caráter tributário.

Multa cominada em
abstrato. Ex crime de rixa, cuja
Alternativamente com pena é de detenção de 15
pena privativa de dias a 2 meses, ou multa.
Prazo igual ao cominado
liberdade.
para a prescrição da pena
Multa cominada em privativa de liberdade.
abstrato. Ex furto simples , cuja
Cumulativamente com pena é de reclusão de 1 a
pena privativa de 4 anos, e multa.
liberdade
Ex Recusar-se a receber,
moeda de curso legal no
Multa for a única Prescrição em 2 anos.
país, cuja pena é multa,
cominada ou aplicada.
de duzentos mil réis a
dois contos.

Prescrição em Crimes Previstos em Leis Especiais

Nos crimes de porte ou plantio de substância entorpecente para consumo


próprio.
Lei n. 11.343/2006 Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância
ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

Prescrição da pretensão punitiva e da executória dá-se sempre em 2 anos.


Lei n. 11.343/2006 Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts.
107 e seguintes do Código Penal.
Nos crimes falimentares, regula-se de acordo com as regras do Código Penal,
porém só começa a fluir do dia da decretação da falência, da concessão da
recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial
Lei n. 11.101/2005 Art. 182. A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-
se-á pelas disposições do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
começando a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação
judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial.

No caso de recuperação judicial ou extrajudicial, caso seja posteriormente


decretada a falência, a decisão interromperá o prazo prescricional que se
achava em curso.
Lei n. 11.101/2005 Art. 182 Parágrafo único. A decretação da falência do
devedor interrompe a prescrição cuja contagem tenha iniciado com a concessão da
recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação extrajudicial.

Nos atos infracionais


Súmula 338 (STJ)
A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.
Antes de transitar em julgado, a prescrição é pela pena máxima em
abstrato reduzida pela metade.
Pretensão executória 4 anos.
As penas de 3 anos prescrevem em 8, mas o prazo deve ser
reduzido pela metade.

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