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DIREITO PENAL

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL

1. Princípio da Legalidade art. 5º, xxxix, cf


Art. 5º, XXXIX, CF c/c art. 1º, CP não há crime (infração penal: contravenção penal)
sem lei anterior que o defina, nem pena (sanção penal: medida de segurança) sem
prévia cominação legal.
Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege.
Fundamentos:

 Fundamento político: vincula o Poder Executivo e Poder Judiciário, proibindo o


exercício arbitrário de um poder punitivo;

 Fundamento democrático: é o povo que elege o representante que vai definir o que é
crime;

 Fundamento jurídico: a lei deve existir antes de se punir alguém, pois cria um efeito
intimidativo.
FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: O princípio da legalidade possui quatro
funções fundamentais:
1 proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia);
( Principio da Anterioridade ou da Irretroatividade da lei Penal)
2 proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine
lege scripta);(Principio da Reserva legal ,A lei penal tem que ser escrita)
3 proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas
(nullum crimen nulla poena sine lege stricta);( Proibição da analogia in mallam partem)
4 proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege
certa). (Princípio da Taxatividade)
Princípio da taxatividade: a lei Penal deve ser clara e precisa, de forma que o
destinatário da lei possa compreende-la. sendo vedada, portanto, com base em tal
princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. A lei deve
ser, por isso, taxativa.
Princípio da anterioridade da lei penal: uma pessoa só pode ser punida, se á época
do fato por ela praticado, já estava em vigor a lei que descrevia o delito. Assim
consagra-se a irretroatividade da lei penal.
Princípio da reserva legal: apenas a lei em sentido formal pode descrever condutas
criminosas. É vedado ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou
outras formas legislativas para incriminar condutas.
Não há crime nem pena sem lei escrita: Costume não cria, agrava e nem extingue
norma penal.
Não há crime nem pena sem lei estrita: o emprego da analogia somente é
permitido a favor do réu, jamais em seu prejuízo, seja criando tipos incriminadores,
seja agravando as penas dos que já existem.
O STF não admitiu o furto de energia elétrica nos casos em que há furto de sinal de
TV a cabo, pois não seria possível fazer analogia in malam partem.
Não há crime nem pena sem lei necessária: também advém do princípio da
intervenção mínima do Direito Penal.
- A lei penal pode ser classificada como:
Lei completa: não depende de complemento, seja valorativo (pelo juiz) ou normativo
(por outra norma). Exemplo: “matar alguém” é uma lei completa.
Lei incompleta: depende de complemento valorativo ou normativo.
Tipo penal aberto: a norma depende de um complemento valorativo dado pelo juiz.
Exemplo: crimes culposos, pois é o juiz que decide se houve imprudência.
Norma penal em branco: há a necessidade de um complemento normativo.
Portanto, é preciso que outra norma promova esse complemento. O preceito
primário não é completo, razão pela qual a doutrina subdivide essa norma penal em
branco em:
Própria, em sentido estrito ou heterogênea: o complemento normativo advém
de uma norma diversa do legislador. Exemplo: Portaria complementa o crime
de tráfico de drogas.
Imprópria, em sentido amplo, homogênea: o complemento normativo emana do
próprio legislador. A norma penal incompleta em branco imprópria pode ser:
Homovitelina: o complemento emana do mesmo diploma legal. Exemplo:
peculato é complementado pelo conceito de funcionário público do art. 327,
ambos do Código Penal;
Heterovitelina: o complemento emana de instância legislativa diversa.
Exemplo: o CP, quando fala em contrair casamento com impedimento, não
determina o que seria impedimento, de maneira que deverá se
complementar com o conceito previsto no Código Civil.
A doutrina ainda traz mais dois tipos de norma penal em branco: norma penal em
branco ao revés (sanção em branco); norma penal em branco ao quadrado
(complemento que tbm precisa de complemento).
A norma penal em branco pode ser de instâncias federativas diversas.
Norma penal em branco é passível de complemento internacional por uma
norma de Direito Internacional.

2. Princípio da Intervenção Mínima (subsidiariedade ou


fragmentariedade)
São subprincípios da Intervenção Mínima:
1- Fragmentariedade
2- Subsidiariedade
O Direito Penal preocupa-se unicamente com alguns comportamentos (“fragmentos”)
contrários ao ordenamento jurídico, tutelando somente os bens jurídicos mais
importantes à manutenção e ao desenvolvimento do indivíduo e da coletividade,
quando os demais ramos do Direito sejam incapazes de combater com eficiência a
conduta antijurídica. O Direito Penal assume um caráter subsidiário.
A função desse princípio é orientar e limitar o poder incriminador do Estado.
Se existirem outras formas de sanção ou outros meios de controle social como, por
exemplo, medidas civis ou administrativas, que sejam suficientes para a tutela deste
bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável.
A intervenção penal só ocorrerá quando for absolutamente necessária para a
convivência harmoniosa e pacifica da sociedade, este é o caráter fragmentário
(questão FGV) do Direito Penal, sendo, portanto, a última ratio legis, reduzida ao
mínimo imprescindível, condicionada à insuficiência das demais esferas do controle
social.
FUNÇÕES PRIMORDIAIS:
1ª - orientação do legislador na seleção de bens mais importantes e necessários ao
convívio em sociedade;
2ª - norte ao legislador para suprimir a proteção do Direito Penal sobre aqueles bens
que gozavam de especial importância, porém, atualmente, estes mesmos bens podem
ser satisfatoriamente protegidos pelos demais ramos do ordenamento jurídico
(descriminalização).
O princípio da intervenção mínima fora recepcionado pelo texto constitucional através
do art. 5º, §2º o qual afirma que “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Tal trecho
vem para regulamentar o art. 8º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
acolhido pelo Brasil. Este artigo ora mencionado estabelece que a lei deve observar
“penas estritas e evidentemente necessárias”
Expresso de forma implícita na CF.

3. Princípio da Insignificância
Esse princípio surge como desdobramento do princípio da intervenção mínima e da
fragmentariedade.
Ainda que o legislador crie tipos incriminadores, é possível que no caso concreto a
lesão ao bem jurídico seja irrelevante. Nesses casos que estaremos diante do crime
de bagatela.
No caso do princípio da insignificância, há subsunção do fato à norma,
configurando a tipicidade formal. Todavia, não há tipicidade material.
Do ponto de vista da interpretação, o princípio da insignificância seria uma restrição
dada ao tipo penal. Ou seja, o tipo penal, neste caso, não é aplicado. E, por conta
disso, a conduta seria atípica.
Informativo 913-STF (05/09/2018) –Em regra, o reconhecimento do princípio da
insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o
agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu o
princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II, do CP: Art. 44. As
penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (...) II – o réu não for reincidente em crime doloso; Situação concreta: Antônio foi
denunciado por tentar furtar quatro frascos de xampu de um supermercado, bens
avaliados em R$ 31,20. O réu foi condenado pelo art. 155 c/c art. 14, II, do CP a uma pena
de 8 meses de reclusão. Foi aplicado o regime inicial semiaberto e negada a substituição
por pena restritiva de direitos em virtude de ele ser reincidente (já possuía uma
condenação anterior por furto), atraindo a vedação do art. 44, II, do CP. Em razão da
reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em
compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por
restritiva de direitos, afastando a proibição do art. 44, II, do CP. STF. 1ª Turma. HC
137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
28/8/2018 (Info 913).

São 4 os requisitos para aplicação do princípio da insignificância (OPRI):

 Mínima ofensividade da conduta;

 Ausência de periculosidade social da ação;

 Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

 Inexpressividade da lesão jurídica causada.


O STF e o STJ vão considerar a lesão insignificante ou não, partindo da análise da
capacidade financeira da vítima, uma coisa é subtrair R$100 reais de um
desempregado, outra é subtrair de um empresário milionário. Ou seja, caso a pessoa
tenha poucas condições financeiras, poderá o agente ter negada a aplicação do
princípio da insignificância, uma vez que, com relação à vítima, o quantum não
seria insignificante.
O STF entende que o criminoso obstinado, mesmo que pratique crimes de pequena
monta, não pode ser tratado como se tivesse praticado conduta insignificante, pois
quando os crimes são analisados conjuntamente, percebe-se que o indivíduo faz da
infração penal o seu meio de vida, não podendo ser beneficiado pelo princípio da
insignificância. O STJ diz que essa reiteração impede a aplicação do princípio visto
que demonstra a periculosidade do agente, por meio do alto grau de reprovabilidade
do comportamento.
Informativo 911-STF (23/08/2018) – Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja,
o fato de o réu já responder a outra ação penal pelo mesmo delito) é um parâmetro
(critério) que afasta o princípio da insignificância mesmo em se tratando de bem de
reduzido valor.

Já houve a aplicação do princípio da insignificância quando a reincidência não se deu


em relação ao mesmo bem jurídico tutelado (integridade física x patrimônio). Como se
vê, a aplicação é casuística.
Informativo 938-STF (03/05/2019) – A reincidência não impede, por si só, que o juiz da
causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso
concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição
com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o
magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante
para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza
a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP,
com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938)

EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO SIMPLES. CINCO GALINHAS E DOIS


SACOS DE RAÇÃO. INEXPRESSIVIDADE ECONÔMICA E SOCIAL DA CONDUTA. RES
FURTIVA DEVOLVIDA À VÍTIMA. IRRELEVÂNCIA PENAL DA CONDUTA. RECURSO
PROVIDO. [...] 4. A inexpressividade econômica e social dos objetos que o acusado
subtraiu salta aos olhos. A revelar muito mais a extrema carência material do paciente do
que indícios de um estilo de vida em franca aproximação da delituosidade. 5. Recurso
ordinário em habeas corpus provido para reconhecer a atipicidade da conduta e, por
conseqüência, determinar o trancamento da ação penal. (RHC 105919, Relator(a): AYRES
BRITTO, Segunda Turma, 23/11/2010)

No entanto, via de regra, quem reitera na prática delitiva não é beneficiado.


Destaque-se, porém, que a situação em análise (casuística) pode justificar a aplicação
do princípio da bagatela, em respeito à própria ideia de proporcionalidade.
Evasão de divisas/ STJ: praticada mediante operação do tipo dólar-cabo (remessa
ilegal de dinheiro para o exterior) não é possível utilizar o valor de R$ 10 mil como
parâmetro para aplicação do princípio da insignificância.
4. A legislação autoriza, em relação ao valor inferior a R$ 10.000,00 (ou seu equivalente
em moeda estrangeira), apenas a saída física de moeda sem comunicação às autoridades
brasileiras. No caso de transferência eletrônica, saída meramente escritural da moeda, a
lei exige, de forma exclusiva, o processamento através do sistema bancário, com perfeita
identificação do cliente ou beneficiário (Lei n° 9.069/1995, art. 65, caput). 5. No caso das
operações “dólar-cabo” existe uma grande facilidade na realização de centenas ou até
milhares de operações fragmentadas sequenciais. É muito mais simples do que a
transposição física, por diversas vezes, das fronteiras do país com valores inferiores a R$
10.000,00. Admitir a atipicidade das operações do tipo “dólar-cabo” com valores inferiores
a R$ 10.000,00 é fechar a janela, mas deixar a porta aberta para a saída clandestina de
divisas. (REsp 1.535.956 - RS, Relator(a): MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, julgado em 1º de março de 2016)

SEGUNDO O TSE, não é possível a aplicação do princípio da insignificância em


crimes eleitorais (REsp. 1.188.718/RN).
Por outro lado, o STF já entendeu que é possível a aplicação do princípio da
insignificância ao crime consistente na conduta de Prefeito que utilizou
máquinas e caminhões da Prefeitura para realizar terraplenagem no terreno de
sua residência.
A doutrina distingue o princípio da insignificância do princípio da bagatela imprópria
(irrelevância penal do fato):

 Princípio da bagatela própria: há insignificância da conduta perpetrada, sendo


materialmente atípica;

 Princípio da bagatela imprópria: há uma irrelevância da pena, ainda que o fato


seja relevante. O fato é material e formalmente típico, ilícito e culpável, mas não
haverá a aplicação da pena, pois ela se torna desnecessária, não cumprindo a sua
função. Exemplo: homicídio culposo quando o sujeito mata o filho, ou quando o sujeito
que cometeu o crime fica tetraplégico.
Súmula 589: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. Fundamento:
relevância penal da conduta”.
Súmula 599: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
administração pública”.
Exceção à súmula 599 (ponderação/ p. da proporcionalidade):
1. A subsidiariedade do Direito Penal não permite tornar o processo criminal instrumento
de repressão moral, de condutas típicas que não produzam efetivo dano. A falta de
interesse estatal pelo reflexo social da conduta, por irrelevante dado à esfera de direitos
da vítima, torna inaceitável a intervenção estatal-criminal. [...] 3. A despeito do teor do
enunciado sumular n. 599, no sentido de que O princípio da insignificância é inaplicável
aos crimes contra a administração pública, as peculiaridades do caso concreto – réu
primário, com 83 anos na época dos fatos e avaria de um cone avaliado em menos de R$
20,00, ou seja, menos de 3% do salário mínimo vigente à época dos fatos – justificam a
mitigação da referida súmula, haja vista que nenhum interesse social existe na onerosa
intervenção estatal diante da inexpressiva lesão jurídica provocada. 4. Recurso em habeas
corpus provido para determinar o trancamento da ação penal n. 2.14.0003057-8, em
trâmite na 2ª Vara Criminal de Gravataí/RS (RHC 85.272 / RS, relator Min. NEFI
CORDEIRO).

(QUESTÃO VUNESP) A interpretação da Súmula 599 do Superior Tribunal de Justiça


veda a aplicação do princípio da insignificância ao crime de:
A) ROUBO; B) ESTELIONATO; C) CONTRABANDO; D) FALSIDADE IDEOLÓGICA
O contrabando encontra-se no art. 334-A do CP no capítulo dos crimes praticados por
particular contra a administração em geral.
Salienta-se que a aplicação dessa súmula é bastante flexibilizada pelos Tribunais
conforme o grau de ofensividade, periculosidade, reprovabilidade e expressividade da
lesão jurídica no caso concreto, sendo admissível o princípio da insignificância no
peculato (RHC 85.272/RS) e no descaminho quando o valor não ultrapassar R$
20.000, por exemplo. Quanto ao crime de contrabando, o STF possui firme
entendimento que é inaplicável o princípio da insignificância. No STJ, a questão está
submetida a julgamento (Tema Repetitivo 1143) sobre a aplicação ou não da
insignificância aos crimes de contrabando de cigarros, por menor que possa ter sido o
resultado da lesão patrimonial.

4. Princípio da Ofensividade ou Lesividade


Para este princípio, é necessário que haja uma lesão ou um perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado para que haja crime. Nulla necessitas sine injuria (não há necessidade
sem ofensa ao bem jurídico).
Parte da doutrina defende, com base neste princípio, a inconstitucionalidade dos
crimes de perigo abstrato. Isso porque, no caso, não haveria lesão ou perigo concreto
de lesão ao bem jurídico. Os crimes de perigo abstrato possuem uma presunção
absoluta do perigo.
Os Tribunais Superiores admitem delitos de perigo abstrato como
constitucionais. Exemplo: posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12, da
Lei n.º 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento). A posse ilegal de arma de fogo
desmuniciada já seria suficiente para configurar o crime. Outro exemplo, em que o
STF entende possível o crime de perigo abstrato, é a embriaguez ao volante.
São vedações decorrentes do princípio da lesividade:

 Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão) – o


pensamento é impunível, uma vez que não há alteridade, não há lesão ao outro.

 Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental


(vedação à criminalização da autolesão) – só é possível criminalizar determinada
conduta se esta atingir ou ameaçar atingir bem jurídico de outrem. 
Dessa vedação decorre o princípio da alteridade. É este o argumento para se aduzir a
inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas. A conduta precisa ser
transcendental para ser criminalizada.
Pratica crime o sujeito que se auto lesiona com o intuito de receber indenização da
seguradora? Sim, mas o bem jurídico ofendido não é a sua integridade física, mas sim
o patrimônio da seguradora que o sujeito, de forma ardil, viola. Pratica, portanto,
estelionato.

 Vedação à criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa


pelo que ela é): não se pode criminalizar a pessoa pelo o que ela é, mas sim pelo o
que ela faz. Ex.: mendigar não pode ser crime.
expressos de forma implícita 

5. Princípio da Anterioridade

6. Princípio da Presunção de Inocência (não


culpabilidade)
Dispõe a CF, em seu art. 5º, LVII, que ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
A pena privativa de liberdade só é admissível após a condenação em caráter definitivo
(trânsito em julgado).
O Supremo reafirmou entendimento no sentido de que o início do cumprimento da
pena só pode ocorrer após o trânsito em julgado da condenação. Destaque-se que, no
período de fevereiro de 2016 a novembro de 2019, a partir do HC 126.292, o STF
havia entendido que o início do cumprimento da pena após a confirmação da
condenação em segunda instância não violaria o princípio do estado de inocência. No
entanto, atualmente, resta reafirmado o entendimento da Corte de se exigir o
trânsito em julgado da sentença condenatória.
Quem deve comprovar a responsabilidade penal do réu é o órgão acusatório
(Ministério Público). Ao final do processo, se restar dúvida, o sujeito deve ser
absolvido, já que ele é presumidamente inocente.
Eventual dúvida, deve ser interpretada a favor do réu (in dubio pro reo).
OUTROS PRINCÍPIOS:
7. Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos
O Bem jurídico é um ente material ou imaterial essencial para coexistência e
desenvolvimento do homem em sociedade. O caráter essencial do bem jurídico à vida
em sociedade do homem justifica a sua proteção na esfera penal. Portanto, a criação
de tipos penais deve ser pautada pela proibição de comportamentos que exponham ao
risco ou lesionem estes bens jurídicos, valores essenciais para o ser humano.

8. Princípio da Adequação Social


Segundo o princípio da adequação social, ainda que uma conduta seja formalmente e
materialmente típica, não poderá ser considerada típica caso ela seja socialmente
adequada.
Duas funções que limitam a abrangência do tipo penal: 1ª remete ao julgador
determinando que se o fato está em desacordo com a norma, mas de acordo com o
interesse social, a conduta deverá ser tida como atípica. A segunda remete ao
legislador. Isso porque, se essa conduta está de acordo com a sociedade, o legislador
não pode criminalizá-la.
O STJ não aceitou tal tese: Súmula 502 - STJ: Presentes a materialidade e a autoria,
afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, §2º, do CP, a conduta de
expor à venda CDs e DVDs piratas.

9. Princípio da Exteriorização ou da Materialização do


Fato
Vem do axioma: nulla injuria sine actione. Ou seja, não há ofensa ao bem jurídico sem
ação. Trata-se do Direito Penal do fato, pois não há como punir o pensamento do
autor. É preciso que haja a exteriorização ou materialização do fato. Não se admite
incriminações de sujeito pela sua personalidade. Isso porque o Direito Penal não é do
autor, e sim do fato, havendo materialização deste.

10. Princípio da Pessoalidade


Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, conforme art. 5º, XLV, CF. Este
princípio está ligado ao princípio da responsabilidade penal subjetiva, da
responsabilidade penal pessoal, da culpabilidade etc.

11. Princípio da Vedação do Bis in idem


No direito brasileiro, a sentença condenatória transitada em julgado evita que se
instaure novo processo contra o réu condenado, em razão do mesmo fato, quer para
impingir ao sentenciado acusação mais gravosa, quer para aplicar-lhe pena mais
elevada.
(QUESTÃO CESPE) Julgue o seguinte item, referentes à aplicação da lei penal: O
princípio da vedação à dupla persecução (ne bis in idem processual) poderá ser
excepcionado quando o julgamento no exterior não se realizar de modo justo e
legítimo. (CORRETO)
12. Princípio da Confiança
O princípio da confiança, nem sempre citado pela doutrina e que é estudado no
contexto do funcionalismo sistêmico de Jakobs, aduz que todos possuem o direito de
atuar acreditando que as demais pessoas irão agir de acordo com as normas que
disciplinam a vida em sociedade.

EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO


Ao movimento da lei penal no tempo dá-se o nome de extra-atividade. Pode ser:
Retroatividade: a lei penal aplicada a fatos que ocorreram antes da sua entrada em
vigor.
Ultratividade: a lei penal aplicada a fatos posteriores a sua revogação.

1. Tempo do crime
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado: teoria da atividade (art. 4º, CP).
Art. 4º do CP- considere praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.
Quando o sujeito é inimputável pela menoridade no momento da ação e maior de 18
anos no momento do resultado, será punido com base no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).

2. Sucessão de leis penais


O art. 5º, XL, da CF estabelece que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu. Portanto, percebemos que a regra é a irretroatividade da lei penal e a exceção é a
retroatividade da lei penal benéfica.

 Novatio legis incriminadora


Se a conduta anteriormente era atípica, mas com a vigência da nova lei passa a ser
uma conduta criminosa, tem-se novatio legis incriminadora (teoria da ação
significativa). A lei penal, neste caso, não retroagirá.

 Novatio legis in pejus


A nova lei trata de um comportamento que já era considerado criminoso, mas passa
a dar tratamento mais rigoroso à conduta. A lei nova que, de qualquer modo,
prejudique o réu também será irretroativa.
Súmula 711 do STF dispões que a lei penal mais grave se aplica ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência. Questão.
Crime permanente é aquele cuja consumação se protrai no tempo pela vontade do
agente. Exemplo: crime de sequestro.
Crime continuado, que é uma ficção jurídica, consiste na prática de vários crimes da
mesma espécie, sob as mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução, de
forma que um crime será considerado continuação do outro, sendo todos tratados
como crime único. Neste caso, se uma lei mais prejudicial entrar em vigência e o
indivíduo continuar cometendo crimes da mesma natureza, em condições abarcadas
pelo instituto do crime continuado, a lei penal mais grave incidirá na cadeia de
todos os crimes cometidos, ainda que anteriores à vigência da nova lei penal,
desde que não tenha cessado a continuidade.
Aplica-se, portanto, a pena do crime mais grave e, considerando o número de
infrações praticadas, exaspera-se a pena (≠ concurso formal). Bitencourt critica a
súmula sustentando ser ela inconstitucional em relação ao crime continuado.

 Abolitio criminis
Quando a conduta criminosa é suprimida do ordenamento jurídico por meio de uma lei
penal. Nesse caso será uma lei penal benéfica que irá retroagir alcançando até
mesmo situações definitivamente julgadas.
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
É assentado que os efeitos extrapenais não são alcançados pela abolitio criminis visto
que o fato de uma conduta deixar de ser considerada um ilícito penal não significa que
ela tenha deixado de ser um ilícito civil podendo, portanto, a vítima cobrar as
indenizações do réu, pois a abolitio criminis não retira o caráter ilícito da conduta,
mas, tão somente, a ilicitude penal.
Para Flávio Monteiro de Barros, a natureza jurídica da abolitio criminis é de causa
extintiva da tipicidade. No entanto, em primeira fase não devemos seguir esta posição.
Isso porque o Código Penal estabelece que a abolitio criminis é causa extintiva
da punibilidade (art. 107, CP).

 Novatio legis in mellius


O art. 2º, parágrafo único - a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.
A conduta continua sendo considerada criminosa, mas recebe tratamento mais
ameno.
Retroatividade da lei penal benéfica ainda que o sujeito tenha sido condenado
definitivamente.
(QUESTÃO – CESPE) Aplica-se a novatio legis in mellius aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado, sem que haja violação
à regra constitucional da preservação da coisa julgada. (CORRETO)
Súmula 611, STF: após o trânsito em julgado da sentença, o juiz competente para
aplicar a novatio legis in mellius é o juízo da execução.
Rogério Sanches atenta ao fato de que a súmula está incompleta, pois é possível que
a análise da lei mais benéfica seja feita pelo juízo competente para apreciar a
revisão criminal. Isso ocorre quando houver necessidade de exercício de um juízo
de valor. É o caso que exige maior complexidade.
Será competente o juízo da execução quando a aplicação da novatio legis in mellius
exigir apenas uma operação matemática.
Lei penal mais benéfica pode ser aplicada ainda que de forma retroativa e em período
de vacatio legis? Não, visto que ainda não entrou em vigor. Ressalte-se que é só com
a entrada em vigor que uma lei passa a ter aptidão para produzir efeitos jurídicos.
1ª Corrente: Alberto Silva Franco diz que é possível a aplicação, mesmo que esteja a
lei em vacatio legis.
2ª Corrente: A lei penal durante a vacatio legis não tem eficácia jurídica, razão pela
qual não pode beneficiar o réu. É a corrente majoritária.

 Combinação de leis penais (lex tertia)


O STF veda, mesmo em benefício do réu, pois fere o princípio da separação dos
poderes, uma vez que, o judiciário ao fazer uma combinação de leis estaria legislando
e de fato criando uma terceira lei. Deve, a benignidade entre a lei posterior e a lei
anterior, ser aferida considerando-as separadamente.
O STJ também não admite tal figura pela Súmula 501.
A doutrina afirma que se houver dúvida sobre qual lei se mostra mais benéfica, a
análise cabe ao réu, representado por seu advogado.

 Continuidade típico-normativa
No princípio da continuidade normativo-típico, há a supressão formal, mas não
material do crime. Esse princípio se aplica nos casos em que uma norma penal é
revogada, mas sua conduta continua sendo criminosa no ordenamento.
Exemplo: Lei n.º 12.015/2009 – o crime de atentado violento ao pudor (art. 214) teve
sua conduta migrada para o delito de estupro (art. 213). Houve a supressão formal,
mas não a material. Não houve abolitio criminis, mas continuidade normativo-típica.

 Leis temporárias e excepcionais


As leis temporárias e excepcionais são leis que possuem uma duração. Estas leis já
nascem com previsão de revogação e têm o efeito da ultratividade.
CP Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.
Aplica-se o princípio do tempus regit actum.
A lei temporária tem um prazo determinado. Exemplo: Lei n.º 12.663/2012, que busca
proteger o patrimônio material e imaterial da FIFA, tendo vigência até 31/12/2014.
Encerrado o prazo, não há mais que se falar em tais crimes, no entanto, se alguém
cometeu crime durante o prazo em que vigia a lei, responderá por eles.
A lei excepcional é editada em função de algum acontecimento excepcional, como por
exemplo uma calamidade. Percebe-se, por exemplo, que quando o estado de
emergência cessar também cessará a lei, porém continua a ser aplicada aos fatos
ocorridos durante a sua vigência.
(MPE-RJ/2022) A lei excepcional regula fatos que não se sujeitam ao princípio da
retroatividade da lei penal posterior mais benéfica. (CORRETO)
Características:
Autorrevogabilidade: a temporária tem prazo certo para revogação, enquanto a lei
penal excepcional não traz o momento de revogação, cessando quando findar a
situação ensejadora.
Ultratividade: alcançam fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após a sua
revogação. Vale lembrar que, como regra, não há abolitio criminis e nem mesmo lex
mitior para os fatos delitivos praticados durante a vigência das leis temporárias e
excepcionais, salvo se houver determinação expressa em lei nesse sentido.
Não existe abolitio nesses casos; ambas são ultra-agem.
Ambas possuem autorrevogabilidade.

 Retroatividade da jurisprudência
Entendimento que prevalece: a extra-atividade, ultratividade ou retroatividade da
jurisprudência não são admitidas. Só se admite a extra-atividade da lei.
Para a primeira fase do concurso adote que o entendimento que a JURISPRUDÊNCIA
NÃO RETROAGE PARA BENEFICIAR O RÉU.
Todavia, à luz dos ensinamentos do professor Rogério Sanches, não se pode negar a
possibilidade de retroatividade benéfica de jurisprudência de efeito vinculante, a
qual se dá através de súmula vinculante do STF, bem como quando há controle
concentrado de constitucionalidade. Nesses casos, a decisão terá efeito erga omnes.
Para primeiras fases, devemos marcar que jurisprudência não retroage, ainda
que para beneficiar o réu.

 Retroatividade da lei penal no caso de norma penal em branco


Norma penal em branco é aquela que é incompleta, dependente de um complemento
normativo. O STF afirma que a alteração de um complemento da norma penal em
branco homogênea (norma penal em branco imprópria / em sentido amplo), por ser
complementada pela própria lei (homovitelina ou heterovitelina), deverá retroagir para
beneficiar o réu. Todavia, no caso de uma alteração de uma norma penal em branco
heterogênea (norma penal em branco própria / em sentido estrito), cujo complemento
se dá através de uma norma de hierarquia diferente da lei (normalmente uma Portaria
ou Resolução), a retroatividade da lei penal dependerá do caráter do complemento

 Lei intermediária mais benéfica


Suponha-se que João tenha cometido um crime sob a vigência da Lei A. Esta lei pune
a conduta de João com 4 anos de reclusão. Posteriormente, durante o processo, vem
a Lei B, estabelecendo que a pena de João passa a ser de 2 anos. Por fim, quando do
julgamento, surge uma nova Lei C, determinando que a pena seja de 3 anos.
Analisando as três leis, a melhor é a Lei B. Todavia, esta é intermediária, eis que não
estava presente no momento do fato, tampouco no momento da sentença.
O entendimento da doutrina e do STF é de que esta lei é dotada de duplo-efeito:
retroatividade: retroage para alcançar o fato;
ultratividade: possui força para alcançar a sentença ou o julgamento.
Prevalece a norma mais favorável que tenha tido vigência entre a data do fato e a
data da sentença.

3. Conflito aparente de normas


Quando falamos de conflito aparente de normas, não falamos em sucessão de leis
penais no tempo. Para se falar em conflito aparente de normas, é necessário que
haja duas leis penais em vigor ao mesmo tempo.
Para resolver o conflito aparente de norma, é necessário se valer dos seguintes
princípios:

 princípio da consunção;

 princípio da alternatividade.

 princípio da subsidiariedade;

 princípio da especialidade;
Consunção: relação de condutas fins e meios (um delito é o meio para que se chegue
ao outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase para o outro, sendo
necessária sua execução para que se pratique o segundo tipo penal). Analisa o FATO,
a CONDUTA - um fato ABSORVE o outro. NÃO POSSUI PREVISÃO EXPRESSA NO
CP.
Alternatividade: Ocorre quando o crime possui vários núcleos, também chamados de
tipo misto alternativo. A prática de qualquer deles responsabiliza o agente por um
único delito (ex.: art. 33 da Lei de Drogas - tráfico: compra cocaína, transporta, guarda
e vende), será punido apenas 1x ainda que realize vários comportamentos.
Subsidiariedade: relação de tipos penais de maior e menor gravidade. Temos uma
norma menos grave (subsidiária), que descreve um crime autônomo, e uma norma
mais grave (primária), que descreve uma segunda conduta e que prevalecerá sobre
aquela. Analisa o TIPO PENAL - aqui o crime MAIS GRAVE PREVALECE.

Especialidade: relação de norma e espécie. O tipo penal específico prevalece sobre o


tipo penal genérico. A LEI ESPECIAL PREVALECE sobre a lei geral.
BIZU: Quer conflito? Então CASE!

3.1. Princípio da especialidade


O princípio da especialidade estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral (lex
specialis derogat legi generali). No conflito entre lei penal geral e lei penal especial,
aplica-se esta última. A lei é especial em razão de conter, além de todos os elementos
da lei geral, elementos especializantes.
Art. 12 do CP- As regras gerais do código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Exemplo: Quem comete um infanticídio mata alguém, mas há elementos como “logo
após o parto” e o “estado puerperal” que são elementos especializantes, distinguindo-
se tal crime do homicídio.
Não há relevância se o crime é mais gravoso ou menos gravoso. O infanticídio
possui pena mais branda do que o homicídio.
3.2. Princípio da subsidiariedade
Na subsidiariedade estabelece que a incidência da norma principal, que tem uma
sanção mais grave, afasta a incidência da norma subsidiária.
Assim, uma lei define o fato como criminoso e outra lei também define o fato como
criminoso. Porém, a abrangência da primeira lei é maior. Em verdade, o que se
percebe nesta relação entre norma subsidiária e norma principal é que há um a
relação de maior e de menor gravidade. Não é relação de norma e espécie.
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma
mais grave, que é a norma principal, devendo ser aplicada a norma subsidiária (lex
primaria derogat legi subsidiariae).
A subsidiariedade poderá ser:

 subsidiariedade expressa: ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não
houver crime mais grave”;

 subsidiariedade tácita: ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível
perceber o caráter de subsidiariedade da norma.
3.3. Princípio da consunção
O princípio da consunção há uma absorção de um delito por outro (lex consumens
derogat legi consumptae). Ou seja, existe uma relação de fins e meios (um delito é o
meio para que se chegue ao outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase
para o outro, sendo necessária sua execução para que se pratique o segundo tipo
penal).
No princípio da consunção não necessariamente será aplicada a pena do crime
mais grave.
“O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o inteiro,
prevalece sobre a fração. Não há um único fato buscando se abrigar em uma ou outra
lei penal caracterizada por notas especializantes, mas uma sucessão de fatos, todos
penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome o menos amplo, evitando-se
que este seja duplamente punido, como parte de um todo e como crime autônomo.”
Cleber Masson.

Crime progressivo: quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais


grave, precisa passar por um crime menos grave (trilha). Ex.: Para cometer o crime de
homicídio, passa-se pela lesão corporal.
Progressão criminosa: há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir
um resultado e, depois de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia
outra conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na
execução. O fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último.
Fato anterior impunível (ante factum impunível): são fatos anteriores que estão na
linha de desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo
o crime anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os
possíveis. Ex.: Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental,
visando cometer um estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do
estelionato, desse modo, é um “ante factum” impunível (o crime de estelionato é
menos grave do que o de falsificação de documento).
Fato simultâneo impunível: também chamado de concomitante impunível, é aquele
praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via
pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro).
Fato posterior impunível (post factum impunível): o fato posterior impunível retrata o
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido.
Aqui se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Falsificação de
documento e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só
responde pela falsificação
No ano de 2016, o STJ entendeu que, se o agente cria farmácia de fachada para
vender produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais, ele deverá
responder pelo delito do art. 273 do CP (e não por este crime em concurso com tráfico
de drogas). Assim, mesmo tendo sido encontradas algumas substâncias que
podem ser classificadas como droga, o crime do art. 33 da Lei n.º 11.343/2006
ficará absorvido pelo delito do art. 273 do CP, que possui maior abrangência.
Aplica-se aqui o princípio da consunção.
Segundo decidiu o STJ, “não se mostra plausível dizer que houve a prática de dois
crimes distintos e em concurso material quando, em um mesmo cenário fático, se
observa que a intenção criminosa era dirigida para uma única finalidade, perceptível,
com clareza.”

LUTA

Lugar do crime = Ubiquidade Art. 6º

Tempo do crime = Atividade Art. 4º

Analogia
Forma de integração
Não existe norma
Cria-se nova norma a partir de outra
Somente in bonam partem
Ex: isenção de pena para o cônjuge (e analogicamente para o companheiro)
(QUESTÃO CESPE) No concernente à interpretação e aplicação da lei penal, julgue o
itemseguinte: É vedada a aplicação analógica em normas penais incriminadoras. Nas
normas penais não-incriminadoras gerais, admite-se o emprego da analogia in bonam
partem.
(CORRETO)

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ou intra legem


Forma de interpretação
Existe norma
Utilizam-se exemplos e fórmula genérica (aberta)
In bonam ou in malam partem
Ex: motivo torpe

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
Forma de interpretação
Existe norma
Amplia-se o alcance
In bonam ou in malam partem
Ex: “arma”

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